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P.

DIREITO AO ASILO

O DIREITO A REQUERER ASILO


A PROTEÇÃO EM RELAÇÃO À PERSEGUIÇÃO
O PRINCÍPIO DA NÃO REPULSÃO (NON-REFOULEMENT)

“Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em


outros países.”
Artº 14º, nº1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948.
502 II. MÓDULOS SOBRE QUESTÕES SELECIONADAS DE DIREITOS HUMANOS

HISTÓRIAS ILUSTRATIVAS
Através do Olhar dos Refugiados a cidade em 2010, depois de militantes o
terem tentado matar. Ela fugiu de camião
“O meu nome é Zamzam M. Deg Ahmed. Te- com os seus filhos, em novembro, sobrevi-
nho 38 anos e estou deslocada de minha casa. vendo a um assalto durante a viagem. Vive
Fugi de Mogadishu, na Somália. Posso falar agora num bairro de barracas nos subúr-
sobre a situação das mulheres: é muito difícil. bios da cidade do norte de Galkayo.
Os maridos ou filhos das mulheres Somalis (Fonte: UNHCR. 2011. Story Telling:
em Mogadishu…ou morreram ou foram for- Through the Eyes of Refugees.)
çados a fugir e a abandonar as suas famílias.
A última vez que eu vi o meu marido foi há “O meu nome é Lucy Juah. Sou refugiada
12 meses. Enquanto dormíamos, pessoas com no Quénia. Cheguei ao Quénia em 1992.
máscaras entraram na nossa casa à procura Fugi do Sudão devido à guerra civil que de-
dele. Não o encontraram. Ele estava escondido corre há 21 anos. A pior memória que te-
debaixo da cama. Depois de saírem, ele saiu nho é, ainda em Juba, do SPLM, a que cha-
de casa. Foi a última vez que o vi. Fugimos mamos os rebeldes – quando estávamos no
de manhã cedo, após as orações. Já na estra- Sudão chamávamos-lhes de rebeldes –, a
da, homens mascarados disparam contra nós, bombardear a cidade e das bombas, quan-
pararam o camião e levaram-nos para os ar- do caíam, a cortar tudo à sua volta. Vi uma
bustos. Disseram a todos nós para descermos mulher grávida a ficar cortada em pedaços
e deixarmos tudo. Eu estava preocupada pela devido a uma partícula.
minha filha. Ela tem 14 anos e eu estava com Foi muito doloroso deixar o meu país por-
medo que a violassem. Não pode imaginar o que não sabia para onde ia. Não conhecia
meu medo, até as crianças choraram. o meu destino. Ia simplesmente. De certa
Agora que chegamos a um lugar pacífico, forma também me senti bem pois estava
gostava de encontrar trabalho e que as a deixar algo. Estava a deixar aquela área
crianças continuassem a educação delas. terrível, com destino a um local mais se-
Estou preocupada com o futuro dos meus guro.
filhos, como irão crescer, tomar conta deles Foi muito difícil chegar a um local cuja lín-
próprios e sustentar-me. É nisto que penso gua desconhecia. Ao acordarmos, de ma-
quando tento adormecer. nhã, ninguém nos cumprimentava, como
Lembro-me de muitas coisas, terríveis, a no Sudão. No Sudão, se encontramos al-
perda da nação…a insegurança…os proble- guém no caminho, eles cumprimentam-
mas com que se defrontaram as mulheres… nos. Mas quando cheguei ao Quénia era
a fuga e a deslocação. Qualquer pessoa fi- um pouco diferente. Nós estávamos em
caria perturbada com esta situação. Estou casa com a porta sempre fechada. Não vía-
muito perturbada com os problemas na So- mos ninguém.
mália. Quem não estaria?” Zamzam M. Deg No dia em que o Sudão se tornou inde-
Ahmed, de 38 anos, é mãe de dez crianças, pendente, pensei que a nossa vida poderia
de Mogadishu, na Somália, que vendia ali- mudar, sei que poderei regressar ao Sudão,
mentos secos no mercado principal para poderei construir a minha casa porque, da
sustentar a família. O seu marido deixou forma como estava a ser assediada, todos
P. DIREITO AO ASILO 503

os meses tinha de pagar uma renda da civil do Sudão, em 1992, para o Quénia,
casa. Isto foi a primeira coisa que me veio onde tem estado a trabalhar como peque-
à mente. Temos terra suficiente que está na empresária e a cuidar de uma família
simplesmente inutilizada. Quero regressar com cinco filhos. Após a votação sobre a
porque somos milhares de mulheres Suda- independência do Sul do Sudão, em julho
nesas que nada sabem. Elas sabem, mas é de 2011, ela decidiu regressar a Juba com
muito difícil implementar. Sinto que quero o seu marido. Deixou para trás os seus fi-
regressar ao Sudão. Vamos e partilharemos lhos, em Nairobi, ao cuidado da filha mais
as nossas ideias com as nossas irmãs, com velha, até que terminem a educação.
as mulheres que deixei para trás, partilha- (Fonte: UNHCR. 2011. Story Telling:
remos ideias. Trabalharemos juntas de for- Through the Eyes of Refugees.)
ma a podermos fazer algo que possa aju-
dar a nação.
Será um pouco assustador para mim deixar Questões para debate
os meus filhos no Quénia e ir para o Sudão, 1. Por que é que Zamzam e Lucy deixaram
devido a muitas coisas que têm acontecido os seus países? Fizeram-no voluntaria-
no Quénia, por estes dias. Até os adultos mente?
estão a ser raptados, as crianças, crianças 2. O que lhes poderia ter acontecido e às
com menos de seis anos a ser violadas. Vou suas famílias se não tivessem fugido?
ficar um pouco preocupada, estarei a todo 3. Quais os direitos humanos que são,
o momento a pensar nos meus filhos, se com grande probabilidade, violados em
estarão em segurança. tempo de guerra?
Escrevi ao meu marido. Disse-lhe que, já
que veio a paz, um dia gostaria de vê-lo “Com o meu marido morto e com o nosso
sentado debaixo de uma grande árvore a modo de vida na Somália destruído, senti
olhar para os nossos netos a correr, à volta que nada mais tinha a perder. As minhas
do lugar. A casa que construímos... estarei únicas expetativas são as de conseguir um
lá sentada com o meu marido debaixo da abrigo, água e segurança.”
nossa grande árvore e a olhar pelos nossos Sara, 57, refugiada de Sirko na Somália, numa en-
netos. Sinto que a minha vida irá mudar.” trevista com os Médecins sans Frontières. 2011.
Lucy Juah, de 39 anos, fugiu da guerra

A SABER
1. INTRODUÇÃO do mundo. Os números apontados pelo
Alto Comissariado das Nações Unidas
O mundo permanece extremamente inse- para os Refugiados (ACNUR), desde o final
guro para milhões de indivíduos. Estima- de 2011, demonstram que destes, 15.2 mi-
se que 42.5 milhões de pessoas estejam lhões de pessoas são refugiados, 895.000
presentemente deslocadas à força, por são requerentes de asilo e 26.4 milhões
todo o mundo, como resultado de confli- são pessoas deslocadas internas (PDI). No
tos antigos ou novos, em partes diferentes final de 2011, 25.9 milhões de pessoas –
504 II. MÓDULOS SOBRE QUESTÕES SELECIONADAS DE DIREITOS HUMANOS

10.4 milhões de refugiados e 15.5 milhões


de PDI – estavam a receber proteção ou O Asilo e os Direitos Humanos
assistência do ACNUR. Além disso, 4.8 O direito a requerer asilo é um direito
milhões de refugiados palestinianos tam- humano. Quando uma pessoa é forçada
bém estão a receber apoio em cerca de 60 a fugir do seu país de origem e, por esse
campos de refugiados no Médio Oriente. motivo, requer asilo num outro Estado, o
Apesar de os refugiados se encontrarem tratamento dessa pessoa não depende da
dispersos à volta do mundo, mais de 50% discricionariedade do Estado anfitrião,
de todos os refugiados vivem na Ásia e mas encontra-se disciplinado pelo direito
perto de 20% encontram-se em África. A internacional e em obrigações mútuas. O
maior parte dos refugiados mundiais (qua- direito ao asilo enquanto direito humano
tro quintos) encontra-se em países em vias encontra-se contido, para além da Conven-
de desenvolvimento. ção de Genebra Relativa ao Estatuto dos
(Fonte: UNHCR. 2012. Global Trends 2011.) Refugiados, especificamente em diversos
documentos jurídicos internacionais, tais
Direitos Humanos em Conflito como a Declaração Universal dos Direitos
Armado Humanos que, no artº 14º estabelece que
“(1) Toda a pessoa sujeita a perseguição
Desenvolvimento Histórico tem o direito de procurar e de beneficiar
A existência de refugiados não é um fenó- de asilo em outros países. (2) Este direito
meno novo. As provas da existência do di- não pode, porém, ser invocado no caso de
reito de pedir refúgio ou asilo remontam até processo realmente existente por crime de
cerca de 600 d.C.. Em especial, o direito de direito comum ou por atividades contrárias
pedir asilo em locais sagrados foi primei- aos fins e aos princípios das Nações Uni-
ro codificado pelo Rei Etelberto de Kent. A das”.
Convenção de Genebra Relativa ao Esta- Além disso, os artos 6º (o direito à vida)
tuto dos Refugiados, de 1951, e o Protocolo e 7º (proibição da tortura e outras penas
de 1967, são os instrumentos fundamentais ou tratamentos cruéis, desumanos ou de-
de proteção internacional dos refugiados e gradantes) do Pacto Internacional sobre os
considerados como a Magna Carta dos re- Direitos Civis e Políticos (PIDCP) enqua-
fugiados e requerentes de asilo. A Conven- dram o princípio da não repulsão (non-
ção estabelece os princípios respeitantes à refoulement), de acordo com as definições
definição de refugiado, os direitos das pes- desenvolvidas pelo Comité dos Direitos
soas a quem foi concedido asilo e também Humanos. Também se entende que o artº
refere, por exemplo, quem não deve rece- 3º da Convenção das Nações Unidas con-
ber o estatuto de refugiado. A Convenção tra a Tortura e Outras Penas ou Tratamen-
foi assinada em 1951 e entrou em vigor em tos Cruéis, Desumanos ou Degradantes
1954. Estabeleceu-se inicialmente apenas formula o princípio da não repulsão. De
para a proteção dos refugiados Europeus, acordo com este princípio, nenhuma pes-
após a Segunda Guerra Mundial, porém, o soa será expulsa, entregue ou extraditada
Protocolo de 1967 retirou esta limitação ge- para um Estado onde possa ser sujeita a
ográfica. A Convenção, até junho de 2012, perseguição.
tinha 145 Estados Partes e o Protocolo, 146
Estados Partes. Proibição da Tortura
P. DIREITO AO ASILO 505

O Asilo e a Segurança Humana não impede que milhões de pessoas fujam


dos seus países por motivos económicos e
O direito ao asilo encontra-se inextrica- peçam asilo nos países anfitriões.
velmente ligado à segurança humana:
uma pessoa que seja perseguida no seu Requerentes de Asilo
país de origem não pode aí viver sem Confundem-se frequentemente os ter-
medo e sem privações. Assim, é de capi- mos “refugiado” e “requerente de asilo”.
tal importância para a segurança huma- Um requerente de asilo é uma pessoa
na a proteção das pessoas no que respei- que declara que é refugiado, tendo a sua
ta à perseguição, assim como a proteção pretensão de ser verificada através dos
das suas vidas e integridade física. O di- procedimentos do asilo. Os sistemas de
reito a requerer e a gozar de asilo contra asilo nacionais têm a responsabilidade de
a perseguição, noutros países, e o direito determinar em que circunstâncias é que
a não ser devolvido ao país perseguidor realmente os requerentes de asilo podem
reflete o compromisso da comunidade beneficiar da proteção internacional, ou
internacional em proteger e assegurar seja, que pessoas têm o direito a receber
a todas as pessoas o gozo dos direitos asilo e a ser, desta forma, consideradas
humanos, incluindo o direito à vida, a como refugiados, nos termos da Conven-
ausência de tortura e de outras penas ou ção de Genebra.
tratamentos cruéis, desumanos ou de- Os requerentes de asilo a quem for nega-
gradantes, a ausência da perseguição e a do o estatuto de refugiado podem ser de-
liberdade e segurança da pessoa. volvidos ao seu país de origem, porém,
tal só pode acontecer se a devolução não
2. DEFINIÇÃO violar as normas de não repulsão (non-re-
E DESENVOLVIMENTO DA QUESTÃO foulement) ou outros mecanismos interna-
cionais de proteção (ou seja, de proteção
O Refugiado, tal como definido pelo Di- subsidiária).
reito Internacional
A Convenção de Genebra Relativa ao Es- Refugiados Prima-facie
tatuto dos Refugiados define o refugiado Os conflitos ou a violência generalizada
como uma pessoa que, se encontrando fora conduzem frequentemente a deslocamen-
do país da sua nacionalidade ou da sua tos em massa de refugiados. Contraria-
residência habitual, tem o receio fundado mente aos casos de perseguição individu-
de ser perseguida em virtude da sua etnia, al, no contexto de deslocações em massa,
religião, nacionalidade, filiação em deter- é impossível a realização de entrevistas de
minado grupo social ou das suas opiniões asilo individuais a todos os que fugiram e
políticas, e que não pode ou não quer a cruzaram a fronteira para um país vizinho
proteção desse país, assim como aí regres- anfitrião. Nestes casos, normalmente, tão
sar, devido ao medo da perseguição. Conse- pouco serão necessárias as entrevistas, já
quentemente, aqueles que buscam refúgio que as circunstâncias que estão na origem
por motivos diferentes dos mencionados na da fuga são geralmente conhecidas. Estes
Convenção de Genebra não se encontram grupos são frequentemente referidos como
protegidos pelos mecanismos da Conven- refugiados “prima facie”.
ção. Porém, o leque limitado de proteção (Fonte: UNHCR. Asylum-Seekers.)
506 II. MÓDULOS SOBRE QUESTÕES SELECIONADAS DE DIREITOS HUMANOS

Alternativa de Fuga Interna Pessoas Apátridas


Sempre que o requerente de asilo tiver Determinadas pessoas não conseguem ob-
medo, bem fundado, de perseguição na sua ter a cidadania de um Estado específico,
zona de residência, pode ter lugar a realo- por diferentes motivos. Essas pessoas não
cação interna (denominada “alternativa de têm a rede de segurança básica de uma
fuga interna”). De acordo com este prin- nacionalidade e são geralmente referidas
cípio, um refugiado tem de fundamentar como apátridas. Sem a cidadania, é extra-
a pretensão de que está, não só sujeito à ordinariamente difícil a obtenção de docu-
perseguição na sua área de residência, mas mentos jurídicos que provem a identida-
também que será incapaz de fugir à per- de e a ascendência. Consequentemente,
seguição, ao realocar-se em qualquer outro os apátridas têm problemas na obtenção
lado no seu país de origem. Na realidade, o de habitação e de emprego, são sujeitos a
medo de perseguição não tem necessaria- discriminação e vivem frequentemente em
mente de estar presente em todo o território situações precárias, à margem da socieda-
do país. No entanto, isto não significa que de. Não existem números precisos sobre
um requerente de asilo não possa receber o número de apátridas no mundo, porém,
asilo porque poderia ter escapado à perse- um relatório do ACNUR estima que exis-
guição ao realocar-se noutra região do seu tam aproximadamente 12 milhões.
país de origem, a não ser que, consideran- (Fonte: UNHCR. 2011. Global Report 2011.)
do todas as circunstâncias, fosse razoável
esperar que ele o tivesse feito. Migrantes
(Fontes: UNHCR. 2011. Handbook and Gui- Devido a um número limitado de funda-
delines on Procedures and Criteria for Deter- mentos, os migrantes não se encaixam no
mining Refugee Status under the 1951 Con- âmbito de aplicação da Convenção de Ge-
vention and the 1967 Protocol relating to the nebra, já que não se enquadram na defini-
Status of Refugees.; Immigration Advisory ção de refugiados. Em termos específicos,
Service. 2009. Internal Flight Alternative.) a Convenção de Genebra não se aplica a
pessoas que tiveram de deixar o seu país
“Eu cheguei aqui há 15 dias atrás, com seis por motivos económicos, já que essas pes-
membros da minha família. Temos um ter- soas não foram perseguidas, nos termos
reno, aqui na zona dos recém-chegados, dos cinco fundamentos especificados na
mas não temos nada para construir um Convenção de Genebra. Assim, os migran-
abrigo. Não temos plástico nem tendas. tes não têm direito a receber asilo, porém,
Temos cartões de registo mas ainda não re- poder-lhes-ão ser atribuídos direitos de re-
cebemos quaisquer rações de comida. Aqui sidência pelo país anfitrião.
é muito inseguro: à noite temos medo que
animais selvagens comam as crianças e já Expulsão e Unidade Familiar
fomos ameaçados de violência, por parte Quando o asilo não for concedido a uma
de pessoas locais que afirmam que a terra pessoa (por não preencher os critérios
é delas. Onde não existe segurança, não para a receção do estatuto de refugiado,
existe vida.” nos termos da Convenção de Genebra), e/
Fatima, 34 anos, refugiada de Mogadishu, na So- ou quando uma pessoa não gozar de outra
mália, tendo fugido para o Quénia, numa entrevis- forma de proteção internacional, um Esta-
ta da Médecins sans Frontières. 2011.
do poderá avaliar se essa pessoa é passível
P. DIREITO AO ASILO 507

de ser expulsa para o seu país de origem. caso de não conseguirem o estatuto inte-
O direito ao respeito da vida privada e da gral de refugiados, nos termos da Conven-
vida familiar pode fazer com que a ex- ção de Genebra dos Refugiados.
pulsão da pessoa seja inaceitável à luz da
Convenção de Genebra. Proibição da Tortura

Repatriação Voluntária e Deportação Exclusão do Estatuto de Refugiado


Forçada De acordo com o artº 14º, nº 2 da DUDH,
No caso de a expulsão ser declarada ad- o direito a requerer e a gozar de asilo não
missível, existem duas opções: o regresso pode ser invocado quando o requerente
voluntário ao país de origem ou a deporta- estiver a ser julgado por crimes que não
ção forçada. Em geral, muitos dos que não sejam políticos ou por atos contrários aos
reúnem os requisitos, quer para o asilo, princípios e propósitos das Nações Uni-
quer para qualquer outra forma de prote- das. A Convenção de Genebra enumera
ção estatal e cuja expulsão é admissível, alguns critérios conducentes à exclusão
deixam voluntariamente o país. Porém, de um indivíduo da oportunidade de
aqueles que não o fazem podem ser de- receber o estatuto de refugiado. Os con-
volvidos à força, pelo Estado, ao seu país denados por crimes de guerra, contra a
de origem. humanidade e contra a paz encontram-se
absolutamente excluídos da possibilidade
O Princípio da Não Repulsão de receber asilo. Para além disso, as pes-
(Non-Refoulement) soas condenadas por crimes não políticos
e Acordos de Proteção Subsidiária graves também se encontram excluídas.
O direito dos refugiados à proteção con- Esta é a única disposição da Convenção
tra a expulsão ou devolução forçada (re- de Genebra que se aplica expressamen-
foulement) encontra-se estabelecido no te aos crimes cometidos fora do país de
artº 33º da Convenção Genebra dos Refu- refúgio e anteriores à admissão naquele
giados: “Nenhum dos Estados Contratantes país enquanto refugiado.
expulsará ou repelirá um refugiado, seja de
que maneira for, para as fronteiras dos ter-
Grupos Especialmente Vulneráveis
ritórios onde a sua vida ou a sua liberdade
sejam ameaçadas em virtude da sua raça, • Pessoas com Deficiência
religião, nacionalidade, filiação em certo
Estima-se que 2.5 a 3.5 milhões de pes-
grupo social ou opiniões políticas.”
soas deslocadas tenham deficiências.
Considerando que este princípio é parte do
Este grupo é particularmente vulnerá-
direito internacional consuetudinário, os
vel dentro do grupo das pessoas des-
Estados que não ratificaram a Convenção
locadas, já que são frequentemente
de Genebra dos Refugiados encontram-se
esquecidos ou ostracizados nos cam-
igualmente obrigados a respeitarem este
pos de refugiados e não podem aceder
princípio. Este princípio é de importância
a instalações adequadas. Para quem
capital para a segurança e o bem-estar dos
tenha uma deficiência mental a situa-
requerentes de asilo e refugiados, já que
ção poderá ser ainda pior, já que pode
exige que os requerentes de asilo não se-
não ter acesso a informações com-
jam devolvidos ao seu país de origem, no
508 II. MÓDULOS SOBRE QUESTÕES SELECIONADAS DE DIREITOS HUMANOS

preensíveis sobre os procedimentos são mulheres. O ACNUR desenvolveu,


para a obtenção de asilo. Os direi- recentemente, uma série de progra-
tos dos refugiados com deficiência mas especiais para as mulheres, para
encontram-se mencionados na Con- promover a igualdade no acesso aos
venção das Nações Unidas sobre os serviços, o sentido de normalidade e
Direitos das Pessoas com Deficiên- o regresso à forma habitual de vida.
cia, de 2006, amplamente assinada e Para além disso, o ACNUR atribui
ratificada. uma importância especial à sensibi-
• Pessoas afetadas por Doenças e os lização para o problema da violência
Idosos sexual, mutilação genital feminina e
outras formas de discriminação sexu-
De acordo com o ACNUR, os refugia- al em relação às mulheres.
dos defrontam-se com três problemas
(Fontes: UNHCR. Children.; UNHCR.
graves: a dependência, a desintegra-
2000. UNHCR’s Policy on Older Refuge-
ção social e a seleção social negativa.
es.; UNHCR. Women.; Women’s Com-
Estes três problemas são, frequente-
mission for Refugee Women and Chil-
mente, exacerbados quando se trata
dren. 2008. Disabilities among Refugees
de refugiados mais velhos. No seu
and Conflict-Affected Populations.)
plano de ação de 2000, para os refu-
giados idosos, o ACNUR deu ênfase à
Direitos Humanos das Crianças
necessidade de integração das neces-
Direitos Humanos das Mulheres
sidades dos refugiados idosos no seu
trabalho quotidiano.
Alto Comissariado
• Crianças
das Nações Unidas
Dos milhões de refugiados, desloca- para os Refugiados (ACNUR)
dos internos e apátridas por todo o O ACNUR foi estabelecido em 1951, para
mundo, quase metade são crianças. assistir os milhões de refugiados em todo
A Convenção sobre os Direitos da o mundo, principalmente como resultado
Criança (CDC), de 1990, estabeleceu da Segunda Guerra Mundial e da política
o quadro para o trabalho do ACNUR que se lhe seguiu. Porém, as origens do
relacionado com as crianças refugia- Alto Comissariado podem ser encontradas
das. Em particular, o ACNUR trabalha em 1921, com a nomeação do primeiro
para garantir as necessidades básicas Alto Comissário Internacional para os Re-
das crianças (água, alimentação, pro- fugiados, Fridtjof Nansen, enquanto parte
visões para a saúde, educação), assim dos mecanismos internos da Sociedade
como auxilia na reunificação das fa- das Nações. Desde a sua formação e do
mílias, no apoio de programas de for- estabelecimento da sua sede em Genebra,
mação vocacional e oferece tratamen- o ACNUR tem ajudado dezenas de milhões
to psicológico, se necessário. de refugiados e deslocados internos a en-
• Mulheres contrar soluções duráveis e estáveis para o
problema da localização de uma residên-
Cerca de 50% daqueles que vivem em cia. O trabalho do ACNUR estende-se hoje
campos ou comunidades de refugiados a mais de 120 países e encontra-se, em
P. DIREITO AO ASILO 509

primeiro lugar, centrado na assistência das de Estados considerados mais atrativos.


pessoas forçadas a fugir para além frontei- Por exemplo, existe um fluxo de migração
ras, assim como daqueles que se encon- considerável de países em vias de desen-
tram em fuga no seu próprio país (deslo- volvimento para a Europa, através do qual
cados internos). A Convenção de Genebra tanto migrantes como refugiados tentam
e o seu Protocolo de 1967 exigem que os escapar à perseguição e a condições eco-
Estados Partes cooperem proximamente nómicas difíceis no seu Estado de origem,
com o ACNUR, no exercício das suas fun- de forma a iniciar uma vida melhor num
ções e na supervisão da implementação da outro lado. Porém, a própria viagem é
Convenção e do Protocolo de 1967. perigosa: nos últimos anos, milhares de
(Fontes: UNHCR. Refugee Figures.; UNHCR. refugiados e migrantes morreram no Mar
2011. World Refugee Day: UNHCR report Mediterrâneo ao tentar alcançar a “fortale-
finds 80 per cent of world’s refugees in de- za Europa”. Simultaneamente, a União Eu-
veloping countries.) ropeia também torna cada vez mais difícil,
aos migrantes e requerentes de asilo, a en-
3. PERSPETIVAS trada no seu território, através de medidas
INTERCULTURAIS jurídicas e concretas.
E QUESTÕES CONTROVERSAS
Direito a Não Viver na Pobreza
Refugiados Vítimas de Pobreza
O direito internacional distingue clara- Processos de Asilo
mente entre refugiados e diversas catego- Os processos para determinar se um indi-
rias de migrantes. Por exemplo, já que a víduo se enquadra nos critérios para a
Convenção de Genebra não abrange a fuga qualificação como “refugiado” ou se é
devida a motivos económicos e a insegu- necessária uma outra forma de proteção
rança económica, é essencial categorizar internacional (processo de asilo), devem
as razões que devem fundamentar o pedi- ser céleres, equitativos e eficazes. Porém,
do de asilo ou o abandono do país natal. o processo de reconhecimento das pesso-
Como consequência, aquelas pessoas que as como refugiado varia muito entre os
deixam o seu país devido à pobreza opres- Estados. Em muitos casos, demora anos
siva ou às condições económicas, como o até que o requerente saiba se lhe é con-
desemprego ou a falta de cuidados de saú- cedido o asilo ou outra forma de proteção
de, não têm direito ao estatuto de refugia- ou se tem de regressar. Esta morosidade
do, nos termos da Convenção. Este facto deixa um número considerável de pesso-
não obsta a que muitas pessoas requeiram as (e as suas famílias) sem certezas sobre
asilo com base nesses fundamentos pois, o futuro, sem autorizações de trabalho ou
nalguns Estados europeus, o estatuto de quaisquer outras perspetivas. Outra práti-
refugiado confere a hipótese de acesso ao ca alarmante é a detenção até à depor-
mercado de trabalho e à obtenção de resi- tação, aplicada a muitas pessoas a quem
dência no país de destino, após o decur- não foi concedido asilo ou qualquer outra
so de um determinado período de tempo. forma de proteção, de forma a assegurar
Em geral, a falta do gozo pleno dos direi- a sua deportação. A detenção das pesso-
tos humanos, em determinados Estados, as, em muitos casos por diversos meses,
conduz a fluxos migratórios no sentido apenas por terem atravessado fronteiras, é
510 II. MÓDULOS SOBRE QUESTÕES SELECIONADAS DE DIREITOS HUMANOS

contrária às garantias de direitos humanos lecimento de um processo único para os


fundamentais. refugiados e a determinação do estatuto de
Se o sistema de processamento de asilo proteção subsidiária, o aumento da eficá-
e dos refugiados for célere e equitativo, cia na análise do processo de requerimen-
aqueles que estão conscientes de que não to, a facilitação no acesso à análise dos
se enquadram no estatuto de refugiado procedimentos, a melhoria da qualidade
ou de asilo terão poucos incentivos para das decisões sobre asilo e a segurança de
apresentar um pedido. Desta forma, tan- que um requerente de asilo pode recorrer
to o país anfitrião, como os refugiados e da decisão. Esta proposta encontra-se pre-
requerentes de asilo genuínos, para quem sentemente a ser negociada no Parlamento
o sistema de processamento existe, saem Europeu e no Conselho Europeu.
beneficiados.
O uso do processo de asilo por parte de 4. IMPLEMENTAÇÃO
“refugiados económicos” evidencia as E MONITORIZAÇÃO
questões em torno dos migrantes econó-
micos. Um método mais prático para se O direito a requerer asilo inclui o direito
lidar com estes problemas pode ser a alte- a receber asilo apenas nos casos explici-
ração dos requisitos de imigração e proce- tamente mencionados na Convenção de
dimentos dos Estados anfitriões, de forma Genebra dos Refugiados. Assim, tem de
a permitir aos migrantes económicos, a se instaurar um processo de asilo para se
obtenção de trabalho e de residência, pelo estabelecer se o caso entra na alçada de
menos, parcial. proteção da Convenção de Genebra, con-
duzindo ao direito à atribuição de asilo.
Primado do Direito e Julgamento Contrariamente a outras convenções das
Justo Nações Unidas, a Convenção de Genebra
dos Refugiados não estabelece mecanis-
Sistema Europeu Comum de Asilo mos de implementação específicos, nome-
A Diretiva de 2005 da União Europeia, so- adamente, um sistema de relatórios dos
bre os procedimentos de asilo, veio esta- Estados ou de queixas individuais. O fun-
belecer um nível mínimo de garantias para cionamento e aplicação da Convenção de
um processo de asilo equitativo e eficaz, Genebra e do seu Protocolo de 1967 é su-
na União Europeia. Estabeleceu, nomea- pervisionado pelo Alto Comissariado das
damente, salvaguardas básicas para os re- Nações Unidas para os Refugiados (AC-
querentes de asilo, nomeadamente, garan- NUR). Os artos 35º e 36º da Convenção de
tias processuais, requisitos mínimos para o Genebra permitem a cooperação entre os
processo decisório, o direito ao recurso de Estados Partes e o ACNUR, incluindo a dis-
uma decisão de indeferimento e padrões ponibilização de informações relevantes e
comuns para a aplicação de determinados de estatísticas respeitantes ao conteúdo e
conceitos e práticas. A proposta de altera- à aplicação da Convenção.
ções à Diretiva de 2005, por parte da Co-
missão Europeia, em 2011, representa mais
um passo no sentido do estabelecimento Os Estados Partes da Convenção de Gene-
de um Sistema Europeu Comum de Asilo. bra têm de informar o Secretário-Geral
Essa proposta de alteração visa o estabe- das Nações Unidas sobre as leis e regu-
P. DIREITO AO ASILO 511

lamentos que promulguem para assegu- que Rege os Aspetos Específicos dos Pro-
rar a aplicação da Convenção (artº 36º blemas dos Refugiados em África (Con-
da Convenção). vention Governing the Specific Aspects of
Refugee Problems in Africa), de 1969, e a
A Convenção e o Protocolo de 1967 pre- Declaração de Cartagena, de 1984, adota-
vêem que os Estados cooperem com o da por um grupo de Estados Latino-Ame-
ACNUR no exercício das suas funções e ricanos.
que ajudem o ACNUR a supervisionar
a implementação das normas da Con- O Papel do Tribunal Europeu dos Direi-
venção. tos Humanos
Os Estados Partes também devem dispo- O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos
nibilizar ao ACNUR as informações e da- (TEDH) é o tribunal do sistema de direitos
dos estatísticos pedidos, no respeitante: humanos do Conselho da Europa. Desem-
• à condição dos refugiados, penha um papel de capital importância na
proteção dos direitos humanos dos reque-
• à implementação da Convenção e do
rentes de asilo. Primeiro, decide sobre a
seu Protocolo de 1967, e
aplicação do artº 3º da Convenção Euro-
• às leis, regulamentos e decretos rela- peia dos Direitos Humanos (CEDH), isto
cionados com os refugiados que este- é, sobre a proibição da tortura e penas ou
jam ou possam vir a estar em vigor. tratamentos desumanos ou degradantes,
no respeitante aos procedimentos de de-
Assim, coloca-se um peso específico na portação e ao princípio de não repulsão
interpretação da Convenção, pelo ACNUR. (non refoulement). A deportação é proibi-
da se uma pessoa ao regressar ao seu país
O Pacto Internacional sobre os Direitos Ci- de origem ficar sujeita à tortura. A decisão
vis e Políticos (PIDCP) não inclui normas de referência respeitante a esta questão é o
explícitas sobre o direito ao asilo. Porém, processo Soering c. Reino Unido, em 1989.
os artos 6º e 7º do Pacto aplicam-se rela- O artº 8º (sobre o direito à privacidade e
tivamente ao princípio da não repulsão à vida familiar) também é muito impor-
(non-refoulement). Assim, a violação des- tante para os requerentes de asilo. Estes
tas normas, relevantes para o direito ao podem também recorrer ao Tribunal com
asilo, encontra-se sujeita aos mecanismos base neste artigo, se a sua vida familiar
de monitorização do PIDCP. tiver sido desrespeitada por decisões rela-
cionadas com o processo de asilo ou de
Instrumentos Regionais deportação pendente.
Para além da Convenção de Genebra dos Só se pode apresentar queixas junto do
Refugiados, existem instrumentos regio- Tribunal Europeu dos Direitos Humanos
nais para a proteção de refugiados (por quando tiverem sido esgotados todos os
ex., os princípios de Bangkok sobre o mecanismos internos de proteção e apenas
Estatuto e Tratamento de Refugiados, no prazo de seis meses após a decisão in-
adotados no Comité Jurídico Consultivo terna final, no Estado.
Afro-Asiático (Asian-African Legal Con-
sultative Committee), de 1966, a Conven- Com a adesão esperada da União Eu-
ção da Organização de Unidade Africana ropeia à CEDH, também as instituições
512 II. MÓDULOS SOBRE QUESTÕES SELECIONADAS DE DIREITOS HUMANOS

da União Europeia, nomeadamente, o reitos constantes na Convenção tiverem


Tribunal de Justiça da União Europeia sido violados pelas instituições da UE. A
(TJUE), ficarão vinculadas às disposições adesão da UE à CEDH irá permitir uma
da Convenção e à sua interpretação pelo aplicação mais consistente e implemen-
Tribunal Europeu dos Direitos Humanos tação das normas de direitos humanos e
(TEDH). Os indivíduos poderão submeter fortalecer a proteção dos direitos huma-
as suas queixas ao TEDH, se os seus di- nos.

CONVÉM SABER
1. BOAS PRÁTICAS RefWorld
A Refworld é uma das fontes de informa-
Esquema de Reunificação Familiar ção mais importantes para as decisões
Uma das funções mais importantes do Co- sobre o estatuto de refugiado. A Refworld
mité Internacional da Cruz Vermelha contém um grande número de relatórios
(CICV), em conjunto com as Sociedades sobre os países de origem, documentos de
Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente diretrizes e posições políticas e documen-
Vermelho, é ajudar na reunificação de famí- tos relacionados com quadros jurídicos
lias separadas devido a conflitos ou desas- internacionais e nacionais. A informação
tres naturais. Durantes estas crises, as famí- é recolhida pelo ACNUR e pelas suas re-
lias podem ficar imediatamente separadas, presentações no terreno, governos e ONG,
nalguns casos, durantes anos. O CICV tra- assim como por entidades académicas e
balha no sentido de se descobrir o paradeiro judiciais.
de familiares e, uma vez descobertos, atua
como intermediário no processo de troca de
mensagens entre eles e ajuda na eventual Emancipação dos Refugiados
reunificação. A Agência Central de Rastrea- O Projeto de Emancipação de Refugiados
mento (Central Tracing Agency) do CICV é um projeto iniciado por requerentes de
também ajuda os Estados participantes em asilo na Alemanha. Pretende usar a inter-
conflitos armados a respeitarem as suas net como uma ferramenta para ligar os re-
obrigações de direito internacional humani- fugiados a outras pessoas, nos seus países
tário, exigindo às autoridades do Estado que de origem e por todo o lado, para reduzir o
façam tudo o que for possível para ajudar seu isolamento. Neste contexto, o projeto
os familiares separados devido ao conflito. organiza seminários e cursos e disponibi-
Esta obrigação fundamenta-se nos direitos liza informações de sensibilização. Para
reconhecidos internacionalmente, relaciona- além do fórum de conversações online,
dos com a proibição dos desaparecimentos também se editam, no website, histórias
forçados, e no direito a ser informado sobre pessoais. Desta forma, pode melhorar-se a
o destino dos familiares desaparecidos. qualidade de vida dos refugiados na Ale-
manha, simplesmente através da comu-
Direitos Humanos em Conflito nicação com outros a viverem situações
Armado semelhantes.
P. DIREITO AO ASILO 513

2. TENDÊNCIAS e navegam perigosamente sobrelotadas.


Os traficantes também recorrem frequen-
Deslocados Internos temente a expedientes para forçar o salva-
Uma pessoa que requeira o estatuto de re- mento, sabotando o barco de forma a for-
fugiado tem de estar fora do seu país de çarem as autoridades do Estado a intervir.
origem. A travessia de uma fronteira in- Tal resulta, muitas vezes, em perdas consi-
ternacional preenche um dos elementos deráveis de vidas. Por exemplo, em 2009,
essenciais da definição comum de refugia- na Austrália, a tentativa de incêndio de
do. Contrariamente aos refugiados, as pes- um barco resultou numa explosão em que
soas deslocadas no seu país de origem morreram 5 e ficaram feridos 40. Tal como
são referidas como deslocados internos. referido pelo ACNUR, “não há dúvidas que
Tal como os refugiados, são forçados ao traficantes de pessoas sem escrúpulos são
desenraizamento devido ao conflito, vio- culpados da morte anual de milhares de
lência generalizada e violações de direitos pessoas no Mediterrâneo, Golfo de Áden,
humanos mas a diferença em relação aos Caraíbas, Oceano Índico e outros”. O AC-
refugiados é que eles continuam a viver no NUR relatou que se estima que mais de
seu país de origem ou de residência habi- 500 pessoas morreram, em 2007, ao tenta-
tual. Dos cerca de 42.5 milhões de pessoas rem atravessar o Mediterrâneo, enquanto
presentemente forçadas à deslocação, por as autoridades espanholas estimam que
todo o globo, como resultado de conflitos cerca de 1.000 pessoas morreram na ten-
novos e contínuos em diferentes partes do tativa de viajarem de África para as Ilhas
mundo, 26.4 milhões são deslocados in- Canárias. Estes números, porém, podem
ternos. Apesar de não se encontrar espe- não refletir o número real de mortos, já
cificamente previsto no mandato original que o processo de migração se encontra
do ACNUR, há anos que a agência ajuda quase indocumentado e muitos dos barcos
milhões deles, mais recentemente através simplesmente desaparecem na rota.
da supervisão da proteção e das necessi-
dades de abrigo e da coordenação e gestão A migração marítima irregular não é ape-
de campos. nas um fenómeno europeu. Todos os anos,
(Fonte: UNHCR. Internally Displaced Peo- dezenas de milhares de Somalis e Etíopes
ple Figures.) atravessam o Golfo de Áden para o Iémen,
onde têm a possibilidade de ser aceites
Migração Irregular pelo Mar como refugiados e de iniciar uma vida
Uma determinada percentagem de pessoas melhor. Em 2007, cerca de 27.000 migran-
a fugirem do seu país de origem fazem-no tes chegaram à costa do Iémen, enquanto
através da travessia de oceanos ou mares, mais de 1.200 foram declarados mortos ou
para encontrarem refúgio noutra parte. desaparecidos, estimando-se que a viagem
Este processo pode ser extraordinariamen- tenha uma taxa de mortalidade de cerca
te perigoso, sobretudo, devido aos grupos 5%. Da mesma forma, a Austrália é o prin-
organizados de traficantes de pessoas que cipal destino, na região da Ásia-Pacífico,
atuam sobre uma grande parte da migra- para os migrantes marítimos irregulares,
ção marítima. As embarcações muitas ve- através da Malásia e da Indonésia e com
zes não têm condições de navegabilidade origem predominante do Afeganistão, Ira-
nem equipamento de segurança adequado que, Irão e Sri Lanka. Em 2010, a Austrália
514 II. MÓDULOS SOBRE QUESTÕES SELECIONADAS DE DIREITOS HUMANOS

recebeu 6.555 chegadas marítimas irre- refugiado de Sirko, na Somália disse: “Eu
gulares, porém, muitos não conseguiram cheguei ontem à noite. Vim para cá com
atingir o continente tendo sido interceta- a minha mãe, mulher e as nossas cinco
dos pelos militares, ficando detidos em crianças. Não trouxemos nada connosco a
centros de processamento offshore. Em não ser as roupas que tínhamos vestidas.
dezembro de 2010, 50 viajantes morreram Estamos no abrigo da minha irmã, com
após a embarcação se ter despenhado con- a sua família de oito, enquanto aguarda-
tra rochas, na Ilha Natal na Austrália. mos encontrar o nosso local para viver-
(Fontes: Navi Pillay. 2009. Migrants at sea mos. No momento, dependemos da minha
are not toxic cargo.; UNHCR. 2009. Irre- irmã para tudo. Eles estão a partilhar as
gular Migration by Sea: Frequently Asked suas rações connosco, para que possamos
Questions.) comer.” Uma enfermeira dos Médecins
Sans Frontières disse: “Estas pessoas estão
Dadaab, o Maior Campo de Refugiados a sobreviver com o mínimo com que um
do Mundo ser humano pode sobreviver”.
O campo de refugiados de Dadaab, no (Fonte: Médecins Sans Frontières (MSF).
Quénia, foi estabelecido há 20 anos para 2011. No way in. The biggest refugee camp
abrigar refugiados que fugiam da vio- in the world is full.)
lência e guerra civil na Somália. Com o
conflito ainda em curso, Dadaab tornou- O Racismo e a Xenofobia em relação aos
se no maior complexo de refugiados do Migrantes, Refugiados e Requerentes de
mundo, albergando 500.000 pessoas. Foi Asilo
estabelecido para albergar até 90.000 pes- Em muitos países anfitriões, os migran-
soas, sendo que as condições básicas, no- tes, assim como os refugiados e reque-
meadamente os abrigos, água, condições rentes de asilo são confrontados com
sanitárias, educação e proteção para to- racismo, xenofobia e alegações de uso
das as pessoas a viverem no campo e de- incorreto do direito de asilo. Estas ati-
serto circundante, encontram-se a dimi- tudes xenofóbicas e de paranoia da so-
nuir. “A vida em Dadaab é muito difícil: ciedade são exacerbadas pelos meios de
somos dependentes do ACNUR para tudo. informação e políticos populistas ou ra-
A comida aqui não chega. Existe uma cri- cistas, o que resulta em leis e políticas de
se de água, ninguém tem água suficiente. migração e asilo mais restritivas, igno-
Recebemos apenas quatro contentores de rando ou mesmo violando as obrigações
água por família por dia, para tomarmos e compromissos de direitos humanos
banho, lavarmos a roupa, lavarmos os internacionais, de proteção efetiva das
utensílios, cozinharmos e para bebermos. pessoas da perseguição.
Todos necessitam de assistência e não a
conseguem”, disse Anfi, de 25 anos, re- Antirracismo e Não Discrimina-
fugiado de Kismayo na Somália, vivendo ção
em Dadaab, desde os seis anos de idade.
Para além da violência e das dificuldades, Distribuição Justa das Responsabilida-
os longos períodos de chuva intensa des- des
troem os abrigos de muitas pessoas e os Um relatório do ACNUR revela um pro-
mantimentos de comida. Hassan, de 39, fundo desequilíbrio no apoio internacio-
P. DIREITO AO ASILO 515

nal para quem tenha sido forçado a des- 3. CRONOLOGIA


locar-se: quatro quintos dos refugiados
a nível mundial encontram refúgio nos 1948 Declaração Universal dos Direitos
países em desenvolvimento. Muitos dos Humanos
países mais pobres do mundo recebem 1950 Convenção Europeia para a Pro-
muitos refugiados (por ex., o Paquistão, teção dos Direitos Humanos e das
o Irão e a Síria têm das maiores popula- Liberdades Fundamentais (Conse-
ções de refugiados, com 1.9 milhões, 1.1 lho da Europa)
milhões e 1 milhão de refugiados, res- 1951 Convenção de Genebra Relativa ao
petivamente). Apesar da desigualdade Estatuto dos Refugiados
na distribuição das responsabilidades, 1954 Convenção Relativa ao Estatuto
o sentimento paranoico antirrefugiados dos Apátridas
em muitos países industrializados está 1961 Convenção para a Redução dos Ca-
a tornar-se cada vez mais forte. Antó- sos de Apátridas
nio Guterres, Alto Comissário das Na- 1966 Pacto Internacional sobre os Direi-
ções Unidas para Refugiados, disse: “No tos Civis e Políticos (PIDCP)
mundo de hoje existem entendimentos 1966 Princípios de Bangkok sobre o Es-
erróneos preocupantes sobre os fluxos tatuto e Tratamento de Refugiados
de refugiados e o paradigma da prote- (adotado pelo Comité Jurídico Con-
ção internacional. Nos países industria- sultivo Afro-Asiático/Asian-African
lizados, o medo sobre os supostos fluxos Legal Consultative Committee)
de refugiados é exagerado ou resulta da 1967 Protocolo relativo ao Estatuto dos
confusão com as questões de migração. Refugiados
Entretanto, são os países mais pobres 1969 Convenção da Organização de
que ficam com o problema.” E continu- Unidade Africana que Rege os As-
ando: “O mundo está a falhar a estas petos Específicos dos Problemas
pessoas, deixando que esperem pelo fim dos Refugiados em África
da instabilidade em casa e que ponham 1984 Convenção das Nações Unidas
as suas vidas à espera, indefinidamen- contra a Tortura e Outras Penas ou
te. Os países em desenvolvimento não Tratamentos Cruéis, Desumanos
podem continuar a lidar sozinhos com ou Degradantes (CCT)
este fardo; os países desenvolvidos têm 1984 Declaração de Cartagena sobre Re-
de abordar este desequilíbrio.” Assim, é fugiados (adotada pelo Colóquio
essencial a partilha justa de responsa- sobre a Proteção Internacional dos
bilidades entre países desenvolvidos e Refugiados na América Central,
em desenvolvimento para se resolver a México e Panamá)
questão dos atuais 42.5 milhões de pes- 1985 Declaração da Assembleia-Geral das
soas deslocadas por todo o mundo. Tal Nações Unidas sobre os Direitos Hu-
constitui a chave para no futuro se lidar manos dos Indivíduos que não são
com a questão dos refugiados, de uma Nacionais do País onde Vivem
forma legal e digna. 1992 Relator Especial para os Desloca-
(Fonte: UNHCR. 2011. World Refugee Day: dos Internos
UNHCR report finds 80 per cent of world’s 1998 Princípios Orientadores em Maté-
refugees in developing countries.) ria de Deslocamento Interno
516 II. MÓDULOS SOBRE QUESTÕES SELECIONADAS DE DIREITOS HUMANOS

2000 Protocolo Contra o Contrabando 2003 Agenda para a Proteção, adotada


de Migrantes por Terra, Mar e Ar, pelo ACNUR
a suplementar a Convenção das 2006 Convenção das Nações Unidas para
Nações Unidas contra o Crime Or- a Proteção de Todas as Pessoas con-
ganizado Transnacional tra Desaparecimentos Forçados

ATIVIDADES SELECIONADAS

ATIVIDADE I: “Têm 5 minutos para preencher este


REQUERIMENTO DE ASILO formulário.” Esta frase também pode
ser dita numa qualquer língua estran-
Parte I: Introdução geira. Ignorar com frieza as questões e
Esta atividade simula alguns dos fatores protestos.
emocionais da realidade de um refugiado. 3. Cumprimentar as pessoas que chega-
rem atrasadas, secamente (por exem-
Parte II: Informação Geral plo, “existe algum motivo para ter
Tipo de atividade: dramatização chegado atrasado? Tem apenas ____
Metas e objetivos: Sensibilização para a minutos para preencher este formulá-
discriminação durante o processo de re- rio.”). A maior parte dos participantes
querimento de asilo irão rapidamente perceber a ideia, no
Grupo-alvo: adolescentes e adultos entanto, alguns poderão ficar zangados
Dimensão do grupo: qualquer uma ou ansiosos.
Duração: cerca de 15 minutos 4. Recolher os formulários sem sorrir ou
Material: formulário (ver abaixo), ca- estabelecer um contacto pessoal.
netas 5. Chamar um nome dos formulários pre-
Preparação: preparar um formulário e enchidos e pedir a essa pessoa que se
canetas, arranjar a sala de forma a poder aproxime. Olhar para o formulário e
sentar-se numa secretária, para recriar dizer: “vejo que respondeu NÃO a esta
um ambiente com a formalidade de um questão. Asilo indeferido.” Repetir este
escritório. processo diversas vezes.
6. Finalmente deixar de representar o pa-
Parte III: Informação Específica sobre a pel. Perguntar agora aos participantes
Atividade como se sentiram ao preencherem um
Instruções: formulário ininteligível. Perguntar-lhes
1. Deixar que a sala se encha de pessoas, como isto simula a experiência de um
sem as cumprimentar ou reconhecer a refugiado.
presença delas. Reações:
2. Alguns minutos depois da hora previs- Pedir aos participantes que resumam as
ta para o início, distribuir o formulá- suas experiências:
rio para requerimento de asilo, escrito • Esta é uma situação realista dos reque-
numa língua estrangeira. Diga apenas: rentes de asilo?
P. DIREITO AO ASILO 517

• Considera que os requerentes de asilo Direitos relacionados/outras áreas a ser


recebem um tratamento equitativo no exploradas:
decurso do processo? Direito a não ser discriminado devido à
• Quais são as consequências para uma nacionalidade, língua ou etnia.
pessoa a quem seja negado o asilo?

Formulário para entrega:

APPLICATION FOR ASYLUM

1. APPELLIDO
2. PRIMER NOMBRE
3. FECHA DE NACIMIENTO
4. PAIS, CIUDAD DE RESIDENCIA
5. OU GENYEN FANMI NE ETAZINI?
6. KISA YO YE POU WOU
7. KI PAPYE IMAGRASYON FANMI OU YO
GENYEN ISIT?
8. ESKE OU ANSENT?
9. ESKE OU GEN AVOKA?
10. OU JAM AL NAHOKEN JYMAN
(Fonte: David Donahue, Nancy Flowers. 1995. The Uprooted: Refugees and the United
States.)

ATIVIDADE II: Grupo-alvo: adolescentes e adultos


PREPARE A MALA E FUJA Dimensão do grupo: qualquer uma
Duração: cerca de 10 minutos
Parte I: Introdução
Esta atividade simula as decisões emocio- Parte III: Informação Específica sobre a
nais e práticas com que se defronta um Atividade
refugiado e as consequências imprevistas. Instruções:
1. Ler e explicar o seguinte cenário:
Parte II: Informação Geral Você é um professor no ___. O/A seu/
Tipo de atividade: dramatização sua parceiro/a desaparece e é mais tar-
Metas e objetivos: desenvolver conheci- de encontrado assassinado/a. O seu
mentos e compreensão sobre os refugiados nome aparece num artigo de um jornal,
e os seus direitos, promover a solidarieda- inserido numa lista de suspeitos sub-
de com as pessoas forçadas a, de um mo- versivos. Mais tarde, recebe uma carta a
mento para o outro, fugirem de suas casas. ameaçá-lo de morte, devido ao seu ale-
518 II. MÓDULOS SOBRE QUESTÕES SELECIONADAS DE DIREITOS HUMANOS

gado ativismo político. Você decide que Reações:


tem fugir. PREPARAR A MALA: apenas Pedir aos participantes que resumam as
pode levar cinco categorias de objetos e suas experiências:
apenas o que pode carregar. Faça uma • Até que ponto é que o tratamento dos
lista sobre o que levaria. refugiados foi justo?
2. Depois de alguns minutos, pedir aos • Um país deve ter o direito de devolver
participantes que leiam as suas listas os refugiados?
em voz alta. As listas (normalmente • Os refugiados têm o direito humano à
95%) não incluem o artigo do jornal ou proteção. Foi concedido a estes refugia-
a carta de ameaça. O formador diz: “Asi- dos o seu direito à proteção? Porquê/
lo negado!” Por que não?
3. Ler a definição jurídica de refugiado. • Existem, presentemente, pessoas deslo-
Discutir como esta definição é aplicada cadas no seu país?
na vida real e por que se negou asilo à • O que pode ser feito, desde logo, para
maior parte dos participantes, por não evitar que as pessoas se tornem refu-
terem provas para fundamentarem o giadas?
medo de perseguição, para receberem o Direitos relacionados/outras áreas a ser
estatuto de refugiado. exploradas:
4. Discutir a tomada de decisões sob pres- Não repulsão (non-refoulement), não dis-
são e os motivos conducentes às esco- criminação.
lhas pessoais e emoções que surgem (Fonte: David Donahue, Nancy Flowers.
durante o processo de decisão. Concluir, 1995. The Uprooted: Refugees and the Unit-
explicando o propósito desta atividade. ed States.)

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