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DOI: 10.21604/2177-8841/moringa.

v7n2p57-68 | E-ISSN 2177-8841

A NECESSIDADE DE CRIAR

The need to create

Elisa Belém1
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP

Resumo: O artigo apresenta o conceito Pulsão de Ficção, cunhado por Sperber (2009), que de-
fende a ocorrência de uma necessidade inata de criar. Discute a ideia de superação de eventos vi-
vidos e emoções profundas por meio da autoria de obras artísticas. Para isso, faz-se um panorama
sobre as trajetórias e breve análise sobre as obras das artistas Lygia Clark e Dudude Herrmann.

Palavras-chave: Ficção; autoria; superação.

Abstract: The essay introduces the concept Pulse of Fiction, by Sperber (2009) that defends
a thesis of an innate necessity to create. It discusses the idea of surmounting lived events and
deep emotions by means of the authorship of art works. Having such an intention, it presents
the careers and a brief analysis on the works by the artists Lygia Clark and Dudude Herrmann.

Keywords: Fiction; authorship; surmount.

1 Pós-doutoramento no Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena do Instito de Artes

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O conceito Pulsão de Ficção, cunhado por lectuais; mal sabia falar, mas escreveu seu
Sperber (2009), discute a ocorrência de uma nome após sair do cárcere e ser interroga-
possível necessidade inata de criar, a partir do por policiais. Em dois anos, conseguiu
de uma investigação sobre a oralidade e as recuperar uma série de funções (da pala-
formas simples na literatura – contos de fa- vra, da associação de ideias, da memória).
das, mitos, casos, causos, adivinha, fábula, O caso foi usado como exemplo por Sper-
legenda e saga. Na elaboração do conceito, ber (2009, p. 29): “Parto da concepção de
Sperber defende a existência dos “univer- que todo ser humano merece desenvolver-
sais” ou “saberes básicos”: simbolização, -se plenamente e o consegue, mediante
efabulação e imaginário. E indica que, esses um esforço variável e diferentemente con-
elementos, comuns a todas as culturas e se- centrado, de caso a caso; esforço, por um
res humanos, possibilitam a comunicação. lado, de si mesmo; por outro, de outrem,
que no mínimo contribuí com estímulos”.
Parte-se do pressuposto de que a criança
utiliza os recursos que possui para criar, Conforme Sperber (2009) indica, essa pul-
seja a linguagem falada ou a encenação são, que está à disposição de todo e qual-
corporal, a fim de elaborar emoções pro- quer ser humano, deve também ser traba-
fundas e eventos vividos. Dessa forma, o lhada. O estímulo à Pulsão de Ficção tem
imaginário se expressa mediante um con- como objetivo despertar aquilo que as cir-
junto de recursos, sendo o lúdico o mais cunstâncias familiares, históricas, sociais
forte e apresentando-se como um jogo cê- e culturais calam ou reprimem. Isso pode
nico. A ação do jogo corresponde a aquilo ser feito, de acordo com Sperber, ao esti-
que leva a criança ou mesmo o adulto a mular-se a autoria, por meio da criação
elaborar eventos vividos. O recurso à fic- de textos literários nas escolas de ensi-
ção conduz ao entendimento, apreensão no básico e médio, por exemplo. O intuito
do conhecimento, repetição e re-significa- é suspender a censura externa ou inter-
ção, possibilitando a mudança de padrões na que restringe a produção. A Pulsão de
emocionais. O ato de criar é entendido Ficção ou artística é, portanto, pulsão de
como algo que pode conduzir à superação. expressão ficcional e, segundo Sperber,
Essa força criativa mostra que há manei- pode se dar por meio de quaisquer recur-
ras próprias de produzir conhecimento por sos – da palavra à imagem bi e tridimensio-
meio do vivido, ou seja, da experiência. nal, o som, o movimento, a cor ou a forma.

Uma das referências para a elaboração do Partindo dessa conceituação para a abor-
conceito Pulsão de Ficção foi o “caso Kas- dagem da questão da autoria, acredito que
par Hauser”, que gerou um romance e um esta, uma vez estimulada, pode gerar uma
filme, dirigido por Werner Herzog. Sperber ampla gama de expressões, discursos e lin-
(2009, p. 24-25) conta que Kaspar Hau- guagens. No devir da criação, o indivíduo
ser foi raptado quando bebê e mantido em revisita a si mesmo e ao outro, podendo ela-
cárcere privado até os dezesseis anos de borar suas experiências de vida, em prol de
idade, no qual apenas recebia alimentos e um “melhor contato afetivo com a realidade”
não convivia com outros seres humanos. ou um “desbloqueio de nossa relação com
Foi privado de estímulos motores e inte- o mundo” (BRETT, 2002, p. 9). Seguindo

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a hipótese de que a criação pode ser uma prol da valorização e reafirmação da vida.
necessidade, noto que o potencial para ex-
pressão, inerente a todos os indivíduos, é A Pulsão de Ficção, uma vez estimulada,
o que possibilita uma existência mais plena pode levar a processos de criação autorais
e alegre. Nesse sentido, criar corresponde em todas as áreas artísticas. A criação nas
a reinventar a si e as realidades ao redor. artes pode ser entendida como um trabalho
Creio que seja válido o estímulo à Pulsão sobre si mesmo, levando a desfazer hábitos
de Ficção não só para a criação de narra- de movimento, de pensamento e sentimen-
tivas e textos literários, mas também para to. O artista, ao utilizar suas próprias expe-
a criação de obras no campo das artes vi- riências de vida e visões de mundo como
suais e cênicas, em todas as idades do ser material para a criação, pode produzir obras
humano. Nos fenômenos da dança, do te- autênticas e autorais. Conforme entendo, a
atro e da performance, o eixo central para autoria corresponde a um ato de recuperar
essa reinvenção é o corpo. Trabalhar sobre a própria voz. Muitos foram e são silencia-
o potencial de movimentação do corpo e dos – por outros, pelas circunstâncias ou
sobre a possibilidade de criar imagens no por si mesmos, em reação às suas realida-
espaço é um modo de transformar a si, de des externas. O silenciamento, no entanto,
investigar a percepção e a expressividade. pode corresponder a um processo de des-
qualificação do sujeito: “O preenchimento
A ideia de autoria e de superação, por meio do silêncio é de fundamental importância,
da elaboração de eventos vividos e emo- porque ressignifica a memória, validando-a
ções profundas, pressupõe o desejo e a como experiência” (SPERBER, 2012, p. 64).
busca pela liberdade. Consequentemente, Recuperar a voz por meio da criação é um
parece haver uma ocorrência da ipseidade: meio de trazer à tona a potência de vida, as
“A ipseidade corresponde ao poder de um particularidades de cada um diante do mun-
sujeito pensante de ser fiel a seus valores, do. Ao assumir a própria autoria, se dá a
apesar das mudanças psíquicas e físicas ocorrência da ação de renomear e dar sen-
que ocorrem a um indivíduo ao longo de tido a eventos alegres ou dolorosos e de re-
sua vida. Neste sentido, a ipseidade equi- novar a capacidade de esperança, criando a
vale a uma promessa feita a si mesmo – e partir de emoções e percepções profundas.
mantida ao longo da existência” (SPER-
BER, 2009, p. 12). A necessidade da ex- Ricouer (2009, p. 330), por exemplo, se refe-
pressão, que leva a procura por novas for- riu a uma possível relação entre o ato de es-
mas, pode corresponder a uma ocorrência crever e o que ele nomeou como uma “opor-
da ipseidade do artista. A “promessa feita a tunidade para trabalhar a reconciliação com
si mesmo” é, nesse caso, um compromisso a vida”; “curar a memória através do ato de
com a criação, que pressupõe experimen- contar, sem morrer por isto”. Esta seria, para
tação, tentativa e, portanto, recriação. E, Ricouer, “a força do ato de escrever2”. O de-
também uma procura pela coerência entre sejo de criar uma obra artística pode corres-
pensamento, sentimento e ação, como uma ponder a uma necessidade de enunciação
promessa feita a si mesmo de “viver até a para elaborar experiências vividas, con-
morte1” e de um compromisso do sujeito em 2 “To heal memory by telling, without dying of it.
1 Título do livro de Ricouer: “RICOEUR, Paul. Living up This is the ‘power of writing’, according to Clau-
to Death. Chicago: University of Chicago Press, 2009”. de-Edmonde Magny” (RICOEUR, 2009, p. 330).

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forme indica o conceito Pulsão de Ficção. leitor ou ouvinte de uma história ficcional
suspende temporariamente o juízo crítico
A relação que proponho entre autoria e e a descrença, mesmo sabendo que aquilo
criação, nas artes visuais ou cênicas, cor- que é narrado não corresponde ao real, a
responde às nuances presentes no ato da fim de ouvir o fim da história. A opção pela
criação, referidas e elencadas a partir da magia, por acreditar na veracidade daquilo
minha interpretação do conceito Pulsão que é narrado ou visto, mesmo sabendo-se
de Ficção. Essas nuances são: a ideia de que não é real, possibilitaria a operação do
superação, que se dá por meio da elabo- simbólico, do imaginário, da efabulação –
ração de eventos vividos e emoções pro- saberes básicos ou universais (SPERBER,
fundas; a busca pela liberdade, por meio 2009). O caminho conduziria a autoria (tan-
da superação dos limites internos; a ocor- to pelo artista, quanto pelo receptor), que
rência da ipseidade, num compromisso pode ser entendida como a recuperação da
do sujeito e a consequente valorização da capacidade de agir e de prestar, assim, um
vida; a reinvenção de si e das realidades testemunho de seu tempo e de sua existên-
ao redor; a conscientização da imagem do cia singular no mundo. Essas operações
corpo e a transformação de si; a investi- do simbólico, do imaginário e da efabula-
gação da percepção e da expressividade. ção levariam o indivíduo a criar novos finais
para uma mesma história e perceber que
A superação de limites internos atuaria na há diversas possibilidades de ação. A ca-
contramão ao silenciamento do sujeito. pacidade de superação indica um possível
A capacidade de censura e silenciamen- resgate da potência de vida pelo indivíduo.
to está presente, conforme mostra Grei-
ner (2005, p. 88), no aparato regulatório A questão da autoria é o foco escolhido para
do estado político e dos centros de poder a análise do trabalho de duas artistas brasi-
(econômico, por exemplo) e até em ações leiras, respectivamente do campo das artes
cotidianas da vida social. Sofrendo uma visuais e da dança: Lygia Clark e Dudude
espécie de “censura implícita”, presente Herrmann. Passo assim, a uma apresen-
nas formas de poder, os sujeitos se cons- tação de suas trajetórias e breve análise.
troem mesmo em situações de submissão.
Se há princípios regulatórios que invadem, Lygia Clark
totalizam, tornam coerente a identidade e
podem tolher o indivíduo, o recurso à fic- O trabalho da artista Lygia Clark pode ser
ção atuaria como uma forma de reparação. dividido em cinco fases. A primeira parte,
de 1947 a 1953, é caracterizada pela pro-
O conceito de Coleridge, suspensão da dução de pinturas e esculturas, bem como
descrença3, pode auxiliar na discussão. pela participação no Grupo Frente e no
A ideia proposta por Coleridge é de que o Movimento Neoconcreto (1954 a 1963). É
3 “A ideia da willing suspension of disbelief implica a também o início de sua investigação sobre
suspensão da consciência de que aquilo de que se a relação entre o trabalho de arte e o espec-
fala pertence ao imaginário, à fantasia. É a aceita-
tador. Na segunda parte, de 1963 a 1966,
ção do inverossímil, ou é o eixo em torno do qual se
constrói a verossimilhança. As coisas não precisam há uma ênfase na fronteira entre arte e vida.
ser reais: basta que pareçam sê-lo através de algu- Foram criados objetos que dependiam dire-
ma estratégia discursiva” (SPERBER, 2012, p. 121).

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A necessidade de criar

tamente de uma ação do espectador. Clark um apurado trabalho conceitual e artístico.


passou a nomear seus trabalhos como pro- Ao expandir a noção de autoria até o espec-
posições. Dentre outras, se destaca a pro- tador, Clark empreendeu um processo de
posição: Caminhando. A terceira parte, de valorização do sujeito buscando, de forma
1966 a 1969, foi nomeada como Nostalgia similar à Oiticica, um “descondicionamento”
do Corpo, na qual criou trabalhos como Pe- relacionado ao “despertar da criatividade,
dra e Ar. Na quarta parte, A Casa é o Cor- consciência de si e liberdade” (SILVA, 2006,
po, de 1972 a 1975, criou ações como vestir p. 84). Essa busca atuou, portanto, como um
o corpo ou outras, em que o corpo deveria posicionamento frente a processos de silen-
adentrar a obra. Nesse período, ministrou ciamento do sujeito e de seu potencial criati-
cursos na Sorbonne – Saint Charles Faculte vo. A atitude de resistência e reinvenção se
des Artes Plastiques – cujas práticas foram deu por meio do trabalho com a percepção.
nomeadas como Fantasmática do Corpo ou
Corpo-Coletivo. Na quinta fase, Estrutura- É importante lembrar o contexto histórico
ção do Self, de 1976 a 1988, Clark traba- que permeia a maior parte do desenvolvi-
lhou em seu próprio apartamento, atenden- mento do trabalho de Clark. O momento de
do pessoas individualmente como clientes. eclosão da contracultura foi também marca-
Atuando na borda entre a arte e a terapia do pelos governos ditatoriais, levando, de
realizou uma experiência estética expandi- acordo com Rolnik, a um “silenciamento da
da, na qual atuava sobre o corpo dos clien- percepção subjetiva5”. Em 1968, Clark mu-
tes, utilizando os seus Objetos Relacionais4. dou-se do Brasil para Paris, sendo que lá e
em outras cidades e países havia um gran-
Clark deixou diversos textos escritos e cor- de número de manifestações por parte dos
respondências trocadas com outros artis- movimentos estudantis, pelos direitos dos
tas, curadores e pensadores como Hélio Oi- trabalhadores, dos negros e dos imigrantes.
ticica, Guy Brett, Mário Pedrosa e Yve-Alain Buscou-se a participação democrática, em-
Bois. Afirmou que fazer arte correspondia preendeu-se uma revolução sexual e com-
a ação de elaborar-se como ser humano. portamental. Diversas práticas e filosofias
Em seu percurso, Clark notou que a obra de orientais foram tomadas como possibilida-
arte se tornava cada vez menos importante des de outros modos de existência. Muitos
e o recriar-se através dela passava a ser recorreram a experiências com drogas e a
essencial. A participação do espectador é busca pela transcendência. Nesse momen-
central em seu trabalho referindo-se cons- to, desenvolveram-se bastante as teorias e
tantemente a um espectador-autor. Esta práticas da psicanálise. Em resumo, buscou-
participação “sensorial, corporal e viven- -se recuperar a potência de vida, suposta-
cial”, conforme afirmação de Silva (2006, mente perdida para os sistemas de controle
p. 14-15), “(...) quando ampliada é também e de poder. Percebeu-se uma necessidade
política, social e ética (...)”. Percebe-se que de retorno às sensações e sentidos do cor-
o caráter autoral na obra de Clark se dá por po, ao coletivo e sua força de criação. Hou-
ve uma grande colaboração entre artistas e
4 O nome parece ser uma referência aos Obje-
uma defesa da participação do espectador,
tos Transicionais, de Winnicott, e que eram refe-
rências para Clark, de acordo com depoimento de 5 Expressão utilizada ao entrevistar Hubert Go-
sua aluna Gaelle Bosse à Suely Rolnik. (ARQUI- dard (ARQUIVO PARA UMA OBRA-ACON-
VO PARA UMA OBRA-ACONTECIMENTO, n. 13) TECIMENTO, n. 14) (transcrição do vídeo).

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por meio do estímulo à percepção e ação o tempo, e, não o espaço, era o novo vetor
. da expressão artística, indicando um cará-
Mostra-se interessante enfatizar alguns ter de experiência relacional com a obra.
pontos na trajetória de Clark, partindo da
pintura e chegando a um trabalho com a Para Rolnik, as proposições de Clark ati-
percepção e o corpo. Entre 1954 e 1956, vam processos de subjetivação no coletivo,
participou do Grupo Frente, rompendo com ao libertar o participante da condição de
este em 1959, ao assinar o Manifesto Ne- espectador tanto na arte, quanto na vida,
oconcreto, escrito por Ferreira Gullar. Nes- possibilitando aquilo que Mário Pedrosa
sa primeira fase, em que produzia pinturas, havia notado: a ocorrência de um exercí-
começou a considerá-las como um campo cio experimental de liberdade. E, para Guy
experimental e descobriu a linha orgânica6. Brett, o principal ponto do trabalho de Clark
Do final dos anos de 1950, até o início dos é a consideração da obra como uma pre-
anos de 1960, criou as esculturas com pla- paração para a vida (BRETT, 1994, p. 20).
cas de alumínio e dobradiças nomeadas Destaca-se também sua tentativa pionei-
Bichos. Investigou cada vez mais, a partir ra de reintegrar a percepção visual com o
desse momento, a percepção do corpo e corpo como um todo, reconectar o mundo
de um espaço afetivo, criando objetos com interior e o exterior, o conhecedor e o co-
materiais simples como sacos plásticos, nhecido. Brett enfatiza que o trabalho de
pedra, elásticos, dentre outros, que neces- Clark não se caracteriza como performan-
sitavam de uma ação por parte do espec- ce art. Mesmo assim, é possível perceber
tador. Clark passou a considerar o espec- um caráter performativo em diversas ações
tador como um participante e a nomeá-lo propostas por Clark e também em suas pro-
como um espectador-autor, bem como a si posições durante as aulas ministradas na
mesma como uma propositora. Em diver- Sorbonne. Nessas aulas, as práticas eram
sos momentos, demonstrou preocupações seguidas de diálogos entre os participan-
sobre a banalização da participação e in- tes, estabelecendo um corpo coletivo ou
dicou a necessidade de uma nova expres- trabalhando sobre a fantasmática do corpo.
são, dentro de uma nova ética. Afirmou que
6 “O artista poderá pesquisar também em função das Tais aulas conduziram à última fase do tra-
linhas que chamarei “orgânicas”, linhas funcionais de balho de Clark, quando a artista retornou
portas, emendas de materiais, de tecidos, etc., para
ao Rio de Janeiro. Nessa fase, Estrutura-
modular toda uma superfície. Essa é precisamente a
minha experiência pessoal, dentre inúmeras outras já ção do Self, Clark recebeu clientes para
feitas por outros artistas no mesmo sentido. Vou expli- sessões individuais em seu apartamento.
car como uso estas linhas nos meus trabalhos expos- Em suas proposições, atuava sobre o corpo
tos. O problema plástico é simplesmente a “valoriza- ou oferecia a seu cliente a possibilidade de
ção ou desvalorização dessa linha”. Foi me baseando
nesta observação que encontrei a relação entre esta interagir com os Objetos Relacionais. Brett
linha pesquisada por mim em quadros e as linhas fun- (1994, p. 108) notou sua intenção de “re-
cionais arquitetônicas. Passei a trabalhar as “superfí- cuperar uma noção de plenitude do corpo”.
cies moduladas” feitas em madeira condensada, cor- E, a respeito do trabalho de Lula Wander-
tadas antes em dimensões diversas e pré-estudadas,
ley, que aprendeu e continuou o trabalho de
procurando integrar pedaços dessa linha real com
cores contrastantes.” (Lygia Clark: Conferência pro- Clark com pacientes psicóticos, Brett afir-
nunciada na Escola Nacional de Arquitetura em Belo mou: “Lula nunca fala de obtenção de uma
Horizonte, em 1956) (LYGIA CLARK, 1998, p. 72)

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‘cura’ através do método de Lygia, mas de a uma nova relação, pelo movimento, consi-
trazer um ‘melhor contato afetivo com a re- go mesmo, com o outro e com o ambiente.
alidade’, ou um ‘desbloqueio de nossa re-
lação com o mundo’” (BRETT, 2002, p.9) Diante da obra de Clark, volto à Sperber
(grifo meu). Em minha visão, acredito que (2009, p. 91) quando diz que: “o desenvol-
a ocorrência de uma experiência de “ple- vimento humano, psíquico e do conheci-
nitude do corpo” leva a tomar o exercício mento parece dar-se e revelar-se pelo uso,
da arte como um portal para a possibili- em jogos, em cenas, em efabulações, do
dade de entendimento psicofisiológico e imaginário e da simbolização”. Se há, por-
para a elaboração da experiência de vida. tanto, um bloqueio de nossa relação com o
mundo, ou mesmo, um processo de silen-
É possível comparar o trabalho de Clark a ciamento do sujeito, por circunstâncias pes-
algumas práticas da dança contemporânea, soais ou da sociedade, necessitam-se de
conforme foi notado por Hubert Godard7. operações e práticas que lidem com o des-
Nessas práticas destacadas por Godard, pertar da percepção e do imaginário. Se o
buscava-se estabelecer uma relação dife- trabalho de Clark não apresenta respostas
renciada com o espaço e, depois, a partir conclusivas, certamente indica o caminho
desta percepção, criar novos gestos. Para de uma grande busca pelo entendimento.
Godard, só se muda o gesto, mudando-se Atuando sobre o corpo e para além do cor-
a percepção. Segundo ele, o que bloqueia a po, na esfera do sensível, talvez se atin-
criação de novos gestos são as paradas na ja a dimensão da diferença e do singular.
percepção. Assim, para Godard, Clark opera
através de sua obra, uma revolução da per- Dudude Herrmann
cepção e atua na esfera política constituin-
do, por meio de seu trabalho, uma “clínica A ideia de uma obra como “preparação para
política”, ou seja, algo que atua na direção a vida”, indicada por Brett a respeito do tra-
de uma transformação daquilo que bloqueia balho de Lygia Clark, pode ser aplicada à
a sociedade, que bloqueia o Eros, que blo- análise do trabalho da dançarina Dudude
queia o movimento e o recoloca em jogo. Herrmann, que hoje assina apenas o primei-
Corresponde, portanto, a um religamento ro nome. Uma das principais características
da percepção. O trabalho com os sentidos, do trabalho de Dudude é o aspecto autoral.
para Godard, pode levar a uma percepção Em sua trajetória como dançarina, coreógra-
diferenciada do espaço. O retorno da aten- fa e professora, desenvolveu uma lingua-
ção aos sentidos e ao espaço pode conduzir gem estética própria, criando espetáculos
por meio do movimento e da improvisação,
7 Hubert Godard é “Professor no Rolls Institut Buil- que apresentam aspectos de teatralidade e
der (Colorado) e fundador do departamento de dan-
ça na Université Paris VIII, Saint Denis. Desenvol- performatividade. Como eixo de seu traba-
ve desde os anos 1970 uma abordagem do corpo, lho, é possível identificar as práticas sobre
orientada por sua múltipla experiência nessa área a memória, a improvisação e a escuta – ter-
como coreógrafo, praticante da “medicina manual”e mo que utiliza para referir-se à percepção
colaborador de pesquisas médicas voltadas para o
de si, do outro, do espaço e do momento
sensorial. Compartilha com Lygia Clark o contexto
cultural dos anos 1960 e 1970, no qual a questão .
do corpo ganha um lugar de relevância.”(ARQUI- Dudude estudou em Belo Horizonte (MG),
VO PARA UMA OBRA-ACONTECIMENTO, n. 14)

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no Trans-Forma Centro de Dança Contem-


porânea, nos anos de 1970 a 1980, onde O modo de trabalho de Dudude parte da
começou a trabalhar como dançarina, co- improvisação, que é entendida como uma
reógrafa e professora, integrando o grupo composição em tempo real. Há uma ênfase
Oficina Trans-Forma. A escola dirigida por na relação com o espaço, com o parceiro
Marilene Martins recebia professores como de dança, com o receptor e com o próprio
Klauss Vianna, Angel Vianna, Graciela Fi- corpo. Considera-se que o corpo também é
guerôa, Ivaldo Bertazzo, Denilton Gomes, espaço e o espaço de fora é comparado a
dentre outros. Vale lembrar a grande influ- uma paisagem. O dançarino e improvisador
ência recebida de Rolf Gelewski, por vários deve deixar os olhos receberem a imagem
dançarinos e professores incluindo Marilene explorando a composição numa possível
Martins e os Vianna. Gelewski era egresso poética dos sentidos. Utiliza também de al-
da companhia de dança de Mary Wigman, guns exercícios de base do Contato-Impro-
na Alemanha, e se mudou para o Brasil, a visação. Nessa abordagem, há uma pesqui-
fim de integrar o corpo docente do então sa de respostas por meio de movimentos
recém-inaugurado curso de graduação em de um corpo em contato com o outro, que
Dança, da UFBA, em Salvador. Dudude pode oferecer suporte, deslizar, aproveitar
considera também a forte influência que re- o fluxo de movimentos do parceiro para
cebeu de Graciela Figuerôa, natural do Uru- mover, e também a gravidade e o peso. O
guai, e que havia integrado a companhia de Contato-Improvisação, já que é uma práti-
dança de Twyla Tharp, nos EUA. Deve-se ca que se dá pelo toque, pela relação física
considerar, no entanto, que a formação de e por movimentos de quedas e de suporte,
Dudude é contínua, por meio de uma série pode conduzir o dançarino a recuperar sen-
de workshops, residências artísticas e cola- sações bastante antigas do corpo, refazer
borações com outros dançarinos e artistas. caminhos e padrões de movimento visan-
do a integração do sujeito. A improvisação,
Em 1994, Dudude fundou em Belo Horizonte em geral, considera o caráter processual
(MG) o Estúdio Dudude Herrmann, que mu- da arte. Algumas habilidades de vida são
dou de sede em 1999 e funcionou por qua- aplicadas diretamente à criação improvisa-
torze anos. Nesse espaço, eram oferecidas cional, como: a capacidade de liderar, de
aulas regulares de dança contemporânea e seguir, de agir espontaneamente, de deixar
improvisação, oficinas de diversas aborda- uma ideia se desenvolver suficientemente
gens somáticas e de dança, apresentação para comunicar a outro, de ser sensível a
de trabalhos em processo, sessões de vídeo outras pessoas e ao ambiente, abandonar
e palestras. Dirigiu também a Cia. de Dança estilos e afetações para expressar senti-
Dudude Herrmann que, mais tarde, passou mentos de forma mais honesta ao mover.
a se chamar Benvinda Cia. de Dança. Co-
ordenou por diversos anos a área de dança No Estúdio Dudude Herrmann (EDH), no
do Festival de Inverno da UFMG, convidan- qual frequentei aulas de dança por oito
do artistas para ministrarem oficinas como anos, havia uma abordagem lúdica da
Katie Duck e Tica Lemos. Idealizou e pro- dança. E, conforme é possível ver em an-
moveu o Ciclo de Confluências: Ideias de tigos cartazes de divulgação, havia uma
Fresta (2006) e Ideias de Imagem (2009). intenção de “resgate do indivíduo pelo

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movimento, trazendo à tona uma pessoa fase adulta. Outros paralelos e referências
harmoniosa e sintonizando o corpo como são as abordagens somáticas e, particu-
um todo”. O ambiente descontraído e de larmente, o BMC – Body-Mind Centering8.
constante produção mostrava uma ética na
condução das aulas e gestão do estúdio. O uso de metáforas corporais e as práti-
Durante as aulas, havia um grande estí- cas associadas mostram que Dudude es-
mulo para criar e ampliar o potencial mo- tabeleceu uma metodologia de trabalho
mentâneo e individual de movimentação. particular como professora e criadora. O
eixo estrutural desta metodologia é o es-
Algumas práticas recorrentes na dança tímulo da imaginação do aluno ou do per-
contemporânea, como o estudo dos sis- former. Suas aulas podem ser associadas
temas articular, ósseo, muscular e neuro- aos meios de reconstrução criativa perma-
motor, eram abordados por Dudude sem o nente do vivo; à força da reinvenção; do
uso de terminologias técnicas conhecidas e refazer, a uma reparação. Muitos espetá-
sim, por meio do que chamo por Metáforas culos dirigidos por ela ou nos quais atuou,
Corporais. Conforme Bales (2008) sugere, como: A Projetista, Maria de Lourdes em
metáforas corporais são bastante utilizadas Tríade e Poética de um Andarilho – a es-
nos estudos somáticos e de improvisação. A crita do movimento no espaço de fora –
intenção é mudar hábitos de percepção, de mostram a opção de “viver até a morte”, a
pensamento, de comportamento e físicos, qual soma-se uma denúncia de um estado
trabalhando a partir da imaginação. Como de violência continuado e não declarado;
exemplo, cito metáforas corporais que eram uma denúncia de tudo que nos é tirado.
utilizadas por Dudude durante as aulas, ao
dar indicações oralmente aos alunos: “dei- Autoria
xe sua pele respirar”; “deixe seus músculos
respirarem, suas células e seus órgãos...”; É possível concluir que as práticas corpo-
“imagine que você tem uma longa cauda de rais podem levar o sujeito a desfazer há-
animal”; “imagine que você tem um lago em bitos, estimular sua capacidade criativa e
seu umbigo”; “imagine que seu umbigo está também a desenvolver uma maior amplitu-
em sua coluna”; “imagine que tem um tou- de de movimentação física. Dessa forma,
ro dentro de você”; “dance com seus rins, as práticas corporais proporcionam um pro-
com seus pulmões, com seu coração...”; fundo trabalho com a percepção, conforme
“imagine que seu corpo é como a água de indicado na pesquisa sobre Lygia Clark.
um rio”; “imagine que seu corpo é um tronco No caso das práticas corporais propostas
de árvore”. E também: “criar espaço no cor- por Dudude, o aluno aprende aos poucos
po”; “esvaziar”; “desaprender”. Tais práticas a notar o elo entre imagem, imaginação
que eram regidas pelas metáforas corpo- e o corpo, bem como a compor no espa-
rais frequentemente incluíam os movimen- ço, em práticas de improvisação. A cria-
tos de tocar o corpo do outro, arrastar-se ção nas artes pode ser entendida, portan-
no chão, rolar, engatinhar, sentar, levantar e to, como um trabalho sobre si mesmo que
deslocar-se na vertical. Há paralelos possí- pode ser estimulado por meio da autoria.
veis entre as práticas de dança e do desen-
volvimento motor e perceptivo, do bebê à O trabalho sobre si pode conduzir a pro-
8 Criado por Bonnie BAINBRIDGE COHEN.

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Elisa Belém

cessos criativos autorais, uma vez que pro- ção em todos os corpos, que faz parte do
porciona que o sujeito, quando reconhece modo como todo e qualquer corpo se rela-
seus modos de apreensão da realidade, ciona com o mundo”. Greiner (2005) mostra
utilize suas próprias experiências de vida e também que há uma hipótese científica de
visões de mundo como material para cria- que a arte teria uma função evolutiva im-
ção. A questão da autoria parece ser uma portante. A experiência artística levaria à
característica bastante presente nas prá- ativação do sistema límbico, o centro da
ticas artísticas brasileiras, ainda que pou- vida. Da mesma forma que a atividade se-
co teorizada. E essa característica pode xual e a experiência da morte, a atividade
ser vista como uma forma de superação, estética representaria uma ignição para a
de improviso frente às situações e, logo, vida. O acionamento do sistema límbico
de extrema criatividade. Pina Bausch, por repetidas vezes, como um fator desestabi-
exemplo, refletiu sobre seu trabalho com lizador, levaria a uma experiência arreba-
dançarinos: “As coisas mais belas estão tadora no “corpo artista”, conforme termo
quase sempre bem escondidas. É preciso daquela autora, gerando a produção de
apanhá-las e cultivá-las e deixá-las crescer metáforas corporais e novas experiências.
bem devagar. O que exige uma grande con-
fiança mútua. Pois, afinal, sempre há limites Nesse sentido, a participação do espec-
internos a superar” (BAUSCH, 2000, p. 12). tador-autor no trabalho de Clark e, princi-
palmente, na última fase de seu trabalho,
Os limites internos, se extremados, podem assim como os exercícios propostos por
levar a um silenciamento do sujeito. Parece Dudude a seus alunos e suas performan-
que sofremos o silenciamento de várias for- ces diante dos espectadores podem ser
mas, num nível tanto sociocultural, quanto pensados como operadores ou ativado-
individual e, nos dois casos, político. Por res do “centro da vida”. As práticas corpo-
isso, Hubert Godard, ao refletir sobre a obra rais propostas por essas artistas podem
de Lygia Clark, chamou a atenção para o ser consideradas como práticas para a
fato de que esta opera uma revolução da plenitude do corpo, já que atualizam um
percepção e que, portanto, atua na esfera “estado corporal sempre latente e funda-
política. Para Godard, deveríamos falar, ao mentalmente necessário para a nossa so-
analisar o trabalho de Clark, de uma “clíni- brevivência” (GREINER, 2005, p. 111).
ca política”, “de algo que iria na direção de
uma transformação daquilo que bloqueia a Essas práticas talvez sirvam como estímu-
sociedade... que bloqueia o Eros, que blo- lo para o indivíduo, a fim de que não per-
queia o movimento... e de recolocá-lo em ca a “promessa feita a si mesmo”, a sua
jogo9”. De forma semelhante, Dudude pro- singularidade e crença no próprio poten-
põe um “resgate do indivíduo pelo movimen- cial criativo, na existência: “ ‘O futuro não
to”, “trazendo à tona uma pessoa harmonio- nos pertence’, diz o ditado. O desejo de
sa e sintonizando o corpo como um todo9”. viver sim. Eros, o construtor de esperan-
ça” (SPERBER, 2009, p. 182). Diante do
De acordo com Greiner (2005, p. 119), “o desejo de viver, é preciso reafirmar a pro-
que ficou evidenciado até agora é que exis- messa a cada dia, reavivar os meios que
te uma instância de criação e comunica- permitam uma existência alegre. Caminhar
9 Cartaz do Estúdio Dudude Herrmann.

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A necessidade de criar

rumo à responsabilidade sobre si para que – Mais, 27 de agosto de 2000, p. 11 – 13.


se possa perceber, de forma mais íntegra,
o outro. A superação pode ser notada na BRETT, Guy. In search of the body.
atividade de criar, ou analisada como tema Art in America. New York, vol. 82,
parcial ou integral de trabalhos artísticos e n.7, p. 56-63 e p. 108, jul. 1994.
textos literários. Pode ser estendida tam-
bém para o receptor, aquele que suspen- BRETT, Guy. Prefácio. In: WANDER-
de a descrença para ouvir o fim da história. LEY, Lula. O dragão pousou no espa-
ço – arte contemporânea, sofrimento
O ato de recuperar a própria voz pode psíquico e o Objeto Relacional de Ly-
corresponder à criação autoral. A expres- gia Clark. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.
são singular mostra um testemunho de
seu tempo pelo artista. E, o espectador- FABBRINI, Ricardo Nascimento. O espaço
-autor, ao se aventurar em atos de parti- de Lygia Clark. São Paulo: Ed. Atlas, 1994.
cipação, cria também a sua própria histó-
ria. Como em uma Fita de Moebius, arte GREINER, Christine. O corpo – pis-
e vida se encontram: o indivíduo se tor- tas para estudos indisciplina-
na, assim, um autor de sua própria vida. res. São Paulo: Annablume, 2005.

Recebido em: 22/03/2016 HERRMANN, Maria de Lourdes Tava-


Aceito em: 20/06/2016 res (Dudude) et al. Caderno de nota-
ções – a poética do movimento no espa-
Referências Bibliográficas: ço de fora. Belo Horizonte: [s.n.], 2011.

ARQUIVO para uma obra-acontecimento. RICOEUR, Paul. Living up to Death. Chi-


Criação, direção e entrevistas: Suely Rolnik. cago: University of Chicago Press, 2009.
Entrevistados: Guy Brett, Caetano Veloso,
Ferreira Gullar, David Medalla, Lia Rodri- SILVA, Cinara de Andrade. Hélio Oiticica –
gues, dentre outros. 2002 a 2010. 20 DVDs. arte como experiência participativa. 2006.
Projeto de ativação da memória corporal 135f. Dissertação (Mestrado em Ciência da
de uma trajetória artística e seu contexto. Arte) – Instituto deArte e Comunicação Social,
Universidade Federal Fluminense, Niterói.
BAINBRIDGE-COHEN, Bonnie. Sensing, Fe-
eling and Action – The experimental anatomy SPERBER, Suzi. Contadores de His-
of Body-Mind Centering. Northampton, 1993. tórias da Amazônia Ribeirinha.
São Paulo: Hucitec, Fapesp, 2012.
BALES, Melanie e NETTL-FIOL, Rebec-
ca. The body eclectic – evolving prac- SPERBER, Suzi. Ficção e Razão –
tices in dance training. Urbana e Chi- uma retomada das formas simples.
cago: University of Illinois Press, 2008. São Paulo: Hucitec, Fapesp, 2009.

BAUSCH, Pina. Dance, senão estamos SPERBER, Suzi. O diálogo entre mesmida-
perdidos. São Paulo: Folha de S. Paulo de (identidade e genética) e a ipseidade, res-

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Elisa Belém

ponsável pela ética – ou, de uma alteridade


constitutiva da responsabilidade na relação
Eu-Tu. Correlatio. Brasil, 15, jun. 2009b.
Disponível em: <http://www.metodista.br/
revistas/revistas-metodista/index.php/COR/
article/view/967>. Acesso em: 17 Mar. 2012.

E os catálogos de exposições de arte:


LYGIA CLARK. Fundació Antoni Tàpies
de Barcelone: catálogo da exposição
Lygia Clark. Barcelona, 1998. 362p.

THE EXPERIMENTAL EXERCISE OF FRE-


EDOM (Lygia Clark, Gego, Mathias Goeritz,
Hélio Oiticica, Mira Schendel). The Museum
of Contemporary Art, Los Angeles: catálo-
go de exposição. 1999. (org. Rina Carva-
jal e Alma Ruiz) (com textos de Rina Car-
vajal, Catherine David, Suely Rolnik, Alma
Ruiz, Sônia Salztein, Osvaldo Sánchez).

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