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Texto áureo
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
1
I – A PENA DE MORTE NAS ESCRITURAS
1. No Antigo Testamento.
A Bíblia, como nossa única regra de fé e prática proíbe, ordena ou autoriza a pena
de morte? Mesmo numa leitura superficial do Antigo Testamento encontraremos a
ordenança de matar pessoas seguindo alguns critérios da lei civil de Israel
entregue por Deus a Moisés. Não há proibição contra a pena de morte na antiga
Aliança. Encontramos no Antigo Testamento o 6º mandamento “não matarás”.
Todavia, esta lei não significava a proibição de toda morte como sentença penal.
Pode-se perceber que a palavra hebraica rasah traduzida por “matar”, não
expressa a força e significado do verbo original, seria melhor vertê-la por “não
assassinarás”. Assim, deve-se considerar que a proibição do 6º mandamento é
contra o assassinato, ou a vingança pessoal, e não uma proibição da execução
penal de um criminoso pelo governo instituído por Deus.
E acrescenta:
Lemos algumas vezes no Antigo Testamento a ordenança de executar pessoas,
famílias, ou os habitantes de Canaã (Êx 21.23-24; Js 7.1-26; Dt 21.18-21). A pena
de morte foi socialmente sancionada por Deus nos casos de “assassinato
premeditado (Êx 21.12-14); sequestro (Êx 21.16; Dt 24.7); adultério (Lv 20.10-21;
Dt 22.22); incesto (Lv 20.11-12, 14); bestialidade (Êx 22.19; Lv 20.15-16);
desobediência aos pais (Dt 17.12; 21.18-21); ferir ou amaldiçoar os pais (Êx 21.15;
Lv 20.9; Pv 20.20; Mt 15.4; Mc 7.10); falsas profecias (Dt 13.1-10); blasfêmia (Lv
24.11-14; 16.23); profanação do sábado (Êx 35.2; Nm 15.32-36) e sacrifícios aos
falsos deuses (Êx 22.20).” A intenção da pena de morte no Antigo Testamento era
de frear pecados sociais de um povo que viveu mais de 400 anos como escravo,
influenciado pela cultura pecaminosa egípcia e sem uma referência clara da
justiça divina. Deus ordenou a pena de morte na Lei, porque Ele é o soberano
sobre tudo e sempre justo juiz em punir.
Vemos, portanto, respaldo tanto no A.T como no N.T, no que diz respeito à
preservação da vida, a preocupação de Deus em proteger os inocentes das garras
perversas de pessoas que tinham em suas naturezas uma índole má, propensa ao
ódio e a destruição. Os tais são dignos de punição. Esta punição, contudo, não está
em nossas mãos, mas na Lei, isto é, no fazer justiça imparcialmente.
a. Paulo reconhece que existiam crimes dignos de morte, Istoé, que existiam
pessoas “dignas de morte” dependendo dos atos praticados;
1
CLARC. Gordon Haddon. Essays on Ethics and Politics. Trinity Foundations, p. 10, 11.
2
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. Vol.2, 1ª Edição – CPAD, Rio de Janeiro,
2009.
3
Em 1 Pedro 2.13-14, assim está escrito: “...sujeitai-vos à toda ordenação
humana...”. Ora, sabemos que os governos recebem a autoridade das mãos de
Deus. Devemos clamar contra as injustiças, mas não recebemos sanção para
considera-los ilegítimos aplicadores da justiça, por mais distanciados que estejam de
Deus. Não recebemos sanção, de igual modo, para desobedecê-los, mesmo quando
são injustos (“... sujeitai-vos não somente aos bons e humanos, mas também aos
maus...”.1 Pedro 2.18), a não ser quando nos impelem a que desobedeçamos às
próprias determinações de Deus. Neste caso, devemos agir e responder como o
próprio Pedro em Atos 5.29: “Mais importa obedecer a Deus, do que aos homens”.
1. O conceito de eutanásia.
3
“História sobre a vida e a morte” – tradução feita do Latim pelo autor do comentário.
4
O renomado professor espanhol, Asúa (2003), em sua obra “Liberdade de
Amar e Direito de Morrer”, define a eutanásia como a “morte que alguém
proporciona a uma pessoa que padece de uma enfermidade incurável ou muito
penosa, e a que tende a extinguir a agonia demasiado cruel ou prolongada”.
Em Esparta, que era uma sociedade guerreira por excelência, era prática
comum lançar-se do monte Taígeto os nascituros que apresentassem defeitos
físicos.
5
2. As implicações da eutanásia
No site: https://jus.com.br/artigos/23299/da-eutanasia-no-direito-comparado-e-
na-legislacao-brasileira, há um debate interessante sobre este tema, vejamos uma
parte.
e) os que admitem a forma eugênica ainda dizem que a mesma atenuaria, na vida
social, a proliferação das mazelas da população eliminada, evitando o “mau
exemplo” (no caso dos criminosos) e a propagação genética.
4
GEISLER, Norman L. ÉTICA CRISTÃ: Opções e Questões Contemporâneas. 2ª Ed. São Paulo,
Vida Nova, 2010.
6
Alguns outros fatores deveriam ser verificados para a realização da eutanásia
como, por exemplo, o consentimento do interessado ou de membro da família,
atestado médico acerca a inevitabilidade da morte, dentre outros.
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Os não partidários da eutanásia aduzem que se a eutanásia é tão desejável
quanto seus defensores afirmam, porque há tanta resistência na ética médica e na
teologia moral em admiti-la? (MARTIN, 1993). E fundamentam a sua contrariedade à
eutanásia no fato de que esta elimina não apenas a dor e o sofrimento, mas também
elimina o portador da dor.
[...] faculdade do agente eutanalista, diante dos casos sem cura e mediante
reiterado e indubitável pedido do agonizante, ou seja, aquele que, sob o pedido do
moribundo, abrevia a este os sofrimentos de uma agonia física e psíquica atroz,
executa uma ação que não constitui crime (SILVA, 2001, p. 11).
8
Asúa (2003), numa das mais importantes análises sobre o assunto, em sua
obra “Liberdade de amar e direito a morrer”, refuta a impunidade da eutanásia,
concordando, entretanto, com o perdão jurídico.
9
Como vimos, o debate está longe de terminar, destarte, pensando como um
cristão, Geisler5, escreve: “Deus deve ser buscado em primeiro lugar por meio de
orações constantes feitas em favor da cura do enfermo. Quando o curso da doença
se tornar irreversível do ponto de vista médico, e não houver nenhuma intervenção
divina, é moralmente justificado para todos os esforços artificiais que visam a
prolongar o processo de morte.”
Deus é a fonte da vida: “pois em ti está o manancial da vida; na tua luz vemos
a luz”. (Sl 36.9); “O Senhor o guardará, e o conservará em vida; será abençoado
na terra; tu, Senhor não o entregarás à vontade dos seus inimigos” (Sl 41.2);
É Deus quem conserva a vida: “E agora eis que o Senhor, como falou, me
conservou em vida estes quarenta e cinco anos, desde o tempo em que o
Senhor falou esta palavra a Moisés, andando Israel ainda no deserto; e eis
que hoje tenho já oitenta e cinco anos” (Js 14.10); “O Senhor é a minha luz e
a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de
quem me recearei? “(Sl 27.1);
A vida longa quem oferece (dá) é Deus: “Honra a teu pai e a tua mãe, para
que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.” (Êx
20.12); “Andareis em todo o caminho que vos ordenou a Senhor vosso Deus,
para que vivais e bem vos suceda, e prolongueis os vossos dias na terra que
haveis de possuir”; “Ouve, filho meu, e aceita as minhas palavras, para que
se multipliquem os anos da tua vida.”;
5
Apude.
10
De Deus vem a sabedoria como fonte de vida: “Porque o que me achar achará a
vida, e alcançará o favor do Senhor”. (Pv 8.35).
Assim está escrito nas Sagradas Escrituras: “Ao homem, pedirei contas da
vida do homem” (Gn 9.5).
A vida, de fato, é um dom de Deus. E como dom (presente), ela é dada a todo
ser humano, cuja existência, dEle, obviamente, emana. O caráter sagrado da vida
diz respeito ao fato de que ninguém tem o direito ou o poder de transgredir o real e
expresso mandamento bíblico: “não matarás” (Heb. “não assassinarás”). Quando
Caim assassinou o seu irmão Abel (Gn 4.8), Deus o puniu, lembrando-lhe que o
sangue de seu irmão bradava da terra. (Gn 4. 10). Aqui está o caráter sagrado da
vida. Ninguém, pois, tem o direito de tirá-la.
Segundo o pensamento judaico a vida é extremamente preciosa e sagrada,
portanto não se podem tratar questões de vida e de morte de maneira leviana. Deus
estabelece claramente em sua Palavra: “Portanto, escolha a vida” (Deuteronômio 30.19).
Embora possuimos o poder de fazer uma escolha, Deus nos ordena a escolher a vida no
lugar da morte. Deus deseja que compreendamos isso, pois quer que todos optem pela
vida. Diariamente, em cada nova situação, devemos afirmar e fortalecer este compromisso.
Deste modo, como bem escreveu o comentarista da lição: “exterminar a vida
é uma afronta ao Príncipe da Vida” (At 3.15). Daí, a morte não pode ser buscada
como lenitivo ou alívio ao sofrimento. A Constituição Brasileira diz no “caput” do
artigo 5º: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
6
The Message of Acts. STOTT, John. Ed. Varsity Press, Inglaterra, 1990.
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do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes”. Assim, deve-se buscar a Integridade física e moral. A pessoa humana,
não pode ser torturada ou colocada no ridículo, nem ter sua vida tirada por outra
pessoa. Tal direito deve ser entendido como qualidade de vida. Mesmo a pessoa
enferma em estado terminal, tem todo o direito a buscar e ter todos os recursos
disponíveis para dirimir o seu sofrimento.
“Se toda vida pertence a Deus, a vida humana pertence-lhe supremamente”,
bem escreveu o Reverendo Derek Kidner.
CONCLUSÃO
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