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A primeira metade dos anos 90 marca a posse do primeiro presidente eleito pelo
voto direto, fato que não ocorria desde a ditadura no país. Nos anos anteriores a
inflação tinha chegado a niveis galopantes. Collor assume em Março de 1990 com
discurso centrado na denúncia da corrupção, assistência as camadas mais
desfavorecidas da sociedade e promessas de mudanças profundas na economia.
Plano Collor I
Foi na área financeira que se deu a maior (e bastante traumática) mudança - > o
sequestro da liquidez. Todas as aplicações financeiras que ultrapassassem o limite
de Cr$ 50.000 (cerca de US$ 1.200, ao câmbio da época) foram bloqueadas por
um prazo de 18 meses.
No que tange às medidas ficais, o Plano Collor I promoveu um aumento da
arrecadação ( através da criação de novos tributos, aumento do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Obrigações Financeiras (IOF) e
outros; redução de prazos de recolhImento; suspensão de benefícios e incentivos
fiscais não garantidos pela Constituição, combate a sonegação), redução do
número de ministérios, demissões de funcionários públicos, regime de câmbio
flutuante.
Na prática, o plano Collor I conseguiu fazer com que a inflação tivesse uma
redução inicial significativa, ao mesmo tempo em que a economia sofria uma
forte retração. Entratanto, ao longo do ano voltou a ocorrer uma aceleração
inflacionária
Plano Collor II
Em fevereiro de 1991, foi lançado o Plano Collor II, cujo objetivo era conter as
taxas de inflação, na época em torno de 20% ao mês.
A forma de alcançar esse objetivo, na concepção do plano, era atráves da
racionalização dos gastos nas administrações públicas, do corte das despesas e da
aceleração do processo de modernização do parque industrial – pelo conceito
apresentado, a modernização ampliaria a oferta, a custos menores.
O Plano Real
Foi concebido como um programa de tres fases:
1. Promover um ajuste fiscal que levasse ao “estabelecimento do equiíbrio das
contas do governo, com o objetivo de eliminar a principal causa da inflação
brasileira”
2. Criação de um padrão estável de valor denominado Unidade Real de Valor
(URV)
3. Conceder poder liberatório à unidade de conta e estabelecia as regras de
emissão e lastreamento da nova moeda (real) de forma a garantir a sua
estabilidade
A chamada “primeira fase” do Plano Real foi composta por dois esforços de ajuste
fiscal → o Programa de Ação Imediata (PAI) e o Fundo Social de Emergência (FSE).
O PAI tinha por foco a redefinição da relação da União com os Estados e do Banco
Central (BC) com Bancos Estaduais e Municipais, além de um programa de
combate à sonegação. Outras medidas do programa eram o corte no orçamento
da União, austeridade fiscal com Estados e Municípios e a redefinição da função
dos bancos federais.
Como continuidade a esses esforços, foi proposta a aprovação da FSE. Esse serie
consituído através da desvinculação de alguns receitas do governo federal,
visando atenuar a excessiva rigidez dos gastos da União ditada pela constituição
de 88. Pretendia-se, com esse Fundo, resolver a questão do financiamento dos
programas sociais brasileiros.
Fase II: Desindexação
A segunda fase do Plano buscava eliminar o componente inercial da inflação.
Partiu-se do princípio de que para acabar com a inflação era preciso ˜zerar a
memória inflacionária”. Mas, em vez da utilização de congelamentos de preços, a
desindexação seria feita de forma voluntária, através de ma quase moeda, que
reduziria o periódo de reajuste de preços.
Estipulou-se então, no Plano Real, que, simplesmente, não existiria uma “nova
moeda”, mas apenas uma nova unidade de conta. A URV foi então racionalizada
como um processo de recuperação das funções de uma mesma moeda. Através
dela se recuperaria, primeiramente, a função de unidade de conta (já que o URV
era apenas um indexador para contratos, permanecendo o cruzeiro real com a
função de meio de pagamento), para depois transformar a URV em Real,
resgatando sua função de reserva de valor, pelo fim da inflação.
Resumo Inicial
Governo se inicia com a necessidade de estabilizar a economia que estava superaquecida com o
crescimento da demanda (receio do boom de consumo mal gerenciado como ocorreu em anos
anteriores)
A Crise do México ocorreu devido à drástica desvalorização por conta do balanço de pagamento
(BP) do país. A crise ocasiona a redução da demanda de capitais externos e o governo do Brasil
passa a considerar que regimes de câmbio rígido não são bons com receio de ser afetado com
crise similar
Queda das reservas internacionais devido aos dois fatores anteriores: aumento da demanda
agregada e redução das entradas de capitais associadas ao ambiente externo
Dado esse contexto, são aplicadas medidas como microdesvalorizações cambiais e elevação da
taxa de juros. Quando se recompõe a liquidez internacional, instaura-se uma nova política
cambial, sem desvalorizações
Plano Real (plano heterodoxo) estava calcado na taxa de juros para controlar a inflação. A taxa de
juros alta fez crescer o déficit público, apesar de ter elevado os investimentos
Estabilidade gerada pelo plano incentivou a entrada de capitais externos
Inflação no 1º ano do Real (jun-95) = 33%a.a.
Desvalorização cambial controlada de 6%
Aumento taxa de juros nominal de 3,3% para 4,3%
Sucesso contra inflação por causa da política monetária de juros altos (21% p/ 43% a.a. em 1997)
Problemas: desequilíbrio externo e crise fiscal
O déficit em transações correntes (comercial + serviços) leva a:
o Câmbio valorizado – importações crescem e exportações caem (balança comercial
tendendo ao negativo)
o Taxa de juros e remessa de dividendos altas – investimentos externos impactam na
balança de serviços
Plano Real
Pressupostos:
Inflação: caráter inercial (propagação indiscriminada do aumento de preço), levando a
necessidade de uma reforma monetária
Houve certo cuidado com erros anteriores:
o Adoção gradualista: não houve congelamento dos preços. A moeda foi sendo substituída
naturalmente (transição fez com que as duas moedas fossem adotadas ao mesmo
tempo)
o Tomou cuidado com problemas com déficit público, explosão do crescimento e crises
externas
Porém, o contexto da época era diferente, pois existiam reservas, o ambiente era competitivo
devido à abertura comercial e havia a possibilidade de financiamento externo
O Plano foi salvo por dois fatores: política monetária (sem os juros altos daquela época
dificilmente o plano teria escapado de sofrer o mesmo destino que os demais) e a situação
financeira internacional (países retornaram à ampla liquidez e buscavam pela atratividade dos
mercados emergentes)
Três Fases:
1. Ajuste fiscal prévio (suave):
o Corte de despesas (PAI)
o Aumento de impostos (IPMF)
o Diminuição de transferências (FSE)
2. Indexação completa (superindexação) da economia:
o Indexação dos preços pela URV (unidade de conta com paridade fixa com o dólar) com
conversão dos preços e rendimentos
o Sistema bi-monetário (moeda antiga e nova ao mesmo tempo) com tentativa de simular
efeitos de uma hiperinflação em uma moeda sem prejudicar a outra, alcançando
sincronia de preços
o Não se sabia se os preços estavam caros ou baratos
o Leva ao controle da inflação inercial
3. Reforma monetária – Real:
o Quando preços deixam de ser indexados pelo URV e passam a constar apenas pelo valor
do Real
Aspectos Ortodoxos:
Preocupação com aspectos tendenciais da inflação
Necessário impedir que novos choques se transformem em processos inflacionários:
o Sinalização de preocupação com controle de demanda
o Tratamento diferenciado para bens negociáveis e não-negociáveis
o Metas (âncoras) monetárias não cumpridas
o Criação de mecanismos de crédito (surgimento de financeiras)
o Manutenção de juros elevados e entrada de recursos externos
o Âncora cambial e abertura comercial: Existe uma super âncora cambial por causa da
entrada de recursos externos que levou à valorização cambial (principal aspecto na
estabilização pós Real)
Principais impactos:
Queda rápida da inflação, porém de forma mais lenta do que no Cruzado
Valorização cambial (real e nominal) com a entrada de recursos externos e abertura comercial
(camisa de força para preços)
Crescimento da demanda (consumo e investimento) decorrente do:
o Aumento do poder aquisitivo pelo fim do imposto inflacionário
o Recomposição dos mecanismos de crédito
o Demanda reprimida
o Aumento do horizonte de previsão
o Ilusão monetária
Crise do México:
Ocorre no fim da primeira fase do Plano Real
Brasil estava em uma situação arriscada e insustentável no longo prazo depois das eleições (no
final de 1994)
Quando houve as primeiras tentativas de controle da demanda
Estanca-se a apreciação cambial e controle de entrada de capitais
Desvalorização tímida e gradativa (risco inflacionário)
Controle de demanda agregada através de restrições monetárias e creditícias e da elevação da
taxa de juros
As crises internacionais afetaram o Brasil pelo efeito contágio, ou seja, apesar de a crise não ter
ocorrido no país, os países desenvolvidos reduziram os empréstimos aos países emergentes
como um todo (ataque especulativo)
O ganho desse cenário foi a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal para que se cumpra a carga
tributária
A mudança cambial:
Depois da crise russa, a desvalorização fica eminente. Porém dois pontos seguram essa situação:
o calendário eleitoral (reeleição do FHC) e a exposição do setor privado à desvalorização cambial
(setor privado com passivos em moeda externa). Temia-se que uma maior desvalorização fugisse
do controle e levasse o Brasil a uma crise similar ao do México. Além disso, o governo tinha a
esperança de que o resto do mundo continuasse a financiar o país, em um processo no qual os
ajustes fossem feitos gradualmente
Riscos da desvalorização:
o Desvalorização permite queda da taxa de juros, mas foi inferior ao imaginado. Os juros
se mantiveram altos em função das dificuldades externas e da inflação
Mudanças:
Privatização
o Queda da inflação
Criação de Agências Reguladoras (ANP, ANS, ANTT, ANEEL, ANA, ANTAQ, ANATEL) de serviços
considerados de utilidade pública. Por serem agências do governo, não tem autonomia
(inspiradas no modelo norte-americano)
Privatização:
Programa Nacional de Desestatização (PND):
Balanço do Período:
O desequilíbrio externo pode ser explicado pelo aumento das importações e as baixas
exportações, causando um déficit na balança comercial. Além disso, o endividamento externo e
as entradas de capitais levaram a pagamentos crescentes de juros, lucros e dividendos, causando
déficit em conta corrente
Dívida pública crescente, com déficit público nominal chegando a 7% do PIB (em média).
O mercado não percebe eficácia no pacote de ajuda externa, devido principalmente ao ceticismo
do mercado quanto à consideração de que o país pudesse escapar de uma desvalorização e à
rejeição da cobrança de contribuição previdenciária dos servidores públicos inativos, pelo
Congresso.
Neste contexto, o governo não tem outra opção senão recorrer à desvalorização do câmbio,
deixando ele flutuar. Houve perda maciça de reservas, levando à flutuação do câmbio em janeiro
de 1999 (cotação do dólar passa de R$1,20 para R$2,00 em 6 semanas), e a volta da
preocupação com a alta inflação.
O panorama começa a mudar quando Armínio Fraga é nomeado presidente do Banco Central.
Suas primeiras medidas são a elevação da taxa de juros junto com a adoção do sistema de metas
de inflação. Também é acordado com o FMI um pacote de ajuda externa (ajuste fiscal).
Observação: A crise de energia teve raízes nos anos anteriores, devido ao fato de o governo ter
programado uma privatização completa das usinas hidrelétricas que acabou não ocorrendo.
Combinando os fatos de que o governo não previu investimentos neste setor (esperando que o
setor privado o fizesse), o consumo de energia elétrica continuava aumentando (tendo em vista
um contexto de grandes inovações tecnológicas e mudança nos hábitos de consumo) e os índices
pluviométricos do ano ficaram abaixo do esperado, houve o racionamento de energia no ano de
2001, período conhecido como “apagão”.
Metas de Inflação
o A política monetária começa a ser voltada para alcançar uma determinada meta de
inflação e a taxa de juros se torna um instrumento voltado para o controle inflacionário
após o rompimento da âncora cambial.
Inflação acima da meta – eleva-se a taxa de juros;
Inflação abaixo da meta – reduz-se a taxa de juros;
o BACEN passa a ter Autonomia Operacional para buscar a meta de inflação.
Desempenho da inflação
o Após a desvalorização, verifica-se uma elevação da inflação, que logo se retrai.
o As maiores elevações ocorrem nos bens transacionáveis (ao contrário da primeira fase
do Plano Real – I FHC) e nos chamados preços administrados. São os preços livres que
acabam segurando a inflação;
o No II FHC, cumpriu-se as metas nos dois primeiros anos e descumpriu-se nos dois
últimos anos (em função de choques cambiais).
Desempenho externo
o Reversão da tendência de deterioração do saldo comercial e do saldo em transações
correntes em 1999 - redução do déficit comercial em US$5bi e do saldo em TC em
US$8bi.
o Forte retração das importações e fraco desempenho das exportações em 1999.
o Recuperação lenta das exportações a partir de 2000.
o Saldo comercial volta a ser superavitário em 2001, tendo uma forte elevação em 2002.
Atividade econômica
o Com a mudança cambial, era esperada uma melhora da situação externa e uma maior
queda da taxa de juros, levando ao crescimento do investimento, consumo e maior
crescimento econômico. No entanto, o que foi percebido:
Crescimento médio no II FHC de 2,1%a.a., abaixo do I FHC;
1999 – Fraco desempenho decorrente do processo de estabilização;
2000 – Maior taxa de crescimento 4,36%;
2001 – Crise energética, crise argentina e ataques terroristas – queda da taxa de
crescimento;
2002 – Crise cambial (eleitoral) e baixo crescimento;
Em termos setoriais, destaca-se o bom desempenho agrícola e o fraco
A nomeação de Palocci como ministro da Fazenda e Meirelles como presidente do Banco Central
fizeram bem para o mercado financeiro, já que eram nomes bem cotados no meio.
A equipe econômica decide aumentar, em duas rodadas, a taxa de juros, gerando um recuo da
taxa de câmbio e a queda no risco-país (Efeito Lula). Além disso, houve renovação do acordo
com o FMI.
Neste período, nota-se a queda da inflação a cada ano (de 12,53% em 2002 para 3,14% em
2006), com a inflação dentro da meta em 2005 e 2006 (considerando os dois pontos percentuais
para cima ou para baixo). Este fato pode ser explicado pela apreciação cambial e pelo controle
da demanda. Também se nota a preservação de elevadas taxas reais de juros.
Com a economia mundial tendo bom desempenho, há um forte crescimento das exportações,
levando ao superávit comercial e à redução da dívida externa com o superávit na balança de
transações correntes.
Melhora Fiscal: elevados superávits primários e redução da dívida pública a partir de 2004, com
destaque para a mudança do perfil da dívida com o aumento dos títulos pré-fixados.
Atividade econômica
o Taxa média de crescimento de 2,6% a.a. (semelhante ao I FHC e um pouco acima de II
FHC), mas ampliou-se a distância em relação ao crescimento econômico mundial: apesar
do bom desempenho da economia mundial, o Brasil não conseguiu relançar o
crescimento econômico;
o Fraco desempenho em 2003 para conseguir estabilizar a economia. Já em 2004 foi o
melhor, liderado pelas exportações, porém pressões inflacionárias levaram a retração
nos anos seguintes.
o Em termos setoriais, a agricultura apresentou um desempenho inferior ao do governo
anterior, enquanto que a indústria apresentou taxas maiores.
o Em termos de demanda, o crescimento foi puxado pelas exportações, mas no último ano
destaca-se o consumo puxado pela expansão do crédito.
o O crescimento do PIB foi bem abaixo, no comparativo Brasil vs. Mundo
No segundo mandato de Lula, sai Palocci e entra Guido Mantega, com a adoção de uma
estratégia completamente diferente (discurso pró-consumo ao invés de pró-ajuste).
Neste momento, há uma forte expansão do crédito (aceleração do consumo, especialmente das
famílias) e uma política fiscal mais agressiva em termos de expansão do gasto público.
Na segunda metade da década de 2000, o Brasil também é concedido com grau de investimento,
coroando de vez o processo de modernização iniciado com Collor.
O governo FHC não gerou muitos empregos, aumentou a dívida pública e aumentou a dívida
externa. Já no governo Lula, houve recuperação do crescimento e do investimento, maior
geração de empregos, redução da dívida líquida do setor público e aumento das reservas
internacionais. Porém, este ficou devendo em reformas estruturais.
A popularidade de Lula pode ser explicada por alguns fatores, como: governo extremamente
marqueteiro; estabilidade macroeconômica; aumento real do salário mínimo; injeção de
recursos nos programas sociais (principalmente o Bolsa Família); forte crescimento dos
empregos; contexto de inflação baixa e melhor distribuição de renda.