Seção V – Comentário do Livro: REZENDE, Fernando e CUNHA, Armando (Org.) Disciplina Fiscal e Qualidade do Gasto Público: fundamentos da reforma orçamentária. (Editora FGV, 2005) Capítulo 4 – A arquitetura legal e o aperfeiçoamento da gestão pública O capítulo analisa a interferência das normas orçamentárias sobre o desempenho das instituições públicas, reconhecendo a importância do aperfeiçoamento da arquitetura legal para uma gestão eficiente e eficaz, bem como a necessidade de um alinhamento adequado entre planejamento, execução e controle dos gastos. Nesse contexto, sinaliza a dificuldade em se substituir a Lei n.º 4.320/64 por uma lei mais adequada ao papel do Estado diante da realidade atual do país e das demandas da sociedade. Para os autores, algumas dificuldades institucionais que geram deformações orçamentárias e consequente ineficiência na gestão são decorrentes da falta de regulamentação de dispositivos da CF/88. Apesar de a lei de Responsabilidade Fiscal – LRF – ter suprido a questão do equilíbrio intertemporal das finanças públicas, não houve avanços no tocante a aprovação de normas gerais para a elaboração e o controle dos planos e orçamentos, bem como de normas contábeis voltadas para as fiscalizações orçamentária, financeira e patrimonial. Uma nova lei orçamentária foi proposta em 1996, entretanto o debate sobre a natureza do orçamento, com discussões a respeito do “orçamento autorizativo”, impediu a chegada de um acordo entre os parlamentares, que entenderam que essa “construção” feria a autonomia do Legislativo em aprová-lo. Assim, apesar das conquistas advindas da LRF para uma melhor gestão, como o destaque ao planejamento efetuado a partir da previsão de obrigatoriedade de elaboração do PPA em todos os níveis da Federação, bem como o estabelecimento de vínculos entre os componentes legais do ciclo orçamentário e deste com a execução financeira, o papel desses componentes ainda permanece obscuro. O PPA requer normatização integral e a LDO e a LOA apresentam lacunas no que tange a sua elaboração.
Seção VI – Comentário do livro:
REZENDE, Fernando e CUNHA, Armando (Org.) Disciplina Fiscal e Qualidade do Gasto Público: fundamentos da reforma orçamentária. (Editora FGV, 2005) Capítulo 5 – As práticas orçamentárias e o desempenho das organizações Pode-se apreender do capítulo lido que a presença do incrementalismo nas práticas orçamentárias das organizações públicas é um dos fatores que mais prejudicam seu 2
desempenho. O processo de planejamento e orçamento consiste em um elemento central na
garantia de bom desempenho e a prática incremental no planejamento dificulta o foco no futuro, visto que os recursos são alocados com base nas execuções passadas. Tal prática impede a correção de rumos e promove a persistência no gasto com políticas públicas não relevantes, com pouco ou nenhum resultado positivo para a sociedade. Em um país como o Brasil, o retorno sobre os recursos investidos na área social consiste em questão de vital importância, diante das desigualdades sociais e regionais tão marcantes no país. O desempenho das organizações públicas pode ser avaliado mediante diversas perspectivas, das quais se destacam a capacidade da organização em gerar serviços associados à sua missão com resultados visíveis ao menor custo possível; e a capacidade de reação rápida às mudanças do ambiente no qual está inserida. O bom desempenho condiciona-se ao desenvolvimento das seguintes competências: Alta capacidade de planejamento estratégico; qualidade na formulação, execução e controle do orçamento; e alta capacidade de monitoramento e avaliação dos programas e ações. Assimila-se dessas capacidades apontadas pelos autores a importância da eficiência e da efetividade, além da conexão entre planejamento, execução e controle. Qualquer desequilíbrio entre as três competências será fatal para o desempenho da organização. Diante dos argumentos apresentados, para que se compreenda o nível de preocupação da organização em ser eficiente e produzir resultados relevantes, pode-se utilizar as seguintes indagações: O processo orçamentário reflete adequadamente os propósitos da organização? Qual a capacidade de reação? Existem métodos para lidar com situações não previstas? O processo orçamentário gera elementos utilizados para avaliar o desempenho? 3
TAREFA INDIVIDUAL INTERMEDIÁRIA
Seção VIII - Comentário do livro: MENDES, Marcos. Sistema Orçamentário Brasileiro: planejamento, equilíbrio fiscal e qualidade do gasto público em Cadernos de Finanças Públicas – Escola Superior de Educação Fazendária – ESAF. N.9, p. 57-102, dez 2009
O artigo analisa o sistema orçamentário brasileiro a partir das suas principais
características, identificando-o como um modelo de planejamento excessivamente burocratizado. Dentre os problemas apontados no referido sistema, destacam-se: a execução do PPA do governo anterior, contrariando a realidade política; a indução de prioridade para a LOA pelo sistema político; e a inconsistência de prazos de tramitação. Esses problemas afetam a capacidade de planejamento, a qualidade do gasto do governo e o equilíbrio fiscal. Sobre o assunto, conclui-se do texto que fatores externos como a pressão das bases aliadas do governo no Congresso para o não contingenciamento das emendas parlamentares – as quais são inseridas por meio de práticas questionáveis de superdimensionamento das receitas com o objetivo de incluir despesas de interesse do Legislativo – afetam diretamente a qualidade do gasto público, uma vez que o Executivo é levado a ceder como forma de garantir a governabilidade pela formação de maiorias no Congresso. Isso faz com que boa parte do orçamento seja direcionado para ações que inicialmente não haviam sido planejadas, alterando sensivelmente o planejamento do governo para o atingimento das metas, principalmente as de médio e longo prazo. O orçamento fica limitado às questões imediatistas – fato agravado pela excessiva vinculação das receitas – levando o governo a recorrer às já conhecidas práticas de contingenciamento de despesas (em especial de investimentos) e de elevação da carga tributária. Esse jogo de interesses entre os atores envolvidos na elaboração e aprovação do orçamento faz com que o processo decisório seja focado no curto prazo, com preocupações mais evidentes sobre o equilíbrio fiscal e o atendimento da base aliada do que com a qualidade do gasto em si. Como sugestões de melhorias para a recuperação da qualidade do sistema orçamentário, o autor defende que, enquanto toda a atenção política estiver voltada para a execução das despesas em curto prazo, não há como se desenvolver um planejamento plurianual que não seja mera formalidade burocrática. Primeiramente, deve-se organizar as escolhas orçamentárias de alocação da receita de um ano, para então poder-se planejá-las para mais de um exercício. 4
TAREFA INDIVIDUAL INTERMEDIÁRIA
Seção X - Comentário do livro: REZENDE, Fernando e CUNHA, Armando (Org.) A Reforma Esquecida. Orçamento, Gestão Pública e Desenvolvimento. (Editora FGV, 2013) Capítulo 5 - Reformas na gestão pública e a reinvenção do orçamento: reflexões e perspectivas sobre o contexto brasileiro Uma reforma no processo orçamentário é de suma importância para o desenvolvimento econômico e social brasileiro. A necessidade de mudanças abrange tanto o caráter das escolhas orçamentárias quanto a forma pela qual elas são feitas. No entanto, as escolhas orçamentárias e sua implementação não podem ser repensadas de forma isolada no âmbito da gestão pública. O processo orçamentário deve ser considerado como influenciado e influenciador das outras áreas da gestão. Assim, a busca pelo aperfeiçoamento do processo orçamentário confunde-se com os esforços, mais amplos, de reforma da gestão pública. Até os anos 1970, os debates acerca de políticas governamentais consideravam a gestão pública apenas como um processo pelo qual as ações eram formuladas e implementadas. A partir da “revolução global na gestão pública”, marcada pela administração de Margaret Thatcher, a gestão pública passou a ser tratada como área de política pública. Isso promoveu o surgimento de novas ideias no campo associadas a movimentos de reforma que impactaram diversos países. No contexto brasileiro, as iniciativas e experiências refletiram uma forte influência no que concerne à incorporação de práticas da iniciativa privada no setor público. Nos últimos anos, a gestão pública foi marcada pela LRF em 2000, a qual instituiu um novo padrão de gestão fiscal no país. Seu amplo alcance no processo orçamentário evidencia a importância do orçamento na evolução da qualidade do gasto. Dentre os aspectos que devem ser foco de uma reforma orçamentária voltada ao desenvolvimento, destaca-se o desafio de se ampliar a flexibilidade, ou seja, o espaço fiscal para mudanças. Outro desafio é a capacidade em se relacionar a utilização dos recursos com os resultados almejados, exigindo o foco em programas e uma maior conexão entre a LOA e o PPA. Com o foco em programas, deve-se mensurar e avaliar as políticas, de maneira que as alocações de recursos possam ser realimentadas de maneira eficiente e efetiva, promovendo maior qualidade no gasto público. O autor finaliza incentivando o leitor a refletir acerca da seguinte questão: “afinal, o que é qualidade do gasto”? Considerando que a expressão tem a ver com as escolhas para a alocação dos recursos, essa ideia é suficiente como ponto de partida, porém, sua definição é algo a ser construída.