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Apelação Cível n. 2009.

075262-5, de Blumenau
Relator: Des. Eládio Torret Rocha

RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANO


MORAL. MOVIMENTAÇÃO FRAUDULENTA EM CONTA
BANCÁRIA. DEVOLUÇÃO, PELO BANCO, EM TEMPO
RAZOÁVEL, DAS QUANTIAS SACADAS. AUSÊNCIA DE
QUALQUER PREJUÍZO À TITULAR DA CONTA CORRENTE.
INVIABILIDADE DA PRETENDIDA REPARAÇÃO. RECURSO
DESPROVIDO.
Em tema de movimentação eletrônica fraudulenta, levada a
efeito por terceiro (hacker) em conta corrente bancária, não
sucede direito a reparação por dano moral, especialmente se a
instituição bancária procede, em tempo razoável, a devolução das
quantias indevidamente sacadas, tanto mais se não houver
sequer indício de que tal circunstância haja causado na cliente
qualquer sofrimento moral, tudo não passando de dissabor,
incômodo, desconforto ou enfado, os quais, infelizmente, são tão
comuns na sociedade dos nossos dias.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível n.


2009.075262-5, da comarca de Blumenau (3ª Vara Cível), em que é apelante Maria
Terezinha Grassmann e apelado Banco Bradesco S/A:

ACORDAM, em Quarta Câmara de Direito Civil, por votação unânime,


conhecer do recurso e negar-lhe provimento. Custas legais.

RELATÓRIO

Sentença lançada pelo magistrado Rubens Schulz — cujo relatório


adoto (fls. 96/97) — julgou improcedente o pedido formulado na ação de indenização
n. 008.08.0344040-4, da comarca de Blumenau, ajuizada por Maria Terezinha
Grassmann contra Banco Bradesco S/A, condenando a autora ao pagamento
despesas processuais, fixados os honorários advocatícios em R$ 1.000,00 (um mil
reais).
Inconformada com o teor do decisório, apelou a vencida (fls. 105/120,
alegando em síntese que: a) o banco agiu com descaso e negligência, não
resguardando a segurança da apelante; b) restou comprovada a culpa do requerido,
de modo que é inafastável o dever de reparar os prejuízos morais sofridos; c) há nexo
causal entre o dano ocorrido a vítima e o ato do recorrido.
Respondendo o reclamo (fls. 125/130), o apelado argumentou, em
síntese, que a sentença merece ser mantida na íntegra.
É o sucinto relatório.

VOTO

O apelo foi interposto a tempo e modo e dele conheço.


Os fatos dão conta de que a autora propôs ação de indenização, ao
argumento de que possui uma conta salário junto ao banco, ora apelado, e que foi
surpreendida com a ausência de valores em sua conta em razão de ter sido alvo de
hackers, sendo que somente cinco dias depois houve o estorno dos valores
indevidamente sacados. Aduz que tal situação lhe ocasionou grande insegurança e
instabilidade, pois viu-se obrigada a socorrer-se da ajuda de terceiros para cobrir o
saldo negativo, o que resultou em prejuízo de ordem moral, o qual deve ser
ressarcido.
O réu apresentou resposta, defendendo a inexistência da obrigação de
indenizar, eis que a atitude fraudulenta não implicou qualquer prejuízo à autora,
porquanto os valores descontados indevidamente foram restituídos, não havendo,
portanto, prejuízo financeiro.
O Magistrado condutor do feito, após a devida instrução, proferiu, como
suso mencionado, sentença de improcedência do pedido inicial.
Tenho que a apelante não tem razão, pois não restaram comprovados
os pressupostos necessários à caracterização da responsabilidade civil subjetiva,
insertos no art. 186 do Código Civil.
Com efeito, muito embora tenha havido a indevida violação na conta da
apelante e a inexpressiva demora — 5 (cinco) dias — para efetuar a devolução de
todos os valores, penso que tudo não passou de mero dissabor, incômodo,
desconforto ou enfado, os quais, infelizmente, são comuns na sociedade dos nossos
dias.
E isto porque a apelante não sofreu, de fato, qualquer prejuízo, visto que
todos os valores foram-lhe devolvidos e não há nos autos qualquer repercussão na
sua esfera financeira em razão disso.
De mais a mais, o fato de sua conta bancária haver sido violada, não
tem o especial condão de caracterizar dano moral, simplesmente porque não implicou
qualquer ofensa à sua honra, imagem e reputação.
Friso, neste passo, que a devolução dos valores, além de ter sido
espontânea, ocorreu em prazo razoável (cinco dias depois) e deu-se de modo que
não se imputou à recorrente, de forma alguma, conduta desonrosa.
Neste sentido, cito, por oportuno, julgado do Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul, a corroborar o entendimento ora encartado:
"AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. FRAUDE
ELETRÔNICA. PAGAMENTOS DE TRIBUTOS REALIZADOS MEDIANTE

Gabinete Des. Eládio Torret Rocha


APROPRIAÇÃO INDEVIDA DE VALORES EXISTENTES NA CONTA-CORRENTE
DO AUTOR. RESTITUIÇÃO QUE SE DEU DE FORMA IMEDIATA.
'(...) Com efeito, a possibilidade de -fraude eletrônica- é perfeitamente
previsível, embora inaceitável, na medida em que constantemente noticiados pela
mídia os riscos inerentes a essa modalidade de contratação, cujos danos
eventualmente suportados pelo usuário somente podem ser imputados à
administradora, cujo dever é zelar pelo bom funcionamento do sistema. Fato que
decorre mesmo do princípio da boa-fé objetiva, em sua função de proteção.
'Entretanto, demonstrado o cumprimento dos deveres daí decorrentes,
tais como a imediata restituição das quantias indevidamente sacadas decorrentes
dessas transações bancárias, não há falar em prejuízo a ser indenizado (AC n.
70032535239, de Pelotas, rel. Des. José Aquino Flores de Camargo, j. em
9.12.2009)".
E também, de minha relatoria:
"RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO. DANO MORAL.
EXTRAVIO DE TALONÁRIO DE CHEQUE ENVIADO PELO BANCO AO
CORRENTISTA. CHEQUES SUSTADOS PELA PRÓPRIA INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA. NÃO OCORRÊNCIA DE NEGATIVAÇÃO DO NOME DO
CORRENTISTA OU DE LAVRATURA DE PROTESTO. AUSÊNCIA DE QUALQUER
PREJUÍZO AO TITULAR DA CONTA CORRENTE. INVIABILIDADE DE
REPARAÇÃO POR DANO MORAL. APELO DO BANCO PROVIDO E DO
CORRENTISTA PREJUDICADO" (AC n. 2008.0272894, de Criciúma, j. em
04.06.2010).
Poder-se-ia cogitar, quiçá, de dano material, advindo do desconto
indevido dos títulos, mas nem isso é possível no caso, seja porque não foi pleiteado
pela autora na exordial, seja porquanto o réu já procedeu a justa compensação.
Portanto, não há nenhum ilícito civil perpetrado pela instituição financeira
passível de ser indenizada.
Isto posto, pelo meu voto eu nego provimento ao recurso, mantendo, na
íntegra, o decisório compositivo da lide de primeiro grau, que é da boa e firme lavra
do Dr. Rubens Schulz.
DECISÃO
Do exposto, nos termos do voto do Relator, a Quarta Câmara de Direito
Civil decidiu, à unanimidade, conhecer do recurso e negar-lhe provimento.
Participaram do julgamento, realizado no dia 09 de setembro de 2010,
os Exmos. Srs. Desembargador Ronaldo Moritz Martins da Silva e Desembargador
Carlos Adilson da Silva.

Florianópolis, 09 de setembro de 2010.

Eládio Torret Rocha


PRESIDENTE E RELATOR

Gabinete Des. Eládio Torret Rocha

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