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GESTÃO DA
QUALIDADE
AUTORIA
Marcos Ferreira Santos
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GESTÃO DA QUALIDADE GESTÃO DA QUALIDADE
EDITORIAL
A Faculdade Multivix está presente de norte a sul
MISSÃO
VISÃO
cia em qualidade educacional. 2017 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.
As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO Estamos muito felizes por você agora fazer parte do
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1 INTRODUÇÃO
De acordo com o SEBRAE (2012, p. 2):
A importância da qualidade nas relações comerciais se dá desde os primórdios da Neste contexto de intensa competição a preocupação contínua a qualidade de pro-
história, mas Juran (2004) relata como exemplo que, nas décadas de 1960 e 1970 as dutos, serviços e processos, tanto na indústria, quanto no setor de serviços e mesmo
empresas americanas perderam sua liderança em qualidade para novos concorrentes em instituições governamentais, ganha cada vez mais destaque. Ao longo desta apos-
vindos principalmente do Japão. As consequências desta perda se refletiram na par- tila, questões relacionadas às certificações, principais conceitos e aplicações práticas
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2 QUALIDADE
Slack, Chambers e Johnston (2009) criaram um quadro com referência a forças e
fraquezas dos autores clássicos que são ligados ao desenvolvimento dos conceitos de
TQC e TQM.
O Controle de Qualidade Total ou, em inglês, Total Quality Control (TQC), foi desenvol-
vido no Japão a partir de ideias americanas. Os japoneses, para evitar confundir com o TABELA 1 - AVALIAÇÃO DAS FORÇAS E FRAQUEZAS DOS AUTORES
sistema TQC pregado pelo Dr. Armand Feigenbaum utilizam algumas vezes o termo CLÁSSICOS DE QUALIDADE
Fonte: Adaptado de Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 664) com base em Flood (1993).
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Para Campos (2004, p. 2) “(...) um produto ou serviço de qualidade é aquele que aten- (2004) separa a qualidade total em 5 dimensões e as apresenta da seguinte forma:
de perfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo
certo às necessidades do cliente”. 1. Qualidade – Ligada à satisfação do cliente interno ou externo. Portanto, medida
por meio do desempenho e características dos produtos e serviços da empresa.
Inclui a qualidade do produto ou serviço (ausência de defeitos; presença de ca-
FIGURA 1 - CONCEITOS RELACIONADOS A CONFORMIDADE racterísticas esperadas pelo consumidor); qualidade da rotina da empresa (previ-
sibilidade e confiabilidade das operações); qualidade do treinamento, qualidade
da informação, qualidade das pessoas, qualidade da empresa, qualidade da ad-
ministração, qualidade dos objetivos, qualidade do sistema, etc.
Campos (2004, p. 15), após apresentar os conceitos acima afirma que “TQC é o controle
A ABNT (2000) classifica esta necessidade ou expectativa expressa, seja implicitamen-
exercido por todas as pessoas para a satisfação das necessidades de todas as pessoas”.
te ou objetivamente, como requisito. A conformidade, em termos de qualidade por-
tanto, seria a capacidade de um produto de atender aos requisitos. A relação entre
os diferentes conceitos associados a conformidade foi apresentada na figura anterior.
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O Controle da Qualidade Total, para Campos (2004), é regido pelos seguintes princí- -los e os analisar isoladamente, para depois analisar o conjunto de processos. A partir
pios básicos: do controle dos processos menores é possível localizar melhor eventuais problemas e
identificar suas causas (CAMPOS, 2004).
• Produzir e fornecer produtos e serviços que atendam concretamente as necessi-
dades dos clientes; FIGURA 2 - DIAGRAMA DE ISHIKAWA
• Garantir a sobrevivência da empresa através da manutenção e melhoria dos ín-
dices de qualidade da empresa;
• Respeitar os empregados;
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3 MELHORIA CONTÍNUA
4. Registrar todas as causas potenciais no diagrama sob cada categoria ediscutir
cada item para combinar e esclarecer as causas.
Cada processo normalmente tem um ou mais resultados, que seriam seus efeitos ou
fins. Para gerencia-lo é necessário medir os efeitos de cada processo. Para Campos Em um mercado competitivo, existe a necessidade de se adequar melhor do que os
(2004, p. 21) “Os itens de controle de um processo são índices numéricos estabeleci- concorrentes às necessidades e desejos dos clientes (KOTLER, 2008). A melhoria contí-
dos sobres os efeitos de cada processo para medir a sua qualidade total”. nua parte dos conceitos desenvolvidos por Deming (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON,
2009) com o objetivo de sempre estar reduzindo a margem de defeitos em seus bens
Campos (2004) ensina que cada processo é gerenciado por meio de itens de contro- de consumo ou serviços. A ideia que fundamenta o princípio da melhoria contínua
le que medem qualidade, custo, entrega, moral e a segurança de seus efeitos. Estes está alinhada com os preceitos estatísticos desenvolvidos por Shewhart. Na produção
itens, também denominados de itens de controle dos resultados são estabelecidos industrial em larga escala, pequenos ganhos na confiabilidade, durabilidade e eficiên-
sobre pontos de controle. Quando um item de controle mede a qualidade de um cia dos produtos podem resultar em ganhos expressivos na receita da empresa. O foco
produto ou serviço resultante de um processo ele é denominado característica de desta iniciativa perpassa a variabilidade na produção em escala industrial. De acordo
qualidade. Cada efeito de processo é afetado por várias causas, mas apenas algumas
com a ABNT (2000, p. 6):
poucas causas afetam a grande parte de um item de controle. A partir destas causas
principais se estabelecem os itens de verificação de um processo, que são índices nu- As técnicas estatísticas podem ajudar medir, descrever, analisar, interpretar e modelar
méricos. Sendo assim, um item de controle é verificado a partir do acompanhamento tal variabilidade, mesmo com uma quantidade relativamente limitada de dados. A
dos índices numéricos de cada item de verificação. análise estatística de tais dados pode ajudar na avaliação de um melhor entendimen-
to da natureza, extensão e causas da variabilidade. Isto pode ajudar a resolver e, até
Um item de verificação de um processo pode ser um item de controle de um proces-
mesmo, prevenir problemas que possam resultar desta variabilidade, e promover a
so anterior. Isto ocorre porque, como foi definido anteriormente, a empresa (o proces-
melhoria contínua.
so maior) é composta por vários processos menores que, na maioria dos casos, estão
interligados. Em uma empresa, cada funcionário terá autoridade sobre o(s) processo(s)
O controle de processo fundamentado no conceito de causa e efeito desenvolvido por
no(s) qual(is) estiver envolvida. Com a autoridade, também vem a responsabilidade so-
Ishikawa (CAMPOS, 2004; SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009) é o primeiro passo
bre os resultados deste processo, e assim advém os itens de controle (CAMPOS, 2004).
para o desenvolvimento do conceito de melhoria contínua. Ao se abordar o processo
de forma analítica procurando reduzir as distorções, erros, falhas e desperdícios exis-
Slack, Chambers e Johnston (2009) dão algumas sugestões para aperfeiçoar a elabo-
tentes no mesmo, a empresa está buscando aumentar a eficiência de suas operações
ração de diagramas de causa-efeito:
produtivas. O próximo passo seria desenvolver um método facilmente comunicável
• Separar cada problema em um diagrama. Nunca combinar problemas, mesmo para aplicar de forma efetiva os preceitos da melhoria contínua nas organizações.
que relacionados, em um diagrama único.
• Os diagramas devem ser apresentados e estarem disponíveis para todos os pro- A ABNT (2000) lista 7 ações voltadas para a melhoria contínua que são apresentadas
fissionais que irão discuti-los. na figura a seguir.
• Se vários problemas geram um problema maior (no qual estes compõem o dia-
grama) deve-se analisa-los em diagramas separados.
• O processo de elaboração dos diagramas é um processo de aperfeiçoamento contínuo.
• A descrição dos problemas deve ser direta e descrever o que está acontecendo de fato.
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De acordo com Campos (2004) o termos do ciclo PDCA tem o seguinte significado: No tocante às diretrizes de controle, algumas condições são necessárias:
• Planejamento (P) – Estabelecer metas sobre os itens de controle do processo; (P) Planejamento – Quando se estabelecem as diretrizes de controle:
Estabelecer a forma para atingir as metas propostas.
• Definir os itens de controle a serem verificados e o padrão considerado aceitável;
• Execução (D) – Execução das tarefas conforme previsto no plano e coleta de da-
dos para checar sua eficácia. Nesta etapa é muito importante o treinamento no • Definir quais são os procedimentos padrão necessários para se manter os resul-
trabalho. tados obtidos.
• Verificação (C) – A partir dos dados coletados anteriormente, verifica-se se a meta (D) Execução – Envolve o treinamento para implementação das diretrizes de controle:
planejada foi alcançada.
• Atuação Corretiva (A) - Se as metas não foram alcançadas ou qualquer outro • Treinamento na execução das operações e processos, visando alcançar ou supe-
problema eventual surgiu, é nesta etapa que as ações corretivas são executadas, rar as metas de controle;
FIGURA 5 - CONTROLE E MELHORIA DO PROCESSO (A) Executar – Manutenção e padronização dos procedimentos consolidados nas fases
anteriores:
• Em caso de não cumprimento das metas (anomalia) a não ser que as ações cor-
retivas já estejam padronizadas.
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TABELA 3 - DESCRIÇÃO DA SÉRIE ISO 9000 E RELACIONADAS O padrão ISO 9000 fornece os fundamentos e vocabulário utilizado na família de
padrões ISO 9000. O padrão ISO 9001 é usado quando se procura estabelecer um
sistema de gestão de qualidade que fornece confiança na habilidade da organiza-
ção em fornecer produtor que atendem aos anseios dos consumidores. A ISO 9004
orienta uma gama de objetivos mais ampla do sistema de gestão da qualidade e é
recomendada para ampliar a norma 9001, sendo que as normas 9001 e 9004 podem
ser utilizadas em conjunto. A ISO 19011 abrange a área do sistemas de auditoria da
qualidade e sistemas de gestão ambiental (ISO, 2009a).
A série ISO 10000 age como uma expansão do sistema de gestão de qualidade da
série ISO 9000 sem, no entanto, exigir certificação. Sua abrangência vai desde a men-
suração da satisfação do consumidor a orientações para a escolha de consultores do
sistema de gestão da qualidade e do uso de seus serviços (EUROCERT, 2014).
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de ABNT (2000, p. 1-2) Eurocert (2014) e ISO (2009a). Fonte: Adaptado de ISO (2009a, p. 6).
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6 OUTRAS NORMAS
A ISO 31000 fornece princípios, estrutura e um processo a gestão de riscos. No entanto
não pode, neste momento, ser certificada, apesar de fornecer diretrizes para progra-
A ISO 50000 fornece orientações para a empresa melhorar sua gestão energética. Sua
abrangência envolve o desenvolvimento de políticas para o uso eficiente da energia
As normas ISO não abrangem somente a gestão da qualidade. Como já foi exposto
e a fixação de objetivos para atingir esta meta. Também o uso de dados para análise,
anteriormente, somente a ISO possui mais de 19.000 certificações. Neste contexto, al-
mensuração e acompanhamento do uso de energia. Por fim, a revisão das políticas
gumas outras famílias ISO são merecedoras de uma atenção especial. De acordo com
energéticas vigentes e a melhoria contínuo da gestão energética (ISO, 2014d).
a ABNT (2000, p. 6) “Os objetivos da qualidade complementam outros objetivos da
organização, tais como os relacionados ao crescimento, captação de recursos financei- Além das normas ISO, a norma de origem britânica OHSAS 18001 é referência inter-
ros, lucratividade, meio ambiente, segurança e saúde ocupacional”. A tabela a seguir nacional para a gestão da saúde e segurança ocupacional, que impactam diretamen-
apresenta de forma breve algumas destas normas. te na qualidade de vida no trabalho. Esta norma é complementar a aplicação das
normas ISO da série 9000, pois abrange aspectos importantes ao funcionamento or-
ganizacional que não são contemplados na série ISO 9000 (OHSAS, 2007; BSI, 2014).
TABELA 4 - DESCRIÇÃO DAS PRINCIPAIS FAMÍLIAS DE NORMAS ISO, ALÉM DA FAMÍLIA 9000
A norma ISO 9001 é utilizada para criar um sistema de gestão da qualidade que é
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de ISO (2009b, 2014a, 2014b, 2014c, 2014d).
certificado por uma organização externa. O padrão reconhece que o termo produto
se aplica a serviços, material processado, hardware e software comercializados por di-
A ISO desenvolveu as normas da família 14000 com o intuito de auxiliar as organiza- ferentes setores da indústria (ISO, 2009).
ções a ter uma abordagem proativa nas questões relacionadas a gestão de questões
ambientais (ISO, 2009b).
A ISO 27000 é uma família de padrões que fornece diretrizes para auxiliar as organiza-
ções a manter ativos de informação seguros. Ativos de informação como informações
financeiras, propriedade intelectual, informações pessoais de funcionários ou infor-
mações confiadas por terceiros. As normas da família ISO 27000 abrangem pessoas,
processos e sistemas de tecnologia da informação (ISO, 2014b).
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GESTÃO DA QUALIDADE GESTÃO DA QUALIDADE
FIGURA 7 - O PROCESSO ISO 9000 As aplicações listadas acima podem ser aplicadas a toda a família da série ISO 9000 e
também às normas relacionadas, como as séries 10000 e 19000.
Sistemas de gestão da qualidade são definidos pela ABNT (2000, p. 6) da seguinte forma:
De acordo com a ISO (2009) há cinco sessões na norma que especificam as atividades que
necessitam ser consideradas quando da implantação do sistema de gestão da qualidade:
Fonte: Traduzido e adaptado de ISO (2009, p. 2). A tabela a seguir demonstra as atividades necessárias para implementação com su-
cesso de um Sistema de Gestão da Qualidade:
Para a ABNT (2000) a série NBR ISO 9000 pode ser aplicada em vários tipos de orga-
nizações ou situações como ilustra a figura abaixo: TABELA 5 - ATIVIDADES NECESSÁRIAS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DO
SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE
Fonte: Adaptado de ABNT (2000, p. 2). Fonte: Adaptado de Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 664) com base em Flood (1993).
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14000
e a sociedade. A ISO 9001 e a ISO 9004 são compatíveis e podem ser usadas em con-
junto, ou separadamente. A ISO 9004 não requer certificação (ISO, 2009).
A série de normas ISO 14000, fundamentada com base na série ISO 9000 e na norma
britânica BS 7750, é a referência mundial para a implantação de Sistemas de Gestão
Ambiental – SGAs, que constituem uma série de processos estruturados e genéricos
Fonte: Adaptado de ABNT (2000, p. 2). com o objetivo da melhoria contínua da interação da empresa com seu meio ambien-
te (CICCO, 1994; ALBERTON; COSTA JR., 2007).
Tendo o cliente como referencial, para evitar eventuais distorções dos produtos em re-
lação às necessidades e desejos dos consumidores, os líderes devem manter o foco nos A série ISO 14.000 foi introduzida em 1996 como parâmetros voluntários que as em-
objetivos da empresa, envolvendo os funcionários para que, com base em uma aborda- presas deveriam seguir para implementar Sistemas de Gestão Ambiental. Três anos
gem de processos fundamentada em um abordagem sistêmica da gestão que busca após sua criação já haviam cerca de 10.000 empresas certificadas. Em Dezembro de
aumentar a eficiência e eficácia organizacionais, a empresa trilhe o caminho da melho- 2002, seis anos após sua criação, o número de empresas certificadas já representa-
ria contínua, adotando os princípios da abordagem factual para a tomada de decisão va cerca de 46.000. Desde a criação da série de normas 14.000 as empresas brasi-
em relação ao sistema de gestão da qualidade, visando benefícios mútuos não apenas leiras tem representativa participação na certificação, em termos internacionais (GA-
em nível organizacional, mas também nas relações com os clientes e fornecedores. VRONSKI; BALBINOTTI; FERRER, 2005). Adotada em mais de 160 países a ISO 140001
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GESTÃO DA QUALIDADE GESTÃO DA QUALIDADE
já possuía em 2007, 154.572 empresas certificadas (ISO, 2009b). TABELA 7 - MOTIVAÇÕES À CERTIFICAÇÃO ISO 14001
De acordo com Balbinotti e Gavronski (2004) e Ferreira et al. (2011) a norma que cer-
tifica o Sistema de Gestão Ambiental é a Norma ISO 14001, editada no Brasil pela
ABNT. Para Alberton e Costa Jr. (2007, p. 153) “Os benefícios econômicos e estratégicos
da implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) podem refletir-se tanto
em ganhos de mercado como em redução de custos”.
Acerca da Norma ISO 14001, Alberton e Costa Jr. (2007, p. 154) explicam sua impor-
tância da seguinte forma:
O conjunto ISO 14000, mais especificamente a norma ISO 14001 que trata de ‘Espe-
cificações para Sistemas de Gestão Ambiental’, serve de orientação às empresas para a
inserção da variável ambiental em seu sistema de gestão do negócio, incorporando-a
na política, formulações estratégicas, objetivos e metas, opções tecnológicas e na sua
rotina operacional. Embora certificar o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) não seja
imperativo para as organizações, a qualificação da produção industrial, nos padrões
internacionais de controle ambiental e eficiência energética, as credencia a disputar
os mercados europeu e norte-americano, que seguem à risca tais padrões. Além disso,
a necessidade de demonstrar um desempenho ambiental capaz de atender à legis-
lação vigente, prevenir impactos ao meio ambiente, fortalecer a imagem institucional
junto à comunidade, reduzir riscos de multas e penalidades e, conseqüentemente, de
aumentar a competitividade são motivos que levam à busca pela certificação.
Fazendo um levantamento biográfico das possíveis motivações e benefícios obtidos Fonte: Adaptado da revisão de Balbinotti e Gavronski (2004, p. 2).
para obter a certificação na série ISO 14.000, Balbinotti e Gavronski (2004) identifica-
ram diversos itens, apresentados na tabela a seguir.
Alberton e Costa Jr. (2007) resumem, em quatro áreas a contribuição da adoção da
série de Normas ISO 14.000 pelas empresas:
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GESTÃO DA QUALIDADE GESTÃO DA QUALIDADE
Algumas das normas da série ISO 14.000, que expandem a amplitude da ISO 14.001,
são apresentadas na tabela a seguir:
A OHSAS 18001 procura aperfeiçoar as condições de trabalho ao identificar riscos aos
trabalhadores, tanto de acidentes quanto de doenças, ocupacionais ou decorrentes
TABELA 8 - FAMÍLIA DE NORMAS ISO 14.000 do trabalho, buscando engajar os trabalhadores na prevenção de sinistros e doenças
melhorando, portanto, a produtividade (OHSAS, 2007; BSI, 2014). OHSAS significa Oc-
cupational Health and Safety Assessment Series (Série de Saúde Ocupacional e Ava-
liação de Segurança), uma norma desenvolvida na Inglaterra (OHSAS, 2007).
De acordo com a BSI (2013) a OHSAS 18001 auxilia a gestão das condições e riscos
aos trabalhadores ao:
http://www.ted.com/talks/johan_rockstrom_let_the_environment_guide_our_development?language=pt-br
Além da OHSAS 18001, que é a norma reguladora existe a OHSAS 18002, Guidelines
• Causa e Efeito no Meio Ambiente: Ricardo Vacaro at TEDx. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Cucmq0C-Zrc
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GESTÃO DA QUALIDADE GESTÃO DA QUALIDADE
for the implementation of OHSAS 18001, que fornece diretrizes para a implementa- • Agir – Adotar ações que melhorem continuamente o desempenho da política de
ção da norma 18.001 (OHSAS, 2007). saúde ocupacional e segurança.
Como o PDCA pode ser aplicado tanto a metodologias ISO como a 9001, que promo-
FIGURA 9 - MODELO DO SISTEMA DE GESTÃO DE SAÚDE OCUPACIONAL ve o uso da abordagem por processos, a norma OHSAS 18.001 é considerada compa-
E SEGURANÇA PARA A NORMA OHSAS tível com a série ISO (OHSAS, 2007).
De acordo com a OHSAS (2007) o padrão OHSAS 18.001 é aplicável a qualquer orga-
nização que deseje:
1.1.2. Procurar confirmação de sua adequação por grupos que possuem interes-
se na organização como consumidores, ou;
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GESTÃO DA QUALIDADE GESTÃO DA QUALIDADE
De acordo com a ISO (2014a) a primeira norma acerca da responsabilidade social, ISO
• Felipe Amaral – Para que serve mudar o mundo?
26.000, foi publicada em novembro de 2010. O padrão fornece orientação acerca dos
princípios da responsabilidade social, os temas e questões principais relacionados a http://www.youtube.com/watch?v=zfJlj6bsEO4
responsabilidade social e formas de integrar o comportamento socialmente responsá-
vel na organização. A orientação da ISO enfatiza o princípio da transparência e o valor
de reportar publicamente o desempenho da responsabilidade social tanto para os
stakeholders internos quanto externos, como empregados, comunidades locais, inves-
tidores e agências reguladoras.
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GESTÃO DA QUALIDADE GESTÃO DA QUALIDADE
31000
Fatores tanto internos quanto externos podem tornar incerta a realização de estra-
tégias e objetivos organizacionais. A incerteza resultante da interação destes fatores
internos e externos com a estratégia e objetivos organizacionais é o que se denomina
“risco”. Toda atividade organizacional envolve certo grau de incerteza e, portanto, certo
grau de risco. Para minimizar a influência do risco nas estratégias e objetivos, as orga-
nizações procuram gerir os riscos em um esforço de identificação, análise e avaliação.
E, neste processo, elas comunicam e consultam as partes interessadas, monitorando
os riscos por meio de controles previamente estabelecidos (ABNT, 2009).
Se o risco é um efeito nos objetivos e estratégias organizacionais, isto significa que ele
pode ser tanto positivo quanto negativo. O fato de ser positivo nem sempre pode ser
considerado como benéfico como, por exemplo, o efeito de um aumento positivo
além do esperado na taxa de juros nacional pode ter um reflexo ruim para uma em- Fonte: Adaptado de ABNT (2009, p. v-vi).
presa endividada, enquanto um efeito negativo na taxa de juros pode ter um reflexo
benéfico. O risco é caracterizado em relação a eventos potenciais e às consequências Para se gerenciar adequadamente o risco é importante compreender a importância do
que estes eventos podem ter. A combinação de consequências de um evento e a contexto. O contexto é importante porque cada área ou nível, projeto, atividade ou fun-
probabilidade destas consequências ocorrerem a possibilidade um risco acontecer, ção tem necessidades, públicos, percepções e critérios particulares. Ao se estabelecer o
de fato (ABNT, 2009). contexto do risco, a atividade de gestão de riscos se torna mais simples (ABNT, 2009).
De acordo com a ABNT (2009, p.2) a gestão de riscos são as “atividades coordenadas TABELA 10 - EXEMPLOS DE CONTEXTOS INTERNOS E EXTERNOS A ORGANIZAÇÃO
para dirigir e controlar uma organização no que se refere a riscos”. Estas atividades po-
dem abranger toda uma organização, apenas a certas áreas ou níveis organizacionais,
ou projetos, atividades e funções específicas. As expressões “gestão de riscos” e “geren-
ciando riscos” são utilizadas neste contexto. No entanto, “gestão de riscos” se refere a
estrutura, os princípios, estruturas e processos para gerenciar os riscos de forma eficaz
sendo, portanto, abrangente enquanto “gerenciando riscos” refere-se à aplicação prá-
tica destes princípios, estruturas e processos sendo, portanto, específica. A gestão de
riscos traz uma série de benefícios, apresentados na tabela a seguir.
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GESTÃO DA QUALIDADE GESTÃO DA QUALIDADE
Assim como outras normas ISO vigentes, a série ISO 50.000 segue o conceito do mo-
delo PDCA, explicado anteriormente na apostila. A figura a seguir ilustra o modelo
A energia é crítica para as operações organizacionais, quaisquer que sejam suas ati-
proposto pela ISO (2011) para o sistema de gestão energética:
vidades. Além dos custos econômicos da utilização energética em uma empresa, a
energia também pode impor custos societais e ambientais ao exaurir recursos e con-
tribuir para problemas como a mudança climática. As organizações dificilmente po- FIGURA 11 - MODELO DE SISTEMA DE GESTÃO ENERGÉTICA
deriam controlar os preços da energia, política governamentais ou a economia global,
mas podem melhorar o modo com o qual fazem a gestão energética. A melhoria no
desempenho energético pode fornecer benefícios rápidos para uma organização ao
maximizar o uso de suas fontes energéticas e recursos energéticos, assim reduzindo o
consumo e o custo ligado a energia. A organização também estará fazendo contribui-
ções positivas no tocante a economia de recursos energéticos e mitigação de efeitos
globais do uso energético, com o aquecimento global (ISO, 2011).
A ISO (2011) informa que a ISO 50.001 fornece a organizações do setor público e
privado estratégias gerenciais para aumentar a eficiência energética, reduzir custos e
melhorar o desempenho energético. A norma tem a intenção de: Fonte: Adaptado e traduzido de ISO (2011).
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GESTÃO DA QUALIDADE GESTÃO DA QUALIDADE
• Melhor tempo de resposta para adequação a mudanças na legislação vigente; Para melhor explorar a relação entre a energia e gestão energética, recomenda-se
• Disseminar pela empresa informações relevantes relacionadas a requerimentos assistir aos seguintes vídeos:
legais ou de outros tipos associadas gestão energética;
• Debate: Stewart Brand e Mark Z. Jacobson – Será que o mundo precisa de ener-
• Redução na emissão de carbono que auxilia no combate à mudança climática;
gia nuclear?
• Probabilidade de maior uso de fontes de energia renováveis;
https://www.ted.com/talks/debate_does_the_world_need_nuclear_energy?lan-
• Possibilidade de criar uma vantagem competitiva temporária ou sustentável as-
guage=pt-br
sociada a eficiência na utilização de recursos energéticos;
• A aventura e a energia solar de Bertrand Piccard
• Melhora a eficiência do aproveitamento de materiais naturais;
• Auxilia na diminuição da emissão de gases do efeito estufa; https://www.ted.com/talks/bertrand_piccard_s_solar_powered_adventure?langua-
ge=pt
• Possibilita o monitoramento e melhoria contínua dos processos de gestão energética.
• Juan Enriquez quer plantar energia.
No entanto a ISO (2011) também apresenta sua versão dos benefícios da série ISO 50.000:
https://www.ted.com/talks/juan_enriquez_wants_to_grow_energy?language=pt-br
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GESTÃO DA QUALIDADE GESTÃO DA QUALIDADE
12 DOCUMENTAÇÃO DO
A ABNT (2000) ainda especifica os tipos de documentos utilizados em um sistema de
gestão da qualidade:
SISTEMA DE GESTÃO DA • Manuais de Qualidade – Fornecem informações internas e externas sobre o siste-
A figura a seguir apresenta alguns tipos de documentos que são normalmente utiliza-
dos na documentação de sistemas de gestão de qualidade.
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GESTÃO DA QUALIDADE GESTÃO DA QUALIDADE
A norma ISO 19011 fornece diretrizes sobre auditorias de qualidade. De acordo com
a ABNT (2000, p. 5): “Auditorias são usadas para determinar em que grau os requisitos
do sistema de gestão da qualidade foram atendidos. As constatações da auditoria são
usadas para avaliar a eficácia do sistema de gestão da qualidade e para identificar
oportunidades de melhoria”.
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GESTÃO DA QUALIDADE GESTÃO DA QUALIDADE
14 REFERÊNCIAS
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