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O NACIONALISMO: DO SONHO AO PESADELO

Josenilson Ferreira1
Luciano Cruz2

INTRODUÇÃO

Dois grandes conflitos mundiais, com um saldo de mais de 60 milhões de


mortos; milhares de famílias destruídas e desarraigadas de sua terra natal; prejuízos
econômicos incalculáveis. Eis aí alguns dos resultados produzidos por um dos
fenômenos político-ideológico mais intrigante do mundo contemporâneo: o
nacionalismo.
Mas como esse fenômeno veio à tona ainda na segunda metade do século XIX,
se enveredou pelas primeiras décadas do século seguinte? E como explicar a presunção
que acometera os homens daquela época, com seus progressos tecnológicos e
científicos, mas que também foram responsáveis por acontecimentos tão avassaladoras
que marcaram profundamente a idade contemporânea?
São com esses e outros questionamentos que este artigo se propõe analisar e
discutir o surgimento, desenvolvimento e desdobramento do nacionalismo. Mostrando
inclusive como um fenômeno que começou com atos tão bem-intencionados, terminou
se transformando em algo tão sombrio e devastador, que a os especialistas o considera
como um dos pesadelos mais tristes da humanidade.

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Licenciando em História pela Univeridade Catolica de Pernambuco - Unicap
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Licenciando em História pela Univeridade Catolica de Pernambuco - Unicap
1. A CONSTRUÇÃO DE UM SONHO

Geopoliticamente a Europa do século XIX e inícios do Século XX passava por uma


fase de unificação de alguns Estados, formação de novos governos e expansão da
democracia política. Muitos países viam ampliando, querendo ou não seus governantes,
o sistema eleitoral vigente em seus Estados, trazendo, assim, cada vez mais um número
maior de pessoas. Podemos ver isto de maneira mais específica nas palavras de
Hobsbawm, onde o mesmo nos mostra que:
Na Inglaterra, as leis da Reforma de 1867 e 1882 quase
quadruplicaram o eleitorado, que se elevou de 8 a 29% para homens
de mais de vinte anos. A Bélgica democratizou estes direitos em 1894,
após uma greve geral realizada por essa reforma (o aumento foi de 3,9
para 37,3%, para a população adulta); a Noruega dobrou essas cifras
em 1898 (de 16,6 para 34,8%). Na Finlândia, uma democracia
extensiva única (76% de adultos) surgiu com a revolução de 1905. Na
Suécia, o eleitorado dobrou em 1908, alcançando o nível do da
Noruega. A metade austríaca do império Habsburgo recebeu o
sufrágio universal em 1907, e a Itália em 1913. (HOBSBAWM, 1988,
p.127)

Concomitantemente, no fim do século XIX a Europa, mas especificamente


aquelas cidades com maior número de habitantes, caminhavam a passos largos na
direção da industrialização, provocando com isso um grande desenvolvimento, o que
resultava em importantes transformações no contexto socioeconômico, isso percebido
na nas palavras de HOBSBAWM:
Em fins do século XIX, cerca de dois terços da população ocupada das
grandes cidades (ou seja, das cidades de mais de 100 mil habitantes)
trabalhavam na indústria.[...] Quem lançasse um olhar retrospectivo,
no fim do século, se impressionaria principalmente com o avanço dos
exércitos industriais e, dentro de cada cidade ou região,
provavelmente com o
avanço da especialização industrial. (HOBSBAWM, 1988, p.107)

É importante observarmos que esse ambiente de industrialização produziu uma


massa operária, que ligada a sindicados, e cada vez mais conscientes de seus direitos,
começaram a produzir uma atmosfera de intensas agitações causando assim
instabilidades sociais, como aponta o autor já mencionado:
Sistemas políticos que não sabiam muito bem como lidar com as
agitações sociais da década de 1880 — com a súbita emergência dos
partidos de massas das classes trabalhadoras voltados para a revolução
ou com as mobilizações de massa de cidadãos contra o Estado em
outras bases — aparentemente descobriram maneiras flexíveis de
conter e integrar alguns e isolar outros. (HOBSBAWM, 1988, p.242)

Nesse contexto marcado por instabilidade e necessidade de contensão das


revoltas, o uso político de algumas ideologias será uma forma de produzir obediência e
manipulação das massas no seio da sociedade de uma maneira geral. Essas ideologias
terão como finalidade centralizar os cidadãos dentro de perspectivas que pudessem ligá-
los em torno de interesses comuns. Cidadãos esses que, à exceção de seus líderes, não
exerciam nenhum poder ou influência nas tomadas de decisões conforme descreve
Hobsbawm:
Um modo poderoso de unificar era o da ideologia, amparada pela
organização. Os socialistas e anarquistas levaram seu novo evangelho
às massas, até então desprezadas por quase todas as instituições,
exceto por seus exploradores e por aqueles que as aconselhavam a se
manter silenciosas e obedientes (HOBSBAWM, 1988, p.114)

Nesse sentido, afirmamos que nenhuma ideologia se apresentou tão eficiente


quanto o nacionalismo. Isto porque tal fenômeno político além de promover controle e
domínio, também funcionava como elemento que produzia anseios e esperanças de
progresso e crescimento. Isso fez com que o nacionalismo, ou pelo menos as idéias
subjacentes à ele, tivessem grande receptividade nos Estados em que foi gestado. E de
forma geral, podemos dizer que o nacionalismo foi ganhando atenção e adesão entre as
camadas sociais fazendo dele uma das alternativas políticas mais eficazes na construção
espírito patriótico utilizados pelos seus idealizadores.
2. FATORES QUE FAVARECERAM A IMPLATANÇÃO DO
NACIONALISMO

Um fenômeno de tão grande magnitude como o nacionalismo só poderia se


desenvolver e alcançar grandes proporções, caso existissem fatores que contribuíssem
para sua implantação e consolidação. É nesse sentido que apontamos dois elementos
destacado por Hobsbawm, que possibilitou eficácia do mesmo, a saber: sentimento de
identificação e sentimento de pertencimento. Um decorrente do outro. Ou seja, a criação
de tais sentimentos fazia adeptos até fora dos seus territórios. Isto porque o sentimento
de pertencimento, em dados momentos, perpassava limites territoriais e lingüísticos,
uma vez que, o que estava em pauta era o sentimento de identificação.
É importante ressaltar também que o sentimento de pertencimento, em alguns
casos, não só acontecia de uma nação para outra, internamente havia casos em que ele
se manifestava entre classes sociais especificas.
A questão da identificação não só tinha relação com vieses culturais, mas de
uma forma geral, a construção de um discurso em cima anseios nacionais, como
também sua propagação estratégica, foi uma ferramenta política utilizadas pelos Estados
para alcançar os indivíduos e exercer controle sobre eles.
Nesse sentido, no próximo tópico abordaremos o papel do Estado na construção do
discurso, em cima dos símbolos, ora por ele criado, com intuito homogeneizar as
massas aos interesses nacionais.
3. O PAPEL DO ESTADO NA COSNTRUÇÃO DESSE SENTIMENTO

É interessante observar que o nacionalismo não é algo inato aos indivíduos, ou


seja, ninguém nasce nacionalista, pelo contrario, torna-se. Nesse sentido Hobsbawm
diz: “Estados [...] criaram ‘nações’. Mas como e através de que os Estados alcançaram
tal proeza?
Respondendo a primeira pergunta, poderíamos dizer que, o uso político dos
discursos em torno dos símbolos foi um dos elementos responsáveis para o sucesso dos
ideais nacionalistas.
Já a segunda pergunta, tem haver com os instrumentos que foram usados pelo
Estado na divulgação de tais discursos. E talvez aqui reside um dos fatores mais
importantes para a consolidação do espírito nacional: a utilização das instituições em
favor do Estado para doutrinamento das massas. O autor deixa isso claro quando mostra
que parte do aparato estatal trabalhava em favor desse projeto:
Os governos, agora, iam diretamente alcançar o cidadão no território
de sua vida cotidiana, por meio de agentes modestos mas onipresentes,
desde carteiros e policiais até professores e, em muitos países,
empregados das estradas de ferro. Poderiam requerer o compromisso
pessoal ativo deles, e circunstancialmente mesmo o delas, com o
Estado: de fato, o "patriotismo" de todos. (HOBSBAWM, 1988,
p.135)

Por outro lado, das instituições que trabalhavam em favor do Estado, nenhuma
delas teve tamanha importância do que a escola. Porque uma vez definidos quais
símbolos (bandeira, hino, etc...) iriam compor o imaginário nacional, a escola tinha a
missão de propagandear e formar bons cidadãos a favor do Estado. Dado a eficácia de
desse instrumento, tornou-se viável o investimento em escolarização básica conforme
cita Hobsbawm:
Em termos educacionais, portanto, a era de 1870 a 1914 foi, na
maioria dos países europeus, acima de tudo a era da escola primária.
Mesmo em países reconhecidamente escolarizados, o número de
professores de escola primária multiplicou-se. Triplicou na Suécia e
cresceu quase de igual modo na Noruega. Países relativamente
atrasados quiseram alcançá-los. Dobrou o número de crianças de
escola primária nos Países Baixos; no Reino Unido (que não possuíra
sistema educacional público até 1870) esse número triplicou; na
Finlândia aumentou treze vezes. Mesmo nos Bálcãs, terra de
analfabetos, quadruplicou o número de crianças em escolas primárias,
(HOBSBAWM, 1988, p.136)

De forma geral, o que se pode ver é que as instituições estatais transformaram-se em


aparelho ideológico do Estado, cujo objetivo era manter os cidadãos subservientes aos
ideais nacionais. E visto desse ângulo, podemos dizer, concordando Hobsbawm, que o
nacionalismo tornou-se numa espécie de religião cívica:
A ‘nação’ era a nova religião cívica dos Estados. Oferecia um
elemento de agregação que ligava todos os cidadãos ao Estado, um
modo de trazer o Estado-nação diretamente a cada um dos cidadãos e
um contrapeso aos que apelavam para outras lealdades acima da
lealdade ao Estado [...]”. (HOBSBAWM, 1988, p.212)

O que se pode ver até agora é que o nacionalismo enquanto projeto de Estado
estava genuinamente consolidado, a ponto de no inicio do século XX a maioria dos
indivíduos era consciente de que pertencia a uma nacionalidade específica. O número de
movimentos nacionalistas cresceram vertiginosamente, e Hobsbawm mostra que:
A base dos "nacionalismos" de todos os tipos era igual: era a presteza
com que as pessoas se identificavam emocionalmente com "sua"
nação e podiam ser mobilizadas, como tchecos, alemães, italianos ou
quaisquer outras, presteza que podia ser explorada politicamente.
(HOBSBAWM, 1988, p.131)

O que porem os Estados não conseguiram prever era que, o nacionalismo, aquele
sonho coletivo que levava todos a se identificar com sua nação, transformar-se-ia num
grande pesadelo, cujo os efeitos perduraria pelos séculos seguintes. E é como esse
objetivo que no próximo tópico abordaremos esse fenômeno.
4. O PESADELO

Antes de abordamos os efeitos propriamente ditos, analisaremos algumas das


causas que fez com que esse projeto se transformasse numa paginas mais sóbrias do
século XX. E como ponto de partida poderia se dizer que as disputas imperialistas
iniciadas ainda no século XIX, reforçou os nacionalismos dos Estados Europeus.
De acordo com Hobsbawm, no período que vai de 1875 a 1914, classificado por
ele como sendo a Era dos Impérios, foi um momento histórico em que as grandes
potências européias se lançaram a conquistar territórios, cujo objetivo maior era a
dominação econômica, política e cultural dos povos não ocidentais, bem como a
formação de impérios coloniais. Conforme ele afirma:
Duas regiões maiores do mundo foram, para fins práticos,
inteiramente divididas: África e Pacífico. Não restou qualquer Estado
independente no Pacífico, então totalmente distribuído entre
britânicos, franceses, alemães, holandeses, norte-americanos e – ainda
em escala modesta – japoneses. Por volta de 1914, a África pertencia
inteiramente aos impérios britânico, francês, alemão, belga, português
e, marginalmente, espanhol, à exceção da Etiópia, da insignificante
Libéria e daquela parte do Marrocos que ainda resistia à conquista
completa. (HOBSBAWM, 1988, p.57)

A repartição do mundo entre meia dúzia de Estados e a conseqüente criação dos


impérios coloniais, entre outros motivos, os quais não caberiam aqui uma análise
detalhada, também foi impulsionado por sentimentos de superioridade da “nossa” nação
em relação as demais, uma vez que a corrida imperial também era impulsionada pela
rivalidade entre as potências envolvidas nesse projeto, cujo carro chefe era os fatores
econômicos. Desse ponto de vista, afirmamos que os Estados europeus ao darem os
primeiros passos em direção à conquista de novos territórios, criavam também algumas
das condições que favoreciam a construção da consciência de nacionalidade.

Essa rivalidade que se instalara na Europa no começo século por hegemonia


política e econômica, abriu precedentes para que ainda no século XIX, um clima tensão
com possibilidades de conflitos entre as principais potencias mundiais, tornasse algo
iminente. De esse modo as noções passarem a se enxergar com olhares de possíveis
ameaças, uma contra as outras.

E como as tensões imperialistas tendiam a se intensificar, e conflito de grandes


dimensões era questão de tempo, todo aparato nacionalista construído para apaziguar os
ânimos no século anterior, no início do século XX, eram agora mobilizados para acirrar
ainda mais os ânimos entre elas.

Logo, deflagrado o primeiro conflito mundial em 1914, os que deles


participaram, o faziam conscientes de estarem atendendo anseios patrióticos. Isso os
fazia graças aos discursos que eram construídos em pro da sua nação, contra as nações
inimigos. Nesse sentido Hobsbawm diz:

Apenas o sentimento de que a causa do Estado era genuinamente a


sua, poderia mobilizar com eficácia as massas: e em 1914 os ingleses,
franceses e alemães sentiam isso. As massas permaneceram
mobilizadas até que três anos de massacres sem paralelos e o exemplo
da revolução na Rússia lhes ensinaram que haviam estado enganadas.
(HOBSBAWM, 1988, p.148)

Outro fator depois do imperialismo que evidenciava a mutação daquele


nacionalismo inicial, cuja a premissa era o controle e obediência dos seus súditos, era a
manifestação do ódio por todos aqueles eram contrários os interesses nacionais. Nesse
sentido um verdadeiro ambiente de perseguição se instala nas nações, produzindo assim
um dos efeitos colaterais mais nefastos do nacionalismo: xenofobia
O nacionalismo, a partir de então, expressava-se através de ressentimentos
coletivos direcionados a todos aqueles que eram estrangeiros. Nesse sentido, outro
sentimento vai ganhar força ainda na Europa do Século XX: o anti-semitismo, tendo
como alvo especifico: os judeus.
E em se tratando de anti-semitismo, podemos dizer inclusive, a grosso modo,
que esse sentimento foi um dos combustíveis utilizados por Adolf Hitler, para incitar o
ódio alemão pelos Judeus na Segunda Guerra Mundial.
O que se pode ver em tudo isso, é que em todos esses fatores (imperialismo,
Xenofobia e anti-semitismo) só vieram a tona, em decorrência da idéia de superioridade
que estava presente em todo os enredos nacionalistas.
O mais triste em tudo isso, foi ver milhares de pessoas sendo mortas, famílias
sendo destruídas, lugares sendo devastados, tudo em razão de um ideal, cujo os
interesses que não atendiam as camadas populares, mas sim, as grande elites dos
Estados nacionais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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