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Este processo se inicia ainda no fim do Império, quando o Brasil começa a dar seus primeiros passos
rumo à substituição do modelo agroexportador pelo capitalismo industrial.
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914/1918), temos a intensificação desse processo. O cenário
do país era voltado basicamente para produção cafeeira, com a valorização desse mercado por parte dos
governantes (política do café-com-leite).
Estes governantes adotavam uma política que visava mascarar a queda nas vendas do café e
proteger, acima de tudo, os interesses do setor cafeeiro. Nesse período existe a formação dos chamados
“estoques reguladores” que consistiam no financiamento externo para suportar essa produção – o governo
pegava empréstimos externos e internos para comprar o excedente da produção e manter as vendas em
alta – com o estoque regulador representando mais de 10% do PIB do país nesse momento.
Tal atitude tinha consequências péssimas para o país como aumento do endividamento externo e
expansão da base monetária, que levava a uma inflação desenfreada. A Crise de 1929 chega e a política de
valorização do café continua, pois agradava a parcela dos governantes que detinham esse monopólio. E,
apesar da crise, a produção do café atinge seu ápice em 1933 com a manutenção do lucro dessa pequena
parcela da população.
Porém, por outro lado, essa política de fomento de renda estimulada pela política cafeeira
provocava contínuo processo de desvalorização da moeda. Isso gerava um efeito dominó, com aumento nos
preços relativos e consequente queda nas importações (pois o preço aumentava também).
Então, após a crise de 1929, inicia-se um período em que os investimentos externos escassos e a queda nas
importações levam o país a voltar-se para o próprio mercado, buscando no capital nacional, na sociedade
(via impostos) e no Estado, as fontes de recursos para o crescimento econômico.
Esse cenário leva a um incentivo à produção interna com fortalecimento dos setores produtores
internos aliados aos setores que acumularam renda oriunda da política cafeeira. Temos início ao Processo
de Substituição das Importações, que se desenvolve em “rodadas”, uma vez que o fim de um ciclo gera a
demanda por outros tipos de bens.
Contou com um incentivo natural às industrias (tecelagem, cimento, ferro e aço) - que já estavam
instaladas no país e não exigiam muita tecnologia nem investimento e não sofreram as consequências da
crise de 29.
O PSI é uma industrialização fechada, pois:
É voltado para dentro, visa o atendimento do mercado interno.
Depende de medidas que protejam a indústria nacional como:
Desvalorização cambial
Controles cambiais
Taxas múltiplas de câmbio
Tarifas aduaneiras
O motor do PSI é o estrangulamento externo, o que significa dizer que essa industrialização não visava
reais melhorias em maquinário, funcionários ou processos, a aposta dessa medida era em aumentar o preço
do produto importado para que a população desse preferência ao produto nacional.
Contudo, obviamente as coisas não aconteceram de uma maneira tão linear assim, pois desde o
início do processo houveram diversas iniciativas para desenvolver setores mais “pesados” da indústria.
“Crescer 50 anos em 5” - JK
O Plano de metas dividiu-se em 31 metas que privilegiavam 4 setores da economia brasileira: energia,
transporte, indústrias de base e alimentação
Energia (metas de 1 a 5): Energia elétrica, nuclear, carvão, produção e refino de petróleo;
Transportes (metas de 6 a 12): Reativar estradas de ferro, estradas de rodagem, portos, barragens,
marinha mercante e aviação.
Alimentação (metas de 13 a 18): trigo, armazenagem e silos, frigoríficos, matadouros, tecnologia no
campo e fertilizantes.
Indústrias de base (metas de 19 a 29): Alumínio, metais não ferrosos, álcalis, papel e celulose,
borracha, exportação de ferro, indústria de automóveis e construção naval, máquinas pesadas e
material elétrico.
Educação (meta 30)
Brasília (meta 31) - meta-síntese
*Normalmente uma Política Monetária tem como objetivo principal a estabilização da moeda e
para isso usa mecanismos de controle como: taxa de juros e disponibilidade do sistema financeiro. O
objetivo do plano de metas não é a estabilização da moeda, é o crescimento, desenvolvimento e
industrialização, por isso pode ser chamada de passiva.
Como o governo se financia? Impostos. Para financiar o plano de Metas, o governo deveria ter feito
uma reforma fiscal para aumentar a arrecadação de impostos. Em vez disso, preferiu apenas emitir moeda
(expansão monetária).
Para avaliar o governo Juscelino, deve-se ressaltar a virtuosa combinação de crescimento
econômico acelerado, transformação estrutural da economia brasileira e pleno gozo das liberdades
democráticas no país.
As principais metas de ampliação da produção e da infraestrutura econômica, reunidas no
Programa de Metas, foram alcançadas assim como a meta-síntese da construção de Brasília (propulsora da
interiorização de ocupação econômica e demográfica do Brasil, que se desenrola até hoje). Nesse sentido, a
política de desenvolvimento econômico de JK foi coroada de sucesso, ainda que deva se lembrar que
agravou a concentração regional da produção e foi omisso em relação a agricultura e à educação básica.
Pelo outro lado, Juscelino deixaria para seus sucessores a parte ruim dos “50 anos em 5”: a inflação
alta, o déficit público e a deterioração das contas externas.
A disputa pela sucessão de Juscelino leva a eleição de Jânio Quadros. Defrontado com os problemas
macroeconômicos herdados da administração de JK, ele lançou um pacote de medidas ortodoxas, que
incluíam uma forte desvalorização cambial e a unificação do mercado de câmbio, a contenção do gasto
público, uma política monetária contracionista e a redução dos subsídios às importações do petróleo e
trigo.
Tudo indicava, que se não possuía um conjunto de metas de desenvolvimento econômico, possuía
uma estratégia que previa o esforço de estabilização doméstica e a recuperação do crédito externo, ao qual,
se seguiria a retomada, em novas bases, do crescimento, contando com a contribuição decisiva dos capitais
estrangeiros, oficiais e privados.
No entanto, sem base parlamentar, Jânio renunciou num dos gestos mais dramáticos da história do
país. O seu sucessor, o vice João Goulart, sofre um veto militar. O congresso, para conciliar o cenário de
tensão, aprova a mudança do sistema de governo para parlamentarista permitindo que Jango tomasse
posse com poderes reduzidos.
Após dois anos nessa situação e vendo-se tolido em seus poderes, o presidente decide antecipar o
plebiscito sobre o regime do governo e consegue o retorno ao presidencialismo.
Nesse cenário é lançado o Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social que teve como
pano de fundo a queda na taxa de crescimento da economia e visava conciliar crescimento com reformas
sociais (agrária e crescimento do salário real) e combate à inflação, buscando utilizar medidas heterodoxas.
A situação econômica no país estava bastante complicada após os Estados Unidos negarem a
proposta de reescalonamento da dívida externa e ajuda financeira adicional. Com isso, em 63, João G.
abandona a ortodoxia econômica e decide restituir os subsídios ao trigo e ao petróleo (que haviam sido
abolidos em janeiro de 1963), aumentou em 60% os vencimentos do funcionalismo e reajustou o salário-
mínimo em 56%. A taxa de inflação mensal tornou a se acelerar, mantendo-se em patamar elevado até ó o
fim de 1963.
Nessa mesma época assiste-se ao descontrole das contas públicas (aumento significativo da oferta
de moeda) e à permanência do déficit do balanço de pagamentos, em meio a redução das entradas
autônomas de capitais. Isso tudo resultou numa forte desaceleração da atividade econômica, resultante
tanto das medidas contracionistas do Plano Trienal, como de fatores estruturais relacionados à perda de
dinamismo do processo de substituição das importações.
Politicamente, agrava-se a radicalização no país com, de um lado, a invasão de terras e expropriação
de capitais estrangeiros, nacionalização empresas de petróleo e comunicações e remessa de capitais e, de
outro, o acirramento da conspiração militar contra João Goulart.
A deterioração do quadro macroeconômico conturbou ainda mais o quadro político já bastante
instável, que somado a um descontentamento geral (classes empresariais, média, sindicalismo, os militares,
Igreja) culminou com o Golpe civil-militar de março 1964, que derruba J.Goulart e alça ao poder o Gal.
Castello Branco.
Economia planificada e o “Milagre Econômico” – 1964 até 1973
Cenário Político:
Regime de exceção após golpe militar de 1964 (regime político ditatorial)
Três presidentes militares: Castello Branco, Costa e Silva e Médici (4 anos)
Retomada do crescimento para legitimar o regime através de vários planos econômicos com o
objetivo de salvar o país do caos econômico e político
Desequilíbrio na relação entre as 3 forças de poder – Executivo, Legislativo e Judiciário
Ato Institucional n°5 de 1968 fecha o Congresso
Cerceamento das liberdades democráticas e de expressão
Política de relação trabalhista - Legislação sem direito de greve
Política salarial restritiva – regras de correção
Contenção salário real
Fase de ajustes conjuntural e estrutural para conter inflação, desequilíbrio externo e estagflação
(estagnação da atividade econômica, acompanhada de aumento da inflação) do início do período
Em 1968, a economia brasileira inaugurou uma fase de crescimento vigoroso, com o período de maior
crescimento do PIB na história brasileira (11% a.a em média) decorrente de fatores como:
Reformas institucionais do PAEG (medidas de exportação e crédito a longo prazo)
Existência de capacidade ociosa na economia (indústria), fruto da debilidade econômica do periódo
anterior
Crescimento da economia internacional (ampla liquidez no mercado internacional)
Afrouxamento das políticas monetária e fiscal no Brasil
O regime autoritário vigente, que facilitava a implementação das políticas do governo
A “simpatia” americana pelo regime
Políticas do Período:
Política Monetária: "flexível e gradualmente expansionista”, com redução da taxa de juros
Política de Crédito: expansionista para o consumo (crédito ao consumidor - CDC) e agricultura
Controle de Preços: Para compensar os possíveis efeitos da expansão monetária sobre a inflação,
foram instituídos controle de preços, através de um órgão criado para esse fim, inicialmente CONEP
de caráter voluntário, depois CIP (Conselho Interministerial de Preços) de controle compulsório
(1967). Passou a tabelar não apenas preços públicos (tarifas, câmbio e juros do crédito público),
mas também uma série de preços privados — basicamente, insumos industriais. Os juros cobrados
pelos bancos comerciais foram também tabelados pelo Bacen.
Política Fiscal: também "flexível" e gradualmente expansionista com incentivos fiscais e juros
subsidiados. Crescente financiamento do déficit público através da emissão de títulos, mantendo
elevado o nível de dispêndio (especialmente para investimentos em infraestrutura)
Política Cambial e de Comércio Exterior: introdução das minidesvalorizações cambiais (1968), que
incentivando o aumento das exportações, visava evitar que a inflação causasse uma defasagem
cambial significativa, que viesse a prejudicar a balança comercial e, indiretamente, a atividade
econômica.
Política de Investimentos: empréstimos externos e investimento direto, ação do BNDE também para
setor privado, extensão da CM aos vários instrumentos financeiros da economia (inicialmente
apenas títulos e financiamento habitacional)
Política Salarial: preocupação com custos, manteve fórmula anterior, mas atenuando os efeitos
negativos sobre o salário real (expandindo demanda)
Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED), foi um plano nitidamente mais desenvolventista do
que o PAEG, e tinha como prioridades:
o Estabilização gradual dos preços, mas sem a fixação de metas explícitas de inflação
o Fortalecimento da empresa privada, visando à retomada dos investimentos
o Consolidação da infraestrutura, a cargo do governo
o Ampliação do mercado interno, visando a sustentação da demanda de bens de consumo.
Balança do Período:
Forte crescimento da economia (11% a.a, em média), liderando bens de consumo duráveis (carros,
eletrodomésticos) e bens de capital (máquinas, equipamentos)
Acumulação de reservas de recursos externos (US$ 0,3bi para US$ 6,4bi) em função das transações
com o exterior
Superávits do balanço de pagamentos (mais de US$ 2bi em 1972-1973) devido a exportações
(balança comercial positiva) e investimentos/empréstimos (balança de capital positiva) – a
tendência à redução dos saldos do BP à medida que o PIB brasileiro crescia foi evitada com base
numa política deliberada de captação de recursos externos
Forte crescimento das importações e exportações (25% a.a, em média)
Aumento da taxa de investimento (de 15,5% para 19,5% a.a., em média)
Balança comercial (praticamente nula entre 1968-1973) + Balança de serviços (juros, seguros,
fretes) = Balança de transações correntes (saldo em conta corrente negativo devido principalmente
aos juros/seguros/fretes que o Brasil tinha que pagar)
Cenário:
Plano que estava sob responsabilidade do Ministro Reis Veloso com PIB entre 8 e 9% e inflação
anual abaixo dos 20%.
Aumento das reservas cambiais em $ 100 MM e da taxa de investimento (17 para 19%)
Queria duplicar a renda per capita até o final de década, com taxa de expansão do nível de emprego
em 3,2%
Momento de transição política do Médici para Geisel
Resultados:
Aumento da dependência externa – financiamento e importações de bens de capital e petróleo
Aumento da participação do petróleo no consumo de energia primária – 34 para 40%
Aumento da dívida externa – US$ 15 bilhões em 1973
Como existe dependência externa (vulnerabilidade externa do país), vai ter que: gerar superávits
comerciais para compensar (total ou parcialmente) as despesas financeiras, controlando os déficits
em conta corrente; e/ou captar novos recursos no mercado externo, refinanciamento da dívida
(renegociação dos prazos e das taxas de juros) para compensar os déficits correntes com superávits
na conta de capital
Essas ações aumentam a dependência ao mercado internacional, ficando mais vulnerável aos seus
reveses. A geração de superávits comerciais requer política cambial adequada e demanda externa
em crescimento enquanto a emissão de novas dívidas requer um mercado internacional com
disponibilidade de liquidez e receptivo a novas dívidas do país devedor
Crescimento do país fica dependente do cenário externo e como solução para crise, deve-se reduzir
as importações, desvalorizar o câmbio, etc.
1º Choque do Petróleo:
Em dezembro de 1973, ocorre o 1º choque do petróleo: Houve aumento alto e brusco do preço por
barril pelos países da OPEP ($3,29 para $11,58)
A dependência externa do Brasil passa para uma posição de restrição externa (com os novos preços,
a capacidade de importação é diminuída e, consequentemente, o crescimento também)
Para os países desenvolvidos, os efeitos do choque foram o aumento dos juros (que ocasiona o
aumento da dívida brasileira) e a contração da atividade econômica (que ocasiona a redução das
exportações brasileiras, pois esses países passam a importar menos)
Para o Brasil, os efeitos foram a balança comercial deficitária em $4,7bi e a redução da taxa de
crescimento do PIB (14 para 8,2%)
Ocasionou a entrada de “petrodólares” no mercado financeiro internacional que são a
liquidez/dinheiro vindo da venda de petróleo internacional. Há um aumento de recursos nos países
produtores de petróleo, gerando uma liquidez internacional. Esse dinheiro, a princípio, migra para
os países industrializados em busca de retorno financeiro (o que alivia as dificuldades após o
choque do petróleo para estes países), mas os petrodólares acabam sendo emprestados para os
países dependentes, aumentando o endividamento
Houve financiamento dos déficits em conta corrente de países em desenvolvimento
Diante da economia superaquecida e do choque externo, o governo Geisel tem duas opções:
1. Ajuste (desvalorização cambial – mudanças de preços relativos - e recessão momentânea, para
corrigir desequilíbrio externo e evitar que elevação do preço do petróleo se transformasse em
inflação permanente – inflação de custo. Isso permite o crescimento econômico somente se este for
liberado pelo aumento das exportações liquidas e pela redução da absorção interna) – modelo de
ajuste conjuntural e potencial recessivo
2. Financiamento (obter empréstimos externos, manter crescimento e, gradualmente, ajustar preços
relativos. Busca a superação da dependência externa, investimento na ampliação da capacidade de
produção doméstica de bens e capital e petróleo) – modelo de ajuste estrutural que visa remover
ou atenuar a restrição externa
Questão de Prova
Que medidas o governo tem que tomar para sair dessa posição de restrição externa?
- Promover o ajuste externo através de desvalorização cambial (mudança nos preços relativos), o que
permite crescimento econômico somente se for liderado por aumento das exportações liquidas (modelo de
ajuste conjuntural potencialmente recessivo)
- Buscar a superação da dependência externa, investindo na ampliação da capacidade de produção
doméstica de bens de capital e petróleo, o que também contribuiria a longo prazo para reduzir a
dependência financeira (estratégia de ajuste estrutural, visa diminuir a restrição externa de forma
duradoura através da substituição de importações e do aumento da capacidade de exportar, o que também
contribuiria a longo prazo indiretamente par reduzir a dependência financeira)
Governo opta pelo financiamento e lança o II Programa Nacional de Desenvolvimento (1974) com
responsabilidade do Ministro Delfim Neto
O II PND procurava ajustar a estrutura de oferta de longo prazo da economia brasileira, aprofundando o
processo de substituição de importações e ampliando a capacidade exportadora. Essa estratégia dependia,
crucialmente, de manutenção do financiamento externo (dívida contratada a juros flutuantes)
Os setores visados pelo II PND foram bens de capital e insumos industriais (“completando” a estrutura
industrial do País) com papel fundamental das Estatais. Setores de infraestrutura, energia e exportação
também eram focos do plano.
Metas do II PND:
PIB de 10% e crescimento industrial de 12%
Renda per capita de US$ 1.000
Crescimento de 20% das exportações, sendo 7% da agricultura
Captação de recursos externos através da liquidez dos petrodólares
Investimentos de empresas estatais e privadas
Avançar no processo de substituição das importações e ampliar capacidade exportadora do país de
bens primários, semimanufaturados e manufaturados
2º Choque do Petróleo:
Em 1979, ocorre o 2º choque do petróleo com novo aumento brusca do preço por barril ($13,6 para
$30)
Interrompeu, de forma duradoura, o fluxo de capital dos países industrializados para aqueles em
desenvolvimento
Ocasiona a elevação das taxas de juros internacionais, levando a um novo patamar de juros e à
recessão dos países industriais
No Brasil, houve aumento do déficit em conta corrente por conta do aumento das importações,
diminuição das exportações e aumento das despesas com dívida externa devido aos juros na
balança de serviços (taxas flutuantes – revistas a cada seis meses)
Os juros mais altos também dificultam a captação de novos empréstimos pelos países já
endividados (atraem recursos para os países industrializados e aumentam o risco atribuído aos
países devedores)
Resultado desse cenário foi o racionamento de crédito para os países altamente endividados,
levando à “crise da dívida” da América Latina. Como não podiam saldar ou refinanciar as despesas
elevadas, esses países tiveram que declarar moratória da dívida externa (México foi o primeiro) que
prejudica a credibilidade do país (dificulta novas captações e rolagem da dívida)
Em resumo, Geisel tomou a decisão de manter o crescimento, aumentar as exportações e fazer o 2º PND
Resultados do 2º PND:
Objetivos estruturais foram alcançados
Custos macroeconômicos consideráveis (crescimento do PIB diminuiu, inflação alta, déficit da
balança de pagamentos, endividamento externo)
Endividamento externo com consequências para década seguinte
Completou modelo de substituição de importações (ISI – indust.subst.import)
Considerável crescimento econômico
Mudança na estrutura produtiva do país (insumos que antes eram importados passaram a ser
produzidos internamente)
A substituição de importações promovidas pelo II PND fez com que a contração das importações
fosse bem maior do que a do PIB durante a recessão (explicada pela significativa redução da
quantidade já que os preços caíram apenas moderadamente)
A queda nas importações de petróleo refletiu em outro efeito estrutural do II PND: a substituição do
insumo na matriz energética brasileira (participação reduziu de 43% em 1978 para 34% em 1983)
A quantum de exportações cresceu continuamente a partir de 1978 (com exceção de 1982, auge da
recessão internacional)
A Década de 80: A “Década Perdida”?
Contexto Econômico:
Início: Desequilíbrio externo, choques de oferta e déficits públicos (pressões inflacionárias que
se propagam devido à indexação da economia). Inflação de 77% com tendência de aceleração
(1979)
3 fases em relação ao PIB: Elevadas taxas de crescimento (79-80); Recessão (81-83);
Recuperação puxada pelas exportações (84)
Os objetivos de mudança estrutural do II PND foram alcançados. Porém, houve custos
macroeconômico. A estratégia de endividamento externo que viabilizou o II PND foi ousada e
causou dificuldades à economia brasileira na década de 80
Cenário:
Internacional: 2º choque do petróleo (1979) e elevação da taxa de juros internacional
Doméstico: Pressões inflacionárias e deterioração da situação fiscal do governo (redução da
carga tributária bruta, aumento dos juros da dívida interna, orçamento monetário deficitário)
Início de 1979: a economia brasileira entrava no 12º ano consecutivo de vigoroso crescimento e
endividamento externo. Mercado internacional ainda se mostrava favorável a esse modelo de
crescimento, mas dava sinais de iminente mudança. Houve aumento dos juros básicos nos EUA
e, internamente, a inflação acelerava, apesar das políticas de controle da demanda agregada
(por vias fiscal e monetária) implementada desde 1976
Meados de 1979: Com o segundo choque de petróleo, há a resposta restritiva dos países
industrializados que elevaram suas taxas de juros. Mudança longa do cenário externo
Resumo do Período:
O país vinha de um processo de crescimento econômico positivo em 1984 e o bom resultado nas
contas externas desse ano se deve ao processo de amadurecimento dos investimentos em
substituição de importações e promoção das exportações do II PND, à maxidesvalorização da
moeda de 1983, à recessão verificada nos anos anteriores e à recuperação da economia
americana
Combate à inflação era meta principal
Diferentes planos de estabilização: Cruzado (1986), Bresser (1987), Verão (1989)
Elementos principais: heterodoxia e inflação inercial
Oscilações na inflação e no crescimento
Ambiente de redemocratização
Até governo Collor (1990), o Brasil ficou excluído do fluxo de capitais internacionais
Descontrole das contas públicas (aumento do déficit operacional)
Endividamento interno crescente, prazos mais curtos, taxas de juros e liquidez crescentes
Política monetária: necessidade de sustentação dos juros elevados, com endogenização da
oferta de moeda (descontrole da política monetária)
Subindexação de contratos para reduzir o valor real da dívida pública
OBS: teses ortodoxas veem a inflação essencialmente como resultado de um excesso de demanda,
provocado, em geral, por um governo que gasta além do que arrecada. Teses heterodoxas admitem a
possibilidade teórica de inflação de demanda, no sentido de que, acima do pleno emprego, expansões
fiscais geram inflação (inflações de custos)
Medidas:
o Reforma monetária e Congelamento: a mudança de moeda tinha como objetivo criar a
imagem de uma nova moeda forte e permitir a intervenção de contratos. O
congelamento dos preços leva à queda imediata da inflação. Põe fim à chamada inércia
inflacionária provocada pela indexação. A demanda cresce (pessoas tem a sensação de
que tem mais dinheiro e podem comprar mais) e a oferta diminui (falta de produtos,
muitas filas e produção industrial despenca)
o Desindexação da Economia: O objetivo era acabar com o problema da expectativa de
inflação embutida nas obrigações financeiras, evitando transferências de renda entre
credores e devedores que seriam especialmente graves em caso de papéis com
rendimentos nominais pré-fixados
o Índice de preços e caderneta de poupança: O objetivo era eliminar a contaminação do
índice pela inflação do mês de fevereiro. As cadernetas de poupança passavam a ter
rendimentos trimestrais, e não mensais. O intuito era evitar o fenômeno da ilusão
monetária (queda do rendimento nominal e consequente despoupança)
o Política Salarial: os salários em cruzados deveriam ser calculados pela média dos últimos
seis meses (setembro de 1985 a fevereiro de 1986) em valores correntes
Crescimento econômico em função do crescimento que já vinha antes, do aumento da renda
real, da ilusão monetária e da expansão da oferta de moeda e taxas de juros baixas
Crescimento leva à pressão sobre vários mercados. Pressiona alguns setores de bens de
consumo (gera escassez, filas e ágios) e causa problemas na Balança Comercial e nas contas
externas
O Plano levou a um superaquecimento da economia e o governo se viu diante da necessidade de
descongelar os preços. Porém, a população não iria aceitar isso de forma positiva
Do Cruzado à Moratória:
A diferença entre o II PND e o Plano Cruzado é que o II PND foi todo concebido, tinha uma lógica
de criação antes de ser posto em prática. Já o Plano Cruzado foi uma série de tentativas e erros,
sem planejamento (problemas de concepção e execução)
Cruzadinho: primeira tentativa tímida de conter a demanda. Pacote fiscal para desaquecer o
consumo e, ao mesmo tempo, financiar um plano de investimentos em infraestrutura e metas
sociais
O descontentamento com o Cruzadinho foi geral, pois era insuficiente para desaquecer o
consumo e gerou poucos recursos para financiar o programa de investimentos anunciado pelo
governo. A insatisfação da população, que já vinha crescendo com os problemas do ágio e do
desabastecimento, aumentou ainda mais com a eliminação do índice de preços oficial
Com o desabastecimento, governo recorre às importações, impactando na balança comercial
somente no segundo semestre de 1986
Cruzado II: novo pacote fiscal, com o objetivo de aumentar a arrecadação em 4% do PIB. Para tal,
houve a contenção do déficit público (aumento dos tributos, mas sem redução dos gastos) e
realinhamento de preços. Anúncio do aumento de impostos indiretos em produtos da “ponta”
do consumo (automóveis, cigarros e bebidas)
Saída descoordenada do congelamento com elevação da taxa de juros real (reintrodução de
mecanismos de indexação)
Com a expressiva piora das contas externas, foi decretada a moratória unilateral da dívida
externa em 1987, o que diminuiu ainda amis a entrada de recursos externos no país
Constituição de out/1988:
O aumento permanente do gasto público e o “engessamento” do orçamento do governo federal
(vinculações para a Saúde, Educação etc.) estão na raiz dos problemas fiscais das últimas duas
décadas
Com a chamada “Constituição cidadã”, criaram-se novos gastos (na área da Previdência,
sobretudo) e mais transferências para Estados e Municípios, com a consequente necessidade de
se elevar a carga tributária
A Constituição apresentou diversos avanços em relação aos direitos, mas afetou severamente a
capacidade do governo controlar as contas públicas por conta do crescimento da vinculação de
receitas do governo, da redução da participação dos gastos federais no total do gasto público
(diminuindo a capacidade de controlar os dispêndios) e do incremento das despesas com a
Previdência