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Objetivo do estudo: fazer uma análise dos pressupostos das teorias de aprendizagem e
desenvolvimento que tem fundamentado ou dado suporte às tendências pedagógicas nas
últimas décadas. Enfatizando a importância de se compreender a relação entre
psicologia e educação.
A psicologia, na área educacional, foi produzida a partir de condições históricas
determinadas. “Partiu de uma visão organicista, com fundamentos na biologia; de uma
visão clínica do trabalho no âmbito educacional, no sentido de diagnóstico e tratamento
dos problemas de aprendizagem, e de uma visão psicometrista, que selecionava os mais
“aptos”, depositando no aluno a culpa pelo “não aprender”.” (p. 99-100).
O ideário liberal tem norteado grande parte da atuação dos psicólogos, assim, a
intervenção dos profissionais da psicologia na escola tem, muitas vezes, buscando a
harmonia social, o ajustamento e o enquadramento dos homens às normas sociais
estabelecidas. Porém, uma parcela de estudiosos têm procurado construir uma leitura
crítica da educação e da psicologia, sendo uma visão cheia de avanços e retrocessos,
assim, sendo povoada de contradições.
Hoje já é possível apontar no plano teórico algumas produções e intervenções da
psicologia educacional a base marxista - com o objetivo de analisar o psiquismo
humano a partir da historicidade de todos os fenômenos e considerar o processo
educacional inserido em e decorrente de condições materiais determinadas.
Tendência pedagógicas e teorias psicológicas
A autora irá se basear nas pesquisas de Saviani (1986-1994) para analisar as
tendências pedagógicas, dividindo-as, assim, em: tendências não-críticas (pedagogia
tradicional, pedagogia nova, pedagogia tecnicista) e tendências críticas (pedagogias
crítico-reprodutivista e a pedagogia histórico-crítica). Pode-se incluir no primeiro grupo
o construtivismo, a teoria do professor reflexivo e a pedagogia das competências. “As
teorias não-críticas tomam a educação como autônoma e buscam compreendê-la a partir
dela mesma, encarando-a como um instrumento de equalização social. Já as teorias do
segundo grupo buscam compreender a educação “remetendo-a sempre a seus
condicionantes objetivos, isto é, aos determinantes sociais, vale dizer, à estrutura sócio-
econômica que condiciona a forma de manifestação do fenômeno educativo.”
(SAVIANI, 1986, p. 9).” (p. 101).
No Brasil, até 1920, houve predomínio da Escola Tradicional. “Nessa
perspectiva, o professor tinha a função de transmitir o acervo cultural aos alunos e estes
tinham que assimilar os conhecimentos. Nesse período, predominava o modelo
agroexportador e a maioria da população não tinha acesso à escola.” (p. 101-102). A
educação era privilégio de uma pequena parcela da população, que tinha poder
econômico e político. O analfabetismo era muito grande. Nessa época, a psicologia era
praticada em laboratórios, baseando-se em modelos biológicos e físicos, extraídos da
medicina.
De 1930 até 1960, percebe-se forte influência da Escola Nova, cujo o objetivo
era rever as formas tradicionais de ensino. O Brasil neste momento é marcado por for
industrialização, que exigiria uma qualificação dos trabalhadores. Houve exigência do
crescimento quantitativa da escola e mais qualidade no ensino. “A ênfase na Escola
Nova passa a ser a criança, o respeito à sua individualidade: professor e conteúdos são
colocados em segundo plano.” (p. 102). Tinham como cresça que a escola poderia ser
um instrumento adequado para a criação de uma sociedade solidária e cooperativa.
Piaget, no campo da psicologia, deu sustentação científica, defendendo princípios como
respeito à atividade do aluno, cooperação e solidariedade, autonomia e a importância do
trabalho em grupo. “No entanto, o movimento da Escola Nova não considerava as bases
históricas da sociedade; é como se a escola, por si mesma, pudesse resolver os
problemas produzidos pelo contexto político-econômico.” (p. 103). Foco no “aprender a
aprender” - psicologização dos problemas escolares, individualismo. Baseando-se no
mito da igualdade de oportunidades encontra da psicologia, com seus teste psicológicos,
uma forte aliada, pois esta se propunha a explicar “cientificamente” as diferenças
individuais e, consequentemente, as desigualdades sociais - prática de diagnosticar.
A partir de 1961 foi introduzida no Brasil a Análise Experimental do
Comportamento. A psicologia procurava explicar os problemas educacionais por uma
nova perspectiva. Nesse momento os aspectos sociais, além dos biológicos, são levados
em conta. Neste momento, é importada dos EUA a teoria da carência cultural, que
busca explicar o fato de grande parte das crianças das escolas públicas fracassarem nos
estudos - o aluno que fracassava era socialmente desfavorecido. “As causas apontadas
para o insucesso escolar eram as seguintes: problemas de desnutrição, precárias
condições de saúde dos alunos, Quociente de Inteligência (QI) baixo, deficiência de
linguagem, imaturidade e carência afetiva.” (p. 105). “Acreditava-se que a educação
poderia superar os problemas sociais por meio dos programas de educação
compensatória e de ações assistencialistas.” (p. 106). A partir dessa época a psicologia
escolar foi se firmando no Brasil.
O período de 1964 até 1977 é caracterizado pela vigência do modelo econômico
de internacionalização do mercado interno, com a instalação de multinacionais no Brasil
e também pela implantação do regime militar. “Esses fatores provocaram um aumento
na exigência de qualificação de mão-de-obra e uma reorientação do sistema educacional
no intuito de suprir as demandas materiais e ideológicas dessa nova ordem.” (p. 106).
Nesse período o governo tenta acabar com o Analfabetismo, criando o Movimento
Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL). A reforma educacional, em 1971, tem como
meta a profissionalização precoce, tal reforma, pautada ainda em postulados
piagetianos, mais uma vez vem atender aos interesses da classe dominante, e o sistema
educacional tem o predomínio de uma função conservadora. “É nessa perspectiva
instrumentalizadora que se articula a pedagogia tecnicista.” (p. 107 - grifos meus).
Encontra na AEC a sua complementação psicológica. “Nesta abordagem, conforme
Saviani (1986), os princípios da racionalidade, da eficiências e da produtividade
deveriam dirigir o processo educativo de forma que o tornasse objetivo e operacional.”
(p. 107). “O professor quase desaparece nesse tipo de pedagogia, pois ele é apenas uma
espécie de aplicador de técnicas já previamente estabelecidas.” (p. 107). Nesse contexto
o psicólogo passa a intervir mais na escola, com práticas de ajustamento social, medidas
individualistas e remediativas.
Anos 1970: começam a surgir, também a crítica às orientações pedagógicas
tradicionais. Tiveram forte apoio das teorias crítico-reprodutivistas, que postulam ser
impossível compreender a educação sem considerar os seus condicionantes sociais e
que a educação é essencialmente reprodutora das relações de poder existentes numa
determinada sociedade. Tais teorias desmitificavam o pressuposto liberal da autonomia
da escola e de seu poder de transformação social, mas criaram um pessimismo nos
meios educacionais, levando os educadores a consciderarem inúteis os seus esforços em
prol da educação.
“Saviani (1994) afirma que a partir de 1979 torna-se mais sistematizada a análise
historicizadora e dialética da educação, tomando corpo uma nova tendência pedagógica
denominada “pedagogia histórico-crítica”.” (p. 109 - grifos meus). Nessa perspectiva
incorpora-se as críticas das teorias crítico-reprodutivistas, mas supera-se o caráter
unilateral e não-dialético contido na ideia de que a educação seria reprodutora apenas
das relações de poder existentes numa determinada sociedade. A partir dessa época a
psicologia começou a se preocupar com a realização de pesquisas em condições
habituais de vida, valorizando mais a interação sujeito\ambiente e não fatores
individuais, biológicos ou da personalidade individual. “Começou a se verificar práticas
contemplando os determinantes concretos, sociais e históricos das necessidades e
dificuldades que envolviam as instituições de ensino.” (p. 109). - Patto
A Educação e a Psicologia na Atualidade
“Afirmar que as tendências educacionais perderam força em determinado
momento, tendo surgido outras tendências, não significa afirmar que as primeiras
desapareceram ou mesmo que elas não possam retornar com força ao cenário
educacional.” (p. 110). É o caso, por exemplo, do escolanovismo, que foi revigorado e
atualizado por meio da difusão das correntes do construtivismo, teoria do professor
reflexivo e a pedagogia das competências. O tecnicismo foi renovado, também, por
meio da ênfase nas novas tecnologias da informação. “As pedagogias não-crítica não
cederam tranquilamente seu espaço a uma pedagogia histórico-crítica.” (p. 110).
O lema “aprender a aprender” ainda se encontra presente nos documentos
oficiais na nossa época. As ideias de Piaget, construtivismo, têm sido uma das
principais bases teóricas das reformas educacionais já por várias décadas. O
construtivismo apresenta tendências para o ecletismo.
A autora defende a aproximação da teoria psicológicas histórico-cultural com a
pedagogia histórico-crítica, pois ambas possuem bases marxistas e estão
compromissadas com a superação da sociedade capitalista e construção de uma
sociedade comunista. Permite perceber a importância que a aprendizagem escolar
adquire no sentido do desenvolvimento em geral e no intelectual em particular. “Além
da base marxista, ambos [Vigotski e saviani] dão grande importância à educação escolar
e ao trabalho do professor como mediador entre os alunos e o conhecimento científico
socialmente existente.” (p. 113).
Há um forte processo de distorção da teoria vigotskiana por parte de autores que
procuram incorporar essa teoria a concepções totalmente distanciadas da parspectiva
marxista.
À guisa de conclusão
O que é possível constatar hoje é que, na prática, nem sempre educadores e
psicólogos têm consciência dos fundamentos psicológicos presentes nesta ou naquela
teoria. Podem se utilizar de fundamentos do escolanovismo e se afirmando enquanto
“críticos”. Hoje, em nossa sociedade, há uma forte ênfase no “aprender a aprender”.
Para combater esse tipo de teoria é necessário pensar no homem como um ser que tem
características forjadas no tempo, pela sociedade e pelas relações.
“A construção de uma psicologia marxista da educação requer a superação do
fetiche da individualidade, tão própria da ideologia liberal e tão cultivada até hoje tanto
pela psicologia como pela educação.” (p. 116).