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REVISÃO DE LITERATURA
RESUMO
Nos últimos anos pudemos observar um aumento na qualidade e na quantidade de restaurações de cerâmica pura. Este
aumento se deve principalmente à superioridade estética que estas restaurações apresentam quando comparadas com as
restaurações convencionais com base metálica. No entanto, é sabido que além do fator estético, a resistência e a adaptação
marginal são, também, requisitos fundamentais para a longevidade e o sucesso das restaurações fixas. Diante disso, o
objetivo desse trabalho foi realizar uma análise da literatura sobre a adaptação marginal dos principais sistemas de
cerâmica pura. Após a avaliação dos trabalhos concluímos que a alta qualidade de adaptação marginal das restaurações
é essencial para a saúde do órgão dentário e dos tecidos periodontais; e que em apenas dois trabalhos analisados, algumas
restaurações de cerâmica pura não alcançaram alta qualidade de assentamento marginal, e, portanto, não estavam dentro
dos limites de aceitabilidade clínica de 120μm.
Palavras-chave: Prótese Dentária; Porcelana Dentária; Materiais Dentários
ABSTRACT
In the last years we could notice an increase in quality and quantity of all ceramic restorations. The main cause of this
is relationed to the great esthetics superiority of this restorations comparing to conventional restorations with metallic
base. Is known that beyond the esthetic factor, resistance and marginal adaptation are also fundamental requirements to
the longevity and success of fixed restorations. The aim of this study was analyse the literature about marginal adaptation
of main all ceramic systems. After studies valuation, we can conclude that the high quality of marginal adaptation is
essential to tooth organ and periodontal tissues health; and in only two studies, some all ceramic restorations didn’t
achieve a high quality of marginal adaptation, therefore, weren’t within the established clinical acceptability of 120μm.
Keywords: Dental Prosthesis; Dental Porcelain; Dental Materials
* Resumo da monografia apresentada à Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Odontologia da Fa-
culdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, para obter o título de Especialista.
** Mestre em Dentística Restauradora pela Umesp, Especialista em Prótese Fundecto-USP, Professor da Umesp.
* * * Professor doutor do Departamento de Prótese FOUSP, Orientador da monografia.
**** Professor doutor do Departamento de Prótese FOUSP.
***** Professor doutor do Departamento de Prótese FOUSP.
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GORDILHO, A. C.; MORI, M.; GIL, C.; CONTIN, I.
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A adaptação marginal dos principais sistemas de cerâmica pura
traram uma média de fenda marginal de 84μm e restaurações metalocerâmica. Todas as amostras
para o grupo de coroas cimentadas e média de avaliadas mostraram um certo grau de micro-
75μm para o grupo que não recebeu cimentação.A infiltração e de desadaptação marginal, porém, as
menor e a maior medida registrada de fenda onlays em ouro e a coroa metalocerâmica apre-
marginal para as coroas cimentadas foram respec- sentaram os menores índices. Os valores médios,
tivamente 11 e 313μm enquanto que para as co- a menor e a maior espessura de cimento regis-
roas que não receberam cimentação os valores trados na região marginal foram, respectivamen-
registrados foram ,respectivamente, 18 e 223μm. te, para as onlays em ouro 15 / 5 e 20μm; para
CHAN et al.7 (1989) fizeram um estudo com a coroa metalocerâmica 35 / 20 e 50μm e para
microscopia eletrônica de varredura que tinha as coroas Dicor 75 / 50 e 120μm.
como objetivo verificar a adaptação marginal e FELTON et al.11 (1991) investigaram através
as características microscópicas da interface den- de um estudo clínico a relação entre a adaptação
te/material restaurador de coroas metalo- marginal de restaurações de diversos tipos com
cerâmica, metalocerâmica colarless e coroas de a saúde do tecido periodontal. A partir da aná-
cerâmica pura do Sistema Cerestore. O método lise dos resultados obtidos, os autores concluíram
utilizado neste trabalho permitiu aos pesquisado- que existe uma relação direta entre a presença de
res realizarem uma completa avaliação microscó- sinais clínicos de doença periodontal e pulpar
pica de toda a circunferência marginal das coro- com a baixa qualidade de adaptação marginal.
as cimentadas. Os autores observaram um alto MORRIS 20 (1992) comparou a precisão de
grau de variabilidade de abertura marginal nos adaptação marginal de coroas do Sistema Dicor,
diversos segmentos de uma mesma amostra. Cerestore e metalocerâmica com ombro cerâ-
Diante disto, os pesquisadores questionaram os mico. Os resultados mostraram diferenças estatís-
estudos que investigam a qualidade de adaptação ticas significantes, com valores médios de aber-
marginal observando apenas segmentos isolados tura marginal para término em metal nas coroas
das restaurações podendo gerar conclusões falsas. metalocerâmica (face lingual) de 27,5μm; nas co-
SORENSEN et al.28 (1990) avaliaram a adap- roas Dicor de 63,5μm; nas coroas metalocerâ-
tação marginal de coroas totais de cerâmica pura mica na região em ombro cerâmico (face vesti-
do Sistema In Ceram com diferentes tipos de bular e proximais) de 66μm e nas coroas
término: lâmina de faca, chanfro, ombro e ombro Cerestore de 75μm.
biselado. A avaliação mostrou que os melhores QUALTROUGH et al. 25 (1996) investigaram
tipos de término encontrados foram ombro e a adaptação marginal de restaurações inlays de
chanfro com valores médios de fenda marginal cerâmica utilizando dois métodos de medição do
de 24 e 32μm, respectivamente. A linha de térmi- desajuste marginal. Os resultados mostraram que
no em ombro biselado apresentou uma média de houve diferença estatística significante entre os
desadaptação marginal de 48ì m e o pior término diferentes métodos de mensuração do desajuste
encontrado foi o de lâmina de faca que produzia marginal,sendo que um dos métodos mostrou
uma margem irregular, com sobre contorno e resultados médios menores, da ordem de 32 a
uma média de desadaptação marginal de 67ì m. 64μm, enquanto que o outro mostrou valores
FERRARI 12 (1991) realizou um estudo in médios de 98 a 118μm.
vivo que tinha como objetivo registrar a GROTEN et al.14 (1997) fizeram um estudo in
microinfiltração e a discrepância marginal de vitro para avaliar a adaptação marginal de coroas
coroas totais de cerâmica vítrea do Sistema In Ceram com copings fabricados pelo sistema
Dicor, quando comparadas com onlays de ouro Celay, sendo que, a avaliação da adaptação margi-
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nal foi realizada em todas as fases da fabricação depois da simulação em boca artificial (d.s.) foram
das coroas e a leitura feita com microscopia óp- os seguintes: para as coroas metalocerâmica com
tica e eletrônica. Os autores verificaram que a ombro cerâmico usadas como controle 64μm
análise em microscopia eletrônica confirmou os (a.c) e 87μm (d.c) ; para as coroas In Ceram
resultados da microscopia óptica, e que os diver- 60μm (a.c), 82μm (d.c.) e 77μm (d.s) ; para o Sis-
sos passos para a confecção das coroas não influ- tema Empress técnica maquiagem 47μm (a.c.),
enciaram na adaptação marginal externa. 63μm (d.c.) e 62μm (d.s.); para o Sistema Empress
SULAIMAN et al.29 (1997) fizeram um estudo técnica estratificada 62μm (a.c.), 76μm (d.c.) e
in vitro que tinha como objetivo comparar a 70μm (d.s.); para o Sistema Celay com coroas de
adaptação marginal de três tipos de sistemas de cerâmica feldspática 99μm (a.c.) e 117μm (d.c.) e
coroas cerâmicas. Os autores verificaram que os para as coroas Celay In Ceram 78μm (a.c.) e
valores médios de discrepância marginal obtidos 91μm (d.c.). Os autores concluíram que todos os
em ordem decrescente foram: In Ceram 161ì m, sistemas cerâmicos testados apresentaram adapta-
Procera 83ì m e IPS Empress 63ì m. Além disso, ção marginal aceitável e finalizaram observando
verificaram que a superfície lingual foi a que apre- que a cimentação promoveu um aumento consi-
sentou a maior desadaptação marginal e que du- derável na discrepância marginal em todos os
rante todas as etapas de fabricação das coroas, grupos e que a simulação em boca artificial não
não foram encontradas diferenças significativas. ocasionou alterações significantes.
PRÖBSTER et al.24 (1997) realizaram um es- BOENING et al. 5 (2000) realizaram um es-
tudo in vitro para avaliar as propriedades clínicas tudo in vivo que tinha como objetivo avaliar a
do material cerâmico IPS Empress. O valor precisão de adaptação de coroas cerâmicas do
médio de abertura marginal das coroas não ci- Sistema Procera All Ceram em dentes anteriores
mentadas foi baixíssimo, em torno de 7ì m, en- e posteriores. Os resultados registrados mostra-
quanto que, quando foram cimentadas com ci- ram uma média de desajuste marginal, entre as
mento de fosfato de zinco e cimento resinoso, as coroas que apresentaram fendas menores, de 80
médias subiram para 20 e 50μm, respectivamente. a 95μm nos dentes anteriores e 90 a 145μm nos
MAY et al. 18 (1998) realizaram um estudo dentes posteriores. Entre as coroas que apresen-
para medir a precisão de adaptação de coroas taram fendas maiores, a média de desajuste mar-
cerâmicas fabricadas pela tecnologia CAD/CAM ginal foi de 80 a 180μm em dentes anteriores e
Procera. Os valores médios de abertura marginal 115 a 245μm em dentes posteriores. Os autores
nos pré-molares foram de 56μm e nos molares, concluíram que a adaptação marginal deste siste-
63ì m. Os autores concluíram que as coroas do ma é clinicamente aceitável e que a qualidade de
Sistema Procera podem ser indicadas com con- adaptação das coroas pode variar bastante ao
fiança para áreas estéticas e dentes posteriores. redor de toda margem cervical.
BESCHNIDT; STRUB 3 (1999) avaliaram a OLIVEIRA23 (2002) avaliou em um ensaio in
adaptação marginal in vitro de cinco sistemas de vitro a precisão de assentamento marginal de
coroas cerâmicas (In Ceram, Empress técnica de copings de três sistemas cerâmicos (In Ceram; IPS
maquiagem, Empress técnica estratificada, Celay Empress 2 e Procera All Ceram) em função de
com coroas de cerâmica feldspática e Celay In duas variações de terminação cervical (ombro 90º
Ceram) e compararam com coroas metaloce- e chanfro). Os grupos do Sistema Procera com
râmica com ombro cerâmico. Os valores médios término em ombro e chanfro apresentaram os
de discrepância marginal registrados antes da melhores resultados (23,08 e 25,77μm, respectiva-
cimentação (a.c.); depois da cimentação (d.c.) e mente) e diferiram estatisticamente do grupo do
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sistema In Ceram com término em ombro vos” relatando que estes vêm passando por signi-
(36,11μm), que apresentou o pior resultado ficantes modificações de formulação, tornando-os
médio. O autor finalizou concluindo que em mais simples com relação à técnica de aplicação e
relação ao tipo de terminação cervical, a análise mais compatíveis com as características dos subs-
estatística não foi conclusiva, embora pudesse tratos dentais. Para a simplificação desses adesivos,
sugerir um melhor comportamento do chanfro, houve a necessidade de alterações em sua composi-
pois os grupos com este tipo de término ção, a qual se destaca pela notável presença de
cervical apresentaram desvios-padrão baixos em monômeros ácidos, diluentes e água. Com essa for-
comparação aos grupos com ombro 90º. mulação, esses agentes tornaram-se mais hidrofílicos
KEYS15 (2002) descreveu um método para e, portanto, mais susceptíveis à absorção de água e
verificar o assentamento de restaurações metá- conseqüente degradação ao longo do tempo.
licas e de cerâmicas puras. As etapas do proce- DENRY 10 (2004) no capítulo sobre cerâmicas
dimento eram as seguintes: 1) Secar a superfí- odontológicas relatou que as restaurações confec-
cie interna da restauração com jato de ar. 2) cionadas com a tecnologia CAD/CAM apresentam
Colocar partes iguais da base e do catalisador uma adaptação marginal insatisfatória. O autor
do fit checker (GC Dental Industrial Corp) em sugeriu , então, que a cimentação destas restaura-
um bloco de manipulação. 3)Borrifar uma pe- ções deve ser feita com cimentos resinosos, com-
quena quantidade de dry aerosol indicator pensando assim, esta limitação.
(Occlude; Pascal Co) no bloco de manipulação QUINTAS et al.26 (2004) fizeram um estudo in
entre a base e o catalisador do fit checker e vitro para avaliar a discrepância marginal vertical de
com uma espátula combinar os três materiais copings cerâmicos dos Sistemas Procera, Empress
produzindo uma mistura homogênea. 4) Apli- 2 e In Ceram alumina em função de diferentes li-
car a mistura na parte interna da restauração, nhas de término e agentes de cimentação. Os
assentar a mesma firmemente no dente prepa- copings de Procera apresentaram o menor valor
rado e aguardar o endurecimento do material. médio de discrepância marginal vertical antes e
5) Remover a peça e verificar a adaptação. depois da cimentação (25 e 44μm, respectivamente)
YEO et al. 30 (2003) realizaram um estudo quando comparados com o Empress 2 (68 e
in vitro comparando a adaptação marginal de 110μm) e In Ceram alumina (57 e 117μm) inde-
restaurações unitárias anteriores confeccionadas pendentemente de qualquer combinação testada
com três sistemas cerâmicos (Celay In Ceram, como linha de término e agente cimentante.
In Ceram técnica convencional e IPS Empress ANUSAVICE1 (2005) no capítulo sobre cimen-
2 técnica estratificada) com restaurações tos odontológicos, e mais especificamente sobre as
metalocerâmica. Os resultados mostraram uma propriedades do cimento de fosfato de zinco, rela-
média de desajuste marginal de 87μm para as tou que este apresenta uma solubilidade relativamen-
metalocerâmicas, 83μm para Celay In Ceram, te baixa na água e sensivelmente maior na presença
112μm para In Ceram técnica convencional e de ácidos orgânicos diluídos como os ácidos lático,
46μm para IPS Empress 2 técnica estratificada. acético e cítrico encontrados na cavidade oral.
Os autores concluíram que a desadaptação BALKAYA et al. 2 (2005) fizeram uma investi-
marginal apresentada pelos três sistemas gação para avaliar a discrepância marginal no plano
cerâmicos testados está dentro do limite clini- vertical e horizontal de três sistemas cerâmicos após
camente aceitável de 120μm. os ciclos de queima da porcelana e do glaze. Os
GARCIA et al.13 (2003) descreveram sobre valores médios obtidos de discrepância marginal
“O paradoxo da evolução dos sistemas adesi- no plano vertical e horizontal foram, respectiva-
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mente, de (57 e – 6μm para as coroas de In estudo in vivo que visava acompanhar o com-
Ceram convencional); (57 e – 12μm para as co- portamento clínico de trezentas coroas totais
roas de In Ceram Celay ) e (17 e – 4 μm para cerâmicas do mesmo sistema desde a sua insta-
as coroas feldspáticas Celay). Os resultados indi- lação até um período de cinco anos. O ensaio in
caram que o ciclo de queima da porcelana afetou vitro demonstrou uma média de desadaptação
negativamente a adaptação marginal de todos os marginal após a cimentação com ionômero de
sistemas investigados. Já, o ciclo de queima do vidro e cimento resinoso de 24μm e 29μm, res-
glaze não provocou nenhuma alteração significa- pectivamente. No estudo clínico apenas uma res-
tiva na adaptação marginal e, concluindo, os au- tauração fraturou completamente enquanto que
tores observaram que houve diferenças significa- em 6% ocorreu fraturas incompletas sendo que
tivas nos valores de discrepância marginal entre um polimento foi suficiente para solucionar o
os diversos pontos de medições. problema. No último retorno 1,8% das margens
KOKUBO et al.16 (2005) fizeram um estudo cervicais foram consideradas insatisfatórias. Os
in vivo que tinha como objetivo avaliar a fenda membros da equipe avaliaram 72 e 78% das res-
marginal de coroas do Sistema Procera All taurações excelentes para superfície , cor e forma
Ceram antes da realização da cimentação final. anatômica, respectivamente. Finalizando os auto-
Os valores médios obtidos de fendas marginais res concluíram que os resultados foram favorá-
para os dentes anteriores, pré-molares e molares veis para as restaurações do Sistema Procera
foram, respectivamente, 36μm, 32μm e 35μm. podendo as mesmas substituir as coroas meta-
Os autores concluíram que a desadaptação mar- locerâmica unitárias tanto em regiões anteriores
ginal apresentada pelas coroas do Sistema como posteriores.
Procera All Ceram estão dentro dos limites de OKUTAN et al.22 (2006) realizaram um estu-
aceitação clínica. do in vitro que tinha o objetivo de avaliar a adap-
BINDL; MÖRMANN 4 (2005) fizeram um tação marginal de coroas cerâmicas de óxido de
ensaio in vitro comparando a precisão de adap- zircônio do Sistema Everest HPC cimentadas
tação marginal de copings cerâmicos fabricados com ionômero de vidro (grupo A) ou cimento
pelos sistemas CAD/CAM Cerec-inLab; DCS; resinoso (grupo B) após passarem por um ensaio
Decim e Procera com espécimes produzidos simulando uma boca artificial. Os valores médios
por técnicas convencionais como o In Ceram de desadaptação marginal antes e depois da
slip-cast e o Empress 2. Os resultados médios cimentação foram respectivamente para o grupo
obtidos de desadaptação marginal foram para A (32,7μm e 44,6μm) e para o grupo B (33,0
os sistemas convencionais In Ceram (25μm) e μm e 46,6μm). Os autores concluíram que as
Empress 2 (44μm) e para os Sistemas CAD/ fendas marginais foram significativamente maio-
CAM Procera (17μm); Decim (23μm); DCS res após a cimentação para ambos os grupos e
(33μm) e Cerec inLab (43μm). Finalizando, os que os valores obtidos de adaptação marginal
autores concluíram que os sistemas CAD/CAM estão dentro dos limites de aceitabilidade clínica.
de fabricação de copings cerâmicos apresentam LIMKANGWALMONGKOL et al. 17(2007)
uma precisão de adaptação marginal semelhante fizeram um estudo que tinha como objetivo
aos sistemas convencionais. medir e comparar a precisão de adaptação mar-
NAERT et al. 21 (2005) fizeram um trabalho ginal de coroas metalocerâmica com términos
composto por um ensaio in vitro que tinha como marginais diferentes. Os valores médios obtidos
objetivo avaliar a adaptação marginal de restau- das fendas marginais foram 27,93 μm para a
rações cerâmicas do Sistema Procera e por um face vestibular com margem cervical em porce-
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lana pura e término em ombro e 42,43 μm para a face lingual com margem cervical em metal e
término em lâmina de faca. Os autores concluíram que houve diferença estatística entre as duas
margens e que se deve dar preferência para o término marginal em porcelana pura.
DISCUSSÃO
Com o intuito de esclarecer o leitor sobre os diversos sistemas cerâmicos contidos neste trabalho
faremos uma breve descrição sobre os mesmos:
1
Fonte: ANUSAVICE (2005), CHAN et al. 6 (1985) , DENRY 10
(2004).
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pregada observamos que este patamar de 120ì m amostras avaliadas tiveram um certo grau de
foi superado em raríssimas situações: Nos estudos penetração de corante, porém, as onlays em
de SULAIMAN et al.29 (1997) com coroas de In ouro e a coroa metalocerâmica apresentaram os
Ceram atingindo valor médio de 161ì m e no en- menores índices. Já, no ensaio de YEO et al. 30
saio in vivo de BOENING et al. 5 (2000) com (2003), que testou sistemas mais modernos como
coroas de Procera All Ceram alcançando resultado o In Ceram e o Empress 2 com restaurações
médio de 180μm em dentes anteriores e 245μm metalocerâmica como grupo controle, verificou-
em dentes posteriores. No entanto, se considerar- se que o primeiro obteve valor médio de discre-
mos valores próximos a este patamar notamos pância marginal próximo ao das coroas metalo-
que este índice aumentou consideravelmente como cerâmica, enquanto que, as coroas de Empress 2
demonstra os trabalhos de QUALTROUGH et foram significativamente melhores que o grupo
al. 25 (1996) com inlays de cerâmica alcançando controle. Outro trabalho que merece atenção é o
valor médio de 118μm; BESCHNIDT; STRUB 3 de LIMKANGWALMONGKOL et al. 17 (2007)
(1999) com coroas de cerâmica feldspática con- que obteve resultados médios de fenda marginal
feccionadas pelo Sistema Celay com valor médio de 28 μm para margem cervical em porcelana
de 117μm; YEO et al.30 (2003) com coroas de In pura e 42μm para término em lâmina de faca e
Ceram atingindo valor médio de 112μm e QUIN- em metal, concluindo que, se deve dar preferên-
TAS et al. 26 (2004) com coroas em Empress 2 e cia para o término marginal em porcelana pura.
In Ceram alumina com valores médios, respecti- NAERT et al. 21 (2005) em seu estudo, também
vamente, de 110 e 117μm. Ao analisarmos os tra- obtiveram resultados favoráveis para restaurações
balhos realizados com os primeiros sistemas de Procera, concluindo que as mesmas podem
cerâmicos, como o Dicor e o Cerestore, verifica- substituir as coroas metalocerâmicas unitárias
mos que os resultados médios de adaptação mar- tanto em regiões anteriores como posteriores.
ginal obtidos estavam dentro de um limite aceitá- Outro fator que deve ser discutido é o mé-
vel abaixo dos 100μm (CHAN et al. 6 , 1985; todo de processamento dos sistemas cerâmicos.
CHAN et al. 7 , 1989; FERRARI 12 , 1991; DENRY 10 (2004) afir mou que a adaptação
MORRIS20, 1992; SORENSEN et al. 28, 1990). marginal das restaurações cerâmicas confecciona-
Outro aspecto que deve ser analisado com das com a tecnologia CAD/CAM é insatis-
muita atenção são os trabalhos que empregaram fatória, porém, os trabalhos de OLIVEIRA 23
coroas metalocêramica como grupo controle, (2002) e BINDL;MÖRMANN 4 (2005) demons-
isto por que, é sabido que estas restaurações traram o contrário, pois os copings cerâmicos
apresentam uma excelente qualidade de adapta- fabricados pelo sistema CAD/CAM como o
ção marginal, representando, portanto, um ótimo Procera apresentaram resultados de adaptação
parâmetro de comparação. Os estudos do final marginal levemente superiores quando compara-
da década de oitenta e início dos anos noventa dos com o In Ceram (Slip Cast) e com o
que compararam a adaptação marginal de coro- Empress 2 que utiliza a técnica da cera perdida.
as de sistemas cerâmicos antigos como o Dicor Há exatos 42 anos, CHRISTENSEN 8 (1966),
e o Cerestore com restaurações metalocerâmica, realizando um trabalho sobre adaptação marginal,
apresentaram resultados semelhantes, com valores já alertava que diferentes métodos de avaliação da
médios menores de fenda marginal para o gru- espessura do filme de cimentação das peças pode-
po das coroas metalocerâmica (CHAN et al. 7 , riam nos fornecer valores variados. Na verdade,
1989; FERRARI12, 1991;MORRIS20, 1992), sendo quando nos aprofundamos na leitura sobre adap-
que, no trabalho de FERRARI 12 (1991) todas as tação marginal de restaurações fixas, verificamos
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grandes diferenças de metodologia na maioria dos MORRIS 20 , 1992; PRÖBSTER et al. 24 , 1997;
trabalhos, e conseqüentemente, resultados diferen- SULAIMAN et al. 29, 1997; YEO et al.30 , 2003 )foi
tes são obtidos, muitas vezes discordantes e que, empregado a microscopia óptica digital acoplada
portanto, não deveriam ser comparado. a programas especiais de computadores.
A seguir, tentaremos elucidar algumas das (BESCHNIDT; STRUB 3 , 1999; FERRARI 12 ,
mais importantes variáveis de metodologia en- 1991; NAERT et al. 21, 2005; OKUTAN et al. 22,
contradas nestes trabalhos. 2006) utilizaram a estereomicroscopia associada ou
Um primeiro fator importante observado foi não a computadores com programas para análise
que em todos os trabalhos analisados os dentes de imagem e com câmeras e monitores de alta
naturais ou artificiais receberam um preparo padro- resolução chegando até a microscopia eletrônica de
nizado, tendo como término cervical o chanfro ou varredura como nos trabalhos de(BINDL ;
ombro com ângulo interno arredondado. MÖRMANN 4 , 2005; CHAN et al. 7 , 1989;
Um segundo fator foi a utilização de mate- FELTON et al. 11, 1991; GROTEN et al.14, 1997;
riais de impressão de excelente qualidade e que SORENSEN et al. 28, 1990). Verificamos ainda,
apresentavam baixa ou nenhuma alteração di- uma grande variação na magnificação, iniciando
mensional, como o silicone de adição e o em vinte vezes e podendo chegar até a quatrocen-
poliéter. Ainda sobre materiais, os troquéis-mes- tas vezes de aumento(OLIVEIRA23, 2002).
tres e de trabalho foram confeccionados com Ainda sobre a vasta metodologia utilizada para
gesso pedra especial tipo IV ou V. medir a fenda marginal, outros fatores devem ser
A fixação das coroas nos respectivos troquéis discutidos: Podemos observar os estudos de
durante a fase de medição das aberturas margi- (BINDL; MÖRMANN 4, 2005; CHAN et al. 6,
nais foi uma variação na metodologia bastante 1985; FERRARI 12, 1991; MORRIS 20, 1992) em
detectada. No estudo de GROTEN et al. 14 que era feita a medição direta da linha de
(1997) as restaurações ficaram fixadas no troquel cimentação; enquanto que nas investigações de
com cimento temporário, enquanto que, nos tra- (GROTEN et al.14 , 1997 ; PRÖBSTER et al.24 ,
balhos de KOKUBO et al.16 (2005) e OKUTAN 1997; YEO et al. 30 , 2003) era realizada a men-
et al. 22 (2006) as peças foram assentadas apenas suração direta da fenda marginal; ou nos trabalhos
com a pressão dos dedos. Já , nos estudos de de (BOENING et al. 5, 2000; KOKUBO et al. 16,
QUINTAS et al.26 (2004) e de BALKAYA et al.2 2005) em que era feito a medição da espessura de
(2005) um dispositivo especial de metal foi película do silicone fluido quando usado como
construído para que os espécimes ficassem agente cimentante e ensaios como de OLIVEIRA23
posicionados de maneira precisa sobre os tro- (2002) onde o desajuste marginal foi mensurado a
quéis e para que fosse aplicada sobre este con- partir de observação dos moldes de silicone de
junto uma carga uniforme durante a medição. adição da fenda marginal de cada amostra. Existem
As diversas metodologias utilizadas na men- ainda, meios mais sofisticados de leitura da adapta-
suração da fenda marginal empregadas nestes es- ção marginal como a videolasergrafia (MAY et al.
18
tudos talvez sejam os maiores fatores responsáveis , 1998) e o perfilometro (BALKAYA et al.2 , 2005;
pela disparidade dos resultados encontrados. LIMKANGWALMONGKOL et al. 17, 2007 ;
Observamos que a leitura da medida da fenda QUINTAS et al.26, 2004).
marginal nos trabalhos de (BOENING et al. 5, Um trabalho importante e que pode exem-
2000; CHAN et al. 6, 1985; OLIVEIRA 23, 2002) plificar a disparidade dos resultados devido a gran-
foi realizada com microscopia óptica convencio- de variedade de metodologia é o de
nal. Já, nos ensaios de (GROTEN et al.14, 1997; QUALTROUGH et al. 25 (1996) que comparou
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GORDILHO, A. C.; MORI, M.; GIL, C.; CONTIN, I.
dois métodos de mensuração do desajuste margi- et al. 14 (1997) e SULAIMAN et al. 29 (1997) não
nal. Um primeiro, onde o filme de silicone usado registraram diferença significativa durante todas as
como agente cimentante era pesado em uma balan- etapas de fabricação das coroas. No entanto, o
ça eletrônica fornecendo resultados médios de 98 a trabalho de BALKAYA et al.2 (2005) demonstrou
118μm, e um segundo, onde o filme de silicone que o ciclo de queima da porcelana aumentou a
também era usado como agente cimentante, porém, fenda marginal de todos os sistemas testados.
era executada a medição direta do mesmo, resultan- Em relação ao tipo de terminação cervical
do em valores médios de 32 a 64 μm. mais indicado para coroas totais em material
Outro fator que merece atenção foi primeira- cerâmico, SORENSEN et al.28 (1990) concluíram
mente verificado por CHAN et al.7 (1989) e pos- que o ombro com ângulo interno arredondado
teriormente por BOENING et al. 5 (2000) e e o chanfro são os melhores. Os resultados ob-
BALKAYA et al.2 (2005) que observaram um alto tidos por OLIVEIRA 23 (2002) são semelhantes,
grau de variabilidade de abertura marginal nos embora pudesse sugerir um melhor comporta-
diversos segmentos de uma mesma amostra ques- mento do chanfro, pois os grupos com este tipo
tionando os estudos que investigam a qualidade de de término cervical apresentaram desvios-padrão
adaptação marginal observando apenas segmentos baixos em comparação aos grupos com ombro
isolados das restaurações. O trabalho de CHAN et e ângulo interno arredondado. Finalizando,
al.6 (1985) demonstrou com clareza esta variação CHRISTENSEN8 (1966) elaborou um protocolo
ampla de dimensão de fenda marginal em uma clínico para avaliar a qualidade de adaptação
mesma amostra, registrando valores mínimos e marginal das restaurações fixas, concluindo que as
máximos de até 11 e 313 μm, respectivamente. áreas oclusais e proximais devem ser examinadas
Verificamos também que todos os ensaios através do exame visual e da sonda exploradora,
que compararam a adaptação marginal antes e enquanto que, a margem gengival é acessível pelo
após a cimentação demonstraram que as discre- explorador e exame radiográfico, podendo-se
pâncias marginais aumentaram significativamente acrescentar a este protocolo, o procedimento
após a cimentação (BESCHNIDT; STRUB 3 , clínico preconizado por KEYS15 (2002) que con-
1999; OKUTAN et al. 22 , 2006; PRÖBSTER et siste basicamente na detecção e remoção de in-
al. 24, 1997; QUINTAS et al. 26, 2004). terferências supostamente contidas na superfície
Em relação aos procedimentos de cimen- interna da peça protética, aumentando assim, a
tação, DENRY 10 (2004) afirmou que a cimen- qualidade de assentamento da mesma.
tação resinosa pode ajudar a compensar a pobre
adaptação marginal das peças cerâmicas, quando CONCLUSÕES
necessário, no entanto, GARCIA et al. 13 (2003)
descreveram que os sistemas adesivos (possuem Após a análise dos trabalhos selecionados foi
a mesma natureza química dos cimentos resino- possível concluir que:
sos), são susceptíveis aos efeitos deletérios da A alta precisão de adaptação marginal das
água, enquanto que, ANUSAVICE 1 (2005) rela- restaurações é primordial para a saúde do órgão
tou que o cimento de fosfato de zinco sofre dentário e dos tecidos periodontais, sendo que,
desintegração na cavidade oral. em apenas dois trabalhos analisados, algumas
Outro fator que deve ser considerado são as restaurações de cerâmica pura não alcançaram alta
avaliações das discrepâncias marginais que as qualidade de assentamento marginal, e, portanto,
coroas sofrem após os ciclos de queima da por- não estavam dentro dos limites de aceitabilidade
celana e do glaze.As investigações de GROTEN clínica de 120ì m.
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A adaptação marginal dos principais sistemas de cerâmica pura
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