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O controle das contratações públicas pelos cidadãos: uma análise da

representatividade e atuação dos cidadãos no conselho de alimentação
escolar – CAE, da rede estadual de Sergipe.
Elayne Cristina dos Santos Almeida (PROVIC-Unit), e-mail: l.annealmeida4@gmail.com;
Maria Anáber Melo e Silva (Orientadora), e-mail: anabermelo@yahoo.com.br.

Universidade Tiradentes/Direito/Aracaju, SE.

6.00.00.00-7 - ciências sociais aplicadas 6.01.00.00-1 – direito

RESUMO: A Administração Pública tem como
principal objetivo atender o interesse da
coletividade, e o controle realizado sobre suas
atividades pode contribuir para o alcance dessa
s1atisfação. A participação dos cidadãos nesse
controle é uma das legítimas formas do Estado
democrático, que apesar de dissociado de
hierarquias funcionais, sofre prejuízos de
representação, especialmente em órgãos
colegiados, em face de interferências político-
partidárias.
Entre as diversas formas de participação popular,
os conselhos com representatividades dos
cidadãos, apresentam-se como um instrumento
importante no Estado Democrático, adotado e
registrado constitucionalmente no Brasil.
Considerando a importância do tema, a pesquisa,
em fase de execução, visa averiguar o grau de
participação dos representantes da sociedade
civil no Conselho de Alimentação Escolar de
Sergipe.
Palavras chave: Administração pública;
Alimentação Escolar; Controle.
A PARTICIPAÇÃO DO CIDADÃO NO
CONSELHO DE ALIMENTAÇÃO
ESCOLAR.
A participação popular como fator diferencial que
distingue o Estado de Direito Democrático do
Estado de Direito Social está ligada à participação
democrática como um interesse almejado pelo
Anais 2016: 18ª Semana de Pesquisa da Universidade Tiradentes. “A prática interdisciplinar
alimentado a Ciência”. 24 a 28 de outubro de 2016.
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povo para a defesa do interesse público, e que
pode ser exercido pelas vias administrativa e
judicial, considerando ainda a incapacidade de o
Estado atuar sozinho (Di Pietro, 1993, p. 38).
Nesse sentido, é salutar trazer à lume a ideia de
impossibilidade do direito positivado garantir
sozinho a efetividade do interesse público, haja
vista o atrelamento de sua efetividade à vontade
dos agentes que fazem a máquina pública
funcionar, em conformidade com o planejamento
governamental que, obrigatoriamente, deve estar
em sintonia com os interesses da sociedade,
especialmente direitos fundamentais, em
conformidade com os princípios constitucionais.
Versando sobre direitos positivados, entre
eles, os direitos fundamentais, estão sob a
responsabilidade do Estado na forma de interesse
público, tais como os direitos à saúde, à
educação, à segurança, ao meio ambiente
sustentável, à alimentação, que para serem
realizados exigem, quase sempre, a contratação
de bens e serviços, sejam pelo procedimento da
licitação, dispensa ou inexigibilidade.
Considerando a alimentação um direito
fundamental, o Governo Federal defendeu, na
década de 40, a primeira proposta de alimentação
escolar, através do Instituto de Nutrição, face à
importância para a sociedade mais carente; mas
somente na década de 50 foi elaborado um
abrangente Plano Nacional de Alimentação e
Nutrição. Este plano, denominado “Conjuntura
Alimentar e o Problema da Nutrição no Brasil”,
levou à assinatura do Decreto n° 37.106/55 que
instituiu a Campanha de Merenda Escolar (CME),
posteriormente denominada Campanha Nacional
de Merenda Escolar (CNME), subordinada ao

Ministério da Educação (disponível em
http://www.fnde.gov.br/programas/alimentacao-
escolar/alimentacao-escolar-historico -acesso em
01.12.15). A Constituição Federal de 1988
assegurou o direito fundamental à alimentação no
âmbito escolar, a todos os alunos do ensino
fundamental (art. 208, VII), o que motivou à
criação do Conselho de Alimentação Escolar,
visando a fiscalização das verbas destinados a
esse fim.
O Conselho de Alimentação Escolar
instituído nos Estados, Municípios e no Distrito
Federal das escolas de ensino básico foi
estabelecido no Estado de Sergipe a partir da
publicação do Decreto nº 19.055/2000, em
conformidade com os artigos 18 e 19 da Lei
Federal nº 11.947/2009 e artigos 34 a 36 da
Resolução CD/FNDE nº 26, de 17/06/2013, como
órgão deliberativo, fiscalizador e de
assessoramento para a execução do Programa
realizado pela Secretaria de Estado da Educação
de Sergipe. O conselho visa, além das suas
principais tarefas, assegurar o fortalecimento da
Agricultura Familiar e sua contribuição para o
desenvolvimento social e econômico local
estabelecidos na Resolução CD/FNDE nº 4, de 2
de abril de 2015.
A Resolução CD/FNDE nº 4, de 2 de abril
de 2015 trouxe modificações necessárias a uma
maior abrangência e execução do programa de
alimentação escolar em todo o Brasil; apresentou
novos critérios para aquisição (contratação) dos
produtos; estabeleceu o que são grupos formais e
informais de assentados da reforma agrária,
comunidades tradicionais indígenas e limitar efectivamente, esto es, jurídicamente, la
quilombolas e critérios para desempate; definiu os
locais onde deverão ser divulgados os editais das
chamadas públicas, entre tantas outros requisitos
essenciais ao interesse público em tela. Ressalte-
se que em 2000, o Plano Nacional de
Alimentação Escolar - PNAE atendia cerca de
37,1 milhões de alunos com um investimento de
R$ 901,7 milhões e em 2014, foram atendidos
aproximadamente 42 milhões de alunos com um
investimento de cerca de R$ 3,6 bilhões
(disponível em
http://www.fnde.gov.br/programas/alimentacao-
escolar/alimentacao-escolar-historico, acesso em
01.12.15)
Ora bem, onde entra a importância do
Conselho de Alimentação Escolar? A chamada
crise da modernidade, envolve as relações entre
a sociedade, o Estado e o mercado, e como elas
se processam em favor do bem-estar coletivo.
Nesse sentido, o direito deve funcionar como
instrumento pacificador das contradições sociais
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e contribuir no processo de bem-estar da
coletividade. Segundo Santos (2000:120),
referindo-se ao direito, o “potencial emancipatório
reside no facto de a sua racionalidade não se
distinguir do bem-estar social universal”, e cabe
ao cidadão, enquanto ator social desse processo,
conduzir seus próprios interesses (não de cunho
individual somente), haja vista a impossibilidade
de se creditar ao Direito consagrado nas normas
(oficial) e ao Estado a competência para reduzir
os fracassos da modernidade, “graças a uma
política de hegemonia” adotada (Santos, 2000,
p.130).
Convém salientar que do ponto de vista
prático, o direito não absorve “os diferentes
campos sociais, em constante mutação, e as
suas respectivas necessidades de mutação”
(Santos, 2000, p. 141), o que torna imprescindível
uma maior aproximação do cidadão individual ou
coletivo (organizado) na esfera estatal para
minimizar as “imperfeições” da gestão pública,
inclusive as inerentes às contratações públicas da
alimentação escolar.
O princípio da participação popular é
intrínseco ao princípio da soberania popular,
ambos derivados do princípio geral maior, o
princípio democrático, confirmados em várias
passagens da Constituição Federal, v.g.,
parágrafo único do art. 1º da CRFB, norma esta
que constitui o conjunto normativo democrático
que fundamenta uma sociedade. Entende Aragon
(1990, p. 25) que sólo es Constitución auténtica,
es decir, Constitución normativa, la Constitución
democrática, ya que únicamente ella permite
acción del poder. Confirma-se da assertiva o
papel da constituição, enquanto norma, base da
ação do poder, traduzida na submissão ao Estado
de direito. Submissão imposta ao Estado e a
sociedade, ressalta-se ainda que, enquanto
norma, não é unicamente suficiente para fazer
valer os direitos nela declarados, conforme dito
anteriormente.
A democracia é um direito fundamental
de quarta geração influente no bem-estar das
sociedades, e possui dois pilares de grande
relevância, segundo José Afonso da Silva (2001,
p.135): a) a soberania popular, que representa o
povo como a única fonte do poder, contido na
regra de que todo o poder emana do povo; b) a
participação direta ou indireta do povo, expressão
da vontade popular. A participação dos cidadãos
no controle das contratações públicas é garantia
de origem democrática, que se tolhida, coloca em
risco outros direitos fundamentais.

O direito à participação do cidadão na
Administração Pública, em procedimentos de
contratação, necessários para compra de
serviços e bens, inclusive alimentos para o
preparo da alimentação escolar, exige um olhar
hermenêutico para ser compreendido como um
direito fundamental hodierno, com o fim de
operar-se maior proteção e mais efetividade
prática às contratações públicas. Nenhuma
faculdade, proibição ou comando jurídico pode
ser interpretado em desacordo com os direitos
fundamentais (Justen Filho, 2011, p. 117).
A soberania popular se confunde com o
próprio povo e representa a sua vontade,
presente de forma eficaz e vinculativa a uma
ordem constitucional formada por princípios e
mecanismos capazes de garantir a efetivação do
referido princípio (Canotilho, 2003, p. 292), e o
Conselho de Alimentação Escolar, nesse sentido,
apresenta-se como um instrumento de
participação de controle social das atividades
públicas. Em palavras de David Duarte (1996, p.
110) “[...] participação significa não só intervir
num processo de decisão, mas também fazê-lo
na qualidade específica de quem introduz ou
incorpora novos interesses no âmbito da estrutura
decisória estabelecida”.
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DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Participação
popular na administração pública. Revista de Direito
Administrativo - RDA, Rio de Janeiro: Renovar, vol.
191, jan/mar, 1993.
d. Livro.
DUARTE, David. Procedimentalização, participação
e fundamentação: para uma concretização do
princípio da imparcialidade administrativa como
parâmetro decisório. Coimbra: Almedina, 1996.
e. Livro.
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito
administrativo. 7ª ed., 1ª reimp., Belo Horizonte:
Editora Fórum, 2011.
f. livro.
SANTOS, Boaventura de Sousa. A crítica da razão
indolente. Contra o desperdício da experiência. In:
Para um novo senso comum: a ciência, o direito e a
política na transição paradigmática. 2. ed., vol. 1,
Porto: Afrontamento.

CONSLUSÕES
Portanto, a pesquisa justifica-se para fortalecer os
processos democráticos de participação popular
na administração pública, especialmente para
fiscalizar a Administração Pública e colaborar
com os órgãos públicos de controle na execução
de programas de alimentação escolar das escolas
públicas e as contratações realizadas para o fim
de aquisição dos alimentos, em razão do
cumprimento de direito fundamental.

AGRADECIMENTOS

À Lorena, pelo carinho e paciência.

REFERÊNCIAS

a. Livro:
ARAGON, Manuel. Constitucion y democracia.
Madri: editorial Tecnos, 1990.

b. Livro
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e
Teoria da Constituição. 7ª ed., Coimbra: Edições
Almedina, 2003.

c. Livro

Anais 2016: 18ª Semana de Pesquisa da Universidade Tiradentes. “A prática interdisciplinar

alimentado a Ciência”. 24 a 28 de outubro de 2016.
ISSN: 1807-2518