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São Luís.
I - DOS FATOS
Tal fato, além de confessado pelo próprio suplicado consta do Registro Imobiliário
n.º22.827 do livro n.º2-dr do Cartório da 1ª Circunscrição do Registro Geral de Imóveis de
São Luís, efetuado em 18 de abril de 1986 quando foi registrada a compra e venda
celebrada pelo suplicado com a Sra. Zoé do Nascimento Moraes Soares em 15 de abril de
1986.
Portanto o suplicado detém a propriedade do imóvel desde o ano de 1986, sendo o
responsável pela sua conservação há mais de 12 ( doze anos).
Ocorre porém, que o casarão da rua dos Afogados, como hoje o chama a população, foi
tombado pelo Governo do Estado do Maranhão, através do Decreto n.º10.089, de 06 de
março de 1986, passando desde aquela época a integrar o Conjunto Histórico Arquitetônico
e Paisagístico do Centro Urbano da Cidade de São Luís, hajam vistas suas expressivas
características coloniais, hoje destruídas pela omissão e pela negligência do proprietário,
aliadas à inércia do Poder Público Estadual e Municipal.
Após a aquisição, o proprietário deixou que esse imóvel se deteriorasse pela ação dos
fatores naturais, contribuindo para esse fato com o descaso em não promover as reformas e
obras de conservação indispensáveis à sua preservação, e tampouco comunicar essa
necessidade ao Estado e ao Município.
Abandonado à sorte dos vândalos e do “senhor da razão” o belo casarão perdia pouco a
pouco seus elementos arquitetônicos, caiam as telhas, apodreciam as janelas, deterioravam-
se as paredes, despencavam seus azulejos do século XIX e suas cores amarela, branca, azul
e grega se desfaziam daquela aquarela colonial e saudosa para ceder lugar aos pedaços de
reboco que afloravam como chagas do esquecimento a que fora solenemente condenado.
Numa tarde do início do ano de 1996 o sobrado desabou parcialmente, levando consigo
pedaços da nossa história, estava exaurido seu abandono, pelo vão que se apresentava e
mostrava à população que nada mais restava do velho sobrado que na sua história mais
recente abrigou o Colégio Zoé Cerveira, e na mais antiga será praticamente impossível
resgatar.
Ao assumir esta Promotoria de Justiça, envidamos esforços para identificar o proprietário, e
com a colaboração de funcionários do Departamento de Patrimônio Histórico Artístico e
Paisagístico da Secretaria de Estado da Cultura, propusemos em 31 de outubro de 1996
ação cautelar antecipatória de prova consistente em vistoria ad perpetuam rei memoriam,
julgada pelo juízo da 4ª Vara Cível em 15 de maio do corrente 1998, após sofrermos a
longa demora causada pela desídia do primeiro perito nomeado, que não cumpriu seu
mister, embora estivesse devidamente intimado para tanto.
Homologada pela venerável sentença de 15 de maio de 1998, a perícia constante às
fls.65/66 dos referidos autos da já citada vistoria (cópia anexa), declara em síntese:
1 – Ter havido deterioração do imóvel em virtude de abandono;
2 – Existir iminente e concreto risco de vida para os transeuntes das ruas limítrofes pela
possibilidade de desabamento de algumas paredes, agravando-se tal perigo com a chegada
do inverno chuvoso;
3 – Ser possível a recuperação do imóvel através da reconstrução de suas fachadas e
paredes a partir de dados precisos, o que estima despenderia em torno de R$100.000,00
( cem mil reais) e demandaria dezoito meses.
Referida sentença foi publicada no Diário da Justiça do dia 26 de maio de 1998 ( cópia
anexa).
A verdadeira indenização a esse tão grave dano ao Patrimônio Histórico se constitui na
reconstrução do sobrado pelo proprietário, pelo Governo do Estado e pelo Município eis
que são solidariamente responsáveis.
Cumpre todavia adotar medida provisional que resguarde a integridade física dos
transeuntes das ruas onde localizado o imóvel posto que iminente é o risco de desabamento
das paredes restantes do sobrado, podendo comprometer não só a vida e o patrimônio de
pessoas físicas como dois dos prédios vizinhos, um dos quais geminado.
II - DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS.