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Auditor Fiscal do Trabalho

Direitos Humanos – Parte 2

Prof. Mateus Silveira


Direitos Humanos

Professor Mateus Silveira

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Sumário

Protocolos Facultativos ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos – 1966 (PIDCP) . . . . . . . . . . 7
Conselho De Direitos Humanos da ONU . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Tratados do Sistema Universal ou Global de Direitos Humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio (1948) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Protocolo Sobre o Estatuto dos Refugiados (1966) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Convenção Internacional Sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (1965) . . . . . 35
Convenção Internacional Sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher (1979) . . 44
Protocolo Facultativo à Convenção Internacional sobre Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Contra a Mulher (1999) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou
Degradantes (1984) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .58
Convenção Sobre os Direitos das Crianças (1989) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Protocolo Facultativo à Convenção Sobre os Direitos da Criança Referente à Venda de Criança, à
Prostituição Infantil e à Pornografia Infantil (2000) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
Protocolo Facultativo à Convenção Sobre os Direitos da Criança Relativo ao
Envolvimento de Crianças em Conflitos Armados (2000) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
Convenção Internacional Sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores
Migrantes e dos Membros das suas Famílias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
Tratados do Sistema Americano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
Carta da Organização Dos Estados Americanos (1948) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
Convenção Americana Sobre Direitos Humanos (1969) – Pacto De San José Da Costa . . . . . . . . . . . . 147
Protocolo Adicional à Convenção Americana Sobre Direitos Humanos em Matéria de Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais (1988) – Protocolo De San Salvador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
Protocolo à Convenção Americana Sobre Direitos Humanos Referentes à Abolição da Pena De
Morte (1990) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170
Estatuto da Corte Interamericana de Direitos Humanos (1979) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171
Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura (1985) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177
Convenção Interamericana Para Prevenir, Punir e Erradicar A Violência Contra A Mulher (1994) –
Convenção De Belém Do Pará . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181

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Convenção Interamericana Sobre Tráfico Internacional de Menores (1994) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186
Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as
Pessoas Portadoras De Deficiência (1999) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192
Proteção dos Direitos Humanos no Mercosul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 196
Constituição da República Federativa do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199
A Constituição Brasileira e os Tratados Internacionais de Direitos Humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 238
Os Programas Nacionais de Direitos Humanos do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 239
A Auditoria Fiscal do Trabalho Como Agente de Proteção e Concretização dos Direitos
Fundamentais dos Trabalhadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 242
Combate à Redução Análoga ao Trabalho Escravo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 269
Lei Maria da Penha e a Proteção da Mulher . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293
Da Criança e do Adolescente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 302
Idoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 309
Direito das Pessoas com Deficiência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 328
Lei nº 13.146, de 6 de Julho de 2015 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 353

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Direitos Humanos

PROTOCOLOS FACULTATIVOS AO PACTO INTERNACIONAL


DOS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS – 1966 (PIDCP)

Faço saber que o Congresso Nacional aprovou, e eu, José Sarney, Presidente do Senado Federal,
nos termos do art. 48, inciso XXVIII, do Regimento Interno, promulgo o seguinte

DECRETO LEGISLATIVO Nº 311, DE 2009

Aprova o texto do Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos,
adotado em Nova Iorque, em 16 de dezembro de 1966, e do Segundo Protocolo Facultativo
ao Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos com vistas à Abolição da Pena de Morte,
adotado e proclamado pela Resolução nº 44/128, de 15 de dezembro de 1989, com a reserva
expressa no art. 2º.
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º Fica aprovado o texto do Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional sobre Direitos
Civis e Políticos, adotado em Nova Iorque, em 16 de dezembro de 1966, e do Segundo Protocolo
Facultativo ao Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos com vistas à Abolição da Pena
de Morte, adotado e proclamado pela Resolução nº 44/128, de 15 de dezembro de 1989, com a
reserva expressa no art. 2º.
Parágrafo único. Ficam sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quaisquer atos que possam
resultar em revisão dos referidos Protocolos, bem como quaisquer ajustes complementares
que, nos termos do inciso I do caput do art. 49 da Constituição Federal, acarretem encargos ou
compromissos gravosos ao patrimônio nacional.
Art. 2º Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua publicação.
Senado Federal, em 16 de junho de 2009.
Senador JOSÉ SARNEY
Presidente do Senado Federal

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PROTOCOLO FACULTATIVO AO PACTO Artigo 4º
INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS 1. Ressalvado o disposto no artigo 3º, o Co-
CIVIS E POLÍTICOS mitê dará conhecimento das comunicações
que lhe sejam apresentadas, em virtude do
Os Estados Partes no presente Protocolo, presente Protocolo, aos Estados Partes do
Protocolo que tenham alegadamente viola-
Considerando que, para melhorar atender os do qualquer disposição do Pacto.
propósitos do Pacto Internacional sobre Direi-
tos e Políticos (doravante denominado <<o Pac- 2. Dentro de seis meses, os citados Estados
to>>) e a implementação de suas disposições, deverão submeter por escrito ao Comitê as
conviria habilitar o Comitê de Direitos Humanos, explicações ou declarações que esclareçam
constituído nos termos da Parte IV do Pacto (do- a questão e indicarão, se for o caso, as me-
ravante denominado <<o Comitê>>), a receber didas que tenham tomado para remediar a
e examinar, como se prevê no presente Protoco- situação.
lo, as comunicações provenientes de indivíduos Artigo 5º
que se considerem vítimas de uma violação dos
direitos enunciados no Pacto, 1. O Comitê examinará as comunicações re-
cebidas em virtude do presente Protocolo,
Acordam o seguinte: tendo em conta s informações escritas que
Artigo 1º lhe sejam submetidas pelo indivíduo e pelo
Estado Parte interessado.
Os Estados Partes do Pacto que se tornem par-
tes do presente Protocolo reconhecem que o 2. O Comitê não examinará nenhuma comu-
Comitê tem competência para receber e exami- nicação de um indivíduo sem se assegurar
nar comunicações provenientes de indivíduos de que:
sujeitos à sua jurisdição que aleguem ser víti- a) A mesma questão não esteja sendo exa-
mas de uma violação, por esses Estados Partes, minada por outra instância internacional de
de qualquer dos direitos enunciados no Pacto. inquérito ou de decisão;
O Comitê não receberá nenhuma comunicação
relativa a um Estado Parte no Pacto que não b) O indivíduo esgotou os recursos inter-
seja no presente Protocolo. nos disponíveis. Esta regra não se aplica se
a aplicação desses recursos é injustificada-
Artigo 2º mente prolongada.
Ressalvado o disposto no artigo 1º os indivíduos 3. O Comitê realizará suas sessões a portas
que se considerem vítimas da violação de qual- fechadas quando examinar as comunica-
quer dos direitos enunciados no Pacto e que te- ções previstas no presente Protocolo.
nham esgotado todos os recursos internos dis-
poníveis podem apr5esentar uma comunicação 4. O Comitê comunicará as suas conclusões
escrita ao Comitê para que este a examine. ao Estado Parte interessado e ao indivíduo.

Artigo 3º Artigo 6º

O Comitê declarará inadmissíveis as comunica- O Comitê incluirá no relatório anual que elabora
ções apresentadas, em virtude do presente Pro- de acordo com o artigo 45º do Pacto um resumo
tocolo, que sejam anônimas ou cuja apresenta- das suas atividades previstas no presente Proto-
ção considere constituir um abuso de direito ou colo.
considere incompatível com as disposições do
Pacto.

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Artigo 7º to do décimo instrumento ou de adesão, o


Protocolo entrará em vigor três meses após
Até a realização dos objetivos da Resolução (XV), a data do depósito por esses Estados do seu
adotada pela Assembléia Geral das Nações Uni- instrumento de ratificação ou de adesão.
das em 14 de Dezembro de 1960, relativa à De-
claração sobre a Concessão de Independência Artigo 10º
aos Países e aos Povos Coloniais, o disposto no
presente Protocolo em nada restringe o direito O disposto no presente Protocolo aplica-se, sem
de petição concedido a esses povos pela Carta limitação ou exceção, a todas as unidades cons-
das Nações Unidas e por outras convenções e titutivas dos Estados federais.
instrumentos internacionais concluídos sob os Artigo 11.
auspícios da Organização das Nações Unidas ou
de suas instituições especializadas. 1. Os Estados Partes no presente Protoco-
lo poderão propor emendas e depositar o
Artigo 8º respectivo texto junto ao Secretário-Geral
1. O presente Protocolo está aberto á assi- da Organização das Nações Unidas. O secre-
natura dos Estados que tenham assinado o tário-Geral transmitirá todos os projetos de
Pacto. emendas aos Estados Partes do protocolo,
pedindo-lhes que indiquem se desejam a
2. O presente Protocolo está sujeito à rati- convocação de uma conferência de Esta-
ficação dos Estados que ratificaram o Pacto dos Partes para examinar esses projetos e
ou a ele aderiram. Os instrumentos de ra- submetê-los à votação. Se pelo menos um
tificação serão depositados junto ao Secre- terço dos Estados se declarar a favor dessa
tário-Geral da Organização das Nações Uni- convocação, o Secretário-Geral convocará
das. a conferência sob os auspícios da Organiza-
ção das Nações Unidas. As alterações ado-
3. O presente Protocolo está aberto à ade- tadas pela maioria dos Estados presentes e
são dos Estados que tenham ratificado o votantes na conferência serão submetidas
Pacto ou que a ele tenham aderido. para aprovação à Assembleia Geral das Na-
4. A adesão far-se-á através do depósito de ções Unidas.
instrumento de adesão junto ao Secretário- 2. Essas emendas entrarão em vigor quando
-geral da Organização das Nações Unidas. forem aprovadas pela Assembleia Geral das
5. O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas e aceitas, de acordo com as
Nações Unidas informará a todos os Estados suas regras constitucionais respectivas, por
que assinaram o presente protocolo ou que uma maioria de dois terços dos Estados Par-
a ele aderiram do depósito de cada instru- tes no presente Protocolo.
mento de adesão ou ratificação. 3. Quando essas emendas entrarem em vi-
Artigo 9º gor, tornar-se-ão obrigatórias para aqueles
Estados Partes que as aceitaram, continu-
1. Sob ressalva da entrada em vigor do Pac- ando os outros Estados Partes vinculados
to, o presente Protocolo entrará em vigor pelas disposições do presente Protocolo
três meses após a data do depósito junto ao e pelas alterações anteriores que tenham
Secretário-Geral da Organização das Nações aceitado.
Unidas do décimo instrumento de ratifica-
ção ou de adesão. Artigo 12.

2. Para os Estados que ratifiquem o presen- 1. Os Estados Partes poderão, a qualquer


te Protocolo ou a ele adiram após o depósi- momento, denunciar o presente Protocolo

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por notificação escrita dirigida ao Secretá- SEGUNDO PROTOCOLO FACULTATIVO
rio-Geral da Organização das Nações Uni- AO PACTO INTERNACIONAL SOBRE
das. A denúncia produzirá efeitos três me-
ses após a data em que o Secretário-Geral DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS COM
tenha recebido a notificação. VISTAS À ABOLIÇÃO DA PENA DE
MORTE
2. A denúncia não impedirá a aplicação das
disposições do presente Protocolo às comu-
nicações apresentadas em conformidade Os Estados Partes do presente Protocolo:
com o artigo 2º antes da data em que a de-
Convencidos de que a abolição da pena de mor-
núncia produz efeitos.
te contribui para a promoção da dignidade hu-
Artigo 13. mana e para o desenvolvimento progressivo dos
direitos humanos;
Independentemente das notificações previstas
no parágrafo 5 do artigo 8º do presente Proto- Recordando o artigo 3º da Declaração Universal
colo, o Secretário-Geral da Organização das Na- dos Direitos Humanos, adotada em 10 de De-
ções Unidas informará todos os Estados referi- zembro de 1948, bem como o artigo 6º do Pac-
dos no parágrafo 1 do artigo 48 do Pacto: to Internacional sobre Direitos Civis e Políticos,
adotado em 16 de Dezembro de 1966;
a) Das assinaturas do presente protocolo e
dos instrumentos de ratificação e de adesão Tendo em conta que o artigo 6º do Pacto Inter-
depositados de acordo com o artigo 8º; nacional sobre Direitos Civis e Políticos prevê a
abolição da pena de morte em termos que su-
b) Da data da entrada em vigor do presen- gerem sem ambiguidade que é desejável a abo-
te Protocolo de acordo com o artigo 9º e lição desta pena;
da data da entrada em vigor das alterações
previstas no artigo 11, Convencidos de que todas as medidas de aboli-
ção da pena de morte devem ser consideradas
c) das denúncias feitas nos termos do artigo como um progresso no gozo do direito à vida;
12.
Desejosos de assumir por este meio um com-
Artigo 14. promisso internacional para abolir a pena de
1. O presente Protocolo, cujos textos em in- morte,
glês, chinês, espanhol, francês e russo são Acordam o seguinte:
igualmente válidos, será depositado nos ar-
quivos da Organização das Nações Unidas. Artigo 1º

2. O Secretário-Geral da Organização das 1. Nenhum indivíduo sujeito à jurisdição de


Nações Unidas transmitirá uma cópia au- um Estado Parte no presente Protocolo será
tenticada do presente Protocolo a todos os executado;
Estados referidos no artigo 48º do Pacto.
2. Os Estados Partes devem tomar as medi-
* Aprovado pela Assembleia Geral das Nações das adequadas para abolir a pena de morte
Unidas em 16 de dezembro de 1966. Em vigor no âmbito da sua jurisdição.
desde 23 de março de 1976.
Artigo 2º
1. Não é admitida qualquer reserva ao pre-
sente Protocolo, exceto a reserva formulada
no momento da ratificação ou adesão que
preveja a aplicação da pena de morte em

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tempo de guerra em virtude de condenação Artigo 6º


por infração penal de natureza militar de
gravidade extrema cometida em tempo de 1. As disposições do presente Protocolo
guerra. aplicam-se como disposições adicionais ao
Pacto.
2. O Estado que formular tal reserva trans-
mitirá ao Secretário-Geral das Nações Uni- 2. Sem prejuízo da possibilidade de formu-
das, no momento da ratificação ou adesão, lação da reserva prevista no artigo 2º do
as disposições pertinentes da respectiva presente Protocolo, o direito garantido no
legislação nacional aplicável em tempo de parágrafo 1 do artigo 1º do presente Proto-
guerra. colo não pode ser objeto de qualquer der-
rogação sob o artigo 4º do Pacto.
3. O Estado Parte que haja formulado tal re-
serva notificará o Secretário-Geral das Na- Artigo 7º
ções Unidas de declaração e do fim do esta- 1. O presente Protocolo está aberto à assi-
do de guerra no seu território. natura dos Estados que tenham assinado o
Artigo 3º Pacto.

Os Estados Partes no presente Protocolo deve- 2. O presente Protocolo está sujeito à rati-
rão informar, nos relatórios que submeterem ao ficação dos Estados que ratificaram o Pacto
Comitê de Direitos Humanos, sob o artigo 40.º ou a ele aderiram. Os instrumentos de ra-
do Pacto, das medidas adotadas para imple- tificação serão depositados junto do Secre-
mentar o presente Protocolo. tário-Geral da Organização das Nações Uni-
das.
Artigo 4º
3. O presente Protocolo está aberto à ade-
Para os Estados Partes que hajam feito decla- são dos Estados que tenham ratificado o
ração prevista no artigo 41, a competência re- Pacto ou a ele tenham aderido.
conhecida ao Comitê dos Direitos do Homem
para receber e apreciar comunicações nas quais 4. A adesão far-se-á através do depósito de
um Estado alega que um outro Estado Parte não um instrumento de adesão junto do Secre-
cumpre as suas obrigações é extensiva às dispo- tário-geral da Organização das Nações Uni-
sições do presente Protocolo, exceto se o Estado das.
Parte em causa tiver feito uma declaração em 5. O Secretário-Geral da Organização das
contrário no momento da respectiva ratificação Nações Unidas informará a todos os Estados
ou adesão. que assinaram o presente Protocolo ou que
Artigo 5º a ele aderiram do depósito de cada instru-
mento da ratificação ou adesão.
Para os Estados Partes do (Primeiro) Protocolo
Adicional ao Pacto Internacional sobre Direitos Artigo 8º
Civis e Políticos, adotado em 16 de Dezembro 1. O presente Protocolo entrará em vigor
de 1966, a competência reconhecida ao Comi- três meses após a data do depósito junto do
tê dos Direitos do Homem para receber e apre- Secretário-Geral da Organização das Nações
ciar comunicações provenientes de indivíduos Unidas do décimo instrumento de ratifica-
sujeitos à sua jurisdição é igualmente extensiva ção ou de adesão.
às disposições do presente Protocolo, exceto se
o Estado Parte em causa tiver feito uma decla- 2. Para os Estados que ratificarem o presen-
ração em contrário no momento da respectiva te Protocolo ou a ele aderirem após o depó-
ratificação ou adesão. sito do décimo instrumento de ratificação
ou adesão, o Protocolo entrará em vigor

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três meses após a data do depósito por es- Artigo 11.
ses Estados do seu instrumento de ratifica-
ção ou de adesão. 1. O presente Protocolo, cujos textos em
inglês, árabe, chinês, espanhol, francês e
Artigo 9º russo são igualmente válidos será deposita-
do nos arquivos da Organização das Nações
O disposto no presente Protocolo aplica-se, sem Unidas.
limitação ou exceção, a toda as unidades consti-
tutivas dos Estados federais. 2. O Secretário-Geral da Organização das
Nações Unidas transmitirá uma cópia au-
Artigo 10. tenticada do presente Protocolo a todos os
O Secretário-Geral da Organização das Nações Estados referidos no artigo 48 do Pacto.
Unidas informará todos os Estados referidos no * Adotado e proclamado pela Resolução 44/128,
parágrafo 1 do artigo 48º do Pacto: de 15 de dezembro de 1989, da Assembleia Ge-
a) Das reservas, comunicações e notifica- ral das Nações Unidas.
ções recebidas nos termos do artigo 2º do
presente Protocolo;

b) Das declarações feitas nos termos dos ar-
tigos 4º ou 5º do presente Protocolo;
c) Das assinaturas apostas ao presente Pro-
tocolo e dos instrumentos de ratificação e
de adesão depositados nos termos do arti-
go 7º;
d) Da data de entrada em vigor do presente
Protocolo, nos termos do artigo 8º.

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CONSELHO DE DIREITOS HUMANOS DA ONU

1. Conselho de Direitos Humanos

O Conselho de Direitos Humanos (Human Rights Council) é o sucessor nos anos noventa
da desacreditada Comissão de Direitos Humanos (Commission on Human Rights). Como
a Comissão, ele tem principalmente duas tarefas: a de promover a codificação dos direitos
humanos (standard setting) e a de lidar com violações dos direitos humanos. Com isso, ele é o
órgão central para a proteção dos direitos humanos dentro do sistema da ONU.
O Conselho foi instaurado pela Resolução A/60/251 como órgão subsidiário da Assembleia
Geral da ONU. Ele constitui-se de 47 membros, nomeados pela Assembleia Geral da ONU, por
voto secreto, com maioria absoluta, ou seja, com 97 dos 193 votos, por um período de três anos.
Anteriormente, os membros da Comissão eram escolhidos pelo Ecosoc. A chave regional válida
ali levou a uma eleição maciça de países violadores dos direitos humanos. Isso desencadeou
indisposições acaloradas especialmente nos EUA. Os EUA pediram que os Estados-Partes
fossem eleitos por uma maioria de 2/3, o que, no entanto, não prevaleceu. Porém, o pedido foi
posicionado de maneira que os membros do Conselho de Direitos Humanos devam ter um bom
histórico com relação a direitos humanos.
O Conselho de Direitos Humanos é responsável por promover o respeito universal pela
proteção aos direitos humanos e às liberdades fundamentais, sem distinção de espécie
alguma e de maneira justa e igualitária. Ele ocupa-se principalmente com violações graves
e sistemáticas dos direitos humanos e pode fazer recomendações a esse respeito, bem como
promover a coordenação eficaz e a integração sem exceções de questões de direitos humanos
em todos os âmbitos do sistema das Nações Unidas. Em adição, o Conselho é responsável
pela educação em direitos humanos, bem como pela prestação de serviços de consultoria.
Ele atua como fórum para o diálogo sobre questões temáticas de todos os direitos humanos
e apresenta à Assembleia Geral da ONU recomendações para o desenvolvimento do direito
internacional nessa área.
É considerado um grande passo que todos os países devam submeter-se a uma revisão
periódica (Universal Periodic Review – UPR). Por conseguinte, todos os países devem entregar
um relatório de vinte páginas sobre a atuação dos direitos humanos em sua jurisdição a
ser produzido juntamente com atores não estatais. Um segundo relatório de dez páginas
é apresentado pelo secretariado da ONU, baseado em informações reunidas por relatores
especiais. O terceiro relatório vem de ONGs. Todos esses relatórios são então examinados
por um grupo de trabalho constituído por todos os 47 Estados-Membros do Conselho de
Direitos Humanos em um prazo de três horas. Uma vez que não membros do Conselho podem
participar do processo, resta tempo apenas para breves declarações. Essa limitação de tempo
não permite aprofundamentos.
No entanto, o processo é avaliado como positivo na literatura, porque os examinadores são
representantes do governo, expressando as posições de seus governos com suas questões. Os
direitos humanos são, assim, ativados como força viva. A possibilidade de se caminhar para

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um diálogo sobre questões de direitos humanos é vista como um segundo elemento positivo.
Principalmente faz-se válido para o terceiro mundo que todos os países devam submeter-se a
esse procedimento. Dessa maneira, contraria-se a impressão de que toda a política de direitos
humanos seja voltada contra somente um grupo de países.
Um segundo instrumento com o qual o Conselho de Direitos Humanos pode reagir a violações
maciças e generalizadas dos direitos humanos é a instituição de Relatores Especiais de cada
país. Sua tarefa é compilar e controlar todas a informações relevantes sobre os países. Eles
devem procurar entrar em contato com os governos envolvidos e questionar a situação.

Obrigações erga omnes


As obrigações antes analisadas referem-se à relação entre Estado e indivíduo. Como elas
são as mais importantes, podem ser chamadas de “obrigações primárias” ou pensadas
como “obrigações verticais”. Contudo, não são os únicos deveres decorrentes do DIDH. Pelo
contrário, há outra série de “obrigações secundárias” ou “horizontais”. As mais famosas são
as chamadas erga omnes. Segundo a Corte Internacional de Justiça, elas emanam de normas
tão significativas que todos os Estados teriam um interesse legal na sua proteção. Trata-se,
portanto, de obrigações vis-à-vis a comunidade dos Estados. Como já visto, no contexto da
discussão dos direitos humanos vigentes como ius cogens, há consenso em que suas garantias
fundamentais estabelecem tais obrigações e que qualquer Estado é competente para reagir à
sua violação.
Isso é notável porque, no Direito Internacional Público, vale a regra de que Estados somente
podem tomar contramedidas (countermeasures) – antigamente chamadas “represálias”
– em relação a outros, se seus próprios direitos e interesses forem diretamente afetados,
pressupondo, por exemplo, o não cumprimento de um dever contratual em relação bilateral
ou multilateral. De fato, observa-se que todos os tratados de direitos humanos criam não só
obrigações vis-à-vis o indivíduo, mas também vis-à-vis os outros Estados-Partes.
Há autores que, por isso, as chamam de “obrigações erga omnes partes”. As obrigações erga
omnes distinguem-se delas porque valem como costume internacional em relação a todos
os Estados do mundo, ou seja, à comunidade de Estados inteira. Eles obrigam os Estados a
promover o respeito universal pelos direitos humanos. Contudo, o que ainda não está claro é
a questão de saber se os Estados podem aplicar (determinadas) contramedidas – medidas, a
princípio, ilegais no Direito Internacional Público – para sancionar Estados violadores de direito
humanos. Parece que a resposta é afirmativa no que se refere às graves e sistemáticas violações
de direitos humanos, por exemplo, no caso de “limpezas étnicas”.

3. O Conselho de Direitos Humanos

Em 2006, os membros das Nações Unidades decidiram substituir a antiga Comissão de Direitos
Humanos, que existia desde 1946, pelo Conselho de Direitos Humanos. As razões para a
mudança são várias, mas a maior crítica que vinha sofrendo a Comissão era a politização na
sua composição e a forma com que abordava os temas relativos aos direitos humanos. De um
lado, afirmava-se que não havia restrição alguma para que Estados acusados de serem grandes

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violadores dos direitos humanos pudessem compor o órgão; de outro lado, sustentava-se que a
inexistência de um mecanismo que verificasse o cumprimento dos direitos humanos no mundo
inteiro – somente havendo mecanismos que analisavam a situação dos direitos humanos em
Estados específicos – promovia uma extrema politização na atuação da Comissão.
A atual composição do Conselho de Direitos Humanos permite rotatividade maior e
mecanismos para evitar ou reprimir que Estados considerados grandes violadores dos
direitos humanos possam ser membros. Cabe verificar se, no futuro, essa nova arquitetura
não promoverá uma politização ainda.
O Conselho de Direitos Humanos é composto por 47 membros. Ele possui competências
gerais, como a promoção dos direitos humanos, a difusão da educação em direitos humanos
e a elaboração de instrumentos internacionais. Além disso, possui funções de investigação
e monitoramento. Tais funções podem ser divididas em três grandes grupos: (a) revisão
periódica universal; (b) procedimentos especiais (special procedures); (c) procedimento de
reclamações (Procedimento 1503).

a. A revisão periódica universal


A revisão periódica universal não existia com a antiga Comissão de Direitos Humanos. Ela
permite que seja elaborado relatório contendo a situação dos direitos humanos em todo o
globo. Um dos princípios mais importantes no qual o procedimento se baseia é a cobertura
universal e o tratamento igualitário a todos os Estados na análise de questões sobre direitos
humanos. Ainda não foi apresentado um relatório de trabalho no âmbito da revisão periódica
universal. Espera-se, no entanto, que ele, quando elaborado, sirva para fortalecer os direitos
humanos e não seja apenas um mecanismo pelo qual Estados inconformados com a atuação
anterior da Comissão de Direitos Humanos possam agora demonstrar sua insatisfação política
quando forem alvos de críticas no que se refere ao respeito aos direitos humanos.

b. Os procedimentos especiais
Os procedimentos especiais surgiram da prática da Comissão de Direitos Humanos de investigar
não Estados específicos, mas temas. A partir dos anos 1990, o número de procedimentos
especiais aumentou exponencialmente. Nos dias atuais, os procedimentos especiais podem
abranger temas e também Estados específicos. Sua denominação pode variar. Grupo de
trabalho, relator especial, representantes especiais são apenas algumas denominações que
recaem no rótulo mais amplo dos procedimentos especiais. O Conselho tem promovido
esforços para uniformizar a terminologia. Há uma flexibilidade patente tanto na criação quanto
na atuação dos procedimentos especiais. A Resolução 5/1 do Conselho de Direitos Humanos
estabelece não mais que princípios gerais para as funções que devem ser desempenhadas
pelos procedimentos especiais; por outro lado, o Conselho insistiu em estabelecer regras mais
rígidas sobre a escolha dos membros que o compõem.
Mesmo ante a falta de clareza sobre as funções dos procedimentos especiais, algumas podem
ser identificadas: (1) agir com urgência quando houver informações que sugiram que violações
a direitos humanos estão acontecendo ou na iminência de ocorrer; (2) responder a alegações
sobre violações que já hajam ocorrido; (3) realizar missões para a investigação de fatos quando

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houver alegações de violações; (4) examinar o fenômeno global de um tipo específico de
violação a fim de compreender o problema e propor soluções; (5) clarificar a estrutura jurídica
internacional aplicável para tratar de uma violação em particular; (6) apresentar pareceres
anuais ao Conselho de Direitos Humanos, documentando suas atividades. Essas funções são
realizadas muitas vezes com o contato direto e a negociação com os Estados.

c. O procedimento de reclamações
O procedimento de reclamações é aquele originalmente denominado Procedimento 1503 no
âmbito da Comissão de Direitos Humanos. Essa antiga denominação tinha sua razão de ser
pelo fato de o procedimento se originar da Resolução 1503 do Conselho Econômico e Social. O
procedimento de reclamações existe para lidar com padrões consistentes de graves violações
de todos os direitos humanos e todas as liberdades fundamentais em qualquer parte do
mundo e sob quaisquer circunstâncias. Por esse procedimento são admitidas reclamações
de indivíduos que veem algum direito seu sendo violado. Os pressupostos de admissibilidade
serão estudados posteriormente.
Dois grupos de trabalho existem no âmbito do procedimento de reclamações. Enquanto o
Grupo de Trabalho sobre Comunicações faz um juízo de admissibilidade acerca dos casos
aptos a serem apreciados, podendo rejeitar de plano comunicações mal fundadas, o Grupo
de Trabalho sobre Situações tem a função de apresentar ao Conselho de Direitos Humanos
um parecer sobre os casos e formular uma recomendação sobre eles. O Procedimento 1503
sempre foi conhecido – e muitas vezes criticado – por seu caráter de confidencialidade. O
procedimento de reclamações perante o Conselho de Direitos Humanos continua confidencial,
porém este pode decidir dar publicidade à situação em casos de inequívoca falta de cooperação
por parte do Estado.

II. Mecanismos convencionais


Existem outros mecanismos de fiscalização dos direitos humanos sob o marco específico de um
tratado. Há vantagens e desvantagens em o mecanismo existir sob esse marco. Se, por um lado,
o mecanismo pode parecer tolhido em sua atuação a um campo delimitado pelo tratado, por
outro, este fornece uma estrutura mais organizada e clara para o mecanismo, o que certamente
pode contribuir para sua maior efetividade. Há, atualmente, como já visto, oito mecanismos
convencionais no sistema universal:
(1) Comitê de Direitos Humanos; (2) Comitê sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais;
(3) Comitê sobre a Eliminação da Discriminação Racial; (4) Comitê sobre a Eliminação da
Discriminação contra a Mulher; (5) Comitê contra a Tortura; (6) Comitê sobre os Direitos da
Criança; (7) Comitê sobre Trabalhadores Migrantes; (8) Comitê sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência. Há grandes diferenças nos métodos de trabalho e nas funções de cada um dos
comitês. No entanto, podem ser identificadas algumas características comuns entre eles.

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Procedimento de consideração dos relatórios dos Estados-Partes

Os mecanismos convencionais preveem um procedimento de consideração dos relatórios


enviados pelos Estados-Partes. Há relatórios que os Estados precisam apresentar
periodicamente, dando conta do estado de aplicação e efetivação dos direitos contidos nos
tratados. É uma forma de prestação de contas à qual o Estado se torna vinculado desde o
momento em que ratifica o instrumento. E tem-se verificado que, de maneira geral, os
Estados têm apresentado tais relatórios, que são, muitas vezes, “francos e construtivos”.
Algo também comum entre os mecanismos convencionais é a possibilidade de emitirem os
chamados comentários gerais, que são interpretações do conteúdo dos tratados que criam os
mesmos mecanismos.
Inicialmente, foram criados com o objetivo de explicar aos Estados como implementar os
instrumentos internacionais e relatar os esforços empreendidos nesse sentido. Os comentários
gerais não se ajustam exatamente às fontes de direito internacional hoje amplamente
reconhecidas. Nesse sentido, podem ser considerados como não obrigatórios. Contudo, tendo
em vista que a produção de normatividade no direito internacional tem-se tornado cada vez
mais dinâmica, é reducionista dizer que os comentários gerais não possuem relevância jurídica
alguma. Eles podem certamente estimular comportamentos para a criação, por exemplo, do
costume internacional ou de princípios gerais de direito. Por fim, há os procedimentos de
reclamações que não são comuns a todos os mecanismos. Tais procedimentos são de três
tipos, apresentados a seguir.

2. Comunicações individuais
As comunicações individuais são previstas para cinco dos oito mecanismos: o Comitê de
Direitos Humanos, o Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher, o Comitê
contra a Tortura, o Comitê sobre Trabalhadores Migrantes e o Comitê sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiências. A competência para receber comunicações individuais dos comitês
hoje em funcionamento deve ser reconhecida pelos Estados, seja pela aceitação de um
protocolo facultativo, seja pela feitura de uma declaração específica no âmbito de um tratado.
As comunicações individuais são analisadas internamente pelos comitês, que se pronunciam
pela violação ou não, por parte do Estado, de um ou mais dispositivos do tratado. As decisões
dos comitês não são obrigatórias, mas certamente possuem um peso político expressivo ao
realizarem pressões sobre os Estados.

3. Reclamações interestatais
Um outro tipo de procedimento de reclamação refere-se às reclamações interestatais.
Aqui, Estados estabelecem procedimentos contra outros Estados em razão de um alegado
descumprimento de preceitos do tratado. Essas reclamações interestatais até hoje não foram
utilizadas pelos Estados. Elas são, contudo, previstas, de maneiras ligeiramente distintas, no
Comitê contra a Tortura, no Comitê sobre Trabalhadores Migrantes, no Comitê de Direitos
Humanos, no Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher e no Comitê sobre
a Eliminação da Discriminação Racial. Vale destacar que, em relação a esse último comitê, o
procedimento de reclamações interestatais é obrigatório para todos os Estados Partes na

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convenção respectiva, diferentemente dos outros comitês, em que esse procedimento deve
sempre ser sujeito à aceitação dos Estados.

4. Investigações
Enfim, o terceiro tipo de procedimento de reclamações é a investigação, prevista apenas no
Comitê contra a tortura e no Comitê sobre a eliminação da discriminação contra a mulher.
Esse procedimento não é obrigatório, podendo os Estados se furtarem a ele. Ele terá início
quando o Comitê receber informações consistentes sobre indicações bem fundadas de graves e
sistemáticas violações a uma convenção.

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TRATADOS DO SISTEMA UNIVERSAL


OU GLOBAL DE DIREITOS HUMANOS

Convenção para a Prevenção e a Artigo 2º


Repressão do crime de Genocídio Na presente Convenção, entende-se por geno-
(1948) cídio os atos abaixo indicados, cometidos com
a intenção de destruir, no todo ou em parte, um
grupo nacional, étnico, racial ou religioso, tais
Aprovada e proposta para assinatura e ratifica-
como:
ção ou adesão pela resolução 260 A (III) da As-
sembléia Geral das Nações Unidas, de 9 de De- a) Assassinato de membros do grupo;
zembro de 1948.
b) Atentado grave à integridade física e
Entrada em vigor na ordem internacional: 12 de mental de membros do grupo; Submissão
Janeiro de 1951, em conformidade com o artigo deliberada do grupo a condições de existên-
XIII. cia que acarretarão a sua destruição física,
total ou parcial;
As Partes Contratantes:
c) Medidas destinadas a impedir os nasci-
Considerando que a Assembléia Geral da Orga-
mentos no seio do grupo;
nização das Nações Unidas, na sua Resolução
nº 96 (I), de 11 de Dezembro de 1946, declarou d) Transferência forçada das crianças do
que o genocídio é um crime de direito dos po- grupo para outro grupo.
vos, que está em contradição com o espírito e
os fins das Nações Unidas e é condenado por Artigo 3º
todo o mundo civilizado; Serão punidos os seguintes atos:
Reconhecendo que em todos os períodos da a) O genocídio;
história o genocídio causou grandes perdas à
humanidade; b) O acordo com vista a cometer genocídio;
Convencidas de que, para libertar a humanida- c) O incitamento, direto e público, ao ge-
de de um flagelo tão odioso, é necessária a coo- nocídio;
peração internacional;
d) A tentativa de genocídio;
Acordam no seguinte:
e) A cumplicidade no genocídio. Artigo 4º
Artigo 1º
As pessoas que tenham cometido genocídio ou
As Partes Contratantes confirmam que o geno- qualquer dos outros atos enumerados no artigo
cídio, seja cometido em tempo de paz ou em 3º serão punidas, quer sejam governantes, fun-
tempo de guerra, é um crime do direito dos po- cionários ou particulares.
vos, que desde já se comprometem a prevenir e
a punir. Artigo 5º
As Partes Contratantes obrigam-se a adotar, de
acordo com as suas Constituições respectivas,
as medidas legislativas necessárias para asse-

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gurar a aplicação das disposições da presente Artigo 11º
Convenção e, especialmente, a prever sanções
penais eficazes que recaiam sobre as pessoas A presente Convenção estará aberta, até 31 de
culpadas de genocídio ou de qualquer dos atos dezembro de 1949, à assinatura de todos os
enumerados no artigo 3º. membros da Organização das Nações Unidas e
de todos os Estados que, não sendo membros,
Artigo 6º tenham sido convidados pela Assembleia Geral
para esse efeito.
As pessoas acusadas de genocídio ou de qual-
quer dos outros atos enumerados no artigo 3º A presente Convenção será ratificada e os ins-
serão julgadas pelos tribunais competentes do trumentos de ratificação serão depositados jun-
Estado em cujo território o ato foi cometido ou to do Secretário-Geral da Organização das Na-
pelo tribunal criminal internacional que tiver ções Unidas.
competência quanto às Partes Contratantes que
tenham reconhecido a sua jurisdição. Após 1º de Janeiro de 1950 poderão aderir à
presente Convenção os membros da Organiza-
Artigo 7º ção das Nações Unidas ou os Estados que, não
sendo membros, tenham recebido o convite
O genocídio e os outros atos enumerados no ar- acima mencionado.
tigo 3º não serão considerados crimes políticos,
para efeitos de extradição. Os instrumentos de adesão serão depositados
junto do Secretário-Geral da Organização das
Em tal caso, as Partes Contratantes obrigam-se Nações Unidas.
a conceder a extradição de acordo com a sua le-
gislação e com os tratados em vigor. Artigo 12º
Artigo 8º As Partes Contratantes poderão, em qualquer
momento e por notificação dirigida ao Secretá-
As Partes Contratantes podem recorrer aos ór- rio-Geral da Organização das Nações Unidas, es-
gãos competentes da Organização das Nações tender a aplicação da presente Convenção a to-
Unidas para que estes, de acordo com a Carta dos os territórios ou a qualquer dos territórios
das Nações Unidas, tomem as medidas que jul- cujas relações exteriores assumam.
guem apropriadas para a prevenção e repressão
dos atos de genocídio ou dos outros atos enu- Artigo 13º
merados no artigo 3º.
Quando tiverem sido depositados os primeiros
Artigo 9º 20 instrumentos de ratificação ou de adesão, o
Secretário-Geral registará o fato em acta. Trans-
Os diferendos entre as Partes Contratantes re- mitirá cópia dessa acta a todos os Estados mem-
lativos à interpretação, aplicação ou execução bros da Organização das Nações Unidas e aos
da presente Convenção, incluindo os diferendos Estados não membros referidos no artigo 11º
relativos à responsabilidade de um Estado em
matéria de genocídio ou de qualquer dos atos A presente Convenção entrará em vigor no 90º
enumerados no artigo 3º, serão submetidos ao dia após a data do depósito do 20º instrumento
Tribunal Internacional de Justiça, a pedido de de ratificação ou de adesão.
uma das partes do diferendo.
Todas as ratificações ou adesões efetuadas pos-
Artigo 10º teriormente à última data produzirão efeito no
90º dia após o depósito do instrumento de rati-
A presente Convenção, cujos textos em inglês, ficação ou de adesão.
chinês, espanhol, francês e russo são igualmen-
te válidos, será datada de 9 de dezembro de
1948.

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Artigo 14º Artigo 18º


A presente Convenção terá uma duração de 10 O original da presente Convenção ficará depo-
anos contados da data da sua entrada em vigor. sitado nos arquivos da Organização das Nações
Unidas.
Após esse período, ficará em vigor por cinco
anos, e assim sucessivamente, para as Partes A todos os Estados membros da Organização
Contratantes que a não tiverem denunciado seis das Nações Unidas e aos Estados não membros
meses pelo menos antes de expirar o termo. referidos no artigo 11º serão enviadas cópias
autenticadas.
A denúncia será feita por notificação escrita, di-
rigida ao Secretário-Geral da Organização das Artigo 19º
Nações Unidas.
A presente Convenção será registada pelo Se-
Artigo 15º cretário-Geral da Organização das Nações Uni-
das na data da sua entrada em vigor.
Se, em consequência de denúncias, o número
das partes na presente Convenção se achar re-
duzido a menos de 16, a Convenção deixará de
estar em vigor a partir da data em que produzir Convenção Relativa ao Estatuto dos
efeitos a última dessas denúncias.
Refugiados (1951)
Artigo 16º
As Partes Contratantes poderão, a todo o tem- Adotada em 28 de julho de 1951 pela Conferên-
po, formular um pedido de revisão da presente cia das Nações Unidas de Plenipotenciários so-
Convenção, mediante notificação escrita dirigi- bre o Estatuto dos Refugiados e Apátridas, con-
da ao Secretário-Geral. vocada pela Resolução 429 (V) da Assembléia
Geral das Nações Unidas, de 14 de dezembro de
A Assembleia Geral deliberará sobre as medidas 1950.
a tomar, se for o caso, sobre esse pedido.
As Altas Partes Contratantes,
Artigo 17º
Considerando que a Carta das Nações Unidas e
O Secretário-Geral das Nações Unidas notificará a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
todos os Estados membros da Organização e os aprovada em 10 de dezembro de 1948 pela As-
Estados não membros referidos no artigo 11º: sembléia Geral, afirmaram o princípio de que os
seres humanos, sem distinção, devem gozar dos
a) Das assinaturas, ratificações e adesões
direitos do homem e das liberdades fundamen-
recebidas em aplicação do artigo 11º;
tais,
b) Das notificações recebidas em aplicação
Considerando que a Organização das Nações
do artigo 12º;
Unidas tem repetidamente manifestado sua
c) Da data da entrada em vigor da presente profunda preocupação pelos refugiados e que
Convenção, em aplicação do artigo 13º; tem se esforçado por assegurar-lhes o exercício
mais amplo possível dos direitos do homem e
d) Das denúncias recebidas em aplicação das liberdades fundamentais,
do artigo 14º;
Considerando que é desejável rever e codificar
e) Da revogação da Convenção em aplica- os acordos internacionais anteriores relativos
ção do artigo 15º; ao estatuto dos refugiados e estender a aplica-
f) Das notificações recebidas em aplicação ção desses instrumentos e a proteção que eles
do artigo 16º oferecem por meio de um novo acordo,

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Considerando que da concessão do direito de 2) Que, em consequência dos aconteci-
asilo podem resultar encargos indevidamente mentos ocorridos antes de 1º de janeiro de
pesados para certos países e que a solução sa- 1951 e temendo ser perseguida por moti-
tisfatória para os problemas cujo alcance e na- vos de raça, religião, nacionalidade, grupo
tureza internacionais a Organização das Nações social ou opiniões políticas, encontra-se
Unidas reconheceu, não pode, portanto, ser ob- fora do país de sua nacionalidade e que não
tida sem cooperação internacional, pode ou, em virtude desse temor, não quer
valer-se da proteção desse país, ou que, se
Exprimindo o desejo de que todos os Estados, não tem nacionalidade encontra-se fora do
reconhecendo o caráter social e humanitário do país no qual tinha sua residência habitual
problema dos refugiados, façam tudo o que es- em consequência de tais acontecimentos,
teja ao seu alcance para evitar que esse proble- não pode ou, devido ao referido temor, não
ma se torne causa de tensão entre os Estados, quer voltar a ele.
Notando que o Alto Comissariado das Nações No caso de uma pessoa que tem mais de uma
Unidas para os Refugiados tem a incumbência nacionalidade, a expressão "do país de sua na-
de zelar para a aplicação das convenções in- cionalidade" se refere a cada um dos países dos
ternacionais que assegurem a proteção dos re- quais ela é nacional. Uma pessoa que, sem ra-
fugiados, e reconhecendo que a coordenação zão válida fundada sobre um temor justificado,
efetiva das medidas tomadas para resolver este não se houver valido da proteção de um dos pa-
problema dependerá da cooperação dos Esta- íses de que é nacional, não será considerada pri-
dos com o Alto Comissário, vada da proteção do país de sua nacionalidade.
Convieram nas seguintes disposições: B) 1) Para os fins da presente Convenção,
as palavras "acontecimentos ocorridos an-
tes de 1º de janeiro de 1951", do art. 1º, se-
ção A, poderão ser compreendidos no senti-
CAPÍTULO I
do de
DISPOSIÇÕES GERAIS
a) "acontecimentos ocorridos antes de 1º
Artigo 1º Definição do termo "refugiado" de janeiro de 1951 na Europa"; ou
A) Para fins da presente Convenção, o ter- b) "acontecimentos ocorridos antes de 1º
mo "refugiado" se aplicará a qualquer pes- de janeiro de 1951 na Europa ou alhures"; e
soa: cada Estado Contratante fará, no momento
da assinatura, da ratificação ou da adesão,
1. Que foi considerada refugiada nos ter-
uma declaração precisando o alcance que
mos dos Ajustes de 12 de maio de 1926 e de
pretende dar a essa expressão do ponto de
30 de junho de 1928, ou das Convenções de
vista das obrigações assumidas por ele em
28 de outubro de 1933 e de 10 de fevereiro
virtude da presente Convenção.
de 1938 e do Protocolo de 14 de setembro
de 1939, ou ainda da Constituição da Orga- 2. Qualquer Estado Contratante que adotou
nização Internacional dos Refugiados; a fórmula a) poderá em qualquer momento
estender as suas obrigações adotando a fór-
As decisões de inabilitação tomadas pela Orga-
mula b) por meio de uma notificação dirigi-
nização Internacional dos Refugiados durante o
da ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
período do seu mandato não constituem obstá-
culo a que a qualidade de refugiado seja reco- C) Esta Convenção cessará, nos casos infra,
nhecida a pessoas que preencham as condições de ser aplicável a qualquer pessoa compre-
previstas no parágrafo 2º da presente seção; endida nos termos da seção A, retro:

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1. se ela voltou a valer-se da proteção do Quando esta proteção ou assistência houver


país de que é nacional; ou cessado, por qualquer razão, sem que a sorte
dessas pessoas tenha sido definitivamente re-
2. se havendo perdido a nacionalidade, ela solvida de acordo com as resoluções a ela relati-
a recuperou voluntariamente; ou vas, adotadas pela Assembléia Geral das Nações
3. se adquiriu nova nacionalidade e goza Unidas, essas pessoas se beneficiarão de pleno
da proteção do país cuja nacionalidade ad- direito do regime desta Convenção.
quiriu; ou E) Esta Convenção não será aplicável a uma
4. se voltou a estabelecer-se, voluntaria- pessoa considerada pelas autoridades com-
mente, no país que abandonou ou fora do petentes do país no qual ela instalou sua
qual permaneceu com medo de ser perse- residência como tendo os direitos e as obri-
guido; ou gações relacionadas com a posse da nacio-
nalidade desse país.
5. se por terem deixado de existir as cir-
cunstâncias em conseqüência das quais foi F) As disposições desta Convenção não
reconhecida como refugiada, ela não pode serão aplicáveis às pessoas a respeito das
mais continuar recusando a proteção do quais houver razões sérias para se pensar
país de que é nacional; que:

Contanto, porém, que as disposições do presen- a) cometeram um crime contra a paz, um


te parágrafo não se apliquem a um refugiado crime de guerra ou um crime contra a hu-
incluído nos termos do parágrafo 1 da seção A manidade, no sentido dado pelos instru-
do presente artigo, que pode invocar, para recu- mentos internacionais elaborados para pre-
sar a proteção do país de que é nacional, razões ver tais crimes;
imperiosas resultantes de perseguições anterio- b) cometeram um crime grave de direito
res; comum fora do país de refúgio antes de se-
6. tratando-se de pessoa que não tem na- rem nele admitidas como refugiados;
cionalidade, se por terem deixado de exis- c) tornaram-se culpadas de atos contrários
tir as circunstâncias em consequência das aos fins e princípios das Nações Unidas.
quais foi reconhecida como refugiada, ela
está em condições de voltar ao país no qual Artigo 2º Obrigações gerais
tinha sua residência habitual;
Todo refugiado tem deveres para com o país em
Contanto, porém, que as disposições do presen- que se encontra, os quais compreendem nota-
te parágrafo não se apliquem a um refugiado in- damente a obrigação de respeitar as leis e regu-
cluído nos termos do parágrafo 1 da seção A do lamentos, assim como as medidas que visam a
presente artigo, que pode invocar, para recusar manutenção da ordem pública.
voltar ao país no qual tinha sua residência habi-
tual, razões imperiosas resultantes de persegui- Artigo 3º Não-discriminação
ções anteriores. Os Estados Contratantes aplicarão as disposi-
D) Esta Convenção não será aplicável às ções desta Convenção aos refugiados sem dis-
pessoas que atualmente se beneficiam de criminação quanto à raça, à religião ou ao país
uma proteção ou assistência de parte de de origem.
um organismo ou de uma instituição das Artigo 4º Religião
Nações Unidas, que não o Alto Comissaria-
do das Nações Unidas para os Refugiados. Os Estados Contratantes proporcionarão aos re-
fugiados, em seu território, um tratamento pelo
menos tão favorável como o que é proporciona-

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do aos nacionais no que concerne à liberdade procidade a refugiados que não preencham
de praticar sua religião e no que concerne à li- as condições previstas nos parágrafos 2 e 3.
berdade de instrução religiosa dos seus filhos.
5. As disposições dos parágrafos 2 e 3, su-
Artigo 5º Direitos conferidos independente- pra, aplicam-se assim às vantagens mencio-
mente desta Convenção nadas nos artigos 13, 18, 19, 21 e 22 desta
Convenção, como aos direitos e vantagens
Nenhuma disposição desta Convenção prejudi- que não são previstos pela mesma.
cará os outros direitos e vantagens concedidos
aos outros refugiados, independentemente des- Artigo 8º Dispensa de medidas excepcionais
ta Convenção.
No que concerne às medidas excepcionais que
Artigo 6º A expressão "nas mesmas circunstân- podem ser tomadas contra a pessoa, bens ou
cias" interesses dos nacionais de um Estado, os Esta-
dos Contratantes não aplicarão tais medidas a
Para os fins desta Convenção, a expressão "nas um refugiado que seja formalmente nacional do
mesmas circunstâncias" significa que todas as referido Estado unicamente em razão da sua na-
condições – em especial as que se referem à du- cionalidade. Os Estados Contratantes que, pela
ração e às condições de permanência ou de re- sua legislação, não podem aplicar o dispositivo
sidência – que o interessado teria de preencher geral consagrado neste artigo concederão, nos
para poder exercer o direito em causa, se ele casos apropriados, dispensas em favor de tais
não fosse refugiado, devem ser preenchidas por refugiados.
ele, com exceção das condições que, em razão
da sua natureza, não podem ser preenchidas Artigo 9º Medidas provisórias
por um refugiado.
Nenhuma das disposições da presente Con-
Artigo 7º Dispensa de reciprocidade venção tem por efeito impedir um Estado Con-
tratante, em tempo de guerra ou em outras
1. Ressalvadas as disposições mais favorá- circunstâncias graves e excepcionais, de tomar
veis previstas por esta Convenção, um Es- provisoriamente, a propósito de uma determi-
tado Contratante concederá aos refugiados nada pessoa, as medidas que este Estado julgar
o regime que concede aos estrangeiros em indispensáveis à segurança nacional, até que o
geral. referido Estado determine que essa pessoa é
2. Após um prazo de residência de três efetivamente um refugiado e que a continuação
anos, todos os refugiados se beneficiarão, de tais medidas é necessária a seu propósito no
no território dos Estados Contratantes, da interesse da segurança nacional.
dispensa de reciprocidade legislativa. Artigo 10. Continuidade de residência
3. Cada Estado Contratante continuará a 1. No caso de um refugiado que foi depor-
conceder aos refugiados os direitos e van- tado no curso da Segunda Guerra Mundial,
tagens de que já gozavam, na ausência de transportado para o território de um dos
reciprocidade, na data da entrada em vigor Estados Contratantes e aí resida, a duração
desta Convenção para o referido Estado. dessa permanência forçada será considera-
4. Os Estados Contratantes considerarão da residência regular nesse território.
com benevolência a possibilidade de con- 2. No caso de um refugiado que foi depor-
ceder aos refugiados, na ausência de reci- tado do território de um Estado Contratante
procidade, direitos e vantagens outros além no curso da Segunda Guerra Mundial e para
dos que eles gozam em virtude dos pará- ele voltou antes da entrada em vigor desta
grafos 2 e 3, assim como a possibilidade de Convenção para aí estabelecer sua residên-
conceder o benefício da dispensa de reci-

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cia, o período que precedeu e o que se se- ção de propriedade móvel ou imóvel e a outros
guiu a essa deportação serão considerados, direitos a ela referentes, ao aluguel e aos outros
para todos os fins para os quais é necessária contratos relativos a propriedade móvel ou imó-
uma residência ininterrupta, como consti- vel.
tuindo apenas um período ininterrupto.
Artigo 14. Propriedade intelectual e industrial
Artigo 11. Marinheiros refugiados
Em matéria de proteção da propriedade indus-
No caso de refugiados regularmente emprega- trial, especialmente de invenções, desenhos,
dos como membros da tripulação a bordo de modelos, marcas de fábrica, nome comercial, e
um navio que hasteie pavilhão de um Estado em matéria de proteção da propriedade literá-
Contratante, este Estado examinará com bene- ria, artística e científica, um refugiado se bene-
volência a possibilidade de autorizar os referi- ficiará, no país em que tem sua residência habi-
dos refugiados a se estabelecerem no seu terri- tual, da proteção que é conferida aos nacionais
tório e entregar-lhes documentos de viagem ou do referido país. No território de qualquer um
de os admitir a título temporário no seu territó- dos outros Estados Contratantes, ele se benefi-
rio, a fim, notadamente, de facilitar sua fixação ciará da proteção dada no referido território aos
em outro país. nacionais do país no qual tem sua residência ha-
bitual.
Artigo 15. Direitos de associação
CAPÍTULO II Os Estados Contratantes concederão aos refu-
SITUAÇÃO JURÍDICA giados que residem regularmente em seu terri-
tório, no que concerne às associações sem fins
Artigo 12. Estatuto pessoal políticos nem lucrativos e aos sindicatos profis-
1. O estatuto pessoal de um refugiado será sionais, o tratamento mais favorável concedido
regido pela lei do país de seu domicílio, ou, aos nacionais de um país estrangeiro, nas mes-
na falta de domicílio, pela lei do país de sua mas circunstâncias.
residência. Artigo 16. Direito de propugnar em juízo
2. Os direitos adquiridos anteriormente 1. Qualquer refugiado terá, no território
pelo refugiado e decorrentes do estatuto dos Estados Contratantes, livre e fácil aces-
pessoal, e principalmente os que resultam so aos tribunais.
do casamento, serão respeitados por um Es-
tado Contratante, ressalvado, sendo o caso, 2. No Estado Contratante em que tem sua
o cumprimento das formalidades previstas residência habitual, qualquer refugiado
pela legislação do referido Estado, enten- gozará do mesmo tratamento que um na-
dendo-se, todavia, que o direito em causa cional, no que concerne ao acesso aos tri-
deve ser dos que seriam reconhecidos pela bunais, inclusive a assistência judiciária e a
legislação do referido Estado se o interessa- isenção de cautio judicatum solvi.
do não houvesse se tornado refugiado.
3. Nos Estados Contratantes outros que
Artigo 13. Propriedade móvel e imóvel não aquele em que tem sua residência ha-
bitual, e no que concerne às questões men-
Os Estados Contratantes concederão a um re- cionadas no parágrafo 2, qualquer refugia-
fugiado um tratamento tão favorável quanto do gozará do mesmo tratamento que um
possível, e de qualquer maneira um tratamento nacional do país no qual tem sua residência
que não seja menos favorável do que o que é habitual.
concedido, nas mesmas circunstâncias, aos es-
trangeiros em geral, no que concerne à aquisi-

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CAPÍTULO III tâncias, aos estrangeiros em geral, no que con-
EMPREGOS REMUNERADOS cerne ao exercício de uma profissão não assala-
riada na agricultura, na indústria, no artesanato
Artigo 17. Profissões assalariadas e no comércio, bem como à instalação de firmas
comerciais e industriais.
1. Os Estados Contratantes darão a todo
refugiado que resida regularmente no seu Artigo 19. Profissões liberais
território o tratamento mais favorável dado,
1. Cada Estado Contratante dará aos refu-
nas mesmas circunstâncias, aos nacionais
giados que residam regularmente no seu
de um país estrangeiro no que concerne ao
território e sejam titulares de diplomas re-
exercício de uma atividade profissional as-
conhecidos pelas autoridades competentes
salariada.
do referido Estado e que desejam exercer
2. Em qualquer caso, as medidas restritivas uma profissão liberal, tratamento tão favo-
impostas aos estrangeiros ou ao emprego rável quanto possível, e, em todo caso, tra-
de estrangeiros para a proteção do mercado tamento não menos favorável do que aque-
nacional do trabalho não serão aplicáveis le que é dado, nas mesmas circunstâncias,
aos refugiados que já estavam dispensados aos estrangeiros em geral.
na data da entrada em vigor desta Conven-
2. Os Estados Contratantes farão tudo o
ção pelo Estado Contratante interessado,
que estiver ao seu alcance, conforme as
ou que preencham uma das seguintes con-
suas leis e constituições, para assegurar a
dições:
instalação de tais refugiados em territórios
a) contar três anos de residência no país; outros que não o território metropolitano,
de cujas relações internacionais sejam res-
b) ter por cônjuge uma pessoa que possua ponsáveis.
a nacionalidade do país de residência. Um
refugiado não poderá invocar o benefício
desta disposição no caso de haver abando-
nado o cônjuge; CAPÍTULO IV
c) ter um ou vários filhos que possuam a BEM-ESTAR
nacionalidade do país de residência.
Artigo 20. Racionamento
3. Os Estados Contratantes considerarão
No caso de existir um sistema de racionamento
com benevolência a adoção de medidas
ao qual esteja submetido o conjunto da popula-
tendentes a assimilar os direitos de todos
ção, que regule a repartição geral dos produtos
os refugiados no que concerne ao exercício
de que há escassez, os refugiados serão trata-
das profissões assalariadas aos dos seus na-
dos como os nacionais.
cionais, e em particular para os refugiados
que entraram no seu território em virtude Artigo 21. Alojamento
de um programa de recrutamento de mão-
-de-obra ou de um plano de imigração. No que concerne ao alojamento, os Estados
Contratantes darão, na medida em que esta
Artigo 18. Profissões não assalariadas questão seja regulada por leis ou regulamentos
ou seja submetida ao controle das autoridades
Os Estados Contratantes darão aos refugiados
públicas, aos refugiados que residam regular-
que se encontrem regularmente no seu territó-
mente no seu território, tratamento tão favorá-
rio tratamento tão favorável quanto possível e,
vel quanto possível e, em todo caso, tratamento
em todo caso, tratamento não menos favorável
não menos favorável do que aquele que é dado,
do que aquele que é dado, nas mesmas circuns-

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nas mesmas circunstâncias, aos estrangeiros em b) Previdência social (as disposições le-
geral. gais relativas aos acidentes do trabalho, às
moléstias profissionais, à maternidade, à
Artigo 22. Educação pública doença, à invalidez, à velhice, à morte, ao
1. Os Estados Contratantes darão aos refu- desemprego, aos encargos de família, bem
giados o mesmo tratamento que é dado aos como a qualquer outro risco que, conforme
nacionais no que concerne ao ensino primá- a legislação nacional, esteja previsto no sis-
rio. tema de previdência social), observadas as
seguintes limitações:
2. Os Estados Contratantes darão aos refu-
giados um tratamento tão favorável quanto I – existência de medidas apropriadas visan-
possível, e em todo caso não menos favo- do a manutenção dos direitos adquiridos e
rável do que aquele que é dado aos estran- dos direitos em curso de aquisição;
geiros em geral, nas mesmas circunstâncias, II – disposições particulares prescritas pela
no que concerne aos graus de ensino supe- legislação nacional do país de residência
riores ao primário, em particular no que diz concernentes a benefícios ou a frações de
respeito ao acesso aos estudos, ao reconhe- benefícios pagáveis exclusivamente por fun-
cimento de certificados de estudos, de di- dos públicos, bem como a pensões pagas a
plomas e títulos universitários estrangeiros, pessoas que não preenchem as condições
à isenção de emolumentos alfandegários e de contribuição exigidas para a concessão
taxas e à concessão de bolsas de estudos. de uma pensão normal.
Artigo 23. Assistência pública 2. Os direitos a um benefício decorrentes
Os Estados Contratantes darão aos refugiados da morte de um refugiado em virtude de
que residam regularmente no seu território o acidente de trabalho ou de doença profis-
mesmo tratamento em matéria de assistência e sional não serão afetados pelo fato do be-
de socorros públicos que é dado aos seus nacio- neficiário residir fora do território do Estado
nais. Contratante.

Artigo 24. Legislação do trabalho e previdência 3. Os Estados Contratantes estenderão aos


social refugiados o benefício dos acordos que con-
cluíram ou vierem a concluir entre si, relati-
1. Os Estados Contratantes darão aos re- vamente à manutenção dos direitos adqui-
fugiados que residam regularmente no seu ridos ou em curso de aquisição em matéria
território o mesmo tratamento dado aos de previdência social, contanto que os re-
nacionais quanto aos seguintes pontos: fugiados preencham as condições previstas
a) Na medida em que estas questões são para os nacionais dos países signatários dos
regulamentadas pela legislação ou depen- acordos em questão.
dem das autoridades administrativas: re- 4. Os Estados Contratantes examinarão
muneração, inclusive abonos familiares com benevolência a possibilidade de esten-
quando os mesmos integrarem a remunera- der, na medida do possível, aos refugiados,
ção; duração do trabalho; horas suplemen- o benefício de acordos semelhantes que es-
tares; férias pagas; restrições ao trabalho tão ou estarão em vigor entre esses Estados
doméstico; idade mínima para o emprego; Contratantes e Estados não-contratantes.
aprendizado e formação profissional; traba-
lho das mulheres e dos adolescentes, e gozo
das vantagens proporcionadas pelas con-
venções coletivas.

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CAPÍTULO V encontre no seu território e que não possua do-
MEDIDAS ADMINISTRATIVAS cumento de viagem válido.
Artigo 28. Documentos de viagem
Artigo 25. Assistência administrativa
1. Os Estados Contratantes entregarão aos
1. Quando o exercício de um direito por
refugiados que residam regularmente no
parte de um refugiado normalmente exigir
seu território documentos de viagem des-
a assistência de autoridades estrangeiras às
tinados a permitir-lhes viajar fora desse
quais ele não pode recorrer, os Estados Con-
território, a menos que a isto se oponham
tratantes em cujo território reside provi-
razões imperiosas de segurança nacional ou
denciarão para que essa assistência lhe seja
de ordem pública; as disposições do Anexo
dada, quer pelas suas próprias autoridades,
a esta Convenção se aplicarão a esses docu-
quer por uma autoridade internacional.
mentos. Os Estados Contratantes poderão
2. A ou as autoridades mencionadas no pa- entregar tal documento de viagem a qual-
rágrafo 1 entregarão ou farão entregar, sob quer outro refugiado que se encontre no
seu controle, aos refugiados, os documen- seu território; darão atenção especial aos
tos ou certificados que normalmente se- casos de refugiados que se encontrem no
riam entregues a um estrangeiro pelas suas seu território e que não estejam em condi-
autoridades nacionais ou por seu intermé- ções de obter um documento de viagem do
dio. país onde residem regularmente.

3. Os documentos ou certificados assim 2. Os documentos de viagem entregues


entregues substituirão os documentos ofi- nos termos de acordos internacionais an-
ciais entregues a estrangeiros pelas suas au- teriores serão reconhecidos pelos Estados
toridades nacionais ou por seu intermédio, Contratantes e tratados como se houves-
e terão fé pública até prova em contrário. sem sido entregues aos refugiados em vir-
tude do presente artigo.
4. Ressalvadas as exceções que possam
ser admitidas em favor dos indigentes, os Artigo 29. Despesas fiscais
serviços mencionados no presente artigo
1. Os Estados Contratantes não submete-
poderão ser cobrados; mas estas cobranças
rão os refugiados a emolumentos alfande-
serão moderadas e de acordo com o valor
gários, taxas e impostos de qualquer espé-
que se cobrar dos nacionais por serviços
cie, além ou mais elevados do que aqueles
análogos.
que são ou serão cobrados dos seus nacio-
5. As disposições deste artigo em nada afe- nais em situações análogas.
tarão os artigos 27 e 28.
2. As disposições do parágrafo anterior
Artigo 26. Liberdade de movimento não impedem a aplicação aos refugiados
das disposições de leis e regulamentos con-
Cada Estado Contratante dará aos refugiados cernentes às taxas relativas à expedição de
que se encontrem no seu território o direito de documentos administrativos para os estran-
nele escolher o local de sua residência e de nele geiros, inclusive papéis de identidade.
circular livremente, com as reservas instituídas
pela regulamentação aplicável aos estrangeiros Artigo 30. Transferência de bens
em geral nas mesmas circunstâncias.
1. Cada Estado Contratante permitirá aos
Artigo 27. Papéis de identidade refugiados, conforme as leis e regulamentos
do seu país, transferir os bens que trouxe-
Os Estados Contratantes entregarão documen- ram para o seu território para o território de
tos de identidade a qualquer refugiado que se

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um outro país, no qual foram admitidos, a dade competente ou perante uma ou várias
fim de nele se reinstalarem. pessoas especialmente designadas pela au-
toridade competente.
2. Cada Estado Contratante considerará
com benevolência os pedidos apresentados 3. Os Estados Contratantes concederão a
pelos refugiados que desejarem obter auto- tal refugiado um prazo razoável para ele ob-
rização para transferir todos os outros bens ter admissão legal em um outro país. Os Es-
necessários a sua reinstalação em um outro tados Contratantes podem aplicar, durante
país, onde foram admitidos, a fim de nele se esse prazo, a medida de ordem interna que
reinstalarem. julgarem oportuna.
Artigo 31. Refugiados em situação irregular no Artigo 33. Proibição de expulsão ou de rechaço
país de refúgio
1. Nenhum dos Estados Contratantes ex-
1. Os Estados Contratantes não aplicarão pulsará ou rechaçará, de forma alguma, um
sanções penais aos refugiados que, chegan- refugiado para as fronteiras dos territórios
do diretamente de território no qual sua em que sua vida ou liberdade seja ameaça-
vida ou sua liberdade estava ameaçada, no da em decorrência da sua raça, religião, na-
sentido previsto pelo art. 1º, encontrem-se cionalidade, grupo social a que pertença ou
no seu território sem autorização, contanto opiniões políticas.
que se apresentem sem demora às autori-
dades e exponham-lhes razões aceitáveis 2. O benefício da presente disposição não
para a sua entrada ou presença irregulares. poderá, todavia, ser invocado por um refu-
giado que por motivos sérios seja conside-
2. Os Estados Contratantes não aplicarão rado um perigo à segurança do país no qual
aos deslocamentos de tais refugiados ou- ele se encontre ou que, tendo sido conde-
tras restrições que não as necessárias; es- nado definitivamente por um crime ou deli-
sas restrições serão aplicadas somente en- to particularmente grave, constitua ameaça
quanto o estatuto desses refugiados no país para a comunidade do referido país.
de refúgio não houver sido regularizado ou
eles não houverem obtido admissão em ou- Artigo 34. Naturalização
tro país. À vista desta última admissão, os Os Estados Contratantes facilitarão, na medida
Estados Contratantes concederão a esses do possível, a assimilação e a naturalização dos
refugiados um prazo razoável, assim como refugiados. Esforçar-se-ão, em especial, para
todas as facilidades necessárias. acelerar o processo de naturalização e reduzir,
Artigo 32. Expulsão também na medida do possível, as taxas e des-
pesas desse processo.
1. Os Estados Contratantes não expulsarão
um refugiado que esteja regularmente no
seu território, senão por motivos de segu-
rança nacional ou de ordem pública. CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES EXECUTÓRIAS
2. A expulsão desse refugiado somente
ocorrerá em consequência de decisão judi- E TRANSITÓRIAS
cial proferida em processo legal. A não ser
Artigo 35. Cooperação das autoridades nacio-
que a isso se oponham razões imperiosas
nais com as Nações Unidas
de segurança nacional, o refugiado deverá
ter permissão de apresentar provas em seu 1. Os Estados Contratantes comprometem-
favor, de interpor recurso e de se fazer re- -se a cooperar com o Alto Comissariado
presentar para esse fim perante uma autori- das Nações Unidas para os Refugiados, ou

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qualquer outra instituição das Nações Uni- CAPÍTULO VII
das que lhe suceda, no exercício das suas CLÁUSULAS FINAIS
funções e em particular para facilitar a sua
tarefa de supervisionar a aplicação das dis- Artigo 38. Solução dos dissídios
posições desta Convenção.
Qualquer controvérsia entre as Partes nesta
2. A fim de permitir ao Alto Comissariado Convenção relativa a sua interpretação ou a sua
ou a qualquer outra instituição das Nações aplicação, que não possa ser resolvida por ou-
Unidas que lhe suceda apresentar relatório tros meios, será submetida à Corte Internacio-
aos órgãos competentes das Nações Uni- nal de Justiça, a pedido de uma das Partes na
das, os Estados Contratantes se comprome- controvérsia.
tem a fornecer-lhes, pela forma apropriada,
as informações e os dados estatísticos soli- Artigo 39. Assinatura, ratificação e adesão
citados relativos: 1. Esta Convenção ficará aberta à assina-
a) ao estatuto dos refugiados, tura em Genebra a 28 de julho de 1951 e,
após esta data, depositada em poder do
b) à execução desta Convenção, e Secretário-Geral das Nações Unidas. Ficará
c) às leis, regulamentos e decretos que es- aberta à assinatura no Escritório Europeu
tão ou entrarão em vigor no que concerne das Nações Unidas de 28 de julho a 31 de
aos refugiados. agosto de 1951, e depois será reaberta à as-
sinatura na sede da Organização das Nações
Artigo 36. Informações sobre as leis e regula- Unidas, de 17 de setembro de 1951 a 31 de
mentos nacionais dezembro de 1952.
Os Estados Contratantes comunicarão ao Secre- 2. Esta Convenção ficará aberta à assinatu-
tário-Geral das Nações Unidas o texto das leis e ra de todos os Estados membros da Orga-
dos regulamentos que promulguem para asse- nização das Nações Unidas, bem como de
gurar a aplicação desta Convenção. qualquer outro Estado não-membro convi-
dado para a Conferência de Plenipotenciá-
Artigo 37. Relações com as convenções ante- rios sobre o Estatuto dos Refugiados e dos
riores Apátridas, ou de qualquer Estado ao qual a
Sem prejuízo das disposições constantes no pa- Assembléia Geral haja dirigido convite para
rágrafo 2 do artigo 28, esta Convenção substi- assinar. Deverá ser ratificada e os instru-
tui, entre as Partes na Convenção, os acordos de mentos de ratificação ficarão depositados
5 de julho de 1922, 31 de maio de 1924, 12 de em poder do Secretário-Geral das Nações
maio de 1926, 30 de julho de 1928 e 30 de julho Unidas.
de 1935, bem como as Convenções de 28 de ou- 3. Os Estados mencionados no parágrafo
tubro de 1933, 10 de fevereiro de 1938, o Proto- 2 do presente artigo poderão aderir a esta
colo de 14 de setembro de 1939 e o Acordo de Convenção a partir de 28 de julho de 1951.
15 de outubro de 1946. A adesão será feita mediante instrumento
próprio que ficará depositado em poder do
Secretário-Geral das Nações Unidas.
Artigo 40. Cláusula de aplicação territorial
1. Qualquer Estado poderá, no momento
da assinatura, ratificação ou adesão, de-
clarar que esta Convenção se estenderá ao
conjunto dos territórios que representa no

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plano internacional, ou a um ou vários den- c) Um Estado federal Parte nesta Con-


tre eles. Tal declaração produzirá efeitos no venção fornecerá, mediante solicitação de
momento da entrada em vigor da Conven- qualquer outro Estado Contratante que lhe
ção para o referido Estado. haja sido transmitida pelo Secretário-Geral
das Nações Unidas, uma exposição sobre
2. A qualquer momento posterior a exten- a legislação e as práticas em vigor na fe-
são poderá ser feita através de notificação deração e em suas unidades constitutivas,
dirigida ao Secretário-Geral das Nações no que concerne a qualquer disposição da
Unidas, e produzirá efeitos a partir do no- Convenção, indicando em que medida, por
nagésimo dia seguinte à data na qual o Se- uma ação legislativa ou de outra natureza,
cretário-Geral das Nações Unidas houver tornou-se efetiva a referida disposição.
recebido a notificação ou na data de entra-
da em vigor da Convenção para o referido Artigo 42. Reservas
Estado, se esta última data for posterior.
1. No momento da assinatura, da ratifica-
3. No que concerne aos territórios aos ção ou da adesão, qualquer Estado poderá
quais esta Convenção não se aplique na formular reservas aos artigos da Conven-
data da assinatura, ratificação ou adesão, ção, que não os artigos 1, 3, 4, 16 (1), 33 e
cada Estado interessado examinará a possi- 36 a 46 inclusive.
bilidade de tomar, logo que possível, todas
as medidas necessárias a fim de estender 2. Qualquer Estado Contratante que haja
a aplicação desta Convenção aos referidos formulado uma reserva conforme o pará-
territórios, ressalvado, sendo necessário grafo 1 desse artigo, poderá retirá-la a qual-
por motivos constitucionais, o consenti- quer momento mediante comunicação com
mento do governo de tais territórios. esse fim dirigida ao Secretário-Geral das
Nações Unidas.
Artigo 41. Cláusula federal
Artigo 43. Entrada em vigor
No caso de um Estado federal ou não-unitário,
aplicar-se-ão as seguintes disposições: 1. Esta Convenção entrará em vigor no no-
nagésimo dia seguinte à data do depósito
a) No que concerne aos artigos desta Con- do sexto instrumento de ratificação ou de
venção cuja execução dependa da ação adesão.
legislativa do poder legislativo federal, as
obrigações do governo federal serão, nesta 2. Para cada um dos Estados que ratifica-
medida, as mesmas que as das partes que rem a Convenção ou a ela aderirem depois
não são Estados federais. do depósito do sexto instrumento de ratifi-
cação ou de adesão, ela entrará em vigor no
b) No que concerne aos artigos desta Con- nonagésimo dia seguinte à data do depósito
venção cuja aplicação depende da ação le- feito por esse Estado do seu instrumento de
gislativa de cada um dos Estados, províncias ratificação ou de adesão.
ou municípios constitutivos, que não são,
em virtude do sistema constitucional da fe- Artigo 44. Denúncia
deração, obrigados a tomar medidas legisla- 1. Qualquer Estado Contratante poderá de-
tivas, o governo federal levará, o mais cedo nunciar a Convenção a qualquer momento
possível, e com o seu parecer favorável, os por notificação dirigida ao Secretário-Geral
referidos artigos ao conhecimento das au- das Nações Unidas.
toridades competentes dos Estados, provín-
cias ou municípios. 2. A denúncia entrará em vigor para o Es-
tado interessado um ano depois da data em

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que tiver sido recebida pelo Secretário-Ge- Em fé do que, os abaixo-assinados, devidamen-
ral das Nações Unidas. te autorizados, assinaram, em nome de seus
respectivos Governos, a presente Convenção.
3. Qualquer Estado que houver feito uma
declaração ou notificação conforme o ar-
tigo 40, poderá notificar ulteriormente ao
Secretário-Geral das Nações Unidas que a Protocolo sobre o Estatuto dos
Convenção cessará de se aplicar a todo o
Refugiados (1966)
território designado na notificação. A Con-
venção cessará, então, de se aplicar ao ter-
ritório em questão, um ano depois da data Adotado e aberto à adesão pela Resolução n.
na qual o Secretário-Geral houver recebido 2.198 (XXI) da Assembléia Geral das Nações Uni-
essa notificação. das, de 16 de dezembro de 1966, e aprovado
anteriormente pela Resolução nº 1.186 (XLI) do
Artigo 45. Revisão Conselho Econômico e Social (ECOSOC) das Na-
1. Qualquer Estado Contratante poderá, a ções Unidas, de 18 de novembro de 1966.
qualquer tempo, por uma notificação dirigi- Os Estados Membros no Presente Protocolo,
da ao Secretário-Geral das Nações Unidas,
pedir a revisão desta Convenção. Considerando que a Convenção sobre o Estatuto
dos Refugiados assinada em Genebra, em 28 de
2. A Assembléia Geral das Nações Unidas julho de 1951 (doravante denominada Conven-
recomendará as medidas a serem tomadas, ção), só se aplica às pessoas que se tornaram
se for o caso, a propósito de tal pedido. refugiados em decorrência dos acontecimentos
Artigo 46. Notificações pelo Secretário-Geral ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951,
das Nações Unidas Considerando que surgiram novas categorias de
O Secretário-Geral das Nações Unidas comuni- refugiados desde que a Convenção foi adotada
cará a todos os Estados membros das Nações e que, por isso, os citados refugiados não po-
Unidas e aos Estados não-membros menciona- dem beneficiar-se da Convenção.
dos no artigo 39: Considerando a conveniência de que o mesmo
a) as declarações e as notificações mencio- Estatuto se aplique a todos os refugiados com-
nadas na seção B do artigo 1; preendidos na definição dada na Convenção,
independentemente da data-limite de 1º de ja-
b) as assinaturas, ratificações e adesões neiro de 1951.
mencionadas no artigo 39;
Convieram no seguinte:
c) as declarações e as notificações mencio-
nadas no artigo 40; Artigo 1º Disposição geral

d) as reservas formuladas ou retiradas § 1º Os Estados Membros no presente Pro-


mencionadas no artigo 42; tocolo comprometer-se-ão a aplicar os "ar-
tigos 2º a 34" inclusive da Convenção aos
e) a data na qual esta Convenção entrará refugiados, definidos a seguir.
em vigor, de acordo com o artigo 43;
§ 2º Para os fins do presente Protocolo, o
f) as denúncias e as notificações mencio- termo "refugiados", salvo no que diz respei-
nadas no artigo 44; to à aplicação do "§ 3 do presente artigo",
significa qualquer pessoa que se enquadre
g) os pedidos de revisão mencionados no
na definição dada no artigo primeiro da
artigo 45.
Convenção, como se as palavras "em decor-

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rência dos acontecimentos ocorridos antes mentos que promulgarem para assegurar a apli-
de 1º de janeiro de 1951 e..." e as palavras cação do presente Protocolo.
"...como conseqüência de tais aconteci-
mentos" não figurassem do "§ 2 da seção A Artigo 4º Solução das controvérsias
do artigo primeiro". Toda controvérsia entre as Partes no presen-
O presente Protocolo será aplicado pelos Esta- te Protocolo, relativa à sua interpretação e à
dos Membros sem nenhuma limitação geográfi- sua aplicação, que não for resolvida por outros
ca; entretanto, as declarações já feitas em virtu- meios, será submetida à Corte Internacional da
de da "alínea a do § 1 da seção B do artigo1º" da Justiça, a pedido de uma das Partes na contro-
Convenção aplicar-se-ão, também, no regime vérsia.
do presente Protocolo, a menos que as obriga- Artigo 5º Adesão
ções do Estado declarante tenham sido amplia-
das de conformidade com o "§ 2 da seção B do O presente Protocolo ficará aberto à adesão
artigo1º" da Convenção. de todos os Estados Membros na Convenção e
qualquer outro Estado Membro da Organização
Artigo 2º Cooperação das autoridades nacio- das Nações Unidas ou membro de uma de suas
nais com as Nações Unidas Agências Especializadas ou de outro Estado ao
§ 1º Os Estados Membros no presente Pro- qual a Assembléia Geral endereçar um convite
tocolo, comprometem-se a cooperar com para aderir ao Protocolo. A adesão far-se-á pelo
o Alto Comissário das Nações Unidas para depósito de um instrumento de adesão junto
os Refugiados ou qualquer outra institui- ao Secretário-Geral da Organização das Nações
ção das Nações Unidas que lhe suceder, no Unidas.
exercício de suas funções e, especialmente, Artigo 6º Cláusula federal
a facilitar seu trabalho de observar a aplica-
ção das disposições do presente Protocolo. No caso de um Estado Federal ou não-unitário,
as seguintes disposições serão aplicadas:
§ 2º A fim de permitir ao Alto Comissaria-
do, ou a toda outra instituição das Nações § 1º No que diz respeito aos artigos da Con-
Unidas que lhe suceder, apresentar relató- venção que devam ser aplicados de confor-
rios aos órgãos competentes das Nações midade com o "§ 1 do artigo1º" do presen-
Unidas, os Estados Membros no presente te Protocolo e cuja execução depender da
Protocolo comprometem-se a fornece-lhe, ação legislativa do poder legislativo federal,
na forma apropriada, as informações e os as obrigações do governo federal serão,
dados estatísticos solicitados sobre: nesta medida, as mesmas que aquelas dos
Estados Membros que não forem Estados
a) O estatuto dos refugiados. federais.
b) A execução do presente Protocolo. § 2º No que diz respeito aos artigos da Con-
c) As leis, os regulamentos e os decretos venção que devam ser aplicados de confor-
que estão ou entrarão em vigor, no que con- midade com o "§ 1 do artigo1º" do presen-
cerne aos refugiados. te Protocolo e aplicação depender da ação
legislativa de cada um dos Estados, provín-
Artigo 3º Informações relativas às leis e regula- cias, ou municípios constitutivos, que não
mentos nacionais forem, por causa do sistema constitucional
da federação, obrigados a adotar medidas
Os Estados Membros no presente Protocolo co- legislativas, o governo federal levará, o mais
municarão ao Secretário-Geral da Organização cedo possível e com a sua opinião favorável,
das Nações Unidas o texto das leis e dos regula- os referidos artigos ao conhecimento das

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autoridades competentes dos Estados, pro- que no momento da adesão uma notifica-
víncias ou municípios. ção contrária for endereçada ao Secretário-
-Geral da Organização das Nações Unidas.
§ 3º Um Estado federal Membro no pre- As disposições dos "§ 2 e § 3 do artigo 40
sente Protocolo comunicará, a pedido de e do § 3 do artigo 44" da Convenção serão
qualquer outro Estado Membro no presen- consideradas aplicáveis mutatis mutantis ao
te Protocolo, que lhe for transmitido pelo presente Protocolo.
Secretário-Geral da Organização das Nações
Unidas, uma exposição de sua legislação Artigo 8º Entrada em vigor
e as práticas em vigor na federação e suas
unidade constitutivas, no que diz respeito § 1º O presente Protocolo entrará em vigor
a qualquer disposição da Convenção a ser na data do depósito do sexto instrumento
aplicada de conformidade com o disposto de adesão.
no"§ 1 do artigo1º" do presente Protocolo, § 2º Para cada um dos Estados que aderir ao
indicando em que medida, por ação legisla- Protocolo após o depósito do sexto instru-
tiva ou de outra espécie, foi efetiva tal dis- mento de adesão, o Protocolo entrará em
posição. vigor na data em que esses Estado deposi-
Artigo 7º Reservas e declarações tar seu instrumento de adesão.

§ 1º No momento de sua adesão, todo Es- Artigo 9º Denúncia


tado poderá formular reservas ao "artigo § 1º Todo Estado Membro no presente Pro-
4º" do presente Protocolo e a respeito da tocolo poderá denunciá-lo, a qualquer mo-
aplicação, em virtude do artigo primeiro do mento, mediante uma notificação endere-
presente Protocolo, de quaisquer disposi- çada ao Secretário-Geral da Organização
ções da Convenção, com exceção dos "arti- das Nações Unidas. A denúncia surtirá efei-
gos 1º, 3º, 4º. 16 (I) e 33", desde que, no to, para o Estado Membro em questão, um
caso de um Estado Membro na Convenção, ano após a data em que for recebida pelo
as reservas feitas, em virtude do presente Secretário-Geral da Organização das Nações
artigo, não se estendam aos refugiados aos Unidas.
quais se aplica a Convenção.
Artigo 10. Notificações pelo Secretário-Geral
§ 2º As reservas feitas por Estados Mem- da Organização das Nações Unidas
bros na Convenção, de conformidade com o
"artigo 42" da referida Convenção, aplicar- O Secretário-Geral da Organização das Nações
-se-ão, a não ser que sejam retiradas, à s Unidas notificará a todos os Estados referido
suas obrigações decorrentes do presente no "artigo 5º" as datas da entrada em vigor, de
Protocolo. adesão, de depósito e de retirada de reservas,
de denúncia e de declarações e notificações
§ 3º Todo Estado que formular uma reser- pertinentes a este Protocolo.
va, em virtude do "§ 1" do presente artigo,
poderá retirá-la a qualquer momento, por Artigo 11. Depósito do Protocolo nos Arquivos
uma comunicação endereçada com este ob- do Secretariado da Organização das Nações
jetivo ao Secretário-Geral da Organização Unidas.
das Nações Unidas.
Um exemplar do presente Protocolo, cujos tex-
§ 4º As declarações feitas em virtude dos tos em língua chinesa, espanhola, francesa,
"§ 1 e§ 2 do artigo 40" da Convenção, por inglesa e russa fazem igualmente fé, assinado
um Estado Membro nesta Convenção, e que pelo Presidente da Assembléia Geral e pelo Se-
aderir ao presente protocolo, serão conside- cretário-Geral da Organização das Nações Uni-
radas aplicáveis a este Protocolo, a menos das, será depositado nos arquivos do Secretaria-

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do da Organização. O Secretário-Geral remeterá Considerando que a Declaração Universal dos


cópias autenticadas do Protocolo a todos os Es- Direitos do Homem proclama que todos os seres
tados membros da Organização das Nações Uni- humanos nascem livres e iguais em dignidade
das e aos outros Estados referidos no "artigo e em direitos, e que cada um pode prevalecer-
5º" acima. -se de todos os direitos e de todas as liberdades
nela enunciados, sem distinção alguma, nomea-
DECRETO Nº 70.946 damente de raça, de cor ou de origem nacional;
DE 7 DE AGOSTO DE 1972
Considerando que todos os homens são iguais
Promulga o Protocolo sobre o Estatuto dos Re- perante a lei e têm direito a uma igual proteção
fugiados da lei contra toda a discriminação e contra todo
o incitamento à discriminação;
O Presidente da República, havendo sido apro-
vado, pelo "Decreto Legislativo nº 93" , de 30 de Considerando que as Nações Unidas condena-
novembro de 1971, o Protocolo sobre o Estatu- ram o colonialismo e todas as práticas de discri-
to dos Refugiados, concluído em Nova York, a 31 minação e de segregação que o acompanham,
de janeiro de 1967 sob qualquer forma e onde quer que existam,
e que a Declaração sobre a Concessão da Inde-
Havendo sido depositado, pelo Brasil, um Ins- pendência aos Países e aos Povos Coloniais, de
trumento de Adesão junto ao Secretariado das 14 de Dezembro de 1960 [Resolução nº 1514
Nações Unidas em 7 de abril de 1972. (XV) da Assembleia Geral], afirmou e proclamou
solenemente a necessidade de lhe pôr rápida e
E havendo o referido Protocolo, em conformida-
incondicionalmente termo;
de com o seu "artigo 8º, § 2", entrado em vigor,
para o Brasil, a 7 de abril de 1972. Considerando que a Declaração das Nações
Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas
Decreta que o Protocolo, apenso por cópia ao
de Discriminação Racial de 20 de Novembro de
presente Decreto, seja executado e cumprido
1963 [Resolução nº 1904 (XVIII) da Assembleia
tão inteiramente como nele se contém.
Geral], afirma solenemente a necessidade de
Emílio G. Médici – Presidente da República eliminar rapidamente todas as formas e todas
as manifestações de discriminação racial em to-
das as partes do Mundo e de assegurar a com-
preensão e o respeito da dignidade da pessoa
Convenção Internacional sobre humana;
Eliminação de todas as formas de Convencidos de que as doutrinas da superiori-
Discriminação Racial (1965) dade fundada na diferenciação entre as raças
são cientificamente falsas, moralmente conde-
Os Estados Partes na presente Convenção: náveis e socialmente injustas e perigosas e que
nada pode justificar, onde quer que seja, a dis-
Considerando que a Carta das Nações Unidas criminação racial, nem em teoria nem na práti-
se funda nos princípios da dignidade e da igual- ca;
dade de todos os seres humanos e que todos
os Estados Membros se obrigaram a agir, tan- Reafirmando que a discriminação entre os seres
to conjunta como separadamente, com vista a humanos por motivos fundados na raça, na cor
atingir um dos fins das Nações Unidas, ou seja: ou na origem étnica é um obstáculo às relações
desenvolver e encorajar o respeito universal e amigáveis e pacíficas entre as nações e é sus-
efetivo dos direitos do homem e das liberda- ceptível de perturbar a paz e a segurança entre
des fundamentais para todos, sem distinção de os povos, assim como a coexistência harmonio-
raça, de sexo, de língua ou de religião; sa das pessoas no seio de um mesmo Estado;

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Convencidos de que a existência de barreiras ra- tural ou em qualquer outro domínio da vida
ciais é incompatível com os ideais de qualquer pública
sociedade humana;
2. A presente Convenção não se aplica às
Alarmados com as manifestações de discrimina- diferenciações, exclusões, restrições ou pre-
ção racial que ainda existem em certas regiões ferências estabelecidas por um Estado Parte
do Mundo e com as políticas governamentais na Convenção entre súbditos e não súbditos
fundadas na superioridade ou no ódio racial, seus.
tais como as políticas de apartheid, de segrega-
ção ou de separação; 3. Nenhuma disposição da presente Con-
venção poderá ser interpretada como aten-
Resolvidos a adotar todas as medidas necessá- tat6ria, por qualquer forma que seja, das
rias para a eliminação rápida de todas as formas disposições legislativas dos Estados Partes
e de todas as manifestações de discriminação na Convenção relativas à nacionalidade, à
racial e a evitar e combater as doutrinas e prá- cidadania ou à naturalização, desde que es-
ticas racistas, a fim de favorecer o bom entendi- sas disposições não sejam discriminatórias
mento entre as raças e edificar uma comunida- para uma dada nacionalidade.
de internacional liberta de todas as formas de
segregação e de discriminação raciais; 4. As medidas especiais adotadas com a fi-
nalidade única de assegurar conveniente-
Tendo presente a Convenção Relativa à. Discri- mente o progresso de certos grupos raciais
minação em Matéria de Emprego e de Profis- ou étnicos ou de indivíduos que precisem
são, adotada pela Organização Internacional da proteção eventualmente necessária para
do Trabalho em 1958, e a Convenção Relativa à lhes garantir o gozo e o exercício dos direi-
Luta contra a Discriminação no Domínio do tos do homem e das liberdades fundamen-
tais em condições de igualdade não se con-
Ensino, adotada pela Organização das Nações sideram medidas de discriminação racial,
Unidas para à Educação, a Ciência e a Cultura sob condição, todavia, de não terem como
em 1960; efeito a conservação de direitos diferencia-
Desejando dar efeito aos princípios enunciados dos para grupos raciais diferentes e de não
na Declaração das Nações Unidas sobre a Eli- serem mantidas em vigor logo que sejam
minação de Todas as Formas de Discriminação atingidos os objetivos que prosseguiam.
Racial e assegurar o mais rapidamente possível Artigo 2º
a adopção de medidas práticas para este fim;
acordam no seguinte: 1. Os Estados Partes condenam a discrimi-
nação racial e obrigam-se a prosseguir, por
PARTE I todos apropriados, e sem demora, uma po-
lítica tendente a eliminar todas as formas
Artigo 1º de discriminação racial e a favorecer a har-
1. Na presente Convenção, a expressão a monia entre todas as raças, e, para este fim:
«discriminação racial» visa qualquer distin- a) Os Estados Partes obrigam-se a não se
ção, exclusão, restrição ou preferência fun- entregarem a qualquer ato ou prática de
dada na raça, cor, ascendência na origem discriminação racial contra pessoas, grupos
nacional ou étnica que tenha como objetivo de pessoas ou instituições, e a proceder de
ou como efeito destruir ou comprometer modo que todos as autoridades públicas e
o reconhecimento, o gozo ou o exercício, instituições públicas, nacionais e locais, se
em condições de igualdade, dos direitos do conformem com esta obrigação;
homem e das liberdades fundamentais nos
domínios político, económico, social e cul-

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b) Os Estados Partes obrigam-se a não en- Artigo 4º


corajar, defender ou apoiar a discriminação
racial praticada por qualquer pessoa ou or- Os Estados Partes condenam a propaganda e as
ganização; organizações que se inspiram em ideias ou teo-
rias fundadas na superioridade de uma raça ou
c) Os Estados Partes devem adotar medi- de um grupo de pessoas de uma certa cor ou
das eficazes para rever as políticas governa- de uma certa origem étnica ou que pretendem
mentais nacionais e locais e para modificar, justificar ou encorajar qualquer forma de ódio
revogar ou anular as leis e disposições regu- ou de discriminação raciais, obrigam-se a adotar
lamentares que tenham como efeito criar imediatamente medidas positivas destinadas a
a discriminação racial ou perpetuá-la, se já eliminar os incitamentos a tal discriminação e,
existe; para este efeito, tendo devidamente em conta
os princípios formulados na Declaração Univer-
d) Os Estados Partes devem, por todos os sal dos Direitos do Homem e os direitos expres-
meios apropriados, incluindo, se as circuns- samente enunciados no Artigo 5º da presente
tancias o exigirem, medidas legislativas, Convenção, obrigam-se, nomeadamente:
proibir a discriminação racial praticada por
pessoas, grupos ou organizações e pôr-lhe a) A declarar delitos puníveis pela lei a di-
termo; fusão de ideias fundadas na superioridade
ou no ódio racial, os incitamentos à discri-
e) Os Estados Partes obrigam-se a favore- minação racial, os atos de violência, ou a
cer, se necessário, as organizações e mo- provocação a estes atos, dirigidos contra
vimentos integracionistas multirraciais, e qualquer raça ou grupo de pessoas de outra
outros meios próprios para eliminar as bar- cor ou de outra origem étnica, assim como
reiras entre as raças, e a desencorajar o que a assistência prestada a atividades racistas,
tende a reforçar a divisão racial. incluindo o seu financiamento;
2. Os Estados Partes adotarão, se as cir- b) A declarar ilegais e a proibir as organi-
cunstancias o exigirem, nos domínios so- zações' assim como as atividades de propa-
cial, económico, cultural e outros, medidas ganda organizada e qualquer outro tipo de
especiais e concretas para assegurar conve- atividade de propaganda, que incitem à dis-
nientemente o desenvolvimento ou a pro- criminação racial e que a encorajem e a de-
teção de certos grupos raciais ou de indiví- clarar delito punível pela lei a participação
duos pertencentes a esses grupos, a fim de nessas organizações ou nessas atividades;
lhes garantir, em condições de igualdade,
o pleno exercício dos direitos do homem e c) A não permitir às autoridades públicas
das liberdades fundamentais. Essas medi- nem às instituições públicas, nacionais ou
das não poderão, em caso algum, ter como locais, incitar à discriminação racial ou en-
efeito a conservação de direitos desiguais corajá-la.
ou diferenciados para os diversos grupos
raciais, uma vez atingidos os objetivos que Artigo 5º
prosseguiam. De acordo com as obrigações fundamentais
Artigo 3º enunciadas no Artigo 2. da presente Convenção,
os Estados Partes obrigam-se a proibir e a elimi-
Os Estados Partes condenam especialmente a nar a discriminação racial, sob todas as suas for-
segregação racial e o apartheid e obrigam-se a mas, e a garantir o direito de cada um à igualda-
prevenir, a proibir e a eliminar, nos territórios de perante a lei sem distinção de raça, de cor ou
sob sua jurisdição, todas as práticas desta natu- de origem nacional ou étnica, nomeadamente
reza. no gozo dos seguintes direitos:

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a) Direito de recorrer aos tribunais ou a e a uma remuneração equitativa e satisfató-
quaisquer outros órgãos de administração ria;
da justiça;
II – Direito de fundar sindicatos e de se filiar
b) Direito à segurança da pessoa e à prote- em sindicatos;
ção do Estado contra as vias de fato ou as
sevícias da parte quer de funcionários do III – Direito ao alojamento;
Governo, quer de qualquer pessoa, grupo IV – Direito à saúde, aos cuidados médicos,
ou instituição; à segurança social e aos serviços sociais;
c) Direitos políticos, nomeadamente o di- V – Direito à educação e à formação profis-
reito de participar nas eleições de votar e sional;
de ser candidato por sufrágio universal e
igual, direito de tomar parte no Governo, VI – Direito de tomar parte, em condições
assim como na direção dos assuntos públi- de igualdade, nas atividades culturais;
cos, em todos os escalões, e direito de ace-
f) Direito de acesso a todos os locais e ser-
der, em condições de igualdade, às funções
viços destinados a uso público, tais como
públicas;
meios de transporte, hotéis, restaurantes,
d) Outros direitos civis, nomeadamente: cafés, espetáculos e parques.

I – Direito de circular livremente e de esco- Artigo 6º


lher a sua residência no interior de um Es-
Os Estados Partes assegurarão às pessoas sujei-
tado;
tas à sua jurisdição proteção e recurso efetivos
II – Direito de abandonar qualquer país, in- aos tribunais nacionais e a outros organismos
cluindo o seu, e de regressar ao seu país; do Estado competentes, contra todos os atos
de discriminação racial que, contrariando a pre-
III – Direito a uma nacionalidade; sente Convenção, violem os seus direitos indivi-
IV – Direito ao casamento e à escolha do duais c as suas liberdades fundamentais, assim
cônjuge; como o direito de pedir a esses tribunais satis-
fação ou reparação, justa e adequada, por qual-
V – Direito de qualquer pessoa, por si só ou quer prejuízo de que sejam vítimas em razão de
em associação, à propriedade; tal discriminação.
VI – Direito de herdar; Artigo 7º
VII – Direito à liberdade de pensamento, de Os Estados Partes obrigam-se a adotar medidas
consciência e de religião; imediatas e eficazes, nomeadamente nos domí-
nios do ensino, da educação, da cultura e da in-
VIII – Direito à liberdade de opinião e de ex- formação, para lutar contra os preconceitos que
pressão; conduzem à discriminação racial, e favorecer a
IX – Direito à liberdade de reunião e de as- compreensão, a tolerância e a amizade entre
sociação pacíficas; nações e grupos raciais ou étnicos, bem como
para promover os objetivos e princípios da Car-
e) Direitos económicos, sociais e culturais, ta das Nações Unidas, da Declaração Univer-
nomeadamente: sal dos Direitos do Homem, da Declaração das
I – Direitos ao trabalho, à livre escolha do Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as
trabalho, a condições equitativas e satisfa- Formas de Discriminação Racial e da presente
tórias de trabalho, à proteção contra 0 de- Convenção.
semprego, a salário igual para trabalho igual

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PARTE II cessará ao fim de dois anos; imediatamente


a seguir à primeira eleição, o nome destes
Artigo 8º nove membros será sorteado pelo presi-
dente do. Comitê;
1. É constituído um Comitê para a Elimina-
ção da Discriminação Racial (a seguir desig- b) Para preencher as vagas fortuitas, o Es-
nado «o Comitê»), composto por dezoito tado Parte cujo perito deixou de exercer as
peritos conhecidos pela sua alta moralidade suas funções de membro do Comitê nome-
e imparcialidade, que são eleitos pelos Esta- ará outro perito de entre os seus súbditos,
dos Partes de entre os seus súbditos – e que sob reserva da aprovação do Comitê.
nele exercem funções a título individual -,
tendo em conta uma repartição geográfica 6. Os Estados Partes tomam a seu cargo as
equitativa e a representação das diferentes despesas dos membros do Comitê no perí-
formas de civilização, bem como dos princi- odo em que estes exerçam as suas funções
pais sistemas jurídicos. no Comitê.

2. Os membros do Comitê são eleitos, por Artigo 9º


escrutínio secreto, de uma lista de candida- 1. Os Estados Partes obrigam-se a apresen-
tos designados pelos Estados Partes. Cada tar ao Secretário-Geral da Organização das
Estado Parte pode designar um candidato Nações Unidas, para ser examinado pelo
escolhido entre os seus súbditos. Comitê, um relatório sobre as medidas de
3. A primeira eleição terá lugar seis meses ordem legislativa, judiciária, administrati-
após a data da entrada em vigor da pre- va ou outra que tenham promulgado e que
sente Convenção. Três meses, pelo menos, dêem efeito às disposições da presente
antes da data de cada eleição, o Secretário- Convenção:
-Geral da Organização das Nações Unidas a) No prazo de um ano, a contar da entrada
envia uma carta aos Estados Partes convi- em vigor da Convenção, para cada Estado
dando-os a apresentar os seus candidatos interessado, no que lhe respeita, e
no prazo de dois meses. O Secretário-Geral
elabora uma lista, por ordem alfabética, de b) A partir de então todos os dois anos e
todos os candidatos assim designados, com além disso, sempre que o Comitê o pedir.
indicação dos Estados Partes que os desig- O Comitê pode pedir informações comple-
naram, e comunica-a aos Estados Partes. mentares aos Estados Partes.

4. Os membros do Comitê são eleitos numa 2. O Comitê submete todos os anos à As-
reunião dos Estados Partes convocada pelo sembleia Geral da Organização das Nações
Secretário-Geral na sede da Organização Unidas, por intermédio do Secretário-Geral,
das Nações Unidas. Nesta reunião, onde o um relatório das suas atividades e pode fa-
quórum é constituído por dois terços dos zer sugestões ou recomendações de ordem
Estados Partes, são eleitos membros do Co- geral, fundadas no exame dos relatórios e
mitê os candidatos que obtiverem o maior das informações recebidas dos Estados Par-
número de votos e a maioria absoluta dos tes. leva ao conhecimento da Assembleia
votos dos representantes dos Estados Par- (Geral essas sugestões e recomendações de
tes presentes e votantes. ordem geral, juntamente com, se as houver,
as observações dos Estados Partes.
5.
Artigo 10.
a) Os membros do Comitê são eleitos por
quatro anos. Todavia, o mandato de nove 1. O Comitê adota o seu regulamento
dos membros eleitos na primeira eleição interno.

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2. O Comitê elege o seu gabinete por um 5. Quando o Comitê examinar uma questão
período de dois anos. em aplicação deste Artigo os Estados Partes
interessados têm o direito de designar um
3. O Secretário-Geral da Organização; das representante, que participara, sem direito
Nações Unidas assegura o secretariado do de voto, nos trabalhos do Comitê enquanto
Comitê. 4 – O Comitê tem normalmente as durarem os debates.
suas reuniões na sede da Organização das
Nações Unidas. Artigo 12.
Artigo 11. 1.
1. Se um Estado Parte entender que outro a) Logo que o Comitê tenha obtido e exa-
Estado também Parte não aplica as disposi- minado as informações que julgar necessá-
ções da presente Convenção pode chamar rias, o presidente designa uma Comissão de
a atenção do Comitê para essa questão. O Conciliação ad hoc (a seguir designada «a
Comitê transmitirá então a comunicação Comissão»), composta por cinco pessoas,
recebida ao Estado Parte interessado. Num que podem ser ou não membros do Comi-
prazo de três meses, o Estado destinatário tê. Os seus membros são designados com o
submeterá ao Comitê explicações ou decla- inteiro e unânime assentimento das partes
rações por escrito que esclareçam a ques- no diferendo, e a Comissão coloca os seus
tão, indicando, quando tal seja o caso, as bons ofícios à disposição dos Estados inte-
medidas que possa ter tomado para reme- ressados, afim de se chegar a uma solução
diar a situação. amigável da questão, fundada no respeito
da presente Convenção.
2. Se no prazo de seis meses, a contar da
data da recepção da comunicação original b) Se os Estados Partes no diferendo não
pelo Estado destinatário, a questão não chegarem a acordo sobre toda ou parte da
estiver decidida a contento dos dois Esta- composição da Comissão no prazo de três
dos, por via de negociações bilaterais ou meses, os membros da Comissão que não
por qualquer outro processo ao seu dispor, tiverem o assentimento dos Estados Partes
qualquer dos Estados tem o direito de a no diferendo serão eleitos, por escrutínio
submeter de novo ao Comitê dirigindo uma secreto, de entre os membros do Comitê
notificação ao Comitê e ao outro Estado in- pela maioria de dois terços dos membros
teressado. do Comitê.
3. O Comitê só poderá conhecer de uma 2. Os membros da Comissão exercem fun-
questão que lhe seja submetida nos termos ções a título individual. Não devem ser súb-
do parágrafo 2 do presente Artigo depois de ditos de um Estado Parte no diferendo nem
se ter certificado de que foram utilizados ou de um Estado que não seja Parte na presen-
esgotados todos os recursos internos dispo- te Convenção.
níveis, conformes aos princípios de direito
internacional geralmente reconhecidos. 3. A Comissão elege o seu presidente e ado-
Esta regra não se aplica se os processos de ta o seu regulamento interno.
recurso excederem prazos razoáveis. 4. A Comissão reúne normalmente na sede
4. Em todas as questões que lhe sejam sub- da Organização das Nações Unidas ou em
metidas, pode o Comitê pedir aos Estados qualquer outro lugar apropriado que seja
Partes em presença que lhe forneçam infor- determinado pela Comissão.
mações complementares pertinentes. 5. O secretariado previsto no parágrafo 3
do Artigo 10 da presente Convenção presta

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também os seus serviços à Comissão sem- comunicações emanadas de pessoas ou de


pre que um diferendo entre Estados Partes grupos de pessoas submetidas à sua juris-
implique a constituição da Comissão. dição que se queixem de ser vítimas de vio-
lação por um Estado Parte de qualquer dos
6. As despesas dos membros da Comissão direitos enunciados na presente Conven-
serão repartidas por igual entre os Estados ção. O Comitê não receberá nenhuma co-
Partes no diferendo com base numa estima- municação relativa a um Estado Parte que
tiva feita pelo Secretário-Geral da Organiza- não haja feito essa declaração.
ção das Nações Unidas.
2. Os Estados Partes que fizerem a decla-
7. O Secretário-Geral está habilitado a, se ração prevista no parágrafo 1 do presente
tal for necessário, reembolsar os membros Artigo poderão criar ou designar um orga-
da Comissão das suas despesas antes de os nismo, no quadro da sua ordem jurídica na-
Estados Partes no diferendo terem efetuado cional, que detenha competência para rece-
o pagamento nos termos do parágrafo 6 do ber e examinar as petições que emanem de
presente Artigo. pessoas ou grupos de pessoas submetidas
8. As informações obtidas e examinadas à jurisdição desses Estados que se queixem
pelo Comitê serão postas à disposição da de ser vítimas de violação de qualquer dos
Comissão, e a Comissão poderá pedir aos direitos enunciados na presente Convenção
Estados interessados que lhe forneçam in- e que tenham esgotado os outros recursos
formações complementares pertinentes. locais disponíveis.

Artigo 13. 3. As declarações feitas nos termos do pa-


rágrafo 1 do presente Artigo e o nome dos
1. Depois de ter estudado a questão sob organismos criados ou designados nos. ter-
todos os seus aspectos, a Comissão prepa- mos do parágrafo 2 do mesmo Artigo serão
rará e submeterá ao presidente do Comitê apresentados pelo Estado Parte interessa-
um relat6rio com as suas conclusões sobre do ao Secretário-Geral da Organização das
todas as questões de fato relativas ao litígio Nações Unidas que deles enviará copia aos
entre as partes e com as recomendações outros Estados Partes A declaração pode ser
que julgar oportunas para se chegar a uma retirada a todo o tempo, por notificação di-
solução amigável do diferendo. rigida ao Secretário-Geral, mas essa retira-
2. O presidente do Comitê transmite o re- da não prejudicará as comunicações que já
latório aos Estados Partes no diferendo. Es- tenham sido afetas ao Comitê.
tes Estados darão a conhecer ao presidente, 4. O organismo criado ou designado nos
no prazo de três meses, se aceitam ou não termos do parágrafo 2 do presente Artigo
as recomendações contidas no relatório da deverá possuir um registo das petições, e
Comissão. todos os anos serão entregues ao Secretá-
3. Expirado o prazo previsto no parágrafo 2 rio-Geral, pelas vias apropriadas, cópias au-
do presente Artigo, o presidente do Comitê tenticadas do registo, entendendo-se, po-
comunicará o relatório da Comissão e as de- rém, que o conteúdo dessas cópias não será
clarações dos Estados Partes interessados divulgado ao público.
aos outros Estados Partes na Convenção. 5. Caso não obtenha satisfação do organis-
Artigo 14. mo criado ou designado nos termos do pa-
rágrafo 2 do presente Artigo, o peticionário
1. Os Estados Partes poderão declarar, a tem o direito de dirigir, no prazo de seis me-
todo o tempo, que reconhecem compe- ses, uma comunicação ao Comitê.
tência ao Comitê para receber e examinar

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6. Artigo 15.
a) O Comitê leva as comunicações que 1. Esperando a realização dos objetivos da
lhe forem dirigidas ao conhecimento, a tí- Declaração sobre a Concessão da Indepen-
tulo confidencial, do Estado Parte que ale- dência aos Países e aos Povos Coloniais,
gadamente violou qualquer disposição da contida na Resolução n. 1514 (XV) da As-
Convenção; a identidade da pessoa ou dos sembleia Geral da Organização das Nações
grupos de pessoas interessadas não pode, Unidas, de 14 de Dezembro de 1960, as dis-
todavia, ser revelada sem o consentimento posições da presente Convenção em nada
expresso dessa pessoa ou desses grupos de restringem o direito de petição concedido a
pessoas. O Comitê não recebe comunica- esses povos por outros instrumentos inter-
ções anónimas. nacionais ou pela Organização das Nações
Unidas ou pelas suas instituições especiali-
b) Nos três meses imediatos, o dito Estado zadas.
submeterá, por escrito, ao Comitê explica-
ções ou declarações que esclareçam a ques- 2.
tão, indicando, quando tal seja o caso, as
medidas que tenha tomado para remediar a a) O Comitê constituído nos termos do Ar-
situação. tigo 8.o da presente Convenção receberá
cópias das petições vindas dos órgãos das
7. Nações Unidas que se ocupem de ques-
tões que tenham uma relação direta com
a) O Comitê examinará as comunicações, os princípios e objetivos da presente Con-
tendo em conta todas as informações que venção e exprimirá uma opinião e fará re-
lhe foram submetidas pelo Estado Parte in- comendações quando examinar as petições
teressado e pelo peticionário. O Comitê não emanadas de habitantes de territórios sob
examinará nenhuma comunicação de um tutela ou não autónomos ou de qualquer
peticionário sem se ter certificado de que outro território a que se aplique a Resolu-
este esgotou todos os recursos internos dis- ção nº 1514 (XV) da Assembleia Geral que
poníveis. Esta regra não se aplica, todavia, se relacionem com questões incluídas na
se os processos de recurso excederem pra- presente Convenção e que sejam recebidas
zos razoáveis. pelos referidos órgãos.
b) O Comitê dirige as suas sugestões e re- b) O Comitê receberá dos órgãos compe-
comendações ao Estado Parte interessado e tentes das Nações Unidas cópia dos relató-
ao peticionário. rios relativos às medidas de ordem legisla-
8. O Comitê incluirá no seu relatório anual tiva, judiciária, administrativa ou outra que
um resumo destas comunicações e, quando digam diretamente respeito aos princípios
as haja, um resumo das explicações e de- e objetivos da presente Convenção, que as
clarações dos Estados Partes interessados, potências administrantes tenham aplicado
bem como das suas próprias sugestões e re- nos territórios mencionados na alínea a) do
comendações. presente parágrafo e exprimirá opiniões e
fará recomendações a esses órgãos.
9. O Comitê só tem competência para de-
sempenhar as funções previstas no presen- 3. O Comitê incluirá nos seus relatórios à
te Artigo se pelo menos dez Estados Partes Assembleia Geral um resumo das petições e
na Convenção estiverem ligados a decla- dos relatórios recebidos de órgãos da Orga-
rações feitas nos termos do parágrafo I do nização das Nações Unidas, assim como as
presente Artigo. opiniões e as recomendações que as ditas

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petições e relatórios mereceram da sua par- 2. A adesão far-se-á pelo depósito de um


te. instrumento de adesão junto do Secretário-
-Geral da Organização das Nações Unidas.
4. O Comitê pedirá ao Secretário-Geral da
Organização das Nações Unidas para lhe Artigo 19.
fornecer todas as informações relativas
aos objetivos da presente Convenção de 1. A presente Convenção entrará em vigor
que aquele disponha quanto aos territórios no trigésimo dia imediato à data do depósi-
mencionados na alínea a) do parágrafo 2 do to junto do Secretário-Geral da Organização
presente Artigo. das Nações Unidas do vigésimo sétimo ins-
trumento de ratificação ou de adesão.
Artigo 16.
2. Para os Estados que ratifiquem a presen-
As disposições da presente Convenção relativas te Convenção após o depósito do vigésimo
às medidas a adotar para decidir um diferendo sétimo instrumento de ratificação ou de
ou liquidar uma queixa aplicam-se sem prejuízo adesão, a Convenção entrará em vigor no
de outros processos de decisão de diferendos trigésimo dia após a data do depósito por
ou de liquidação de queixas em matéria de dis- esses Estados dos seus instrumentos de ra-
criminação, previstos nos instrumentos cons- tificação ou de adesão.
titutivos da Organização das Nações Unidas e
das suas instituições especializadas ou em con- Artigo 20.
venções adotadas por essas organizações, e não 1. O Secretário-Geral da Organização das
impedem os Estados Partes de recorrer a outros Nações Unidas receberá e comunicará a to-
processos para a decisão de um diferendo nos dos os Estados que são ou que podem ser
termos dos acordos internacionais gerais ou es- Partes na presente Convenção o texto das
peciais por que estejam ligados. reservas feitas no momento da ratificação
ou da adesão. Os Estados que levantarem
PARTE III objecções às reservas avisarão o Secretário-
Artigo 17. -Geral, no prazo de noventa dias, a contar
da data da aludida comunicação, de que
1. A presente Convenção estará aberta à as- não aceitam as reservas.
sinatura de todos os Estados Membros da
Organização das Nações Unidas ou mem- 2. Não será autorizada nenhuma reserva
bros de uma das suas instituições especia- incompatível com o objeto e o fim da pre-
lizadas, dos Estados Partes no Estatuto do sente Convenção, nem nenhuma reserva
Tribunal Internacional de Justiça, bem como que tenha como efeito paralisar o funciona-
dos Estados convidados pela Assembleia mento de qualquer dos órgãos criados pela
Geral da Organização das Nações Unidas a Convenção. Entende-se que uma reserva
serem Partes na presente Convenção. entra nas categorias atrás definidas se pelo
menos dois terços dos Estados Partes na
2. A presente Convenção estará sujeita a ra- Convenção levantarem objecções.
tificação, e os instrumentos de ratificação
serão depositados junto do Secretário-Geral 3. As reservas poderão ser retiradas a todo
da Organização das Nações Unidas. o tempo, por notificação dirigida ao Secre-
tário-Geral A notificação produzirá efeitos
Artigo 18. na data da sua recepção.
1. A presente Convenção estará aberta à Artigo 21.
adesão dos Estados referidos no parágrafo 1
do Artigo 17º da Convenção. Os Estados Partes poderão denunciar a presen-
te Convenção por notificação dirigida ao Secre-

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tário-Geral da Organização das Nações Unidas. Artigo 25.
A denúncia produzirá efeitos um ano após a
data da recepção da notificação pelo Secretário- 1. A presente Convenção, cujos textos em
-Geral. inglês, chinês, espanhol, francês e russo são
igualmente válidos, será depositada nos ar-
Artigo 22. quivos da Organização das Nações Unidas.
Os litígios entre dois ou mais Estados Partes 2. O Secretário-Geral da Organização das
relativos à interpretação ou à aplicação da pre- Nações Unidas enviará uma cópia auten-
sente Convenção que não sejam decididos por ticada da presente Convenção aos Estados
negociações ou pelos processos expressamen- que pertençam a quaisquer das categorias
te previstos na Convenção serão introduzidos, mencionadas no parágrafo 1 do Artigo 17.
a pedido de qualquer das partes no litígio, no da Convenção.
Tribunal Internacional de Justiça para decisão,
salvo se as partes no litígio acordarem noutro
modo de resolução.
Convenção Internacional sobre
Artigo 23.
Eliminação de todas as formas de
1 Os Estados Partes poderão formular, a Discriminação contra a Mulher
todo o tempo, um pedido de revisão da pre- (1979)
sente Convenção, por notificação dirigida
ao Secretário-Geral da Organização das Na-
ções Unidas. Os Estados-partes na presente Convenção,

2. Em tais circunstancias, a Assembleia Ge- Considerando que a Carta das Nações Unidas
ral da Organização das Nações Unidas pre- reafirma a fé nos direitos humanos fundamen-
ceituará sobre as medidas a adotar relativa- tais, na dignidade e no valor da pessoa humana
mente a esse pedido. e na igualdade de direitos do homem e da mu-
lher,
Artigo 24.
Considerando que a Declaração Universal dos
O Secretário-Geral da Organização das Nações Direitos Humanos reafirma o princípio da não-
Unidas informará todos os Estados referidos no -discriminação e proclama que todos os seres
parágrafo 1 do Artigo 17. da presente Conven- humanos nascem livres e iguais em dignidade
ção e direitos e que toda pessoa pode invocar to-
dos os direitos e liberdades proclamados nessa
a) Das assinaturas da presente Convenção
Declaração, sem distinção alguma, inclusive de
e dos instrumentos de ratificação e de ade-
sexo,
são depositados nos termos dos Artigos 17.
e 18; Considerando que os Estados-partes nas Con-
venções Internacionais sobre Direitos Huma-
b) Da data da entrada em vigor da presente
nos têm a obrigação de garantir ao homem e à
Convenção, nos termos do Artigo 19.;
mulher a igualdade de gozo de todos os direitos
c) Das comunicações e declarações recebi- econômicos, sociais, culturais, civis e políticos,
das nos termos dos Artigos 14, 20 e 23.;
Observando, ainda, as resoluções, declarações e
d) Das denúncias notificadas nos termos recomendações aprovadas pelas Nações Unidas
do Artigo 21. e pelas agências especializadas para favorecer
a igualdade de direitos entre o homem e a mu-
lher,

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Preocupados, contudo, com o fato de que, ape- ciais, e, em consequência, contribuirão para a
sar destes diversos instrumentos, a mulher con- realização da plena igualdade entre o homem e
tinue sendo objeto de grandes discriminações, a mulher,
Relembrando que a discriminação contra a mu- Convencidos de que a participação máxima da
lher viola os princípios da igualdade de direitos mulher, em igualdade de condições com o ho-
e do respeito da dignidade humana, dificulta a mem, em todos os campos, é indispensável para
participação da mulher, nas mesmas condições o desenvolvimento pleno e completo de um
que o homem, na vida política, social, econômi- país, para o bem-estar do mundo e para a causa
ca e cultural de seu país, constitui um obstácu- da paz.
lo ao aumento do bem-estar da sociedade e da
família e dificulta o pleno desenvolvimento das Tendo presente a grande contribuição da mu-
potencialidades da mulher para prestar serviço lher ao bem-estar da família e ao desenvolvi-
a seu país e à humanidade, mento da sociedade, até agora não plenamente
reconhecida, a importância social da materni-
Preocupados com o fato de que, em situações dade e a função dos pais na família e na edu-
de pobreza, a mulher tem um acesso mínimo à cação dos filhos, e conscientes de que o papel
alimentação, à saúde, à educação, à capacitação da mulher na procriação não deve ser causa de
e às oportunidades de emprego, assim como à discriminação, mas sim que a educação dos fi-
satisfação de outras necessidades, lhos exige a responsabilidade compartilhada en-
tre homens e mulheres e a sociedade como um
Convencidos de que o estabelecimento da nova conjunto,
ordem econômica internacional baseada na
equidade e na justiça contribuirá significativa- Reconhecendo que para alcançar a plena igual-
mente para a promoção da igualdade entre o dade entre o homem e a mulher é necessário
homem e a mulher, modificar o papel tradicional tanto do homem,
como da mulher na sociedade e na família,
Salientando que a eliminação do apartheid, de
todas as formas de racismo, discriminação ra- Resolvidos a aplicar os princípios enunciados na
cial, colonialismo, neocolonialismo, agressão, Declaração sobre a Eliminação da Discriminação
ocupação estrangeira e dominação e interferên- contra a Mulher, e, para isto, a adotar as medi-
cia nos assuntos internos dos Estados é essen- das necessárias a fim de suprimir essa discrimi-
cial para o pleno exercício dos direitos do ho- nação em todas as suas formas e manifestações,
mem e da mulher,
Concordam no seguinte:
Afirmando que o fortalecimento da paz e da
segurança internacionais, o alívio da tensão in- PARTE I
ternacional, a cooperação mútua entre todos os
Estados, independentemente de seus sistemas Artigo 1º Para fins da presente Convenção, a ex-
econômicos e sociais, o desarmamento geral pressão "discriminação contra a mulher" signifi-
e completo, e em particular o desarmamento cará toda distinção, exclusão ou restrição basea-
nuclear sob um estrito e efetivo controle inter- da no sexo e que tenha por objeto ou resultado
nacional, a afirmação dos princípios de justiça, prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo ou
igualdade e proveito mútuo nas relações entre exercício pela mulher, independentemente de
países e a realização do direito dos povos sub- seu estado civil, com base na igualdade do ho-
metidos a dominação colonial e estrangeira e mem e da mulher, dos direitos humanos e liber-
a ocupação estrangeira, à autodeterminação e dades fundamentais nos campos político, eco-
independência, bem como o respeito da sobe- nômico, social, cultural e civil ou em qualquer
rania nacional e da integridade territorial, pro- outro campo.
moverão o progresso e o desenvolvimento so-

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Artigo 2º Os Estados-partes condenam a discri- apropriadas, inclusive de caráter legislativo,
minação contra a mulher em todas as suas for- para assegurar o pleno desenvolvimento e pro-
mas, concordam em seguir, por todos os meios gresso da mulher, com o objetivo de garantir-lhe
apropriados e sem dilações, uma política des- o exercício e o gozo dos direitos humanos e li-
tinada a eliminar a discriminação contra a mu- berdades fundamentais em igualdade de condi-
lher, e com tal objetivo se comprometem a: ções com o homem.
a) consagrar, se ainda não o tiverem fei- Artigo 4º
to, em suas Constituições nacionais ou em
outra legislação apropriada, o princípio da 1. A adoção pelos Estados-partes de medi-
igualdade do homem e da mulher e assegu- das especiais de caráter temporário desti-
rar por lei outros meios apropriados à reali- nadas a acelerar a igualdade de fato entre o
zação prática desse princípio; homem e a mulher não se considerará dis-
criminação na forma definida nesta Conven-
b) adotar medidas adequadas, legislativas ção, mas de nenhuma maneira implicará,
e de outro caráter, com as sanções cabíveis como consequência, a manutenção de nor-
e que proíbam toda discriminação contra a mas desiguais ou separadas; essas medidas
mulher; cessarão quando os objetivos de igualdade
de oportunidade e tratamento houverem
c) estabelecer a proteção jurídica dos di- sido alcançados.
reitos da mulher em uma base de igualdade
com os do homem e garantir, por meio dos 2. A adoção pelos Estados-partes de medi-
tribunais nacionais competentes e de ou- das especiais, inclusive as contidas na pre-
tras instituições públicas, a proteção efetiva sente Convenção, destinadas a proteger a
da mulher contra todo ato de discrimina- maternidade, não se considerará discrimi-
ção; natória.
d) abster-se de incorrer em todo ato ou Artigo 5º Os Estados-partes tomarão todas as
prática de discriminação contra a mulher e medidas apropriadas para:
zelar para que as autoridades e instituições
públicas atuem em conformidade com esta a) modificar os padrões sócio-culturais de
obrigação; conduta de homens e mulheres, com vistas
a alcançar a eliminação de preconceitos e
e) tomar as medidas apropriadas para eli- práticas consuetudinárias e de qualquer ou-
minar a discriminação contra a mulher pra- tra índole que estejam baseados na idéia da
ticada por qualquer pessoa, organização ou inferioridade ou superioridade de qualquer
empresa; dos sexos ou em funções estereotipadas de
homens e mulheres.
f) adotar todas as medidas adequadas, in-
clusive de caráter legislativo, para modificar b) garantir que a educação familiar inclua
ou derrogar leis, regulamentos, usos e prá- uma compreensão adequada da maternida-
ticas que constituam discriminação contra a de como função social e o reconhecimento
mulher; da responsabilidade comum de homens e
mulheres, no que diz respeito à educação e
g) derrogar todas as disposições penais na- ao desenvolvimento de seus filhos, enten-
cionais que constituam discriminação con- dendo-se que o interesse dos filhos consti-
tra a mulher. tuirá a consideração primordial em todos os
Artigo 3º Os Estados-partes tomarão, em todas casos.
as esferas e, em particular, nas esferas política, Artigo 6º Os Estados-partes tomarão as medi-
social, econômica e cultural, todas as medidas das apropriadas, inclusive de caráter legislativo,

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para suprimir todas as formas de tráfico de mu- PARTE III


lheres e exploração de prostituição da mulher.
Artigo 10. Os Estados-partes adotarão todas as
PARTE II medidas apropriadas para eliminar a discrimi-
nação contra a mulher, a fim de assegurar-lhe a
Artigo 7º Os Estados-partes tomarão todas as igualdade de direitos com o homem na esfera
medidas apropriadas para eliminar a discrimina- da educação e em particular para assegurar, em
ção contra a mulher na vida política e pública do condições de igualdade entre homens e mulhe-
país e, em particular, garantirão, em igualdade res:
de condições com os homens, o direito a:
a) as mesmas condições de orientação em
a) votar em todas as eleições e referendos matéria de carreiras e capacitação profissio-
públicos e ser elegível para todos os órgãos nal, acesso aos estudos e obtenção de di-
cujos membros sejam objeto de eleições plomas nas instituições de ensino de todas
públicas; as categorias, tanto em zonas rurais como
b) participar na formulação de políticas urbanas; essa igualdade deverá ser assegu-
governamentais e na execução destas, e rada na educação pré-escolar, geral, técnica
ocupar cargos públicos e exercer todas as e profissional, incluída a educação técnica
funções públicas em todos os planos gover- superior, assim como todos os tipos de ca-
namentais; pacitação profissional;

c) participar em organizações e associa- b) acesso aos mesmos currículos e mesmos


ções não-governamentais que se ocupem exames, pessoal docente do mesmo nível
da vida pública e política do país. profissional, instalações e material escolar
da mesma qualidade;
Artigo 8º Os Estados-partes tomarão as me-
didas apropriadas para garantir à mulher, em c) a eliminação de todo conceito estereo-
igualdade de condições com o homem e sem tipado dos papéis masculino e feminino em
discriminação alguma, a oportunidade de repre- todos os níveis e em todas as formas de en-
sentar seu governo no plano internacional e de sino, mediante o estímulo à educação mista
participar no trabalho das organizações interna- e a outros tipos de educação que contribu-
cionais. am para alcançar este objetivo e, em parti-
cular, mediante a modificação dos livros e
Artigo 9º programas escolares e adaptação dos méto-
dos de ensino;
1. Os Estados-partes outorgarão às mu-
lheres direitos iguais aos dos homens para d) as mesmas oportunidades para a obten-
adquirir, mudar ou conservar sua nacionali- ção de bolsas de estudo e outras subven-
dade. Garantirão, em particular, que nem o ções para estudos;
casamento com um estrangeiro, nem a mu-
dança de nacionalidade do marido durante e) as mesmas oportunidades de acesso aos
o casamento modifiquem automaticamente programas de educação supletiva, incluí-
a nacionalidade da esposa, a convertam em dos os programas de alfabetização funcio-
apátrida ou a obriguem a adotar a naciona- nal e de adultos, com vistas a reduzir, com
lidade do cônjuge. a maior brevidade possível, a diferença de
conhecimentos existentes entre o homem e
2. Os Estados-partes outorgarão à mulher a mulher;
os mesmos direitos que ao homem no que
diz respeito à nacionalidade dos filhos. f) a redução da taxa de abandono feminino
dos estudos e a organização de programas

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para aquelas jovens e mulheres que tenham f) o direito à proteção da saúde e à segu-
deixado os estudos prematuramente; rança nas condições de trabalho, inclusive a
salvaguarda da função de reprodução.
g) as mesmas oportunidades para partici-
par ativamente nos esportes e na educação 2. A fim de impedir a discriminação contra
física; a mulher por razões de casamento ou ma-
ternidade e assegurar a efetividade de seu
h) acesso a material informativo específico direito a trabalhar, os Estados-partes toma-
que contribua para assegurar a saúde e o rão as medidas adequadas para:
bem-estar da família, incluída a informação
e o assessoramento sobre o planejamento a) proibir, sob sanções, a demissão por mo-
da família. tivo de gravidez ou de licença-maternidade
e a discriminação nas demissões motivadas
Artigo 11. pelo estado civil;
1. Os Estados-partes adotarão todas as b) implantar a licença-maternidade, com
medidas apropriadas para eliminar a dis- salário pago ou benefícios sociais compará-
criminação contra a mulher na esfera do veis, sem perda do emprego anterior, anti-
emprego a fim de assegurar, em condições guidade ou benefícios sociais;
de igualdade entre homens e mulheres, os
mesmos direitos, em particular: c) estimular o fornecimento de serviços so-
ciais de apoio necessários para permitir que
a) o direito ao trabalho como direito inalie- os pais combinem as obrigações para com a
nável de todo ser humano; família com as responsabilidades do traba-
b) o direito às mesmas oportunidades de lho e a participação na vida pública, espe-
emprego, inclusive a aplicação dos mesmos cialmente mediante o fomento da criação e
critérios de seleção em questões de empre- desenvolvimento de uma rede de serviços
go; destinada ao cuidado das crianças;

c) o direito de escolher livremente profis- d) dar proteção especial às mulheres du-


são e emprego, o direito à promoção e à rante a gravidez nos tipos de trabalho com-
estabilidade no emprego e a todos os be- provadamente prejudiciais a elas.
nefícios e outras condições de serviço, e o 3. A legislação protetora relacionada com
direito ao acesso à formação e à atualização as questões compreendidas neste artigo
profissionais, incluindo aprendizagem, for- será examinada periodicamente à luz dos
mação profissional superior e treinamento conhecimentos científicos e tecnológicos e
periódico; será revista, derrogada ou ampliada, con-
d) o direito a igual remuneração, inclusi- forme as necessidades.
ve benefícios, e igualdade de tratamento Artigo 12.
relativa a um trabalho de igual valor, assim
como igualdade de tratamento com respei- 1. Os Estados-partes adotarão todas as
to à avaliação da qualidade do trabalho; medidas apropriadas para eliminar a dis-
criminação contra a mulher na esfera dos
e) o direito à seguridade social, em parti- cuidados médicos, a fim de assegurar, em
cular em casos de aposentadoria, desem- condições de igualdade entre homens e
prego, doença, invalidez, velhice ou outra mulheres, o acesso a serviços médicos, in-
incapacidade para trabalhar, bem como o clusive referentes ao planejamento familiar.
direito a férias pagas;
2. Sem prejuízo do disposto no parágrafo 1º,
os Estados-partes garantirão à mulher assis-

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tência apropriada em relação à gravidez, ao e serviços em matéria de planejamento fa-


parto e ao período posterior ao parto, pro- miliar;
porcionando assistência gratuita quando
assim for necessário, e lhe assegurarão uma c) beneficiar-se diretamente dos progra-
nutrição adequada durante a gravidez e a mas de seguridade social;
lactância. d) obter todos os tipos de educação e de
Artigo 13. Os Estados-partes adotarão todas as formação, acadêmica e não-acadêmica, in-
medidas apropriadas para eliminar a discrimina- clusive os relacionados à alfabetização fun-
ção contra a mulher em outras esferas da vida cional, bem como, entre outros, os benefí-
econômica e social, a fim de assegurar, em con- cios de todos os serviços comunitários e de
dições de igualdade entre os homens e mulhe- extensão, a fim de aumentar sua capacida-
res, os mesmos direitos, em particular: de técnica;

a) o direito a benefícios familiares; e) organizar grupos de auto-ajuda e coope-


rativas, a fim de obter igualdade de acesso
b) o direito a obter empréstimos bancários, às oportunidades econômicas mediante
hipotecas e outras formas de crédito finan- emprego ou trabalho por conta própria;
ceiro;
f) participar de todas as atividades comu-
c) o direito de participar em atividades de nitárias;
recreação, esportes e em todos os aspectos
da vida cultural. g) ter acesso aos créditos e empréstimos
agrícolas, aos serviços de comercialização
Artigo 14. e às tecnologias apropriadas, e receber um
tratamento igual nos projetos de reforma
1. Os Estados-partes levarão em considera- agrária e de reestabelecimentos;
ção os problemas específicos enfrentados
pela mulher rural e o importante papel que h) gozar de condições de vida adequadas,
desempenha na subsistência econômica de particularmente nas esferas da habitação,
sua família, incluído seu trabalho em seto- dos serviços sanitários, da eletricidade e do
res não-monetários da economia, e toma- abastecimento de água, do transporte e das
rão todas as medidas apropriadas para as- comunicações.
segurar a aplicação dos dispositivos desta
Convenção à mulher das zonas rurais. PARTE IV
2. Os Estados-partes adotarão todas as me- Artigo 15.
didas apropriadas para eliminar a discrimi-
nação contra a mulher nas zonas rurais, a 1. Os Estados-partes reconhecerão à mulher
fim de assegurar, em condições de igualda- a igualdade com o homem perante a lei.
de entre homens e mulheres, que elas par- 2. Os Estados-partes reconhecerão à mu-
ticipem no desenvolvimento rural e dele se lher, em matérias civis, uma capacidade
beneficiem, e em particular assegurar-lhes- jurídica idêntica à do homem e as mesmas
-ão o direito a: oportunidades para o exercício desta capa-
a) participar da elaboração e execução dos cidade. Em particular, reconhecerão à mu-
planos de desenvolvimento em todos os ní- lher iguais direitos para firmar contratos e
veis; administrar bens e dispensar-lhe-ão um tra-
tamento igual em todas as etapas do pro-
b) ter acesso a serviços médicos adequa- cesso nas Cortes de Justiça e nos Tribunais.
dos, inclusive informação, aconselhamento

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3. Os Estados-partes convêm em que todo ses dos filhos serão a consideração primor-
contrato ou outro instrumento privado de dial;
efeito jurídico que tenda a restringir a capa-
cidade jurídica da mulher será considerado g) os mesmos direitos pessoais como mari-
nulo. do e mulher, inclusive o direito de escolher
sobrenome, profissão e ocupação;
4. Os Estados-partes concederão ao ho-
mem e à mulher os mesmos direitos no que h) os mesmos direitos a ambos os cônjuges
respeita à legislação relativa ao direito das em matéria de propriedade, aquisição, ges-
pessoas, à liberdade de movimento e à li- tão, administração, gozo e disposição dos
berdade de escolha de residência e domicí- bens, tanto a título gratuito quanto a título
lio. oneroso.

Artigo 16. 2. Os esponsais e o casamento de uma


criança não terão efeito legal e todas as me-
1. Os Estados-partes adotarão todas as me- didas necessárias, inclusive as de caráter
didas adequadas para eliminar a discrimina- legislativo, serão adotadas para estabelecer
ção contra a mulher em todos os assuntos uma idade mínima para o casamento e para
relativos ao casamento e às relações fami- tornar obrigatória a inscrição de casamen-
liares e, em particular, com base na igualda- tos em registro oficial.
de entre homens e mulheres, assegurarão:
PARTE V
a) o mesmo direito de contrair matrimô-
nio; Artigo 17.
b) o mesmo direito de escolher livremente 1. Com o fim de examinar os progressos
o cônjuge e de contrair matrimônio somen- alcançados na aplicação desta Convenção,
te com o livre e pleno consentimento; será estabelecido um Comitê sobre a Eli-
minação da Discriminação contra a Mulher
c) os mesmos direitos e responsabilidades (doravante denominado "Comitê"), com-
durante o casamento e por ocasião de sua posto, no momento da entrada em vigor da
dissolução; Convenção, de dezoito e, após sua ratifica-
d) os mesmos direitos e responsabilidades ção ou adesão pelo trigésimo quinto Esta-
como pais, qualquer que seja seu estado ci- do-parte, de vinte e três peritos de grande
vil, em matérias pertinentes aos filhos. Em prestígio moral e competência na área abar-
todos os casos, os interesses dos filhos se- cada pela Convenção. Os peritos serão elei-
rão a consideração primordial; tos pelos Estados-partes e exercerão suas
funções a título pessoal; será levada em
e) os mesmos direitos de decidir livre e res- conta uma distribuição geográfica equitati-
ponsavelmente sobre o número de filhos e va e a representação das formas diversas de
sobre o intervalo entre os nascimentos e a civilização, assim como dos principais siste-
ter acesso à informação, à educação e aos mas jurídicos.
meios que lhes permitam exercer esses di-
reitos; 2. Os membros do Comitê serão eleitos em
votação secreta dentre uma lista de pessoas
f) os mesmos direitos e responsabilidades indicadas pelos Estados-partes. Cada Esta-
com respeito à tutela, curatela, guarda e do-parte pode indicar uma pessoa dentre
adoção dos filhos, ou institutos análogos, os seus nacionais.
quando esses conceitos existirem na legisla-
ção nacional. Em todos os casos, os interes- 3. A primeira eleição se realizará seis me-
ses após a data da entrada em vigor da

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presente Convenção. Ao menos três meses 8. Os membros do Comitê, mediante apro-


antes da data de cada eleição, o Secretário- vação da Assembléia Geral, receberão re-
-Geral da Organização das Nações Unidas muneração dos recursos das Nações Uni-
enviará uma carta aos Estados-partes para das, na forma e condições que a Assembléia
convidá-los a apresentar suas candidaturas Geral decidir, tendo em vista a importância
no prazo de dois meses. O Secretário-Geral das funções do Comitê.
da Organização das Nações Unidas orga-
nizará uma lista, por ordem alfabética, de 9. O Secretário-Geral da Organização das
todos os candidatos assim designados, com Nações Unidas colocará à disposição do Co-
indicações dos Estados-partes que os tive- mitê o pessoal e os serviços necessários ao
rem designado, e a comunicará aos Estados- desempenho eficaz das funções que lhe são
-partes. atribuídas em virtude da presente Conven-
ção.
4. Os membros do Comitê serão eleitos du-
rante uma reunião dos Estados-partes con- Artigo 18. Os Estados-partes comprometem-se
vocada pelo Secretário-Geral das Nações a submeter ao Secretário-Geral das Nações Uni-
Unidas. Nesta reunião, na qual o quorum das, para exame do Comitê, um relatório sobre
será estabelecido por dois terços dos Esta- as medidas legislativas, judiciárias, administra-
dos-partes, serão eleitos membros do Co- tivas ou outras que adotarem para tornarem
mitê os candidatos que obtiverem o maior efetivas as disposições desta Convenção e dos
número de votos e a maioria absoluta dos progressos alcançados a respeito:
votos dos representantes dos Estados-par- a) no prazo de um ano, a partir da entrada
tes presentes e votantes. em vigor da Convenção para o Estado inte-
5. Os membros do Comitê serão eleitos ressado; e
para um mandato de quatro anos. Entretan- b) posteriormente, pelo menos a cada qua-
to, o mandato de nove dos membros eleitos tro anos e toda vez que o Comitê vier a soli-
na primeira eleição expirará ao final de dois citar.
anos; imediatamente após a primeira elei-
ção, os nomes desses nove membros serão 2. Os relatórios poderão indicar fatores e
escolhidos, por sorteio, pelo Presidente do dificuldades que influam no grau de cum-
Comitê. primento das obrigações estabelecidas por
esta Convenção.
6. A eleição dos cinco membros adicionais
do Comitê realizar-se-á em conformidade Artigo 19.
com o disposto nos parágrafos 2º, 3º e 4º
1. O Comitê adotará seu próprio regula-
deste artigo, após o depósito do trigésimo
mento.
quinto instrumento de ratificação ou ade-
são. O mandato de dois dos membros adi- 2. O Comitê elegerá sua Mesa para um perí-
cionais eleitos nessa ocasião, cujos nomes odo de dois anos.
serão escolhidos, por sorteio, pelo Presi-
dente do Comitê, expirará ao fim de dois Artigo 20.
anos. 1. O Comitê se reunirá normalmente todos
7. Para preencher as vagas fortuitas, o os anos, por um período não superior a
Estado-parte cujo perito tenha deixado de duas semanas, para examinar os relatórios
exercer suas funções de membro do Comitê que lhe sejam submetidos, em conformida-
nomeará outro perito entre seus nacionais, de com o artigo 18 desta Convenção.
sob reserva da aprovação do Comitê. 2. As reuniões do Comitê realizar-se-ão nor-
malmente na sede das Nações Unidas ou

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em qualquer outro lugar que o Comitê de- 2. O Secretário-Geral da Organização das
termine. Nações Unidas fica designado depositário
desta Convenção.
Artigo 21. O Comitê, através do Conselho Eco-
nômico e Social das Nações Unidas, informa- 3. Esta Convenção está sujeita à ratifica-
rá anualmente a Assembléia Geral das Nações ção. Os instrumentos de ratificação serão
Unidas de suas atividades e poderá apresentar depositados junto ao Secretário-Geral da
sugestões e recomendações de caráter geral, Organização das Nações Unidas.
baseadas no exame dos relatórios e em infor-
mações recebidas dos Estados-partes. Essas su- 4. Esta Convenção está aberta à adesão de
gestões e recomendações de caráter geral serão todos os Estados. Far-se-á a adesão median-
incluídas no relatório do Comitê juntamente te depósito do instrumento de adesão junto
com as observações que os Estados-partes te- ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
nham porventura formulado. Artigo 26.
2. O Secretário-Geral das Nações Unidas 1. Qualquer Estado-parte poderá, em qual-
transmitirá, para informação, os relatórios quer momento, formular pedido de revisão
do Comitê à Comissão sobre a Condição da desta Convenção, mediante notificação es-
Mulher. crita dirigida ao Secretário-Geral da Organi-
Artigo 22. As agências especializadas terão di- zação das Nações Unidas.
reito a estar representadas no exame da apli- 2. A Assembléia Geral das Nações Unidas
cação das disposições desta Convenção que decidirá sobre as medidas a serem tomadas,
correspondam à esfera de suas atividades. O se for o caso, com respeito a esse pedido.
Comitê poderá convidar as agências especializa-
das a apresentar relatórios sobre a aplicação da Artigo 27. A presente Convenção entrará em vi-
Convenção em áreas que correspondam à esfe- gor no trigésimo dia a contar da data em que o
ra de suas atividades. vigésimo instrumento de ratificação ou adesão
houver sido depositado junto ao Secretário-Ge-
PARTE VI ral das Nações Unidas.

Artigo 23. Nada do disposto nesta Convenção 2. Para os Estados que vierem a ratificar a
prejudicará qualquer disposição que seja mais presente Convenção ou a ela aderir após o
propícia à obtenção da igualdade entre homens depósito do vigésimo instrumento de ratifi-
e mulheres e que esteja contida: cação ou adesão, a Convenção entrará em
vigor no trigésimo dia a contar da data em
a) na legislação de um Estado-parte; ou que o Estado em questão houver deposita-
b) em qualquer outra convenção, tratado do seu instrumento de ratificação ou ade-
ou acordo internacional vigente nesse Esta- são.
do. Artigo 28.
Artigo 24. Os Estados-partes comprometem-se 1. O Secretário-Geral das Nações Unidas re-
a adotar todas as medidas necessárias de âmbi- ceberá e enviará a todos os Estados o texto
to nacional para alcançar a plena realização dos das reservas feitas pelos Estados no mo-
direitos reconhecidos nesta Convenção. mento da ratificação ou adesão.
Artigo 25. 2. Não será permitido uma reserva incom-
1. A presente Convenção estará aberta à as- patível com o objeto e o propósito desta
sinatura de todos os Estados. Convenção.

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3. As reservas poderão ser retiradas a qual- Protocolo Facultativo à Convenção


quer momento por uma notificação endere- Internacional sobre Eliminação de
çada com esse objetivo ao Secretário-Geral
das Nações Unidas, que informará a todos todas as formas de Discriminação
os Estados a respeito. A notificação surtirá contra a Mulher (1999)
efeito na data de seu recebimento.
Artigo 29. As controvérsias entre dois ou mais A Assembléia Geral,
Estados-partes, com relação à interpretação ou Reafirmando a Declaração e Programa de Ação
aplicação da presente Convenção, que não pu- de Viena e a Declaração e Plataforma de Ação
derem ser dirimidas por meio de negociação de Pequim,
serão, a pedido de um deles, submetidas à ar-
bitragem. Se, durante os seis meses seguintes Lembrando que a Plataforma de Ação de Pe-
à data do pedido de arbitragem, as Partes não quim, em seguimento à Declaração e Programa
lograrem pôr-se de acordo quanto aos termos de Ação de Viena, apoiou o processo iniciado
do compromisso de arbitragem, qualquer das pela Comissão sobre a Situação da Mulher com
Partes poderá submeter a controvérsia à Corte vistas à elaboração de minuta de protocolo fa-
Internacional de Justiça, mediante solicitação cultativo à Convenção sobre a Eliminação de To-
feita em conformidade com o Estatuto da Corte. das as Formas de Discriminação contra a Mulher
que pudesse entrar em vigor tão logo possível,
2. Cada Estado-parte poderá declarar, por em procedimento de direito a petição,
ocasião da assinatura ou ratificação da pre-
sente Convenção, que não se considera Observando que a Plataforma de Ação de Pe-
obrigado pelo parágrafo anterior. Os demais quim exortou todos os Estados que não haviam
Estados-partes não estarão obrigados pelo ainda ratificado ou aderido à Convenção a que o
referido parágrafo com relação a qualquer fizessem tão logo possível, de modo que a rati-
Estado-parte que houver formulado reserva ficação universal da Convenção pudesse ser al-
dessa natureza. cançada até o ano 2000,

3. Todo Estado-parte que houver formula- 1. Adota e abre a assinatura, ratificação e


do reserva em conformidade com o pará- adesão o Protocolo Facultativo à Conven-
grafo anterior poderá, a qualquer momen- ção, cujo texto encontra-se anexo à presen-
to, tornar sem efeito essa reserva, mediante te resolução;
notificação endereçada ao Secretário-Geral
2. Exorta todos os Estados que assinaram,
das Nações Unidas.
ratificaram ou aderiram à Convenção a as-
Artigo 30. A presente Convenção, cujos textos sinar e ratificar ou aderir ao Protocolo tão
em árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e logo possível,
russo são igualmente autênticos, será deposita-
3. Enfatiza que os Estados Partes do Proto-
da junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
colo devem comprometer-se a respeitar os
Em testemunho do que os abaixo-assinados de- direitos e procedimentos dispostos no Pro-
vidamente autorizados assinaram a presente tocolo e cooperar com o Comitê para a Eli-
Convenção. minação da Discriminação contra a Mulher
em todos os estágios de suas ações no âm-
bito do Protocolo;
4. Enfatiza também que, em cumprimento
de seu mandato, bem como de suas fun-
ções no âmbito do Protocolo, o Comitê deve
continuar a ser pautado pelos princípios de

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não-seletividade, imparcialidade e objetivi- Lembrando que as Convenções Internacionais
dade; de Direitos Humanos e outros instrumentos in-
ternacionais de direitos humanos proíbem a dis-
5. Solicita ao Comitê que realize reuniões criminação baseada em sexo,
para exercer suas funções no âmbito do Pro-
tocolo após sua entrada em vigor, além das Lembrando, ainda, a Convenção sobre a Elimina-
reuniões realizadas segundo o Artigo 20 da ção de Todas as Formas de Discriminação Con-
Convenção; a duração dessas reuniões será tra a Mulher (doravante denominada "a Con-
determinada e, se necessário, reexaminada, venção"), na qual os Estados Partes condenam a
por reunião dos Estados Partes do Protoco- discriminação contra a mulher em todas as suas
lo, sujeita à aprovação da Assembléia Geral; formas e concordam em buscar, de todas as ma-
neiras apropriadas e sem demora, uma política
6. Solicita ao Secretário-Geral que forneça de eliminação da discriminação contra a mulher,
o pessoal e as instalações necessárias para
o desempenho efetivo das funções do Co- Reafirmando sua determinação de assegurar o
mitê segundo o Protocolo após sua entrada pleno e equitativo gozo pelas mulheres de to-
em vigor; dos os direitos e liberdades fundamentais e de
agir de forma efetiva para evitar violações des-
7. Solicita, ainda, ao Secretário-Geral que ses direitos e liberdades,
inclua informações sobre a situação do Pro-
tocolo em seus relatórios regulares apre- Concordaram com o que se segue:
sentados à Assembléia Geral sobre a situa-
ção da Convenção. Artigo 1º

28ª Reunião Plenária, em 6 de outubro de 1999. Cada Estado Parte do presente Protocolo (dora-
vante denominado "Estado Parte") reconhece a
competência do Comitê sobre a Eliminação da
Discriminação contra a Mulher (doravante de-
ANEXO nominado " o Comitê") para receber e conside-
rar comunicações apresentadas de acordo com
o Artigo 2 deste Protocolo.
Protocolo Facultativo à Convenção sobre a Eli-
minação de Todas as Formas de Discriminação Artigo 2º
Contra a Mulher
As comunicações podem ser apresentadas por
Os Estados Partes do presente Protocolo, indivíduos ou grupos de indivíduos, que se en-
contrem sob a jurisdição do Estado Parte e ale-
Observando que na Carta das Nações Unidas se guem ser vítimas de violação de quaisquer dos
reafirma a fé nos direitos humanos fundamen- direitos estabelecidos na Convenção por aque-
tais, na dignidade e no valor da pessoa humana le Estado Parte, ou em nome desses indivíduos
e na igualdade de direitos entre homens e mu- ou grupos de indivíduos. Sempre que for apre-
lheres, sentada em nome de indivíduos ou grupos de
Observando, ainda, que a Declaração Universal indivíduos, a comunicação deverá contar com
dos Direitos Humanos proclama que todos os seu consentimento, a menos que o autor possa
seres humanos nascem livres e iguais em dig- justificar estar agindo em nome deles sem o seu
nidade e direitos e que cada pessoa tem todos consentimento.
os direitos e liberdades nela proclamados, sem Artigo 3º
qualquer tipo de distinção, incluindo distinção
baseada em sexo, As comunicações deverão ser feitas por escrito
e não poderão ser anônimas. Nenhuma comu-
nicação relacionada a um Estado Parte da Con-

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venção que não seja parte do presente Protoco- fato não implica determinação sobre a ad-
lo será recebida pelo Comitê. missibilidade ou mérito da comunicação.
Artigo 4º Artigo 6º
1. O Comitê não considerará a comunica- 1. A menos que o Comitê considere que
ção, exceto se tiver reconhecido que todos a comunicação seja inadmissível sem refe-
os recursos da jurisdição interna foram es- rência ou Estado Parte em questão, e des-
gotados ou que a utilização desses recursos de que o indivíduo ou indivíduos consintam
estaria sendo protelada além do razoável na divulgação de sua identidade ao Estado
ou deixaria dúvida quanto a produzir o efe- Parte, o Comitê levará confidencialmente à
tivo amparo. atenção do Estado Parte em questão a co-
municação por ele recebida no âmbito do
2. O Comitê declarará inadmissível toda presente Protocolo.
comunicação que:
2. Dentro de seis meses, o Estado Parte
a) se referir a assunto que já tiver sido exa- que receber a comunicação apresentará ao
minado pelo Comitê ou tiver sido ou estiver Comitê explicações ou declarações por es-
sendo examinado sob outro procedimento crito esclarecendo o assunto e o remédio,
internacional de investigação ou solução de se houver, que possa ter sido aplicado pelo
controvérsias; Estado Parte.
b) for incompatível com as disposições da Artigo 7º
Convenção;
1. O Comitê considerará as comunicações
c) estiver manifestamente mal fundamen- recebidas segundo o presente Protocolo à
tada ou não suficientemente consubstan- luz das informações que vier a receber de
ciada; indivíduos ou grupos de indivíduos, ou em
d) constituir abuso do direito de submeter nome destes, ou do Estado Parte em ques-
comunicação; tão, desde que essa informação seja trans-
mitida às partes em questão.
e) tiver como objeto fatos que tenham ocor-
rido antes da entrada em vigor do presente 2. O Comitê realizará reuniões fechadas ao
Protocolo para o Estado Parte em questão, examinar as comunicações no âmbito do
a não ser no caso de tais fatos terem tido presente Protocolo.
continuidade após aquela data. 3. Após examinar a comunicação, o Comitê
Artigo 5º transmitirá suas opiniões a respeito, junta-
mente com sua recomendação, se houver,
1. A qualquer momento após o recebi- às partes em questão.
mento de comunicação e antes que tenha
sido alcançada determinação sobre o méri- 4. O Estado Parte dará a devida considera-
to da questão, o Comitê poderá transmitir ção às opiniões do Comitê, juntamente com
ao Estado Parte em questão, para urgente as recomendações deste último, se houver,
consideração, solicitação no sentido de que e apresentará ao Comitê, dentro de seis me-
o Estado Parte tome as medidas antecipató- ses, resposta por escrito incluindo informa-
rias necessárias para evitar possíveis danos ções sobre quaisquer ações realizadas à luz
irreparáveis à vítima ou vítimas da alegada das opiniões e recomendações do Comitê.
violação. 5. O Comitê poderá convidar o Estado Par-
2. Sempre que o Comitê exercer seu arbí- te a apresentar informações adicionais so-
trio segundo o parágrafo 1 deste Artigo, tal bre quaisquer medidas que o Estado Parte

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tenha tomado em resposta às opiniões e nores de qualquer medida tomada em res-
recomendações do Comitê, se houver, in- posta à investigação conduzida segundo o
cluindo, quando o Comitê julgar apropria- Artigo 18 deste Protocolo.
do, informações que passem a constar de
relatórios subseqüentes do Estado Parte se- 2. O Comitê poderá, caso necessário, após
gundo o Artigo 18 da Convenção. o término do período de seis meses men-
cionado no Artigo 8.4 deste Protocolo, con-
Artigo 8º vidar o Estado Parte a informá-lo das me-
didas tomadas em resposta à mencionada
1. Caso o Comitê receba informação fi- investigação.
dedigna indicando graves ou sistemáticas
violações por um Estado Parte dos direitos Artigo 10.
estabelecidos na Convenção, o Comitê con-
vidará o Estado Parte a cooperar no exame 1. Cada Estado Parte poderá, no momen-
da informação e, para esse fim, a apresen- to da assinatura ou ratificação do presente
tar observações quanto à informação em Protocolo ou no momento em que a este
questão. aderir, declarar que não reconhece a com-
petência do Comitê disposta nos Artigos 8 e
2. Levando em conta quaisquer observa- 9 deste Protocolo.
ções que possam ter sido apresentadas pelo
Estado Parte em questão, bem como outras 2. O Estado Parte que fizer a declaração de
informações fidedignas das quais disponha, acordo com o Parágrafo 1 deste Artigo 10
o Comitê poderá designar um ou mais de poderá, a qualquer momento, retirar essa
seus membros para conduzir uma investi- declaração através de notificação ao Secre-
gação e apresentar relatório urgentemente tário-Geral.
ao Comitê. Sempre que justificado, e com o Artigo 11.
consentimento do Estado Parte, a investiga-
ção poderá incluir visita ao território deste Os Estados Partes devem tomar todas as medi-
último. das apropriadas para assegurar que os indiví-
duos sob sua jurisdição não fiquem sujeitos a
3. Após examinar os resultados da inves- maus tratos ou intimidação como conseqüência
tigação, o Comitê os transmitirá ao Estado de sua comunicação com o Comitê nos termos
Parte em questão juntamente com quais- do presente Protocolo.
quer comentários e recomendações.
Artigo 12.
4. O Estado Parte em questão deverá, den-
tro de seis meses do recebimento dos re- O Comitê incluirá em seu relatório anual, se-
sultados, comentários e recomendações do gundo o Artigo 21 da Convenção, um resumo de
Comitê, apresentar suas observações ao Co- suas atividades nos termos do presente Proto-
mitê. colo.

5. Tal investigação será conduzida em ca- Artigo 13.


ráter confidencial e a cooperação do Esta-
Cada Estado Parte compromete-se a tornar pú-
do Parte será buscada em todos os estágios
blicos e amplamente conhecidos a Convenção e
dos procedimentos.
o presente Protocolo e a facilitar o acesso à in-
Artigo 9º formação acerca das opiniões e recomendações
do Comitê, em particular sobre as questões que
1. O Comitê poderá convidar o Estado Par- digam respeito ao próprio Estado Parte.
te em questão a incluir em seu relatório,
segundo o Artigo 18 da Convenção, porme-

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Artigo 14. -Geral deverá, nessa ocasião, comunicar


as emendas propostas aos Estados Partes
O Comitê elaborará suas próprias regras de pro- juntamente com solicitação de que o noti-
cedimento a serem seguidas no exercício das fiquem caso sejam favoráveis a uma confe-
funções que lhe são conferidas no presente Pro- rência de Estados Partes com o propósito
tocolo. de avaliar e votar a proposta. Se ao menos
Artigo 15. um terço dos Estados Partes for favorável à
conferência, o Secretário-Geral deverá con-
1. O presente Protocolo estará aberto à as- vocá-la sob os auspícios das Nações Unidas.
sinatura por qualquer Estado que tenha ra- Qualquer emenda adotada pela maioria dos
tificado ou aderido à Convenção. Estados Partes presentes e votantes na con-
2. O presente Protocolo estará sujeito à ferência será submetida à Assembléia-Geral
ratificação por qualquer Estado que tenha das Nações Unidas para aprovação.
ratificado ou aderido à Convenção. Os ins- 2. As emendas entrarão em vigor tão logo
trumentos de ratificação deverão ser depo- tenham sido aprovadas pela Assembléia-
sitados junto ao Secretário-Geral das Na- -Geral das Nações Unidas e aceitas por
ções Unidas. maioria de dois terços dos Estados Partes
3. O presente Protocolo estará aberto à do presente Protocolo, de acordo com seus
adesão por qualquer Estado que tenha rati- respectivos processos constitucionais.
ficado ou aderido à Convenção. 3. Sempre que as emendas entrarem em
4. A adesão será efetivada pelo depósito vigor, obrigarão os Estados Partes que as
de instrumento de adesão junto ao Secretá- tenham aceitado, ficando os outros Estados
rio-Geral das Nações Unidas. Partes obrigados pelas disposições do pre-
sente Protocolo e quaisquer emendas ante-
Artigo 16. riores que tiverem aceitado.
1. O presente Protocolo entrará em vigor Artigo 19.
três meses após a data do depósito junto ao
Secretário-Geral das Nações Unidas do dé- 1. Qualquer Estado Parte poderá denun-
cimo instrumento de ratificação ou adesão. ciar o presente Protocolo a qualquer mo-
mento por meio de notificação por escrito
2. Para cada Estado que ratifique o presen- endereçada ao Secretário-Geral das Nações
te Protocolo ou a ele venha a aderir após Unidas. A denúncia terá efeito seis meses
sua entrada em vigor, o presente Protocolo após a data do recebimento da notificação
entrará em vigor três meses após a data do pelo Secretário-Geral.
depósito de seu próprio instrumento de ra-
tificação ou adesão. 2. A denúncia não prejudicará a continui-
dade da aplicação das disposições do pre-
Artigo 17. sente Protocolo em relação a qualquer co-
municação apresentada segundo o Artigo 2
Não serão permitidas reservas ao presente Pro- deste Protocolo e a qualquer investigação
tocolo. iniciada segundo o Artigo 8 deste Protocolo
Artigo 18. antes da data de vigência da denúncia.

1. Qualquer Estado Parte poderá propor Artigo 20.


emendas ao presente Protocolo e dar entra- O Secretário-Geral das Nações Unidas informará
da a proposta de emendas junto ao Secretá- a todos os Estados sobre:
rio-Geral das Nações Unidas. O Secretário-

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a) Assinaturas, ratificações e adesões ao jeito a tortura ou a pena ou tratamento cruel,
presente Protocolo; desumano ou degradante,
b) Data de entrada em vigor do presente Levando também em conta a Declaração sobre
Protocolo e de qualquer emenda feita nos a Proteção de Todas as Pessoas contra a Tortura
termos do Artigo 18 deste Protocolo; e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desuma-
nos ou Degradantes, aprovada pela Assembléia
c) Qualquer denúncia feita segundo o Arti- Geral em 9 de dezembro de 1975,
go 19 deste Protocolo.
Desejosos de tornar mais eficaz a luta contra a
Artigo 21. tortura e outros tratamentos ou penas cruéis,
1. O presente Protocolo, do qual as versões desumanos ou degradantes em todo o mundo,
em árabe, chinês, inglês, francês, russo e Acordam o seguinte:
espanhol são igualmente autênticas, será
depositado junto aos arquivos das Nações PARTE I
Unidas.
Artigo 1º Para fins da presente Convenção, o ter-
2. O Secretário-Geral das Nações Unidas mo "tortura" designa qualquer ato pelo qual do-
transmitirá cópias autenticadas do presente res ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais,
Protocolo a todos os estados mencionados são infligidos intencionalmente a uma pessoa a
no Artigo 25 da Convenção. fim de obter, dela ou de terceira pessoa, infor-
mações ou confissões; de castigá-la por ato que
ela ou terceira pessoa tenha cometido ou seja
Convenção contra a tortura e outros suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir
esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer
Tratamentos ou Penas cruéis, motivo baseado em discriminação de qualquer
desumanas ou degradantes (1984) natureza; quando tais dores ou sofrimentos são
infligidos por um funcionário público ou outra
Os Estados-partes na presente Convenção, pessoa no exercício de funções públicas, ou por
sua instigação, ou com o seu consentimento ou
Considerando que, de acordo com os princípios aquiescência. Não se considerará como tortura
proclamados pela Carta das Nações Unidas, o as dores ou sofrimentos que sejam consequên-
reconhecimento dos direitos iguais e inaliená- cia unicamente de sanções legítimas, ou que se-
veis de todos os membros da família humana é jam inerentes a tais sanções ou delas decorram.
o fundamento da liberdade, da justiça e da paz
no mundo, O presente artigo não será interpretado de ma-
neira a restringir qualquer instrumento interna-
Reconhecendo que esses direitos emanam da cional ou legislação nacional que contenha ou
dignidade inerente à pessoa humana, possa conter dispositivos de alcance mais am-
plo.
Considerando a obrigação que incumbe aos
Estados, em virtude da Carta, em particular do Artigo 2º Cada Estado tomará medidas eficazes
artigo 55, de promover o respeito universal e a de caráter legislativo, administrativo, judicial ou
observância dos direitos humanos e das liberda- de outra natureza, a fim de impedir a prática de
des fundamentais, atos de tortura em qualquer território sob sua
jurisdição.
Levando em conta o artigo 5º da Declaração
Universal dos Direitos do Homem e o artigo 7º 2. Em nenhum caso poderão invocar-se cir-
do Pato Internacional sobre Direitos Civis e Po- cunstâncias excepcionais, como ameaça ou
líticos, que determinam que ninguém será su- estado de guerra, instabilidade política in-

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terna ou qualquer outra emergência públi- não o extradite, de acordo com o artigo 8º,
ca, como justificação para a tortura. para qualquer dos Estados mencionados no
parágrafo 1º do presente artigo.
Artigo 3º
3. Esta Convenção não exclui qualquer ju-
1. Nenhum Estado-parte procederá à ex- risdição criminal exercida de acordo com o
pulsão, devolução ou extradição de uma direito interno.
pessoa para outro Estado, quando houver
razões substanciais para crer que a mesma Artigo 6º
corre perigo de ali ser submetida a tortura.
1. Todo Estado-parte em cujo território se
2. A fim de determinar a existência de tais encontre uma pessoa suspeita de ter come-
razões, as autoridades competentes levarão tido qualquer dos crimes mencionados no
em conta todas as considerações pertinen- artigo 4º, se considerar, após o exame das
tes, inclusive, se for o caso, a existência, no informações de que dispõe, que as circuns-
Estado em questão, de um quadro de viola- tâncias o justificam, procederá à detenção
ções sistemáticas, graves e maciças de direi- de tal pessoa ou tomará outras medidas le-
tos humanos. gais para assegurar sua presença. A deten-
ção e outras medidas legais serão tomadas
Artigo 4º Cada Estado-parte assegurará que to- de acordo com a lei do Estado, mas vigora-
dos os atos de tortura sejam considerados cri- rão apenas pelo tempo necessário ao início
mes segundo a sua legislação penal. O mesmo do processo penal ou de extradição.
aplicar-se-á à tentativa de tortura e a todo ato
de qualquer pessoa que constitua cumplicidade 2. O Estado em questão procederá imedia-
ou participação na tortura. tamente a uma investigação preliminar dos
fatos.
2. Cada Estado-parte punirá esses crimes
com penas adequadas que levem em conta 3. Qualquer pessoa detida de acordo com
a sua gravidade. o parágrafo 1º terá asseguradas facilidades
para comunicar-se imediatamente com o
Artigo 5º representante mais próximo do Estado de
1. Cada Estado-parte tomará as medidas que é nacional ou, se for apátrida, com o re-
necessárias para estabelecer sua jurisdição presentante de sua residência habitual.
sobre os crimes previstos no artigo 4º, nos 4. Quando o Estado, em virtude deste ar-
seguintes casos: tigo, houver detido uma pessoa, notificará
a) quando os crimes tenham sido cometi- imediatamente os Estados mencionados no
dos em qualquer território sob sua jurisdi- artigo 5º, parágrafo 1º, sobre tal detenção e
ção ou a bordo de navio ou aeronave regis- sobre as circunstâncias que a justificam. O
trada no Estado em questão; Estado que proceder à investigação prelimi-
nar, a que se refere o parágrafo 2º do pre-
b) quando o suposto autor for nacional do sente artigo, comunicará sem demora os re-
Estado em questão: sultados aos Estados antes mencionados e
c) quando a vítima for nacional do Estado indicará se pretende exercer sua jurisdição.
em questão e este o considerar apropriado; Artigo 7º
2. Cada Estado-parte tomará também as 1. O Estado-parte no território sob a juris-
medidas necessárias para estabelecer sua dição do qual o suposto autor de qualquer
jurisdição sobre tais crimes, nos casos em dos crimes mencionados no artigo 4º for
que o suposto autor se encontre em qual- encontrado, se não o extraditar, obrigar-se-
quer território sob sua jurisdição e o Estado

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-á, nos casos contemplados no artigo 5º, a se tivesse ocorrido não apenas no lugar em
submeter o caso às suas autoridades com- que ocorreu, mas também nos territórios
petentes para o fim de ser o mesmo proces- dos Estados chamados a estabelecerem sua
sado. jurisdição, de acordo com o parágrafo 1º do
artigo 5º.
2. As referidas autoridades tomarão sua
decisão de acordo com as mesmas normas Artigo 9º
aplicáveis a qualquer crime de natureza gra-
ve, conforme a legislação do referido Esta- 1. Os Estados-partes prestarão entre si a
do. Nos casos previstos no parágrafo 2º do maior assistência possível, em relação aos
artigo 5º, as regras sobre prova para fins procedimentos criminais instaurados relati-
de processo e condenação não poderão de vamente a qualquer dos delitos menciona-
modo algum ser menos rigorosas do que as dos no artigo 4º, inclusive no que diz respei-
que se aplicarem aos casos previstos no pa- to ao fornecimento de todos os elementos
rágrafo 1º do artigo 5º. de prova necessários para o processo que
estejam em seu poder.
3. Qualquer pessoa processada por qual-
quer dos crimes previstos no artigo 4º re- 2. Os Estados-partes cumprirão as obriga-
ceberá garantias de tratamento justo em ções decorrentes do parágrafo 1º do pre-
todas as fases do processo. sente artigo, conforme quaisquer tratados
de assistência judiciária recíproca existentes
Artigo 8º entre si.
1. Os crimes a que se refere o artigo 4º se- Artigo 10.
rão considerados como extraditáveis em
qualquer tratado de extradição existente 1. Cada Estado-parte assegurará que o en-
entre os Estados-partes. Os Estados-partes sino e a informação sobre a proibição da
obrigar-se-ão a incluir tais crimes como ex- tortura sejam plenamente incorporados
traditáveis em todo tratado de extradição no treinamento do pessoal civil ou militar
que vierem a concluir entre si. encarregado da aplicação da lei, do pesso-
al médico, dos funcionários públicos e de
2. Se um Estado-parte que condiciona a ex- quaisquer outras pessoas que possam par-
tradição à existência de tratado receber um ticipar da custódia, interrogatório ou tra-
pedido de extradição por parte de outro Es- tamento de qualquer pessoa submetida a
tado-parte com o qual não mantém tratado qualquer forma de prisão, detenção ou re-
de extradição, poderá considerar a presente clusão.
Convenção como base legal para a extradi-
ção com respeito a tais crimes. A extradição 2. Cada Estado-parte incluirá a referida proi-
sujeitar-se-á às outras condições estabeleci- bição nas normas ou instruções relativas
das pela lei do Estado que receber a solicita- aos deveres e funções de tais pessoas.
ção. Artigo 11. Cada Estado-parte manterá sistemati-
3. Os Estados-partes que não condicio- camente sob exame as normas, instruções, mé-
nam a extradição à existência de um trata- todos e práticas de interrogatório, bem como as
do reconhecerão, entre si, tais crimes como disposições sobre a custódia e o tratamento das
extraditáveis, dentro das condições esta- pessoas submetidas, em qualquer território sob
belecidas pela lei do Estado que receber a a sua jurisdição, a qualquer forma de prisão, de-
solicitação. tenção ou reclusão, com vistas a evitar qualquer
caso de tortura.
4. O crime será considerado, para o fim de
extradição entre os Estados-partes, como

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Artigo 12. Cada Estado-parte assegurará que forem cometidos por funcionário público
suas autoridades competentes procederão ime- ou outra pessoa no exercício de funções pú-
diatamente a uma investigação imparcial, sem- blicas, ou por sua instigação, ou com o seu
pre que houver motivos razoáveis para crer que consentimento ou aquiescência. Aplicar-se-
um ato de tortura tenha sido cometido em qual- -ão, em particular, as obrigações menciona-
quer território sob sua jurisdição. das nos artigos 10, 11, 12 e 13, com a subs-
tituição das referências a outras formas de
Artigo 13. Cada Estado-parte assegurará, a tratamentos ou penas cruéis, desumanos
qualquer pessoa que alegue ter sido submetida ou degradantes.
a tortura em qualquer território sob sua jurisdi-
ção, o direito de apresentar queixa perante as 2. Os dispositivos da presente Convenção
autoridades competentes do referido Estado, não serão interpretados de maneira a res-
que procederão imediatamente e com impar- tringir os dispositivos de qualquer outro ins-
cialidade ao exame do seu caso. Serão tomadas trumento internacional ou lei nacional que
medidas para assegurar a proteção dos quei- proíba os tratamentos ou penas cruéis, de-
xosos e das testemunhas contra qualquer mau sumanos ou degradantes ou que se refira à
tratamento ou intimidação, em consequência extradição ou expulsão.
da queixa apresentada ou do depoimento pres-
tado. PARTE II
Artigo 14. Artigo 17.
1. Cada Estado-parte assegurará em seu sis- 1. Constituir-se-á um Comitê contra a Tortu-
tema jurídico, à vítima de um ato de tortura, ra (doravante denominado o "Comitê"), que
o direito à reparação e à indenização justa e desempenhará as funções descritas adian-
adequada, incluídos os meios necessários te. O Comitê será composto por dez peritos
para a mais completa reabilitação possível. de elevada reputação moral e reconhecida
Em caso de morte da vítima como resultado competência em matéria de direitos huma-
de um ato de tortura, seus dependentes te- nos, os quais exercerão suas funções a tí-
rão direito a indenização. tulo pessoal. Os peritos serão eleitos pelos
Estados-partes, levando em conta uma dis-
2. O disposto no presente artigo não afetará tribuição geográfica equitativa e a utilidade
qualquer direito a indenização que a vítima da participação de algumas pessoas com ex-
ou outra pessoa possam ter em decorrência periência jurídica.
das leis nacionais.
2. Os membros do Comitê serão eleitos em
Artigo 15. Cada Estado-parte assegurará que votação secreta, dentre uma lista de pesso-
nenhuma declaração que se demonstre ter as indicadas pelos Estados-partes. Cada Es-
sido prestada como resultado de tortura possa tado-parte pode indicar uma pessoa dentre
ser invocada como prova em qualquer proces- os seus nacionais. Os Estados-partes terão
so, salvo contra uma pessoa acusada de tortura presente a utilidade da indicação de pesso-
como prova de que a declaração foi prestada. as que sejam também membros do Comitê
Artigo 16. de Direitos Humanos, estabelecido de acor-
do com o Pato Internacional dos Direitos
1. Cada Estado-parte se comprometerá a Civis e Políticos, e que estejam dispostas a
proibir, em qualquer território sob a sua servir no Comitê contra a Tortura.
jurisdição, outros atos que constituam tra-
tamentos ou penas cruéis, desumanos ou 3. Os membros do Comitê serão eleitos
degradantes que não constituam tortura tal em reuniões bienais dos Estados-partes
como definida no artigo 1, quando tais atos convocadas pelo Secretário-Geral das Na-

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ções Unidas. Nestas reuniões, nas quais o Secretário-Geral das Nações Unidas lhes
quórum será estabelecido por dois terços houver comunicado a candidatura propos-
dos Estados-partes, serão eleitos membros ta.
do Comitê os candidatos que obtiverem o
maior número de votos e a maioria absoluta 7. Correrão por conta dos Estados-partes
dos votos dos representantes dos Estados- as despesas em que vierem a incorrer os
-partes presentes e votantes. membros do Comitê no desempenho de
suas funções no referido órgão.
4. A primeira eleição se realizará no máxi-
mo seis meses após a data da entrada em Artigo 18.
vigor da presente Convenção. Ao menos 1. O Comitê elegerá sua Mesa para um perí-
quatro meses antes da data de cada eleição, odo de dois anos. Os membros da Mesa po-
o Secretário-Geral da Organização das Na- derão ser reeleitos.
ções Unidas enviará uma carta aos Estados-
-partes, para convidá-los a apresentar suas 2. O próprio Comitê estabelecerá suas re-
candidaturas, no prazo de três meses. O gras de procedimento; estas, contudo, de-
Secretário-Geral da Organização das Nações verão conter, entre outras, as seguintes dis-
Unidas organizará uma lista por ordem alfa- posições:
bética de todos os candidatos assim desig-
a) o quorum será de seis membros;
nados, com indicações dos Estados-partes
que os tiverem designado, e a comunicará b) as decisões do Comitê serão tomadas
aos Estados-partes. por maioria dos votos dos membros presen-
tes.
5. Os membros do Comitê serão eleitos
para um mandato de quatro anos. Poderão, 3. O Secretário-Geral da Organização das
caso suas candidaturas sejam apresenta- Nações Unidas colocará à disposição do Co-
das novamente, ser reeleitos. Entretanto, o mitê o pessoal e os serviços necessários ao
mandato de cinco dos membros eleitos na desempenho eficaz das funções que lhe são
primeira eleição expirará ao final de dois atribuídas em virtude da presente Conven-
anos; imediatamente após a primeira elei- ção.
ção, o presidente da reunião a que se refere
o parágrafo 3 do presente artigo indicará, 4. O Secretário-Geral da Organização das
por sorteio, os nomes desses cinco mem- Nações Unidas convocará a primeira reu-
bros. nião do Comitê. Após a primeira reunião, o
Comitê deverá reunir-se em todas as oca-
6. Se um membro do Comitê vier a falecer, siões previstas em suas regras de procedi-
a demitir-se de suas funções ou, por outro mento.
motivo qualquer, não puder cumprir com
suas obrigações no Comitê, o Estado-parte 5. Os Estados-partes serão responsáveis
que apresentou sua candidatura indica- pelos gastos vinculados à realização das
rá, entre seus nacionais, outro perito para reuniões dos Estados-partes e do Comitê,
cumprir o restante de seu mandato, sendo inclusive o reembolso de quaisquer gastos,
que a referida indicação estará sujeita à tais como os de pessoal e de serviços, em
aprovação da maioria dos Estados-partes. que incorrerem as Nações Unidas, em con-
Considerar-se-á como concedida a referida formidade com o parágrafo 3º do presente
aprovação, a menos que a metade ou mais artigo.
dos Estados-partes venham a responder Artigo 19.
negativamente dentro de um prazo de seis
semanas, a contar do momento em que o 1. Os Estados-partes submeterão ao Comi-
tê, por intermédio do Secretário-Geral das

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Nações Unidas, relatórios sobre as medi- ficável, designar um ou vários de seus mem-
das por eles adotadas no cumprimento das bros para que procedam a uma investigação
obrigações assumidas, em virtude da pre- confidencial e informem urgentemente o
sente Convenção, no Estado-parte interes- Comitê.
sado. A partir de então, os Estados-partes
deverão apresentar relatórios suplemen- 3. No caso de realizar-se uma investigação
tares a cada quatro anos, sobre todas as nos termos do parágrafo 2º do presente
novas disposições que houverem adotado, artigo, o Comitê procurará obter a colabo-
bem como outros relatórios que o Comitê ração do Estado-parte interessado. Com a
vier a solicitar. concordância do Estado-parte em questão,
a investigação poderá incluir uma visita a
2. O Secretário-Geral das Nações Unidas seu território.
transmitirá os relatórios a todos os Estados-
-partes. 4. Depois de haver examinado as conclu-
sões apresentadas por um ou vários de seus
3. Cada relatório será examinado pelo Co- membros, nos termos do parágrafo 2º do
mitê, que poderá fazer os comentários ge- presente artigo, o Comitê as transmitirá ao
rais que julgar oportunos e os transmitirá ao Estado-parte interessado, junto com as ob-
Estado-parte interessado. Este poderá, em servações ou sugestões que considerar per-
resposta ao Comitê, comunicar-lhe todas as tinentes com vista da situação.
observações que deseje formular.
5. Todos os trabalhos do Comitê a que se
4. O Comitê poderá, a seu critério, tomar a faz referência nos parágrafos 1º ao 4º do
decisão de incluir qualquer comentário que presente artigo serão confidenciais e, em
houver feito, de acordo com o que estipu- todas as etapas dos referidos trabalhos,
la o parágrafo 3º do presente artigo, junto procurar-se-á obter a cooperação do Esta-
com as observações conexas recebidas do do-parte. Quando estiverem concluídos os
Estado-parte interessado, em seu relatório trabalhos relacionados com uma investiga-
anual que apresentará, em conformidade ção realizada de acordo com o parágrafo 2º,
com o artigo 24. Se assim o solicitar o Esta- o Comitê poderá, após celebrar consultas
do-parte interessado, o Comitê poderá tam- com o Estado-parte interessado, tomar a
bém incluir cópia do relatório apresentado, decisão de incluir um resumo dos resulta-
em virtude do parágrafo 1º do presente ar- dos da investigação em seu relatório anual,
tigo. que apresentará em conformidade com o
artigo 24.
Artigo 20.
Artigo 21.
1. O Comitê, no caso de vir a receber infor-
mações fidedignas que lhe pareçam indicar, 1. Com base no presente artigo, todo Esta-
de forma fundamentada, que a tortura é do-parte na presente Convenção poderá
praticada sistematicamente no território de declarar, a qualquer momento, que reco-
um Estado-parte, convidará o Estado-parte nhece a competência do Comitê para re-
em questão a cooperar no exame das infor- ceber e examinar as comunicações em que
mações e, nesse sentido, a transmitir ao Co- um Estado-parte alegue que outro Estado-
mitê as observações que julgar pertinentes. -parte não vem cumprindo as obrigações
que lhe impõe a Convenção. As referidas co-
2. Levando em consideração todas as ob- municações só serão recebidas e examina-
servações que houver apresentado o Esta- das nos termos do presente artigo, no caso
do-parte interessado, bem como quaisquer de serem apresentadas por um Estado-par-
outras informações pertinentes de que dis- te que houver feito uma declaração em que
puser, o Comitê poderá, se lhe parecer justi-

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reconheça, com relação a si próprio, a com- d) O Comitê realizará reuniões confiden-
petência do Comitê. O Comitê não receberá ciais quando estiver examinando as comu-
comunicação alguma relativa a um Estado- nicações previstas no presente artigo;
-parte que não houver feito uma declaração
dessa natureza. As comunicações recebidas e) Sem prejuízo das disposições da alínea
em virtude do presente artigo estarão sujei- "c", o Comitê colocará seus bons ofícios à
tas ao procedimento que segue: disposição dos Estados-partes interessados
no intuito de alcançar uma solução amisto-
a) Se um Estado-parte considerar que ou- sa para a questão, baseada no respeito às
tro Estado-parte não vem cumprindo as obrigações estabelecidas na presente Con-
disposições da presente Convenção pode- venção. Com vistas a atingir estes objetivos,
rá, mediante comunicação escrita, levar a o Comitê poderá constituir, se julgar con-
questão a conhecimento deste Estado-par- veniente, uma comissão de conciliação ad
te. Dentro do prazo de três meses, a contar hoc;
da data do recebimento da comunicação,
o Estado destinatário fornecerá ao Estado f) Em todas as questões que se lhe subme-
que enviou a comunicação explicações e tam em virtude do presente artigo, o Comi-
quaisquer outras declarações por escrito tê poderá solicitar aos Estados-partes inte-
que esclareçam a questão, as quais deve- ressados, a que se faz referência na alínea
rão fazer referência, até onde seja possível e "b", que lhe forneçam quaisquer informa-
pertinente, aos procedimentos nacionais e ções pertinentes;
aos recursos jurídicos adotados, em trâmite g) Os Estados-partes interessados, a que se
ou disponíveis sobre a questão; faz referência na alínea "b", terão o direito
b) Se, dentro do prazo de seis meses, a con- de fazer-se representar quando as questões
tar da data do recebimento da comunicação forem examinadas no Comitê e de apresen-
original pelo Estado destinatário, a questão tar suas observações verbalmente e/ou por
não estiver dirimida satisfatoriamente para escrito;
ambos os Estados-partes interessados, tan- h) O Comitê, dentro dos doze meses se-
to um como o outro terão o direito de sub- guintes à data do recebimento da notifica-
metê-la ao Comitê, mediante notificação ção mencionada na alínea "b", apresentará
endereçada ao Comitê ou ao outro Estado relatório em que:
interessado;
I – se houver sido alcançada uma solução
c) O Comitê tratará de todas as questões nos termos da alínea "e", o Comitê restrin-
que se lhe submetam em virtude do presen- gir-se-á, em seu relatório, a uma breve ex-
te artigo, somente após ter-se assegurado posição dos fatos e da solução alcançada;
de que todos os recursos internos disponí-
veis tenham sido utilizados e esgotados, em II – se não houver sido alcançada solução
conformidade com os princípios do Direito alguma nos termos da alínea "e", o Comitê
Internacional geralmente reconhecidos. restringir-se-á, em seu relatório, a uma bre-
Não se aplicará essa regra quando a aplica- ve exposição dos fatos; serão anexados ao
ção dos mencionados recursos se prolongar relatório o texto das observações escritas e
injustificadamente ou quando não for pro- das atas das observações orais apresenta-
vável que a aplicação de tais recursos venha das pelos Estados-partes interessados. Para
a melhorar realmente a situação da pessoa cada questão, o relatório será encaminhado
que seja vítima de violação da presente aos Estados-partes interessados.
Convenção;
2. As disposições do presente artigo entra-
rão em vigor a partir do momento em que

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cinco Estados-partes no presente Pato hou- sobre o qual se alegue ter violado qualquer
verem feito as declarações mencionadas no disposição da Convenção. Dentro dos seis
parágrafo 1º deste artigo. As referidas de- meses seguintes, o Estado destinatário sub-
clarações serão depositadas pelos Estados- meterá ao Comitê as explicações ou decla-
-partes junto ao Secretário-Geral da Organi- rações por escrito que elucidem a questão
zação das Nações Unidas, que enviará cópia e, se for o caso, que indiquem o recurso jurí-
das mesmas aos demais Estados-partes. dico adotado pelo Estado em questão.
Toda declaração poderá ser retirada, a qual-
quer momento, mediante notificação ende- 4. O Comitê examinará as comunicações
reçada ao Secretário-Geral. Far-se-á essa re- recebidas em conformidade com o presente
tirada sem prejuízo do exame de quaisquer artigo, à luz de todas as informações a ele
questões que constituam objeto de uma co- submetidas pela pessoa interessada, ou em
municação já transmitida nos termos deste nome dela, e pelo Estado-parte interessa-
artigo; em virtude do presente artigo, não do.
se receberá qualquer nova comunicação de 5. O Comitê não examinará comunicação
um Estado-parte, uma vez que o Secretário- alguma de uma pessoa, nos termos do pre-
-Geral haja recebido a notificação sobre a sente artigo, sem que haja assegurado que:
retirada da declaração, a menos que o Es-
tado-parte interessado haja feito uma nova a) A mesma questão não foi, nem está sen-
declaração. do, examinada perante outra instância in-
ternacional de investigação ou solução;
Artigo 22.
b) A pessoa em questão esgotou todos os
1. Todo Estado-parte na presente Conven- recursos jurídicos internos disponíveis; não
ção poderá declarar, em virtude do pre- se aplicará esta regra quando a aplicação
sente artigo, a qualquer momento, que dos mencionados recursos se prolongar in-
reconhece a competência do Comitê para justificadamente, ou, quando não for prová-
receber e examinar as comunicações envia- vel que a aplicação de tais recursos venha
das por pessoas sob sua jurisdição, ou em a melhorar realmente a situação da pessoa
nome delas, que aleguem ser vítimas de que seja vítima de violação da presente
violação, por um Estado-parte, das disposi- Convenção.
ções da Convenção. O Comitê não receberá
comunicação alguma relativa a um Estado- 6. O Comitê realizará reuniões confiden-
-parte que não houver feito declaração des- ciais quando estiver examinando as comu-
sa natureza. nicações previstas no presente artigo.

2. O Comitê considerará inadmissível qual- 7. O Comitê comunicará seu parecer ao Es-


quer comunicação recebida em conformi- tado-parte e à pessoa em questão.
dade com o presente artigo que seja anô-
8. As disposições do presente artigo entra-
nima, ou que, a seu juízo, constitua abuso
rão em vigor a partir do momento em que
do direito de apresentar as referidas comu-
cinco Estados-partes na presente Conven-
nicações, ou que seja incompatível com as
ção houverem feito as declarações mencio-
disposições da presente Convenção.
nadas no parágrafo 1º deste artigo. As refe-
3. Sem prejuízo do disposto no parágrafo ridas declarações serão depositadas pelos
2º, o Comitê levará todas as comunicações Estados-partes junto ao Secretário-Geral
apresentadas, em conformidade com este das Nações Unidas, que enviará cópia das
artigo, ao conhecimento do Estado-parte na mesmas aos demais Estados-partes. Toda
presente Convenção que houver feito uma declaração poderá ser retirada, a qualquer
declaração nos termos do parágrafo 1º e momento, mediante notificação endereça-

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da ao Secretário-Geral. Far-se-á essa reti- 2. Para os Estados que vierem a ratificar a
rada sem prejuízo do exame de quaisquer presente Convenção ou a ela aderir após o
questões que constituam objeto de uma co- depósito do vigésimo instrumento de ratifi-
municação já transmitida nos termos deste cação ou adesão, a Convenção entrará em
artigo; em virtude do presente artigo, não vigor no trigésimo dia a contar da data em
se receberá qualquer nova comunicação que o Estado em questão houver deposita-
de uma pessoa, ou em nome dela, uma vez do seu instrumento de ratificação ou ade-
que o Secretário-Geral haja recebido a no- são.
tificação sobre a retirada da declaração, a
menos que o Estado-parte interessado haja Artigo 28.
feito uma nova declaração. 1. Cada Estado-parte poderá declarar, por
Artigo 23. Os membros do Comitê e os mem- ocasião da assinatura ou ratificação da pre-
bros das comissões de conciliação ad hoc desig- sente Convenção ou da adesão a ela, que
nados nos termos da alínea "e" do parágrafo 1º não reconhece a competência do Comitê
do artigo 21 terão direito às facilidades, privilé- quanto ao disposto no artigo 20.
gios e imunidades que se concedem aos peritos 2. Todo Estado-parte na presente Conven-
no desempenho de missões para a Organização ção que houver formulado reserva em con-
das Nações Unidas, em conformidade com as formidade com o parágrafo 1º do presente
seções pertinentes da Convenção sobre Privilé- artigo, poderá a qualquer momento tornar
gios e Imunidades das Nações Unidas. sem efeito essa reserva, mediante notifica-
Artigo 24. O Comitê apresentará, em virtude da ção endereçada ao Secretário-Geral das Na-
presente Convenção, um relatório anual sobre ções Unidas.
as suas atividades aos Estados-partes e à As- Artigo 29. Todo Estado-parte na presente Con-
sembléia Geral das Nações Unidas. venção poderá propor emendas e depositá-las
junto ao Secretário-Geral da Organização das
PARTE III Nações Unidas. O Secretário-Geral comunicará
Artigo 25. todas as propostas de emendas aos Estados-
-partes, pedindo-lhes que o notifiquem se de-
1. A presente Convenção está aberta à assi- sejam que se convoque uma conferência dos
natura de todos os Estados. Estados-partes destinada a examinar as propos-
tas e submetê-las a votação. Dentro dos quatro
2. A presente Convenção está sujeita à rati- meses seguintes à data da referida comunica-
ficação. Os instrumentos de ratificação se- ção, se pelo menos um terço dos Estados-partes
rão depositados junto ao Secretário-Geral se manifestar a favor da referida convocação, o
da Organização das Nações Unidas. Secretário-Geral convocará a conferência sob os
Artigo 26. A presente Convenção está aberta à auspícios da Organização das Nações Unidas.
adesão de todos os Estados. Far-se-á a adesão Toda emenda adotada pela maioria dos Esta-
mediante depósito do instrumento de adesão dos-partes presentes e votantes na conferência
junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas. será submetida pelo Secretário-Geral à aceita-
ção de todos os Estados-partes.
Artigo 27. A presente Convenção entrará em vi-
gor no trigésimo dia a contar da data em que o 2. Toda emenda adotada nos termos da
vigésimo instrumento de ratificação ou adesão disposição do parágrafo 1º do presente ar-
houver sido depositado junto ao Secretário-Ge- tigo entrará em vigor assim que dois terços
ral das Nações Unidas. dos Estados-partes na presente Convenção
houverem notificado o Secretário-Geral das
Nações Unidas de que a aceitaram, em con-

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formidade com seus respectivos procedi- efeitos; a denúncia não acarretará, tam-
mentos constitucionais. pouco, a suspensão do exame de quaisquer
questões que o Comitê já começara a exa-
3. Quando entrarem em vigor, as emendas minar antes da data em que a denúncia veio
serão obrigatórias para os Estados-partes a produzir efeitos.
que as aceitaram, ao passo que os demais
Estados-partes permanecem obrigados pe- 3. A partir da data em que vier a produzir
las disposições da Convenção e pelas emen- efeitos a denúncia de um Estado-parte, o
das anteriores por eles aceitas. Comitê não dará início ao exame de qual-
quer nova questão referente ao Estado em
Artigo 30. As controvérsias entre dois ou mais apreço.
Estados-partes, com relação à interpretação ou
aplicação da presente Convenção, que não pu- Artigo 32. O Secretário-Geral da Organização
derem ser dirimidas por meio de negociação, das Nações Unidas comunicará a todos os Esta-
serão, a pedido de um deles, submetidas à ar- dos membros das Nações Unidas e a todos os
bitragem. Se, durante os seis meses seguintes Estados que assinaram a presente Convenção
à data do pedido de arbitragem, as Partes não ou a ela aderiram:
lograrem pôr-se de acordo quanto aos termos
do compromisso de arbitragem, qualquer das a) As assinaturas, ratificações e adesões re-
Partes poderá submeter a controvérsia à Corte cebidas em conformidade com os artigos 25
Internacional de Justiça, mediante solicitação e 26;
feita em conformidade com o Estatuto da Corte. b) A data da entrada em vigor da Conven-
2. Cada Estado-parte poderá declarar, por ção, nos termos do artigo 27, e a data de
ocasião da assinatura ou ratificação da pre- entrada em vigor de quaisquer emendas,
sente Convenção, que não se considera nos termos do artigo 29.
obrigado pelo parágrafo 1º deste artigo. Os c) As denúncias recebidas em conformida-
demais Estados-partes não estarão obriga- de com o artigo 31.
dos pelo referido parágrafo, com relação a
qualquer Estado-parte que houver formula- Artigo 33.
do reserva dessa natureza.
1. A presente Convenção, cujos textos em
3. Todo Estado-parte que houver formu- árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e
lado reserva, em conformidade com o pa- russo são igualmente autênticos, será depo-
rágrafo 2º do presente artigo poderá, a sitada junto ao Secretário-Geral das Nações
qualquer momento, tornar sem efeito essa Unidas.
reserva, mediante notificação endereçada
2. O Secretário-Geral da Organização das
ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
Nações Unidas encaminhará cópias auten-
Artigo 31. Todo Estado-parte poderá denunciar ticadas da presente Convenção a todos os
a presente Convenção mediante notificação por Estados.
escrito endereçada ao Secretário-Geral das Na-
ções Unidas. A denúncia produzirá efeitos um
ano depois da data do recebimento da notifica-
ção pelo Secretário-Geral.
2. A referida denúncia não eximirá o Esta-
do-parte das obrigações que lhe impõe a
presente Convenção relativamente a qual-
quer ação ou omissão ocorrida antes da
data em que a denúncia venha a produzir

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Convenção sobre os Direitos das Considerando que cabe preparar plenamente
Crianças (1989) a criança para viver uma vida individual na so-
ciedade e ser educada no espírito dos ideais
proclamados na Carta das Nações Unidas e, em
Preâmbulo particular, em um espírito de paz, dignidade, to-
lerância, liberdade, igualdade e solidariedade;
Os Estados-partes na presente Convenção
Tendo em mente que a necessidade de propor-
Considerando que, em conformidade com os cionar proteção especial à criança foi afirmada
princípios proclamados na Carta das Nações na Declaração de Genebra sobre os Direitos da
Unidas, o reconhecimento da dignidade ineren- Criança de 1924 e na Declaração sobre os Direi-
te e dos direitos iguais e inalienáveis de todos os tos da Criança, adotada pela Assembléia Geral
membros da família humana constitui o funda- em 20 de novembro de 1959, e reconhecida na
mento da liberdade, da justiça e da paz do mun- Declaração Universal dos Direitos Humanos, no
do; Pato Internacional de Direitos Civis e Políticos
Tendo presente que os povos das Nações Uni- (particularmente nos artigos 23 e 24), no Pato
das reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e
humanos fundamentais e na dignidade e no va- Culturais (particularmente no artigo 10) e nos
lor da pessoa humana, e resolveram promover estatutos e instrumentos relevantes das agên-
o progresso social e a elevação do padrão de cias especializadas e organizações internacio-
vida em maior liberdade; nais que se dedicam ao bem estar da criança;

Reconhecendo que as Nações Unidas proclama- Tendo em mente que, como indicado na Decla-
ram e acordaram na Declaração Universal dos ração sobre os Direitos da Criança, a criança, em
Direitos Humanos e nos Patos Internacionais razão de sua falta de maturidade física e mental,
de Direitos Humanos que toda pessoa huma- necessita proteção e cuidados especiais, incluin-
na possui todos os direitos e liberdades neles do proteção jurídica apropriada, antes e depois
enunciados, sem distinção de qualquer tipo, tais do nascimento;
como de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião Relembrando as disposições da Declaração so-
política ou outra, de origem nacional ou social, bre os Princípios Sociais e Jurídicos Relativos à
posição econômica, nascimento ou outra condi- Proteção e ao bem-estar da Criança, com espe-
ção; cial referência à adoção e à colocação em lares
Recordando que na Declaração Universal dos de adoção em âmbito nacional e internacional
Direitos Humanos as Nações Unidas proclama- (Resolução da Assembléia Geral 41/85, de 3 de
ram que a infância tem direito a cuidados e as- dezembro de 1986), as Regras-Padrão Mínimas
sistência especiais; para a Administração da Justiça Juvenil das Na-
ções Unidas ("As Regras de Pequim") e a Decla-
Convencidos de que a família, unidade funda- ração sobre a Proteção da Mulher e da Criança
mental da sociedade e meio natural para o cres- em Situações de Emergência e de Conflito Ar-
cimento e bem-estar de todos os seus membros mado;
e, em particular das crianças, deve receber a
proteção e assistência necessárias para que Reconhecendo que em todos os países do mun-
possa assumir plenamente suas responsabilida- do há crianças que vivem em condições excep-
des na comunidade; cionalmente difíceis, e que tais crianças necessi-
tam considerações especial;
Reconhecendo que a criança, para o desenvolvi-
mento pleno e harmonioso de sua personalida- Levando em devida conta a importância das tra-
de, deve crescer em um ambiente familiar, em dições e dos valores culturais de cada povo para
clima de felicidade, amor e compreensão;

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a proteção e o desenvolvimento harmonioso da tutores ou de outras pessoas legalmente


criança; responsáveis por ela e, para este propósito,
tomarão todas as medidas legislativas e ad-
Reconhecendo a importância da cooperação ministrativas apropriadas.
internacional para a melhoria das condições de
vida das crianças em todos os países, em parti- 3. Os Estados-partes assegurarão que as
cular nos países em desenvolvimento; instituições, serviços e instalações res-
ponsáveis pelos cuidados ou proteção das
Acordam o seguinte: crianças conformar-se-ão com os padrões
PARTE I estabelecidos pelas autoridades competen-
tes, particularmente no tocante à segurança
Artigo 1º Para os efeitos da presente Conven- e à saúde das crianças, ao número e à com-
ção, entende-se por criança todo ser humano petência de seu pessoal, e à existência de
menor de 18 anos de idade, salvo se, em confor- supervisão adequadas.
midade com a lei aplicável à criança, a maiorida- Artigo 4º Os Estados-partes tomarão todas as
de seja alcançada antes. medidas apropriadas, administrativas, legislati-
Artigo 2º vas e outras, para a implementação dos direitos
reconhecidos nesta Convenção. Com relação
1. Os Estados-partes respeitarão os direitos aos direitos econômicos, sociais e culturais,
previstos nesta Convenção e os assegurarão os Estados-partes tomarão tais medidas no al-
a toda criança sujeita à sua jurisdição, sem cance máximo de seus recursos disponíveis e,
discriminação de qualquer tipo, indepen- quando necessário, no âmbito da cooperação
dentemente de raça, cor, sexo, língua, reli- internacional.
gião, opinião política ou outra, origem na-
cional, étnica ou social, posição econômica, Artigo 5º Os Estados-partes respeitarão as res-
impedimentos físicos, nascimento ou qual- ponsabilidades, os direitos e os deveres dos
quer outra condição da criança, de seus pais pais ou, conforme o caso, dos familiares ou da
ou de seus representantes legais. comunidade, conforme os costumes locais, dos
tutores ou de outras pessoas legalmente res-
2. Os Estados-partes tomarão todas as me- ponsáveis pela criança, de orientar e instruir
didas apropriadas para assegurar que a apropriadamente a criança de modo consisten-
criança seja protegida contra todas as for- te com a evolução de sua capacidade, no exercí-
mas de discriminação ou punição baseadas cio dos direitos reconhecidos na presente Con-
na condição, nas atividades, opiniões ou venção.
crenças, de seus pais, representantes legais
ou familiares. Artigo 6º

Artigo 3º 1. Os Estados-partes reconhecem que toda


criança tem o direito inerente à vida.
1. Em todas as medidas relativas às crian-
ças, tomadas por instituições de bem estar 2. Os Estados-partes assegurarão ao máxi-
social públicas ou privadas, tribunais, auto- mo a sobrevivência e o desenvolvimento da
ridades administrativas ou órgãos legislati- criança.
vos, terão consideração primordial os inte- Artigo 7º
resses superiores da criança.
1. A criança será registrada imediatamente
2. Os Estados-partes se comprometem a após o seu nascimento e terá, desde o seu
assegurar à criança a proteção e os cuida- nascimento, direito a um nome, a uma na-
dos necessários ao seu bem-estar, tendo cionalidade e, na medida do possível, direi-
em conta os direitos e deveres dos pais, dos

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to de conhecer seus pais e ser cuidada por relações pessoais e contato direto com am-
eles. bos, a menos que isso seja contrário ao in-
teresse maior da criança.
2. Os Estados-partes assegurarão a imple-
mentação desses direitos, de acordo com 4. Quando essa separação ocorrer em vir-
suas leis nacionais e suas obrigações sob os tude de uma medida adotada por um Esta-
instrumentos internacionais pertinentes, do-parte, tal como detenção, prisão, exílio,
em particular se a criança se tornar apátri- deportação ou morte (inclusive falecimen-
da. to decorrente de qualquer causa enquanto
a pessoa estiver sob a custódia do Estado)
Artigo 8º de um dos pais da criança, ou de ambos, ou
1. Os Estados-partes se comprometem a da própria criança, o Estado-parte, quando
respeitar o direito da criança, de preservar solicitado, proporcionará aos pais, à criança
sua identidade, inclusive a nacionalidade, ou, se for o caso, a outro familiar, informa-
o nome e as relações familiares, de acordo ções básicas a respeito do paradeiro do fa-
com a lei, sem interferências ilícitas. miliar ou familiares ausentes, a não ser que
tal procedimento seja prejudicial ao bem
2. No caso de uma criança se vir ilegalmente estar da criança. Os Estados-partes se cer-
privada de algum ou de todos os elementos tificarão, além disso, de que a apresentação
constitutivos de sua identidade, os Estados- de tal petição não acarrete, por si só, conse-
-partes fornecer-lhe-ão assistência e prote- quências adversas para a pessoa ou pessoas
ção apropriadas, de modo que sua identida- interessadas.
de seja prontamente restabelecida.
Artigo 10.
Artigo 9º
1. Em conformidade com a obrigação dos
1. Os Estados-partes deverão zelar para que Estados-partes sob o artigo 9º, parágrafo
a criança não seja separada dos pais contra 1º, os pedidos de uma criança ou de seus
a vontade dos mesmos, exceto quando, su- pais para entrar ou sair de um Estado-parte,
jeita à revisão judicial, as autoridades com- no propósito de reunificação familiar, serão
petentes determinarem, em conformidade considerados pelos Estados-partes de modo
com a lei e os procedimentos legais cabí- positivo, humanitário e rápido. Os Estados-
veis, que tal separação é necessária ao in- -partes assegurarão ademais que a apresen-
teresse maior da criança. Tal determinação tação de tal pedido não acarrete quaisquer
pode ser necessária em casos específicos, consequências adversas para os solicitantes
por exemplo, nos casos em que a criança ou para seus familiares.
sofre maus-tratos ou descuido por parte de
seus pais ou quando estes vivem separados 2. A criança cujos pais residam em diferen-
e uma decisão deve ser tomada a respeito tes Estados-partes terá o direito de manter
do local da residência da criança. regularmente, salvo em circunstâncias ex-
cepcionais, relações pessoais e contatos di-
2. Caso seja adotado qualquer procedi- retos com ambos os pais. Para este fim e de
mento em conformidade com o estipulado acordo com a obrigação dos Estados-partes
no parágrafo 1º do presente artigo, todas as sob o artigo 9º, parágrafo 2º, os Estados-
partes interessadas terão a oportunidade -partes respeitarão o direito da criança e
de participar e de manifestar suas opiniões. de seus pais de deixarem qualquer país, in-
3. Os Estados-partes respeitarão o direito cluindo o próprio, e de ingressar no seu pró-
da criança que esteja separada de um ou prio país. O direito de sair de qualquer país
de ambos os pais de manter regularmente só poderá ser objeto de restrições previstas
em lei e que forem necessárias para prote-

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ger a segurança nacional, a ordem pública a) ao respeito dos direitos e da reputação


(ordre public), a saúde ou a moral públicas de outrem;
ou os direitos e liberdades de outrem, e fo-
rem consistentes com os demais direitos re- b) à proteção da segurança nacional ou da
conhecidos na presente Convenção. ordem pública ordre public, ou da saúde e
moral públicas.
Artigo 11.
Artigo 14.
1. Os Estados-partes tomarão medidas para
combater a transferência ilícita de crianças 1. Os Estados-partes respeitarão o direito
para o exterior e a retenção ilícita das mes- da criança à liberdade de pensamento, de
mas no exterior. consciência e de crença.

2. Para esse fim, os Estados-partes promo- 2. Os Estados-partes respeitarão os direitos


verão a conclusão de acordos bilaterais ou e deveres dos pais e, quando for o caso, dos
multilaterais ou a adesão a acordos já exis- representantes legais, de orientar a criança
tentes. no exercício do seu direito de modo consis-
tente com a evolução de sua capacidade.
Artigo 12.
3. A liberdade de professar sua religião ou
1. Os Estados-partes assegurarão à criança, crenças sujeitar-se-á somente às limitações
que for capaz de formar seus próprios pon- prescritas em lei e que forem necessárias
tos de vista, o direito de exprimir suas opini- para proteger a segurança, a ordem, a mo-
ões livremente sobre todas as matérias ati- ral, a saúde públicas, ou os direitos e liber-
nentes à criança, levando-se devidamente dades fundamentais de outrem.
em conta essas opiniões em função da ida-
de e maturidade da criança. Artigo 15.

2. Para esse fim, à criança será, em particu- 1. Os Estados-partes reconhecem os direi-


lar, dada a oportunidade de ser ouvida em tos da criança à liberdade de associação e à
qualquer procedimento judicial ou adminis- liberdade de reunião pacífica.
trativo que lhe diga respeito, diretamente 2. Nenhuma restrição poderá ser impos-
ou através de um representante ou órgão ta ao exercício desses direitos, a não ser
apropriado, em conformidade com as re- as que, em conformidade com a lei, forem
gras processuais do direito nacional. necessárias em uma sociedade democrá-
Artigo 13. tica, nos interesses da segurança nacional
ou pública, ordem pública (ordre public), da
1. A criança terá o direito à liberdade de ex- proteção da saúde ou moral públicas, ou da
pressão; este direito incluirá a liberdade de proteção dos direitos e liberdades de ou-
buscar, receber e transmitir informações e trem.
idéias de todos os tipos, independentemen-
te de fronteiras, de forma oral, escrita ou Artigo 16.
impressa, por meio das artes ou por qual- 1. Nenhuma criança será sujeita a interfe-
quer outro meio da escolha da criança. rência arbitrária ou ilícita em sua privacida-
2. O exercício desse direito poderá sujeitar- de, família, lar ou correspondência, nem a
-se a certas restrições, que serão somente atentados ilícitos à sua honra e reputação.
as previstas em lei e consideradas necessá- 2. A criança tem direito à proteção da lei
rias: contra essas interferências ou atentados.

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Artigo 17. Os Estados-partes reconhecem a im- a criança e assegurarão o desenvolvimento
portante função exercida pelos meios de comu- de instituições, instalações e serviços para o
nicação de massa e assegurarão que a criança cuidado das crianças.
tenha acesso às informações e dados de diver-
sas fontes nacionais e internacionais, especial- 3. Os Estados-partes tomarão todas as me-
mente os voltados à promoção de seu bem- didas apropriadas para assegurar que as
-estar social, espiritual e moral e saúde física e crianças, cujos pais trabalhem, tenham o
mental. Para este fim, os Estados-partes: direito de beneficiar-se de serviços de assis-
tência social e creches a que fazem jus.
a) encorajarão os meios de comunicação a
difundir informações e dados de benefício Artigo 19.
social e cultural à criança e em conformida- 1. Os Estados-partes tomarão todas as me-
de com o espírito do artigo 29; didas legislativas, administrativas, sociais e
b) promoverão a cooperação internacional educacionais apropriadas para proteger a
na produção, intercâmbio e na difusão de criança contra todas as formas de violência
tais informações e dados de diversas fontes física ou mental, abuso ou tratamento negli-
culturais, nacionais e internacionais; gente, maus-tratos ou exploração, inclusive
abuso sexual, enquanto estiver sob a guar-
c) encorajarão a produção e difusão de li- da dos pais, do representante legal ou de
vros para criança; qualquer outra pessoa responsável por ela.
d) incentivarão os órgãos de comunicação 2. Essas medidas de proteção deverão in-
a ter particularmente em conta as necessi- cluir, quando apropriado, procedimentos
dades lingüísticas da criança que pertencer eficazes para o estabelecimento de pro-
a uma minoria ou que for indígena; gramas sociais que proporcionem uma as-
sistência adequada à criança e às pessoas
e) promoverão o desenvolvimento de di- encarregadas de seu cuidado, assim como
retrizes apropriadas à proteção da criança outras formas de prevenção e identificação,
contra informações e dados prejudiciais ao notificação, transferência a uma instituição,
seu bem-estar, levando em conta as disposi- investigação, tratamento e acompanha-
ções dos artigos 13 e 18. mento posterior de casos de maus-tratos
Artigo 18. a crianças acima mencionadas e, quando
apropriado, intervenção judiciária.
1. Os Estados-partes envidarão os maiores
esforços para assegurar o reconhecimento Artigo 20.
do princípio de que ambos os pais têm res- 1. Toda criança, temporária ou permanen-
ponsabilidades comuns na educação e de- temente privada de seu ambiente familiar,
senvolvimento da criança. Os pais e, quan- ou cujos interesses exijam que não perma-
do for o caso, os representantes legais têm neça nesse meio, terá direito à proteção e
a responsabilidade primordial pela educa- assistência especiais do Estado.
ção e pelo desenvolvimento da criança. Os
interesses superiores da criança constitui- 2. Os Estados-partes assegurarão, de acor-
rão sua preocupação básica. do com suas leis nacionais, cuidados alter-
nativos para essas crianças.
2. Para o propósito de garantir e promo-
ver os direitos estabelecidos nesta Conven- 3. Esses cuidados poderão incluir, inter
ção, os Estados-partes prestarão assistência alia, a colocação em lares de adoção, a kafa-
apropriada aos pais e aos representantes le- lah do direito islâmico, a adoção ou, se ne-
gais no exercício das suas funções de educar cessário, a colocação em instituições ade-

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quadas de proteção para as crianças. Ao se outro país seja levada a cabo por intermé-
considerar soluções, prestar-se-á a devida dio das autoridades ou organismos compe-
atenção à conveniência de continuidade de tentes.
educação da criança, bem como à origem
étnica, religiosa, cultural e lingüística da Artigo 22.
criança. 1. Os Estados-partes adotarão medidas per-
Artigo 21. Os Estados-partes que reconhecem tinentes para assegurar que a criança que
ou permitem o sistema de adoção atentarão tende obter a condição de refugiada, ou que
para o fato de que a consideração primordial seja considerada como refugiada de acordo
seja o interesse maior da criança. Dessa forma, com o direito e os procedimentos interna-
atentarão para que: cionais ou internos aplicáveis, receba, tanto
no caso de estar sozinha como acompanha-
a) a adoção da criança seja autorizada da por seus pais ou por qualquer outra pes-
apenas pelas autoridades competentes, as soa, a proteção e a assistência humanitária
quais determinarão, consoante as leis e os adequadas a fim de que possa usufruir dos
procedimentos cabíveis e com base em to- direitos enunciados na presente Convenção
das as informações pertinentes e fidedig- e em outros instrumentos internacionais de
nas, que a adoção é admissível em vista da direitos humanos ou de caráter humanitário
situação jurídica da criança com relação a nos quais os citados Estados sejam partes.
seus pais, parentes e representantes legais
e que, caso solicitado, as pessoas interes- 2. Para tanto, os Estados-partes coopera-
sadas tenham dado, com conhecimento de rão, da maneira como julgarem apropriada,
causa, seu consentimento à adoção, com com todos os esforços das Nações Unidas e
base no assessoramento que possa ser ne- demais organizações intergovernamentais
cessário; competentes, ou organizações não-gover-
namentais que cooperem com as Nações
b) a adoção efetuada em outro país possa Unidas, no sentido de proteger e ajudar a
ser considerada como outro meio de cuidar criança refugiada, e de localizar seus pais ou
da criança, no caso em que a mesma não membros da família, a fim de obter infor-
possa ser colocada em lar de adoção ou en- mações necessárias que permitam sua reu-
tregue a uma família adotiva ou não logre nião com a família. Quando não for possível
atendimento adequado em seu país de ori- localizar nenhum dos pais ou membros da
gem; família, será concedida à criança a mesma
proteção outorgada a qualquer outra crian-
c) a criança adotada em outro país goze de ça privada permanente ou temporariamen-
salvaguardas e normas equivalentes às exis- te de seu ambiente familiar, seja qual for o
tentes em seu país de origem com relação à motivo, conforme o estabelecido na presen-
adoção; te Convenção.
d) todas as medidas apropriadas sejam Artigo 23.
adotadas, a fim de garantir que, em caso de
adoção em outro país, a colocação não per- 1. Os Estados-partes reconhecem que a
mita benefícios financeiros indevidos aos criança portadora de deficiências físicas ou
que dela participem; mentais deverá desfrutar de uma vida plena
e decente em condições que garantam sua
e) quando necessário, promovam os obje- dignidade, favoreçam sua autonomia e faci-
tivos do presente artigo mediante ajustes litem sua participação ativa na comunidade.
ou acordos bilaterais ou multilaterais, e en-
videm esforços, nesse contexto, com vistas 2. Os Estados-partes reconhecem o direi-
a assegurar que a colocação da criança em to da criança deficiente de receber cuida-

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dos especiais e, de acordo com os recursos criança se veja privada de seu direito de
disponíveis e sempre que a criança ou seus usufruir desses serviços sanitários.
responsáveis reúnam as condições requeri-
das, estimularão e assegurarão a prestação 2. Os Estados-partes garantirão a plena
de assistência solicitada, que seja adequada aplicação desse direito e, em especial, ado-
ao estado da criança e às circunstâncias de tarão as medidas apropriadas com vistas a:
seus pais ou das pessoas encarregadas de a) reduzir a mortalidade infantil;
seus cuidados.
b) assegurar a prestação de assistência mé-
3. Atendendo às necessidades especiais dica e cuidados sanitários necessários a to-
da criança deficiente, a assistência presta- das as crianças, dando ênfase aos cuidados
da, conforme disposto no parágrafo 2 do básicos de saúde;
presente artigo, será gratuita sempre que
possível, levando-se em consideração a si- c) combater as doenças e a desnutrição,
tuação econômica dos pais ou das pessoas dentro do contexto dos cuidados básicos de
que cuidem da criança, e visará a assegurar saúde mediante, inter alia, a aplicação de
à criança deficiente o acesso à educação, à tecnologia disponível e o fornecimento de
capacitação, aos serviços de saúde, aos ser- alimentos nutritivos e de água potável, ten-
viços de reabilitação, à preparação para em- do em vista os perigos e riscos da poluição
prego e às oportunidades de lazer, de ma- ambiental;
neira que a criança atinja a mais completa
d) assegurar às mães adequada assistência
integração social possível e o maior desen-
pré-natal e pós-natal;
volvimento cultural e espiritual.
e) assegurar que todos os setores da so-
4. Os Estados-partes promoverão, com es-
ciedade e em especial os pais e as crianças,
pírito de cooperação internacional, um in-
conheçam os princípios básicos de saúde
tercâmbio adequado de informações nos
e nutrição das crianças, as vantagens da
campos da assistência médica preventiva e
amamentação, da higiene e do saneamen-
do tratamento médico, psicológico e fun-
to ambiental e das medidas de prevenção
cional das crianças deficientes, inclusive
de acidentes, e tenham acesso à educação
a divulgação de informação a respeito dos
pertinente e recebam apoio para aplicação
métodos de reabilitação e dos serviços de
desses conhecimentos;
ensino e formação profissional, bem como
o acesso a essa informação, a fim de que os f) desenvolver a assistência médica pre-
Estados-partes possam aprimorar sua capa- ventiva, a orientação aos pais e a educação
cidade e seus conhecimentos e ampliar sua e serviços de planejamento familiar.
experiência nesses campos. Nesse sentido,
serão levadas especialmente em conta as 3. Os Estados-partes adotarão todas as
necessidades dos países em desenvolvi- medidas eficazes e adequadas para abolir
mento. práticas tradicionais que sejam prejudiciais
à saúde da criança.
Artigo 24.
4. Os Estados-partes se comprometem a
1. Os Estados-partes reconhecem o direito promover e incentivar a cooperação inter-
da criança de gozar do melhor padrão pos- nacional com vistas a lograr progressiva-
sível de saúde e dos serviços destinados ao mente, a plena efetivação do direito reco-
tratamento das doenças e à recuperação da nhecido no presente artigo. Nesse sentido,
saúde. Os Estados-partes envidarão esfor- será dada atenção especial às necessidades
ços no sentido de assegurar que nenhuma dos países em desenvolvimento.

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Artigo 25. Os Estados-partes reconhecem o di- 4. Os Estados-partes tomarão todas as


reito de uma criança que tenha sido internada medidas adequadas para assegurar o paga-
em um estabelecimento pelas autoridades com- mento da pensão alimentícia por parte dos
petentes para fins de atendimento, proteção pais ou de outras pessoas financeiramente
ou tratamento de saúde física ou mental, a um responsáveis pela criança, quer residam no
exame periódico de avaliação do tratamento ao Estado-parte quer no exterior. Nesse senti-
qual está sendo submetida e de todos os demais do, quando a pessoa que detém a respon-
aspectos relativos à sua internação. sabilidade financeira pela criança residir
em Estado diferente daquele onde mora a
Artigo 26. criança, os Estados-partes promoverão a
1. Os Estados-partes reconhecerão a todas adesão a acordos internacionais ou a con-
as crianças o direito de usufruir da previ- clusão de tais acordos, bem como a adoção
dência social, inclusive do seguro social, e de outras medidas apropriadas.
adotarão as medidas necessárias para lo- Artigo 28.
grar a plena consecução desse direito, em
conformidade com a legislação nacional. 1. Os Estados-partes reconhecem o direito
da criança à educação e, a fim de que ela
2. Os benefícios deverão ser concedidos, possa exercer progressivamente e em igual-
quando pertinentes, levando-se em consi- dade de condições esse direito, deverão es-
deração os recursos e a situação da criança pecialmente:
e das pessoas responsáveis pelo seu susten-
to, bem como qualquer outra consideração a) tornar o ensino primário obrigatório e
cabível no caso de uma solicitação de bene- disponível gratuitamente a todos;
fícios feita pela criança ou em seu nome.
b) estimular o desenvolvimento do ensino
Artigo 27. secundário em suas diferentes formas, in-
clusive o ensino geral e profissionalizante,
1. Os Estados-partes reconhecem o direito tornando-o disponível e acessível a todas as
de toda criança a um nível de vida adequa- crianças, e adotar medidas apropriadas tais
do ao seu desenvolvimento físico, mental, como a implantação do ensino gratuito e a
espiritual, moral e social. concessão de assistência financeira em caso
2. Cabe aos pais, ou a outras pessoas en- de necessidade;
carregadas, a responsabilidade primordial c) tornar o ensino superior acessível a to-
de proporcionar, de acordo com suas possi- dos, com base na capacidade e por todos os
bilidades e meios financeiros, as condições meios adequados;
de vida necessárias ao desenvolvimento da
criança. d) tornar a informação e a orientação edu-
cacionais e profissionais disponíveis e aces-
3. Os Estados-partes, de acordo com as síveis a todas as crianças;
condições nacionais e dentro de suas pos-
sibilidades, adotarão medidas apropriadas a e) adotar medidas para estimular a fre-
fim de ajudar os pais e outras pessoas res- qüência regular às escolas e a redução do
ponsáveis pela criança a tornar efetivo esse índice de evasão escolar.
direito e, caso necessário, proporcionarão
assistência material e programas de apoio, 2. Os Estados-partes adotarão todas as
especialmente no que diz respeito à nutri- medidas necessárias para assegurar que a
ção, ao vestuário e à habitação. disciplina escolar seja ministrada de manei-
ra compatível com a dignidade humana da

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criança e em conformidade com a presente presente artigo e que a educação ministra-
Convenção. da em tais instituições esteja de acordo com
os padrões mínimos estabelecidos pelo Es-
3. Os Estados-partes promoverão e estimu- tado.
larão a cooperação internacional em ques-
tões relativas à educação, especialmente Artigo 30. Nos Estados-partes onde existam
visando a contribuir para eliminação da ig- minorias étnicas, religiosas ou lingüísticas, ou
norância e do analfabetismo no mundo e pessoas de origem indígena, não será negado
facilitar o acesso aos conhecimentos cientí- a uma criança que pertença a tais minorias ou
ficos e técnicos e aos métodos modernos de que seja indígena o direito de, em comunidade
ensino. A esse respeito, será dada atenção com os demais membros de seu grupo, ter sua
especial às necessidades dos países em de- própria cultura, professar e praticar sua própria
senvolvimento. religião ou utilizar seu próprio idioma.
Artigo 29. Artigo 31.
1. Os Estados-partes reconhecem que a 1. Os Estados-partes reconhecem o direito
educação da criança deverá estar orientada da criança ao descanso e ao lazer, ao diver-
no sentido de: timento e às atividades recreativas próprias
da idade, bem como à livre participação na
a) desenvolver a personalidade, as ap- vida cultural e artística.
tidões e a capacidade mental e física da
criança e todo o seu potencial; 2. Os Estados-partes respeitarão e pro-
moverão o direito da criança de participar
b) imbuir na criança o respeito aos direi- plenamente da vida cultural e artística e en-
tos humanos e às liberdades fundamentais, corajarão a criação de oportunidades ade-
bem como aos princípios consagrados na quadas, em condição de igualdade, para
Carta das Nações Unidas; que participem da vida cultural, artística,
c) imbuir na criança o respeito aos seus recreativa e de lazer.
pais, à sua própria identidade cultural, ao Artigo 32.
seu idioma e seus valores, aos valores na-
cionais do país em que reside, aos do even- 1. Os Estados-partes reconhecem o direi-
tual país de origem e aos das civilizações di- to da criança de estar protegida contra a
ferentes da sua; exploração econômica e contra o desem-
penho de qualquer trabalho que possa ser
d) preparar a criança para assumir uma perigoso ou interferir em sua educação, ou
vida responsável em uma sociedade livre, seja nocivo para saúde ou para seu desen-
com espírito de compreensão, paz, tole- volvimento físico, mental, espiritual, moral
rância, igualdade de sexos e amizade entre ou social.
todos os povos, grupos étnicos, nacionais e
religiosos e pessoas de origem indígena; 2. Os Estados-partes adotarão medidas le-
gislativas, administrativas, sociais e educa-
e) imbuir na criança o respeito ao meio cionais com vistas a assegurar a aplicação
ambiente. do presente artigo. Com tal propósito, e
2. Nada do disposto no presente artigo ou levando em consideração as disposições
no artigo 28 será interpretado de modo pertinentes de outros instrumentos inter-
a restringir a liberdade dos indivíduos ou nacionais, os Estados-partes deverão, em
das entidades de criar e dirigir instituições particular:
de ensino, desde que sejam respeitados os
princípios enunciados no parágrafo 1 do

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a) estabelecer uma idade ou idades míni- perpétua, sem possibilidade de livramento,


mas para a admissão em empregos; por delitos cometidos por menores de de-
zoito anos de idade.
b) estabelecer regulamentação apropriada
relativa a horários e condições de emprego; b) Nenhuma criança seja privada de sua li-
berdade de forma ilegal ou arbitrária. A de-
c) estabelecer penalidades ou outras san- tenção, a reclusão ou a prisão de uma crian-
ções apropriadas a fim de assegurar o cum- ça, será efetuada em conformidade com a
primento efetivo do presente artigo. lei e apenas como último recurso, e duran-
Artigo 33. Os Estados-partes adotarão todas as te o mais breve período de tempo que for
medidas apropriadas, inclusive medidas legis- apropriado.
lativas, administrativas, sociais e educacionais, c) Toda criança privada da liberdade seja
para proteger a criança contra o uso ilícito de tratada com humanidade e o respeito que
drogas e substâncias psicotrópicas descritas nos merece a dignidade inerente à pessoa hu-
tratados internacionais pertinentes e para im- mana, e levando-se em consideração as ne-
pedir que crianças sejam utilizadas na produção cessidades de uma pessoa de sua idade. Em
e no tráfico ilícito dessas substâncias. especial, toda criança privada de sua liber-
Artigo 34. Os Estados-partes se comprometem dade ficará separada de adultos, a não ser
a proteger a criança contra todas as formas de que tal fato seja considerado contrário aos
exploração e abuso sexual. Nesse sentido, os melhores interesses da criança, e terá di-
Estados-partes tomarão, em especial, todas as reito a manter contato com sua família por
medidas de caráter nacional, bilateral e multila- meio de correspondência ou de visitas, sal-
teral que sejam necessárias para impedir: vo em circunstâncias excepcionais.

a) o incentivo ou coação para que uma d) Toda criança privada de sua liberdade
criança de dedique a qualquer atividade se- tenha direito a rápido acesso a assistência
xual ilegal; jurídica e a qualquer outra assistência ade-
quada, bem como direito a impugnar a lega-
b) a exploração da criança na prostituição lidade da privação de sua liberdade perante
ou outras práticas sexuais ilegais; um tribunal ou outra autoridade competen-
c) a exploração da criança em espetáculos te, independente e imparcial e a uma rápida
ou materiais pornográficos. decisão a respeito de tal ação.

Artigo 35. Os Estados-partes tomarão todas as Artigo 38.


medidas de caráter nacional, bilateral ou mul- 1. Os Estados-partes se comprometem a
tilateral que sejam necessárias para impedir o respeitar e a fazer com que sejam respeita-
sequestro, a venda ou o tráfico de crianças para das as normas do Direito Internacional Hu-
qualquer fim ou sob qualquer forma. manitário aplicáveis em casos de conflito
Artigo 36. Os Estados-partes protegerão a crian- armado, no que digam respeito às crianças.
ça contra todas as demais formas de exploração 2. Os Estados-partes adotarão todas as
que sejam prejudiciais a qualquer aspecto de medidas possíveis, a fim de assegurar que
seu bem-estar. todas as pessoas que ainda não tenham
Artigo 37. Os Estados-partes assegurarão que: completado quinze anos de idade não parti-
cipem diretamente de hostilidades.
a) Nenhuma criança seja submetida a tor-
tura nem a outros tratamentos ou penas 3. Os Estados-partes abster-se-ão de recru-
cruéis, desumanos ou degradantes. Não tar pessoas que não tenham completado
será imposta a pena de morte, nem a prisão quinze anos de idade para servir em suas

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Forças Armadas. Caso recrutem pessoas nacional ou pelo direito internacional no
que tenham completado quinze anos mas momento em que foram cometidos;
que tenham menos de dezoito anos, deve-
rão procurar dar prioridade aos de mais ida- b) que toda criança de quem se alegue ter
de. infringido as leis penais ou a quem se acuse
de ter infringido essas leis goze, pelo me-
4. Em conformidade com suas obrigações, nos, das seguintes garantias:
de acordo com o Direito Internacional Hu-
manitário para proteção da população civil I – ser considerada inocente, enquanto não
durante os conflitos armados, os Estados- for comprovada sua culpabilidade conforme
-partes adotarão todas as medidas necessá- a lei;
rias a fim de assegurar a proteção e o cui- II – ser informada sem demora e diretamen-
dado das crianças afetadas por um conflito te ou, quando for o caso, por intermédio de
armado. seus pais ou de seus representantes legais,
Artigo 39. Os Estados-partes adotarão todas as das acusações que pesam contra ela, e dis-
medidas apropriadas para estimular a recupera- por de assistência jurídica ou outro tipo de
ção física e psicológica e a reintegração social de assistência apropriada para a preparação de
toda criança vítima de: qualquer forma de aban- sua defesa;
dono, exploração ou abuso; tortura ou outros III – ter a causa decidida sem demora por
tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou de- autoridade ou órgão judicial competente,
gradantes; ou conflitos armados. Essa recupera- independente e imparcial, em audiência
ção e reintegração serão efetuadas em ambien- justa conforme a lei, com assistência jurídi-
te que estimule a saúde, o respeito próprio e a ca ou outra assistência e, a não ser que seja
dignidade da criança. considerado contrário aos melhores inte-
Artigo 40. resses da criança, levando em consideração
especialmente sua idade ou situação e a de
1. Os Estados-partes reconhecem o direito seus pais ou representantes legais;
de toda criança, de quem se alegue ter in-
fringido as leis penais ou a quem se acuse IV – não ser obrigada a testemunhar ou se
ou declare culpada de ter infringido as leis declarar culpada, e poder interrogar ou fa-
penais, de ser tratada de modo a promover zer com que sejam interrogadas as testemu-
e estimular seu sentido de dignidade e de nhas de acusações, bem como poder obter
valor, e a fortalecer o respeito da criança a participação e o interrogatório de teste-
pelos direitos humanos e pelas liberdades munhas em sua defesa, em igualdade de
fundamentais de terceiros, levando em con- condições.
sideração a idade da criança e a importân- V – se for decidido que infringiu as leis pe-
cia de se estimular sua reintegração e seu nais, ter essa decisão e qualquer medida
desempenho construtivo na sociedade. imposta em decorrência da mesma sub-
2. Nesse sentido, e de acordo com as dis- metidas a revisão por autoridade ou órgão
posições pertinentes dos instrumentos in- judicial competente, independente e impar-
ternacionais, os Estados assegurarão, em cial, de acordo com a lei;
particular: VI – contar com a assistência gratuita de um
a) que não se alegue que nenhuma criança intérprete, caso a criança não compreenda
tenha infringido as leis penais, nem se acu- ou fale o idioma utilizado;
se ou declare culpada nenhuma criança de VII – ter plenamente respeitada sua vida
ter infringido essas leis, por atos ou omis- privada durante todas as fases do processo.
sões que não eram proibidos pela legislação

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3. Os Estados-partes buscarão promover ídas pelos Estados-partes na presente Con-


o estabelecimento de leis, procedimentos, venção, deverá ser constituído um Comitê
autoridades e instituições específicas para para os Direitos da Criança, que desempe-
as crianças de quem se alegue ter infringido nhará as funções a seguir determinadas.
as leis penais ou que sejam acusadas ou de-
claradas culpadas de tê-las infringido, e em 2. O Comitê estará integrado por dez espe-
particular: cialistas de reconhecida integridade moral
e competência nas áreas cobertas pela pre-
a) o estabelecimento de uma idade míni- sente Convenção. Os membros do Comitê
ma antes da qual se presumirá que a criança serão eleitos pelos Estados-partes dentre
não tem capacidade para infringir as leis pe- seus nacionais e exercerão suas funções a
nais; título pessoal, tomando-se em devida con-
ta a distribuição geográfica equitativa, bem
b) a adoção, sempre que conveniente e de- como os principais sistemas jurídicos.
sejável, de medidas para tratar dessas crian-
ças sem recorrer a procedimentos judiciais, 3. Os membros do Comitê serão escolhi-
contanto que sejam respeitados plenamen- dos, em votação secreta, de uma lista de
te os direitos humanos e as garantias legais. pessoas indicadas pelos Estados-partes.
Cada Estado-parte poderá indicar uma pes-
4. Diversas medidas, tais como ordens de soa dentre os cidadãos de seu país.
guarda, orientação e supervisão, aconse-
lhamento, liberdade vigiada, colocação em 4. A eleição inicial para o Comitê será re-
lares de adoção, programas de educação e alizada, no mais tardar, seis meses após a
formação profissional, bem como outras al- entrada em vigor da presente Convenção
ternativas à internação em instituições, de- e, posteriormente, a cada dois anos. No
verão estar disponíveis para garantir que as mínimo quatro meses antes da data mar-
crianças sejam tratadas de modo apropria- cada para cada eleição, o Secretário-Geral
do ao seu bem-estar e de forma proporcio- das Nações Unidas enviará uma carta aos
nal às circunstâncias do delito. Estados-partes, convidando-os a apresen-
tar suas candidaturas em um prazo de dois
Artigo 41. Nada do estipulado na presente Con- meses. O Secretário-Geral elaborará pos-
venção afetará as disposições que sejam mais teriormente uma lista da qual farão parte,
convenientes para a realização dos direitos da em ordem alfabética, todos os candidatos
criança e que podem constar: indicados e os Estados-partes que os desig-
a) das leis de um Estado-parte; naram e submeterá a mesma aos Estados-
-partes na Convenção.
b) das normas de Direito Internacional vi-
gente para esse Estado. 5. As eleições serão realizadas em reuniões
dos Estados-partes convocadas pelo Secre-
PARTE II tário-Geral na sede das Nações Unidas. Nes-
sas reuniões, para as quais o quorum será
Artigo 42. Os Estados-partes se comprometem de dois terços dos Estados-partes, os candi-
a dar aos adultos e às crianças amplo conheci- datos eleitos para o Comitê serão aqueles
mento dos princípios e disposições da Conven- que obtiverem o maior número de votos e a
ção, mediante a utilização de meios apropriados maioria absoluta de votos dos representan-
e eficazes. tes dos Estados-partes presentes e votan-
tes.
Artigo 43.
6. Os membros do Comitê serão eleitos
1. A fim de examinar os progressos realiza-
para um mandato de quatro anos. Poderão
dos no cumprimento das obrigações contra-

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ser reeleitos caso sejam apresentadas no- Artigo 44.
vamente suas candidaturas. O mandato de
cinco anos dos membros eleitos na primei- 1. Os Estados-partes se comprometem a
ra eleição expirará ao término de dois anos; apresentar ao Comitê, por intermédio do
imediatamente após ter sido realizada a Secretário-Geral das Nações Unidas, relató-
primeira eleição, o Presidente da reunião, rios sobre as medidas que tenham adotado,
na qual a mesma se efetuou, escolherá por com vistas a tornar efetivos os direitos re-
sorteio os nomes desses cinco membros. conhecidos na Convenção e sobre os pro-
gressos alcançados no desempenho desses
7. Caso um membro do Comitê venha a fa- direitos:
lecer ou renuncie ou declare que por qual-
quer outro motivo não poderá continuar a) dentro de um prazo de dois anos a partir
desempenhando suas funções, o Estado- da data em que entrou em vigor para cada
-parte que indicou esse membro designará Estado-parte a presente Convenção;
outro especialista, dentre seus cidadãos, b) a partir de então, a cada cinco anos.
para que exerça o mandato até o seu térmi-
no, sujeito à aprovação do Comitê. 2. Os relatórios preparados em função do
presente artigo deverão indicar as circuns-
8. O Comitê estabelecerá suas próprias re- tâncias e as dificuldades, caso existam, que
gras de procedimento. afetam o grau de cumprimento das obriga-
9. O Comitê elegerá a Mesa para um perío- ções derivadas da presente Convenção. De-
do de dois anos. verão também conter informações suficien-
tes para que o Comitê compreenda, com
10. As reuniões do Comitê serão celebradas exatidão, a implementação da Convenção
normalmente na sede das Nações Unidas no país em questão.
ou em qualquer outro lugar que o Comi-
tê julgar conveniente. O Comitê se reunirá 3. Um Estado-parte que tenha apresenta-
normalmente todos os anos. A duração das do um relatório inicial ao Comitê não pre-
reuniões do Comitê será determinada e cisará repetir, nos relatórios posteriores a
revista, se for o caso, em uma reunião dos serem apresentados conforme o estipulado
Estados-partes na presente Convenção, su- na alínea "b" do parágrafo 1º do presente
jeita à aprovação da Assembléia Geral. artigo, a informação básica fornecida ante-
riormente.
11. O Secretário-Geral das Nações Unidas
fornecerá o pessoal e os serviços necessá- 4. O Comitê poderá solicitar aos Estados-
rios para o desempenho eficaz das funções -partes maiores informações sobre a imple-
do Comitê, de acordo com a presente Con- mentação da Convenção.
venção. 5. A cada dois anos, o Comitê submeterá
12. Com prévia aprovação da Assembléia relatórios sobre suas atividades à Assem-
Geral, os membros do Comitê, estabeleci- bléia Geral das Nações Unidas, por intermé-
dos de acordo com a presente Convenção, dio do Conselho Econômico e Social.
receberão remuneração proveniente dos 6. Os Estados-partes tornarão seus relató-
recursos das Nações Unidas, segundo os rios amplamente disponíveis ao público em
termos e condições determinados pela As- seus respectivos países.
sembléia.
Artigo 45. A fim de incentivar a efetiva imple-
mentação da Convenção e estimular a coopera-
ção internacional nas esferas regulamentadas
pela Convenção:

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a) os organismos especializados, o Fundo PARTE III


das Nações Unidas para a Infância e outros
órgãos das Nações Unidas terão o direito de Artigo 46. A presente Convenção está aberta à
estar representados quando for analisada a assinatura de todos os Estados.
implementação das disposições da presen-
te Convenção em matérias corresponden- Artigo 47. A presente Convenção está sujeita à
tes a seus respectivos mandatos. O Comitê ratificação. Os instrumentos de ratificação serão
poderá convidar as agências especializadas, depositados junto ao Secretário-Geral das Na-
o Fundo das Nações Unidas para a Infância ções Unidas.
e outros órgãos competentes que considere Artigo 48. A presente Convenção permanecerá
apropriados a fornecerem assessoramento aberta à adesão de qualquer Estado. Os instru-
especializado sobre a implementação da mentos de adesão serão depositados junto ao
Convenção em matérias correspondentes Secretário-Geral das Nações Unidas.
a seus respectivos mandatos. O Comitê po-
derá convidar as agências especializadas, o Artigo 49.
Fundo das Nações Unidas para a Infância 1. A presente Convenção entrará em vigor
e outros órgãos das Nações Unidas a apre- no trigésimo dia após a data em que tenha
sentarem relatórios sobre a implementa- sido depositado o vigésimo instrumento de
ção das disposições da presente Convenção ratificação ou de adesão junto ao Secretá-
compreendidas no âmbito de suas ativida- rio-Geral das Nações Unidas.
des;
2. Para cada Estado que venha a ratificar a
b) conforme julgar conveniente, o Comitê Convenção ou a aderir a ela após ter sido
transmitirá às agências especializadas, ao depositado o vigésimo instrumento de rati-
Fundo das Nações Unidas para a Infância e ficação ou de adesão, a Convenção entrará
a outros órgãos competentes quaisquer re- em vigor no trigésimo dia após o depósito,
latórios dos Estados-partes que contenham por parte do Estado, do instrumento de rati-
um pedido de assessoramento ou de assis- ficação ou de adesão.
tência técnica, ou nos quais se indique essa
necessidade juntamente com as observa- Artigo 50.
ções e sugestões do Comitê, se as houver,
sobre esses pedidos ou indicações; 1. Qualquer Estado-parte poderá propor
uma emenda e registrá-la com o Secretário-
c) o Comitê poderá recomendar à Assem- -Geral das Nações Unidas. O Secretário-Ge-
bléia Geral que solicite ao Secretário-Geral ral comunicará a emenda proposta aos Esta-
que efetue, em seu nome, estudos sobre dos-partes, com a solicitação de que estes
questões concretas relativas aos direitos da o notifiquem caso apoiem a convocação de
criança; uma Conferência de Estados-partes com o
propósito de analisar as propostas e subme-
d) o Comitê poderá formular sugestões e tê-las à votação. Se, em um prazo de qua-
recomendações gerais com base nas infor- tro meses a partir da data dessa notificação,
mações recebidas nos termos dos artigos pelo menos um terço dos Estados-partes se
44 e 45 da presente Convenção. Essas su- declarar favorável a tal Conferência, o Se-
gestões e recomendações gerais deverão cretário-Geral convocará a Conferência, sob
ser transmitidas aos Estados-partes e enca- os auspícios das Nações Unidas. Qualquer
minhadas à Assembléia Geral, juntamente emenda adotada pela maioria de Estados-
com os comentários eventualmente apre- -partes presentes e votantes na Conferência
sentados pelos Estados-partes. será submetida pelo Secretário-Geral à As-
sembléia Geral para sua aprovação.

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2. Uma emenda adotada em conformida- Em fé do que, os abaixo assinados, devidamente
de com o parágrafo 1º do presente artigo autorizados por seus respectivos Governos, as-
entrará em vigor quando aprovada pela As- sinaram a presente Convenção.
sembléia Geral das Nações Unidas e aceita
por uma maioria de dois terços de Estados-
-partes.
Protocolo Facultativo à Convenção
3. Quando uma emenda entrar em vigor,
sobre os Direitos da Criança
ela será obrigatória para os Estados-partes
que a tenham aceito, enquanto os demais referente à venda de criança, à
Estados-partes permanecerão obrigados prostituição infantil e à pornografia
pelas disposições da presente Convenção e infantil (2000)
pelas emendas anteriormente aceitas por
eles.
Os Estados Partes no presente Protocolo,
Artigo 51. O Secretário-Geral das Nações Uni-
Considerando que, para melhor realizar os obje-
das receberá e comunicará a todos os Estados-
tivos da Convenção sobre os Direitos da Criança
-partes o texto das reservas feitas pelos Estados
e a aplicação das suas disposições, especialmen-
no momento da ratificação ou da adesão.
te dos artigos 1º, 11º, 21º, 32º, 33º, 34º, 35º e
2. Não será permitida nenhuma reserva in- 36º, seria adequado alargar as medidas que os
compatível com o objeto e o propósito da Estados Partes devem adotar a fim de garantir a
presente Convenção. proteção da criança contra a venda de crianças,
prostituição infantil e pornografia infantil,
3. Quaisquer reservas poderão ser retira-
das a qualquer momento, mediante uma Considerando, também, que a Convenção sobre
notificação nesse sentido, dirigida ao Secre- os Direitos da Criança reconhece à criança o di-
tário-Geral das Nações Unidas, que infor- reito de ser protegida contra a exploração eco-
mará a todos os Estados. Essa notificação nômica ou a sujeição a trabalhos perigosos ou
entrará em vigor a partir da data de recebi- capazes de comprometer a sua educação, pre-
mento da mesma pelo Secretário-Geral. judicar a sua saúde ou o seu desenvolvimento
físico, mental, espiritual, moral ou social,
Artigo 52. Um Estado-parte poderá denunciar a
presente Convenção mediante notificação feita Seriamente preocupados perante o significati-
por escrito ao Secretário-Geral das Nações Uni- vo e crescente tráfico internacional de crianças
das. A denúncia entrará em vigor um ano após para fins de venda de crianças, prostituição in-
a data em que a notificação tenha sido recebida fantil e pornografia infantil, Profundamente
pelo Secretário-Geral. preocupados com a prática generalizada e con-
tínua do turismo sexual, à qual as crianças são
Artigo 53. Designa-se para depositário da pre- especialmente vulneráveis, na medida em que
sente Convenção o Secretário-Geral das Nações promove diretamente a venda de crianças, pros-
Unidas. tituição infantil e pornografia infantil, Reconhe-
Artigo 54. O original da presente Convenção, cendo que determinados grupos particularmen-
cujos textos seguem em árabe, chinês, espa- te vulneráveis, nomeadamente as raparigas, se
nhol, francês e russo são igualmente autênticos, encontram em maior risco de exploração sexu-
será depositado em poder do Secretário-Geral al, e que se regista um número desproporciona-
das Nações Unidas. damente elevado de raparigas entre as vítimas
de exploração sexual,
Preocupados com a crescente disponibilização
de pornografia infantil na Internet e outros no-

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vos suportes tecnológicos, e recordando a Con- Encorajados pelo apoio esmagador à Conven-
ferência Internacional sobre o Combate à Por- ção sobre os Direitos da Criança, demonstrativo
nografia Infantil na Internet (Viena, 1999) e, em da existência de um empenho generalizado na
particular, as suas conclusões que apelam à cri- promoção e proteção dos direitos da criança,
minalização mundial da produção, distribuição,
exportação, transmissão, importação, posse in- Reconhecendo a importância da aplicação das
tencional e publicidade da pornografia infantil, disposições do Programa de Ação para a Preven-
e sublinhando a importância de uma coopera- ção da Venda de Crianças, Prostituição Infantil e
ção e parceria mais estreitas entre os Governos Pornografia Infantil e da Declaração e Programa
e a indústria da Internet, de Ação adotados no Congresso Mundial contra
a Exploração Sexual de Crianças para Fins Co-
Acreditando que a eliminação da venda de merciais, realizado em Estocolmo de 27 a 31 de
crianças, prostituição infantil e pornografia in- Agosto de 1996, e outras decisões e recomen-
fantil será facilitada pela adopção de uma abor- dações pertinentes dos organismos internacio-
dagem global que tenha em conta os fatores nais competentes,
que contribuem para a existência de tais fenó-
menos, nomeadamente o subdesenvolvimen- Tendo devidamente em conta a importância das
to, a pobreza, as desigualdades econômicas, tradições e dos valores culturais de cada povo
a iniquidade da estrutura sócio-econômica, a para a proteção e o desenvolvimento harmonio-
disfunção familiar, a falta de educação, o êxodo so da criança,
rural, a discriminação sexual, o comportamento Acordaram no seguinte:
sexual irresponsável dos adultos, as práticas tra-
dicionais nocivas, os conflitos armados e o tráfi- Artigo 1º
co de crianças,
Os Estados Partes deverão proibir a venda de
Acreditando que são necessárias medidas de crianças, a prostituição infantil e a pornografia
sensibilização pública para reduzir a procura que infantil, conforme disposto no presente Proto-
está na origem da venda de crianças, prostitui- colo.
ção infantil e pornografia infantil, e acreditando
Artigo 2º
também na importância do reforço da parceria
global entre todos os agentes e do aperfeiçoa- Para os efeitos do presente Protocolo:
mento da aplicação da lei a nível nacional,
a) Venda de crianças designa qualquer ato
Tomando nota das disposições dos instrumen- ou transação pelo qual uma criança é trans-
tos jurídicos internacionais pertinentes em ma- ferida por qualquer pessoa ou grupo de
téria de proteção das crianças, nomeadamen- pessoas para outra pessoa ou grupo contra
te a Convenção da Haia sobre a Proteção das remuneração ou qualquer outra retribui-
Crianças e a Cooperação Relativamente à Adop- ção;
ção Internacional, a Convenção da Haia sobre os
Aspectos Civis do Rapto Internacional de Crian- b) Prostituição infantil designa a utilização
ças, a Convenção da Haia sobre a Jurisdição, de uma criança em atividades sexuais con-
Direito Aplicável, Reconhecimento, Aplicação e tra remuneração ou qualquer outra retri-
Cooperação Relativamente à Responsabilidade buição;
Parental e Medidas para a Proteção das Crian- c) Pornografia infantil designa qualquer
ças, e a Convenção nº 182 da Organização Inter- representação, por qualquer meio, de uma
nacional do Trabalho, Relativa à Interdição das criança no desempenho de atividades se-
Piores Formas de Trabalho das Crianças e à Ação xuais explícitas reais ou simuladas ou qual-
Imediata com vista à Sua Eliminação, quer representação dos órgãos sexuais de

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uma criança para fins predominantemente 4. Sem prejuízo das disposições do respec-
sexuais. tivo direito interno, todo o Estado Parte de-
verá adotar medidas, sempre que necessá-
Artigo 3º rio, para estabelecer a responsabilidade das
1. Todo o Estado Parte deverá garantir que, pessoas coletivas pelas infracções enuncia-
no mínimo, os seguintes atos e atividades das no nº 1 do presente artigo. De acordo
sejam plenamente abrangidos pelo seu di- com os princípios jurídicos do Estado Parte,
reito penal, quer sejam cometidos dentro a responsabilidade das pessoas coletivas
ou fora das suas fronteiras ou numa base poderá ser penal, civil ou administrativa.
individual ou organizada: 5. Os Estados Partes deverão adotar to-
a) No contexto da venda de crianças, con- das as medidas legislativas e administrati-
forme definida na alínea a) do artigo 2º: vas adequadas a fim de garantir que todas
as pessoas envolvidas na adopção de uma
I – A oferta, entrega, ou aceitação de uma criança atuem em conformidade com os
criança, por qualquer meio, para fins de: instrumentos jurídicos internacionais apli-
a) Exploração sexual da criança; cáveis.

b) Transferência dos órgãos da criança com Artigo 4º


intenção lucrativa; 1. Todo o Estado Parte deverá adotar as
c) Submissão da criança a trabalho força- medidas que se mostrem necessárias para
do; estabelecer a sua jurisdição relativamente
às infracções previstas no nº 1 do artigo 3º,
II – A indução indevida do consentimento, caso essas infracções sejam cometidas no
na qualidade de intermediário, para a adop- seu território ou a bordo de um navio ou ae-
ção de uma criança com violação dos instru- ronave registados nesse Estado.
mentos internacionais aplicáveis em maté-
ria de adopção; 2. Todo o Estado Parte poderá adotar as
medidas que se mostrem necessárias para
b) A oferta, obtenção, procura ou entrega estabelecer a sua jurisdição relativamente
de uma criança para fins de prostituição in- às infracções previstas no nº 1 do artigo 3º,
fantil, conforme definida na alínea b) do ar- nos seguintes casos:
tigo 2º;
a) Quando o presumível autor for nacional
c) A produção, distribuição, difusão, impor- desse Estado ou tiver a sua residência habi-
tação, exportação, oferta, venda ou posse tual no respectivo território;
para os anteriores fins de pornografia infan-
til, conforme definida na alínea c) do artigo b) Quando a vítima for nacional desse Esta-
2º; do.

2. Sem prejuízo das disposições do direito 3. Todo o Estado Parte deverá adotar tam-
interno do Estado Parte, o mesmo se aplica bém as medidas que se mostrem necessá-
à tentativa de praticar qualquer um destes rias para estabelecer a sua jurisdição re-
atos e à cumplicidade ou participação em lativamente às infracções acima referidas
qualquer um deles. sempre que o presumível autor se encontre
no seu território e não for extraditado para
3. Todo o Estado Parte deverá penalizar es- outro Estado Parte com fundamento no fato
tas infracções com penas adequadas à sua de a infração ter sido cometida por um dos
gravidade. seus nacionais.

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4. O presente Protocolo não prejudica Artigo 6º


qualquer competência penal exercida em
conformidade com o direito interno. 1. Os Estados Partes deverão prestar toda
a colaboração mútua possível no que con-
Artigo 5º cerne a investigações, processos penais ou
procedimentos de extradição que se iniciem
1. As infracções previstas no nº 1 do artigo relativamente às infracções previstas no nº
3º serão consideradas incluídas nas infrac- 1 do artigo 3º, incluindo assistência na re-
ções passíveis de extradição em qualquer colha dos elementos de prova ao seu dispor
tratado de extradição existente entre os Es- que sejam necessários ao processo.
tados Partes e serão incluídas em qualquer
tratado de extradição que venha a ser cele- 2. Os Estados Partes deverão cumprir as
brado entre eles, em conformidade com as suas obrigações ao abrigo do número an-
condições estabelecidas nesses tratados. terior do presente artigo em conformidade
com quaisquer tratados ou outros acordos
2. Sempre que a um Estado Parte que con- sobre auxílio judiciário mútuo que possam
diciona a extradição à existência de um existir entre eles. Na ausência de tais trata-
tratado for apresentado um pedido de ex- dos ou acordos, os Estados Partes deverão
tradição por um outro Estado Parte com o prestar toda a colaboração mútua em con-
qual não tenha celebrado qualquer tratado formidade com o seu direito interno.
de extradição, esse Estado pode considerar
o presente Protocolo como base jurídica da Artigo 7º
extradição relativamente a essas infracções.
A extradição ficará sujeita às condições pre- Os Estados Partes deverão, em conformidade
vistas pela lei do Estado requerido. com o seu direito interno:

3. Os Estados Partes que não condicionam a) Adotar medidas que visem a apreensão
a extradição à existência de um tratado de- e a perda, conforme o caso, de:
verão reconhecer essas infracções como I – Bens, tais como materiais, valores e ou-
passíveis de extradição entre si, nas condi- tros instrumentos utilizados para praticar
ções previstas pela lei do Estado requerido. ou facilitar a prática das infracções previstas
4. Tais infracções serão consideradas, para no presente Protocolo;
fins de extradição entre os Estados Partes, II – Produtos derivados da prática dessas in-
como tendo sido cometidas não apenas no fracções;
local onde tenham ocorrido mas também
nos territórios dos Estados obrigados a es- b) Satisfazer pedidos de outro Estado Parte
tabelecer a sua competência em conformi- para apreensão ou perda dos bens ou pro-
dade com o artigo 4º. dutos enunciados na alínea a) ;

5. Sempre que seja apresentado um pedi- c) Adotar medidas destinadas a encerrar,


do de extradição relativamente a uma in- temporária ou definitivamente, as instala-
fração prevista no nº 1 do artigo 3º, e caso ções utilizadas para a prática de tais infrac-
o Estado Parte requerido não possa ou não ções.
queira extraditar com fundamento na na-
Artigo 8º
cionalidade do infrator, esse Estado adotará
medidas adequadas para apresentar o caso 1. Os Estados Partes deverão adotar me-
às suas autoridades competentes para efei- didas adequadas para proteger, em todas
tos de exercício da ação penal. as fases do processo penal, os direitos e
interesses das crianças vítimas das práticas

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proibidas pelo presente Protocolo, em par- previstas no presente Protocolo, o interesse
ticular: superior da criança seja a consideração pri-
macial.
a) Reconhecendo a vulnerabilidade das
crianças vítimas e adaptando os procedi- 4. Os Estados Partes deverão adotar me-
mentos às suas necessidades específicas, didas destinadas a garantir a adequada
incluindo as suas necessidades específicas formação, em particular nos domínios do
enquanto testemunhas; direito e da psicologia, das pessoas que
trabalham junto das vítimas das infracções
b) Informando as crianças vítimas dos seus previstas nos termos do presente Protoco-
direitos, do seu papel, e do âmbito, duração lo.
e evolução do processo, e da solução dada
ao seu caso; 5. Os Estados Partes deverão, sempre que
necessário, adotar medidas a fim de prote-
c) Permitindo que as opiniões, necessida- ger a segurança e integridade das pessoas
des e preocupações das crianças vítimas e/ou organizações envolvidas na prevenção
sejam apresentadas e tomadas em consi- e/ou proteção e reabilitação das vítimas de
deração nos processos que afetem os seus tais infracções.
interesses pessoais, de forma consentânea
com as regras processuais do direito inter- 6. Nenhuma das disposições do presente
no; artigo será interpretada no sentido de pre-
judicar os direitos do arguido a um processo
d) Proporcionando às crianças vítimas ser- equitativo e imparcial.
viços de apoio adequados ao longo de todo
o processo judicial; Artigo 9º
e) Protegendo, adequadamente, a priva- 1. Os Estados Partes deverão adotar ou
cidade e identidade das crianças vítimas e reforçar, aplicar e difundir legislação, medi-
adotando medidas em conformidade com o das administrativas, políticas e programas
direito interno a fim de evitar a difusão de sociais a fim de prevenir a ocorrência das
informação que possa levar à sua identifica- infracções previstas no presente Protocolo.
ção; Deverá ser prestada particular atenção à
proteção das crianças especialmente vulne-
f) Garantindo, sendo caso disso, a seguran- ráveis a tais práticas.
ça das crianças vítimas, bem como das suas
famílias e testemunhas de acusação, contra 2. Os Estados Partes deverão promover a
atos de intimidação e represálias; sensibilização do público em geral, incluin-
do as crianças, através da informação por
g) Evitando atrasos desnecessários na deci- todos os meios apropriados, da educação
são das causas e execução de sentenças ou e da formação, a respeito das medidas pre-
despachos que concedam indemnização às ventivas e efeitos nocivos das infracções
crianças vítimas. previstas no presente Protocolo. No cum-
2. Os Estados Partes deverão garantir que primento das obrigações impostas pelo
a incerteza quanto à verdadeira idade da ví- presente artigo, os Estados Partes deverão
tima não impeça o início das investigações incentivar a participação da comunidade e,
criminais, nomeadamente das investiga- em particular, das crianças e crianças víti-
ções destinadas a apurar a idade da vítima. mas, nesses programas de educação e for-
mação, designadamente a nível internacio-
3. Os Estados Partes deverão garantir que, nal.
no tratamento dado pelo sistema de justi-
ça penal às crianças vítimas das infracções

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3. Os Estados Partes deverão adotar todas da de crianças, prostituição infantil, porno-


as medidas que lhes sejam possíveis a fim grafia infantil e turismo sexual.
de garantir toda a assistência adequada às
vítimas de tais infracções, nomeadamente a 4. Os Estados Partes em posição de o fazer
sua plena reinserção social e completa recu- deverão prestar assistência financeira, téc-
peração física e psicológica. nica ou de outro tipo através dos programas
existentes a nível multilateral, regional, bila-
4. Os Estados Partes deverão garantir que teral ou outro.
todas as crianças vítimas das infracções
enunciadas no presente Protocolo tenham Artigo 11.
acesso a procedimentos adequados que Nenhuma disposição do presente Protocolo afe-
lhes permitam, sem discriminação, recla- ta as disposições mais favoráveis à realização
mar dos presumíveis responsáveis indemni- dos direitos da criança que possam figurar:
zação pelos danos sofridos.
a) Na legislação de um Estado Parte;
5. Os Estados Partes deverão adotar todas
as medidas adequadas a fim de proibir efi- b) No direito internacional em vigor para
cazmente a produção e difusão de material esse Estado.
que faça publicidade às infracções previstas
Artigo 12.
no presente Protocolo.
1. Cada Estado Parte deverá apresentar
Artigo 10.
ao Comitê dos Direitos da Criança, nos dois
1. Os Estados Partes deverão adotar todas anos subsequentes à entrada em vigor do
as medidas necessárias a fim de reforçar a Protocolo para o Estado Parte em causa, um
cooperação internacional através de acor- relatório contendo informação detalhada
dos multilaterais, regionais e bilaterais para sobre as medidas por si adotadas para tor-
a prevenção, detecção, investigação, exer- nar efetivas as disposições do Protocolo.
cício da ação penal e punição dos respon-
2. Após a apresentação do relatório deta-
sáveis por atos que envolvam a venda de
lhado, cada Estado Parte deverá incluir nos
crianças, prostituição infantil, pornografia
relatórios que apresenta ao Comitê dos Di-
infantil e turismo sexual. Os Estados Partes
reitos da Criança, em conformidade com o
deverão também promover a cooperação
artigo 44º da Convenção, quaisquer infor-
e coordenação internacionais entre as suas
mações complementares relativas à aplica-
autoridades, organizações não governa-
ção do Protocolo. Os outros Estados Partes
mentais nacionais e internacionais e organi-
no Protocolo deverão apresentar um relató-
zações internacionais.
rio de cinco em cinco anos.
2. Os Estados Partes deverão promover a
3. O Comitê dos Direitos da Criança poderá
cooperação internacional destinada a auxi-
solicitar aos Estados Partes o fornecimento
liar as crianças vítimas na sua recuperação
de informação complementar pertinente
física e psicológica, reinserção social e repa-
para efeitos da aplicação do presente Proto-
triamento.
colo.
3. Os Estados Partes deverão promover o
Artigo 13.
reforço da cooperação internacional a fim
de lutar contra as causas profundas, nome- 1. O presente Protocolo está aberto à assi-
adamente a pobreza e o subdesenvolvimen- natura de todos os Estados que sejam par-
to, que contribuem para que as crianças se tes na Convenção ou a tenham assinado.
tornem vulneráveis aos fenómenos da ven-

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2. O presente Protocolo está sujeito a ra- de Estados Partes para apreciação e votação
tificação e aberto à adesão de todos os Es- da proposta. Se, nos quatro meses subse-
tados que sejam partes na Convenção ou a quentes a essa comunicação, pelo menos
tenham assinado. Os instrumentos de rati- um terço dos Estados Partes se declarar a
ficação ou adesão serão depositados junto favor da realização da referida conferência,
do Secretário-Geral das Nações Unidas. o Secretário-Geral convocá-la-á sob os aus-
pícios da Organização das Nações Unidas.
Artigo 14. As alterações adotadas pela maioria dos
1. O presente Protocolo entrará em vigor Estados Partes presentes e votantes na con-
três meses após o depósito do décimo ins- ferência serão submetidas à Assembleia Ge-
trumento de ratificação ou de adesão. ral da Organização das Nações Unidas para
aprovação.
2. Para cada um dos Estados que ratifi-
quem o presente Protocolo ou a ele adiram 2. As alterações adotadas nos termos do
após a respectiva entrada em vigor, o pre- disposto no número anterior entrarão em
sente Protocolo entrará em vigor um mês vigor quando aprovadas pela Assembleia
após a data de depósito do respectivo ins- Geral da Organização das Nações Unidas e
trumento de ratificação ou de adesão. aceites por uma maioria de dois terços dos
Estados Partes.
Artigo 15.
3. Logo que as alterações entrem em vigor,
1. Qualquer Estado Parte poderá denunciar terão força vinculativa para os Estados Par-
o presente Protocolo a todo o tempo, por tes que as tenham aceitado, ficando os res-
notificação escrita dirigida ao Secretário- tantes Estados Partes vinculados pelas dis-
-Geral da Organização das Nações Unidas, posições do presente Protocolo e por todas
que deverá então informar os outros Esta- as alterações anteriores que tenham aceita-
dos Partes na Convenção e todos os Estados do.
que tenham assinado a Convenção. A de-
núncia produzirá efeitos um ano após a data Artigo 17.
de recepção da notificação pelo Secretário- 1. O presente Protocolo, cujos textos em
-Geral da Organização das Nações Unidas. árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e
2. Tal denúncia não exonerará o Estado russo fazem igualmente fé, ficará deposita-
Parte das suas obrigações em virtude do do nos arquivos da Organização das Nações
Protocolo relativamente a qualquer in- Unidas.
fração que ocorra antes da data em que a 2. O Secretário-Geral da Organização das
denúncia comece a produzir efeitos. A de- Nações Unidas enviará cópias autenticadas
núncia não obstará de forma alguma a que do presente Protocolo a todos os Estados
o Comitê prossiga a apreciação de qualquer Partes na Convenção e a todos os Estados
matéria iniciada antes dessa data. que a tenham assinado.
Artigo 16.
1. Todo o Estado Parte poderá propor al-
terações, depositando a proposta junto do
Secretário-Geral da Organização das Nações
Unidas. O Secretário-Geral transmite, em
seguida, a proposta aos Estados Partes, so-
licitando que lhe seja comunicado se são fa-
voráveis à convocação de uma conferência

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Protocolo Facultativo à Convenção nor de 18 anos, salvo se, nos termos da lei que
sobre os Direitos da Criança relativo lhe for aplicável, atingir a maioridade mais cedo,
ao envolvimento de crianças em Convictos de que a adopção de um protocolo
conflitos armados (2000) facultativo à Convenção destinado a elevar a
idade mínima para o recrutamento de pessoas
nas forças armadas e para a sua participação
Os Estados Partes no presente Protocolo, nas hostilidades contribuirá de forma efectiva
Encorajados pelo apoio esmagador à Convenção para a aplicação do princípio segundo o qual em
sobre os Direitos da Criança, o qual demonstra a todas as decisões relativas a crianças se terá pri-
existência de um empenho generalizado na pro- macialmente em conta o interesse superior da
moção e proteção dos direitos da criança, criança,

Reafirmando que os direitos da criança reque- Notando que a vigésima-sexta Conferência In-
rem uma proteção especial e apelando à me- ternacional da Cruz Vermelha e do Crescente
lhoria contínua da situação das crianças, sem Vermelho realizada em Dezembro 1995 reco-
distinção, bem como ao seu desenvolvimento e mendou, designadamente, que as partes num
educação em condições de paz e segurança, conflito adoptem todas as medidas possíveis
para evitar que as crianças com menos de 18
Preocupados com o impato negativo e alarga- anos participem em hostilidades,
do dos conflitos armados nas crianças e com as
suas repercussões a longo prazo em matéria de Congratulando-se com a adopção, por unanimi-
manutenção da paz, segurança e desenvolvi- dade, em Junho de 1999, da Convenção nº 182
mento duradouros, da Organização Internacional do Trabalho sobre
a Proibição e Ação Imediata para a Eliminação
Condenando o fato de em conflitos armados as das Piores Formas de Trabalho Infantil, que pro-
crianças serem convertidas em alvo, bem como íbe, designadamente, o recrutamento forçado
os ataques diretos contra bens protegidos pelo ou obrigatório de crianças com vista à sua utili-
direito internacional, incluindo locais que con- zação em conflitos armados,
tam geralmente com a presença significativa de
crianças, tais como escolas e hospitais, Condenando com profunda preocupação o re-
crutamento, treino e utilização de crianças em
Tomando nota da adopção do Estatuto de Roma hostilidades, dentro e fora das fronteiras nacio-
do Tribunal Penal Internacional, em particular nais, por grupos armados distintos das forças
da inclusão no mesmo, entre os crimes de guer- armadas de um Estado, e reconhecendo a res-
ra cometidos em conflitos armados, de índole ponsabilidade daqueles que recrutam, treinam
internacional ou não-internacional, do recruta- e utilizam crianças desta forma,
mento e do alistamento de menores de 15 anos
nas forças armadas nacionais ou a sua utilização Relembrando a obrigação de cada parte num
para participar ativamente nas hostilidades, conflito armado de respeitar as disposições do
direito internacional humanitário,
Considerando, por conseguinte que, para um
continuado reforço da aplicação dos direitos re- Salientando que o presente Protocolo não pre-
conhecidos na Convenção sobre os Direitos da judica os fins e princípios consignados na Car-
Criança, é necessário reforçar a proteção das ta das Nações Unidas, nomeadamente o artigo
crianças contra qualquer participação em confli- 51º, e as normas relevantes de direito humani-
tos armados, tário,

Notando que o artigo 1º da Convenção sobre os Tendo presente que as condições de paz e se-
Direitos da Criança especifica que, para os fins gurança assentes no pleno respeito pelos fins e
da Convenção, criança é todo o ser humano me- princípios consignados na Carta e o respeito pe-

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los instrumentos de direitos humanos aplicáveis 2. Cada Estado Parte deve depositar uma
são indispensáveis para a plena proteção das declaração vinculativa no momento da ra-
crianças, em particular durante conflitos arma- tificação ou adesão ao presente Protocolo
dos e em situações de ocupação estrangeira, indicando a idade mínima a partir da qual
autoriza o recrutamento voluntário nas suas
Reconhecendo as necessidades especiais da- forças armadas e descrevendo as garantias
quelas crianças que, em função da sua situação adotadas para garantir que esse recruta-
econômica e social ou do seu sexo, estão espe- mento não se realiza através da força ou da
cialmente expostas ao recrutamento ou utiliza- coação.
ção em hostilidades, com violação do presente
Protocolo, Conscientes da necessidade de se- 3. Os Estados Partes que permitam o recru-
rem tidas em conta as causas econômicas, so- tamento voluntário nas suas forças armadas
ciais e políticas que motivam a participação de de menores de 18 anos devem assegurar no
crianças em conflitos armados, mínimo que:
Convictos da necessidade de fortalecer a coope- a) Esse recrutamento é inequivocamente
ração internacional para assegurar a aplicação voluntário;
do presente Protocolo, bem como as atividades
de recuperação física e psicossocial e de reinser- b) Esse recrutamento é realizado com o
ção social de crianças vítimas de conflitos arma- consentimento esclarecido dos pais ou re-
dos, Encorajando a participação da comunidade presentantes legais do interessado;
e, em particular, das crianças e das crianças ví- c) Esses menores estão plenamente infor-
timas na divulgação de programas informativos mados dos deveres que decorrem do servi-
e educativos relativos à aplicação do Protocolo, ço militar;
Acordaram no seguinte: d) Esses menores apresentam prova fiável
Artigo 1º da sua idade antes de serem aceites no ser-
viço militar nacional.
Os Estados Partes devem adotar todas as medi-
das possíveis para garantir que os membros das 4. Cada Estado Parte poderá, a todo o mo-
suas forças armadas menores de 18 anos não mento, reforçar a sua declaração, através de
participem diretamente nas hostilidades. uma notificação para tal efeito dirigida ao
Secretário-Geral da Organização das Nações
Artigo 2º Unidas, o qual informará todos os Estados
Partes. Essa notificação produzirá efeitos a
Os Estados Partes devem garantir que os meno- partir da data em que for recebida pelo Se-
res de 18 anos não sejam compulsivamente in- cretário-Geral.
corporados nas respectivas forças armadas.
5. A obrigação de elevar a idade referida
Artigo 3º no nº 1 do presente artigo não é aplicável
1. Os Estados Partes devem elevar a ida- aos estabelecimentos de ensino sob admi-
de mínima de recrutamento voluntário nas nistração ou controlo das forças armadas
forças armadas nacionais para uma idade dos Estados Partes, em conformidade com
superior à que se encontra referida no nº 3 os artigos 28º e 29º da Convenção sobre os
do artigo 38º da Convenção sobre os Direi- Direitos da Criança.
tos da Criança, tendo em conta os princípios Artigo 4º
contidos naquele artigo e reconhecendo
que, nos termos da Convenção, os menores 1. Os grupos armados distintos das forças
de 18 anos têm direito a proteção especial. armadas de um Estado não devem, em cir-

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cunstância alguma, recrutar ou utilizar me- Artigo 7º


nores de 18 anos em hostilidades.
1. Os Estados Partes devem cooperar na
2. Os Estados Partes adotam todas as me- aplicação do presente Protocolo, incluindo
didas possíveis para evitar o recrutamento e na prevenção de qualquer atividade contrá-
utilização referidos no número anterior, de- ria ao mesmo, e na reabilitação e reinserção
signadamente através da adopção de me- social das pessoas vítimas de atos contrá-
didas de natureza jurídica necessárias para rios ao presente Protocolo, nomeadamente
proibir e penalizar essas práticas. através de cooperação técnica e assistência
financeira. Tal assistência e cooperação de-
3. A aplicação do disposto no presente ar- verão ser empreendidas em consulta com
tigo não afeta o estatuto jurídico de nenhu- os Estados Partes interessados e com as or-
ma das partes num conflito armado. ganizações internacionais pertinentes.
Artigo 5º 2. Os Estados Partes em posição de o fazer
Nenhuma disposição do presente Protocolo devem prestar assistência através de pro-
será interpretada como impedindo a aplicação gramas de natureza multilateral, bilateral
de disposições da legislação de um Estado Par- ou outros já existentes ou, entre outros,
te, de instrumentos internacionais ou do direito através de um fundo voluntário criado de
internacional humanitário mais favoráveis à rea- acordo com as regras da Assembleia Geral.
lização dos direitos da criança. Artigo 8º
Artigo 6º 1. Cada Estado Parte deverá apresentar
1. Cada Estado Parte adotará todas as me- ao Comitê dos Direitos da Criança, nos dois
didas jurídicas, administrativas e outras anos subsequentes à data da entrada em
para assegurar a aplicação e o cumprimento vigor do Protocolo para o Estado Parte em
efetivos das disposições do presente Proto- causa, um relatório contendo informação
colo. detalhada sobre as medidas por si adotadas
para tornar efetivas as disposições do Pro-
2. Os Estados Partes comprometem-se a tocolo, incluindo as medidas adotadas para
divulgar e promover amplamente, através aplicar as disposições sobre participação e
dos meios adequados, os princípios e dis- recrutamento.
posições do presente Protocolo, tanto junto
de adultos como de crianças. 2. Após a apresentação do relatório deta-
lhado, cada Estado Parte deverá incluir nos
3. Os Estados Partes adotarão todas as me- relatórios que apresentar ao Comitê dos
didas possíveis para que as pessoas que se Direitos da Criança, em conformidade com
encontrem sob a sua jurisdição e tenham o artigo 44º da Convenção, quaisquer infor-
sido recrutadas ou utilizadas em hostilida- mações adicionais relativas à aplicação do
des de forma contrária ao presente Proto- Protocolo. Os outros Estados Partes no Pro-
colo sejam desmobilizadas ou de outra for- tocolo deverão apresentar um relatório de
ma libertadas das obrigações militares. Os cinco em cinco anos.
Estados Partes devem, quando necessário,
conceder a essas pessoas toda a assistência 3. O Comitê dos Direitos da Criança pode
adequada à sua recuperação física e psicos- solicitar aos Estados Partes informações
social e à sua reinserção social. complementares relevantes para a aplica-
ção do presente Protocolo.

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Artigo 9º núncia não obstará de forma alguma a que
o Comitê prossiga a apreciação de qualquer
1. O presente Protocolo está aberto à assi- matéria iniciada antes dessa data.
natura de todos os Estados que sejam par-
tes na Convenção ou a tenham assinado. Artigo 12.
2. O presente Protocolo está sujeito a ra- 1. Todo o Estado Parte poderá propor al-
tificação e aberto à adesão de todos os Es- terações, depositando a proposta junto do
tados que sejam partes na Convenção ou a Secretário-Geral da Organização das Nações
tenham assinado. Os instrumentos de ratifi- Unidas. O Secretário-Geral transmite, em se-
cação ou de adesão serão depositados jun- guida, a proposta aos Estados Partes, solici-
to do Secretário-Geral da Organização das tando que lhe seja comunicado se são favo-
Nações Unidas. ráveis à convocação de uma conferência de
Estados Partes para apreciação e votação da
3. O Secretário-Geral, na sua qualidade de proposta. Se, nos quatro meses subsequen-
depositário da Convenção e do Protocolo, tes a essa comunicação, pelo menos um ter-
informará todos os Estados Partes na Con- ço dos Estados Partes se declarar a favor da
venção e todos os Estados que a tenham realização da referida conferência, o Secretá-
assinado de cada uma das declarações de- rio-geral convocá-la-á sob os auspícios da Or-
positadas nos termos do artigo 3º. ganização das Nações Unidas. As alterações
Artigo 10. adotadas pela maioria dos Estados Partes
presentes e votantes na conferência serão
1. O presente Protocolo entrará em vigor submetidas à Assembleia Geral da Organiza-
três meses após o depósito do décimo ins- ção das Nações Unidas para aprovação.
trumento de ratificação ou de adesão.
2. As alterações adotadas nos termos do
2. Para cada um dos Estados que ratifi- disposto no número anterior entrarão em
quem o presente Protocolo ou a ele adiram vigor quando aprovadas pela Assembleia
após a sua entrada em vigor, o presente Geral da Organização das Nações Unidas e
Protocolo entrará em vigor um mês após a aceites por uma maioria de dois terços dos
data de depósito do respectivo instrumento Estados Partes.
de ratificação ou de adesão.
3. Logo que as alterações entrem em vigor,
Artigo 11. terão força vinculativa para os Estados Partes
1. Todo o Estado Parte poderá denunciar o que as tenham aceitado, ficando os restantes
presente Protocolo a todo o tempo, por no- Estados Partes vinculados pelas disposições
tificação escrita dirigida ao Secretário-Geral do presente Protocolo e por todas as altera-
da Organização das Nações Unidas, que de- ções anteriores que tenham aceitado.
verá então informar os outros Estados Par- Artigo 13.
tes na Convenção e todos os Estados que
a tenham assinado. A denúncia produzirá 1. O presente Protocolo, cujos textos em ára-
efeitos um ano após a data de recepção da be, chinês, espanhol, francês, inglês e russo
notificação pelo Secretário-Geral da Organi- fazem igualmente fé, ficará depositado nos ar-
zação das Nações Unidas. quivos da Organização das Nações Unidas.

2. Tal denúncia não exonerará o Estado 2. O Secretário-Geral da Organização das


Parte das suas obrigações em virtude do Nações Unidas enviará cópias autenticadas
Protocolo relativamente a qualquer in- do presente Protocolo a todos os Estados
fração que ocorra antes da data em que a Partes na Convenção e a todos os Estados
denúncia comece a produzir efeitos. A de- que a tenham assinado.

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CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A PROTEÇÃO DOS


DIREITOS DE TODOS OS TRABALHADORES MIGRANTES
E DOS MEMBROS DAS SUAS FAMÍLIAS

Adotada pela Resolução 45/158 da Assembléia ou Degradantes, a Declaração do Quarto Con-


Geral da ONU em 18 de dezembro de 1990. gresso das Nações Unidas para a Prevenção do
Crime e o Tratamento dos Delinqüentes, o Códi-
Preâmbulo go de Conduta para os Funcionários Responsá-
veis pela Aplicação da Lei e as Convenções sobre
Os Estados Partes na presente Convenção, a Escravatura;
Tendo em conta os princípios enunciados nos Recordando que um dos objetivos da Organi-
instrumentos básicos das Nações Unidas relati- zação Internacional do Trabalho, estabelecido
vos aos direitos humanos, em especial a Decla- na sua Constituição, é a proteção dos interes-
ração Universal dos Direitos Humanos, o Pacto ses dos trabalhadores empregados em países
Internacional sobre os Direitos Econômicos, estrangeiros, e tendo presente a perícia e a ex-
Sociais e Culturais, o Pacto Internacional sobre periência desta Organização em assuntos rela-
os Direitos Civis e Políticos, a Convenção Inter- cionados com os trabalhadores migrantes e os
nacional sobre a Eliminação de Todas as Formas membros das suas famílias;
de Discriminação Racial, a Convenção sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discrimina- Reconhecendo a importância do trabalho re-
ção contra as Mulheres e a Convenção sobre os alizado sobre os trabalhadores migrantes e os
Direitos da Criança; membros das suas famílias por vários órgãos
das Nações Unidas, em particular a Comissão
Tendo igualmente em conta as normas e prin- dos Direitos Humanos, a Comissão para o De-
cípios estabelecidos nos instrumentos perti- senvolvimento Social, bem como a Organização
nentes elaborados no âmbito da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agri-
Internacional do Trabalho, em particular a Con- cultura, a Organização das Nações Unidas para a
venção relativa aos Trabalhadores Migrantes Educação, a Ciência e a Cultura e a Organização
(nº 97), a Convenção relativa às Migrações em Mundial de Saúde e outras organizações inter-
Condições Abusivas e à Promoção da Igualdade nacionais;
de Oportunidades e de Tratamento dos Traba-
lhadores Migrantes (nº 143), a Recomendação Reconhecendo, igualmente, os progressos rea-
relativa à Migração para o Emprego (nº 86), a lizados por alguns Estados, nos planos regional
Recomendação relativa aos Trabalhadores Mi- ou bilateral, no diz respeito à proteção dos direi-
grantes (nº 151), a Convenção sobre o Trabalho tos dos trabalhadores migrantes e dos membros
Forçado ou Obrigatório (nº 29) e a Convenção das suas famílias, assim como a importância e
sobre a Abolição do Trabalho Forçado (nº 105); a utilidade dos acordos bilaterais e multilaterais
celebrados neste campo;
Reafirmando a importância dos princípios enun-
ciados na Convenção relativa à Luta contra a Conscientes da importância e da extensão do
Discriminação no Campo do Ensino, da Organi- fenômeno da migração, que envolve milhões de
zação das Nações Unidas para a Educação, a Ci- pessoas e afeta um grande número de Estados
ência e a Cultura; na comunidade internacional;
Recordando a Convenção contra a Tortura e Ou- Conscientes do efeito das migrações de traba-
tras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos lhadores nos Estados e nas populações inte-

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ressadas, e desejando estabelecer normas que além disso, a concessão de certos direitos adi-
possam contribuir para a harmonização das cionais aos trabalhadores migrantes e membros
condutas dos Estados mediante a aceitação de das suas famílias em situação regular encorajará
princípios fundamentais relativos ao tratamen- todos os migrantes e empregadores a respeitar
to dos trabalhadores migrantes e dos membros e a aplicar as leis e os procedimentos estabeleci-
das suas famílias; dos pelos Estados interessados;
Considerando a situação de vulnerabilidade em Convictos, por esse motivo, da necessidade
que frequentemente se encontram os trabalha- de garantir a proteção internacional dos direi-
dores migrantes e os membros das suas famílias tos de todos os trabalhadores migrantes e dos
devido, nomeadamente, ao seu afastamento do membros das suas famílias, reafirmando e es-
Estado de origem e a eventuais dificuldades re- tabelecendo normas básicas no quadro de uma
sultantes da sua presença no Estado de empre- convenção abrangente suscetível de aplicação
go; universal;
Convencidos de que os direitos dos trabalhado- Acordam o seguinte:
res migrantes e dos membros das suas famílias
não têm sido suficientemente reconhecidos em PARTE I
todo o mundo, devendo, por este motivo, bene-
ficiar de uma proteção internacional adequada; ÂMBITO E DEFINIÇÕES
Tomando em consideração o fato de que, em Artigo 1º
muitos casos, as migrações são a causa de gra-
ves problemas para os membros das famílias 1. Salvo disposição em contrário constante
dos trabalhadores migrantes, bem como para os do seu próprio texto, a presente Conven-
próprios trabalhadores, especialmente por cau- ção aplicar-se-á todos os trabalhadores mi-
sa da dispersão da suas famílias; grantes e aos membros das suas famílias
sem qualquer distinção, fundada nomeada-
Considerando que os problemas humanos de- mente no sexo, raça, cor, língua, religião ou
correntes das migrações são ainda mais graves convicção, opinião política ou outra, origem
no caso da migração irregular e convictos, por nacional, étnica ou social, nacionalidade,
esse motivo, de que se deve encorajar a ado- idade, posição econômica, patrimônio, es-
ção de medidas adequadas, a fim de prevenir e tado civil, nascimento ou outra situação.
eliminar os movimentos clandestinos e o tráfi-
co de trabalhadores migrantes, assegurando ao 2. A presente Convenção aplicar-se-á todo
mesmo tempo a proteção dos direitos humanos o processo migratório dos trabalhadores
fundamentais destes trabalhadores; migrantes e dos membros das suas famílias,
o qual inclui a preparação da migração, a
Considerando que os trabalhadores não do- partida, o trânsito e a duração total da es-
cumentados ou em situação irregular são, fre- tada, a atividade remunerada no Estado de
quentemente, empregados em condições de emprego, bem como o retorno ao Estado de
trabalho menos favoráveis que outros trabalha- origem ou ao Estado de residência habitual.
dores e que certos empregadores são, assim,
levados a procurar tal mão de obra a fim de se Artigo 2º
beneficiar da concorrência desleal; Para efeitos da presente Convenção:
Considerando, igualmente, que o emprego de 1. A expressão "trabalhador migrante" de-
trabalhadores migrantes em situação irregular signa a pessoa que vai exercer, exerce ou
será desencorajado se os direitos humanos fun- exerceu uma atividade remunerada num Es-
damentais de todos os trabalhadores migrantes tado de que não é nacional.
forem mais amplamente reconhecidos e que,

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2. a) A expressão "trabalhador fronteiriço" (iii) Que, a pedido do seu empregador no


designa o trabalhador migrante que man- Estado de emprego, realize, por um período
tém a sua residência habitual num Estado limitado e definido, um trabalho de natu-
vizinho a que regressa, em princípio, todos reza transitória ou de curta duração; e que
os dias ou, pelo menos, uma vez por sema- deva deixar o Estado de emprego ao expi-
na; rar o período autorizado de residência, ou
antecipadamente, caso deixe de realizar a
b) A expressão "trabalhador sazonal" desig- tarefa ou função específica ou o trabalho
na o trabalhador migrante cuja atividade, inicial;
pela sua natureza, depende de condições
sazonais e somente se realiza durante parte h) A expressão "trabalhador autônomo"
do ano; designa o trabalhador migrante que exerce
uma atividade remunerada não submeti-
c) A expressão "marítimo", que abrange os da a um contrato de trabalho e que ganha
pescadores, designa o trabalhador migrante a sua vida por meio desta atividade, traba-
empregado a bordo de um navio matricula- lhando normalmente só ou com membros
do num Estado de que não é nacional; da sua família, assim como o trabalhador
d) A expressão "trabalhador numa estrutura considerado autônomo pela legislação apli-
marítima" designa o trabalhador migrante cável do Estado de emprego ou por acordos
empregado numa estrutura marítima que bilaterais ou multilaterais.
se encontra sob a jurisdição de um Estado Artigo 3º
de que não é nacional;
A presente Convenção não se aplicará:
e) A expressão "trabalhador itinerante" de-
signa o trabalhador migrante que, tendo a a) Às pessoas enviadas ou empregadas por
sua residência habitual num Estado, tem de organizações e organismos internacionais,
viajar para outros Estados por períodos cur- nem às pessoas enviadas ou empregadas
tos, devido à natureza da sua ocupação; por um Estado fora do seu território para
desempenharem funções oficiais, cuja ad-
f) A expressão "trabalhador vinculado a um missão e estatuto estejam regulados pelo
projeto" designa o trabalhador migrante ad- direito internacional geral ou por acordos
mitido num Estado de emprego por tempo internacionais ou convenções internacio-
definido para trabalhar unicamente num nais específicas;
projeto concreto conduzido pelo seu em-
pregador nesse Estado; b) Às pessoas enviadas ou empregadas por
um Estado ou por conta desse Estado fora
g) A expressão "trabalhador com emprego do seu território que participam em progra-
específico" designa o trabalhador migrante: mas de desenvolvimento e noutros progra-
(i) Que tenha sido enviado pelo seu empre- mas de cooperação, cuja admissão e estatu-
gador, por um período limitado e definido, a to estejam regulados por acordo celebrado
um Estado de emprego para aí realizar uma com o Estado de emprego e que, nos ter-
tarefa ou função específica; ou mos deste acordo, não sejam consideradas
trabalhadores migrantes;
(ii) Que realize, por um período limitado e
definido, um trabalho que exige competên- c) Às pessoas que se instalam num Estado
cias profissionais, comerciais, técnicas ou diferente do seu Estado de origem na quali-
altamente especializadas de outra natureza; dade de investidores;
ou d) Aos refugiados e apátridas, salvo disposi-
ção em contrário da legislação nacional per-

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tinente do Estado Parte interessado ou de vai exercer, exerce ou exerceu uma ativida-
instrumentos internacionais em vigor para de remunerada, conforme o caso;
esse Estado;
c) A expressão "Estado de trânsito" designa
e) Aos estudantes e estagiários; qualquer Estado por cujo território a pessoa
interessada deva transitar a fim de se dirigir
f) Aos marítimos e aos trabalhadores de para o Estado de emprego ou do Estado de
estruturas marítimas que não tenham sido emprego para o Estado de origem ou de re-
autorizados a residir ou a exercer uma ati- sidência habitual.
vidade remunerada no Estado de emprego.
Artigo 4º PARTE II
Para efeitos da presente Convenção, a expres- NÃO DISCRIMINAÇÃO
são "membros da família" designa a pessoa ca- EM MATÉRIA DE DIREITOS
sada com o trabalhador migrante ou que com
ele mantém uma relação que, em virtude da Artigo 7º
legislação aplicável, produz efeitos equivalen-
tes aos do casamento, bem como os filhos a seu Os Estados Partes comprometem-se, em con-
cargo e outras pessoas a seu cargo, reconheci- formidade com os instrumentos internacionais
das como familiares pela legislação aplicável ou relativos aos direitos humanos, a respeitar e a
por acordos bilaterais ou multilaterais aplicáveis garantir os direitos previstos na presente Con-
entre os Estados interessados. venção para todos os trabalhadores migrantes
e membros da suas famílias que se encontrem
Artigo 5º no seu território e sujeitos à sua jurisdição, sem
distinção alguma, independentemente de qual-
Para efeitos da presente Convenção, os traba-
quer consideração de raça, cor, sexo, língua, reli-
lhadores migrantes e os membros das suas fa-
gião ou convicção, opinião política ou outra, ori-
mílias:
gem nacional, étnica ou social, nacionalidade,
a) Serão considerados documentados ou idade, posição econômica, patrimônio, estado
em situação regular se forem autorizados a civil, nascimento ou de qualquer outra situação.
entrar, permanecer e exercer uma atividade
remunerada no Estado de emprego, confor- PARTE III
me a legislação desse Estado e das conven-
ções internacionais de que esse Estado seja DIREITOS HUMANOS DE TODOS OS
Parte; TRABALHADORES MIGRANTES E DOS
b) Serão considerados não documentados
MEMBROS DAS SUAS FAMÍLIAS
ou em situação irregular se não preenche- Artigo 8º
rem as condições enunciadas na alínea a)
do presente artigo. 1. Os trabalhadores migrantes e os mem-
bros das suas famílias poderão sair livre-
Artigo 6º mente de qualquer Estado, incluindo o seu
Para os efeitos da presente Convenção: Estado de origem. Este direito somente
poderá ser objeto de restrições que, sen-
a) A expressão "Estado de origem" designa do previstas na lei, constituam disposições
o Estado de que a pessoa interessada é na- necessárias para proteger a segurança na-
cional; cional, a ordem pública, a saúde ou moral
públicas, ou os direitos e liberdades de ou-
b) A expressão "Estado de emprego" desig-
trem, e se mostrarem compatíveis com os
na o Estado onde o trabalhador migrante

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outros direitos reconhecidos na presente c) Qualquer trabalho ou serviço que forme


parte da Convenção. parte das obrigações cívicas normais, desde
que exigível também a cidadãos do Estado
2. Os trabalhadores migrantes e os mem- interessado.
bros da sua família têm o direito a retornar
em qualquer momento ao seu Estado de Artigo 12.
origem e aí permanecer.
1. Os trabalhadores migrantes e os mem-
Artigo 9º bros das suas famílias têm direito à liber-
dade de pensamento, de consciência e de
O direito à vida dos trabalhadores migrantes e religião. Este direito abrange a liberdade
dos membros da sua família será protegido por de professar ou de adotar uma religião ou
lei. crença da sua escolha, bem como a liberda-
Artigo 10º de de manifestar a sua religião ou crença,
individual ou coletivamente, em público e
Nenhum trabalhador migrante ou membro da em privado, pelo culto, celebração de ritos,
sua família poderá ser submetido à tortura, nem práticas e o ensino.
a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou
degradantes. 2. Os trabalhadores migrantes e os mem-
bros das suas famílias não serão submetidos
Artigo 11. a coação que prejudique a sua liberdade de
1. Nenhum trabalhador migrante ou mem- professar e adotar uma religião ou crença
bro da sua família será mantido em escrava- da sua escolha.
tura ou servidão. 3. A liberdade de manifestar a sua religião
2. Nenhum trabalhador migrante ou mem- ou crença somente poderá ser objeto de
bro da sua família poderá ser compelido a restrições previstas na lei e que se mostra-
realizar um trabalho forçado ou obrigatório. rem necessárias à proteção da segurança
nacional, da ordem pública, da saúde ou da
3. O parágrafo 2 do presente artigo não será moral públicas, e das liberdades e direitos
interpretado no sentido de proibir, nos Esta- fundamentais de outrem.
dos onde certos crimes podem ser punidos
com pena de prisão acompanhada de traba- 4. Os Estados Partes na presente Convenção
lho forçado, o cumprimento de uma pena comprometem-se a respeitar a liberdade
de trabalho forçado imposta por um tribu- dos pais, quando pelo menos um deles é
nal competente. trabalhador migrante, e, quando for o caso,
dos representantes legais, de assegurar a
4. Para efeitos do presente artigo, a expres- educação religiosa e moral dos seus filhos
são "trabalho forçado ou obrigatório” não de acordo com as suas convicções.
incluirá:
Artigo 13.
a) Qualquer trabalho ou serviço, não pre-
visto no parágrafo 3 do presente artigo, exi- 1. Os trabalhadores migrantes e os mem-
gido normalmente a uma pessoa que, em bros das suas famílias têm o direito de ex-
virtude de uma decisão judicial ordinária, se primir as suas convicções sem interferência.
encontra detida ou tenha sido colocada em 2. Os trabalhadores migrantes e os mem-
liberdade condicional posteriormente; bros das suas famílias têm o direito à liber-
b) Qualquer serviço exigido no caso de crise dade de expressão. Este direito compre-
ou de calamidade que ameacem a vida ou o ende a liberdade de procurar, receber e
bem-estar da comunidade; expandir informações e idéias de toda espé-

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cie, sem consideração de fronteiras, sob a Artigo 16.
forma oral, escrita, impressa ou artística ou
por qualquer outro meio à sua escolha. 1. Os trabalhadores migrantes e os mem-
bros das suas famílias têm direito à liberda-
3. O exercício do direito previsto no pará- de e à segurança da sua pessoa.
grafo 2 do presente artigo implica deveres e
responsabilidades especiais. Por esta razão, 2. Os trabalhadores migrantes e os mem-
poderá ser objeto de restrições, desde que bros das suas famílias têm o direito à prote-
estas estejam previstas na lei e se afigurem ção efetiva do Estado contra a violência, os
necessárias a fim de: maus tratos físicos, as ameaças e a intimida-
ção, por parte de funcionários públicos ou
a) Garantir o respeito dos direitos e da re- privados, grupos ou instituições.
putação de outrem;
3. A verificação pelos funcionários respon-
b) Defender a segurança nacional dos Esta- sáveis pela aplicação da lei da identidade
dos interessados, da ordem pública, da saú- dos trabalhadores migrantes e dos mem-
de ou da moral públicas; bros das suas famílias deverá ser conduzida
de acordo com o procedimento estabeleci-
c) Prevenir a incitação à guerra; do na lei.
d) Prevenir a apologia do ódio nacional, ra- 4. Nenhum trabalhador migrante ou mem-
cial e religioso, que constitua uma incitação bro da sua família será sujeito, individual
à discriminação, à hostilidade ou à violên- ou mediante coletivamente, a detenção ou
cia. prisão arbitrária; nem será privado da sua li-
Artigo 14. berdade, salvo por motivos e em conformi-
dade com os procedimentos estabelecidos
Nenhum trabalhador migrante ou membro da por lei.
sua família será sujeito a intromissões arbitrá-
rias ou ilegais na sua vida privada, na sua famí- 5. O trabalhador migrante ou membro da
lia, no seu domicílio, na sua correspondência sua família que for detido deverá ser infor-
ou outras comunicações, nem a ofensas ilegais mado, no momento da detenção, se possí-
à sua honra e reputação. Os trabalhadores mi- vel numa língua que compreenda, dos mo-
grantes e os membros das suas famílias têm o tivos desta e prontamente notificado, numa
direito à proteção da lei contra tais intromissões língua que compreenda, das acusações con-
ou ofensas. tra si formuladas.

Artigo 15. 6. O trabalhador migrante ou membro da


sua família que for detido ou preso median-
Nenhum trabalhador migrante ou membro da te acusação da prática de uma infração pe-
sua família será arbitrariamente privado dos nal deverá ser presente, sem demora, a um
bens de que seja o único titular ou que possua juiz ou outra entidade autorizada por lei a
conjuntamente com outrem. A expropriação exercer funções judiciais e tem o direito de
total ou parcial dos bens de um trabalhador ser julgado em prazo razoável ou de aguar-
migrante ou membro da sua família somente dar julgamento em liberdade. A prisão pre-
poderá ser efetuada nos termos da legislação ventiva da pessoa que tenha de ser julgada
vigente no Estado de emprego mediante o pa- não deverá ser a regra geral, mas a sua li-
gamento de uma indenização justa e adequada. bertação poderá ser subordinada a garan-
tias que assegurem a seu comparecimento
na audiência ou em qualquer ato processual
e, se for o caso, para execução de sentença.

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7. No caso de sujeição de um trabalhador o direito de requerer uma indenização ade-


migrante ou membro da sua família a de- quada.
tenção ou prisão preventiva, ou a qualquer
outra forma de detenção: Artigo 17.

a) As autoridades diplomáticas ou consu- 1. Os trabalhadores migrantes e os mem-


lares do seu Estado de origem ou de um bros das suas famílias privados da sua liber-
Estado que represente os interesses desse dade deverão ser tratados com humanida-
Estado serão informadas prontamente, se de e com respeito da dignidade inerente à
o interessado assim o solicitar, da sua de- pessoa humana e à sua identidade cultural.
tenção ou prisão e dos fundamentos dessa 2. Os trabalhadores migrantes e os mem-
medida; bros das suas famílias sob acusação deverão
b) A pessoa interessada será assegurada o ser separados dos condenados, salvo em
direito de se comunicar com as referidas au- circunstâncias excepcionais, e submetidos a
toridades. As comunicações dirigidas pelo um regime distinto, adequado à sua condi-
interessado às referidas autoridades deve- ção de pessoas não condenadas. Se forem
rão ser transmitidas sem demora, e o inte- menores, deverão ser separados dos adul-
ressado também será assegurado o direito tos, devendo o seu processo ser decidido
de receber, sem demora, as comunicações com a maior celeridade.
enviadas pelas referidas autoridades; 3. Qualquer trabalhador migrante ou mem-
c) A pessoa interessada deverá ser informa- bro da sua família que for detido num Esta-
da prontamente deste direito, e dos direi- do de trânsito, ou num Estado de emprego,
tos decorrentes de tratados eventualmente por violação das disposições relativas à mi-
celebrados nesta matéria entre os Estados gração deverá, na medida possível, ser se-
interessados, de trocar correspondências e parado das pessoas detidas ou presas pre-
de reunir-se com representantes das referi- ventivamente.
das autoridades, assim como de tomar pro- 4. Durante todo o período de prisão em
vidências com vistas à sua representação execução de sentença proferida por um tri-
legal. bunal, o tratamento do trabalhador migran-
8. Os trabalhadores migrantes e os mem- te ou membro da sua família terá por fina-
bros das suas famílias que forem privados lidade, essencialmente, a sua re-inserção e
da sua liberdade mediante detenção ou pri- recuperação social. Infratores jovens serão
são terão o direito de interpor recurso pe- separados dos adultos e submetidos a um
rante um tribunal, para que este decida sem regime adequado à sua idade e ao seu esta-
demora sobre a legalidade da sua detenção tuto legal.
e ordene a sua libertação no caso de aquela 5. Durante a detenção ou prisão, os traba-
ser ilegal. Quando participarem nas audiên- lhadores migrantes e os membros das suas
cias, eles deverão beneficiar da assistência, famílias deverão gozar dos mesmos direitos
gratuita, quando couber, de um intérprete, de que beneficiam os cidadãos nacionais de
se não compreenderem ou não falarem su- receber visitas dos seus familiares.
ficientemente bem a língua utilizada pelo
tribunal. 6. No caso de um trabalhador migrante que
for privado da sua liberdade, as autoridades
9. Os trabalhadores migrantes e os mem- competentes do Estado da detenção deve-
bros das suas famílias que tiverem sofrido rão ter em conta os problemas que os mem-
detenção ou prisão preventiva ilegal terão bros da sua família possam enfrentar, em
particular os cônjuges e filhos menores.

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7. Os trabalhadores migrantes e os mem- d) A estar presente no julgamento e a de-
bros das suas famílias sujeitos a qualquer fender-se a si próprio ou por intermédio de
forma de detenção ou prisão, em virtude um defensor da sua escolha; se não tiver
da legislação do Estado de emprego ou do patrocínio jurídico, a ser informado deste
Estado de trânsito, deverão gozar dos mes- direito; e a pedir a designação de um de-
mos direitos que os cidadãos nacionais des- fensor público, sempre que os interesses
se Estado que se encontrarem na mesma da justiça exijam a assistência do defensor,
situação. sem encargos, se não tiver meios suficien-
tes para assumi-los;
8. Se um trabalhador migrante ou membro
da sua família for detido com o fim de ve- e) A interrogar ou fazer interrogar as teste-
rificar se houve infração às disposições re- munhas de acusação e a obter o compareci-
lacionadas com a migração, este não será mento e o interrogatório das testemunhas
obrigado a assumir quaisquer encargos daí de defesa em condições de igualdade;
decorrentes.
f) A beneficiar da assistência gratuita de um
Artigo 18. intérprete se não compreender ou falar a
língua utilizada pelo tribunal;
1. Os trabalhadores migrantes e os mem-
bros das suas famílias têm os mesmos direi- g) A não ser obrigado a testemunhar ou a
tos, perante os tribunais, que os nacionais confessar-se culpado.
do Estado interessado. Eles têm o direito a
que a sua causa seja eqüitativa e publica- 4. No caso de menores de idade, o processo
mente julgada por um tribunal competente, tomará em conta a sua idade e a necessida-
independente e imparcial, instituído por lei, de de facilitar a sua reintegração social.
que decidirá dos seus direitos e obrigações 5. Os trabalhadores migrantes e os mem-
de caráter civil ou das razões de qualquer bros das suas famílias condenados pela prá-
acusação em matéria penal contra si formu- tica de um crime terão o direito de recorrer
lada. dessa decisão para um tribunal superior,
2. O trabalhador migrante ou membro da nos termos da lei.
sua família suspeito ou acusado da práti- 6. Quando uma condenação penal definiti-
ca de um crime presumir-se-á inocente até va for posteriormente anulada ou quando
que a sua culpabilidade tenha sido legal- for concedido o indulto, em virtude de que
mente estabelecida. um fato novo ou recentemente revelado
3. O trabalhador migrante ou membro da prova que se produziu um erro judiciário,
sua família acusado de ter infringido a lei o trabalhador migrante ou membro da sua
penal terá, no mínimo, direito às seguintes família que cumpriu uma pena em decor-
garantias: rência dessa condenação será indenizado,
em conformidade com a lei, a menos que se
a) A ser informado prontamente, numa lín- prove que a não revelação em tempo útil do
gua que compreenda e pormenorizadamen- fato desconhecido lhe é imputável no todo
te, da natureza e dos motivos das acusações ou em parte.
formuladas contra si;
7. Nenhum trabalhador migrante ou mem-
b) A dispor do tempo e dos meios necessá- bro da sua família poderá ser perseguido ou
rios à preparação da sua defesa e a comuni- punido pela prática de uma infração pela
car com o advogado da sua escolha; qual já tenha sido absolvido ou condenado,
em conformidade com a lei e o processo pe-
c) A ser julgado num prazo razoável; nal do Estado interessado.

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Artigo 19. Artigo 22.


1. Nenhum trabalhador migrante ou mem- 1. Os trabalhadores migrantes e os mem-
bro da sua família poderá ser sentenciado bros das suas famílias não poderão ser ob-
criminalmente por ação ou omissão que no jeto de medidas de expulsão coletiva. Cada
momento da sua prática não seja considera- caso de expulsão será examinado e decidi-
da criminosa segundo a lei interna ou o di- do individualmente.
reito internacional. Será aplicada retroativa-
mente a lei penal que preveja a imposição 2. Os trabalhadores migrantes e os mem-
de uma pena mais favorável ao acusado. bros das suas famílias somente poderão ser
expulsos do território de um Estado Parte
2. Na determinação da medida da pena, o em cumprimento de uma decisão tomada
tribunal atenderá a considerações de natu- por uma autoridade competente em con-
reza humanitária relativas ao estatuto de formidade com a lei.
trabalhador migrante, nomeadamente o di-
reito de residência ou de trabalho reconhe- 3. A decisão deverá ser comunicada aos in-
cido ao trabalhador migrante ou membro teressados numa língua que compreendam.
da sua família. A seu pedido, se não for obrigatório, a deci-
são será comunicada por escrito e, salvo em
Artigo 20. circunstâncias excepcionais, devidamente
fundamentada. Os interessados serão in-
1. Nenhum trabalhador migrante será deti- formados deste direito antes que a decisão
do pela única razão de não poder cumprir seja tomada, ao mais tardar, no momento
uma obrigação contratual. em que for tomada.
2. Nenhum trabalhador migrante ou um 4. Salvo nos casos de uma decisão definiti-
membro da sua família poderá ser privado va emanada de uma autoridade judicial, o
da sua autorização de residência ou de tra- interessado terá o direito de fazer valer as
balho, nem expulso, pela única razão de não razões que militam contra a sua expulsão e
ter cumprido uma obrigação decorrente de de recorrer da decisão perante a autorida-
um contrato de trabalho, salvo se a execu- de competente, salvo imperativos de segu-
ção dessa obrigação constituir uma condi- rança nacional. Enquanto o seu recurso for
ção de tais autorizações. apreciado, o interessado terá o direito de
Artigo 21. procurar obter a suspensão da referida de-
cisão.
Ninguém, exceto os funcionários públicos de-
vidamente autorizados por lei para este efeito, 5. Se uma decisão de expulsão já executada
terão o direito de apreender, destruir ou tentar for subseqüentemente anulada, a pessoa
destruir documentos de identidade, documen- interessada terá direito a obter uma indeni-
tos de autorização de entrada, permanência, zação de acordo com a lei, não podendo a
residência ou de estabelecimento no território decisão anterior ser invocada para impedi-
nacional, ou documentos relativos à autoriza- -lo de regressar ao Estado em causa.
ção de trabalho. Se for autorizada a apreensão 6. No caso de expulsão, a pessoa interessa-
e perda desses documentos, será emitido um da deverá ter a possibilidade razoável, antes
recibo pormenorizado. Em caso algum é permi- ou depois da partida, de obter o pagamento
tido a destruição do passaporte ou documento de todos os salários ou prestações que lhe
equivalente de um trabalhador migrante ou de sejam devidos, e de cumprir eventuais obri-
um membro da sua família. gações não executadas.

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7. Sem prejuízo da execução de uma deci- gurança, saúde, suspensão do vínculo em-
são de expulsão, o trabalhador migrante ou pregatício e quaisquer outras condições de
membro da sua família objeto desta decisão trabalho que, de acordo com o direito e a
poderá solicitar a admissão num Estado di- prática nacionais, se incluam na regulamen-
ferente do seu Estado de origem. tação das condições de trabalho;
8. No caso de expulsão, as despesas ocasio- b) Outras condições de emprego, como a
nadas por esta medida não serão assumidas idade mínima para admissão ao emprego,
pelo trabalhador migrante ou membro da as restrições ao trabalho doméstico e ou-
sua família. O interessado poderá, no en- tras questões que, de acordo com o direito
tanto, ser obrigado a custear as despesas da e a prática nacionais, sejam consideradas
viagem. condições de emprego.
9. A expulsão do Estado de emprego, em si, 2. Nenhuma derrogação será admitida ao
não prejudicará os direitos adquiridos, em princípio da igualdade de tratamento refe-
conformidade com a lei desse Estado, pelo rido no parágrafo 1 do presente artigo nos
trabalhador migrante ou membro da sua fa- contratos de trabalho privados.
mília, nomeadamente o direito de receber
os salários e outras prestações que lhe se- 3. Os Estados Partes adotarão todas as me-
jam devidos. didas adequadas a garantir que os traba-
lhadores migrantes não sejam privados dos
Artigo 23. direitos derivados da aplicação deste prin-
cípio, em razão da irregularidade da sua si-
Os trabalhadores migrantes e os membros das tuação em matéria de permanência ou de
suas famílias terão o direito de recorrer à prote- emprego. De um modo particular, os em-
ção e à assistência das autoridades diplomáticas pregadores não ficarão isentos de cumprir
e consulares do seu Estado de origem ou de um as obrigações legais ou contratuais, nem se-
Estado que represente os interesses daquele Es- rão, de modo algum, limitadas as suas obri-
tado em caso de violação dos direitos reconhe- gações por força de tal irregularidade.
cidos na presente Convenção. Especialmente no
caso de expulsão, o interessado será informado Artigo 26.
deste direito, sem demora, devendo as autori-
dades do Estado que procede à expulsão facili- 1. Os Estados Partes reconhecerão a todos
tar o exercício do mesmo. os trabalhadores migrantes e aos membros
das suas famílias o direito:
Artigo 24.
a) A participar em reuniões e atividades de
Os trabalhadores migrantes e os membros da sindicatos e outras associações estabeleci-
sua família têm direito ao reconhecimento da dos de acordo com a lei para proteger seus
sua personalidade jurídica, em todos os lugares. interesses econômicos, sociais, culturais e
outros, sujeito apenas às regras da organi-
Artigo 25. zação interessada.
1. Os trabalhadores migrantes deverão des- b) A inscrever-se livremente nos referidos
frutar de um tratamento não menos favorá- sindicatos ou associações, sujeito apenas às
vel que aquele que é concedido aos nacio- regras da organização interessada.
nais do Estado de emprego em matéria de
retribuição e: c) A procurar o auxílio e a assistência dos re-
feridos sindicatos e associações;
a) Outras condições de trabalho, como tra-
balho suplementar, horário de trabalho, 2. O exercício de tais direitos somente po-
descanso semanal, férias remuneradas, se- derá ser objeto das restrições previstas na

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lei e que se mostrarem necessárias, numa Artigo 30.


sociedade democrática, no interesse da se-
gurança nacional, da ordem pública, ou para O filho de um trabalhador migrante tem o di-
proteger os direitos e liberdades de outrem. reito fundamental de acesso à educação em
condições de igualdade de tratamento com os
Artigo 27. nacionais do Estado interessado. Não poderá
ser negado ou limitado o acesso a estabeleci-
1. Em matéria de segurança social, os traba- mentos públicos de ensino pré-escolar ou esco-
lhadores migrantes e os membros das suas lar por motivo de situação irregular em matéria
famílias deverão beneficiar, no Estado de de permanência ou emprego de um dos pais ou
emprego, de um tratamento igual ao que com fundamento na permanência irregular da
é concedido aos nacionais desse Estado, criança no Estado de emprego.
sem prejuízo das condições impostas pela
legislação nacional e pelos tratados bilate- Artigo 31.
rais e multilaterais aplicáveis. As autorida-
des competentes do Estado de origem e do 1. Os Estados Partes assegurarão o respei-
Estado de emprego poderão, em qualquer to da identidade cultural dos trabalhadores
momento, tomar as disposições necessárias migrantes e dos membros das suas famílias
para determinar as modalidades de aplica- e não os impedirão de manter os laços cul-
ção desta norma. turais com o seu Estado de origem.

2. Se a legislação aplicável privar de uma 2. Os Estados Partes poderão adotar as me-


prestação os trabalhadores migrantes e os didas adequadas para apoiar e encorajar es-
membros das suas famílias, deverá o Esta- forços neste domínio.
do de emprego ponderar a possibilidade de Artigo 32.
reembolsar o montante das contribuições
efetuadas pelos interessados relativamente Cessando a sua permanência no Estado de em-
a essa prestação, com base no tratamento prego, os trabalhadores migrantes e os mem-
concedido aos nacionais que se encontra- bros das suas famílias terão o direito de transfe-
rem em circunstâncias idênticas. rir seus ganhos e suas poupanças e, nos termos
da legislação aplicável dos Estados interessados,
Artigo 28. seus bens e pertences.
Os trabalhadores migrantes e os membros das Artigo 33.
suas famílias têm o direito de receber os cuida-
dos médicos urgentes que sejam necessários 1. Os trabalhadores migrantes e os mem-
para preservar a sua vida ou para evitar danos bros das suas famílias terão o direito de
irreparáveis à sua saúde, em pé de igualdade serem informados pelo Estado de origem,
com os nacionais do Estado em questão. Tais Estado de emprego ou Estado de trânsito,
cuidados médicos urgentes não poderão ser- conforme o caso, relativamente:
-lhes recusados por motivo de irregularidade
a) Aos direitos que lhes são reconhecidos
em matéria de permanência ou de emprego.
pela presente Convenção;
Artigo 29.
b) Às condições de admissão, direitos e
O filho de um trabalhador migrante tem o di- obrigações em virtude do direito e da práti-
reito a um nome, ao registro do nascimento e a ca do Estado interessado e outras questões
uma nacionalidade. que lhes permitam cumprir as formalidades
administrativas ou de outra natureza exigi-
das por esse Estado.

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2. Os Estados Partes adotarão todas as me- PARTE IV
didas que considerarem adequadas para di-
vulgar as referidas informações ou garantir OUTROS DIREITOS DOS
que sejam fornecidas pelos empregadores, TRABALHADORES MIGRANTES E DOS
sindicatos ou outros organismos ou institui-
ções apropriadas. Para este efeito, deverão MEMBROS DAS SUAS FAMÍLIAS QUE
cooperar com outros Estados interessados, SE ENCONTRAM DOCUMENTADOS
se tal se mostrar necessário. OU EM SITUAÇÃO REGULAR
3. As informações adequadas serão facul- Artigo 36.
tadas gratuitamente aos trabalhadores mi-
grantes e aos membros das suas famílias Os trabalhadores migrantes e os membros das
que o solicitem, na medida do possível, suas famílias que se encontrem documentados
numa língua que compreendam. ou em situação regular no Estado de emprego
gozarão dos direitos enunciados nesta parte
Artigo 34. da presente Convenção, para além dos direitos
Nenhuma das disposições da Parte III da presen- previstos na parte III.
te Convenção isentará os trabalhadores migran- Artigo 37.
tes e os membros das suas famílias do dever de
cumprir as leis e os regulamentos dos Estados Antes da sua partida ou, ao mais tardar, no mo-
de trânsito e do Estado de emprego e de respei- mento da sua admissão no Estado de emprego,
tar a identidade cultural dos habitantes desses os trabalhadores migrantes e os membros das
Estados. suas famílias terão o direito de ser plenamente
informados pelo Estado de origem ou pelo Es-
Artigo 35. tado de emprego, conforme o caso, de todas as
Nenhuma das disposições da parte III da pre- condições exigidas para a sua admissão, espe-
sente Convenção deve ser interpretada como cialmente as que respeitam à sua permanência
implicando a regularização da situação dos tra- e às atividades remuneradas que podem exer-
balhadores migrantes ou dos membros das suas cer, bem como dos requisitos que devem satis-
famílias que se encontram não documentados fazer no Estado de emprego e das autoridades
ou em situação irregular, ou o direito a ver re- a que devem dirigir-se para solicitar a modifica-
gularizada a sua situação, nem como afetando ção dessas condições.
as medidas destinadas a assegurar condições Artigo 38.
satisfatórias e eqüitativas para a migração inter-
nacional, previstas na parte VI da presente Con- 1. Os Estados de emprego deverão envidar
venção. esforços no sentido de autorizarem os tra-
balhadores migrantes e os membros das
suas famílias a ausentar-se temporaria-
mente, sem que tal afete a sua autorização
de permanência ou de trabalho, conforme
o caso. Ao fazê-lo, os Estados de emprego
levarão em conta as obrigações e as neces-
sidades especiais dos trabalhadores migran-
tes e dos membros das suas famílias, nome-
adamente no seu Estado de origem.
2. Os trabalhadores migrantes e os mem-
bros das suas famílias terão o direito de ser
plenamente informados das condições em

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que tais ausências temporárias são autori- Artigo 42.


zadas.
1. Os Estados Partes deverão ponderar a
Artigo 39. possibilidade de estabelecer procedimentos
ou instituições que permitam ter em conta,
1. Os trabalhadores migrantes e os mem- tanto no Estado de origem quanto no Esta-
bros das suas famílias terão o direito de cir- do de emprego, as necessidades, aspirações
cular livremente no território do Estado de e obrigações específicas dos trabalhadores
emprego e de aí escolher livremente a sua migrantes e dos membros das suas famílias
residência. e, sendo esse o caso, a possibilidade de os
2. Os direitos referidos no parágrafo 1 do trabalhadores migrantes e os membros das
presente artigo não poderão ser sujeitos a suas famílias terem nessas instituições os
restrições, com exceção das previstas na lei seus representantes livremente escolhidos.
e que sejam necessárias para proteger a se- 2. Os Estados de emprego facilitarão, de
gurança nacional, a ordem pública, a saúde harmonia com a sua legislação nacional, a
ou moral públicas, ou os direitos e liberda- consulta ou a participação dos trabalhado-
des de outrem e se mostrarem compatíveis res migrantes e dos membros das suas fa-
com os outros direitos reconhecidos na pre- mílias nas decisões relativas à vida e à admi-
sente Convenção. nistração das comunidades locais.
Artigo 40. 3. Os trabalhadores migrantes poderão go-
1. Os trabalhadores migrantes e os mem- zar de direitos políticos no Estado de em-
bros das suas famílias terão o direito de prego se este Estado, no exercício da sua
constituir associações e sindicatos no Esta- soberania, lhes atribuir esses direitos.
do de emprego para a promoção e a prote- Artigo 43.
ção dos seus interesses econômicos, sociais,
culturais e de outra natureza. 1. Os trabalhadores migrantes deverão
beneficiar-se de tratamento igual ao que é
2. O exercício deste direito somente pode- concedido aos nacionais do Estado de em-
rá ser objeto de restrições previstas na lei prego em matéria de:
e que se mostrarem necessárias, numa so-
ciedade democrática, no interesse da segu- a) Acesso a instituições e serviços educati-
rança nacional, da ordem pública, ou para vos, sem prejuízo das condições de admis-
proteger os direitos e liberdades de outrem. são e outras disposições previstas pelas re-
feridas instituições e serviços;
Artigo 41.
b) Acesso aos serviços de orientação profis-
1. Os trabalhadores migrantes e os mem- sional e de colocação;
bros das suas famílias terão o direito de par-
ticipar nos assuntos públicos do seu Estado c) Acesso às facilidades e instituições de for-
de origem, de votar e de candidatar-se em mação e aperfeiçoamento profissional;
eleições organizadas por esse Estado, de
acordo com a legislação vigente. d) Acesso à habitação, incluindo os progra-
mas de habitação social, e proteção contra
2. Os Estados interessados deverão facilitar, a exploração em matéria de arrendamento;
se necessário e em conformidade com a sua
legislação, o exercício destes direitos. e) Acesso aos serviços sociais e de saúde,
desde que se verifiquem os requisitos do di-
reito de beneficiar dos diversos programas;

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f) Acesso às cooperativas e às empresas em presente artigo, aos restantes membros da
autogestão, sem implicar uma modificação família dos trabalhadores migrantes.
do seu estatuto de migrantes e sem prejuí-
zo das regras e regulamentos das entidades Artigo 45.
interessadas; 1. Os membros das famílias dos trabalhado-
g) Acesso e participação na vida cultural. res migrantes deverão gozar no Estado de
emprego, em pé de igualdade com os nacio-
2. Os Estados Partes envidarão esforços no nais desse Estado, de:
sentido de criar as condições necessárias
para garantir a igualdade efetiva de trata- a) Acesso a instituições e serviços educati-
mento dos trabalhadores migrantes de for- vos, sem prejuízo das condições de admis-
ma a permitir o gozo dos direitos previstos são e outras normas fixadas pelas institui-
no parágrafo 1 deste artigo, sempre que as ções e serviços em causa;
condições fixadas pelo Estado de emprego b) Acesso a instituições e serviços de orien-
relativas à autorização de permanência sa- tação e formação profissional, desde que se
tisfaçam as disposições pertinentes. verifiquem os requisitos de participação;
3. Os Estados de emprego não deverão im- c) Acesso aos serviços sociais e de saúde,
pedir que os empregadores de trabalhado- desde que se encontrem satisfeitas as con-
res migrantes lhes disponibilizem habitação dições previstas para o benefício dos diver-
ou serviços culturais ou sociais. Sem preju- sos programas;
ízo do disposto no artigo 70º da presente
Convenção, um Estado de emprego poderá d) Acesso e participação na vida cultural.
subordinar o estabelecimento dos referidos
2. Os Estados de emprego deverão adotar
serviços às condições geralmente aplicadas
uma política, inclusive em colaboração com
no seu território nesse domínio.
os Estados de origem, quando for apropria-
Artigo 44. do, que vise facilitar a integração dos filhos
dos trabalhadores migrantes no sistema
1. Reconhecendo que a família, elemento local de escolarização, nomeadamente no
natural e fundamental da sociedade, deve que respeita ao ensino da língua local.
receber a proteção da sociedade e do Esta-
do, os Estados Partes adotarão as medidas 3. Os Estados de emprego deverão esforçar-
adequadas a assegurar a proteção da famí- -se por facilitar aos filhos dos trabalhadores
lia dos trabalhadores migrantes. migrantes o ensino da sua língua materna e
o acesso à cultura de origem e os Estados
2. Os Estados Partes adotarão todas as me- de origem deverão colaborar neste sentido,
didas que julguem adequadas e nas respec- sempre que tal se mostre necessário.
tivas esferas de competência para facilitar
a reunificação dos trabalhadores migrantes 4. Os Estados de emprego poderão assegu-
com os cônjuges, ou com as pessoas cuja re- rar sistemas especiais de ensino na língua
lação com o trabalhador migrante produza materna dos filhos dos trabalhadores mi-
efeitos equivalentes ao casamento, segun- grantes, em colaboração com os Estados de
do a legislação aplicável, bem como com os origem, quando for necessário.
filhos menores, dependentes, não casados.
Artigo 46.
3. Os Estados de emprego, por motivos de
Os trabalhadores migrantes e os membros das
natureza humanitária, deverão ponderar a
suas famílias deverão beneficiar, em confor-
possibilidade de conceder tratamento igual,
midade com a legislação aplicável dos Estados
nas condições previstas no parágrafo 2 do
interessados, dos acordos internacionais perti-

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nentes e das obrigações dos referidos Estados b) Beneficiarão de reduções ou isenções de


decorrentes da sua participação em uniões adu- impostos de qualquer natureza, bem como
aneiras, de isenção de direitos e taxas de im- de desagravamento fiscal, incluindo dedu-
portação e exportação quanto aos bens de uso ções por encargos de família.
pessoal ou doméstico, bem como aos bens de
equipamento necessário ao exercício da ativida- 2. Os Estados Partes procurarão adotar me-
de remunerada que justifica a admissão no Es- didas adequadas a fim de evitar a dupla tri-
tado de emprego: butação dos rendimentos e das economias
dos trabalhadores migrantes e dos mem-
a) No momento da partida do Estado de ori- bros das suas famílias.
gem ou do Estado da residência habitual;
Artigo 49.
b) No momento da admissão inicial no Esta-
do de emprego; 1. Quando a legislação nacional exigir au-
torizações de residência e de trabalho dis-
c) No momento da partida definitiva do Es- tintas, o Estado de emprego emitirá, em
tado de emprego; benefício dos trabalhadores migrantes, uma
autorização de residência de duração pelo
d) No momento do regresso definitivo ao menos igual à da autorização de trabalho.
Estado de origem ou ao Estado da residên-
cia habitual. 2. Os trabalhadores migrantes que, no Esta-
do de emprego, forem autorizados a esco-
Artigo 47. lher livremente a sua atividade remunerada
1. Os trabalhadores migrantes terão o direi- não serão considerados em situação irregu-
to de transferir seus ganhos e economias, lar e não poderão perder a sua autorização
em particular as quantias necessárias ao de residência pelo mero fato de ter cessado
sustento das suas famílias, do Estado de a sua atividade remunerada antes do venci-
emprego para o seu Estado de origem ou mento da autorização de trabalho ou outra
outro Estado. A transferência será efetuada autorização.
segundo os procedimentos estabelecidos 3. Para permitir que os trabalhadores mi-
pela legislação aplicável do Estado interes- grantes mencionados no parágrafo 2 do
sado e de harmonia com os acordos inter- presente artigo disponham de tempo su-
nacionais aplicáveis. ficiente para encontrar outra atividade re-
2. Os Estados interessados adotarão as me- munerada, a autorização de residência não
didas adequadas a facilitar tais transferên- deverá ser retirada, pelo menos durante o
cias. período em que os trabalhadores tiverem
direito ao seguro-desemprego.
Artigo 48.
Artigo 50.
1. Em matéria de rendimentos do trabalho
auferidos no Estado de emprego, e sem pre- 1. Em caso de falecimento do trabalhador
juízo dos acordos sobre dupla tributação migrante ou de dissolução do casamento,
aplicáveis, os trabalhadores migrantes e os o Estado de emprego considerará favora-
membros das suas famílias: velmente a possibilidade de conceder aos
membros da família desse trabalhador que
a) Não ficarão sujeitos a impostos, contri- residam nesse Estado, com base no princí-
buições ou encargos de qualquer natureza pio do reagrupamento familiar, autorização
mais elevados ou mais onerosos que os exi- para permanecerem no seu território, de-
gidos aos nacionais que se encontrem em vendo tomar em conta o tempo de residên-
situação idêntica; cia dos mesmos nesse Estado.

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2. Os membros da família a quem não for b) Restringir a livre escolha da atividade
concedida tal autorização deverão dispor, remunerada em conformidade com a sua
antes da sua partida, de um prazo razoável legislação relativa ao reconhecimento das
que lhes permita resolver os seus proble- qualificações profissionais adquiridas fora
mas no Estado de emprego. do seu território. No entanto, os Estados
Partes interessados deverão envidar esfor-
3. Nenhuma das disposições dos parágrafos ços no sentido de assegurar o reconheci-
1 e 2 do presente artigo deve ser interpreta- mento de tais qualificações.
da como prejudicando os direitos à perma-
nência e ao trabalho que, de outro modo, 3. No caso dos trabalhadores migrantes por-
sejam atribuídos aos referidos membros da tadores de uma autorização de trabalho por
família pela legislação do Estado de empre- tempo determinado, o Estado de emprego
go ou pelos tratados bilaterais ou multilate- poderá igualmente:
rais aplicáveis a esse Estado.
a) Subordinar o exercício do direito de livre
Artigo 51. escolha da atividade remunerada à condi-
ção de o trabalhador migrante ter residido
Os trabalhadores migrantes que, no Estado de legalmente no território desse Estado a fim
emprego, não estiverem autorizados a escolher de aí exercer uma atividade remunerada
livremente a sua atividade remunerada não se- durante o período previsto na legislação na-
rão considerados em situação irregular, nem cional, o qual não deve ser superior a dois
poderão perder a sua autorização de residência, anos;
pelo simples fato de a sua atividade remunera-
da ter cessado antes do vencimento da sua au- b) Limitar o acesso do trabalhador migrante
torização de trabalho, salvo nos casos em que a uma atividade remunerada, em aplicação
a autorização de residência dependa expressa- de uma política de concessão de prioridade
mente da atividade remunerada específica para aos seus nacionais ou às pessoas equipa-
o exercício da qual foram admitidos no Estado radas para este efeito em virtude da legis-
de emprego. Estes trabalhadores migrantes lação nacional ou de acordos bilaterais ou
terão o direito de procurar outro emprego, de multilaterais. Tal limitação deixará de ser
participar em programas de interesse público e aplicável a um trabalhador migrante que
de freqüentar cursos de formação durante o pe- tenha residido legalmente no território do
ríodo restante da sua autorização de trabalho, Estado de emprego a fim de aí exercer uma
sem prejuízo das condições e restrições cons- atividade durante o período previsto na le-
tantes desta autorização. gislação nacional, o qual não deve ser supe-
rior a cinco anos.
Artigo 52.
4. Os Estados de emprego determinarão
1. Os trabalhadores migrantes terão, no as condições em que os trabalhadores mi-
Estado de emprego, o direito de escolher grantes, admitidos no seu território para aí
livremente a sua atividade remunerada, su- ocuparem um emprego, poderão ser auto-
bordinado às restrições ou condições espe- rizados a exercer uma atividade por conta
cificadas a seguir. própria. O período durante o qual os traba-
2. Em relação a qualquer trabalhador mi- lhadores tenham permanecido legalmente
grante, o Estado de emprego poderá: no Estado de emprego deverá ser levado
em conta.
a) Restringir o acesso a categorias limitadas
de empregos, funções, serviços ou ativida- Artigo 53.
des, quando o exija o interesse do Estado e 1. Os membros da família de um trabalha-
esteja previsto na legislação nacional; dor migrante que beneficiem de uma auto-

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rização de residência ou de admissão por Artigo 55.


tempo ilimitado ou automaticamente re-
novável serão autorizados a escolher livre- Os trabalhadores migrantes a quem tenha sido
mente uma atividade remunerada nas con- concedida autorização para exercer uma ativi-
dições aplicáveis ao referido trabalhador dade remunerada, sujeita às condições previs-
migrante, nos termos do disposto no artigo tas nessa autorização, deverão beneficiar de
52º da presente Convenção. igualdade de tratamento com os nacionais do
Estado de emprego no exercício daquela ativi-
2. No caso dos membros da família de um dade remunerada.
trabalhador migrante que não sejam auto-
rizados a escolher livremente uma ativida- Artigo 56.
de remunerada, os Estados Partes deverão 1. Os trabalhadores migrantes e os mem-
ponderar a possibilidade de lhes conceder bros das suas famílias a que se refere esta
autorização para exercer uma atividade re- parte da presente Convenção não poderão
munerada, com prioridade em relação aos ser expulsos de um Estado de emprego, sal-
outros trabalhadores que solicitem a ad- vo por motivos definidos na legislação na-
missão no Estado de emprego, sem prejuízo cional desse Estado, e sem prejuízo das ga-
dos acordos bilaterais e multilaterais aplicá- rantias previstas na parte III.
veis.
2. A expulsão não será acionada com o ob-
Artigo 54. jetivo de privar os trabalhadores migrantes
1. Sem prejuízo das condições estabeleci- ou os membros da sua família dos direitos
das na sua autorização de residência ou de decorrentes da autorização de residência e
trabalho e dos direitos previstos nos artigos da autorização de trabalho.
25º e 27º da presente Convenção, os traba- 3. Na consideração da expulsão de um tra-
lhadores migrantes deverão beneficiar de balhador migrante ou de um membro da
igualdade de tratamento em relação aos na- sua família, deverão se tomar em conta
cionais do Estado de emprego, no que res- considerações de natureza humanitária e o
peita a: tempo em que a pessoa interessada já resi-
a) Proteção contra a demissão; diu no Estado de emprego.

b) Seguro-desemprego; PARTE V
c) Acesso a programas de interesse público DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS A
destinados a combater o desemprego;
CATEGORIAS ESPECIAIS DE
d) Acesso a emprego alternativo no caso de TRABALHADORES MIGRANTES E
perda do emprego ou de cessação de outra MEMBROS DAS SUAS FAMÍLIAS
atividade remunerada, sem prejuízo do dis-
posto no artigo 52º da presente Convenção. Artigo 57.
2. No caso de um trabalhador migrante ale- As categorias especiais de trabalhadores mi-
gar a violação das condições do seu contra- grantes indicadas nesta parte da presente Con-
to de trabalho pelo seu empregador, este venção e os membros das suas famílias que se
terá o direito de apresentar o seu caso às encontrem documentados ou em situação re-
autoridades competentes do Estado de em- gular deverão gozar dos direitos enunciados na
prego, nos termos do disposto no parágrafo parte III e, sem prejuízo das modificações a se-
1 do artigo 18 da presente Convenção. guir indicadas, dos direitos enunciados na parte
IV.

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Artigo 58. Artigo 60.
1. Os trabalhadores fronteiriços, conforme Os trabalhadores itinerantes, conforme defini-
definidos na alínea a) do parágrafo 2 do dos na alínea e) do parágrafo 2 do artigo 2º da
artigo 2º da presente Convenção, deverão presente Convenção, deverão beneficiar dos di-
beneficiar dos direitos previstos na parte IV reitos previstos na parte IV que possam ser-lhes
que lhes sejam aplicáveis em virtude da sua concedidos em virtude da sua presença e do seu
presença e do seu trabalho no território do trabalho no território do Estado de emprego e
Estado de emprego, levando em conta que que se mostrarem compatíveis com o sua condi-
esses trabalhadores não mantêm a sua resi- ção de trabalhadores itinerantes nesse Estado.
dência habitual nesse Estado.
Artigo 61.
2. Os Estados de emprego considerarão fa-
voravelmente a possibilidade de atribuir 1. Os trabalhadores vinculados a um proje-
aos trabalhadores fronteiriços o direito de to, conforme definidos na alínea f) do pará-
escolher livremente uma atividade remu- grafo 2 do artigo 2º da presente Convenção,
nerada após o decurso de um determinado e os membros das suas famílias deverão
período de tempo. A concessão deste direi- beneficiar dos direitos previstos na parte
to não afetará a sua condição de trabalha- IV, salvo as disposições das alíneas b) e c)
dores fronteiriços. do parágrafo 1 do artigo 43º, da alínea d)
do parágrafo 1 do artigo 43º, n 1, alínea d),
Artigo 59. no que respeita os programas de habitação
social, da alínea b) do parágrafo 1 do artigo
1. Os trabalhadores sazonais, conforme 45º e dos artigos 52º a 55º.
definidos na alínea b) do parágrafo 2 do
artigo 2 da presente Convenção, deverão 2. Caso um trabalhador vinculado a um pro-
beneficiar dos direitos previstos na parte jeto alegar a violação dos termos do seu
IV que lhes sejam aplicáveis em virtude da contrato de trabalho pelo seu empregador,
sua presença e do seu trabalho no território este terá o direito de submeter o seu caso
do Estado de emprego e que se mostrarem às autoridades competentes do Estado a
compatíveis com o seu estatuto de traba- cuja jurisdição está sujeito esse emprega-
lhadores sazonais, levando em conta que dor, nos termos previstos no parágrafo 1 do
esses trabalhadores somente estão presen- artigo 18º da presente Convenção.
tes nesse Estado durante uma parte do ano.
3. Sem prejuízo dos acordos bilaterais ou
2. O Estado de emprego deverá ponderar, multilaterais aplicáveis, os Estados Partes
sem prejuízo do disposto no parágrafo 1 do interessados envidarão esforços no sentido
presente artigo, apossibilidade de conceder, de garantir que os trabalhadores vinculados
aos trabalhadores migrantes que tenham a projetos estejam devidamente protegidos
estado empregados no território do referi- pelos regimes de seguro social dos Estados
do Estado durante um período significativo, de origem ou de residência durante todo
a oportunidade de realizarem outras ativi- o tempo de participação no projeto. Nes-
dades remuneradas e de dar-lhes priorida- te sentido, os Estados Partes interessados
de em relação a outros trabalhadores que adotarão as medidas necessárias para evi-
pretendam ser admitidos nesse Estado, sem tar a denegação de direitos ou a duplicação
prejuízo dos acordos bilaterais e multilate- de contribuições.
rais aplicáveis.
4. Sem prejuízo do disposto no artigo 47º
da presente Convenção e dos acordos bila-
terais ou multilaterais pertinentes, os Esta-
dos Partes interessados deverão autorizar o

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pagamento das remunerações dos trabalha- PARTE VI


dores vinculados a um projeto no seu Esta-
do de origem ou de residência habitual. PROMOÇÃO DE CONDIÇÕES
Artigo 62. SAUDÁVEIS, EQÜITATIVAS,
DIGNAS E JUSTAS EM MATÉRIA DE
1. Os trabalhadores com um emprego es-
pecífico, conforme definidos na alínea g) do MIGRAÇÃO INTERNACIONAL DE
parágrafo 2 do artigo 2º da presente Con- TRABALHADORES MIGRANTES E DE
venção, deverão beneficiar de todos os di- MEMBROS DAS SUAS FAMÍLIAS
reitos previstos na parte IV, salvo o disposto
nas alíneas b) e c) do parágrafo 1 do artigo Artigo 64.
43º, na alínea d), parágrafo 1 do artigo 43º,
1. Sem prejuízo do disposto no artigo 79º
no que respeita os programas de habitação
da presente Convenção, os Estados Partes
social, no artigo 52º e na alínea d) do pará-
interessados deverão celebrar consultas e
grafo 1 do artigo 54º.
cooperar, quando for necessário, a fim de
2. Os membros das famílias dos trabalha- promover condições saudáveis, eqüitativas
dores com um emprego específico deverão e dignas no que se refere às migrações in-
beneficiar dos direitos relativos aos mem- ternacionais dos trabalhadores e dos mem-
bros das famílias dos trabalhadores migran- bros das suas famílias.
tes enunciados na parte IV da presente Con-
2. A este respeito, deverão ser tomadas de-
venção, com exceção do disposto no artigo
vidamente em conta não somente as ne-
53º.
cessidades e os recursos referente à mão-
Artigo 63. -de-obra, como também as necessidades
de natureza social, econômica, cultural e
1. Os trabalhadores autônomos, conforme outra dos trabalhadores migrantes e dos
definidos na alínea h) do parágrafo 2 do membros das suas famílias, assim como as
artigo 2º da presente Convenção, deverão conseqüências das migrações para as comu-
beneficiar de todos os direitos previstos na nidades envolvidas.
parte IV, salvo os direitos exclusivamente
aplicáveis aos trabalhadores assalariados. Artigo 65.

2. Sem prejuízo dos artigos 52º e 79º da 1. Os Estados Partes deverão manter servi-
presente Convenção, a cessação da ativida- ços apropriados para tratar as questões re-
de econômica dos trabalhadores autôno- lativas à migração internacional dos traba-
mos não implicará, por si só, a revogação da lhadores e dos membros das suas famílias.
autorização que lhes seja concedida, bem Compete-lhes, nomeadamente:
como aos membros das suas famílias, para
a) Formular e executar políticas relativas a
poderem permanecer e exercer uma ativi-
essas migrações;
dade remunerada no Estado de emprego,
salvo se a autorização de residência depen- b) Assegurar o intercâmbio de informações,
der expressamente da atividade remune- proceder a consultas e cooperar com as au-
rada específica para o exercício da qual te- toridades competentes dos outros Estados
nham sido admitidos. envolvidos nessas migrações;
c) Fornecer informações adequadas, espe-
cialmente aos empregadores, aos trabalha-
dores e às respectivas organizações, sobre
as políticas, legislação e regulamentação

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referentes à migração e ao emprego, sobre gãos, empregadores em potencial ou seus
os acordos relativos à migração celebrados representantes.
com outros Estados e outras questões per-
tinentes; Artigo 67.

d) Fornecer informações e prestar assistên- 1. Os Estados Partes interessados deverão


cia adequada aos trabalhadores migrantes cooperar, quando for necessário, com o ob-
e aos membros das suas famílias, no que jetivo de adotar medidas relativas ao retor-
se refere às autorizações, formalidades e no ordenado ao Estado de origem dos tra-
providências necessárias relativas à parti- balhadores migrantes e dos membros das
da, viagem, chegada, estada, atividades re- suas famílias, nos casos em que estes deci-
muneradas, saída e retorno, bem como às dam retornar, expire a sua autorização de
condições de trabalho e de vida no Estado residência ou de trabalho ou se encontrem
de emprego e, ainda, as disposições legais e em situação irregular no Estado de empre-
regulamentares vigentes em matéria adua- go.
neira, cambial, fiscal e outras. 2. Relativamente aos trabalhadores migran-
2. Os Estados Partes deverão facilitar, na tes e aos membros das suas famílias em
medida que for necessário, o acesso a ser- situação regular, os Estados Partes interes-
viços consulares adequados e outros servi- sados deverão cooperar, quando for neces-
ços que sejam necessários para satisfazer sário, conforme os termos por estes acorda-
as necessidades de natureza social, cultural dos, no sentido de promover as condições
e outra dos trabalhadores migrantes e dos econômicas adequadas à sua reinstalação e
membros das suas famílias. a facilitar a sua reintegração social e cultural
duradoura no Estado de origem.
Artigo 66.
Artigo 68.
1. Sem prejuízo do disposto no parágrafo 2
do presente artigo, somente serão autoriza- 1. Os Estados Partes, incluindo os Estados
dos a efetuar operações de recrutamento de trânsito, deverão cooperar a fim de pre-
de trabalhadores para ocuparem um em- venir e eliminar os movimentos e o traba-
prego em outro Estado: lho ilegais ou clandestinos de trabalhadores
migrantes em situação irregular. As medidas
a) Os serviços ou organismos oficiais do Es- adotadas pelos Estados interessados dentro
tado em que essas operações forem realiza- da sua jurisdição deverão incluir:
das;
a) Medidas apropriadas contra a divulgação
b) Os serviços ou organismos oficiais do Es- de informações que possam induzir a erro
tado de emprego, com base em acordo en- no que se refere à emigração e à imigração;
tre os Estados interessados;
b) Medidas destinadas a detectar e a elimi-
c) Os organismos instituídos no âmbito de nar os movimentos ilegais ou clandestinos
um acordo bilateral ou multilateral. de trabalhadores migrantes e de membros
das suas famílias e a impor sanções eficazes
2. Sob reserva da autorização, aprovação às pessoas, grupos ou entidades que organi-
e fiscalização por parte dos órgãos oficiais zem, realizem ou participem na organização
dos Estados Partes, estabelecidos em con- ou execução de tais movimentos;
formidade com a legislação e a prática dos
referidos Estados, poderão igualmente ser c) Medidas destinadas a impor sanções efi-
autorizados a efetuar essas operações ór- cazes às pessoas, grupos ou entidades que
recorram à violência, à ameaça ou à intimi-

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dação contra os trabalhadores migrantes ou dores migrantes ou dos membros das suas
os membros das suas famílias que se encon- famílias.
trem em situação irregular.
2. No que diz respeito à indenização pelo
2. Os Estados de emprego deverão ado- falecimento de um trabalhador migrante ou
tar todas as medidas adequadas e eficazes de um membro da sua família, os Estados
para eliminar o emprego, no seu território, Partes deverão, sempre que for convenien-
de trabalhadores migrantes em situação ir- te, atender às pessoas em questão com vis-
regular, impondo nomeadamente, se for o tas a assegurar a pronta resolução das ques-
caso, sanções aos seus empregadores. Essas tões relacionadas. A resolução das referidas
medidas não prejudicarão os direitos dos questões se efetuará com base na legislação
trabalhadores migrantes com relação aos nacional aplicável, de acordo com as dis-
seus empregadores, no que se refere a sua posições da presente Convenção e com os
situação empregatícia. acordos bilaterais ou multilaterais relevan-
tes pertinentes.
Artigo 69.
1. Os Estados Partes, em cujo território PARTE VII
se encontrem trabalhadores migrantes e
membros das suas famílias em situação irre- APLICAÇÃO DA CONVENÇÃO
gular, deverão tomar as medidas adequadas
Artigo 72.
para evitar que essa situação se prolongue.
1. a) Para efeitos da análise da aplicação da
2. Sempre que os Estados Partes interes-
presente Convenção, será instituído um Co-
sados considerem a possibilidade de re-
mitê para a Proteção dos Direitos de Todos
gularizar a situação dessas pessoas, em
os Trabalhadores Migrantes e dos Membros
conformidade com a legislação nacional e
das suas Famílias (doravante "o Comitê");
os acordos bilaterais ou multilaterais apli-
cáveis, deverão ter devidamente em conta b) O Comitê será composto de dez peritos,
as circunstâncias da sua entrada, a duração quando da entrada em vigor da presente
da sua estada no Estado de emprego, bem Convenção, e de quatorze peritos, após a
como outras considerações relevantes, em vigência da Convenção para o quadragési-
particular as que se relacionem com a sua mo primeiro Estado Parte, os quais deverão
situação familiar. possuir alta autoridade moral, imparciali-
dade e reconhecida competência na área
Artigo 70.
abrangida pela presente Convenção.
Os Estados Partes deverão adotar medidas não
2. a) Os membros do Comitê serão eleitos
menos favoráveis do que as aplicadas aos seus
por voto secreto pelos Estados Partes, a
nacionais para garantir que as condições de vida
partir de uma lista de candidatos nomeados
e de trabalho dos trabalhadores migrantes e dos
pelos Estados Partes, tomando em devida
membros das suas famílias em situação regular
consideração a necessidade de se assegurar
estejam de acordo com as normas de saúde, de
uma repartição geográfica eqüitativa, tan-
segurança e de higiene e aos princípios ineren-
to para os Estados de origem como para os
tes à dignidade humana.
Estados de emprego, e uma representação
Artigo 71. dos principais sistemas jurídicos. Cada Esta-
do Parte poderá nomear um perito dentre
1. Os Estados Partes deverão facilitar, quan- os seus nacionais;
do necessário, a repatriação para o Estado
de origem dos restos mortais dos trabalha- b) Os membros do Comitê serão eleitos e
exercerão as suas funções a título pessoal.

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3. A primeira eleição terá lugar nos seis c) Os membros do Comitê poderão ser re-
meses após a data em que a presente Con- eleitos nos casos em que forem nomeados
venção entrar em vigor, sendo que as elei- novamente.
ções subseqüentes se realizarão a cada dois
anos. Pelo menos quatro meses anterior- 6. Em caso do falecimento ou da demis-
mente à data de cada eleição, o Secretário- são de um membro do Comitê ou caso,
-Geral da Organização das Nações Unidas por qualquer outro motivo, um membro
convidará, por escrito, os Estados Partes a declarar que não pode continuar a exercer
proporem os seus candidatos num prazo de as funções do Comitê, o Estado Parte que
dois meses. O Secretário-Geral elaborará nomeou o referido membro designará um
uma lista alfabética dos candidatos assim outro perito dentre os seus nacionais para
apresentados, indicando os Estados Partes preencher a vaga até o término do manda-
que os nomearam e apresentando a refe- to. A designação estará sujeito à aprovação
rida lista, acompanhada do curriculum vi- do Comitê.
tae de cada candidato, aos Estados Partes 7. O Secretário-Geral da Organização das
na presente Convenção, no mais tardar um Nações Unidas colocará à disposição do Co-
mês anteriormente à data de cada eleição. mitê o pessoal e as instalações necessárias
4. As eleições dos membros do Comitê se para o desempenho das suas funções.
realizarão quando da celebração das reu- 8. Os membros do Comitê receberão emo-
niões dos Estados Partes convocadas pelo lumentos provenientes dos recursos finan-
Secretário-Geral na Organização das Nações ceiros da Organização das Nações Unidas,
Unidas. Nestas reuniões, em que o quorum segundo as condições e modalidades fixa-
é constituído por dois terços dos Estados das pela Assembléia Geral.
Partes, serão eleitos para o Comitê os can-
didatos que obtiverem o maior número de 9. Os membros do Comitê gozarão das fa-
votos e a maioria absoluta dos votos dos re- cilidades, privilégios e imunidades de que
presentantes dos Estados Partes presentes beneficiam os peritos em missão junto à Or-
e votantes. ganização das Nações Unidas, previstos nas
seções pertinentes da Convenção sobre Pri-
5. a) Os membros do Comitê serão eleitos vilégios e Imunidades das Nações Unidas.
por um período de quatro anos. O mandato
de cinco dos membros eleitos na primeira Artigo 73.
eleição expirará ao término de dois anos.
1. Os Estados Partes se comprometerão a
O presidente da reunião sorteará, imedia-
apresentar ao Comitê, através do Secretá-
tamente após a primeira eleição, os nomes
rio-Geral da Organização das Nações Uni-
dos cinco membros.
das, relatórios sobre as medidas legislativas,
b) A eleição dos quatro membros suple- judiciais, administrativas e de outra nature-
mentares do Comitê se realizará de acordo za que hajam adotado para dar aplicação às
com o disposto nos parágrafos 2, 3 e 4 do disposições da presente Convenção:
presente artigo, após a entrada em vigor da
a) Num prazo de um ano após a data da en-
Convenção para o quadragésimo primeiro
trada em vigor da presente Convenção para
Estado Parte. O mandato de dois dos mem-
o Estado Parte em questão;
bros suplementares eleitos nesta ocasião
expirará ao término de dois anos. O presi- b) Subseqüentemente, a cada cinco anos e
dente da reunião dos Estados Partes sortea- sempre que o Comitê o solicitar.
rá os nomes dos dois membros.
2. Os relatórios apresentados em aplicação
do presente artigo deverão também indi-

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car os fatores e as dificuldades, se houver, tes relatórios que se inscrevam no âmbito


que afetem a aplicação efetiva das disposi- dos respectivos mandatos.
ções da presente Convenção e conter infor-
mações sobre as características dos movi- 4. O Comitê poderá convidar as agências
mentos migratórios relativos ao Estado em especializadas e outros órgãos das Nações
questão. Unidas, bem como organizações inter-go-
vernamentais e outros organismos interes-
3. O Comitê estabelecerá as diretrizes apli- sados, a submeter, por escrito, para apre-
cáveis ao conteúdo dos relatórios. ciação pelo Comitê, informações sobre a
aplicação da presente Convenção nas áreas
4. Os Estados Partes assegurarão a ampla relativas a suas áreas de atividade.
divulgação dos seus relatórios nos seus pró-
prios países. 5. O Secretariado Internacional do Trabalho
será convidado pelo Comitê a designar os
Artigo 74. seus representantes para participarem, na
1. O Comitê examinará os relatórios apre- qualidade de consultores, nas reuniões do
sentados por cada Estado Parte e transmi- Comitê.
tirá ao Estado Parte em questão os comen- 6. O Comitê poderá convidar outras agên-
tários que julgar apropriados. Esse Estado cias especializadas e órgãos da Organização
Parte poderá submeter ao Comitê observa- das Nações Unidas, bem como organizações
ções sobre qualquer comentário feito pelo inter-governamentais, a fazerem-se repre-
Comitê ao abrigo do disposto no presente sentar nas suas reuniões quando for apre-
artigo. O Comitê poderá solicitar aos Esta- ciada a aplicação de disposições da pre-
dos Partes informações complementares. sente Convenção que se inscrevam no seu
2. Antes da abertura de cada sessão ordi- mandato.
nária do Comitê, o Secretário-Geral da Or- 7. O Comitê submeterá um relatório anual à
ganização das Nações Unidas transmitirá, Assembléia Geral das Nações Unidas sobre
oportunamente, ao Diretor-Geral do Se- a aplicação da presente Convenção, conten-
cretariado Internacional do Trabalho cópia do as suas observações e recomendações,
dos relatórios apresentados pelos Estados fundadas, nomeadamente, na apreciação
Partes interessados e informações úteis à dos relatórios e nas observações apresenta-
apreciação desses relatórios, de modo a das pelos Estados.
possibilitar ao Secretariado auxiliar o Co-
mitê disponibilizando conhecimentos espe- 8. O Secretário-Geral da Organização das
cializados que o Secretariado possa possuir Nações Unidas transmitirá os relatórios
com relação às matérias abordadas na pre- anuais do Comitê aos Estados Partes na pre-
sente Convenção que se inscrevam no man- sente Convenção, ao Conselho Econômico e
dato da Organização Internacional do Tra- Social, à Comissão dos Direitos do Homem
balho. O Comitê deverá ter em conta, nas da Organização das Nações Unidas, ao Dire-
suas deliberações, todos os comentários e tor-Geral do Secretariado Internacional do
documentos que o Secretariado lhe possa Trabalho e a outras organizações relevantes
facultar. pertinentes.
3. O Secretário-Geral da Organização das Artigo 75.
Nações Unidas poderá, de igual modo, ou-
vido o Comitê, transmitir a outras agências 1. O Comitê adotará o seu Regulamento in-
especializadas, bem como a organizações terno.
inter-governamentais, cópia de partes des-

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2. O Comitê elegerá o seu secretariado por b) Se, no prazo de seis meses a contar da
um período de dois anos. data do recebimento pelo Estado destinatá-
rio da comunicação inicial, a questão não ti-
3. O Comitê se reunirá em regra anualmen- ver sido resolvida de forma satisfatória para
te. ambos os Estados Partes interessados, qual-
4. As reuniões do Comitê habitualmente quer um dos referidos Estados terá o direito
terão lugar na sede da Organização das Na- de submeter a questão à apreciação do Co-
ções Unidas. mitê, mediante notificação feita ao Comitê
e ao outro Estado interessado;
Artigo 76.
c) O Comitê somente examinará a questão
1. Qualquer Estado Parte na presente Con- após verificar que todos as vias de recurso
venção poderá, em virtude do presente ar- internas disponíveis foram esgotadas, em
tigo, declarar, em qualquer momento, que conformidade com os princípios geralmente
reconhece a competência do Comitê para reconhecidos do Direito internacional. Esta
receber e apreciar comunicações de um Es- regra não se aplicará quando o Comitê jul-
tado Parte, invocando o não cumprimento gar que os procedimentos de recurso ultra-
por outro Estado das obrigações decorren- passam os prazos razoáveis;
tes da presente Convenção. As comunica-
ções apresentadas ao abrigo do disposto d) Sob reserva das disposições da alínea c)
neste artigo somente poderão ser recebidas do presente parágrafo, o Comitê se colocará
e apreciadas se forem provenientes de um à disposição dos Estados Partes interessa-
Estado que tenha feito uma declaração, re- dos, a fim de obter a solução amigável do
conhecendo a competência do Comitê, no litígio, fundada no respeito das obrigações
que lhe diz respeito. O Comitê não receberá enunciadas na presente Convenção;
as comunicações apresentadas por um Es- e) O Comitê se reunirá à porta fechada para
tado que não tenha feito tal declaração. Às examinar as comunicações recebidas nos
comunicações recebidas nos termos do pre- termos do presente artigo;
sente artigo será aplicável o seguinte proce-
dimento: f) O Comitê poderá solicitar aos Estados
interessados, referidos na alínea b) do pre-
a) Se um Estado Parte na presente Conven- sente parágrafo, as informações que julgar
ção considerar que outro Estado Parte não pertinentes com relação a qualquer ques-
está cumprindo as obrigações impostas tão submetida nos termos da alínea b) do
pela presente Convenção, esse Estado po- parágrafo;
derá, por comunicação escrita, chamar a
atenção desse Estado para o referido des- g) Os Estados Partes interessados, referidos
cumprimento. O Estado Parte poderá, tam- na alínea b) do presente parágrafo, terão o
bém, levar esta questão ao conhecimento direito a ser representados quando da apre-
do Comitê. Num prazo de três meses a con- ciação da questão pelo Comitê e de apre-
tar da recepção da comunicação, o Estado sentar declarações orais e / ou escritas;
destinatário dirigirá, por escrito, ao Estado
que, fez a comunicação uma explicação ou h) O Comitê apresentará um relatório, no
outras declarações destinadas a esclarecer prazo de doze meses a contar do recebi-
o assunto, que deverão incluir, na medida mento da notificação prevista na alínea b)
possível e pertinente, indicação sobre as do presente número, nos seguintes termos:
regras processuais e os meios de recurso, (i) Se uma solução for alcançada nos termos
pendentes ou disponíveis, já utilizados; da alínea d) do presente número, o Comi-

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tê limitará o seu relatório a uma exposição comunicação relativa a um Estado Parte que
breve dos fatos e da solução alcançada; não tiver apresentado a referida declaração.
(ii) Se uma solução não for alcançada nos 2. O Comitê declarará inadmissível uma co-
termos da alínea d) do presente número, o municação apresentada nos termos do pre-
Comitê deverá expor, no seu relatório, os fa- sente artigo que seja anônima ou julgada
tos relevantes relativos ao objeto da disputa abusiva ou incompatível com as disposições
entre os Estados Partes interessados. O tex- da presente Convenção.
to das declarações escritas e o auto das de-
clarações orais apresentadas pelos Estados 3. O Comitê não examinará nenhuma comu-
Partes interessados serão anexados ao rela- nicação submetida por uma pessoa, nos ter-
tório. O Comitê poderá também comunicar mos do presente artigo, até verificar se:
apenas aos Estados Partes interessados as a) A mesma questão já não foi ou não tenha
opiniões que julgar pertinentes. O relatório sido submetida a outra instância internacio-
será comunicado aos Estados Partes inte- nal de inquérito ou de decisão;
ressados.
b) O interessado já esgotou os recursos in-
2. As disposições do presente artigo entra- ternos disponíveis; essa regra não se aplica-
rão em vigor quando dez Estados Partes na rá quando, na opinião do Comitê, os proce-
presente Convenção tiverem feito a decla- dimentos de recurso ultrapassam os prazos
ração prevista no parágrafo 1 deste artigo. razoáveis ou se é pouco provável que as vias
A declaração será depositada pelo Estado de recurso satisfaçam efetivamente o inte-
Parte junto ao Secretário-Geral da Organi- ressado.
zação das Nações Unidas, que transmitirá
uma cópia aos outros Estados Partes. A de- 4. Sob reserva das disposições do nº 2 do
claração poderá ser retirada em qualquer presente artigo, o Comitê dará conheci-
momento mediante notificação feita ao mento das comunicações apresentadas, nos
Secretário-Geral. A retirada não prejudicará termos deste artigo, ao Estado Parte na pre-
a apreciação de qualquer questão que já te- sente Convenção que tiver feito uma decla-
nha sido transmitida nos termos do presen- ração nos termos do parágrafo 1 e estiver,
te artigo; nenhuma outra comunicação de segundo alegado, violando uma disposição
um Estado Parte será recebida ao abrigo do da Convenção. No prazo de seis meses, o
presente artigo após o recebimento, pelo Estado recebedor submeterá explicações ou
Secretário-Geral, da notificação da retirada declarações, por escrito, ao Comitê esclare-
da declaração, a menos que o Estado Parte cendo o assunto e indicando as medidas, se
interessado tenha formulado uma nova de- houver, que tenha adotado.
claração.
5. O Comitê examinará as comunicações
Artigo 77. recebidas nos termos do presente artigo,
tendo em conta todas as informações for-
Qualquer Estado Parte na presente Convenção necidas pelo interessado ou em seu nome e
poderá, a qualquer momento, declarar, nos ter- pelo Estado em causa.
mos do presente artigo, que reconhece a com-
petência do Comitê para receber e examinar co- 6. O Comitê se reunirá à porta fechada para
municações apresentadas por pessoas sujeitas à examinar as comunicações recebidas nos
sua jurisdição ou em seu nome, alegando a vio- termos do presente artigo.
lação por esse Estado Parte dos seus direitos in-
7. O Comitê transmitirá as suas conclusões
dividuais, conforme estabelecidos pela presente
ao Estado Parte em causa e ao interessado.
Convenção. O Comitê não receberá nenhuma

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8. As disposições do presente artigo entra- lias, os Estados Partes estarão sujeitos às limita-
rão em vigor quando dez Estados Partes na ções impostas pela presente Convenção.
presente Convenção tiverem feito a decla-
ração prevista no parágrafo 1 do presente Artigo 80.
artigo. Tal declaração será depositada pelo Nenhuma disposição da presente Convenção
Estado Parte junto ao Secretário-Geral da deve ser interpretada como afetando as dispo-
Organização das Nações Unidas, que trans- sições da Carta das Nações Unidas e dos atos
mitirá cópia aos outros Estados Partes. A constitutivos das agências especializadas que
declaração poderá ser retirada em qual- definem as responsabilidades respectivas dos
quer momento por notificação dirigida ao diversos órgãos da Organização das Nações Uni-
Secretário-Geral. A retirada não prejudica- das e das agências especializadas no que respei-
rá a apreciação de uma questão objeto de ta às questões abordadas na presente Conven-
uma comunicação já apresentada, nos ter- ção.
mos do presente artigo. Nenhuma comuni-
cação apresentada por um indivíduo, ou em Artigo 81.
seu nome, nos termos do presente artigo, 1. Nenhuma disposição da presente Con-
será recebida depois do recebimento, pelo venção afetará as disposições mais favorá-
Secretário-Geral, da notificação da retirada veis à realização dos direitos ou ao exercício
da declaração, a menos que o Estado Parte das liberdades dos trabalhadores migrantes
tenha formulado uma nova declaração. e dos membros das suas famílias em decor-
Artigo 78. rência:

As disposições do artigo 76º da presente Con- a) Da legislação ou da prática de um Estado


venção aplicar-se-ão sem prejuízo de qualquer Parte; ou
processo de resolução de controvérsias ou de b) De qualquer tratado bilateral ou multila-
denúncias relativas às áreas abrangidas pela teral em vigor para esse Estado.
presente Convenção, conforme previsto nos
instrumentos constitutivos e convenções da Or- 2. Nenhuma disposição da presente Con-
ganização das Nações Unidas e das agências es- venção deve ser interpretada como impli-
pecializadas, e não impedirão os Estados Partes cando para um Estado, grupo ou pessoa, o
de recorrerem a qualquer outro processo de re- direito a dedicar-se a uma atividade ou a
solução de controvérsias em conformidade com realizar um ato que afete os direitos ou as
os acordos internacionais vigentes que tenham liberdades enunciados na presente Conven-
sido celebrados entre esses Estados. ção.

PARTE VIII Artigo 82.


Os direitos dos trabalhadores migrantes e dos
DISPOSIÇÕES GERAIS membros das suas famílias previstos na presen-
Artigo 79. te Convenção não poderão ser objeto de renún-
cia. Não será permitido exercer qualquer forma
Nenhuma disposição da presente Convenção de pressão sobre os trabalhadores migrantes
afetará o direito de cada Estado Parte de esta- e os membros das suas famílias para que re-
belecer os critérios de admissão de trabalhado- nunciem a estes direitos ou se abstenham de
res migrantes e de membros das suas famílias. os exercer. Não será possível a derrogação por
contrato dos direitos reconhecidos na presente
No que se refere às outras questões relativas ao Convenção. Os Estados Partes tomarão as me-
estatuto jurídico e ao tratamento dos trabalha- didas adequadas para garantir que estes princí-
dores migrantes e dos membros das suas famí- pios sejam respeitados.

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Artigo 83. Artigo 87.


Cada Estado Parte na presente Convenção com- 1. A presente Convenção entrará em vigor
promete-se: no primeiro dia do mês seguinte ao término
de um período de três meses após a data do
a) A garantir que todas as pessoas cujos depósito do vigésimo instrumento de ratifi-
direitos e liberdades reconhecidos na pre- cação ou de adesão.
sente Convenção tenham sido violados dis-
ponham de um recurso efetivo, ainda que a 2. Para cada um dos Estados que ratificarem
violação tenha sido cometida por pessoas a presente Convenção ou a ela aderirem
no exercício de funções oficiais; após a sua entrada em vigor, a Convenção
entrará em vigor no primeiro dia do mês se-
b) A garantir que, ao exercer tal recurso, guinte a um período de três meses após a
os interessados possam ver a sua queixa data do depósito, por parte desse Estado,
apreciada e decidida por uma autoridade do seu instrumento de ratificação ou de
judiciária, administrativa ou legislativa com- adesão.
petente, ou por qualquer outra autoridade
competente prevista no sistema jurídico do Artigo 88.
Estado, e a desenvolverem as possibilidades
de recurso judicial; Um Estado que ratificar a presente Convenção
ou a ela aderir não poderá excluir a aplicação de
c) A garantir que as autoridades competen- qualquer uma das suas partes ou, sem prejuízo
tes dêem seguimento ao recurso quando do artigo 3º, excluir da sua aplicação uma cate-
este for considerado fundado. goria qualquer de trabalhadores migrantes.
Artigo 84. Artigo 89.
Cada Estado Parte deverá se comprometer a 1. Qualquer Estado Parte poderá denunciar
adotar todas as medidas legislativas e outras a presente Convenção, após o decurso de
que se afigurem necessárias à aplicação das dis- um período de cinco anos, a contar da data
posições da presente Convenção. da entrada em vigor da Convenção para
esse Estado, por via de notificação escrita
PARTE IX dirigida ao Secretário-Geral da Organização
das Nações Unidas.
DISPOSIÇÕES FINAIS
2. A denúncia produzirá efeito no primeiro
Artigo 85. dia do mês seguinte ao término de um pe-
ríodo de doze meses após a data de recebi-
O Secretário-Geral das Nações Unidas é desig- mento da notificação pelo Secretário-Geral.
nado como depositário da presente Convenção.
3. A denúncia não desvinculará o Estado
Artigo 86. Parte das obrigações que para si decorrem
1. Qualquer Estado poderá assinar a presen- da presente Convenção relativamente a
te Convenção. Estará sujeita a ratificação. qualquer ato ou omissão praticado ante-
riormente à data em que a denúncia produz
2. Qualquer Estado poderá aderir à presen- efeito, nem impedirá, de modo algum, que
te Convenção. uma questão submetida ao Comitê ante-
riormente à data em que a denúncia produz
3. Os instrumentos de ratificação ou de ade-
efeito seja apreciada.
são serão depositados junto do Secretário-
-Geral das Nações Unidas. 4. Após a data em que a denúncia produzir
efeito para um Estado Parte, o Comitê não

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apreciará mais nenhuma questão nova res- 2. Não será autorizada nenhuma reserva
peitante a esse Estado. incompatível com o objeto e com o fim da
presente Convenção.
Artigo 90.
3. As reservas poderão ser retiradas em
1. Depois de transcorrido o prazo de cinco qualquer momento por via de notificação
anos, a contar da data da entrada em vigor dirigida ao Secretário-Geral da Organização
da presente Convenção, qualquer Estado das Nações Unidas, o qual informará todos
poderá, em qualquer momento, propor a os Estados. A notificação produzirá efeito na
revisão da Convenção por via de notificação data do seu recebimento pelo Secretário-
dirigida ao Secretário-Geral da Organiza- -Geral.
ção das Nações Unidas. O Secretário-Geral
transmitirá, em seguida, a proposta de revi- Artigo 92.
são aos Estados Partes, solicitando que lhe
seja comunicado se são favoráveis à convo- 1. Em caso de uma controvérsia envolvendo
cação de uma conferência de Estados Par- dois ou mais Estados relativamente à inter-
tes para apreciação e votação da proposta. pretação ou aplicação da presente Conven-
Se, nos quatro meses subseqüentes a essa ção, que não for resolvida por negociação,
comunicação, pelo menos um terço dos esta será submetida a processo de arbitra-
Estados Partes se declarar a favor da reali- gem a pedido de um dos Estados interessa-
zação da referida conferência, o Secretário- dos. Caso, no prazo de seis meses, a contar
-Geral convoca-la-á sob os auspícios da Or- da data do pedido de arbitragem, as Partes
ganização das Nações Unidas. As emendas não chegarem a um acordo sobre a organi-
adotadas pela maioria dos Estados Partes zação da arbitragem, a controvérsia poderá
presentes e votantes na conferência serão ser submetida ao Tribunal Internacional de
submetidas à Assembléia Geral para apro- Justiça, em conformidade com o Estatuto
vação. do Tribunal, por iniciativa de qualquer uma
das Partes.
2. As emendas entrarão em vigor quando
aprovadas pela Assembléia Geral das Na- 2. Qualquer Estado Parte poderá, no mo-
ções Unidas e aceites por uma maioria de mento da assinatura ou do depósito do ins-
dois terços dos Estados Partes, em confor- trumento de ratificação ou de adesão da
midade com as respectivas normas consti- presente Convenção, declarar que não se
tucionais. considera vinculado pelas disposições do
parágrafo 1 do presente artigo. Os outros
3. Quando uma emenda entrar em vigor, Estados Partes não ficarão vinculados às
terá força vinculativa para os Estados que a referidas disposições em relação ao Estado
aceitarem, ficando os outros Estados Partes Parte que tiver formulado tal declaração.
ligados pelas disposições da presente Con-
venção e por todas as emendas anteriores 3. Qualquer Estado Parte que tiver formula-
que tenham aceitado. do uma declaração nos termos do parágrafo
2 anterior poderá, em qualquer momento,
Artigo 91. retirá-la mediante notificação dirigida ao
Secretário-Geral da Organização das Nações
1. O Secretário-Geral da Organização das Unidas.
Nações Unidas receberá e comunicará a
todos os Estados o texto das reservas que Artigo 93.
forem feitas pelos Estados no momento da
assinatura, da ratificação ou da adesão. 1. A presente Convenção, cujos textos em
árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e
russo são igualmente autênticos, será depo-

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sitada junto ao Secretário-Geral da Organi-


zação das Nações Unidas.
2. O Secretário-Geral da Organização das
Nações Unidas transmitirá cópia autentica-
da da presente Convenção a todos os Esta-
dos.
Em fé do que os plenipotenciários abaixo
assinados, devidamente habilitados pe-
los seus governos respectivos, assinaram a
Convenção.

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TRATADOS DO SISTEMA AMERICANO

CARTA DA ORGANIZAÇÃO DOS gresso e à civilização do mundo exigirá,


ESTADOS AMERICANOS (1948) cada vez mais, uma intensa cooperação
continental;

(Reformada pelo Protocolo de Buenos Aires Resolvidos a perseverar na nobre empresa


em 1967, pelo Protocolo de Cartagena das que a Humanidade confiou às Nações Uni-
Índias em 1985, pelo Protocolo de Washing- das, cujos princípios e propósitos reafirmam
ton em 1992 e pelo Protocolo de Manágua solenemente;
em 1993) Convencidos de que a organização jurídica
EM NOME DOS SEUS POVOS, OS ESTADOS é uma condição necessária à segurança e à
REPRESENTADOS NA NONA CONFERÊNCIA paz, baseadas na ordem moral e na justiça;
INTERNACIONAL AMERICANA, e

Convencidos de que a missão histórica da De acordo com a Resolução IX da Confe-


América é oferecer ao Homem uma terra rência sobre Problemas da Guerra e da Paz,
de liberdade e um ambiente favorável ao reunida na cidade do México,
desenvolvimento de sua personalidade e à RESOLVERAM
realização de suas justas aspirações;
Assinar a seguinte
Conscientes de que esta missão já inspirou
numerosos convênios e acordos cuja vir- CARTA DA ORGANIZAÇÃO DOS
tude essencial se origina do seu desejo de ESTADOS AMERICANOS
conviver em paz e de promover, mediante
sua mútua compreensão e seu respeito pela PRIMEIRA PARTE
soberania de cada um, o melhoramento de
todos na independência, na igualdade e no
direito;
CAPÍTULO I
Seguros de que a democracia representati- NATUREZA E PROPÓSITOS
va é condição indispensável para a estabili-
dade, a paz e o desenvolvimento da região; Artigo 1º
Certos de que o verdadeiro sentido da so- Os Estados americanos consagram nesta Carta
lidariedade americana e da boa vizinhança a organização internacional que vêm desen-
não pode ser outro senão o de consolidar volvendo para conseguir uma ordem de paz e
neste Continente, dentro do quadro das de justiça, para promover sua solidariedade,
instituições democráticas, um regime de li- intensificar sua colaboração e defender sua
berdade individual e de justiça social, fun- soberania, sua integridade territorial e sua in-
dado no respeito dos direitos essenciais do dependência. Dentro das Nações Unidas, a Or-
Homem; ganização dos Estados Americanos constitui um
organismo regional.
Persuadidos de que o bem-estar de todos
eles, assim como sua contribuição ao pro-

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A Organização dos Estados Americanos não tem CAPÍTULO II


mais faculdades que aquelas expressamente PRINCÍPIOS
conferidas por esta Carta, nenhuma de cujas
disposições a autoriza a intervir em assuntos da Artigo 3º
jurisdição interna dos Estados membros.
Os Estados americanos reafirmam os seguintes
Artigo 2º princípios:
Para realizar os princípios em que se baseia e a) O direito internacional é a norma de
para cumprir com suas obrigações regionais, de conduta dos Estados em suas relações recí-
acordo com a Carta das Nações Unidas, a Or- procas;
ganização dos Estados Americanos estabelece
como propósitos essenciais os seguintes: b) A ordem internacional é constituída es-
sencialmente pelo respeito à personalida-
a) Garantir a paz e a segurança continen- de, soberania e independência dos Estados
tais; e pelo cumprimento fiel das obrigações
b) Promover e consolidar a democracia re- emanadas dos tratados e de outras fontes
presentativa, respeitado o princípio da não- do direito internacional;
-intervenção; c) A boa-fé deve reger as relações dos Esta-
c) Prevenir as possíveis causas de dificulda- dos entre si;
des e assegurar a solução pacífica das con- d) A solidariedade dos Estados americanos
trovérsias que surjam entre seus membros; e os altos fins a que ela visa requerem a or-
d) Organizar a ação solidária destes em ganização política dos mesmos, com base
caso de agressão; no exercício efetivo da democracia repre-
sentativa;
e) Procurar a solução dos problemas polí-
ticos, jurídicos e econômicos que surgirem e) Todo Estado tem o direito de escolher,
entre os Estados membros; sem ingerências externas, seu sistema polí-
tico, econômico e social, bem como de orga-
f) Promover, por meio da ação cooperati- nizar-se da maneira que mais lhe convenha,
va, seu desenvolvimento econômico, social e tem o dever de não intervir nos assuntos
e cultural; de outro Estado. Sujeitos ao acima dispos-
to, os Estados americanos cooperarão am-
g) Erradicar a pobreza crítica, que constitui plamente entre si, independentemente da
um obstáculo ao pleno desenvolvimento natureza de seus sistemas políticos, econô-
democrático dos povos do Hemisfério; e micos e sociais;
h) Alcançar uma efetiva limitação de arma- f) A eliminação da pobreza crítica é parte
mentos convencionais que permita dedicar essencial da promoção e consolidação da
a maior soma de recursos ao desenvolvi- democracia representativa e constitui res-
mento econômico-social dos Estados mem- ponsabilidade comum e compartilhada dos
bros. Estados americanos;
g) Os Estados americanos condenam a
guerra de agressão: a vitória não dá direi-
tos;
h) A agressão a um Estado americano cons-
titui uma agressão a todos os demais Esta-
dos americanos;

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i) As controvérsias de caráter internacio- disposto a assinar e ratificar a Carta da Organi-
nal, que surgirem entre dois ou mais Esta- zação, bem como a aceitar todas as obrigações
dos americanos, deverão ser resolvidas por inerentes à condição de membro, em especial
meio de processos pacíficos; as referentes à segurança coletiva, menciona-
das expressamente nos artigos 28 e 29.
j) A justiça e a segurança sociais são bases
de uma paz duradoura; Artigo 7º
k) A cooperação econômica é essencial A Assembléia Geral, após recomendação do
para o bem-estar e para a prosperidade co- Conselho Permanente da Organização, deter-
muns dos povos do Continente; minará se é procedente autorizar o Secretário-
-Geral a permitir que o Estado solicitante assine
l) Os Estados americanos proclamam os a Carta e a aceitar o depósito do respectivo ins-
direitos fundamentais da pessoa humana, trumento de ratificação. Tanto a recomendação
sem fazer distinção de raça, nacionalidade, do Conselho Permanente como a decisão da As-
credo ou sexo; sembléia Geral requererão o voto afirmativo de
m) A unidade espiritual do Continente ba- dois terços dos Estados membros.
seia-se no respeito à personalidade cultural Artigo 8º
dos países americanos e exige a sua estreita
colaboração para as altas finalidades da cul- A condição de membro da Organização estará
tura humana; restringida aos Estados independentes do Con-
tinente que, em 10 de dezembro de 1985, forem
n) A educação dos povos deve orientar-se membros das Nações Unidas e aos territórios
para a justiça, a liberdade e a paz. não-autônomos mencionados no documento
OEA/Ser.P, AG/doc.1939/85, de 5 de novembro
de 1985, quando alcançarem a sua independên-
cia.
CAPÍTULO III
MEMBROS Artigo 9º

Artigo 4º Um membro da Organização, cujo governo de-


mocraticamente constituído seja deposto pela
São membros da Organização todos os Estados força, poderá ser suspenso do exercício do di-
americanos que ratificarem a presente Carta. reito de participação nas sessões da Assembléia
Geral, da Reunião de Consulta, dos Conselhos
Artigo 5º
da Organização e das Conferências Especializa-
Na Organização será admitida toda nova entida- das, bem como das comissões, grupos de traba-
de política que nasça da união de seus Estados lho e demais órgãos que tenham sido criados.
membros e que, como tal, ratifique esta Carta.
a) A faculdade de suspensão somente será
O ingresso da nova entidade política na Organi-
exercida quando tenham sido infrutíferas
zação redundará para cada um dos Estados que
as gestões diplomáticas que a Organização
a constituam em perda da qualidade de mem-
houver empreendido a fim de propiciar o
bro da Organização.
restabelecimento da democracia represen-
Artigo 6º tativa no Estado membro afetado;
Qualquer outro Estado americano independen- b) A decisão sobre a suspensão deverá
te que queira ser membro da Organização de- ser adotada em um período extraordinário
verá manifestá-lo mediante nota dirigida ao Se- de sessões da Assembléia Geral, pelo voto
cretário-Geral, na qual seja consignado que está

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afirmativo de dois terços dos Estados mem- Artigo 12.


bros;
Os direitos fundamentais dos Estados não po-
c) A suspensão entrará em vigor imediata- dem ser restringidos de maneira alguma.
mente após sua aprovação pela Assembléia
Geral; Artigo 13.

d) Não obstante a medida de suspensão, a A existência política do Estado é independente


Organização procurará empreender novas do seu reconhecimento pelos outros Estados.
gestões diplomáticas destinadas a coadju- Mesmo antes de ser reconhecido, o Estado tem
var o restabelecimento da democracia re- o direito de defender a sua integridade e inde-
presentativa no Estado membro afetado; pendência, de promover a sua conservação e
prosperidade, e, por conseguinte, de se organi-
e) O membro que tiver sido objeto de sus- zar como melhor entender, de legislar sobre os
pensão deverá continuar observando o seus interesses, de administrar os seus serviços
cumprimento de suas obrigações com a Or- e de determinar a jurisdição e a competência
ganização; dos seus tribunais. O exercício desses direitos
não tem outros limites senão o do exercício dos
f) A Assembléia Geral poderá levantar a direitos de outros Estados, conforme o direito
suspensão mediante decisão adotada com a internacional.
aprovação de dois terços dos Estados mem-
bros; e Artigo 14.
g) As atribuições a que se refere este artigo O reconhecimento significa que o Estado que o
se exercerão de conformidade com a pre- outorga aceita a personalidade do novo Estado
sente Carta. com todos os direitos e deveres que, para um e
outro, determina o direito internacional.
Artigo 15.
CAPÍTULO IV O direito que tem o Estado de proteger e desen-
DIREITOS E DEVERES volver a sua existência não o autoriza a praticar
FUNDAMENTAIS DOS ESTADOS atos injustos contra outro Estado.

Artigo 10. Artigo 16.

Os Estados são juridicamente iguais, desfrutam A jurisdição dos Estados nos limites do território
de iguais direitos e de igual capacidade para nacional exerce-se igualmente sobre todos os
exercê-los, e têm deveres iguais. Os direitos de habitantes, quer sejam nacionais ou estrangei-
cada um não dependem do poder de que dis- ros.
põem para assegurar o seu exercício, mas sim Artigo 17.
do simples fato da sua existência como persona-
lidade jurídica internacional. Cada Estado tem o direito de desenvolver, livre
e espontaneamente, a sua vida cultural, política
Artigo 11. e econômica. No seu livre desenvolvimento, o
Todo Estado americano tem o dever de respei- Estado respeitará os direitos da pessoa humana
tar os direitos dos demais Estados de acordo e os princípios da moral universal.
com o direito internacional. Artigo 18.
O respeito e a observância fiel dos tratados
constituem norma para o desenvolvimento das

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relações pacíficas entre os Estados. Os tratados CAPÍTULO V
e acordos internacionais devem ser públicos. SOLUÇÃO PACÍFICA DE
Artigo 19. CONTROVÉRSIAS
Nenhum Estado ou grupo de Estados tem o di- Artigo 24.
reito de intervir, direta ou indiretamente, seja
qual for o motivo, nos assuntos internos ou As controvérsias internacionais entre os Estados
externos de qualquer outro. Este princípio ex- membros devem ser submetidas aos processos
clui não somente a força armada, mas também de solução pacífica indicados nesta Carta.
qualquer outra forma de interferência ou de Esta disposição não será interpretada no sen-
tendência atentatória à personalidade do Esta- tido de prejudicar os direitos e obrigações dos
do e dos elementos políticos, econômicos e cul- Estados membros, de acordo com os artigos 34
turais que o constituem. e 35 da Carta das Nações Unidas.
Artigo 20. Artigo 25.
Nenhum Estado poderá aplicar ou estimular São processos pacíficos: a negociação direta, os
medidas coercivas de caráter econômico e po- bons ofícios, a mediação, a investigação e conci-
lítico, para forçar a vontade soberana de outro liação, o processo judicial, a arbitragem e os que
Estado e obter deste vantagens de qualquer na- sejam especialmente combinados, em qualquer
tureza. momento, pelas partes.
Artigo 21. Artigo 26.
O território de um Estado é inviolável; não pode Quando entre dois ou mais Estados america-
ser objeto de ocupação militar, nem de outras nos surgir uma controvérsia que, na opinião de
medidas de força tomadas por outro Estado, um deles, não possa ser resolvida pelos meios
direta ou indiretamente, qualquer que seja o diplomáticos comuns, as partes deverão convir
motivo, embora de maneira temporária. Não em qualquer outro processo pacífico que lhes
se reconhecerão as aquisições territoriais ou as permita chegar a uma solução.
vantagens especiais obtidas pela força ou por
qualquer outro meio de coação. Artigo 27.
Artigo 22. Um tratado especial estabelecerá os meios ade-
quados para solução das controvérsias e deter-
Os Estados americanos se comprometem, em minará os processos pertinentes a cada um dos
suas relações internacionais, a não recorrer ao meios pacíficos, de forma a não permitir que
uso da força, salvo em caso de legítima defesa, controvérsia alguma entre os Estados america-
em conformidade com os tratados vigentes, ou nos possa ficar sem solução definitiva, dentro
em cumprimento dos mesmos tratados. de um prazo razoável.
Artigo 23.
As medidas adotadas para a manutenção da paz
e da segurança, de acordo com os tratados vi- CAPÍTULO VI
gentes, não constituem violação aos princípios SEGURANÇA COLETIVA
enunciados nos artigos 19 e 21.
Artigo 28.
Toda agressão de um Estado contra a integrida-
de ou a inviolabilidade do território, ou contra
a soberania, ou a independência política de um

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Estado americano, será considerada como um fixar em seus planos de desenvolvimento, sem
ato de agressão contra todos os demais Estados vinculações nem condições de caráter político.
americanos.
Artigo 32.
Artigo 29.
A cooperação interamericana para o desenvolvi-
Se a inviolabilidade, ou a integridade do territó- mento integral deve ser contínua e encaminhar-
rio, ou a soberania, ou a independência política -se, de preferência, por meio de organismos
de qualquer Estado americano forem atingidas multilaterais, sem prejuízo da cooperação bila-
por um ataque armado, ou por uma agressão teral acordada entre os Estados membros.
que não seja ataque armado, ou por um conflito
extracontinental, ou por um conflito entre dois Os Estados membros contribuirão para a coope-
ou mais Estados americanos, ou por qualquer ração interamericana para o desenvolvimento
outro fato ou situação que possa pôr em peri- integral, de acordo com seus recursos e possibi-
go a paz da América, os Estados americanos, lidades e em conformidade com suas leis.
em obediência aos princípios de solidariedade Artigo 33.
continental, ou de legítima defesa coletiva, apli-
carão as medidas e processos estabelecidos nos O desenvolvimento é responsabilidade primor-
tratados especiais existentes sobre a matéria. dial de cada país e deve constituir um proces-
so integral e continuado para a criação de uma
ordem econômica e social justa que permita a
plena realização da pessoa humana e para isso
CAPÍTULO VII contribua.
DESENVOLVIMENTO INTEGRAL Artigo 34.
Artigo 30. Os Estados membros convêm em que a igualda-
de de oportunidades, a eliminação da pobreza
Os Estados membros, inspirados nos princípios
crítica e a distribuição eqüitativa da riqueza e da
de solidariedade e cooperação interamericanas,
renda, bem como a plena participação de seus
comprometem-se a unir seus esforços no senti-
povos nas decisões relativas a seu próprio de-
do de que impere a justiça social internacional
senvolvimento, são, entre outros, objetivos bá-
em suas relações e de que seus povos alcancem
sicos do desenvolvimento integral. Para alcançá-
um desenvolvimento integral, condições indis-
-los convêm, da mesma forma, em dedicar seus
pensáveis para a paz e a segurança. O desen-
maiores esforços à consecução das seguintes
volvimento integral abrange os campos econô-
metas básicas:
mico, social, educacional, cultural, científico e
tecnológico, nos quais devem ser atingidas as a) Aumento substancial e auto-sustentado
metas que cada país definir para alcançá-lo. do produto nacional per capita;
Artigo 31. b) Distribuição eqüitativa da renda nacio-
nal;
A cooperação interamericana para o desenvol-
vimento integral é responsabilidade comum e c) Sistemas tributários adequados e eqüi-
solidária dos Estados membros, no contexto dos tativos;
princípios democráticos e das instituições do
Sistema Interamericano. Ela deve compreender d) Modernização da vida rural e reformas
os campos econômico, social, educacional, cul- que conduzam a regimes eqüitativos e efi-
tural, científico e tecnológico, apoiar a consecu- cazes de posse da terra, maior produtivida-
ção dos objetivos nacionais dos Estados mem- de agrícola, expansão do uso da terra, diver-
bros e respeitar as prioridades que cada país sificação da produção e melhores sistemas
para a industrialização e comercialização de

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produtos agrícolas, e fortalecimento e am- à jurisdição dos tribunais nacionais competen-
pliação dos meios para alcançar esses fins; tes dos países receptores, bem como aos trata-
dos e convênios internacionais dos quais estes
e) Industrialização acelerada e diversifica- sejam parte, e devem ajustar-se à política de de-
da, especialmente de bens de capital e in- senvolvimento dos países receptores.
termediários;
Artigo 37.
f) Estabilidade do nível dos preços inter-
nos, em harmonia com o desenvolvimento Os Estados membros convêm em buscar, cole-
econômico sustentado e com a consecução tivamente, solução para os problemas urgentes
da justiça social; ou graves que possam apresentar-se quando o
desenvolvimento ou estabilidade econômicos
g) Salários justos, oportunidades de em- de qualquer Estado membro se virem seriamen-
prego e condições de trabalho aceitáveis te afetados por situações que não puderem ser
para todos; solucionadas pelo esforço desse Estado.
h) Rápida erradicação do analfabetismo e Artigo 38.
ampliação, para todos, das oportunidades
no campo da educação; Os Estados membros difundirão entre si os be-
nefícios da ciência e da tecnologia, promoven-
i) Defesa do potencial humano mediante do, de acordo com os tratados vigentes e as leis
extensão e aplicação dos modernos conhe- nacionais, o intercâmbio e o aproveitamento
cimentos da ciência médica; dos conhecimentos científicos e técnicos.
j) Alimentação adequada, especialmente Artigo 39.
por meio da aceleração dos esforços nacio-
nais no sentido de aumentar a produção e Os Estados membros, reconhecendo a estrita
disponibilidade de alimentos; interdependência que há entre o comércio ex-
terior e o desenvolvimento econômico e social,
k) Habitação adequada para todos os seto- devem envidar esforços, individuais e coletivos,
res da população; a fim de conseguir:
l) Condições urbanas que proporcionem a) Condições favoráveis de acesso aos
oportunidades de vida sadia, produtiva e mercados mundiais para os produtos dos
digna; países em desenvolvimento da região, es-
m) Promoção da iniciativa e dos investimen- pecialmente por meio da redução ou abo-
tos privados em harmonia com a ação do lição, por parte dos países importadores,
setor público; e das barreiras alfandegárias e não alfandegá-
rias que afetam as exportações dos Estados
n) Expansão e diversificação das exporta- membros da Organização, salvo quando tais
ções. barreiras se aplicarem a fim de diversificar
Artigo 35. a estrutura econômica, acelerar o desenvol-
vimento dos Estados membros menos de-
Os Estados membros devem abster-se de exer- senvolvidos e intensificar seu processo de
cer políticas e praticar ações ou tomar medidas integração econômica, ou quando se rela-
que tenham sérios efeitos adversos sobre o de- cionarem com a segurança nacional ou com
senvolvimento de outros Estados membros. as necessidades do equilíbrio econômico;
Artigo 36. b) Continuidade do seu desenvolvimento
econômico e social, mediante:
As empresas transnacionais e o investimento
privado estrangeiro estão sujeitos à legislação e

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I – Melhores condições para o comércio de do seu comércio, promoverão a modernização e


produtos básicos por meio de convênios in- a coordenação dos transportes e comunicações
ternacionais, quando forem adequados; de nos países em desenvolvimento e entre os Esta-
processos ordenados de comercialização dos membros.
que evitem a perturbação dos mercados; e
de outras medidas destinadas a promover Artigo 42.
a expansão de mercados e a obter receitas Os Estados membros reconhecem que a inte-
seguras para os produtores, fornecimentos gração dos países em desenvolvimento do Con-
adequados e seguros para os consumido- tinente constitui um dos objetivos do Sistema
res, e preços estáveis que sejam ao mesmo Interamericano e, portanto, orientarão seus
tempo recompensadores para os produto- esforços e tomarão as medidas necessárias no
res e eqüitativos para os consumidores; sentido de acelerar o processo de integração
II – Melhor cooperação internacional no com vistas à consecução, no mais breve prazo,
setor financeiro e adoção de outros meios de um mercado comum latino-americano.
para atenuar os efeitos adversos das acen- Artigo 43.
tuadas flutuações das receitas de exporta-
ção que experimentem os países exporta- Com o objetivo de fortalecer e acelerar a inte-
dores de produtos básicos; gração em todos os seus aspectos, os Estados
membros comprometem-se a dar adequada
III – Diversificação das exportações e am- prioridade à elaboração e execução de proje-
pliação das oportunidades de exportação tos multinacionais e a seu financiamento, bem
dos produtos manufaturados e semimanu- como a estimular as instituições econômicas e
faturados de países em desenvolvimento; e financeiras do Sistema Interamericano a que
IV – Condições favoráveis ao aumento das continuem dando seu mais amplo apoio às insti-
receitas reais provenientes das exportações tuições e aos programas de integração regional.
dos Estados membros, especialmente dos Artigo 44.
países em desenvolvimento da região, e ao
aumento de sua participação no comércio Os Estados membros convêm em que a coope-
internacional. ração técnica e financeira, tendente a estimular
os processos de integração econômica regional,
Artigo 40. deve basear-se no princípio do desenvolvimen-
Os Estados membros reafirmam o princípio de to harmônico, equilibrado e eficiente, dispen-
que os países de maior desenvolvimento econô- sando especial atenção aos países de menor de-
mico, que em acordos internacionais de comér- senvolvimento relativo, de modo que constitua
cio façam concessões em benefício dos países um fator decisivo que os habilite a promover,
de menor desenvolvimento econômico no to- com seus próprios esforços, o melhor desenvol-
cante à redução e abolição de tarifas ou outras vimento de seus programas de infra-estrutura,
barreiras ao comércio exterior, não devem soli- novas linhas de produção e a diversificação de
citar a estes países concessões recíprocas que suas exportações.
sejam incompatíveis com seu desenvolvimento Artigo 45.
econômico e com suas necessidades financeiras
e comerciais. Os Estados membros, convencidos de que o Ho-
mem somente pode alcançar a plena realização
Artigo 41. de suas aspirações dentro de uma ordem social
Os Estados membros, com o objetivo de acele- justa, acompanhada de desenvolvimento eco-
rar o desenvolvimento econômico, a integração nômico e de verdadeira paz, convêm em envi-
regional, a expansão e a melhoria das condições

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dar os seus maiores esforços na aplicação dos e a consolidação do regime democrático.
seguintes princípios e mecanismos: O estímulo a todo esforço de promoção e
cooperação populares que tenha por fim o
a) Todos os seres humanos, sem distinção desenvolvimento e o progresso da comuni-
de raça, sexo, nacionalidade, credo ou con- dade;
dição social, têm direito ao bem-estar mate-
rial e a seu desenvolvimento espiritual em g) O reconhecimento da importância da
condições de liberdade, dignidade, igualda- contribuição das organizações tais como os
de de oportunidades e segurança econômi- sindicatos, as cooperativas e as associações
ca; culturais, profissionais, de negócios, vicinais
e comunais para a vida da sociedade e para
b) O trabalho é um direito e um dever so- o processo de desenvolvimento;
cial; confere dignidade a quem o realiza e
deve ser exercido em condições que, com- h) Desenvolvimento de uma política efi-
preendendo um regime de salários justos, ciente de previdência social; e
assegurem a vida, a saúde e um nível eco-
nômico digno ao trabalhador e sua família, i) Disposições adequadas a fim de que to-
tanto durante os anos de atividade como na das as pessoas tenham a devida assistência
velhice, ou quando qualquer circunstância o legal para fazer valer seus direitos.
prive da possibilidade de trabalhar; Artigo 46.
c) Os empregadores e os trabalhadores, Os Estados membros reconhecem que, para
tanto rurais como urbanos, têm o direito facilitar o processo de integração regional lati-
de se associarem livremente para a defe- no-americana, é necessário harmonizar a le-
sa e promoção de seus interesses, inclusi- gislação social dos países em desenvolvimen-
ve o direito de negociação coletiva e o de to, especialmente no setor trabalhista e no da
greve por parte dos trabalhadores, o reco- previdência social, a fim de que os direitos dos
nhecimento da personalidade jurídica das trabalhadores sejam igualmente protegidos, e
associações e a proteção de sua liberdade convêm em envidar os maiores esforços com o
e independência, tudo de acordo com a res- objetivo de alcançar essa finalidade.
pectiva legislação;
Artigo 47.
d) Sistemas e processos justos e eficientes
de consulta e colaboração entre os setores Os Estados membros darão primordial impor-
da produção, levada em conta a proteção tância, dentro dos seus planos de desenvolvi-
dos interesses de toda a sociedade; mento, ao estímulo da educação, da ciência, da
tecnologia e da cultura, orientadas no sentido
e) O funcionamento dos sistemas de admi- do melhoramento integral da pessoa humana e
nistração pública, bancário e de crédito, de como fundamento da democracia, da justiça so-
empresa, e de distribuição e vendas, de for- cial e do progresso.
ma que, em harmonia com o setor privado,
atendam às necessidades e interesses da Artigo 48.
comunidade;
Os Estados membros cooperarão entre si, a
f) A incorporação e crescente participação fim de atender às suas necessidades no tocan-
dos setores marginais da população, tanto te à educação, promover a pesquisa científica
das zonas rurais como dos centros urbanos, e impulsionar o progresso tecnológico para seu
na vida econômica, social, cívica, cultural e desenvolvimento integral. Considerar-se-ão in-
política da nação, a fim de conseguir a plena dividual e solidariamente comprometidos a pre-
integração da comunidade nacional, o ace- servar e enriquecer o patrimônio cultural dos
leramento do processo de mobilidade social povos americanos.

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Artigo 49. Artigo 52.


Os Estados membros empreenderão os maio- Os Estados membros, dentro do respeito devi-
res esforços para assegurar, de acordo com suas do à personalidade de cada um deles, convêm
normas constitucionais, o exercício efetivo do em promover o intercâmbio cultural como meio
direito à educação, observados os seguintes eficaz para consolidar a compreensão interame-
princípios: ricana e reconhecem que os programas de inte-
gração regional devem ser fortalecidos median-
a) O ensino primário, obrigatório para a te estreita vinculação nos setores da educação,
população em idade escolar, será estendido da ciência e da cultura.
também a todas as outras pessoas a quem
possa aproveitar. Quando ministrado pelo
Estado, será gratuito;
SEGUNDA PARTE
b) O ensino médio deverá ser estendido
progressivamente, com critério de promo-
ção social, à maior parte possível da popula- CAPÍTULO VIII
ção. Será diversificado de maneira que, sem
prejuízo da formação geral dos educandos,
DOS ÓRGÃOS
atenda às necessidades do desenvolvimen- Artigo 53.
to de cada país; e
A Organização dos Estados Americanos realiza
c) A educação de grau superior será acessí- os seus fins por intermédio:
vel a todos, desde que, a fim de manter seu
alto nível, se cumpram as normas regula- a) Da Assembléia Geral;
mentares ou acadêmicas respectivas.
b) Da Reunião de Consulta dos Ministros
Artigo 50. das Relações Exteriores;

Os Estados membros dispensarão especial aten- c) Dos Conselhos;


ção à erradicação do analfabetismo, fortalece-
d) Da Comissão Jurídica Interamericana;
rão os sistemas de educação de adultos e de
habilitação para o trabalho, assegurarão a toda e) Da Comissão Interamericana de Direitos
a população o gozo dos bens da cultura e pro- Humanos;
moverão o emprego de todos os meios de divul-
gação para o cumprimento de tais propósitos. f) Da Secretaria-Geral;

Artigo 51. g) Das Conferências Especializadas; e

Os Estados membros promoverão a ciência e h) Dos Organismos Especializados.


a tecnologia por meio de atividades de ensino, Poderão ser criados, além dos previstos na Car-
pesquisa e desenvolvimento tecnológico e de ta e de acordo com suas disposições, os órgãos
programas de difusão e divulgação, estimularão subsidiários, organismos e outras entidades que
as atividades no campo da tecnologia, com o forem julgados necessários.
propósito de adequá-la às necessidades do seu
desenvolvimento integral; concertarão de ma-
neira eficaz sua cooperação nessas matérias; e
ampliarão substancialmente o intercâmbio de
conhecimentos, de acordo com os objetivos e
leis nacionais e os tratados vigentes.

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CAPÍTULO IX A Assembléia Geral exercerá suas atribuições de
A ASSEMBLÉIA GERAL acordo com o disposto na Carta e em outros tra-
tados interamericanos.
Artigo 54.
Artigo 55.
A Assembléia Geral é o órgão supremo da Orga-
A Assembléia Geral estabelece as bases para a
nização dos Estados Americanos. Tem por prin-
fixação da quota com que deve cada um dos go-
cipais atribuições, além das outras que lhe con-
vernos contribuir para a manutenção da Organi-
fere a Carta, as seguintes:
zação, levando em conta a capacidade de paga-
a) Decidir a ação e a política gerais da Or- mento dos respectivos países e a determinação
ganização, determinar a estrutura e fun- dos mesmos de contribuir de forma eqüitativa.
ções de seus órgãos e considerar qualquer Para que possam ser tomadas decisões sobre
assunto relativo à convivência dos Estados assuntos orçamentários, é necessária a aprova-
americanos; ção de dois terços dos Estados membros.

b) Estabelecer normas para a coordenação Artigo 56.


das atividades dos órgãos, organismos e
Todos os Estados membros têm direito a fazer-
entidades da Organização entre si e de tais
-se representar na Assembléia Geral. Cada Esta-
atividades com as das outras instituições do
do tem direito a um voto.
Sistema Interamericano;
Artigo 57.
c) Fortalecer e harmonizar a cooperação
com as Nações Unidas e seus organismos A Assembléia Geral reunir-se-á anualmente na
especializados; época que determinar o regulamento e em sede
escolhida consoante o princípio do rodízio. Em
d) Promover a colaboração, especialmente
cada período ordinário de sessões serão deter-
nos setores econômico, social e cultural,
minadas, de acordo com o regulamento, a data
com outras organizações internacionais
e a sede do período ordinário seguinte.
cujos objetivos sejam análogos aos da
Organização dos Estados Americanos; Se, por qualquer motivo, a Assembléia Geral
não se puder reunir na sede escolhida, reunir-
e) Aprovar o orçamento-programa da Or-
-se-á na Secretaria-Geral, sem prejuízo de que,
ganização e fixar as quotas dos Estados
se algum dos Estados membros oferecer opor-
membros;
tunamente sede em seu território, possa o Con-
f) Considerar os relatórios da Reunião de selho Permanente da Organização acordar que
Consulta dos Ministros das Relações Exte- a Assembléia Geral se reúna nessa sede.
riores e as observações e recomendações
Artigo 58.
que, a respeito dos relatórios que deverem
ser apresentados pelos demais órgãos e Em circunstâncias especiais e com a aprovação
entidades, lhe sejam submetidas pelo Con- de dois terços dos Estados membros, o Conse-
selho Permanente, conforme o disposto na lho Permanente convocará um período extraor-
alínea f, do artigo 91, bem como os relató- dinário de sessões da Assembléia Geral.
rios de qualquer órgão que a própria As-
sembléia Geral requeira; Artigo 59.

g) Adotar as normas gerais que devem re- As decisões da Assembléia Geral serão adota-
ger o funcionamento da Secretaria-Geral; e das pelo voto da maioria absoluta dos Estados
membros, salvo nos casos em que é exigido o
h) Aprovar seu regulamento e, pelo voto de voto de dois terços, de acordo com o disposto
dois terços, sua agenda.

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na Carta, ou naqueles que determinar a Assem- nente da Organização e submetidos à conside-


bléia Geral, pelos processos regulamentares. ração dos Estados membros.
Artigo 60. Artigo 64.
Haverá uma Comissão Preparatória da Assem- Se, em caso excepcional, o Ministro das Rela-
bléia Geral, composta de representantes de to- ções Exteriores de qualquer país não puder as-
dos os Estados membros, a qual desempenhará sistir à reunião, far-se-á representar por um de-
as seguintes funções: legado especial.
a) Elaborar o projeto de agenda de cada Artigo 65.
período de sessões da Assembléia Geral;
Em caso de ataque armado ao território de um
b) Examinar o projeto de orçamento- Estado americano ou dentro da zona de segu-
-programa e o de resolução sobre quotas e rança demarcada pelo tratado em vigor, o Pre-
apresentar à Assembléia Geral um relatório sidente do Conselho Permanente reunirá o
sobre os mesmos, com as recomendações Conselho, sem demora, a fim de determinar a
que julgar pertinentes; e convocação da Reunião de Consulta, sem pre-
juízo do disposto no Tratado Interamericano de
c) As outras que lhe forem atribuídas pela Assistência Recíproca no que diz respeito aos
Assembléia Geral. Estados Partes no referido instrumento.
O projeto de agenda e o relatório serão oportu- Artigo 66.
namente encaminhados aos governos dos Esta-
dos membros. Fica estabelecida uma Comissão Consultiva de
Defesa para aconselhar o Órgão de Consulta a
respeito dos problemas de colaboração militar,
que possam surgir da aplicação dos tratados es-
CAPÍTULO X peciais existentes sobre matéria de segurança
A REUNIÃO DE CONSULTA DOS coletiva.
MINISTROS DAS RELAÇÕES EXTERIORES Artigo 67.
Artigo 61. A Comissão Consultiva de Defesa será integrada
pelas mais altas autoridades militares dos Esta-
A Reunião de Consulta dos Ministros das Rela-
dos americanos que participem da Reunião de
ções Exteriores deverá ser convocada a fim de
Consulta. Excepcionalmente, os governos pode-
considerar problemas de natureza urgente e de
rão designar substitutos. Cada Estado terá direi-
interesse comum para os Estados americanos, e
to a um voto.
para servir de Órgão de Consulta.
Artigo 68.
Artigo 62.
A Comissão Consultiva de Defesa será convoca-
Qualquer Estado membro pode solicitar a con-
da nos mesmos termos que o Órgão de Consul-
vocação de uma Reunião de Consulta. A solici-
ta, quando este tenha que tratar de assuntos re-
tação deve ser dirigida ao Conselho Permanente
lacionados com a defesa contra agressão.
da Organização, o qual decidirá, por maioria ab-
soluta de votos, se é oportuna a reunião. Artigo 69.
Artigo 63. Quando a Assembléia Geral ou a Reunião de
Consulta ou os governos lhe cometerem, por
A agenda e o regulamento da Reunião de Con-
maioria de dois terços dos Estados membros,
sulta serão preparados pelo Conselho Perma-
estudos técnicos ou relatórios sobre temas es-

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pecíficos, a Comissão também se reunirá para Artigo 74.
esse fim.
Cada Conselho, em casos urgentes, poderá con-
vocar, em matéria de sua competência, Con-
ferências Especializadas, mediante consulta
CAPÍTULO XI prévia com os Estados membros e sem ter de
recorrer ao processo previsto no artigo 122.
OS CONSELHOS DA ORGANIZAÇÃO
Artigo 75.
Disposições comuns
Os Conselhos, na medida de suas possibilidades
Artigo 70. e com a cooperação da Secretaria Geral, presta-
rão aos governos os serviços especializados que
O Conselho Permanente da Organização e o estes solicitarem.
Conselho Interamericano de Desenvolvimento
Integral dependem diretamente da Assembléia Artigo 76.
Geral e têm a competência conferida a cada um
Cada Conselho tem faculdades para requerer
deles pela Carta e por outros instrumentos in-
do outro, bem como dos órgãos subsidiários e
teramericanos, bem como as funções que lhes
dos organismos a eles subordinados, a presta-
forem confiadas pela Assembléia Geral e pela
ção, nas suas respectivas esferas de competên-
Reunião de Consulta dos Ministros das Relações
cia, de informações e assessoramento. Poderá,
Exteriores.
também, cada um deles, solicitar os mesmos
Artigo 71. serviços às demais entidades do Sistema Intera-
mericano.
Todos os Estados membros têm direito a fazer-
-se representar em cada um dos Conselhos. Artigo 77.
Cada Estado tem direito a um voto.
Com a prévia aprovação da Assembléia Geral,
Artigo 72. os Conselhos poderão criar os órgãos subsidiá-
rios e os organismos que julgarem convenien-
Dentro dos limites da Carta e dos demais instru- tes para o melhor exercício de suas funções.
mentos interamericanos, os Conselhos poderão Se a Assembléia Geral não estiver reunida, os
fazer recomendações no âmbito de suas atribui- referidos órgãos e organismos poderão ser es-
ções. tabelecidos provisoriamente pelo Conselho
Artigo 73. respectivo. Na composição dessas entidades os
Conselhos observarão, na medida do possível,
Os Conselhos, em assuntos de sua respectiva os princípios do rodízio e da representação geo-
competência, poderão apresentar estudos e gráfica eqüitativa.
propostas à Assembléia Geral e submeter-lhe
projetos de instrumentos internacionais e pro- Artigo 78.
posições com referência à realização de confe- Os Conselhos poderão realizar reuniões no ter-
rências especializadas e à criação, modificação ritório de qualquer Estado membro, quando o
ou extinção de organismos especializados e ou- julgarem conveniente e com aquiescência pré-
tras entidades interamericanas, bem como so- via do respectivo governo.
bre a coordenação de suas atividades. Os Con-
selhos poderão também apresentar estudos, Artigo 79.
propostas e projetos de instrumentos interna-
Cada Conselho elaborará seu estatuto, subme-
cionais às Conferências Especializadas.
tê-lo-á à aprovação da Assembléia Geral e apro-
vará seu regulamento e os de seus órgãos subsi-
diários, organismos e comissões.

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CAPÍTULO XII Artigo 85.


O CONSELHO PERMANENTE De acordo com as disposições da Carta, qual-
DA ORGANIZAÇÃO quer parte numa controvérsia, no tocante à qual
não esteja em tramitação qualquer dos proces-
Artigo 80. sos pacíficos previstos na Carta, poderá recorrer
O Conselho Permanente da Organização com- ao Conselho Permanente, para obter seus bons
põe-se de um representante de cada Estado ofícios. O Conselho, de acordo com o disposto
membro, nomeado especialmente pelo respec- no artigo anterior, assistirá as partes e recomen-
tivo governo, com a categoria de embaixador. dará os processos que considerar adequados
Cada governo poderá acreditar um represen- para a solução pacífica da controvérsia.
tante interino, bem como os suplentes e asses- Artigo 86.
sores que julgar conveniente.
O Conselho Permanente, no exercício de suas
Artigo 81. funções, com a anuência das partes na contro-
A Presidência do Conselho Permanente será vérsia, poderá estabelecer comissões ad hoc.
exercida sucessivamente pelos representantes, As comissões ad hoc terão a composição e o
na ordem alfabética dos nomes em espanhol de mandato que em cada caso decidir o Conselho
seus respectivos países, e a Vice-Presidência, de Permanente, com o consentimento das partes
modo idêntico, seguida a ordem alfabética in- na controvérsia.
versa.
Artigo 87.
O Presidente e o Vice-Presidente exercerão suas
funções por um período não superior a seis me- O Conselho Permanente poderá também, pelo
ses, que será determinado pelo estatuto. meio que considerar conveniente, investigar os
fatos relacionados com a controvérsia, inclusive
Artigo 82. no território de qualquer das partes, após con-
O Conselho Permanente tomará conhecimen- sentimento do respectivo governo.
to, dentro dos limites da Carta e dos tratados e Artigo 88.
acordos interamericanos, de qualquer assunto
de que o encarreguem a Assembléia Geral ou a Se o processo de solução pacífica de controvér-
Reunião de Consulta dos Ministros das Relações sias recomendado pelo Conselho Permanente,
Exteriores. ou sugerido pela respectiva comissão ad hoc
nos termos de seu mandato, não for aceito por
Artigo 83. uma das partes, ou qualquer destas declarar
O Conselho Permanente agirá provisoriamente que o processo não resolveu a controvérsia, o
como Órgão de Consulta, conforme o estabele- Conselho Permanente informará a Assembléia
cido no tratado especial sobre a matéria. Geral, sem prejuízo de que leve a cabo gestões
para o entendimento entre as partes ou para o
Artigo 84. reatamento das relações entre elas.
O Conselho Permanente velará pela manuten- Artigo 89.
ção das relações de amizade entre os Estados
membros e, com tal objetivo, ajudá-los-á de O Conselho Permanente, no exercício de tais
maneira efetiva na solução pacífica de suas con- funções, tomará suas decisões pelo voto afirma-
trovérsias, de acordo com as disposições que se tivo de dois terços dos seus membros, excluídas
seguem. as partes, salvo as decisões que o regulamento
autorize a aprovar por maioria simples.

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Artigo 90. f) Considerar os relatórios do Conselho In-
teramericano de Desenvolvimento Integral,
No desempenho das funções relativas à solução da Comissão Jurídica Interamericana, da
pacífica de controvérsias, o Conselho Perma- Comissão Interamericana de Direitos Hu-
nente e a comissão ad hoc respectiva deverão manos, da Secretaria-Geral, dos organismos
observar as disposições da Carta e os princípios e conferências especializados e dos demais
e normas do direito internacional, bem como le- órgãos e entidades, e apresentar à Assem-
var em conta a existência dos tratados vigentes bléia Geral as observações e recomenda-
entre as partes. ções que julgue pertinentes; e
Artigo 91. g) Exercer as demais funções que lhe atri-
Compete também ao Conselho Permanente: bui a Carta.

a) Executar as decisões da Assembléia Ge- Artigo 92.


ral ou da Reunião de Consulta dos Ministros O Conselho Permanente e a Secretaria-Geral te-
das Relações Exteriores, cujo cumprimento rão a mesma sede.
não haja sido confiado a nenhuma outra en-
tidade;
b) Velar pela observância das normas que
regulam o funcionamento da Secretaria- CAPÍTULO XIII
-Geral e, quando a Assembléia Geral não O CONSELHO INTERAMERICANO DE
estiver reunida, adotar as disposições de DESENVOLVIMENTO INTEGRAL
natureza regulamentar que habilitem a Se-
cretaria-Geral para o cumprimento de suas Artigo 93.
funções administrativas;
O Conselho Interamericano de Desenvolvimen-
c) Atuar como Comissão Preparatória da to Integral compõe-se de um representante ti-
Assembléia Geral nas condições estabeleci- tular, no nível ministerial ou seu eqüivalente, de
das pelo artigo 60 da Carta, a não ser que cada Estado membro, nomeado especificamen-
a Assembléia Geral decida de maneira dife- te pelo respectivo governo.
rente;
Conforme previsto na Carta, o Conselho Intera-
d) Preparar, a pedido dos Estados membros mericano de Desenvolvimento Integral poderá
e com a cooperação dos órgãos pertinentes criar os órgãos subsidiários e os organismos que
da Organização, projetos de acordo destina- julgar suficiente para o melhor exercício de suas
dos a promover e facilitar a colaboração en- funções.
tre a Organização dos Estados Americanos
Artigo 94.
e as Nações Unidas, ou entre a Organização
e outros organismos americanos de reco- O Conselho Interamericano de Desenvolvimen-
nhecida autoridade internacional. Esses to Integral tem como finalidade promover a
projetos serão submetidos à aprovação da cooperação entre os Estados americanos, com
Assembléia Geral; o propósito de obter seu desenvolvimento inte-
gral e, em particular, de contribuir para a elimi-
nação da pobreza crítica, segundo as normas da
e) Formular recomendações à Assembléia Carta, principalmente as consignadas no Capítu-
Geral sobre o funcionamento da Organiza- lo VII no que se refere aos campos econômico,
ção e sobre a coordenação dos seus órgãos social, educacional, cultural, científico e tecno-
subsidiários, organismos e comissões; lógico.

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Artigo 95. coordenação dos programas interamerica-


nos de assistência técnica;
Para realizar os diversos objetivos, particular-
mente na área específica da cooperação técni- e) Avaliar periodicamente as entidades de
ca, o Conselho Interamericano de Desenvolvi- cooperação para o desenvolvimento inte-
mento Integral deverá: gral, no que tange ao seu desempenho na
implementação das políticas, programas
a) Formular e recomendar à Assembléia e projetos, em termos de seu impacto, efi-
Geral o plano estratégico que articule as po- cácia, eficiência, aplicação de recursos e da
líticas, os programas e as medidas de ação qualidade, entre outros, dos serviços de co-
em matéria de cooperação para o desenvol- operação técnica prestados e informar à As-
vimento integral, no marco da política geral sembléia Geral.
e das prioridades definidas pela Assembléia
Geral; Artigo 96.
b) Formular diretrizes para a elaboração do O Conselho Interamericano de Desenvolvimen-
orçamento programa de cooperação técni- to Integral realizará, no mínimo, uma reunião
ca, bem como para as demais atividades do por ano, no nível ministerial ou seu equivalen-
Conselho; te, e poderá convocar a realização de reuniões
no mesmo nível para os temas especializados
c) Promover, coordenar e encomendar a ou setoriais que julgar pertinentes, em áreas de
execução de programas e projetos de de- sua competência. Além disso, reunir-se-á, quan-
senvolvimento aos órgãos subsidiários e do for convocado pela Assembléia Geral, pela
organismos correspondentes, com base nas Reunião de Consulta dos Ministros das Relações
prioridades determinadas pelos Estados Exteriores, por iniciativa própria, ou para os ca-
membros, em áreas tais como: sos previstos no artigo 37 da Carta.
1) Desenvolvimento econômico e social, Artigo 97.
inclusive o comércio, o turismo, a integra-
ção e o meio ambiente; O Conselho Interamericano de Desenvolvimen-
to Integral terá as comissões especializadas não-
2) Melhoramento e extensão da educação -permanentes que decidir estabelecer e que fo-
a todos os níveis, e a promoção da pesquisa rem necessárias para o melhor desempenho de
científica e tecnológica, por meio da coope- suas funções. Estas Comissões funcionarão e se-
ração técnica, bem como do apoio às ativi- rão constituídas segundo o disposto no Estatuto
dades da área cultural; e do mesmo Conselho.
3) Fortalecimento da consciência cívica dos Artigo 98.
povos americanos, como um dos funda-
mentos da prática efetiva da democracia e a A execução e, conforme o caso, a coordenação
do respeito aos direitos e deveres da pessoa dos projetos aprovados será confiada à Secreta-
humana. ria Executiva de Desenvolvimento Integral, que
informará o Conselho sobre o resultado da exe-
Para este fim, contará com mecanismos de par- cução.
ticipação setorial e com apoio dos órgãos subsi-
diários e organismos previstos na Carta e outros
dispositivos da Assembléia Geral;
d) Estabelecer relações de cooperação com
os órgãos correspondentes das Nações Uni-
das e outras entidades nacionais e interna-
cionais, especialmente no que diz respeito a

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CAPÍTULO XIV Artigo 102.
A COMISSÃO JURÍDICA A Comissão Jurídica Interamericana representa
INTERAMERICANA o conjunto dos Estados membros da Organiza-
ção, e tem a mais ampla autonomia técnica.
Artigo 99.
Artigo 103.
A Comissão Jurídica Interamericana tem por
finalidade servir de corpo consultivo da Orga- A Comissão Jurídica Interamericana estabelece-
nização em assuntos jurídicos; promover o de- rá relações de cooperação com as universida-
senvolvimento progressivo e a codificação do des, institutos e outros centros de ensino e com
direito internacional; e estudar os problemas as comissões e entidades nacionais e interna-
jurídicos referentes à integração dos países em cionais dedicadas ao estudo, pesquisa, ensino
desenvolvimento do Continente, bem como a ou divulgação dos assuntos jurídicos de interes-
possibilidade de uniformizar suas legislações no se internacional.
que parecer conveniente.
Artigo 104.
Artigo 100.
A Comissão Jurídica Interamericana elaborará
A Comissão Jurídica Interamericana empreen- seu estatuto, o qual será submetido à aprova-
derá os estudos e trabalhos preparatórios de ção da Assembléia Geral.
que for encarregada pela Assembléia Geral,
A Comissão adotará seu próprio regulamento.
pela Reunião de Consulta dos Ministros das Re-
lações Exteriores e pelos Conselhos da Organi- Artigo 105.
zação. Pode, além disso, levar a efeito, por sua
própria iniciativa, os que julgar convenientes, A Comissão Jurídica Interamericana terá sua
bem como sugerir a realização de conferências sede na cidade do Rio de Janeiro, mas, em casos
jurídicas e especializadas. especiais, poderá realizar reuniões em qualquer
outro lugar que seja oportunamente designado,
Artigo 101. após consulta ao Estado membro correspon-
dente.
A Comissão Jurídica Interamericana será com-
posta de onze juristas nacionais dos Estados
membros, eleitos, de listas de três candidatos
apresentadas pelos referidos Estados, para um CAPÍTULO XV
período de quatro anos. A Assembléia Geral
procederá à eleição, de acordo com um regime
A COMISSÃO INTERAMERICANA
que leve em conta a renovação parcial e procu- DE DIREITOS HUMANOS
re, na medida do possível, uma representação
Artigo 106.
geográfica eqüitativa. Não poderá haver na Co-
missão mais de um membro da mesma naciona- Haverá uma Comissão Interamericana de Di-
lidade. reitos Humanos que terá por principal função
promover o respeito e a defesa dos direitos hu-
As vagas que ocorrerem por razões diferentes
manos e servir como órgão consultivo da Orga-
da expiração normal dos mandatos dos mem-
nização em tal matéria.
bros da Comissão serão preenchidas pelo Con-
selho Permanente da Organização, de acordo Uma convenção interamericana sobre direitos
com os mesmos critérios estabelecidos no pará- humanos estabelecerá a estrutura, a competên-
grafo anterior. cia e as normas de funcionamento da referida
Comissão, bem como as dos outros órgãos en-
carregados de tal matéria.

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CAPÍTULO XVI Artigo 111.


A SECRETARIA-GERAL De acordo com a ação e a política decididas pela
Assembléia Geral e com as resoluções pertinen-
Artigo 107.
tes dos Conselhos, a Secretaria-Geral promove-
A Secretaria-Geral é o órgão central e perma- rá relações econômicas, sociais, jurídicas, edu-
nente da Organização dos Estados Americanos. cacionais, científicas e culturais entre todos os
Exercerá as funções que lhe atribuam a Carta, Estados membros da Organização, com especial
outros tratados e acordos interamericanos e a ênfase na cooperação da pobreza crítica.
Assembléia Geral, e cumprirá os encargos de
Artigo 112.
que for incumbida pela Assembléia Geral, pela
Reunião de Consulta dos Ministros das Relações A Secretaria-Geral desempenha também as se-
Exteriores e pelos Conselhos. guintes funções:
Artigo 108. a) Encaminhar ex officio aos Estados mem-
bros a convocatória da Assembléia Geral, da
O Secretário-Geral da Organização será eleito
Reunião de Consulta dos Ministros das Rela-
pela Assembléia Geral para um período de cin-
ções Exteriores, do Conselho Interamerica-
co anos e não poderá ser reeleito mais de uma
no de Desenvolvimento Integral e das Con-
vez, nem poderá suceder-lhe pessoa da mesma
ferências Especializadas;
nacionalidade. Vagando o cargo de Secretário-
-Geral, o Secretário-Geral Adjunto assumirá as b) Assessorar os outros órgãos, quando ca-
funções daquele até que a Assembléia Geral bível, na elaboração das agendas e regula-
proceda à eleição de novo titular para um perí- mentos;
odo completo.
c) Preparar o projeto de orçamento-pro-
Artigo 109. grama da Organização com base nos pro-
gramas aprovados pelos Conselhos, orga-
O Secretário-Geral dirige a Secretaria-Geral, é o
nismos e entidades cujas despesas devam
representante legal da mesma e, sem prejuízo
ser incluídas no orçamento-programa e,
do estabelecido no artigo 91, alínea b, responde
após consulta com esses Conselhos ou suas
perante a Assembléia Geral pelo cumprimento
Comissões Permanentes, submetê-lo à Co-
adequado das atribuições e funções da Secreta-
missão Preparatória da Assembléia Geral e
ria-Geral.
em seguida à própria Assembléia;
Artigo 110.
d) Proporcionar à Assembléia Geral e aos
O Secretário-Geral ou seu representante poderá demais órgãos serviços de secretaria per-
participar, com direito a palavra, mas sem voto, manentes e adequados, bem como dar
de todas as reuniões da Organização. cumprimento a seus mandatos e encargos.
Dentro de suas possibilidades, atender às
O Secretário-Geral poderá levar à atenção da outras reuniões da Organização;
Assembléia Geral ou do Conselho Permanente
qualquer assunto que, na sua opinião, possa e) Custodiar os documentos e arquivos das
afetar a paz e a segurança do Continente e o de- Conferências Interamericanas, da Assem-
senvolvimento dos Estados membros. bléia Geral, das Reuniões de Consulta dos
Ministros das Relações Exteriores, dos Con-
As atribuições a que se refere o parágrafo ante- selhos e das Conferências Especializadas;
rior serão exercidas em conformidade com esta
Carta. f) Servir de depositária dos tratados e
acordos interamericanos, bem como dos
instrumentos de ratificação dos mesmos;

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g) Apresentar à Assembléia Geral, em cada Artigo 116.
período ordinário de sessões, um relatório
anual sobre as atividades e a situação finan- A Assembléia Geral, com o voto de dois terços
ceira da Organização; e dos Estados membros, pode destituir o Secretá-
rio-Geral ou o Secretário-Geral Adjunto, ou am-
h) Estabelecer relações de cooperação, bos, quando o exigir o bom funcionamento da
consoante o que for decidido pela Assem- Organização.
bléia Geral ou pelos Conselhos, com os Or-
ganismos Especializados e com outros orga- Artigo 117.
nismos nacionais e internacionais. O Secretário-Geral designará o Secretário Exe-
Artigo 113. cutivo de Desenvolvimento Integral, com a
aprovação do Conselho Interamericano de De-
Compete ao Secretário-Geral: senvolvimento Integral.
a) Estabelecer as dependências da Secreta- Artigo 118.
ria-Geral que sejam necessárias para a reali-
zação de seus fins; e No cumprimento de seus deveres, o Secretário-
-Geral e o pessoal da Secretaria não solicitarão
b) Determinar o número de funcionários nem receberão instruções de governo algum
e empregados da Secretaria-Geral, nomeá- nem de autoridade alguma estranha à Organi-
-los, regulamentar suas atribuições e deve- zação, e abster-se-ão de agir de maneira incom-
res e fixar sua retribuição. patível com sua condição de funcionários inter-
nacionais, responsáveis unicamente perante a
O Secretário-Geral exercerá essas atribuições de Organização.
acordo com as normas gerais e as disposições
orçamentárias que forem estabelecidas pela As- Artigo 119.
sembléia Geral.
Os Estados membros comprometem-se a res-
Artigo 114. peitar o caráter exclusivamente internacional
das responsabilidades do Secretário-Geral e do
O Secretário-Geral Adjunto será eleito pela As- pessoal da Secretaria-Geral e a não tentar influir
sembléia Geral para um período de cinco anos sobre eles no desempenho de suas funções.
e não poderá ser reeleito mais de uma vez, nem
poderá suceder-lhe pessoa da mesma nacionali- Artigo 120.
dade. Vagando o cargo de Secretário-Geral Ad-
junto, o Conselho Permanente elegerá um subs- Na seleção do pessoal da Secretaria-Geral levar-
tituto, o qual exercerá o referido cargo até que -se-ão em conta, em primeiro lugar, a eficiência,
a Assembléia Geral proceda à eleição de novo a competência e a probidade; mas, ao mesmo
titular para um período completo. tempo, dever-se-á dar importância à necessida-
de de ser o pessoal escolhido, em todas as hie-
Artigo 115. rarquias, de acordo com um critério de repre-
sentação geográfica tão amplo quanto possível.
O Secretário-Geral Adjunto é o Secretário do
Conselho Permanente. Tem o caráter de fun- Artigo 121.
cionário consultivo do Secretário-Geral e atuará
como delegado seu em tudo aquilo de que for A sede da Secretaria-Geral é a cidade de Wa-
por ele incumbido. Na ausência temporária ou shington, D.C.
no impedimento do Secretário-Geral, exercerá
as funções deste.
O Secretário-Geral e o Secretário-Geral adjunto
deverão ser de nacionalidades diferentes.

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CAPÍTULO XVII ral e dos Conselhos, de acordo com as disposi-


AS CONFERÊNCIAS ESPECIALIZADAS ções da Carta.
Artigo 127.
Artigo 122.
Os Organismos Especializados apresentarão à
As Conferências Especializadas são reuniões Assembléia Geral relatórios anuais sobre o de-
intergovernamentais destinadas a tratar de senvolvimento de suas atividades, bem como
assuntos técnicos especiais ou a desenvolver sobre seus orçamentos e contas anuais.
aspectos específicos da cooperação interame-
ricana e são realizadas quando o determine a Artigo 128.
Assembléia Geral ou a Reunião de Consulta dos
Ministros das Relações Exteriores, por iniciativa As relações que devem existir entre os Organis-
própria ou a pedido de algum dos Conselhos ou mos Especializados e a Organização serão defi-
Organismos Especializados. nidas mediante acordos celebrados entre cada
organismo e o Secretário-Geral, com a autoriza-
Artigo 123. ção da Assembléia Geral.
A agenda e o regulamento das Conferências Es- Artigo 129.
pecializadas serão elaborados pelos Conselhos
competentes, ou pelos Organismos Especializa- Os Organismos Especializados devem estabele-
dos interessados, e submetidos à consideração cer relações de cooperação com os organismos
dos governos dos Estados membros. mundiais do mesmo caráter, a fim de coordenar
suas atividades. Ao entrarem em acordo com os
organismos internacionais de caráter mundial,
os Organismos Especializados Interamericanos
CAPÍTULO XVIII devem manter a sua identidade e posição como
ORGANISMOS ESPECIALIZADOS parte integrante da Organização dos Estados
Americanos, mesmo quando desempenhem
Artigo 124. funções regionais dos organismos internacio-
nais.
Consideram-se como Organismos Especializa-
dos Interamericanos, para os efeitos desta Car- Artigo 130.
ta, os organismos intergovernamentais estabe- Na localização dos Organismos Especializados,
lecidos por acordos multilaterais, que tenham levar-se-ão em conta os interesses de todos os
determinadas funções em matérias técnicas de Estados membros e a conveniência de que as
interesse comum para os Estados americanos. sedes dos mesmos sejam escolhidas mediante
Artigo 125. critério de distribuição geográfica tão eqüitativa
quanto possível.
A Secretaria-Geral manterá um registro dos
organismos que satisfaçam as condições esta-
belecidas no artigo anterior, de acordo com as
determinações da Assembléia Geral e à vista de
relatório do Conselho correspondente.
Artigo 126.
Os Organismos Especializados gozam da mais
ampla autonomia técnica, mas deverão levar
em conta as recomendações da Assembléia Ge-

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TERCEIRA PARTE Artigo 135.
A situação jurídica dos Organismos Especializa-
dos e os privilégios e imunidades que devem ser
CAPÍTULO XIX concedidos aos mesmos e ao seu pessoal, bem
NAÇÕES UNIDAS como aos funcionários da Secretaria-Geral, se-
rão determinados em acordo multilateral. O dis-
Artigo 131. posto neste artigo não impede que se celebrem
Nenhuma das estipulações desta Carta se in- acordos bilaterais, quando julgados necessários.
terpretará no sentido de prejudicar os direitos Artigo 136.
e obrigações dos Estados membros, de acordo
com a Carta das Nações Unidas. A correspondência da Organização dos Esta-
dos Americanos, inclusive impressos e pacotes,
sempre que for marcada com o seu selo de fran-
quia, circulará isenta de porte pelos correios dos
CAPÍTULO XX Estados membros.
DISPOSIÇÕES DIVERSAS Artigo 137.
Artigo 132. A Organização dos Estados Americanos não ad-
mite restrição alguma, por motivo de raça, cre-
A assistência às reuniões dos órgãos permanen-
do ou sexo, à capacidade para exercer cargos na
tes da Organização dos Estados Americanos ou
Organização e participar de suas atividades.
às conferências e reuniões previstas na Carta,
ou realizadas sob os auspícios da Organização, Artigo 138.
obedece ao caráter multilateral dos referidos
órgãos, conferências e reuniões e não depende Os órgãos competentes buscarão, de acordo
das relações bilaterais entre o governo de qual- com as disposições desta Carta, maior colabo-
quer Estado membro e o governo do país sede. ração dos países não membros da Organização
em matéria de cooperação para o desenvolvi-
Artigo 133. mento.
A Organização dos Estados Americanos gozará
no território de cada um de seus membros da
capacidade jurídica, dos privilégios e das imu- CAPÍTULO XXI
nidades que forem necessários para o exercício
das suas funções e a realização dos seus propó- RATIFICAÇÃO E VIGÊNCIA
sitos. Artigo 139.
Artigo 134. A presente Carta fica aberta à assinatura dos
Os representantes dos Estados membros nos Estados americanos e será ratificada conforme
órgãos da Organização, o pessoal das suas re- seus respectivos processos constitucionais. O
presentações, o Secretário-Geral e o Secre- instrumento original, cujos textos em portu-
tário-Geral Adjunto gozarão dos privilégios e guês, espanhol, inglês e francês são igualmente
imunidades correspondentes a seus cargos e autênticos, será depositado na Secretaria-Geral,
necessários para desempenhar com indepen- a qual enviará cópias autenticadas aos gover-
dência suas funções. nos, para fins de ratificação. Os instrumentos
de ratificação serão depositados na Secretaria-
-Geral e esta notificará os governos signatários
do dito depósito.

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Artigo 140. Artigo 145.


A presente Carta entrará em vigor entre os Es- Enquanto não entrar em vigor a convenção in-
tados que a ratificarem, quando dois terços dos teramericana sobre direitos humanos a que se
Estados signatários tiverem depositado suas ra- refere o Capítulo XV, a atual Comissão Interame-
tificações. Quanto aos Estados restantes, entra- ricana de Direitos Humanos velará pela obser-
rá em vigor na ordem em que eles depositarem vância de tais direitos.
as suas ratificações.
Artigo 146.
Artigo 141.
O Conselho Permanente não formulará nenhu-
A presente Carta será registrada na Secretaria ma recomendação, nem a Assembléia Geral to-
das Nações Unidas por intermédio da Secreta- mará decisão alguma sobre pedido de admissão
ria-Geral. apresentado por entidade política cujo territó-
rio esteja sujeito, total ou parcialmente e em
Artigo 142. época anterior à data de 18 de dezembro de
As reformas da presente Carta só poderão ser 1964, fixada pela Primeira Conferência Intera-
adotadas pela Assembléia Geral, convocada mericana Extraordinária, a litígio ou reclamação
para tal fim. As reformas entrarão em vigor nos entre país extracontinental e um ou mais Esta-
mesmos termos e segundo o processo estabele- dos membros da Organização, enquanto não se
cido no artigo 140. houver posto fim à controvérsia mediante pro-
cesso pacífico. Este artigo permanecerá em vi-
Artigo 143. gor até 10 de dezembro de 1990.
Esta Carta vigorará indefinidamente, mas po-
derá ser denunciada por qualquer dos Estados
membros, mediante uma notificação escrita à DECLARAÇÃO AMERICANA DOS
Secretaria-Geral, a qual comunicará em cada
caso a todos os outros Estados as notificações DIREITOS E DEVERES DO HOMEM
de denúncia que receber. Transcorridos dois (1948)
anos a partir da data em que a Secretaria-Geral
receber uma notificação de denúncia, a presen- A IX Conferência Internacional Americana, Con-
te Carta cessará seus efeitos em relação ao dito siderando:
Estado denunciante e este ficará desligado da
Organização, depois de ter cumprido as obriga- Que os povos americanos dignificaram a pessoa
ções oriundas da presente Carta. humana e que suas Constituições nacionais re-
conhecem que as instituições jurídicas e políti-
cas, que regem a vida em sociedade, têm como
finalidade principal a proteção dos direitos es-
CAPÍTULO XXII senciais do homem e a criação de circunstâncias
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS que lhe permitam progredir espiritual e mate-
rialmente e alcançar a felicidade;
Artigo 144.
Que, em repetidas ocasiões, os Estados ameri-
O Comitê Interamericano da Aliança para o Pro- canos reconheceram que os direitos essenciais
gresso atuará como comissão executiva perma- do homem não derivam do fato de ser ele ci-
nente do Conselho Interamericano Econômico e dadão de determinado Estado, mas sim do fato
Social enquanto estiver em vigor a Aliança para dos direitos terem como base os atributos da
o Progresso. pessoa humana;

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Que a proteção internacional dos direitos do E, visto que a moral e as boas maneiras consti-
homem deve ser a orientação principal do direi- tuem a mais nobre manifestação da cultura, é
to americano em evolução; dever de todo homem acatar-lhe os princípios.
Que a consagração americana dos direitos es-
senciais do homem, unida às garantias ofereci-
das pelo regime interno dos Estados, estabele- CAPÍTULO PRIMEIRO
ce o sistema inicial de proteção que os Estados
DIREITOS
americanos consideram adequado às atuais
circunstâncias sociais e jurídicas, não deixando Artigo I. Todo ser humano tem direito à vida, à
de reconhecer, porém, que deverão fortalecê-lo liberdade e à segurança de sus pessoa.
cada vez mais no terreno internacional, à medi-
da que essas circunstâncias se tornem mais pro- Artigo II. Todas as pessoas são iguais perante
pícias; a lei e têm os direitos e deveres consagrados
nesta Declaração, sem distinção de raça, língua,
Resolve: crença, ou qualquer outra.
Adotar a seguinte Artigo III. Toda pessoa tem o direito de profes-
sar livremente uma crença religiosa e de mani-
Declaração Americana dos festá-la e praticá-la pública e particularmente.
Direitos e Deveres do Homem
Artigo IV. Toda pessoa tem o direito à liberdade
Preâmbulo de investigação, de opinião e de expressão e di-
fusão do pensamento, por qualquer meio.
Todos os homens nascem livres e iguais em dig-
nidade e direitos e, como são dotados pela na- Artigo V. Toda pessoa tem direito à proteção da
tureza de razão e consciência, devem proceder lei contra os ataques abusivos à sua honra, à sua
fraternalmente uns para com os outros. reputação e à sua vida particular e familiar.

O cumprimento do dever de cada um é exi- Artigo VI. Toda pessoa tem direito a constituir
gência do direito de todos. Direitos e deveres família, elemento fundamental da sociedade e a
integram-se correlativamente em toda a ativi- receber proteção para ela.
dade social e política do homem. Se os direitos Artigo VII. Toda mulher em estado de gravi-
exaltam a liberdade individual, os deveres expri- dez ou em época de lactação, assim como toda
mem a dignidade dessa liberdade. criança, têm direito à proteção, cuidados e auxí-
Os deveres de ordem jurídica dependem da lios especiais.
existência anterior de outros de ordem moral, Artigo VIII. Toda pessoa tem direito de fixar sua
que apoiam os primeiros conceitualmente e os residência no território do Estado de que é na-
fundamentam. cional, de transitar por ele livremente e de não
É dever do homem servir o espírito com todas abandoná-lo senão por sua própria vontade.
as suas faculdades e todos os seus recursos, Artigo IX. Toda pessoa tem direito à inviolabili-
porque o espírito é a finalidade suprema da dade do seu domicílio.
existência humana e a sua máxima categoria.
Artigo X. Toda pessoa tem direito à inviolabili-
É dever do homem exercer, manter e estimu- dade e circulação da sua correspondência.
lar a cultura por todos os meios ao seu alcance,
porque a cultura é a mais elevada expressão so- Artigo XI. Toda pessoa tem direito a que sua
cial e histórica do espírito. saúde seja resguardada por medidas sanitárias
e sociais relativas à alimentação, roupas, habi-

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tação e cuidados médicos correspondentes ao Artigo XVI. Toda pessoa tem direito à previdên-
nível permitido pelos recursos públicos e os da cia social, de modo a ficar protegida contra as
coletividade. conseqüências do desemprego, da velhice e da
incapacidade que, provenientes de qualquer
Artigo XII. Toda pessoa tem direito à educação, causa alheia à sua vontade, a impossibilitem fí-
que deve inspirar-se nos princípios de liberda- sica ou mentalmente de obter meios de subsis-
de, moralidade e solidariedade humana. tência.
Tem, outrossim, direito a que, por meio dessa Artigo XVII. Toda pessoa tem direito a ser re-
educação, lhe seja proporcionado o preparo conhecida, seja onde for, como pessoa com di-
para subsistir de uma maneira digna, para me- reitos e obrigações, e a gozar dos direitos civis
lhorar o seu nível de vida e para poder ser útil à fundamentais.
sociedade.
Artigo XVIII. Toda pessoa pode recorrer aos
O direito à educação compreende o de igualda- tribunais para fazer respeitar os seus direitos.
de de oportunidade em todos os casos, de acor- Deve poder contar, outrossim, com processo
do com os dons naturais, os méritos e o desejo simples e breve, mediante o qual a justiça a pro-
de aproveitar os recursos que possam propor- teja contra atos de autoridade que violem, em
cionar a coletividade e o Estado. seu prejuízo, qualquer dos direitos fundamen-
Toda pessoa tem o direito de que lhe seja mi- tais consagrados constitucionalmente.
nistrada gratuitamente pelo menos, a instrução Artigo XIX. Toda pessoa tem direito à nacionali-
primária. dade que legalmente lhe corresponda, podendo
Artigo XIII. Toda pessoa tem direito de tomar mudá-la, se assim o desejar, pela de qualquer
parte na vida cultural da coletividade, de gozar outro país que estiver disposta a concedê-la.
das artes e de desfrutar dos benefícios resultan- Artigo XX. Toda pessoa, legalmente capacitada,
tes do progresso intelectual e, especialmente tem o direito de tomar parte no governo do seu
das descobertas científicas. país, quer diretamente, quer através de seus re-
Tem o direito, outrossim, de ser protegida em presentantes, e de participar das eleições, que
seus interesses morais e materiais, no que se re- se processarão por voto secreto, de uma manei-
fere às invenções, obras literárias, científicas ou ra genuína, periódica e livre.
artísticas de sua autoria. Artigo XXI. Toda pessoa tem o direito de se reu-
Artigo XIV. Toda pessoa tem direito ao trabalho nir pacificamente com outras, em manifestação
em condições dignas e o direito de seguir livre- pública, ou em assembléia transitória, em rela-
mente sua vocação, na medida em que for per- ção com seus interesses comuns, de qualquer
mitido pelas oportunidades de emprego exis- natureza que sejam.
tentes. Artigo XXII. Toda pessoa tem o direito de se as-
Toda pessoa que trabalha tem o direito de re- sociar com outras a fim de promover, exercer e
ceber uma remuneração que, em relação à sua proteger os seus interesses legítimos, de ordem
capacidade de trabalho e habilidade, lhe garan- política, econômica, religiosa, social, cultural,
ta um nível de vida conveniente para si mesma e profissional, sindical ou de qualquer outra natu-
para sua família. reza.

Artigo XV. Toda pessoa tem direito ao descanso, Artigo XXIII. Toda pessoa tem direito à proprie-
ao recreio honesto e à oportunidade de aprovei- dade particular correspondente às necessida-
tar utilmente o seu tempo livre em benefício de des essenciais de uma vida decente, e que con-
seu melhoramento espiritual, cultural e físico. tribua a manter a dignidade da pessoa e do lar.

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Artigo XXIV. Toda pessoa tem o direito de apre- CAPÍTULO SEGUNDO
sentar petições respeitosas a qualquer autori- DEVERES
dade competente, quer por motivo de interesse
geral, quer de interesse particular, assim como o Artigo XXIX. O indivíduo tem o dever de con-
de obter uma solução rápida. viver com os demais, de maneira que todos e
Artigo XXV. Ninguém pode ser privado da sua li- cada um possam formar e desenvolver integral-
berdade, a não ser nos casos previstos pelas leis mente a sua personalidade.
e segundo as praxes estabelecidas pelas leis já Artigo XXX. Toda pessoa tem o dever de auxiliar,
existentes. alimentar, educar e amparar os seus filhos me-
Ninguém pode ser preso por deixar de cumprir nores de idade, e os filhos têm o dever de hon-
obrigações de natureza claramente civil. rar sempre os seus pais e de auxiliar, alimentar e
amparar sempre que precisarem.
Todo indivíduo, que tenha sido privado da sua
liberdade, tem o direito de que o juiz verifique Artigo XXXI. Toda pessoa tem o dever de adqui-
sem demora a legalidade da medida, e de que o rir, pelo menos, a instrução primária.
julgue sem protelação injustificada, ou, no caso Artigo XXXII. Toda pessoa tem o dever de votar
contrário, de ser posto em liberdade. Tem tam- nas eleições populares do país de que for nacio-
bém direito a um tratamento humano durante o nal, quando estiver legalmente habilitada para
tempo em que o privarem da sua liberdade. isso.
Artigo XXVI. Parte-se do princípio de que todo Artigo XXXIII. Toda pessoa tem o dever de obe-
acusado é inocente, até provar-se-lhe a culpabi- decer à Lei e aos demais mandamentos legíti-
lidade. mos das autoridades do país onde se encontrar.
Toda pessoa acusada de um delito tem direito Artigo XXXIV. Toda pessoa devidamente habili-
de ser ouvida em uma forma imparcial e públi- tada tem o dever de prestar os serviços civis e
ca, de ser julgada por tribunais já estabelecidos militares que a pátria exija para a sua defesa e
de acordo com leis preexistentes, e de que se conservação, e, no caso de calamidade pública,
lhe não inflijam penas cruéis, infamantes ou os serviços civis que estiverem dentro de suas
inusitadas. possibilidades.
Artigo XXVII. Toda pessoa tem o direito de pro- Da mesma forma tem o dever de desempenhar
curar e receber asilo em território estrangeiro, os cargos de eleição popular de que for incum-
em caso de perseguição que não seja motivada bida no Estado de que for nacional.
por delitos de direito comum, e de acordo com
a legislação de cada país e com as convenções Artigo XXXV. Toda pessoa está obrigada a coo-
internacionais. perar com o Estado e com a coletividade na as-
sistência e previdência sociais, de acordo com
Artigo XXVIII. Os direitos do homem estão limi- as suas possibilidades e com as circunstâncias.
tados pelos direitos do próximo, pela segurança
de todos e pelas justas exigências do bem–estar Artigo XXXVI. Toda pessoa tem o dever de pagar
geral e do desenvolvimento democrático. os impostos estabelecidos pela lei para a manu-
tenção dos serviços públicos.
Artigo XXXVII. Toda pessoa tem o dever de tra-
balhar, dentro das suas capacidades e possibi-
lidades, a fim de obter os recursos para a sua
subsistência ou em benefício da coletividade.

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Artigo XXXVIII. Todo o estrangeiro tem o dever Considerando que a Terceira Conferência Inte-
de se abster de tomar parte nas atividades polí- ramericana Extraordinária (Buenos Aires, 1967)
ticas que, de acordo com a lei, sejam privativas aprovou a incorporação à própria Carta da Orga-
dos cidadãos do Estado onde se encontrar. nização de normas mais amplas sobre os direi-
tos econômicos, sociais e educacionais e resol-
* Resolução XXX, Ata Final, aprovada na IX Con- veu que uma Convenção Interamericana sobre
ferência Internacional Americana, em Bogotá, Direitos Humanos determinasse a estrutura,
em abril de 1948. competência e processo dos órgãos encarrega-
dos dessa matéria;
Convieram no seguinte:
CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE
DIREITOS HUMANOS (1969) – PACTO
DE SAN JOSÉ DA COSTA PARTE I

Os Estados Americanos signatários da presente


DEVERES DOS ESTADOS
Convenção, E DIREITOS PROTEGIDOS
Reafirmando seu propósito de consolidar neste
Continente, dentro do quadro das instituições
democráticas, um regime de liberdade pessoal CAPÍTULO I
e de justiça social, fundado no respeito dos di-
ENUMERAÇÃO DOS DEVERES
reitos humanos essenciais;
Reconhecendo que os direitos essenciais da Artigo 1º Obrigação de respeitar os direitos
pessoa humana não derivam do fato de ser ela 1. Os Estados-partes nesta Convenção
nacional de determinado Estado, mas sim do comprometem-se a respeitar os direitos e
fato de ter como fundamento os atributos da liberdades nela reconhecidos e a garantir
pessoa humana, razão por que justificam uma seu livre e pleno exercício a toda pessoa
proteção internacional, de natureza convencio- que esteja sujeita à sua jurisdição, sem dis-
nal, coadjuvante ou complementar da que ofe- criminação alguma, por motivo de raça, cor,
rece o direito interno dos Estados americanos; sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou
Considerando que esses princípios foram con- de qualquer outra natureza, origem nacio-
sagrados na Carta da Organização dos Estados nal ou social, posição econômica, nascimen-
Americanos, na Declaração Americana dos Di- to ou qualquer outra condição social.
reitos e Deveres do Homem e na Declaração 2. Para efeitos desta Convenção, pessoa é
Universal dos Direitos do Homem, e que foram todo ser humano.
reafirmados e desenvolvidos em outros instru-
mentos internacionais, tanto de âmbito mun- Artigo 2º Dever de adotar disposições de direi-
dial como regional; to interno

Reiterando que, de acordo com a Declaração Se o exercício dos direitos e liberdades mencio-
Universal dos Direitos Humanos, só pode ser nados no artigo 1 ainda não estiver garantido
realizado o ideal do ser humano livre, isento do por disposições legislativas ou de outra nature-
temor e da miséria, se forem criadas condições za, os Estados-partes comprometem-se a ado-
que permitam a cada pessoa gozar dos seus tar, de acordo com as suas normas constitucio-
direitos econômicos, sociais e culturais, bem nais e com as disposições desta Convenção, as
como dos seus direitos civis e políticos; e medidas legislativas ou de outra natureza que

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forem necessárias para tornar efetivos tais direi- Artigo 5º Direito à integridade pessoal
tos e liberdades.
1. Toda pessoa tem direito a que se respei-
te sua integridade física, psíquica e moral.
2. Ninguém deve ser submetido a torturas,
CAPÍTULO II nem a penas ou tratos cruéis, desumanos
DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS ou degradantes. Toda pessoa privada de li-
berdade deve ser tratada com o respeito
Artigo 3º Direito ao reconhecimento da perso- devido à dignidade inerente ao ser humano.
nalidade jurídica
3. A pena não pode passar da pessoa do
Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de delinquente.
sua personalidade jurídica.
4. Os processados devem ficar separados
Artigo 4º Direito à vida dos condenados, salvo em circunstâncias
1. Toda pessoa tem o direito de que se res- excepcionais, e devem ser submetidos a tra-
peite sua vida. Esse direito deve ser prote- tamento adequado à sua condição de pes-
gido pela lei e, em geral, desde o momento soas não condenadas.
da concepção. Ninguém pode ser privado 5. Os menores, quando puderem ser pro-
da vida arbitrariamente. cessados, devem ser separados dos adultos
2. Nos países que não houverem abolido a e conduzidos a tribunal especializado, com
pena de morte, esta só poderá ser imposta a maior rapidez possível, para seu trata-
pelos delitos mais graves, em cumprimento mento.
de sentença final de tribunal competente e 6. As penas privativas de liberdade devem
em conformidade com a lei que estabeleça ter por finalidade essencial a reforma e a re-
tal pena, promulgada antes de haver o de- adaptação social dos condenados.
lito sido cometido. Tampouco se estenderá
sua aplicação a delitos aos quais não se apli- Artigo 6º Proibição da escravidão e da servidão
que atualmente.
1. Ninguém poderá ser submetido a escra-
3. Não se pode restabelecer a pena de vidão ou servidão e tanto estas como o trá-
morte nos Estados que a hajam abolido. fico de escravos e o tráfico de mulheres são
proibidos em todas as suas formas.
4. Em nenhum caso pode a pena de morte
ser aplicada a delitos políticos, nem a deli- 2. Ninguém deve ser constrangido a exe-
tos comuns conexos com delitos políticos. cutar trabalho forçado ou obrigatório. Nos
países em que se prescreve, para certos
5. Não se deve impor a pena de morte a delitos, pena privativa de liberdade acom-
pessoa que, no momento da perpetração panhada de trabalhos forçados, esta dispo-
do delito, for menor de dezoito anos, ou sição não pode ser interpretada no sentido
maior de setenta, nem aplicá-la a mulher de proibir o cumprimento da dita pena, im-
em estado de gravidez. posta por um juiz ou tribunal competente.
6. Toda pessoa condenada à morte tem O trabalho forçado não deve afetar a digni-
direito a solicitar anistia, indulto ou comu- dade, nem a capacidade física e intelectual
tação da pena, os quais podem ser conce- do recluso.
didos em todos os casos. Não se pode exe- 3. Não constituem trabalhos forçados ou
cutar a pena de morte enquanto o pedido obrigatórios para os efeitos deste artigo:
estiver pendente de decisão ante a autori-
dade competente.

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a) os trabalhos ou serviços normalmente 6. Toda pessoa privada da liberdade tem


exigidos de pessoa reclusa em cumprimento direito a recorrer a um juiz ou tribunal com-
de sentença ou resolução formal expedida petente, a fim de que este decida, sem de-
pela autoridade judiciária competente. Tais mora, sobre a legalidade de sua prisão ou
trabalhos ou serviços devem ser executados detenção e ordene sua soltura, se a prisão
sob a vigilância e controle das autoridades ou a detenção forem ilegais. Nos Estados-
públicas, e os indivíduos que os executarem -partes cujas leis prevêem que toda pessoa
não devem ser postos à disposição de parti- que se vir ameaçada de ser privada de sua
culares, companhias ou pessoas jurídicas de liberdade tem direito a recorrer a um juiz
caráter privado; ou tribunal competente, a fim de que este
decida sobre a legalidade de tal ameaça, tal
b) serviço militar e, nos países em que se recurso não pode ser restringido nem aboli-
admite a isenção por motivo de consciên- do. O recurso pode ser interposto pela pró-
cia, qualquer serviço nacional que a lei esta- pria pessoa ou por outra pessoa.
belecer em lugar daquele;
7. Ninguém deve ser detido por dívidas.
c) o serviço exigido em casos de perigo ou Este princípio não limita os mandados de
de calamidade que ameacem a existência autoridade judiciária competente expedi-
ou o bem-estar da comunidade; dos em virtude de inadimplemento de obri-
d) o trabalho ou serviço que faça parte das gação alimentar.
obrigações cívicas normais. Artigo 8º Garantias judiciais
Artigo 7º Direito à liberdade pessoal 1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida,
1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à com as devidas garantias e dentro de um
segurança pessoais. prazo razoável, por um juiz ou Tribunal com-
petente, independente e imparcial, estabe-
2. Ninguém pode ser privado de sua liber- lecido anteriormente por lei, na apuração
dade física, salvo pelas causas e nas condi- de qualquer acusação penal formulada con-
ções previamente fixadas pelas Constitui- tra ela, ou na determinação de seus direitos
ções políticas dos Estados-partes ou pelas e obrigações de caráter civil, trabalhista, fis-
leis de acordo com elas promulgadas. cal ou de qualquer outra natureza.
3. Ninguém pode ser submetido a deten- 2. Toda pessoa acusada de um delito tem
ção ou encarceramento arbitrários. direito a que se presuma sua inocência, en-
4. Toda pessoa detida ou retida deve ser quanto não for legalmente comprovada sua
informada das razões da detenção e notifi- culpa. Durante o processo, toda pessoa tem
cada, sem demora, da acusação ou das acu- direito, em plena igualdade, às seguintes
sações formuladas contra ela. garantias mínimas:

5. Toda pessoa presa, detida ou retida deve a) direito do acusado de ser assistido gra-
ser conduzida, sem demora, à presença de tuitamente por um tradutor ou intérprete,
um juiz ou outra autoridade autorizada por caso não compreenda ou não fale a língua
lei a exercer funções judiciais e tem o direi- do juízo ou tribunal;
to de ser julgada em prazo razoável ou de b) comunicação prévia e pormenorizada ao
ser posta em liberdade, sem prejuízo de que acusado da acusação formulada;
prossiga o processo. Sua liberdade pode ser
condicionada a garantias que assegurem o c) concessão ao acusado do tempo e dos
seu comparecimento em juízo. meios necessários à preparação de sua de-
fesa;

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d) direito do acusado de defender-se pes- em sentença transitada em julgado, por erro ju-
soalmente ou de ser assistido por um de- diciário.
fensor de sua escolha e de comunicar-se,
livremente e em particular, com seu defen- Artigo 11. Proteção da honra e da dignidade
sor; 1. Toda pessoa tem direito ao respeito da
e) direito irrenunciável de ser assistido por sua honra e ao reconhecimento de sua dig-
um defensor proporcionado pelo Estado, nidade.
remunerado ou não, segundo a legislação 2. Ninguém pode ser objeto de ingerências
interna, se o acusado não se defender ele arbitrárias ou abusivas em sua vida privada,
próprio, nem nomear defensor dentro do em sua família, em seu domicílio ou em sua
prazo estabelecido pela lei; correspondência, nem de ofensas ilegais à
f) direito da defesa de inquirir as teste- sua honra ou reputação.
munhas presentes no Tribunal e de obter 3. Toda pessoa tem direito à proteção da
o comparecimento, como testemunhas ou lei contra tais ingerências ou tais ofensas.
peritos, de outras pessoas que possam lan-
çar luz sobre os fatos; Artigo 12. Liberdade de consciência e de religião

g) direito de não ser obrigada a depor con- 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de
tra si mesma, nem a confessar-se culpada; e consciência e de religião. Esse direito impli-
ca a liberdade de conservar sua religião ou
h) direito de recorrer da sentença a juiz ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de
tribunal superior. crenças, bem como a liberdade de professar
3. A confissão do acusado só é válida se fei- e divulgar sua religião ou suas crenças, indi-
ta sem coação de nenhuma natureza. vidual ou coletivamente, tanto em público
como em privado.
4. O acusado absolvido por sentença tran-
sitada em julgado não poderá ser submeti- 2. Ninguém pode ser submetido a medidas
do a novo processo pelos mesmos fatos. restritivas que possam limitar sua liberdade
de conservar sua religião ou suas crenças,
5. O processo penal deve ser público, salvo ou de mudar de religião ou de crenças. A li-
no que for necessário para preservar os in- berdade de manifestar a própria religião e
teresses da justiça. as próprias crenças está sujeita apenas às
limitações previstas em lei e que se façam
Artigo 9º Princípio da legalidade e da retroati- necessárias para proteger a segurança, a
vidade ordem, a saúde ou a moral públicas ou os
Ninguém poderá ser condenado por atos ou direitos e as liberdades das demais pessoas.
omissões que, no momento em que foram co- 3. Os pais e, quando for o caso, os tutores,
metidos, não constituam delito, de acordo com têm direito a que seus filhos e pupilos rece-
o direito aplicável. Tampouco poder-se-á impor bam a educação religiosa e moral que esteja
pena mais grave do que a aplicável no momento de acordo com suas próprias convicções.
da ocorrência do delito. Se, depois de perpetra-
do o delito, a lei estipular a imposição de pena Artigo 13. Liberdade de pensamento e de ex-
mais leve, o delinquente deverá dela beneficiar- pressão
-se.
1. Toda pessoa tem o direito à liberdade
Artigo 10. Direito à indenização de pensamento e de expressão. Esse direi-
to inclui a liberdade de procurar, receber e
Toda pessoa tem direito de ser indenizada con- difundir informações e idéias de qualquer
forme a lei, no caso de haver sido condenada

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natureza, sem considerações de fronteiras, 2. Em nenhum caso a retificação ou a res-


verbalmente ou por escrito, ou em forma posta eximirão das outras responsabilida-
impressa ou artística, ou por qualquer meio des legais em que se houver incorrido.
de sua escolha.
3. Para a efetiva proteção da honra e da re-
2. O exercício do direito previsto no inciso putação, toda publicação ou empresa jorna-
precedente não pode estar sujeito à censu- lística, cinematográfica, de rádio ou televi-
ra prévia, mas a responsabilidades ulterio- são, deve ter uma pessoa responsável, que
res, que devem ser expressamente previs- não seja protegida por imunidades, nem
tas em lei e que se façam necessárias para goze de foro especial.
assegurar:
Artigo 15. Direito de reunião
a) o respeito dos direitos e da reputação
das demais pessoas; É reconhecido o direito de reunião pacífica e
sem armas. O exercício desse direito só pode es-
b) a proteção da segurança nacional, da or- tar sujeito às restrições previstas em lei e que
dem pública, ou da saúde ou da moral pú- se façam necessárias, em uma sociedade demo-
blicas. crática, ao interesse da segurança nacional, da
segurança ou ordem públicas, ou para proteger
3. Não se pode restringir o direito de ex- a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as
pressão por vias e meios indiretos, tais liberdades das demais pessoas.
como o abuso de controles oficiais ou par-
ticulares de papel de imprensa, de frequ- Artigo 16. Liberdade de associação
ências radioelétricas ou de equipamentos e
aparelhos usados na difusão de informação, 1. Todas as pessoas têm o direito de asso-
nem por quaisquer outros meios destina- ciar-se livremente com fins ideológicos, re-
dos a obstar a comunicação e a circulação ligiosos, políticos, econômicos, trabalhistas,
de idéias e opiniões. sociais, culturais, desportivos ou de qual-
quer outra natureza.
4. A lei pode submeter os espetáculos pú-
blicos a censura prévia, com o objetivo ex- 2. O exercício desse direito só pode estar
clusivo de regular o acesso a eles, para pro- sujeito às restrições previstas em lei e que
teção moral da infância e da adolescência, se façam necessárias, em uma sociedade
sem prejuízo do disposto no inciso 2. democrática, ao interesse da segurança na-
cional, da segurança e da ordem públicas,
5. A lei deve proibir toda propaganda a fa- ou para proteger a saúde ou a moral públi-
vor da guerra, bem como toda apologia ao cas ou os direitos e as liberdades das de-
ódio nacional, racial ou religioso que cons- mais pessoas.
titua incitamento à discriminação, à hostili-
dade, ao crime ou à violência. 3. O presente artigo não impede a imposi-
ção de restrições legais, e mesmo a privação
Artigo 14. Direito de retificação ou resposta do exercício do direito de associação, aos
membros das forças armadas e da polícia.
1. Toda pessoa, atingida por informações
inexatas ou ofensivas emitidas em seu pre- Artigo 17. Proteção da família
juízo por meios de difusão legalmente regu-
lamentados e que se dirijam ao público em 1. A família é o núcleo natural e fundamen-
geral, tem direito a fazer, pelo mesmo órgão tal da sociedade e deve ser protegida pela
de difusão, sua retificação ou resposta, nas sociedade e pelo Estado.
condições que estabeleça a lei. 2. É reconhecido o direito do homem e da
mulher de contraírem casamento e de cons-

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tituírem uma família, se tiverem a idade e Artigo 21. Direito à propriedade privada
as condições para isso exigidas pelas leis in-
ternas, na medida em que não afetem estas 1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo
o princípio da não-discriminação estabeleci- de seus bens. A lei pode subordinar esse
do nesta Convenção. uso e gozo ao interesse social.

3. O casamento não pode ser celebrado 2. Nenhuma pessoa pode ser privada de
sem o consentimento livre e pleno dos con- seus bens, salvo mediante o pagamento de
traentes. indenização justa, por motivo de utilidade
pública ou de interesse social e nos casos e
4. Os Estados-partes devem adotar as me- na forma estabelecidos pela lei.
didas apropriadas para assegurar a igualda-
de de direitos e a adequada equivalência de 3. Tanto a usura, como qualquer outra for-
responsabilidades dos cônjuges quanto ao ma de exploração do homem pelo homem,
casamento, durante o mesmo e por ocasião devem ser reprimidas pela lei.
de sua dissolução. Em caso de dissolução, Artigo 22. Direito de circulação e de residência
serão adotadas as disposições que assegu-
rem a proteção necessária aos filhos, com 1. Toda pessoa que se encontre legalmente
base unicamente no interesse e conveniên- no território de um Estado tem o direito de
cia dos mesmos. nele livremente circular e de nele residir, em
conformidade com as disposições legais.
5. A lei deve reconhecer iguais direitos tan-
to aos filhos nascidos fora do casamento, 2. Toda pessoa terá o direito de sair livre-
como aos nascidos dentro do casamento. mente de qualquer país, inclusive de seu
próprio país.
Artigo 18. Direito ao nome
3. O exercício dos direitos supracitados não
Toda pessoa tem direito a um prenome e aos pode ser restringido, senão em virtude de
nomes de seus pais ou ao de um destes. A lei lei, na medida indispensável, em uma socie-
deve regular a forma de assegurar a todos esse dade democrática, para prevenir infrações
direito, mediante nomes fictícios, se for neces- penais ou para proteger a segurança na-
sário. cional, a segurança ou a ordem públicas, a
Artigo 19. Direitos da criança moral ou a saúde públicas, ou os direitos e
liberdades das demais pessoas.
Toda criança terá direito às medidas de prote-
ção que a sua condição de menor requer, por 4. O exercício dos direitos reconhecidos no
parte da sua família, da sociedade e do Estado. inciso 1 pode também ser restringido pela
lei, em zonas determinadas, por motivo de
Artigo 20. Direito à nacionalidade interesse público.
1. Toda pessoa tem direito a uma naciona- 5. Ninguém pode ser expulso do território
lidade. do Estado do qual for nacional e nem ser
privado do direito de nele entrar.
2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade
do Estado em cujo território houver nasci- 6. O estrangeiro que se encontre legalmen-
do, se não tiver direito a outra. te no território de um Estado-parte na pre-
sente Convenção só poderá dele ser expul-
3. A ninguém se deve privar arbitrariamen- so em decorrência de decisão adotada em
te de sua nacionalidade, nem do direito de conformidade com a lei.
mudá-la.
7. Toda pessoa tem o direito de buscar e
receber asilo em território estrangeiro, em

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caso de perseguição por delitos políticos ou competentes, que a proteja contra atos que
comuns conexos com delitos políticos, de violem seus direitos fundamentais reco-
acordo com a legislação de cada Estado e nhecidos pela Constituição, pela lei ou pela
com as Convenções internacionais. presente Convenção, mesmo quando tal
violação seja cometida por pessoas que es-
8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser tejam atuando no exercício de suas funções
expulso ou entregue a outro país, seja ou oficiais.
não de origem, onde seu direito à vida ou à
liberdade pessoal esteja em risco de viola- 2. Os Estados-partes comprometem-se:
ção em virtude de sua raça, nacionalidade,
religião, condição social ou de suas opiniões a) a assegurar que a autoridade compe-
políticas. tente prevista pelo sistema legal do Estado
decida sobre os direitos de toda pessoa que
9. É proibida a expulsão coletiva de estran- interpuser tal recurso;
geiros.
b) a desenvolver as possibilidades de recur-
Artigo 23. Direitos políticos so judicial; e
1. Todos os cidadãos devem gozar dos se- c) a assegurar o cumprimento, pelas auto-
guintes direitos e oportunidades: ridades competentes, de toda decisão em
que se tenha considerado procedente o re-
a) de participar da condução dos assuntos curso.
públicos, diretamente ou por meio de re-
presentantes livremente eleitos;
b) de votar e ser eleito em eleições periódi-
cas, autênticas, realizadas por sufrágio uni- CAPÍTULO III
versal e igualitário e por voto secreto, que DIREITOS ECONÔMICOS,
garantam a livre expressão da vontade dos SOCIAIS E CULTURAIS
eleitores; e
Artigo 26. Desenvolvimento progressivo
c) de ter acesso, em condições gerais de
igualdade, às funções públicas de seu país. Os Estados-partes comprometem-se a adotar
as providências, tanto no âmbito interno, como
2. A lei pode regular o exercício dos direi- mediante cooperação internacional, especial-
tos e oportunidades, a que se refere o inciso mente econômica e técnica, a fim de conseguir
anterior, exclusivamente por motivo de ida- progressivamente a plena efetividade dos direi-
de, nacionalidade, residência, idioma, ins- tos que decorrem das normas econômicas, so-
trução, capacidade civil ou mental, ou con- ciais e sobre educação, ciência e cultura, cons-
denação, por juiz competente, em processo tantes da Carta da Organização dos Estados
penal. Americanos, reformada pelo Protocolo de Bue-
Artigo 24. Igualdade perante a lei nos Aires, na medida dos recursos disponíveis,
por via legislativa ou por outros meios apropria-
Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por dos.
conseguinte, têm direito, sem discriminação al-
guma, à igual proteção da lei.
Artigo 25. Proteção judicial
1. Toda pessoa tem direito a um recurso
simples e rápido ou a qualquer outro re-
curso efetivo, perante os juízes ou tribunais

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CAPÍTULO IV ção, relacionadas com as matérias sobre as
SUSPENSÃO DE GARANTIAS, quais exerce competência legislativa e judi-
cial.
INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO
2. No tocante às disposições relativas às
Artigo 27. Suspensão de garantias matérias que correspondem à competência
1. Em caso de guerra, de perigo público, das entidades componentes da federação, o
ou de outra emergência que ameace a in- governo nacional deve tomar imediatamen-
dependência ou segurança do Estado-parte, te as medidas pertinentes, em conformida-
este poderá adotar as disposições que, na de com sua Constituição e com suas leis, a
medida e pelo tempo estritamente limita- fim de que as autoridades competentes das
dos às exigências da situação, suspendam referidas entidades possam adotar as dispo-
as obrigações contraídas em virtude desta sições cabíveis para o cumprimento desta
Convenção, desde que tais disposições não Convenção.
sejam incompatíveis com as demais obriga- 3. Quando dois ou mais Estados-partes de-
ções que lhe impõe o Direito Internacional cidirem constituir entre eles uma federação
e não encerrem discriminação alguma fun- ou outro tipo de associação, diligenciarão
dada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, no sentido de que o pacto comunitário res-
religião ou origem social. pectivo contenha as disposições necessá-
2. A disposição precedente não autoriza a rias para que continuem sendo efetivas no
suspensão dos direitos determinados nos novo Estado, assim organizado, as normas
seguintes artigos: 3 (direito ao reconheci- da presente Convenção.
mento da personalidade jurídica), 4 (direito Artigo 29. Normas de interpretação
à vida), 5 (direito à integridade pessoal), 6
(proibição da escravidão e da servidão), 9 Nenhuma disposição da presente Convenção
(princípio da legalidade e da retroativida- pode ser interpretada no sentido de:
de), 12 (liberdade de consciência e religião),
a) permitir a qualquer dos Estados-partes,
17 (proteção da família), 18 (direito ao
grupo ou indivíduo, suprimir o gozo e o
nome), 19 (direitos da criança), 20 (direito à
exercício dos direitos e liberdades reconhe-
nacionalidade) e 23 (direitos políticos), nem
cidos na Convenção ou limitá-los em maior
das garantias indispensáveis para a prote-
medida do que a nela prevista;
ção de tais direitos.
b) limitar o gozo e exercício de qualquer
3. Todo Estado-parte no presente Pacto
direito ou liberdade que possam ser reco-
que fizer uso do direito de suspensão de-
nhecidos em virtude de leis de qualquer dos
verá comunicar imediatamente aos outros
Estados-partes ou em virtude de Conven-
Estados-partes na presente Convenção, por
ções em que seja parte um dos referidos Es-
intermédio do Secretário Geral da Organiza-
tados;
ção dos Estados Americanos, as disposições
cuja aplicação haja suspendido, os motivos c) excluir outros direitos e garantias que
determinantes da suspensão e a data em são inerentes ao ser humano ou que decor-
que haja dado por terminada tal suspensão. rem da forma democrática representativa
de governo;
Artigo 28. Cláusula federal
d) excluir ou limitar o efeito que possam
1. Quando se tratar de um Estado-parte
produzir a Declaração Americana dos Direi-
constituído como Estado federal, o governo
tos e Deveres do Homem e outros atos in-
nacional do aludido Estado-parte cumprirá
ternacionais da mesma natureza.
todas as disposições da presente Conven-

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Artigo 30. Alcance das restrições b) a Corte Interamericana de Direitos Hu-


manos, doravante denominada a Corte.
As restrições permitidas, de acordo com esta
Convenção, ao gozo e exercício dos direitos e
liberdades nela reconhecidos, não podem ser
aplicadas senão de acordo com leis que forem CAPÍTULO VII
promulgadas por motivo de interesse geral e
COMISSÃO INTERAMERICANA
com o propósito para o qual houverem sido es-
tabelecidas. DE DIREITOS HUMANOS
Artigo 31. Reconhecimento de outros direitos Seção 1
Poderão ser incluídos, no regime de proteção ORGANIZAÇÃO
desta Convenção, outros direitos e liberdades
Artigo 34. A Comissão Interamericana de Direi-
que forem reconhecidos de acordo com os pro-
tos Humanos compor-se-á de sete membros,
cessos estabelecidos nos artigos 69 e 70.
que deverão ser pessoas de alta autoridade mo-
ral e de reconhecido saber em matéria de direi-
tos humanos.
CAPÍTULO V Artigo 35. A Comissão representa todos os
DEVERES DAS PESSOAS Membros da Organização dos Estados America-
nos.
Artigo 32. Correlação entre deveres e direitos
Artigo 36.
1. Toda pessoa tem deveres para com a fa-
mília, a comunidade e a humanidade. 1. Os membros da Comissão serão eleitos a
título pessoal, pela Assembléia Geral da Or-
2. Os direitos de cada pessoa são limitados ganização, a partir de uma lista de candida-
pelos direitos dos demais, pela segurança tos propostos pelos governos dos Estados-
de todos e pelas justas exigências do bem -membros.
comum, em uma sociedade democrática.
2. Cada um dos referidos governos pode
propor até três candidatos, nacionais do Es-
PARTE II tado que os propuser ou de qualquer outro
Estado-membro da Organização dos Esta-
MEIOS DE PROTEÇÃO dos Americanos. Quando for proposta uma
lista de três candidatos, pelo menos um de-
les deverá ser nacional de Estado diferente
do proponente.
CAPÍTULO VI Artigo 37.
ÓRGÃOS COMPETENTES
1. Os membros da Comissão serão eleitos
Artigo 33. São competentes para conhecer de por quatro anos e só poderão ser reelei-
assuntos relacionados com o cumprimento dos tos uma vez, porém o mandato de três dos
compromissos assumidos pelos Estados-partes membros designados na primeira eleição
nesta Convenção: expirará ao cabo de dois anos. Logo depois
da referida eleição, serão determinados por
a) a Comissão Interamericana de Direitos sorteio, na Assembléia Geral, os nomes des-
Humanos, doravante denominada a Comis- ses três membros.
são; e

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2. Não pode fazer parte da Comissão mais dos-membros sobre questões relacionadas
de um nacional de um mesmo país. com os direitos humanos e, dentro de suas
possibilidades, prestar-lhes o assessora-
Artigo 38. As vagas que ocorrerem na Comis- mento que lhes solicitarem;
são, que não se devam à expiração normal do
mandato, serão preenchidas pelo Conselho Per- f) atuar com respeito às petições e outras
manente da Organização, de acordo com o que comunicações, no exercício de sua autori-
dispuser o Estatuto da Comissão. dade, de conformidade com o disposto nos
artigos 44 a 51 desta Convenção; e
Artigo 39. A Comissão elaborará seu estatuto e
submetê-lo-á à aprovação da Assembléia Geral g) apresentar um relatório anual à Assem-
e expedirá seu próprio Regulamento. bléia Geral da Organização dos Estados
Americanos.
Artigo 40. Os serviços da Secretaria da Comis-
são devem ser desempenhados pela unidade Artigo 42. Os Estados-partes devem submeter
funcional especializada que faz parte da Secre- à Comissão cópia dos relatórios e estudos que,
taria Geral da Organização e deve dispor dos re- em seus respectivos campos, submetem anual-
cursos necessários para cumprir as tarefas que mente às Comissões Executivas do Conselho In-
lhe forem confiadas pela Comissão. teramericano Econômico e Social e do Conselho
Interamericano de Educação, Ciência e Cultura,
Seção 2 a fim de que aquela zele para que se promovam
FUNÇÕES os direitos decorrentes das normas econômi-
cas, sociais e sobre educação, ciência e cultura,
Artigo 41. A Comissão tem a função principal de constantes da Carta da Organização dos Estados
promover a observância e a defesa dos direitos Americanos, reformada pelo Protocolo de Bue-
humanos e, no exercício de seu mandato, tem nos Aires.
as seguintes funções e atribuições:
Artigo 43. Os Estados-partes obrigam-se a pro-
a) estimular a consciência dos direitos hu- porcionar à Comissão as informações que esta
manos nos povos da América; lhes solicitar sobre a maneira pela qual seu di-
reito interno assegura a aplicação efetiva de
b) formular recomendações aos governos
quaisquer disposições desta Convenção.
dos Estados-membros, quando considerar
conveniente, no sentido de que adotem Seção 3
medidas progressivas em prol dos direitos
humanos no âmbito de suas leis internas e COMPETÊNCIA
seus preceitos constitucionais, bem como Artigo 44. Qualquer pessoa ou grupo de pesso-
disposições apropriadas para promover o as, ou entidade não-governamental legalmente
devido respeito a esses direitos; reconhecida em um ou mais Estados-membros
c) preparar estudos ou relatórios que con- da Organização, pode apresentar à Comissão
siderar convenientes para o desempenho petições que contenham denúncias ou queixas
de suas funções; de violação desta Convenção por um Estado-
-parte.
d) solicitar aos governos dos Estados-mem-
bros que lhe proporcionem informações so- Artigo 45.
bre as medidas que adotarem em matéria 1. Todo Estado-parte pode, no momento do
de direitos humanos; depósito do seu instrumento de ratificação
e) atender às consultas que, por meio da desta Convenção, ou de adesão a ela, ou
Secretaria Geral da Organização dos Esta- em qualquer momento posterior, declarar
dos Americanos, lhe formularem os Esta- que reconhece a competência da Comissão

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para receber e examinar as comunicações 2. As disposições das alíneas "a" e "b" do in-
em que um Estado-parte alegue haver ou- ciso 1 deste artigo não se aplicarão quando:
tro Estado-parte incorrido em violações dos
direitos humanos estabelecidos nesta Con- a) não existir, na legislação interna do Esta-
venção. do de que se tratar, o devido processo legal
para a proteção do direito ou direitos que
2. As comunicações feitas em virtude deste se alegue tenham sido violados;
artigo só podem ser admitidas e examina-
das se forem apresentadas por um Estado- b) não se houver permitido ao presumido
-parte que haja feito uma declaração pela prejudicado em seus direitos o acesso aos
qual reconheça a referida competência da recursos da jurisdição interna, ou houver
Comissão. A Comissão não admitirá nenhu- sido ele impedido de esgotá-los; e
ma comunicação contra um Estado-parte c) houver demora injustificada na decisão
que não haja feito tal declaração. sobre os mencionados recursos.
3. As declarações sobre reconhecimento Artigo 47. A Comissão declarará inadmissível
de competência podem ser feitas para que toda petição ou comunicação apresentada de
esta vigore por tempo indefinido, por perío- acordo com os artigos 44 ou 45 quando:
do determinado ou para casos específicos.
a) não preencher algum dos requisitos es-
4. As declarações serão depositadas na Se- tabelecidos no artigo 46;
cretaria Geral da Organização dos Estados
Americanos, a qual encaminhará cópia das b) não expuser fatos que caracterizem vio-
mesmas aos Estados-membros da referida lação dos direitos garantidos por esta Con-
Organização. venção;

Artigo 46. Para que uma petição ou comunica- c) pela exposição do próprio peticionário
ção apresentada de acordo com os artigos 44 ou ou do Estado, for manifestamente infunda-
45 seja admitida pela Comissão, será necessá- da a petição ou comunicação ou for eviden-
rio: te sua total improcedência; ou

a) que hajam sido interpostos e esgotados d) for substancialmente reprodução de pe-


os recursos da jurisdição interna, de acordo tição ou comunicação anterior, já examina-
com os princípios de Direito Internacional da pela Comissão ou por outro organismo
geralmente reconhecidos; internacional.

b) que seja apresentada dentro do prazo Seção 4


de seis meses, a partir da data em que o PROCESSO
presumido prejudicado em seus direitos te-
nha sido notificado da decisão definitiva; Artigo 48.
c) que a matéria da petição ou comunica- 1. A Comissão, ao receber uma petição ou
ção não esteja pendente de outro processo comunicação na qual se alegue a violação
de solução internacional; e de qualquer dos direitos consagrados nesta
Convenção, procederá da seguinte maneira:
d) que, no caso do artigo 44, a petição con-
tenha o nome, a nacionalidade, a profissão, a) se reconhecer a admissibilidade da peti-
o domicílio e a assinatura da pessoa ou pes- ção ou comunicação, solicitará informações
soas ou do representante legal da entidade ao Governo do Estado ao qual pertença a
que submeter a petição. autoridade apontada como responsável
pela violação alegada e transcreverá as par-

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tes pertinentes da petição ou comunicação. so 1, "f", do artigo 48, a Comissão redigirá um
As referidas informações devem ser envia- relatório que será encaminhado ao peticionário
das dentro de um prazo razoável, fixado e aos Estados-partes nesta Convenção e poste-
pela Comissão ao considerar as circunstân- riormente transmitido, para sua publicação, ao
cias de cada caso; Secretário Geral da Organização dos Estados
Americanos. O referido relatório conterá uma
b) recebidas as informações, ou transcor- breve exposição dos fatos e da solução alcança-
rido o prazo fixado sem que sejam elas re- da. Se qualquer das partes no caso o solicitar,
cebidas, verificará se existem ou subsistem ser-lhe-á proporcionada a mais ampla informa-
os motivos da petição ou comunicação. No ção possível.
caso de não existirem ou não subsistirem,
mandará arquivar o expediente; Artigo 50.
c) poderá também declarar a inadmissi- 1. Se não se chegar a uma solução, e den-
bilidade ou a improcedência da petição ou tro do prazo que for fixado pelo Estatuto
comunicação, com base em informação ou da Comissão, esta redigirá um relatório no
prova supervenientes; qual exporá os fatos e suas conclusões. Se
o relatório não representar, no todo ou em
d) se o expediente não houver sido arqui- parte, o acordo unânime dos membros da
vado, e com o fim de comprovar os fatos, Comissão, qualquer deles poderá agregar
a Comissão procederá, com conhecimento ao referido relatório seu voto em separado.
das partes, a um exame do assunto exposto Também se agregarão ao relatório as ex-
na petição ou comunicação. Se for necessá- posições verbais ou escritas que houverem
rio e conveniente, a Comissão procederá a sido feitas pelos interessados em virtude do
uma investigação para cuja eficaz realização inciso 1, "e", do artigo 48.
solicitará, e os Estados interessados lhe pro-
porcionarão, todas as facilidades necessá- 2. O relatório será encaminhado aos Esta-
rias; dos interessados, aos quais não será facul-
tado publicá-lo.
e) poderá pedir aos Estados interessados
qualquer informação pertinente e receberá, 3. Ao encaminhar o relatório, a Comissão
se isso for solicitado, as exposições verbais pode formular as proposições e recomen-
ou escritas que apresentarem os interessa- dações que julgar adequadas.
dos; e
Artigo 51.
f) pôr-se-á à disposição das partes interes-
sadas, a fim de chegar a uma solução amis- 1. Se no prazo de três meses, a partir da re-
tosa do assunto, fundada no respeito aos messa aos Estados interessados do relatório
direitos reconhecidos nesta Convenção. da Comissão, o assunto não houver sido so-
lucionado ou submetido à decisão da Corte
2. Entretanto, em casos graves e urgentes, pela Comissão ou pelo Estado interessado,
pode ser realizada uma investigação, me- aceitando sua competência, a Comissão po-
diante prévio consentimento do Estado em derá emitir, pelo voto da maioria absoluta
cujo território se alegue houver sido come- dos seus membros, sua opinião e conclu-
tida a violação, tão somente com a apresen- sões sobre a questão submetida à sua con-
tação de uma petição ou comunicação que sideração.
reúna todos os requisitos formais de admis-
sibilidade. 2. A Comissão fará as recomendações per-
tinentes e fixará um prazo dentro do qual o
Artigo 49. Se se houver chegado a uma solução Estado deve tomar as medidas que lhe com-
amistosa de acordo com as disposições do inci- petir para remediar a situação examinada.

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3. Transcorrido o prazo fixado, a Comissão Artigo 54.


decidirá, pelo voto da maioria absoluta dos
seus membros, se o Estado tomou ou não 1. Os juízes da Corte serão eleitos por um
as medidas adequadas e se publica ou não período de seis anos e só poderão ser ree-
seu relatório. leitos uma vez. O mandato de três dos juízes
designados na primeira eleição expirará ao
cabo de três anos. Imediatamente depois
da referida eleição, determinar-se-ão por
CAPÍTULO VIII sorteio, na Assembléia Geral, os nomes des-
ses três juízes.
CORTE INTERAMERICANA
DE DIREITOS HUMANOS 2. O juiz eleito para substituir outro, cujo
mandato não haja expirado, completará o
Seção 1 período deste.
ORGANIZAÇÃO 3. Os juízes permanecerão em suas funções
até o término dos seus mandatos. Entretan-
Artigo 52.
to, continuarão funcionando nos casos de
1. A Corte compor-se-á de sete juízes, nacio- que já houverem tomado conhecimento e
nais dos Estados-membros da Organização, que se encontrem em fase de sentença e,
eleitos a título pessoal dentre juristas da para tais efeitos, não serão substituídos pe-
mais alta autoridade moral, de reconhecida los novos juízes eleitos.
competência em matéria de direitos huma-
Artigo 55.
nos, que reúnam as condições requeridas
para o exercício das mais elevadas funções 1. O juiz, que for nacional de algum dos
judiciais, de acordo com a lei do Estado do Estados-partes em caso submetido à Cor-
qual sejam nacionais, ou do Estado que os te, conservará o seu direito de conhecer do
propuser como candidatos. mesmo.
2. Não deve haver dois juízes da mesma na- 2. Se um dos juízes chamados a conhecer
cionalidade. do caso for de nacionalidade de um dos
Estados-partes, outro Estado-parte no caso
Artigo 53.
poderá designar uma pessoa de sua escolha
1. Os juízes da Corte serão eleitos, em vo- para integrar a Corte, na qualidade de juiz
tação secreta e pelo voto da maioria abso- ad hoc.
luta dos Estados-partes na Convenção, na
3. Se, dentre os juízes chamados a conhe-
Assembléia Geral da Organização, a partir
cer do caso, nenhum for da nacionalidade
de uma lista de candidatos propostos pelos
dos Estados-partes, cada um destes poderá
mesmos Estados.
designar um juiz ad hoc.
2. Cada um dos Estados-partes pode pro-
4. O juiz ad hoc deve reunir os requisitos
por até três candidatos, nacionais do Estado
indicados no artigo 52.
que os propuser ou de qualquer outro Es-
tado-membro da Organização dos Estados 5. Se vários Estados-partes na Convenção
Americanos. Quando se propuser uma lista tiverem o mesmo interesse no caso, serão
de três candidatos, pelo menos um deles considerados como uma só parte, para os
deverá ser nacional do Estado diferente do fins das disposições anteriores. Em caso de
proponente. dúvida, a Corte decidirá.

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Artigo 56. O quorum para as deliberações da Artigo 62.
Corte é constituído por cinco juízes.
1. Todo Estado-parte pode, no momento do
Artigo 57. A Comissão comparecerá em todos depósito do seu instrumento de ratificação
os casos perante a Corte. desta Convenção ou de adesão a ela, ou
em qualquer momento posterior, declarar
Artigo 58. que reconhece como obrigatória, de pleno
1. A Corte terá sua sede no lugar que for de- direito e sem convenção especial, a compe-
terminado, na Assembléia Geral da Organi- tência da Corte em todos os casos relativos
zação, pelos Estados-partes na Convenção, à interpretação ou aplicação desta Conven-
mas poderá realizar reuniões no território ção.
de qualquer Estado-membro da Organiza- 2. A declaração pode ser feita incondicio-
ção dos Estados Americanos em que con- nalmente, ou sob condição de reciprocida-
siderar conveniente, pela maioria dos seus de, por prazo determinado ou para casos
membros e mediante prévia aquiescência específicos. Deverá ser apresentada ao Se-
do Estado respectivo. Os Estados-partes cretário Geral da Organização, que encami-
na Convenção podem, na Assembléia Ge- nhará cópias da mesma a outros Estados-
ral, por dois terços dos seus votos, mudar a -membros da Organização e ao Secretário
sede da Corte. da Corte.
2. A Corte designará seu Secretário. 3. A Corte tem competência para conhecer
3. O Secretário residirá na sede da Corte e de qualquer caso, relativo à interpretação e
deverá assistir às reuniões que ela realizar aplicação das disposições desta Convenção,
fora da mesma. que lhe seja submetido, desde que os Esta-
dos-partes no caso tenham reconhecido ou
Artigo 59. A Secretaria da Corte será por esta reconheçam a referida competência, seja
estabelecida e funcionará sob a direção do Se- por declaração especial, como prevêem os
cretário Geral da Organização em tudo o que incisos anteriores, seja por convenção espe-
não for incompatível com a independência da cial.
Corte. Seus funcionários serão nomeados pelo
Secretário Geral da Organização, em consulta Artigo 63.
com o Secretário da Corte. 1. Quando decidir que houve violação de
Artigo 60. A Corte elaborará seu Estatuto e sub- um direito ou liberdade protegidos nes-
metê-lo-á à aprovação da Assembléia Geral e ta Convenção, a Corte determinará que se
expedirá seu Regimento. assegure ao prejudicado o gozo do seu di-
reito ou liberdade violados. Determinará
Seção 2 também, se isso for procedente, que sejam
COMPETÊNCIA E FUNÇÕES reparadas as consequências da medida ou
situação que haja configurado a violação
Artigo 61. desses direitos, bem como o pagamento de
indenização justa à parte lesada.
1. Somente os Estados-partes e a Comissão
têm direito de submeter um caso à decisão 2. Em casos de extrema gravidade e urgên-
da Corte. cia, e quando se fizer necessário evitar da-
nos irreparáveis às pessoas, a Corte, nos
2. Para que a Corte possa conhecer de qual- assuntos de que estiver conhecendo, pode-
quer caso, é necessário que sejam esgotados rá tomar as medidas provisórias que consi-
os processos previstos nos artigos 48 a 50. derar pertinentes. Se se tratar de assuntos
que ainda não estiverem submetidos ao seu

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conhecimento, poderá atuar a pedido da Artigo 68.


Comissão.
1. Os Estados-partes na Convenção compro-
Artigo 64. metem-se a cumprir a decisão da Corte em
todo caso em que forem partes.
1. Os Estados-membros da Organização po-
derão consultar a Corte sobre a interpreta- 2. A parte da sentença que determinar in-
ção desta Convenção ou de outros tratados denização compensatória poderá ser exe-
concernentes à proteção dos direitos hu- cutada no país respectivo pelo processo in-
manos nos Estados americanos. Também terno vigente para a execução de sentenças
poderão consultá-la, no que lhes compete, contra o Estado.
os órgãos enumerados no capítulo X da Car-
ta da Organização dos Estados Americanos, Artigo 69. A sentença da Corte deve ser notifi-
reformada pelo Protocolo de Buenos Aires. cada às partes no caso e transmitida aos Esta-
dos-partes na Convenção.
2. A Corte, a pedido de um Estado-membro
da Organização, poderá emitir pareceres
sobre a compatibilidade entre qualquer de
suas leis internas e os mencionados instru- CAPÍTULO IX
mentos internacionais. DISPOSIÇÕES COMUNS
Artigo 65. A Corte submeterá à consideração da Artigo 70.
Assembléia Geral da Organização, em cada pe-
ríodo ordinário de sessões, um relatório sobre 1. Os juízes da Corte e os membros da Co-
as suas atividades no ano anterior. De maneira missão gozam, desde o momento da eleição
especial, e com as recomendações pertinentes, e enquanto durar o seu mandato, das imu-
indicará os casos em que um Estado não tenha nidades reconhecidas aos agentes diplomá-
dado cumprimento a suas sentenças. ticos pelo Direito Internacional. Durante o
exercício dos seus cargos gozam, além dis-
Seção 3 so, dos privilégios diplomáticos necessários
PROCESSO para o desempenho de suas funções.

Artigo 66. 2. Não se poderá exigir responsabilidade


em tempo algum dos juízes da Corte, nem
1. A sentença da Corte deve ser fundamen- dos membros da Comissão, por votos e opi-
tada. niões emitidos no exercício de suas funções.
2. Se a sentença não expressar no todo ou Artigo 71. Os cargos de juiz da Corte ou de
em parte a opinião unânime dos juízes, membro da Comissão são incompatíveis com
qualquer deles terá direito a que se agregue outras atividades que possam afetar sua inde-
à sentença o seu voto dissidente ou indivi- pendência ou imparcialidade, conforme o que
dual. for determinado nos respectivos Estatutos.
Artigo 67. A sentença da Corte será definitiva e Artigo 72. Os juízes da Corte e os membros da
inapelável. Em caso de divergência sobre o sen- Comissão perceberão honorários e despesas de
tido ou alcance da sentença, a Corte interpretá- viagem na forma e nas condições que determi-
-la-á, a pedido de qualquer das partes, desde narem os seus Estatutos, levando em conta a
que o pedido seja apresentado dentro de no- importância e independência de suas funções.
venta dias a partir da data da notificação da sen- Tais honorários e despesas de viagem serão fi-
tença. xados no orçamento-programa da Organização
dos Estados Americanos, no qual devem ser in-

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cluídas, além disso, as despesas da Corte e da entrará em vigor na data do depósito do seu
sua Secretaria. Para tais efeitos, a Corte elabo- instrumento de ratificação ou adesão.
rará o seu próprio projeto de orçamento e sub-
metê-lo-á à aprovação da Assembléia Geral, por 3. O Secretário Geral comunicará todos os
intermédio da Secretaria Geral. Esta última não Estados-membros da Organização sobre a
poderá nele introduzir modificações. entrada em vigor da Convenção.

Artigo 73. Somente por solicitação da Comissão Artigo 75. Esta Convenção só pode ser objeto
ou da Corte, conforme o caso, cabe à Assem- de reservas em conformidade com as disposi-
bléia Geral da Organização resolver sobre as ções da Convenção de Viena sobre o Direito dos
sanções aplicáveis aos membros da Comissão Tratados, assinada em 23 de maio de 1969.
ou aos juízes da Corte que incorrerem nos casos Artigo 76.
previstos nos respectivos Estatutos. Para expe-
dir uma resolução, será necessária maioria de 1. Qualquer Estado-parte, diretamente, e a
dois terços dos votos dos Estados-membros da Comissão e a Corte, por intermédio do Se-
Organização, no caso dos membros da Comis- cretário Geral, podem submeter à Assem-
são; e, além disso, de dois terços dos votos dos bléia Geral, para o que julgarem convenien-
Estados-partes na Convenção, se se tratar dos te, proposta de emendas a esta Convenção.
juízes da Corte.
2. Tais emendas entrarão em vigor para os
PARTE III Estados que as ratificarem, na data em que
houver sido depositado o respectivo instru-
DISPOSIÇÕES GERAIS E mento de ratificação, por dois terços dos Es-
tados-partes nesta Convenção. Quanto aos
TRANSITÓRIAS outros Estados-partes, entrarão em vigor na
data em que eles depositarem os seus res-
pectivos instrumentos de ratificação.
CAPÍTULO X Artigo 77.
ASSINATURA, RATIFICAÇÃO, 1. De acordo com a faculdade estabeleci-
RESERVA, EMENDA, PROTOCOLO da no artigo 31, qualquer Estado-parte e a
E DENÚNCIA Comissão podem submeter à consideração
dos Estados-partes reunidos por ocasião da
Artigo 74. Assembléia Geral projetos de Protocolos
adicionais a esta Convenção, com a finalida-
1. Esta Convenção está aberta à assinatura e
de de incluir progressivamente, no regime
à ratificação de todos os Estados-membros
de proteção da mesma, outros direitos e li-
da Organização dos Estados Americanos.
berdades.
2. A ratificação desta Convenção ou a ade-
2. Cada Protocolo deve estabelecer as mo-
são a ela efetuar-se-á mediante depósito de
dalidades de sua entrada em vigor e será
um instrumento de ratificação ou adesão na
aplicado somente entre os Estados-partes
Secretaria Geral da Organização dos Estados
no mesmo.
Americanos. Esta Convenção entrará em
vigor logo que onze Estados houverem de- Artigo 78.
positado os seus respectivos instrumentos
de ratificação ou de adesão. Com referência 1. Os Estados-partes poderão denunciar
a qualquer outro Estado que a ratificar ou esta Convenção depois de expirado o prazo
que a ela aderir ulteriormente, a Convenção de cinco anos, a partir da data em vigor da
mesma e mediante aviso prévio de um ano,

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notificando o Secretário Geral da Organiza- Seção 2


ção, o qual deve informar as outras partes. CORTE INTERAMERICANA
2. Tal denúncia não terá o efeito de desligar DE DIREITOS HUMANOS
o Estado-parte interessado das obrigações
contidas nesta Convenção, no que diz res- Artigo 81. Ao entrar em vigor esta Convenção,
peito a qualquer ato que, podendo consti- o Secretário Geral pedirá a cada Estado-parte
tuir violação dessas obrigações, houver sido que apresente, dentro de um prazo de noventa
cometido por ele anteriormente à data na dias, seus candidatos a juiz da Corte Interame-
qual a denúncia produzir efeito. ricana de Direitos Humanos. O Secretário Geral
preparará uma lista por ordem alfabética dos
candidatos apresentados e a encaminhará aos
Estados-partes pelo menos trinta dias antes da
CAPÍTULO XI Assembléia Geral seguinte.
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS Artigo 82. A eleição dos juízes da Corte far-se-á
dentre os candidatos que figurem na lista a que
Seção 1 se refere o artigo 81, por votação secreta dos
COMISSÃO INTERAMERICANA Estados-partes, na Assembléia Geral, e serão
DE DIREITOS HUMANOS declarados eleitos os candidatos que obtiverem
o maior número de votos e a maioria absoluta
Artigo 79. Ao entrar em vigor esta Convenção, dos votos dos representantes dos Estados-par-
o Secretário Geral pedirá por escrito a cada Es- tes. Se, para eleger todos os juízes da Corte, for
tado-membro da Organização que apresente, necessário realizar várias votações, serão elimi-
dentro de um prazo de noventa dias, seus can- nados sucessivamente, na forma que for deter-
didatos a membro da Comissão Interamericana minada pelos Estados-partes, os candidatos que
de Direitos Humanos. O Secretário Geral prepa- receberem menor número de votos.
rará uma lista por ordem alfabética dos candida-
tos apresentados e a encaminhará aos Estados-
-membros da Organização, pelo menos trinta
dias antes da Assembléia Geral seguinte. Protocolo Adicional à Convenção
Artigo 80. A eleição dos membros da Comissão
Americana sobre Direitos Humanos
far-se-á dentre os candidatos que figurem na lis- em matéria de direitos econômicos,
ta a que se refere o artigo 79, por votação se- sociais e culturais (1988) – Protocolo
creta da Assembléia Geral, e serão declarados de San Salvador
eleitos os candidatos que obtiverem maior nú-
mero de votos e a maioria absoluta dos votos
dos representantes dos Estados-membros. Se, Preâmbulo
para eleger todos os membros da Comissão, for
necessário realizar várias votações, serão elimi- Os Estados Partes na Convenção Americana so-
nados sucessivamente, na forma que for deter- bre Direitos Humanos, “Pacto de San José da
minada pela Assembléia Geral, os candidatos Costa Rica”,
que receberem maior número de votos. Reafirmando seu propósito de consolidar neste
Continente, dentro do quadro das instituições
democráticas, um regime de liberdade pessoal
e de justiça social, fundado no respeito dos di-
reitos essenciais do homem;

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Reconhecendo que os direitos essenciais do ho- ser submetidos à consideração dos Estados Par-
mem não derivam do fato de ser ele nacional tes, reunidos por ocasião da Assembléia Geral
de determinado Estado, mas sim do fato de ter da Organização dos Estados Americanos, proje-
como fundamento os atributos da pessoa hu- tos de protocolos adicionais a essa Convenção,
mana, razão por que justificam uma proteção com a finalidade de incluir progressivamente no
internacional, de natureza convencional, coad- regime de proteção da mesma outros direitos e
juvante ou complementar da que oferece o di- liberdades,
reito interno dos Estados americanos;
Convieram no seguinte Protocolo Adicional à
Considerando a estreita relação que existe en- Convenção Americana sobre Direitos Humanos,
tre a vigência dos direitos econômicos, sociais “Protocolo de San Salvador”:
e culturais e a dos direitos civis e políticos,
porquanto as diferentes categorias de direito Artigo 1. Obrigação de adotar medidas
constituem um todo indissolúvel que encontra Os Estados Partes neste Protocolo Adicional à
sua base no reconhecimento da dignidade da Convenção Americana sobre Direitos Humanos
pessoa humana, pelo qual exigem uma tutela e comprometem-se a adotar as medidas neces-
promoção permanente, com o objetivo de con- sárias, tanto de ordem interna como por meio
seguir sua vigência plena, sem que jamais possa da cooperação entre os Estados, especialmente
justificar-se a violação de uns a pretexto da rea- econômica e técnica, até o máximo dos recur-
lização de outros; sos disponíveis e levando em conta seu grau de
Reconhecendo os benefícios decorrentes do fo- desenvolvimento, a fim de conseguir, progressi-
mento e desenvolvimento da cooperação entre vamente e de acordo com a legislação interna,
os Estados e das relações internacionais; a plena efetividade dos direitos reconhecidos
neste Protocolo.
Recordando que, de acordo com a Declaração
Universal dos Direitos do Homem e a Conven- Artigo 2. Obrigação de adotar disposições de
ção Americana sobre Direitos Humanos, só direito interno
pode ser realizado o ideal do ser humano livre, Se o exercício dos direitos estabelecidos neste
isento de temor e da miséria, se forem criadas Protocolo ainda não estiver garantido por dispo-
condições que permitam a cada pessoa gozar sições legislativas ou de outra natureza, os Esta-
de seus direitos econômicos, sociais e culturais, dos Partes comprometem-se a adotar, de acor-
bem como de seus direitos civis e políticos; do com suas normas constitucionais e com as
Levando em conta que, embora os direitos disposições deste Protocolo, as medidas legisla-
econômicos, sociais e culturais fundamentais tivas ou de outra natureza que forem necessá-
tenham sido reconhecidos em instrumentos rias para tornar efetivos esses direitos.
internacionais anteriores, tanto de âmbito uni- Artigo 3. Obrigação de não discriminação
versal como regional, é muito importante que
esses direitos sejam reafirmados, desenvolvi- Os Estados Partes neste Protocolo comprome-
dos, aperfeiçoados e protegidos, a fim de con- tem-se a garantir o exercício dos direitos nele
solidar na América, com base no respeito pleno enunciados, sem discriminação alguma por mo-
dos direitos da pessoa, o regime democrático tivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões
representativo de governo, bem como o direito políticas ou de qualquer outra natureza, origem
de seus povos ao desenvolvimento, à livre de- nacional ou social, posição econômica, nasci-
terminação e a dispor livremente de suas rique- mento ou qualquer outra condição social.
zas e recursos naturais; e
Artigo 4. Não-admissão de restrições
Considerando que a Convenção Americana so-
Não se poderá restringir ou limitar qualquer
bre Direitos Humanos estabelece que podem
dos direitos reconhecidos ou vigentes num Es-

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tado em virtude de sua legislação interna ou de suas famílias e salário eqüitativo e igual por
convenções internacionais, sob pretexto de que trabalho igual, sem nenhuma distinção;
este Protocolo não os reconhece ou os reconhe-
ce em menor grau. b) O direito de todo trabalhador de seguir
sua vocação e de dedicar-se à atividade que
Artigo 5. Alcance das restrições e limitações melhor atenda a suas expectativas e a tro-
car de emprego de acordo com a respectiva
Os Estados Partes só poderão estabelecer res- regulamentação nacional;
trições e limitações ao gozo e exercício dos di-
reitos estabelecidos neste Protocolo mediante c) O direito do trabalhador à promoção ou
leis promulgadas com o objetivo de preservar avanço no trabalho, para o qual serão leva-
o bem-estar geral dentro de uma sociedade de- das em conta suas qualificações, competên-
mocrática, na medida em que não contrariem o cia, probidade e tempo de serviço;
propósito e razão dos mesmos.
d) Estabilidade dos trabalhadores em seus
Artigo 6. Direito ao trabalho empregos, de acordo com as características
das indústrias e profissões e com as causas
1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, o de justa separação. Nos casos de demissão
que inclui a oportunidade de obter os meios injustificada, o trabalhador terá direito a
para levar uma vida digna e decorosa por uma indenização ou à readmissão no em-
meio do desempenho de uma atividade líci- prego ou a quaisquer outras prestações pre-
ta, livremente escolhida ou aceita. vistas pela legislação nacional;
2. Os Estados Partes comprometem-se a e) Segurança e higiene no trabalho;
adotar medidas que garantam plena efetivi-
dade do direito ao trabalho, especialmente f) Proibição de trabalho noturno ou em
as referentes à consecução do pleno empre- atividades insalubres ou perigosas para os
go, à orientação vocacional e ao desenvolvi- menores de 18 anos e, em geral, de todo
mento de projetos de treinamento técnico trabalho que possa pôr em perigo sua saú-
profissional, particularmente os destinados de, segurança ou moral. Quando se tratar
aos deficientes. Os Estados Partes compro- de menores de 16 anos, a jornada de traba-
metem-se também a executar e a fortalecer lho deverá subordinar-se às disposições so-
programas que coadjuvem um adequado bre ensino obrigatório e, em nenhum caso,
atendimento da família, a fim de que a mu- poderá constituir impedimento à assistên-
lher tenha real possibilidade de exercer o cia escolar ou limitação para beneficiar-se
direito ao trabalho. da instrução recebida;
Artigo 7. Condições justas, eqüitativas e satis- g) Limitação razoável das horas de traba-
fatórias de trabalho lho, tanto diárias quanto semanais. As jor-
nadas serão de menor duração quando se
Os Estados Partes neste Protocolo reconhecem tratar de trabalhos perigosos, insalubres ou
que o direito ao trabalho, a que se refere o arti- noturnos;
go anterior, pressupõe que toda pessoa goze do
mesmo em condições justas, eqüitativas e satis- h) Repouso, gozo do tempo livre, férias re-
fatórias, para o que esses Estados garantirão em muneradas, bem como remuneração nos
suas legislações, de maneira particular: feriados nacionais.
a) Remuneração que assegure, no mínimo, Artigo 8. Direitos sindicais
a todos os trabalhadores condições de sub-
sistência digna e decorosa para eles e para 1. Os Estados Partes garantirão:

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a) O direito dos trabalhadores de organizar Artigo 10. Direito à saúde
sindicatos e de filiar-se ao de sua escolha,
para proteger e promover seus interesses. 1. Toda pessoa tem direito à saúde, en-
Como projeção desse direito, os Estados tendida como o gozo do mais alto nível de
Partes permitirão aos sindicatos formar bem-estar físico, mental e social.
federações e confederações nacionais e 2. A fim de tornar efetivo o direito à saúde,
associar-se às já existentes, bem como for- os Estados Partes comprometem-se a reco-
mar organizações sindicais internacionais nhecer a saúde como bem público e, espe-
e associar-se à de sua escolha. Os Estados cialmente, a adotar as seguintes medidas
Partes também permitirão que os sindica- para garantir este direito:
tos, federações e confederações funcionem
livremente; a) Atendimento primário de saúde, enten-
dendo-se como tal a assistência médica es-
b) O direito de greve. sencial colocada ao alcance de todas as pes-
2. O exercício dos direitos enunciados aci- soas e famílias da comunidade;
ma só pode estar sujeito às limitações e res- b) Extensão dos benefícios dos serviços de
trições previstas pela lei que sejam próprias saúde a todas as pessoas sujeitas à jurisdi-
a uma sociedade democrática e necessárias ção do Estado;
para salvaguardar a ordem pública e prote-
ger a saúde ou a moral pública, e os direitos c) Total imunização contra as principais do-
ou liberdades dos demais. Os membros das enças infecciosas;
forças armadas e da polícia, bem como de
d) Prevenção e tratamento das doenças en-
outros serviços públicos essenciais, estarão
dêmicas, profissionais e de outra natureza;
sujeitos às limitações e restrições impostas
pela lei. e) Educação da população sobre prevenção
e tratamento dos problemas da saúde; e
3. Ninguém poderá ser obrigado a perten-
cer a um sindicato. f) Satisfação das necessidades de saúde
dos grupos de mais alto risco e que, por sua
Artigo 9. Direito à previdência social
situação de pobreza, sejam mais vulnerá-
1. Toda pessoa tem direito à previdência veis.
social que a proteja das conseqüências da
Artigo 11. Direito a um meio ambiente sadio
velhice e da incapacitação que a impossi-
bilite, física ou mentalmente, de obter os 1. Toda pessoa tem direito a viver em meio
meios de vida digna e decorosa. No caso de ambiente sadio e a contar com os serviços
morte do beneficiário, as prestações da pre- públicos básicos.
vidência social beneficiarão seus dependen-
tes. 2. Os Estados Partes promoverão a prote-
ção, preservação e melhoramento do meio
2. Quando se tratar de pessoas em ativida- ambiente.
de, o direito à previdência social abrangerá
pelo menos o atendimento médico e o sub- Artigo 12. Direito à alimentação
sídio ou pensão em caso de acidentes de 1. Toda pessoa tem direito a uma nutrição
trabalho ou de doença profissional e, quan- adequada que assegure a possibilidade de
do se tratar da mulher, licença remunerada gozar do mais alto nível de desenvolvimen-
para a gestante, antes e depois do parto. to físico, emocional e intelectual.
2. A fim de tornar efetivo esse direito e de
eliminar a desnutrição, os Estados Partes

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comprometem-se a aperfeiçoar os métodos pessoas que não tiverem recebido ou termi-


de produção, abastecimento e distribuição nado o ciclo completo de instrução do pri-
de alimentos, para o que se comprometem meiro grau;
a promover maior cooperação internacional
com vistas a apoiar as políticas nacionais so- e) Deverão ser estabelecidos programas
bre o tema. de ensino diferenciado para os deficientes,
a fim de proporcionar instrução especial e
Artigo 13. Direito à educação formação a pessoas com impedimentos físi-
cos ou deficiência mental.
1. Toda pessoa tem direito à educação.
4. De acordo com a legislação interna dos
2. Os Estados Partes neste Protocolo con- Estados Partes, os pais terão direito a esco-
vêm em que a educação deverá orientar-se lher o tipo de educação a ser dada aos seus
para o pleno desenvolvimento da personali- filhos, desde que esteja de acordo com os
dade humana e do sentido de sua dignidade princípios enunciados acima.
e deverá fortalecer o respeito pelos direitos
humanos, pelo pluralismo ideológico, pe- 5. Nada do disposto neste Protocolo pode-
las liberdades fundamentais, pela justiça e rá ser interpretado como restrição da liber-
pela paz. Convêm, também, em que a edu- dade dos particulares e entidades de esta-
cação deve capacitar todas as pessoas para belecer e dirigir instituições de ensino, de
participar efetivamente de uma sociedade acordo com a legislação interna dos Estados
democrática e pluralista, conseguir uma Partes.
subsistência digna, favorecer a compreen-
são, a tolerância e a amizade entre todas as Artigo 14. Direito aos benefícios da cultura
nações e todos os grupos raciais, étnicos ou 1. Os Estados Partes neste Protocolo reco-
religiosos e promover as atividades em prol nhecem o direito de toda pessoa a:
da manutenção da paz.
a) Participar na vida cultural e artística da
3. Os Estados Partes neste Protocolo re- comunidade;
conhecem que, a fim de conseguir o pleno
exercício do direito à educação: b) Gozar dos benefícios do progresso cien-
tífico e tecnológico;
a) O ensino de primeiro grau deve ser obri-
gatório e acessível a todos gratuitamente; c) Beneficiar-se da proteção dos interesses
morais e materiais que lhe caibam em vir-
b) O ensino de segundo grau, em suas di- tude das produções científicas, literárias ou
ferentes formas, inclusive o ensino técnico artísticas de que for autora.
e profissional de segundo grau, deve ser
generalizado e tornar-se acessível a todos, 2. Entre as medidas que os Estados Partes
pelos meios que forem apropriados e, espe- neste Protocolo deverão adotar para asse-
cialmente, pela implantação progressiva do gurar o pleno exercício deste direito, figura-
ensino gratuito; rão as necessárias para a conservação, de-
senvolvimento e divulgação da ciência, da
c) O ensino superior deve tornar-se igual- cultura e da arte.
mente acessível a todos, de acordo com a
capacidade de cada um, pelos meios que 3. Os Estados Partes neste Protocolo com-
forem apropriados e, especialmente, pela prometem-se a respeitar a liberdade indis-
implantação progressiva do ensino gratuito; pensável para a pesquisa científica e a ativi-
dade criadora.
d) Deve-se promover ou intensificar, na
medida do possível, o ensino básico para as 4. Os Estados Partes neste Protocolo re-
conhecem os benefícios que decorrem da

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promoção e desenvolvimento da coopera- nais, reconhecidas judicialmente, a criança de
ção e das relações internacionais em assun- tenra idade não deve ser separada de sua mãe.
tos científicos, artísticos e culturais e, nesse Toda criança tem direito à educação gratuita e
sentido, comprometem-se a propiciar maior obrigatória, pelo menos no nível básico, e a con-
cooperação internacional nesse campo. tinuar sua formação em níveis mais elevados do
sistema educacional.
Artigo 15. Direito à constituição e proteção da
família Artigo 17. Proteção de pessoas idosas
1. A família é o elemento natural e funda- Toda pessoa tem direito à proteção especial na
mental da sociedade e deve ser protegida velhice. Nesse sentido, os Estados Partes com-
pelo Estado, que deverá velar pelo melhora- prometem-se a adotar de maneira progressiva
mento de sua situação moral e material. as medidas necessárias a fim de pôr em prática
este direito e, especialmente, a:
2. Toda pessoa tem direito a constituir fa-
mília, o qual exercerá de acordo com as dis- a) Proporcionar instalações adequadas,
posições da legislação interna correspon- bem como alimentação e assistência médi-
dente. ca especializada, às pessoas de idade avan-
çada que careçam delas e não estejam em
3. Os Estados Partes comprometem-se, me- condições de provê-las por seus próprios
diante este Protocolo, a proporcionar ade- meios;
quada proteção ao grupo familiar e, espe-
cialmente, a: b) Executar programas trabalhistas espe-
cíficos destinados a dar a pessoas idosas a
a) Dispensar atenção e assistência espe- possibilidade de realizar atividade produti-
ciais à mãe, por um período razoável, antes va adequada às suas capacidades, respei-
e depois do parto; tando sua vocação ou desejos;
b) Garantir às crianças alimentação ade- c) Promover a formação de organizações
quada, tanto no período de lactação quanto sociais destinadas a melhorar a qualidade
durante a idade escolar; de vida das pessoas idosas.
c) Adotar medidas especiais de proteção Artigo 18. Proteção de deficientes
dos adolescentes, a fim de assegurar o ple-
no amadurecimento de suas capacidades Toda pessoa afetada por diminuição de suas ca-
físicas, intelectuais e morais; pacidades físicas e mentais tem direito a rece-
ber atenção especial, a fim de alcançar o máxi-
d) Executar programas especiais de for- mo desenvolvimento de sua personalidade. Os
mação familiar, a fim de contribuir para a Estados Partes comprometem-se a adotar as
criação de ambiente estável e positivo no medidas necessárias para esse fim e, especial-
qual as crianças percebam e desenvolvam mente, a:
os valores de compreensão, solidariedade,
respeito e responsabilidade. a) Executar programas específicos destina-
dos a proporcionar aos deficientes os recur-
Artigo 16. Direito da criança sos e o ambiente necessário para alcançar
Toda criança, seja qual for sua filiação, tem di- esse objetivo, inclusive programas traba-
reito às medidas de proteção que sua condição lhistas adequados a suas possibilidades e
de menor requer por parte da sua família, da que deverão ser livremente aceitos por eles
sociedade e do Estado. Toda criança tem direito ou, se for o caso, por seus representantes
de crescer ao amparo e sob a responsabilidade legais;
de seus pais; salvo em circunstâncias excepcio-

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b) Proporcionar formação especial às fa- 4. Os organismos especializados do Siste-


mílias dos deficientes, a fim de ajuda-los ma Interamericano poderão apresentar ao
a resolver os problemas de convivência e Conselho Interamericano Econômico e So-
convertê-los em elementos atuantes no de- cial e ao Conselho Interamericano de Edu-
senvolvimento físico, mental e emocional cação, Ciência e Cultura relatórios sobre o
destes; cumprimento das disposições deste Proto-
colo, no campo de suas atividades.
c) Incluir, de maneira prioritária, em seus
planos de desenvolvimento urbano a consi- 5. Os relatórios anuais que o Conselho In-
deração de soluções para os requisitos es- teramericano Econômico e Social e o Con-
pecíficos decorrentes das necessidades des- selho Interamericano de Educação, Ciência
te grupo; e Cultura apresentarem à Assembléia Geral
conterão um resumo da informação recebi-
d) Promover a formação de organizações da dos Estados Partes neste Protocolo e dos
sociais nas quais os deficientes possam de- organismos especializados sobre as medi-
senvolver uma vida plena. das progressivas adotadas a fim de assegu-
Artigo 19. Meios de proteção rar o respeito dos direitos reconhecidos no
Protocolo e das recomendações de caráter
1. Os Estados Partes neste Protocolo com- geral que a respeito considerarem pertinen-
prometem-se a apresentar, de acordo com tes.
o disposto por este artigo e pelas normas
pertinentes que a propósito deverão ser 6. Caso os direitos estabelecidos na alínea
elaboradas pela Assembléia Geral da Orga- a do artigo 8, e no artigo 13, forem viola-
nização dos Estados Americanos, relatórios dos por ação imputável diretamente a um
periódicos sobre as medidas progressivas Estado Parte deste Protocolo, essa situação
que tiverem adotado para assegurar o de- poderia dar lugar, mediante participação da
vido respeito aos direitos consagrados no Comissão Interamericana de Direitos Hu-
mesmo Protocolo. manos e, quando cabível, da Corte Intera-
mericana de Direitos Humanos, à aplicação
2. Todos os relatórios serão apresentados do sistema de petições individuais regulado
ao Secretário Geral da OEA, que os transmi- pelos artigos 44 a 51 e 61 a 69 da Conven-
tirá ao Conselho Interamericano Econômico ção Americana sobre Direitos Humanos.
e Social e ao Conselho Interamericano de
Educação, Ciência e Cultura, a fim de que os 7. Sem prejuízo do disposto no parágrafo
examinem de acordo com o disposto neste anterior, a Comissão Interamericana de Di-
artigo. O Secretário Geral enviará cópia des- reitos Humanos poderá formular as obser-
ses relatórios à Comissão Interamericana de vações e recomendações que considerar
Direitos Humanos. pertinentes sobre a situação dos direitos
econômicos, sociais e culturais estabeleci-
3. O Secretário Geral da Organização dos dos neste Protocolo em todos ou em alguns
Estados Americanos transmitirá também dos Estados Partes, as quais poderá incluir
aos organismos especializados do Sistema no Relatório Anual à Assembléia Geral ou
Interamericano, dos quais sejam membros num relatório especial, conforme conside-
os Estados Partes neste Protocolo, cópias rar mais apropriado.
dos relatórios enviados ou das partes per-
tinentes deles, na medida em que tenham 8. No exercício das funções que lhes con-
relação com matérias que sejam da compe- fere este artigo, os Conselhos e a Comissão
tência dos referidos organismos, de acordo Interamericana de Direitos Humanos deve-
com seus instrumentos constitutivos. rão levar em conta a natureza progressiva

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da vigência dos direitos objeto da proteção a dois terços do número de Estados Partes
deste Protocolo. neste Protocolo. Quanto aos demais Esta-
dos Partes, entrarão em vigor na data em
Artigo 20. Reservas que depositarem seus respectivos instru-
Os Estados Partes poderão formular reservas mentos de ratificação.
sobre uma ou mais disposições específicas des-
te Protocolo no momento de aprova-lo, assiná-
-lo, ratifica-lo ou a ele aderir, desde que não
sejam incompatíveis com o objetivo e o fim do Protocolo à Convenção Americana
Protocolo. sobre Direitos Humanos referentes à
abolição da pena de morte (1990)
Artigo 21. Assinatura, ratificação ou adesão.
Entrada em vigor
1. Este Protocolo fica aberto à assinatura e
PREÂMBULO
à ratificação ou adesão de todo Estado Par- OS ESTADOS MEMBROS NESTE PROTOCOLO,
te na Convenção Americana sobre Direitos CONSIDERANDO:
Humanos.
Que o "artigo 4" da Convenção Americana sobre
2. A ratificação deste Protocolo ou a ade- Direitos Humanos reconhece o direito à vida e
são ao mesmo será efetuada mediante de- restringe a aplicação da pena de morte.
pósito de um instrumento de ratificação ou
de adesão na Secretaria Geral da Organiza- Que toda pessoa tem o direito inalienável de
ção dos Estados Americanos. que se respeite sua vida, não podendo este di-
reito ser suspenso por motivo algum.
3. O Protocolo entrará em vigor tão logo
onze Estados tiverem depositado seus res- Que a tendência dos Estados americanos é favo-
pectivos instrumentos de ratificação ou de rável à abolição da pena de morte;
adesão.
Que a aplicação da pena de morte produz con-
4. O Secretário Geral informará a todos os seqüências irreparáveis que impedem sanar o
Estados membros da Organização a entrada erro judicial e eliminam qualquer possibilidade
em vigor do Protocolo. de emenda e de reabilitação do processado.

Artigo 22. Incorporação de outros direitos e Que a abolição da pena de morte contribui para
ampliação dos reconhecidos assegurar proteção mais efetiva do direito à
vida.
1. Qualquer Estado Parte e a Comissão In-
teramericana de Direitos Humanos pode- Que é necessário chegar a acordo internacional
rão submeter à consideração dos Estados que represente um desenvolvimento progressi-
Partes, reunidos por ocasião da Assembléia vo da Convenção Americana sobre Direitos Hu-
Geral, propostas de emendas com o fim de manos.
incluir o reconhecimento de outros direitos
Que Estados Membros na Convenção Ameri-
e liberdades, ou outras destinadas a esten-
cana sobre Direitos Humanos expressaram seu
der ou ampliar os direitos e liberdades reco-
propósito de se comprometer mediante acordo
nhecidos neste Protocolo.
internacional a fim de consolidar a prática da
2. As emendas entrarão em vigor para os não aplicação da pena de morte no continente
Estados ratificantes das mesmas na data em americano.
que tiverem depositado o respectivo ins-
CONVIERAM,
trumento de ratificação que corresponda

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Em assinar o seguinte: Artigo 4º

PROTOCOLO À CONVENÇÃO AMERI- Este Protocolo entrará em vigor, para os Estados


CANA SOBRE DIREITOS HUMANOS que o ratificarem ou a ele aderirem, a partir do
depósito do respectivo instrumento de ratifica-
REFERENTE À ABOLIÇÃO DA PENA DE ção ou adesão, na Secretaria Geral da Organiza-
MORTE ção dos Estados Americanos.
Artigo 1º
Os Estados Membros neste Protocolo não apli-
carão em seu território a pena de morte a ne- Estatuto da Corte Interamericana de
nhuma pessoa submetida a sua jurisdição. Direitos Humanos (1979)
Artigo 2º
§ 1º Não será admitida reserva alguma a
este Protocolo. Entretanto, no momento de CAPÍTULO I
ratificação ou adesão, os Estados Membros
DISPOSIÇÕES GERAIS
neste instrumento poderão declarar que
se reservam o direito de aplicar a pena de Artigo 1º Natureza e regime jurídico
morte em tempo de guerra, de acordo com
o Direito Internacional, por delitos suma- A Corte Interamericana de Direitos Humanos é
mente graves de caráter militar. uma instituição judiciária autônoma cujo obje-
tivo é a aplicação e a interpretação da Conven-
§ 2º O Estado Membro que formular essa ção Americana sobre Direitos Humanos. A Corte
reserva deverá comunicar ao Secretário Ge- exerce suas funções em conformidade com as
ral da Organização dos Estados Americanos, disposições da citada Convenção e deste Estatu-
no momento da ratificação ou adesão, as to.
disposições pertinentes de sua legislação
nacional aplicáveis em tempo de guerra a Artigo 2º Competência e funções
que se refere o parágrafo anterior.
A Corte exerce função jurisdicional e consultiva.
§ 3º Esse Estado Membro notificará o Se-
§ 1º Sua função jurisdicional se rege pelas
cretário Geral da Organização dos Estados
disposições dos "artigos 61, 62 e 63" da
Americanos de todo início ou fim de um es-
Convenção.
tado de guerra aplicável ao seu território.
§ 2º Sua função consultiva se rege pelas dis-
Artigo 3º
posições do "artigo 64" da Convenção.
§ 1º Este Protocolo fica aberto à assinatu-
Artigo 3º Sede
ra e ratificação ou adesão de todo Estado
Membro na Convenção Americana sobre § 1º A Corte terá sua sede em San José,
Direitos Humanos. Costa Rica; poderá, entretanto, realizar reu-
niões em qualquer Estado Membro da Or-
§ 2º A ratificação deste Protocolo ou a ade-
ganização dos Estados Americanos – OEA,
são ao mesmo será feita mediante o depósi-
quando a maioria dos seus membros consi-
to do instrumento de ratificação ou adesão
derar conveniente, e mediante aquiescên-
na Secretaria Geral da Organização dos Es-
cia prévia do Estado respectivo.
tados Americanos.

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§ 2º A sede da corte pode ser mudada pelo anterior à expiração do mandato dos juízes
voto de dois terços dos Estados Membros cessantes.
da Convenção na Assembléia Geral da OEA.
§ 2º As vagas da Corte decorrentes de mor-
te, incapacidade permanente, renúncia ou
remoção dos juízes serão preenchidas, se
CAPÍTULO II possível, no próximo período de sessões
da Assembléia Geral da OEA. Entretanto, a
COMPOSIÇÃO DA CORTE
eleição não será necessária quando a vaga
Artigo 4º Composição ocorrer nos últimos seis meses do mandato
do juiz que lhe der origem.
§ 1º A Corte é composta de sete juízes, na-
cionais dos Estados Membros da OEA, elei- § 3º Se for necessário, para preservar o
tos a título pessoal dentre juristas da mais quorum da Corte, os Estados Membros da
alta autoridade moral, de reconhecida com- Convenção, em sessão do Conselho Perma-
petência em matéria de direitos humanos, nente da OEA, por solicitação do Presidente
que reúnam as condições requeridas para da Corte, nomearão um ou mais juízes inte-
o exercício das mais elevadas funções judi- rinos, que servirão até que sejam substituí-
ciais, de acordo com a lei do Estado do qual dos pelos juízes eleitos.
sejam nacionais, ou do Estado que os pro- Artigo 7º Candidatos
puser como candidatos.
§ 1º Os juizes são eleitos pelos Estados
§ 2º Não deve haver mais de um juiz da Membros da Convenção, na Assembléia Ge-
mesma nacionalidade. ral da OEA, de uma lista de candidatos pro-
Artigo 5º Mandato dos juízes postos pelos mesmos Estados.

§ 1º Os juízes da Corte serão eleitos para § 2º Cada Estado Membro pode propor até
um mandato de seis anos e só poderão ser três candidatos, nacionais do Estado que os
reeleitos uma vez. O juiz eleito para substi- propõe ou de qualquer outro Estado Mem-
tuir outro cujo mandato não haja expirado, bro da OEA.
completará o mandato deste. § 3º Quando for proposta uma lista tríplice,
§ 2º Os mandatos dos juízes serão contados pelo menos um dos candidatos deve ser na-
a partir de 1 de janeiro do ano seguinte ao cional de um Estado diferente do proponen-
de sua eleição e estender-se-ão até 31 de te.
dezembro do ano de sua conclusão. Artigo 8º Eleição: Procedimento prévio
§ 3º Os juízes permanecerão em exercício § 1º Seis meses antes da realização do perí-
até a conclusão de seu mandato. Não obs- odo ordinário de sessões da Assembléia Ge-
tante, continuarão conhecendo dos casos a ral da OEA, antes da expiração do mandato
que se tiverem dedicado e que se encontra- para o qual houverem sido eleitos os juízes
rem em fase de sentença, para cujo efeito da Corte, o Secretário Geral da OEA solici-
não serão substituídos pelos novos juízes tará, por escrito, a cada Estado Membro da
eleitos. Convenção, que apresente seus candidatos
Artigo 6º Data de eleição dos juízes dentro do prazo de noventa dias.

§ 1º A eleição dos juízes far-se-á, se possí- § 2º O Secretário Geral da OEA preparará


vel, no decorrer do período de sessões da uma lista em ordem alfabética dos candida-
Assembléia Geral da OEA, imediatamente tos apresentados e a levará ao conhecimen-
to dos Estados Membros, se for possível,

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pelo menos trinta dias antes do próximo seguintes ao convite escrito do Presidente
período de sessões da Assembléia Geral da da Corte, considerar-se-á que tal Estado re-
OEA. nuncia ao exercício desse direito.
§ 3º Quando se tratar de vagas da Corte, § 5º As disposições dos "artigos 4, 11, 1 5, 1
bem como nos casos de morte ou de inca- 6, 1 8, 1 9 e 20" deste Estatuto serão aplicá-
pacidade permanente de um candidato, os veis aos juízes ad hoc.
prazos anteriores serão reduzidos de ma-
neira razoável a juízo do Secretário Geral da Artigo 11. Juramento
OEA. § 1º Ao tomar posse de seus cargos, os ju-
Artigo 9º Votação ízes prestarão o seguinte juramento ou de-
claração solene: "Juro" – ou – "declaro so-
§ 1º A eleição dos juízes é feita por votação lenemente que exercerei minhas funções de
secreta e pela maioria absoluta dos Estados juiz com honradez, independência e impar-
Membros da Convenção, dentre os candida- cialidade, e que guardarei segredo de todas
tos a que se refere o "artigo 7" deste Esta- as deliberações".
tuto.
§ 2º O juramento será feito perante o Presi-
§ 2º Entre os candidatos que obtiverem a dente da Corte, se possível na presença de
citada maioria absoluta, serão considerados outros juízes.
eleitos os que receberem o maior número
de votos. Se forem necessárias várias vota-
ções, serão eliminados sucessivamente os
candidatos que receberem menor número CAPÍTULO III
de votos, segundo o determinem os Estados ESTRUTURA DA CORTE
Membros.
Artigo 12. Presidência
Artigo 10º Juízes ad hoc
§ 1º A Corte elege, dentre seus membros, o
§ 1º O juiz que for nacional de um dos Esta- Presidente e Vice-Presidente, por dois anos,
dos Membros num caso submetido à Corte, os quais poderão ser reeleitos.
conservará seu direito de conhecer do caso.
§ 2º O Presidente dirige o trabalho da Cor-
§ 2º Se um dos juízes chamados a conhe- te, a representa, ordena a tramitação dos
cer de um caso for da nacionalidade de um assuntos que forem submetidos à Corte e
dos Estados Membros no caso, outro Estado preside suas sessões.
Membro no mesmo caso poderá designar
uma pessoa para fazer parte da Corte na § 3º O Vice-Presidente substitui o Presiden-
qualidade de juiz ad hoc. te em suas ausências temporárias e ocupa
seu lugar em caso de vaga. Nesse último
§ 3º Se dentre os juízes chamados a conhe- caso, a Corte elegerá um Vice-Presidente
cer do caso, nenhum for da nacionalidade para substituir o anterior pelo resto do seu
dos Estados Membros no mesmo, cada um mandato.
destes poderá designar um juiz ad hoc. Se
vários Estados tiverem o mesmo interesse § 4º No caso de ausência do Presidente e
no caso, serão considerados como uma úni- do Vice-Presidente, suas funções serão de-
ca parte para os fins das disposições prece- sempenhadas por outros juízes, na ordem
dentes. Em caso de dúvida, a Corte decidirá. de precedência estabelecida no "artigo 13"
deste Estatuto.
§ 4º Se o Estado com direito a designar um
juiz ad hoc não o fizer dentro dos trinta dias

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Artigo 13. Precedência zam também dos privilégios diplomáticos
necessários ao desempenho de seus cargos.
§ 1º Os juízes titulares terão precedência,
depois do Presidente e do Vice-Presidente, § 2º Não se poderá exigir aos juízes respon-
de acordo com sua Antigüidade no cargo. sabilidades em tempo algum por votos e
opiniões emitidos ou por atos desempenha-
§ 2º Quando houver dois ou mais juízes dos no exercício de suas funções.
com a mesma Antigüidade, a precedência
será determinada pela maior idade. § 3º A Corte em si e seu pessoal gozam das
imunidades e privilégios previstos no Acor-
§ 3º Os juízes ad hoc e interinos terão pre- do sobre Privilégios e Imunidades da Orga-
cedência depois dos titulares, por ordem nização dos Estados Americanos, de 15 de
de idade. Entretanto, se um juiz ad hoc ou maio de 1949, com as equivalências respec-
interino houver servido previamente como tivas, tendo em conta a importância e inde-
juiz titular, terá precedência sobre os outros pendência da Corte.
juízes ad hoc ou interinos.
§ 4º As disposições dos "§ 1,§ 2 e § 3 deste
Artigo 14. Secretaria artigo" serão aplicadas aos Estados Mem-
§ 1º A Secretaria da Corte funcionará sob a bros da Convenção. Serão também aplica-
imediata autoridade do Secretário, de acor- das aos outros Estados Membros da OEA
do com as normas administrativas da Secre- que as aceitarem expressamente, em geral
taria Geral da OEA no que não for incompa- ou para cada caso.
tível com a independência da Corte. § 5º O regime de imunidades e privilégios
§ 2º O Secretário será nomeado pela Corte. dos juízes da Corte e do seu pessoal poderá
Será funcionário de confiança da Corte, com ser regulamentado ou complementado me-
dedicação exclusiva, terá seu escritório na diante convênios multilaterais ou bilaterais
sede e deverá assistir às reuniões que a Cor- entre a Corte, a OEA e seus Estados Mem-
te realizar fora dela. bros.

§ 3º Haverá um Secretário Adjunto que au- Artigo 16. Disponibilidade


xiliará o Secretário em seus trabalhos e o § 1º Os juízes estarão à disposição da Corte
substituirá em suas ausências temporárias. e deverão trasladar-se à sede desta ou ao
§ 4º O pessoal da Secretaria será nomeado lugar em que realizar suas sessões, quantas
pelo Secretário Geral da OEA em consulta vezes e pelo tempo que for necessário, con-
com o Secretário da Corte. forme o Regulamento.
§ 2º O Presidente deverá prestar perma-
nentemente seus serviços.
CAPÍTULO IV Artigo 17. Honorários
DIREITOS, DEVERES E
§ 1º Os honorários do Presidente e dos ju-
RESPONSABILIDADES ízes da Corte serão fixados de acordo com
as obrigações e incompatibilidades que lhes
Artigo 15. Imunidades e privilégios
impõem os "artigos 16 e 18", respectiva-
§ 1º Os juízes gozam, desde o momento de mente e levando em conta a importância e
sua eleição e enquanto durarem os seus independência de suas funções.
mandatos, das imunidades reconhecidas
§ 2º Os juízes ad hoc receberão os honorá-
aos agentes diplomáticos pelo direito inter-
rios que forem estabelecidos regularmente,
nacional. No exercício de suas funções go-

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de acordo com as disponibilidades orça- gadora, ou em qualquer outra qualidade, a


mentárias da Corte. juízo da Corte.
§ 3º Os juízes perceberão, além disso, diá- § 2º Se algum dos juízes estiver impedido
rias e despesas de viagem, quando for ca- de conhecer, ou por qualquer outro motivo
bível. justificado, considerar que não deve partici-
par em determinado assunto, apresentará
Artigo 18. lncompatibilidades sua escusa ao Presidente. Se este não a aco-
§ 1º O exercício do cargo de Juiz da Corte In- lher, a Corte decidirá.
teramericana de Direitos Humanos é incom- § 3º Se o Presidente considerar que qual-
patível com o exercício dos seguintes cargos quer dos juízes tem motivo de impedimen-
e atividades: to ou por algum outro motivo justificado
a) Membros ou altos funcionários do Po- não deva participar em determinado assun-
der Executivo, com exceção dos cargos que to, assim o fará saber. Se o juiz em questão
não impliquem subordinação hierárquica estiver em desacordo, a Corte decidirá.
ordinária, bem como agentes diplomáticos § 4º Quando um ou mais juízes estiverem
que não sejam Chefes de Missão junto à inabilitados, em conformidade com este ar-
OEA ou junto a qualquer dos seus Estados tigo, o Presidente poderá solicitar aos Esta-
Membros. dos Membros da Convenção que em sessão
b) Funcionários de organismos internacio- do Conselho Permanente da OEA designem
nais. juízes interinos para substitui-los.

c) Quaisquer outros cargos ou atividades Artigo 20. Responsabilidades e competência


que impeçam os juízes de cumprir suas disciplinar
obrigações ou que afetem sua independên- § 1º Os juízes e o pessoal da Corte deverão
cia ou imparcialidade, ou a dignidade ou o manter, no exercício de suas funções e fora
prestígio do seu cargo. delas, uma conduta acorde com a investi-
§ 2º A Corte decidirá os casos de dúvida so- dura dos que participam da função jurisdi-
bre incompatibilidade. Se a incompatibili- cional internacional da Corte. Responde-
dade não for eliminada serão aplicáveis as rão perante a Corte por essa conduta, bem
disposições do "artigo 73" da Convenção e como por qualquer falta de cumprimento,
20.2 deste Estatuto. negligência ou omissão no exercício de suas
funções.
§ 3º As incompatibilidades unicamente cau-
sarão a cessação do cargo e das responsabi- § 2º A competência disciplinar com respei-
lidades correspondentes, mas não invalida- to aos juízes caberá à Assembléia Geral da
rão os atos e as resoluções em que o juiz em OEA, somente por solicitação justificada da
questão houver interferido. Corte, constituída para esse efeito pelos de-
mais juízes.
Artigo 19. Impedimentos, escusas e inabilitação
§ 3º A competência disciplinar com respeito
§ 1º Os juízes estarão impedidos de partici- ao Secretário cabe à Corte, e com respeito
par em assuntos nos quais eles ou seus pa- ao resto do pessoal, ao Secretário, com a
rentes tiverem interesse direto ou em que aprovação do Presidente.
houverem intervindo anteriormente como
agentes, conselheiros ou advogados, ou § 4º O regime disciplinar será regulamenta-
como membros de um tribunal nacional ou do pela Corte, sem prejuízo das normas ad-
internacional ou de uma comissão investi- ministrativas da Secretaria Geral da OEA, na

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medida em que forem aplicáveis à Corte em § 2º A Corte deliberará em privado. Suas de-
conformidade com o "artigo 59" da Conven- liberações permanecerão secretas, a menos
ção. que a Corte decida de outra forma.
Artigo 21. Renúncia e incapacidade § 3º As decisões, juízos e opiniões da Corte
serão comunicados em sessões públicas e
§ 1º A renúncia de um juiz deverá ser apre- serão notificados por escrito às partes. Além
sentada por escrito ao Presidente da Cor- disso, serão publicados, juntamente com os
te. A renúncia não se tornará efetiva senão votos e opiniões separados dos juízes e com
após sua aceitação pela Corte. quaisquer outros dados ou antecedentes
§ 2º A incapacidade de um juiz de exercer que a Corte considerar conveniente.
suas funções será determinada pela Corte. Artigo 25. Regulamentos e normas de procedi-
§ 3º O Presidente da Corte notificará a acei- mento
tação da renúncia ou a declaração de inca- § 1º A Corte elaborará suas normas de pro-
pacidade ao Secretário Geral da OEA, para cedimento.
os devidos efeitos.
§ 2º As normas de procedimento poderão
delegar ao Presidente ou a comissões da
própria Corte determinadas partes da tra-
CAPÍTULO V mitação processual, com exceção das sen-
FUNCIONAMENTO DA CORTE tenças definitivas e dos pareceres consulti-
vos. Os despachos ou resoluções que não
Artigo 22. Sessões forem de simples tramitação, exarados pelo
Presidente ou por comissões da Corte, po-
§ 1º A Corte realizará sessões ordinárias e
derão sempre ser apelados ao plenário da
extraordinárias.
Corte.
§ 2º Os períodos ordinários de sessões se-
§ 3º A Corte elaborará também seu Regula-
rão determinados regularmentalmente pela
mento.
Corte.
Artigo 26. Orçamento e regime financeiro
§ 3º Os períodos extraordinários de sessões
serão convocados pelo Presidente ou por § 1º A Corte elaborará seu próprio projeto
solicitação da maioria dos juízes. de orçamento e submetê-lo-á à aprovação
da Assembléia Geral da OEA, por intermé-
Artigo 23. Quorum
dio da Secretaria Geral. Esta última não lhe
§ 1º O quorum para as deliberações da Cor- poderá introduzir modificações.
te é constituído por cinco juízes.
§ 2º A Corte administrará seu orçamento.
§ 2º As decisões da Corte serão tomadas
pela maioria dos juízes presentes.
§ 3º Em caso de empate, o Presidente terá o CAPÍTULO VI
voto de qualidade. RELAÇÕES COM ESTADOS
Artigo 24. Audiências, deliberações e decisões E ORGANISMOS
§ 1º As audiências serão públicas, a menos Artigo 27. Relações com o país sede, Estados e
que a Corte, em casos excepcionais, decidir Organismos
de outra forma.

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§ 1º As relações da Corte com o país sede CAPÍTULO VII


serão regulamentadas mediante um convê- DISPOSIÇÕES FINAIS
nio de sede. A sede da Corte terá caráter In-
ternacional. Artigo 31. Reforma do Estatuto
§ 2º As relações da Corte com os Estados, Este Estatuto poderá ser modificado pela As-
com a OEA e seus organismos, e com outros sembléia Geral da OEA por iniciativa de qual-
organismos internacionais de caráter gover- quer Estado Membro ou da própria Corte.
namental relacionados com a promoção e
defesa dos Direitos Humanos serão regula- Artigo 32. Vigência
mentadas mediante convênios especiais. Este Estatuto entrará em vigor em 1 de janeiro
Artigo 28. Relações com a Comissão Interame- de 1980.
ricana de Direitos Humanos
A Comissão Interamericana de Direitos Huma-
nos comparecerá e será tida como parte peran- Convenção Interamericana para
te a Corte, em todos os casos relativos à função prevenir e punir a Tortura (1985)
jurisdicional desta, em conformidade com o "§
1, artigo 2", deste Estatuto.
Os Estados Americanos signatários da presente
Artigo 29. Convênios de cooperação Convenção,
§ 1º A Corte poderá celebrar convênios de Conscientes do disposto na Convenção Ame-
cooperação com instituições que não te- ricana sobre Direitos Humanos, no sentido de
nham fins lucrativos, tais como faculdades que ninguém deve ser submetido a torturas,
de direito, associações e corporações de ad- nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos
vogados, tribunais, academias e instituições ou degradantes;
educacionais ou de pesquisa em disciplinas
conexas, a fim de obter sua colaboração e Reafirmando que todo ato de tortura ou outros
de fortalecer e promover os princípios jurí- tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou
dicos e institucionais da Convenção em ge- degradantes constituem uma ofensa à dignida-
ral, e da Corte em especial. de humana e uma negação dos princípios con-
sagrados na Carta da Organização dos Estados
§ 2º A Corte incluirá em seu relatório anual Americanos e na Carta das Nações Unidas, e são
à Assembléia Geral da OEA uma relação dos violatórios dos direitos humanos e liberdades
referidos convênios, bem como de seus re- fundamentais proclamados na Declaração Ame-
sultados. ricana dos Direitos e Deveres do Homem e na
Declaração Universal dos Direitos do Homem;
Artigo 30. Relatório à Assembléia Geral da OEA
Assinalando que, para tornar efetivas as normas
A Corte submeterá à Assembléia Geral da OEA,
pertinentes contidas nos instrumentos univer-
em cada período ordinário de sessões, um rela-
sais e regionais aludidos, é necessário elaborar
tório sobre suas atividades no ano anterior. In-
uma convenção interamericana que previna e
dicará os casos em que um Estado não houver
puna a tortura;
dado cumprimento a suas sentenças. Poderá
submeter à Assembléia Geral da OEA proposi- Reiterando seu propósito de consolidar neste
ções ou recomendações para o melhoramento Continente as condições que permitam o reco-
do sistema interamericano de Direitos Huma- nhecimento e o respeito da dignidade inerente
nos, no que diz respeito ao trabalho da Corte. à pessoa humana e assegurem o exercício pleno
de suas liberdades e direitos fundamentais;

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Convieram no seguinte: Artigo 5º
Artigo 1º Não se invocará nem admitirá como justificati-
va do delito de tortura a existência de circuns-
Os Estados Partes obrigam-se a prevenir e a pu- tâncias tais como o estado de guerra, a ameaça
nir a tortura, nos termos desta Convenção. de guerra, o estado de sítio ou de emergência,
Artigo 2º a comoção ou conflito interno, a suspensão das
garantias constitucionais, a instabilidade políti-
Para os efeitos desta Convenção, entender-se- ca interna, ou outras emergências ou calamida-
-á por tortura todo ato pelo qual são infligidos des públicas.
intencionalmente a uma pessoa penas ou so-
frimentos físicos ou mentais, com fins de inves- Nem a periculosidade do detido ou condenado,
tigação criminal, como meio de intimidação, nem a insegurança do estabelecimento carcerá-
como castigo pessoal, como medida preventiva, rio ou penitenciário podem justificar a tortura.
como pena ou qualquer outro fim. Entender- Artigo 6º
-se-á também como tortura a aplicação, sobre
uma pessoa, de métodos tendentes a anular a Em conformidade com o disposto no artigo 1, os
personalidade da vítima, ou a diminuir sua ca- Estados Partes tomarão medidas efetivas a fim
pacidade física ou mental, embora não causem de prevenir e punir a tortura no âmbito de sua
dor física ou angústia psíquica. Não estarão jurisdição.
compreendidas no conceito de tortura as penas
ou sofrimentos físicos ou mentais que sejam Os Estados Partes assegurar-se-ão de que to-
unicamente conseqüência de medidas legais ou dos os atos de tortura e as tentativas de praticar
inerentes a elas, contanto que não incluam a re- atos dessa natureza sejam considerados delitos
alização dos atos ou a aplicação dos métodos a em seu Direito Penal, estabelecendo penas se-
que se refere este artigo. veras para sua punição, que levem em conta sua
gravidade.
Artigo 3º
Os Estados Partes obrigam-se também a tomar
Serão responsáveis pelo delito de tortura: medidas efetivas para prevenir e punir outros
tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou de-
a) Os empregados ou funcionários públicos gradantes, no âmbito de sua jurisdição.
que, atuando nesse caráter, ordenem sua
execução ou instiguem ou induzam a ela, Artigo 7º
cometam-no diretamente ou, podendo im-
pedi-lo, não o façam. Os Estados Partes tomarão medidas para que,
no treinamento de agentes de polícia e de ou-
b) As pessoas que, por instigação dos fun- tros funcionários públicos responsáveis pela
cionários ou empregados públicos a que se custódia de pessoas privadas de liberdade, pro-
refere a alínea a, ordenem sua execução, visória ou definitivamente, e nos interrogató-
instiguem ou induzam a ela, cometam-no rios, detenções ou prisões, se ressalte de manei-
diretamente ou nele sejam cúmplices. ra especial a proibição do emprego de tortura.
Artigo 4º Os Estados Partes tomarão também medidas
semelhantes para evitar outros tratamentos ou
O fato de haver agido por ordens superiores não penas cruéis, desumanos ou degradantes.
eximirá da responsabilidade penal correspon-
dente. Artigo 8º
Os Estados Partes assegurarão a qualquer pes-
soa que denunciar haver sido submetida a tor-
tura, no âmbito de sua jurisdição, o direito de

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que o caso seja examinado de maneira impar- delito descrito nesta Convenção, nos seguintes
cial. casos:
Quando houver denúncia ou razão fundada a) quando a tortura houver sido cometida
para supor que haja sido cometido ato de tortu- no âmbito de sua jurisdição;
ra no âmbito de sua jurisdição, os Estados Par-
tes garantirão que suas autoridades procederão b) quando o suspeito for nacional do Esta-
de ofício e imediatamente à realização de uma do Parte de que se trate;
investigação sobre o caso e iniciarão, se for cabí- c) quando a vítima for nacional do Estado
vel, o respectivo processo penal. Parte de que se trate e este o considerar
Uma vez esgotado o procedimento jurídico in- apropriado.
terno do Estado e os recursos que este prevê, o Todo Estado Parte tomará também as medidas
caso poderá ser submetido a instâncias interna- necessárias para estabelecer sua jurisdição so-
cionais, cuja competência tenha sido aceita por bre o delito descrito nesta Convenção, quando o
esse Estado. suspeito se encontrar no âmbito de sua jurisdi-
Artigo 9º ção e o Estado não o extraditar, de conformida-
de com o artigo 11.
Os Estados Partes comprometem-se a estabele-
cer, em suas legislações nacionais, normas que Esta Convenção não exclui a jurisdição penal
garantam compensação adequada para as víti- exercida de conformidade com o direito inter-
mas de delito de tortura. no. Artigo 13

Nada do disposto neste artigo afetará o direi- O delito a que se refere o artigo 2 será conside-
to que possa ter a vítima de outras pessoas de rado incluído entre os delitos que são motivo de
receber compensação em virtude da legislação extradição em todo tratado de extradição cele-
nacional existente. brado entre Estados Partes. Os Estados Partes
comprometem-se a incluir o delito de tortura
Artigo 10. como caso de extradição em todo tratado de ex-
tradição que celebrarem entre si no futuro.
Nenhuma declaração que se comprove haver
sido obtida mediante tortura poderá ser ad- Todo Estado Parte que sujeitar a extradição à
mitida como prova em um processo, salvo em existência de um tratado poderá, se receber de
processo instaurado contra a pessoa ou pesso- outro Estado Parte, com o qual não tiver trata-
as acusadas de havê-la obtido mediante atos de do, uma solicitação de extradição, considerar
tortura e unicamente como prova de que, o acu- esta Convenção como a base jurídica necessária
sado obteve tal declaração. para a extradição referente ao delito de tortura.
A extradição estará sujeita às demais condições
Artigo 11. exigíveis pelo direito do Estado requerido.
Os Estados Partes tomarão as medidas necessá- Os Estados Partes que não sujeitarem a extradi-
rias para conceder a extradição de toda pessoa ção à existência de um tratado reconhecerão es-
acusada de delito de tortura ou condenada por ses delitos como casos de extradição entre eles,
esse delito, de conformidade com suas legisla- respeitando as condições exigidas pelo direito
ções nacionais sobre extradição e suas obriga- do Estado requerido.
ções internacionais nessa matéria.
Não se concederá a extradição nem se proce-
Artigo 12. derá à devolução da pessoa requerida quando
Todo Estado Parte tomará as medidas neces- houver suspeita fundada de que corre perigo
sárias para estabelecer sua jurisdição sobre o sua vida, de que será submetida à tortura, tra-
tamento cruel, desumano ou degradante, ou de

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que será julgada por tribunais de exceção ou ad Artigo 19.
hoc, no Estado requerente.
Esta Convenção estará sujeita à ratificação. Os
Artigo 14. instrumentos de ratificação serão depositados
na Secretaria-Geral da Organização dos Estados
Quando um Estado Parte não conceder a ex- Americanos.
tradição, submeterá o caso às suas autoridades
competentes, como se o delito houvesse sido Artigo 20.
cometido no âmbito de sua jurisdição, para fins
de investigação e, quando for cabível, de ação Esta Convenção ficará aberta à adesão de qual-
penal, de conformidade com sua legislação na- quer outro Estado Americano. Os instrumentos
cional. A decisão tomada por essas autoridades de adesão serão depositados na Secretaria-Ge-
será comunicada ao Estado que houver solicita- ral da Organização dos Estados Americanos.
do a extradição. Artigo 21.
Artigo 15. Os Estados Partes poderão formular reservas a
Nada do disposto nesta Convenção poderá ser esta Convenção no momento de aprová-la, ra-
interpretado como limitação do direito de asilo, tificá-la ou de a ela aderir, contanto que não se-
quando for cabível, nem como modificação das jam incompatíveis com o objeto e o fim da Con-
obrigações dos Estados Partes em matéria de venção e versem sobre uma ou mais disposições
extradição. específicas.

Artigo 16. Artigo 22.

Esta Convenção deixa a salvo o disposto pela Esta Convenção entrará em vigor no trigésimo
Convenção Americana dobre Direitos Humanos, dia a partir da data em que tenha sido deposi-
por outras convenções sobre a matéria e pelo tado o segundo instrumento de ratificação. Para
Estatuto da Comissão Interamericana de Direi- cada Estado que ratificar a Convenção ou a ela
tos Humanos com relação ao delito de tortura. aderir depois de haver sido depositado o segun-
do instrumento de ratificação, a Convenção en-
Artigo 17. trará em vigor no trigésimo dia a partir da data
em que esse Estado tenha depositado seu ins-
Os Estados Partes comprometem-se a informar trumento de ratificação ou adesão.
a Comissão Interamericana de Direitos Huma-
nos sobre as medidas legislativas, judiciais, ad- Artigo 23.
ministrativas e de outra natureza que adotarem
em aplicação desta Convenção. Esta Convenção vigorará indefinidamente, mas
qualquer dos Estados Partes poderá denunciá-
De conformidade com suas atribuições, a Co- -la. O instrumento de denúncia será depositado
missão Interamericana de Direitos Humanos na Secretaria-Geral da Organização dos Estados
procurará analisar, em seu relatório anual, a si- Americanos. Transcorrido um ano, contado a
tuação prevalecente nos Estados membros da partir da data de depósito do instrumento de
Organização dos Estados Americanos, no que denúncia, a Convenção cessará em seus efeitos
diz respeito à prevenção e supressão da tortura. para o Estado denunciante, ficando subsistente
para os demais Estados Partes.
Artigo 18.
Artigo 24.
Esta Convenção estará aberta à assinatura dos
Estados membros da Organização dos Estados O instrumento original desta Convenção, cujos
Americanos. textos em português, espanhol, francês e inglês
são igualmente autênticos, será depositado na
Secretaria-Geral da Organização dos Estados

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Americanos, que enviará cópia autenticada do CONVENCIDOS de que a eliminação da violência


seu texto para registro e publicação à Secreta- contra a mulher é condição indispensável para
ria das Nações Unidas, de conformidade com seu desenvolvimento individual e social e sua
o artigo 102 da Carta das Nações Unidas. A Se- plena e igualitária participação em todas as es-
cretaria-Geral da Organização dos Estados Ame- feras de vida; e
ricanos comunicará aos Estados membros da
referida Organização e aos Estados que tenham CONVENCIDOS de que a adoção de uma con-
aderido à Convenção as assinaturas e os depósi- venção para prevenir, punir e erradicar todas as
tos de instrumentos de ratificação, adesão e de- formas de violência contra a mulher, no âmbito
núncia, bem como as reservas que houver. da Organização dos Estados Americanos, consti-
tui positiva contribuição no sentido de proteger
os direitos da mulher e eliminar as situações de
violência contra ela,
Convenção Interamericana para CONVIERAM no seguinte:
prevenir, punir e erradicar a violência
contra a Mulher (1994) – Convenção
de Belém do Pará
CAPÍTULO I
DEFINIÇÃO E ÂMBITO DE APLICAÇÃO
OS ESTADOS PARTES NESTA CONVENÇÃO,
RECONHECENDO que o respeito irrestrito aos Artigo 1º
direitos humanos foi consagrado na Declaração Para os efeitos desta Convenção, entender-se-á
Americana dos Direitos e Deveres do Homem e por violência contra a mulher qualquer ato ou
na Declaração Universal dos Direitos Humanos e conduta baseada no gênero, que cause morte,
reafirmado em outros instrumentos internacio- dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico
nais e regionais; à mulher, tanto na esfera pública como na esfe-
AFIRMANDO que a violência contra a mulher ra privada.
constitui violação dos direitos humanos e liber- Artigo 2º
dades fundamentais e limita total ou parcial-
mente a observância, gozo e exercício de tais Entende-se que a violência contra a mulher
direitos e liberdades; abrange a violência física, sexual e psicológica:

PREOCUPADOS por que a violência contra a mu- a) ocorrida no âmbito da família ou unida-
lher constitui ofensa contra a dignidade humana de doméstica ou em qualquer relação inter-
e é manifestação das relações de poder histori- pessoal, quer o agressor compartilhe, tenha
camente desiguais entre mulheres e homens; compartilhado ou não a sua residência, in-
cluindo-se, entre outras formas, o estupro,
RECORDANDO a Declaração para a Erradicação maus-tratos e abuso sexual;
da Violência contra a Mulher, aprovada na Vigé-
sima Quinta Assembléia de Delegadas da Comis- b) ocorrida na comunidade e cometida por
são Interamericana de Mulheres, e afirmando qualquer pessoa, incluindo, entre outras
que a violência contra a mulher permeia todos formas, o estupro, abuso sexual, tortura,
os setores da sociedade, independentemente tráfico de mulheres, prostituição forçada,
de classe, raça ou grupo étnico, renda, cultura, seqüestro e assédio sexual no local de tra-
nível educacional, idade ou religião, e afeta ne- balho, bem como em instituições educacio-
gativamente suas próprias bases; nais, serviços de saúde ou qualquer outro
local; e

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c) perpetrada ou tolerada pelo Estado ou Artigo 5º
seus agentes, onde quer que ocorra.
Toda mulher poderá exercer livre e plenamen-
te seus direitos civis, políticos, econômicos, so-
ciais e culturais e contará com a total proteção
CAPÍTULO II desses direitos consagrados nos instrumentos
regionais e internacionais sobre direitos huma-
DIREITOS PROTEGIDOS
nos. Os Estados Partes reconhecem que a vio-
Artigo 3º lência contra a mulher impede e anula o exercí-
cio desses direitos.
Toda mulher tem direito a ser livre de violência,
tanto na esfera pública como na esfera privada. Artigo 6º

Artigo 4º O direito de toda mulher a ser livre de violência


abrange, entre outros:
Toda mulher tem direito ao reconhecimento,
desfrute, exercício e proteção de todos os direi- a) o direito da mulher a ser livre de todas
tos humanos e liberdades consagrados em to- as formas de discriminação; e
dos os instrumentos regionais e internacionais b) o direito da mulher a ser valorizada e
relativos aos direitos humanos. Estes direitos educada livre de padrões estereotipados de
abrangem, entre outros: comportamento e costumes sociais e cultu-
a) direito a que se respeite sua vida; rais baseados em conceitos de inferioridade
ou subordinação.
b) direito a que se respeite sua integridade
física, mental e moral;
c) direito à liberdade e à segurança pesso- CAPÍTULO III
ais;
DEVERES DOS ESTADOS
d) direito a não ser submetida a tortura;
Artigo 7º
e) direito a que se respeite a dignidade ine-
rente à sua pessoa e a que se proteja sua Os Estados Partes condenam todas as formas de
família; violência contra a mulher e convêm em adotar,
por todos os meios apropriados e sem demora,
f) direito a igual proteção perante a lei e da políticas destinadas a prevenir, punir e erradicar
lei; tal violência e a empenhar-se em:
g) direito a recurso simples e rápido peran- a) abster-se de qualquer ato ou prática de
te tribunal competente que a proteja contra violência contra a mulher e velar por que as
atos que violem seus direitos; autoridades, seus funcionários e pessoal,
bem como agentes e instituições públicos
h) direito de livre associação;
ajam de conformidade com essa obrigação;
i) direito à liberdade de professar a pró-
b) agir com o devido zelo para prevenir, in-
pria religião e as próprias crenças, de acor-
vestigar e punir a violência contra a mulher;
do com a lei; e
c) incorporar na sua legislação interna nor-
j) direito a ter igualdade de acesso às fun-
mas penais, civis, administrativas e de outra
ções públicas de seu país e a participar nos
natureza, que sejam necessárias para pre-
assuntos públicos, inclusive na tomada de
venir, punir e erradicar a violência contra a
decisões.

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mulher, bem como adotar as medidas admi- dade ou superioridade de qualquer dos gê-
nistrativas adequadas que forem aplicáveis; neros ou nos papéis estereotipados para o
homem e a mulher, que legitimem ou exa-
d) adotar medidas jurídicas que exijam do cerbem a violência contra a mulher;
agressor que se abstenha de perseguir, in-
timidar e ameaçar a mulher ou de fazer uso c) promover a educação e treinamento de
de qualquer método que danifique ou po- todo o pessoal judiciário e policial e demais
nha em perigo sua vida ou integridade ou funcionários responsáveis pela aplicação da
danifique sua propriedade; lei, bem como do pessoal encarregado da
implementação de políticas de prevenção,
e) tomar todas as medidas adequadas, in- punição e erradicação da violência contra a
clusive legislativas, para modificar ou abolir mulher;
leis e regulamentos vigentes ou modificar
práticas jurídicas ou consuetudinárias que d) prestar serviços especializados apro-
respaldem a persistência e a tolerância da priados à mulher sujeitada a violência, por
violência contra a mulher; intermédio de entidades dos setores públi-
co e privado, inclusive abrigos, serviços de
f) estabelecer procedimentos jurídicos jus- orientação familiar, quando for o caso, e
tos e eficazes para a mulher sujeitada a vio- atendimento e custódia dos menores afeta-
lência, inclusive, entre outros, medidas de dos;
proteção, juízo oportuno e efetivo acesso a
tais processos; e) promover e apoiar programas de educa-
ção governamentais e privados, destinados
g) estabelecer mecanismos judiciais e ad- a conscientizar o público para os problemas
ministrativos necessários para assegurar da violência contra a mulher, recursos jurí-
que a mulher sujeitada a violência tenha dicos e reparação relacionados com essa
efetivo acesso a restituição, reparação do violência;
dano e outros meios de compensação jus-
tos e eficazes; f) proporcionar à mulher sujeitada a vio-
lência acesso a programas eficazes de rea-
h) adotar as medidas legislativas ou de ou- bilitação e treinamento que lhe permitam
tra natureza necessárias à vigência desta participar plenamente da vida pública, pri-
Convenção. vada e social;
Artigo 8º g) incentivar os meios de comunicação a
Os Estados Partes convêm em adotar, progressi- que formulem diretrizes adequadas de di-
vamente, medidas específicas, inclusive progra- vulgação, que contribuam para a erradica-
mas destinados a: ção da violência contra a mulher em todas
as suas formas e enalteçam o respeito pela
a) promover o conhecimento e a observân- dignidade da mulher;
cia do direito da mulher a uma vida livre de
violência e o direito da mulher a que se res- h) assegurar a pesquisa e coleta de estatís-
peitem e protejam seus direitos humanos; ticas e outras informações relevantes con-
cernentes às causas, conseqüências e fre-
b) modificar os padrões sociais e culturais qüência da violência contra a mulher, a fim
de conduta de homens e mulheres, inclu- de avaliar a eficiência das medidas tomadas
sive a formulação de programas formais e para prevenir, punir e erradicar a violência
não formais adequados a todos os níveis do contra a mulher, bem como formular e im-
processo educacional, a fim de combater plementar as mudanças necessárias; e
preconceitos e costumes e todas as outras
práticas baseadas na premissa da inferiori-

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i) promover a cooperação internacional Comissão Interamericana de Direitos Humanos
para o intercâmbio de idéias e experiências, petições referentes a denúncias ou queixas de
bem como a execução de programas desti- violação do artigo 7 desta Convenção por um
nados à proteção da mulher sujeitada a vio- Estado Parte, devendo a Comissão considerar
lência. tais petições de acordo com as normas e pro-
cedimentos estabelecidos na Convenção Ame-
Artigo 9º ricana sobre Direitos Humanos e no Estatuto e
Para a adoção das medidas a que se refere este Regulamento da Comissão Interamericana de
capítulo, os Estados Partes levarão especialmen- Direitos Humanos, para a apresentação e consi-
te em conta a situação da mulher vulnerável a deração de petições.
violência por sua raça, origem étnica ou condi-
ção de migrante, de refugiada ou de deslocada,
entre outros motivos. Também será considera-
da sujeitada a violência a gestante, deficiente, CAPÍTULO V
menor, idosa ou em situação sócio-econômica DISPOSIÇÕES GERAIS
desfavorável, afetada por situações de conflito
armado ou de privação da liberdade. Artigo 13.
Nenhuma das disposições desta Convenção po-
derá ser interpretada no sentido de restringir
ou limitar a legislação interna dos Estados Par-
CAPÍTULO IV tes que ofereça proteções e garantias iguais ou
MECANISMOS INTERAMERICANOS maiores para os direitos da mulher, bem como
DE PROTEÇÃO salvaguardas para prevenir e erradicar a violên-
cia contra a mulher.
Artigo 10.
Artigo 14.
A fim de proteger o direito de toda mulher a
uma vida livre de violência, os Estados Partes Nenhuma das disposições desta Convenção po-
deverão incluir nos relatórios nacionais à Comis- derá ser interpretada no sentido de restringir
são Interamericana de Mulheres informações ou limitar as da Convenção Americana sobre Di-
sobre as medidas adotadas para prevenir e er- reitos Humanos ou de qualquer outra conven-
radicar a violência contra a mulher, para prestar ção internacional que ofereça proteção igual ou
assistência à mulher afetada pela violência, bem maior nesta matéria.
como sobre as dificuldades que observarem na Artigo 15.
aplicação das mesmas e os fatores que contri-
buam para a violência contra a mulher. Esta Convenção fica aberta à assinatura de to-
dos os Estados membros da Organização dos Es-
Artigo 11. tados Americanos.
Os Estados Partes nesta Convenção e a Comis- Artigo 16.
são Interamericana de Mulheres poderão solici-
tar à Corte Interamericana de Direitos Humanos Esta Convenção está sujeita a ratificação. Os
parecer sobre a interpretação desta Convenção. instrumentos de ratificação serão depositados
na Secretaria-Geral da Organização dos Estados
Artigo 12. Americanos.
Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou Artigo 17.
qualquer entidade não-governamental juridi-
camente reconhecida em um ou mais Estados Esta Convenção fica aberta à adesão de qual-
membros da Organização, poderá apresentar à quer outro Estado. Os instrumentos de adesão

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serão depositados na Secretaria-Geral da Orga- Esta Convenção entrará em vigor no trigésimo


nização dos Estados Americanos. dia a partir da data em que for depositado o
segundo instrumento de ratificação. Para cada
Artigo 18. Estado que ratificar a Convenção ou a ela aderir
Os Estados poderão formular reservas a esta após haver sido depositado o segundo instru-
Convenção no momento de aprová-la, assiná-la, mento de ratificação, entrará em vigor no tri-
ratificá-la ou a ela aderir, desde que tais reser- gésimo dia a partir da data em que esse Estado
vas: houver depositado seu instrumento de ratifica-
ção ou adesão.
a) não sejam incompatíveis com o objetivo
e propósito da Convenção; Artigo 22.

b) não sejam de caráter geral e se refiram O Secretário-Geral informará a todos os Estados


especificamente a uma ou mais de suas dis- membros da Organização dos Estados America-
posições. nos a entrada em vigor da Convenção.

Artigo 19. Artigo 23.

Qualquer Estado Parte poderá apresentar à As- O Secretário-Geral da Organização dos Esta-
sembléia Geral, por intermédio da Comissão In- dos Americanos apresentará um relatório anu-
teramericana de Mulheres, propostas de emen- al aos Estados membros da Organização sobre
da a esta Convenção. a situação desta Convenção, inclusive sobre as
assinaturas e depósitos de instrumentos de ra-
As emendas entrarão em vigor para os Estados tificação, adesão e declaração, bem como sobre
ratificantes das mesmas na data em que dois as reservas que os Estados Partes tiverem apre-
terços dos Estados Partes tenham depositado sentado e, conforme o caso, um relatório sobre
seus respectivos instrumentos de ratificação. as mesmas.
Para os demais Estados Partes, entrarão em vi-
gor na data em que depositarem seus respecti- Artigo 24.
vos instrumentos de ratificação. Esta Convenção vigorará por prazo indefinido,
Artigo 20. mas qualquer Estado Parte poderá denunciá-
-la mediante o depósito na Secretaria-Geral da
Os Estados Partes que tenham duas ou mais uni- Organização dos Estados Americanos de instru-
dades territoriais em que vigorem sistemas jurí- mento que tenha essa finalidade. Um ano após
dicos diferentes relacionados com as questões a data do depósito do instrumento de denúncia,
de que trata esta Convenção poderão declarar, cessarão os efeitos da Convenção para o Estado
no momento de assiná-la, de ratificá-la ou de a denunciante, mas subsistirão para os demais Es-
ela aderir, que a Convenção se aplicará a todas tados Partes.
as suas unidades territoriais ou somente a uma
ou mais delas. Artigo 25.

Tal declaração poderá ser modificada, em qual- O instrumento original desta Convenção, cujos
quer momento, mediante declarações ulterio- textos em português, espanhol, francês e inglês
res, que indicarão expressamente a unidade ou são igualmente autênticos, será depositado na
as unidades territoriais a que se aplicará esta Secretaria-Geral da Organização dos Estados
Convenção. Essas declarações ulteriores serão Americanos, que enviará cópia autenticada de
transmitidas à Secretaria-Geral da Organização seu texto ao Secretariado das Nações Unidas
dos Estados Americanos e entrarão em vigor para registro e publicação, de acordo com o arti-
trinta dias depois de recebidas. go 102 da Carta das Nações Unidas.

Artigo 21.

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EM FÉ DO QUE os plenipotenciários infra-assi- CAPÍTULO PRIMEIRO
nados, devidamente autorizados por seus res- DISPOSIÇÕES GERAIS
pectivos governos, assinam esta Convenção,
que se denominará Convenção Interamericana Artigo 1º
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência con-
tra a Mulher, “Convenção de Belém do Pará”. O objeto desta Convenção, com vistas à prote-
ção dos direitos fundamentais e dos interesses
EXPEDIDA NA CIDADE DE BELÉM DO PARÁ, BRA- superiores do menor, é a prevenção e sanção do
SIL, no dia nove de junho de mil novecentos e tráfico internacional de menores, bem como a
noventa e quatro. regulamentação de seus aspectos civis e penais.
Neste sentido, os Estados Partes obrigam-se a:
a) garantir a proteção do menor, levando
Convenção Interamericana sobre
em consideração os seus interesses supe-
Tráfico Internacional de Menores riores;
(1994)
b) instituir entre os Estados Partes um sis-
tema de cooperação jurídica que consagre
Os Estados Partes nesta Convenção, a prevenção e a sanção do tráfico interna-
Considerando a importância de assegurar pro- cional de menores, bem como a adoção das
teção integral e efetiva ao menor, mediante a disposições jurídicas e administrativas so-
implementação de mecanismos adequados que bre a referida matéria com essa finalidade;
garantam o respeito aos seus direitos; c) assegurar a pronta restituição do menor
Conscientes de que o tráfico internacional de vítima do tráfico internacional ao Estado
menores constitui uma preocupação universal; onde tem residência habitual, levando em
conta os interesses superiores do menor.
Levando em conta o direito convencional em
matéria de proteção internacional do menor e, Artigo 2º
em especial, o disposto nos Artigos 11 e 35 da Esta Convenção aplicar-se-á a qualquer menor
Convenção sobre os Direitos do Menor, adotada que resida habitualmente em um Estado Parte
pela Assembléia Geral da Nações Unidas em 20 ou nele se encontre no momento em que ocor-
de novembro de 1989; ra um ato de tráfico internacional de menores
Convencidos da necessidade de regular os as- que o afete.
pectos civis e penais do tráfico internacional de Para os efeitos desta Convenção, entende-se:
menores; e
a) por “menor”, todo ser humano menor
Reafirmando a importância da cooperação in- de 18 anos de idade;
ternacional no sentido de proteger eficazmente
os interesses superiores do menor, b) por “tráfico internacional de menores”,
a subtração, a transferência ou retenção, ou
Convêm no seguinte: a tentativa de subtração, transferência ou
retenção de um menor, com propósitos ou
por meios ilícitos;
c) por “propósitos ilícitos”, entre outros,
prostituição, exploração sexual, servidão ou
qualquer outro propósito ilícito, seja no Es-
tado em que o menor resida habitualmen-

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te, ou no Estado Parte em que este se en- O Estado Parte que designar mais de uma Au-
contre; e toridade Central enviará a pertinente comunica-
ção à Secretaria-Geral da organização dos Esta-
d) por “meios ilícitos”, entre outros, o se- dos Americanos.
qüestro, o consentimento mediante coação
ou fraude, a entrega ou o recebimento de Artigo 6º
pagamentos ou benefícios ilícitos com vis-
tas a obter o consentimento dos pais, das Os Estados Partes cuidarão do interesse do me-
pessoas ou da instituição responsáveis pelo nor, mantendo os procedimentos de aplicação
menor, ou qualquer outro meio ilícito utili- desta Convenção sempre confidenciais.
zado seja no Estado de residência habitual
do menor ou no Estado Parte em que este
se encontre.
CAPÍTULO II
Artigo 3º ASPECTOS PENAIS
Esta Convenção também abrangerá os aspectos Artigo 7º
civis não previstos da subtração, transferência e
retenção ilícitas de menores no âmbito interna- Os Estados Partes comprometem-se a adotar,
cional, não previstos em outras convenções in- em conformidade com seu direito interno, me-
ternacionais sobre a matéria. didas eficazes para prevenir e sancionar severa-
mente a ocorrência de tráfico internacional de
Artigo 4º menores definido nesta Convenção.
Os Estados Partes cooperarão com os Estados Artigo 8º
não Partes, na medida do possível, na preven-
ção e sanção do tráfico internacional de meno- Os Estados Partes comprometem-se a:
res e na proteção e cuidado dos menores víti-
a) prestar, por meio de suas autoridades
mas do fato ilícito.
centrais e observados os limites da lei inter-
Nesse sentido, as autoridades competentes dos na de cada Estado Parte e os tratados inter-
Estados Partes deverão notificar as autoridades nacionais aplicáveis, pronta e expedita as-
competentes de um Estado não Parte, nos casos sistência mútua para as diligências judiciais
em que se encontrar em seu território um me- e administrativas, obtenção de provas e de-
nor que tenha sido vítima do tráfico internacio- mais atos processuais necessários ao cum-
nal de menores. primento dos objetivos desta Convenção;

Artigo 5º b) estabelecer, por meio de sua autorida-


des centrais, mecanismos de intercâmbio
Para os efeitos desta Convenção, cada Estado de informação sobre legislação nacional, ju-
Parte designará uma Autoridade Central e co- risprudência, práticas administrativas, esta-
municará essa designação à Secretaria-Geral da tísticas e modalidades que tenha assumido
Organização dos Estados Americanos. o tráfico internacional de menores em seus
Um Estado federal, um Estado em que vigorem territórios; e
diferentes sistemas jurídicos ou um Estado com c) dispor sobre as medidas necessárias
unidades territoriais autônomas pode designar para a remoção dos obstáculos capazes de
mais de uma Autoridade Central e especificar a afetar a aplicação desta Convenção em seus
extensão jurídica ou territorial de suas funções. respectivos Estados.
O Estado que fizer uso dessa faculdade designa-
rá a Autoridade Central a que possam ser dirigi-
das todas as comunicações.

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Artigo 9º CAPÍTULO III
Serão competentes para conhecer de delitos re- ASPECTOS CIVIS
lativos ao tráfico internacional de menores:
Artigo 12.
a) o Estado Parte em que tenha ocorrido a
conduta ilícita; A solicitação de localização e restituição do me-
nor decorrente desta Convenção será promovi-
b) o Estado Parte em que o menor resida da pelos titulares determinados pelo direito do
habitualmente; Estado de residência habitual do mesmo.
c) o Estado Parte em que se encontre o su- Artigo 13.
posto delinqüente, no caso de não ter sido
extraditado; e São competentes para conhecer da solicitação
de localização e de restituição, por opção dos
d) o Estado Parte em que se encontre o reclamantes, as autoridades judiciais ou admi-
menor vítima de tráfico. nistrativas do Estado Parte de residência habitu-
al do menor ou as do Estado Parte onde se en-
Para os efeitos do parágrafo anterior, ficará pre- contrar ou se presuma encontrar-se retido.
vento o Estado Parte que haja sido o primeiro a
conhecer do fato ilícito. Quando, a juízo dos reclamantes, existirem mo-
tivos de urgência, a solicitação também poderá
Artigo 10. ser submetida às autoridades judiciais ou admi-
O Estado Parte que, ao condicionar a extradição nistrativos do local onde tenha ocorrido o ato
à existência de tratado, receber pedido de ex- ilícito.
tradição de outro Estado Parte com a qual não Artigo 14.
mantenha tratado de extradição ou, se o man-
tiver, este não inclua o tráfico internacional de A solicitação de localização e de restituição
menores como delito que possibilite a extradi- será tramitada por intermédio das Autoridades
ção, poderá considerar esta Convenção como Centrais ou diretamente perante as autorida-
a base jurídica necessária para concedê-la no des competentes indicadas no Artigo 13 desta
caso de tráfico internacional de menores. Convenção. As autoridades requeridas estabe-
lecerão os procedimentos mais expedidos para
Além disso, os Estados Partes que não condi- torná-la efetiva.
cionam a extradição à existência de tratado re-
conhecerão, entre si, o tráfico internacional de Recebida a respectiva solicitação, a autoridade
menores como causa de extradição. requerida estipulará as medidas que, de acordo
com seu direito interno, sejam necessárias para
Na inexistência de tratado de extradição, esta fi- iniciar, facilitar e coadjuvar os procedimentos
cará sujeita às demais condições exigíveis pelo judiciais e administrativos referentes à localiza-
direito interno do Estado requerido. ção e restituição do menor. Adotar-se-ão, ade-
Artigo 11. mais, as medidas para providenciar a imediata
restituição do menor e, conforme o caso, asse-
As ações instauradas em conformidade com o gurar sua proteção, custódia ou guarda provisó-
disposto neste Capítulo não impedem que as ria, de acordo com as circunstâncias, bem como
autoridades competentes do Estado Parte em as medidas preventivas para impedir que o me-
que encontre o menor determinem, a qualquer nor seja indevidamente transferido para outro
momento, em consideração aos seus interesses Estado.
superiores, sua imediata restituição ao Estado
em que resida habitualmente. As solicitações de localização e de restituição,
devidamente fundamentadas, será formulada

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dentro dos 120 dias de conhecida a subtração, competentes do Estado onde o menor tenha
transferência ou retenção ilícitas do menor. tido, anteriormente, sua residência habitual. As
Quando a solicitação de localização e de resti- autoridades intervenientes adotarão todas as
tuição partir de um Estado Parte, este disporá providências necessárias para comunicar as me-
do prazo de 180 dias para sua apresentação. didas adotadas aos titulares das ações de locali-
zação e restituição do menor.
Havendo necessidade prévia de localizar o me-
nor, o prazo anterior será contado a partir do dia Artigo 17.
em que o titular da ação tiver tomado conheci-
mento da respectiva localização. Em conformidade com os objetivos desta Con-
venção, as Autoridades Centrais dos Estados
Não obstante o disposto nos parágrafos ante- Partes intercambiarão informação e colabora-
riores, as autoridades do Estado Parte em que rão com suas competentes autoridades judiciais
o menor tenha sido retido poderão, a qualquer e administrativas em tudo o que se refira ao
momento, determinar sua restituição, atenden- controle de saída de menores de seu território e
do aos interesses superiores do mesmo. de sua entrada no mesmo.
Artigo 15. Artigo 18.
Os pedidos de cooperação previstos nesta Con- As adoções internacionais e outros institutos
venção, formulados por via consular ou diplo- afins, constituídos em um Estado Parte, serão
mática ou por intermédio das Autoridades Cen- passíveis de anulação quando tiveram como ori-
trais, dispensarão o requisito de legalização ou gem ou objetivo o tráfico internacional de me-
outras formalidades semelhantes. Os pedidos nores.
de cooperação formulados diretamente entre
tribunais das áreas fronteiriças dos Estados Par- Na respectiva ação de anulação, levar-se-ão
tes também dispensarão legalização. Ademais, sempre em conta os interesses superiores do
estarão isentos de legalização, para efeitos de menor.
validade jurídica no Estado solicitante, os docu- A anulação será submetida à lei e às autorida-
mentos pertinentes que sejam devolvidos por des do Estado de constituição da adoção ou do
essas mesmas vias. instituto de que se trate.
Os pedidos deverão estar traduzidos, em cada Artigo 19.
caso, para o idioma oficial ou idiomas oficiais do
Estado Parte ao qual esteja dirigido. Com rela- A guarda ou custódia será passível de revogação
ção aos anexos, é suficiente a tradução de um quando sua origem ou objetivo for o tráfico in-
sumário, contendo os dados essenciais. ternacional de menores, nas mesmas condições
previstas no artigo anterior.
Artigo 16.
Artigo 20.
As autoridades competentes de um Estado Par-
te que constatem, no território sujeito à sua A solicitação de localização e de restituição do
jurisdição, a presença de um menor vítima de menor poderá ser apresentada sem prejuízo da
tráfico internacional deverão adotar as medidas ação de anulação e revogação previstas nos Ar-
imediatas necessárias para sua proteção, inclu- tigos 18 e 19.
sive as que tenham caráter preventivo e impe-
Artigo 21.
çam a transferência indevida do menor para ou-
tro Estado. Em qualquer procedimento previsto neste Capí-
tulo, a autoridade competente poderá determi-
Estas medidas serão comunicadas por inter-
nar que a pessoa física ou jurídica responsável
médio das Autoridades Centrais às autoridades
pelo tráfico internacional de menores pague os

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gastos e as despesas de localização e restitui- ou mais sistemas jurídicos aplicáveis em unida-
ção, contanto que essa pessoa física ou jurídica des territoriais diferentes:
tenha sido parte desse procedimento.
a) toda referência à lei do Estado será in-
Os titulares da ação ou, se for o caso, qualquer terpretada com referência à lei correspon-
autoridade competente, poderão propor ação dente à respectiva unidade territorial;
civil para ressarcir-se das despesas, nestas in-
cluídas os honorários advocatícios e os gastos b) toda referência à residência habitual no
de localização e restituição do menor, a não ser referido Estado será interpretada como à
que estas tenham sido fixadas em ação penal ou residência habitual em uma unidade terri-
em processo de restituição, nos termos desta torial do estado mencionado;
Convenção. c) toda referência às autoridades compe-
A autoridade competente ou qualquer parte tentes do referido Estado será entendida
prejudicada poderá propor ação civil objetivan- em relação às autoridades competentes
do perdas e danos contra as pessoas físicas ou para agir na respectiva unidade territorial.
jurídicas responsáveis pelo tráfico internacional Artigo 25.
do menor.
Os Estados que tenham duas ou mais unidades
Artigo 22. territoriais onde se apliquem sistemas jurídicos
Os Estados Partes adotarão as medidas neces- diferentes a questões tratadas nesta Convenção
sárias para possibilitar gratuidade aos procedi- poderão declarar, no momento da assinatura,
mentos de restituição do menor, nos termos de ratificação ou adesão, que a Convenção se apli-
seu direito interno, e informarão aos legítimos cará a todas as suas unidades territoriais ou so-
interessados na respectiva restituição os bene- mente a uma ou mais.
fícios decorrentes de pobreza e quando possam Tais declarações podem ser modificadas me-
ter direito à assistência gratuita, em conformi- diante declarações posteriores, que especifica-
dade com as suas leis e regulamentos. rão expressamente a unidade territorial ou as
unidades territoriais a que se aplicará esta Con-
venção. Essas declarações posteriores serão en-
caminhadas à Secretaria-Geral da Organização
CAPÍTULO IV dos Estados Americanos e produzirão efeito no-
DISPOSIÇÕES FINAIS venta dias a partir da data do recebimento.
Artigo 23. Artigo 26.
Os Estados Partes poderão declarar, seja no Os Estados Partes poderão declarar, no momen-
momento da assinatura e da ratificação desta to da assinatura e ratificação desta Convenção
Convenção ou da adesão à mesma, ou poste- ou de adesão à mesma, ou posteriormente, que
riormente, que reconhecerão e executarão as não se poderá opor em juízo civil deste Estado
sentenças penais proferidas em outro Estado Parte exceção ou defesa alguma que tenda a de-
Parte no que se refere à indenização por perdas monstrar a inexistência do delito ou eximir de
e danos decorrentes do tráfico internacional de responsabilidade uma pessoa quando houver
menores. sentença condenatória proferida por outro Es-
tado Parte em conexão com este delito e já tran-
Artigo 24. sitada em julgado.
Com relação a um Estado que, relativamente a
questões tratadas nesta Convenção, tenha dois

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Artigo 27. Artigo 33.


As autoridades competentes das zonas frontei- Para os Estados ratificantes, esta Convenção en-
riças dos Estados Partes poderão acordar, dire- trará em vigor no trigésimo dia a partir da data
tamente e a qualquer momento, com relação a em que haja sido depositado o segundo instru-
procedimentos de localização e restituição mais mento de ratificação.
expeditos que os previstos nesta Convenção e
sem prejuízo desta. Para cada Estado que ratificar esta Convenção
ou a ela aderir depois de haver sido deposita-
O disposto nesta Convenção não será interpre- do o segundo instrumento de ratificação, a Con-
tado no sentido de restringir as práticas mais venção entrará em vigor no trigésimo dia a par-
favoráveis que as autoridades competentes dos tir da data em que tal Estado haja depositado
Estados Partes puderem observar entre si, para seu instrumento de ratificação ou de adesão.
os propósitos desta Convenção.
Artigo 34.
Artigo 28.
Esta Convenção vigorará por prazo indetermi-
Esta Convenção está aberta à assinatura de to- nado, mas qualquer dos Estados Partes poderá
dos os Estados membros da Organização dos Es- denunciá-la. O instrumento de denúncia será
tados Americanos. depositado na Secretaria-Geral da Organização
dos Estados Americanos. Transcorrido um ano
Artigo 29. da data do depósito do instrumento de denún-
Esta Convenção está sujeita à ratificação. Os cia, os efeitos da Convenção cessarão para o Es-
instrumentos de ratificação serão depositados tado denunciante.
na Secretaria-Geral da Organização dos Estados Artigo 35.
Americanos.
O instrumento original desta Convenção, cujos
Artigo 30. textos em português, espanhol, francês e inglês
Esta Convenção ficará aberta à adesão de qual- são igualmente autênticos, será depositado na
quer outro Estado, uma vez que entre em vigor. Secretaria-Geral da Organização dos Estados
Os instrumentos de adesão serão depositados Americanos, que enviará cópia autenticada do
na Secretaria-Geral da Organização dos Estados seu texto à Secretaria das Nações Unidas para
Americanos. seu registro e publicação, de conformidade com
o Artigo 102 da sua Carta constitutiva. A Secre-
Artigo 31. taria-Geral da Organização dos Estados Ameri-
Cada Estado poderá formular reservas a esta canos notificará aos Estados membros da refe-
Convenção, no momento de assiná-la, ratificá-la rida Organização e aos Estados que houverem
ou de a ela aderir, desde que a reserva se refi- aderido à Convenção, as assinaturas e os depó-
ra a uma ou mais disposições específicas e que sitos de instrumentos de ratificação, adesão e
não seja incompatível com o objetivo e fins des- denúncia, bem como as reservas existentes e a
ta Convenção. retirada destas.

Artigo 32. Em fé do que os plenipotenciários infra-assina-


dos, devidamente autorizados por seus respec-
Nenhuma cláusula desta Convenção será inter- tivos Governos, assinam esta Convenção.
pretada de modo a restringir outros tratados bi-
laterais ou multilaterais ou outros acordos subs-
critos pelas partes.

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Convenção Interamericana para a de 20 de dezembro de 1993; a Declaração de
Eliminação de todas as formas de Viena e Programa de Ação aprovados pela Con-
ferência Mundial sobre Direitos Humanos, das
discriminação contra as pessoas Nações Unidas (157/93); a resolução sobre a
portadoras de deficiência (1999) situação das pessoas portadoras de deficiência
no Hemisfério Americano [AG/RÉS. 1356 (XXV-
OS ESTADOS PARTES NESTA CONVENÇÃO, 0/95)] e o Compromisso do Panamá com as Pes-
soas Portadoras de Deficiência no Continente
REAFIRMANDO que as pessoas portadoras de Americano [AG/RÉS. 1369 (XXVI-0/96)]; e
deficiência têm os mesmos direitos humanos e
liberdades fundamentais que outras pessoas e COMPROMETIDOS a eliminar a discriminação,
que estes direitos, inclusive o direito de não ser em todas suas formas e manifestações, contra
submetidas a discriminação com base na defici- as pessoas portadoras de deficiência,
ência, emanam da dignidade e da igualdade que CONVIERAM no seguinte:
são inerentes a todo ser humano;
ARTIGO I
CONSIDERANDO que a Carta da Organização
dos Estados Americanos, em seu artigo 3, j, es- Para os efeitos desta Convenção, entende-se
tabelece como princípio que "a justiça e a segu- por:
rança sociais são bases de uma paz duradoura";
1. Deficiência
PREOCUPADOS com a discriminação de que são
objeto as pessoas em razão de suas deficiências; O termo "deficiência" significa uma restrição
física, mental ou sensorial, de natureza perma-
TENDO PRESENTE o Convênio sobre a Readap- nente ou transitória, que limita a capacidade de
tação Profissional e o Emprego de Pessoas In- exercer uma ou mais atividades essenciais da
válidas da Organização Internacional do Traba- vida diária, causada ou agravada pelo ambiente
lho (Convênio 159); a Declaração dos Direitos econômico e social.
do Retardado Mental (AG.26/2856, de 20 de
dezembro de 1971); a Declaração das Nações 2. Discriminação contra as pessoas porta-
Unidas dos Direitos das Pessoas Portadoras de doras de deficiência
Deficiência (Resolução N° 3447, de 9 de dezem- a) O termo "discriminação contra as pesso-
bro de 1975); o Programa de Ação Mundial para as portadoras de deficiência" significa toda
as Pessoas Portadoras de Deficiência, aprovado diferenciação, exclusão ou restrição base-
pela Assembléia Geral das Nações Unidas (Reso- ada em deficiência, antecedente de defici-
lução 37/52, de 3 de dezembro de 1982); o Pro- ência, conseqüência de deficiência anterior
tocolo Adicional à Convenção Americana sobre ou percepção de deficiência presente ou
Direitos Humanos em Matéria de Direitos Eco- passada, que tenha o efeito ou propósito de
nômicos, Sociais e Culturais, "Protocolo de San impedir ou anular o reconhecimento, gozo
Salvador" (1988); os Princípios para a Proteção ou exercício por parte das pessoas portado-
dos Doentes Mentais e para a Melhoria do Aten- ras de deficiência de seus direitos humanos
dimento de Saúde Mental (AG.46/119, de 17 de e suas liberdades fundamentais.
dezembro de 1991); a Declaração de Caracas da
Organização Pan-Americana da Saúde; a resolu- b) Não constitui discriminação a diferen-
ção sobre a situação das pessoas portadoras de ciação ou preferência adotada pelo Estado
deficiência no Continente Americano [AG/RÉS. Parte para promover a integração social ou
1249 (XXIII-0/93)]; as Normas Uniformes sobre o desenvolvimento pessoal dos portado-
Igualdade de Oportunidades para as Pessoas res de deficiência, desde que a diferencia-
Portadoras de Deficiência (AG.48/96, de 20 de ção ou preferência não limite em si mesma
dezembro de 1993); a Declaração de Manágua, o direito à igualdade dessas pessoas e que

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elas não sejam obrigadas a aceitar tal dife- por parte das pessoas portadoras de defici-
renciação ou preferência. Nos casos em que ência; e
a legislação interna preveja a declaração de
interdição, quando for necessária e apro- d) medidas para assegurar que as pessoas
priada para o seu bem-estar, esta não cons- encarregadas de aplicar esta Convenção e a
tituirá discriminação. legislação interna sobre esta matéria este-
jam capacitadas a fazê-lo.
ARTIGO II
2. Trabalhar prioritariamente nas seguintes
Esta Convenção tem por objetivo prevenir e eli- áreas:
minar todas as formas de discriminação contra
as pessoas portadoras de deficiência e propiciar a) prevenção de todas as formas de defici-
a sua plena integração à sociedade. ência preveníeis;

ARTIGO III b) detecção e intervenção precoce, trata-


mento, reabilitação, educação, formação
Para alcançar os objetivos desta Convenção, os ocupacional e prestação de serviços com-
Estados Partes comprometem-se a: pletos para garantir o melhor nível de inde-
pendência e qualidade de vida para as pes-
1. Tomar as medidas de caráter legislativo, soas portadoras de deficiência; e
social, educacional, trabalhista, ou de qual-
quer outra natureza, que sejam necessárias c) sensibilização da população, por meio
para eliminar a discriminação contra as pes- de campanhas de educação, destinadas a
soas portadoras de deficiência e proporcio- eliminar preconceitos, estereótipos e ou-
nar a sua plena integração à sociedade, en- tras atitudes que atentam contra o direito
tre as quais as medidas abaixo enumeradas, das pessoas a serem iguais, permitindo des-
que não devem ser consideradas exclusivas: ta forma o respeito e a convivência com as
pessoas portadoras de deficiência.
a) medidas das autoridades governamen-
tais e/ou entidades privadas para eliminar ARTIGO IV
progressivamente a discriminação e pro-
mover a integração na prestação ou forne- Para alcançar os objetivos desta Convenção, os
cimento de bens, serviços, instalações, pro- Estados Partes comprometem-se a:
gramas e atividades, tais como o emprego, 1. Cooperar entre si a fim de contribuir
o transporte, as comunicações, a habitação, para a prevenção e eliminação da discrimi-
o lazer, a educação, o esporte, o acesso à nação contra as pessoas portadoras de defi-
justiça e aos serviços policiais e as ativida- ciência.
des políticas e de administração;
2. Colaborar de forma efetiva no seguinte:
b) medidas para que os edifícios, os veícu-
los e as instalações que venham a ser cons- a) pesquisa científica e tecnológica relacio-
truídos ou fabricados em seus respectivos nada com a prevenção das deficiências, o
territórios facilitem o transporte, a comuni- tratamento, a reabilitação e a integração na
cação e o acesso das pessoas portadoras de sociedade de pessoas portadoras de defici-
deficiência; ência; e

c) medidas para eliminar, na medida do b) desenvolvimento de meios e recursos


possível, os obstáculos arquitetônicos, de destinados a facilitar ou promover a vida
transporte e comunicações que existam, independente, a autossuficiência e a inte-
com a finalidade de facilitar o acesso e uso gração total, em condições de igualdade, à
sociedade das pessoas portadoras de defici-
ência.

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ARTIGO V das que os Estados membros tiverem ado-
tado na aplicação desta Convenção e qual-
1. Os Estados Partes promoverão, na me- quer progresso alcançado na eliminação de
dida em que isto for coerente com as suas todas as formas de discriminação contra as
respectivas legislações nacionais, a partici- pessoas portadoras de deficiência. Os rela-
pação de representantes de organizações tórios também conterão toda circunstância
de pessoas portadoras de deficiência, de or- ou dificuldade que afete o grau de cumpri-
ganizações não-governamentais que traba- mento decorrente desta Convenção.
lham nessa área ou, se essas organizações
não existirem, de pessoas portadoras de de- 5. A Comissão será o foro encarregado de
ficiência, na elaboração, execução e avalia- examinar o progresso registrado na aplica-
ção de medidas e políticas para aplicar esta ção da Convenção e de intercambiar experi-
Convenção. ências entre os Estados Partes. Os relatórios
que a Comissão elaborará refletirão o deba-
2. Os Estados Partes criarão canais de co- te havido e incluirão informação sobre as
municação eficazes que permitam difundir medidas que os Estados Partes tenham ado-
entre as organizações públicas e privadas tado em aplicação desta Convenção, o pro-
que trabalham com pessoas portadoras de gresso alcançado na eliminação de todas as
deficiência os avanços normativos e jurídi- formas de discriminação contra as pessoas
cos ocorridos para a eliminação da discrimi- portadoras de deficiência, as circunstâncias
nação contra as pessoas portadoras de defi- ou dificuldades que tenham tido na imple-
ciência. mentação da Convenção, bem como as con-
ARTIGO VI clusões, observações e sugestões gerais da
Comissão para o cumprimento progressivo
1. Para dar acompanhamento aos compro- da mesma.
missos assumidos nesta Convenção, será es-
tabelecida uma Comissão para a Eliminação 6. A Comissão elaborará o seu regulamen-
de Todas as Formas de Discriminação contra to interno e o aprovará por maioria absolu-
as Pessoas Portadoras de Deficiência, cons- ta.
tituída por um representante designado por 7. O Secretário-Geral prestará à Comissão
cada Estado Parte. o apoio necessário para o cumprimento de
2. A Comissão realizará a sua primeira reu- suas funções.
nião dentro dos 90 dias seguintes ac de- ARTIGO VII
pósito do décimo primeiro instrumento de
ratificação. Essa reunião será convocada Nenhuma disposição desta Convenção será in-
pela Secretaria-Geral da Organização dos terpretada no sentido de restringir ou permitir
Estados Americanos e será realizada na sua que os Estados Partes limitem o gozo dos direi-
sede, salve se um Estado Parte oferecer tos das pessoas portadoras de deficiência re-
sede. conhecidos pelo Direito Internacional consue-
tudinário ou pelos instrumentos internacionais
3. Os Estados Partes comprometem-se, na vinculantes para um determinado Estado Parte.
primeira reunião, a apresentar um relató-
rio ao Secretário-Geral da Organização para ARTIGO VIII
que o envie à Comissão para análise e estu-
do. No futuro, os relatórios serão apresen- 1. Esta Convenção estará aberta a todos os
tados a cada quatro anos. Estados membros para sua assinatura, na
cidade da Guatemala, Guatemala, em 8 de
4. Os relatórios preparados em virtude do junho de 1999 e, a partir dessa data, perma-
parágrafo anterior deverão incluir as medi- necerá aberta à assinatura de todos os Es-

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tados na sede da Organização dos Estados ARTIGO XII


Americanos até sua entrada em vigor.
Os Estados poderão formular reservas a esta
2. Esta Convenção está sujeita a ratifica- Convenção no momento de ratificá-la ou a ela
ção. aderir, desde que essas reservas não sejam in-
compatíveis com o objetivo e propósito da Con-
3. Esta Convenção entrará em vigor para os venção e versem sobre uma ou mais disposições
Estados ratificantes no trigésimo dia a par- específicas.
tir da data em que tenha sido depositado o
sexto instrumento de ratificação de um Es- ARTIGO XIII
tado membro da Organização dos Estados
Americanos. Esta Convenção vigorará indefinidamente, mas
qualquer Estado Parte poderá denunciá-la.
ARTIGO IX O instrumento de denúncia será depositado
na Secretaria-Geral da Organização dos Esta-
Depois de entrar em vigor, esta Convenção esta- dos Americanos. Decorrido um ano a partir da
rá aberta à adesão de todos os Estados que não data de depósito do instrumento de denúncia,
a tenham assinado. a Convenção cessará seus efeitos para o Estado
ARTIGO X denunciante, permanecendo em vigor para os
demais Estados Partes. A denúncia não eximi-
1. Os instrumentos de ratificação e adesão rá o Estado Parte das obrigações que lhe impõe
serão depositados na Secretaria-Geral da esta Convenção com respeito a qualquer ação
Organização dos Estados Americanos. ou omissão ocorrida antes da data em que a de-
2. Para cada Estado que ratificar a Con- núncia tiver produzido seus efeitos.
venção ou aderir a ela depois do depósito ARTIGO XIV
do sexto instrumento de ratificação, a Con-
venção entrará em vigor no trigésimo dia a 1. O instrumento original desta Convenção,
partir da data em que esse Estado tenha de- cujos textos em espanhol, francês, inglês e
positado seu instrumento de ratificação ou português são igualmente autênticos, será
adesão. depositado na Secretaria-Geral da Organi-
zação dos Estados Americanos, que enviará
ARTIGO XI cópia autenticada de seu texto, para regis-
1. Qualquer Estado Parte poderá formular tro e publicação, ao Secretariado das Na-
propostas de emenda a esta Convenção. As ções Unidas, em conformidade com o artigo
referidas propostas serão apresentadas à 102 da Carta das Nações Unidas.
Secretaria-Geral da OEA para distribuição 2. A Secretaria-Geral da Organização dos
aos Estados Partes. Estados Americanos notificará os Estados
2. As emendas entrarão em vigor para os membros dessa Organização e os Estados
Estados ratificantes das mesmas na data em que tiverem aderido à Convenção sobre as
que dois terços dos Estados Partes tenham assinaturas, os depósitos dos instrumentos
depositado o respectivo instrumento de ra- de ratificação, adesão ou denúncia, bem
tificação. No que se refere ao restante dos como sobre as eventuais reservas.
Estados Partes, entrarão em vigor na data
em que depositarem seus respectivos ins-
trumentos de ratificação.

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PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO MERCOSUL

PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS termos do inciso I do art. 49 da Constituição,


NO MERCOSUL acarretem encargos ou compromissos gravosos
ao patrimônio nacional.

DECRETO Nº 7.225, DE 1º DE JULHO DE 2010. Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de
sua publicação.
Promulga o Protocolo de Assunção sobre
Compromisso com a Promoção e a Proteção dos Brasília, 1º de julho de 2010; 189º da
Direitos Humanos do Mercosul, assinado em Independência e 122º da República.
Assunção, em 20 de junho de 2005.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da
atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da MERCOSUL/CMC/DEC. N° 17/05
Constituição, e
Considerando que o Congresso Nacional PROTOCOLO DE ASSUNÇÃO SOBRE
aprovou, por meio do Decreto Legislativo no COMPROMISSO COM A PROMOÇÃO
592, de 27 de agosto de 2009, o Protocolo de
E PROTEÇÃO DOS DIREITOS
Assunção sobre Compromisso com a Promoção
e a Proteção dos Direitos Humanos do Mercosul, HUMANOS DO MERCOSUL
assinado em Assunção, em 20 de junho de 2005;
TENDO EM VISTA: O Tratado de Assunção, o
Considerando que o Governo brasileiro Protocolo de Ouro Preto e as Decisões N° 40/04
depositou o instrumento de ratificação do do Conselho do Mercado Comum.
referido Protocolo junto ao Governo do
CONSIDERANDO:
Paraguai, depositário do referido ato, em 4 de
março de 2010; Que é fundamental assegurar a proteção,
promoção e garantia dos Direitos Humanos e as
Considerando que o Acordo entrou em vigor
liberdades fundamentais de todos as pessoas.
para o Brasil, no plano jurídico externo, em 3 de
abril de 2010, Que o gozo efetivo dos direitos fundamentais é
condição indispensável para a consolidação do
DECRETA:
processo de integração.
Art. 1º O Protocolo de Assunção sobre
O CONSELHO DO MERCADO COMUM
Compromisso com a Promoção e a Proteção
dos Direitos Humanos do Mercosul, apenso DECIDE:
por cópia ao presente Decreto, será executado
e cumprido tão inteiramente como nele se Art. 1º Aprovar a assinatura do Protocolo de
contém. Assunção sobre Compromisso com a Promoção
e Proteção dos Direitos Humanos do MERCOSUL,
Art. 2º São sujeitos à aprovação do Congresso que consta como Anexo da presente Decisão.
Nacional quaisquer atos que possam resultar
em revisão do referido Acordo, bem como Art. 2º Esta Decisão não necessita ser
quaisquer ajustes complementares que, nos incorporada ao ordenamento jurídico dos
Estados Partes, por regulamentar aspectos

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da organização ou do funcionamento do Direitos Humanos de 1993, que a democracia,


MERCOSUL. o desenvolvimento e o respeito aos direitos
humanos e liberdades fundamentais são
conceitos interdependentes que se reforçam
mutuamente;
XXVIII CMC – Assunção, 19/VI/05
SUBLINHANDO o expressado em distintas
resoluções da Assembléia Geral e da Comissão
PROTOCOLO DE ASSUNÇÃO SOBRE de Direitos Humanos das Nações Unidas, que o
COMPROMISSO COM A PROMOÇÃO respeito aos direitos humanos e das liberdades
E PROTEÇÃO DOS DIREITOS fundamentais são elementos essenciais da
democracia;
HUMANOS DO MERCOSUL
RECONHECENDO a universalidade, a
A República Argentina, a República Federativa indivisibilidade, a interdependência e inter-
do Brasil, a República do Paraguai e a República relação de todos os direitos humanos, sejam
Oriental do Uruguai, Estados Partes do direitos econômicos, sociais, culturais, civis ou
MERCOSUL, doravante as Partes, políticos;
REAFIRMANDO os princípios e objetivos do REITERANDO a Declaração Presidencial de
Tratado de Assunção e do Protocolo de Ouro Porto Iguaçu de 8 de julho de 2004 na qual os
Preto; Presidentes dos Estados Partes do MERCOSUL
TENDO PRESENTE a Decisão CMC Nº 40/04 destacaram a alta prioridade atribuída à
que cria a Reunião de Altas Autoridades sobre proteção, promoção e garantia dos direitos
Direitos Humanos do MERCOSUL; humanos e as liberdades fundamentais de todas
as pessoas que habitam o MERCOSUL;
REITERANDO o expressado na Declaração
Presidencial de Las Leñas de 27 de junho REAFIRMANDO que a vigência da ordem
de 1992 no sentido de que a plena vigência democrática constitui uma garantia
das instituições democráticas é condição indispensável para o exercício efetivo dos
indispensável para a existência e o direitos humanos e liberdades fundamentais,
desenvolvimento do MERCOSUL; e que toda ruptura ou ameaça ao normal
desenvolvimento do processo democrático em
REAFIRMANDO o expressado na Declaração uma das Partes põe em risco o gozo efetivo dos
Presidencial sobre Compromisso Democrático direitos humanos;
no MERCOSUL;
ACORDAM O SEGUINTE:
RATIFICANDO a plena vigência do Protocolo de
Ushuaia sobre Compromisso Democrático no Artigo 1º
MERCOSUL a República da Bolívia e a República A plena vigência das instituições democráticas e
do Chile; o respeito dos direitos humanos e das liberdades
REAFIRMANDO os princípios e normas contidos fundamentais são condições essenciais para a
na Declaração Americana de Direitos e deveres vigência e evolução do processo de integração
do Homem, na Convenção Americana sobre entre as Partes.
Direitos Humanos e outros instrumentos Artigo 2º
regionais de direitos humanos, assim como na
Carta Democrática Interamericana; As Partes cooperarão mutuamente para a
promoção e proteção efetiva dos direitos
RESSALTANDO o expressado na Declaração e no humanos e liberdades fundamentais através
Programa de Ação da Conferência Mundial de

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dos mecanismos institucionais estabelecidos no Artigo 8º
MERCOSUL.
O presente Protocolo entrará em vigor trinta
Artigo 3º (30) dias depois do depósito do instrumento
de ratificação pelo quarto Estado Parte do
O presente Protocolo se aplicará em caso MERCOSUL.
de que se registrem graves e sistemáticas
violações dos direitos humanos e liberdades Artigo 9º
fundamentais em uma das Partes em situações
de crise institucional ou durante a vigência de A República do Paraguai será depositária
estados de exceção previstos nos ordenamentos do presente Protocolo e dos respectivos
constitucionais respectivos. A tal efeito, instrumentos de ratificação, devendo notificar às
as demais Partes promoverão as consultas Partes a data dos depósitos desses instrumentos
pertinentes entre si e com a Parte afetada. e da entrada em vigor do Protocolo, assim como
enviar-lhes cópia devidamente autenticada do
Artigo 4º mesmo.
Quando as consultas mencionadas no artigo FEITO na cidade de Assunção, República do
anterior resultarem ineficazes, as demais Paraguai, aos dezenove dias do mês de junho
Partes considerarão a natureza e o alcance das de dois mil e cinco, em um original, nos idiomas
medidas a aplicar, tendo em vista a gravidade da espanhol e português, sendo ambos os textos
situação existente. igualmente autênticos.
Tais medidas abarcarão desde a suspensão do
direito a participar deste processo de integração
até a suspensão dos direitos e obrigações
emergentes do mesmo.
Artigo 5º
As medidas previstas no artigo 4 serão adotadas
por consenso pelas Partes e comunicadas
à Parte afetada, a qual não participará no
processo decisório pertinente. Essas medidas
entrarão em vigência na data em que se realize
a comunicação respectiva à Parte afetada.
Artigo 6º
As medidas a que se refere o artigo 4 aplicadas
à Parte afetada, cessarão a partir da data da
comunicação a dita Parte de que as causas que
as motivaram foram sanadas. Tal comunicação
será transmitida pelas Partes que adotaram tais
medidas.
Artigo 7º
O presente Protocolo se encontra aberto à
adesão dos Estados Associados ao MERCOSUL.

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O PREÂMBULO DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte


para instituir um Estado democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça
como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada
na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica
das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República
Federativa do Brasil.”

PREÂMBULO CONSTITUCIONAL

Relativamente à força jurídica do preâmbulo constitucional, o Plenário do Supremo Tribunal


Federal, no julgamento da ADI 2.076/AC (Rel. Min. CARLOS VELLOSO), reconheceu que o
preâmbulo da Constituição não tem valor normativo, apresentando-­se desvestido de força
cogente.
O STF, no julgamento plenário em questão, entendeu que:
A) O preâmbulo é parte integrante da Constituição, com todas as suas consequências. Dela
não se distingue nem pela origem, nem pelo sentido, nem pelo instrumento em que se
contém. Distingue-­se (ou pode distinguir-se) apenas pela sua eficácia ou pelo papel que
desempenha.
B) Os preâmbulos não podem se assimilar às declarações de direitos.
C) O preâmbulo não pode ser invocado enquanto tal, isoladamente, nem cria direitos ou
deveres. Não há inconstitucionalidade por violação do preâmbulo como texto; só há
inconstitucionalidade por violação dos princípios consignados na Constituição.
Além disso, orienta Ingo W. Sarlet que o STF, em julgamento de 2009 (HC 94.163), entendeu
que no âmbito de interpretação e aplicação do direito, os valores e objetivos consignados no
preâmbulo da Constituição podem ser invocados como reforço argumentativo, de forma a
justificar uma decisão, desde que em conjunção com demais preceitos normativos do texto
principal da Constituição.

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DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Os princípios fundamentais servem como valores de ordem jurídica.


E são importantíssimos para:
•• Garantir a unidade da Constituição;
•• Orientar a ação do intérprete, balizando a tomada de decisões, tanto de particulares, tanto
dos poderes constituídos;
•• Preservar o Estado Democrático de Direito.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL – Art. 1º (PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS)

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos:
I – a soberania;
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos
ou diretamente, nos termos desta Constituição.
A República é a nossa forma de governo, caso não fossemos uma república, poderíamos ter
como forma de governo uma monarquia.
A República, que surgiu no texto constitucional de 1891 como cláusula pétrea (art. 60, § 4º, da
CF), foi mantida em todas as constituições. Porém, na CF/88, a República não é cláusula pétrea,
na constituição vigente a República foi tratada como princípio sensível, disposto no art. 34, VII,
“a”, da CF/88.
No entanto, apesar de não ser cláusula pétrea, o povo confirmou a forma republicana de
governo através de um plebiscito (art. 2º, ADCT), desse modo, não poderá a forma republicana
de governo do Brasil ser alterada por meio de EC, sob pena de se violar a soberania popular,
somente um novo plebiscito poderia alterar a forma de governo no atual ordenamento
constitucional.
A nossa forma de Estado é a FEDERAÇÃO, que se configura cláusula pétrea, por força do
disposto no art. 60, § 4º, I, da CF.

200 www.acasadoconcurseiro.com.br
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A CF/88 consagrou a indissolubilidade do vínculo federativo, ou seja, no Brasil, não existe o


direito de secessão. Há inclusive na CF instrumento para estabilizar eventual crise, conforme
dispõe o art. 34, I (A UF intervindo para manter a integridade Nacional).
Assim, por força do art. 1º, “caput” c/c art. 18, ambos da CF, a federação brasileira é formada
pela união indissolúvel de 4 entes federativos: União Federal, dos Estados-membros, do Distrito
Federal e dos Municípios.
A CF estabeleceu de modo expresso o Princípio Democrático, no “caput” e no parágrafo único
do art. 1º.
Assim, temos no país, segundo a CF, uma Democracia semidireta ou mista ou participativa,
ou seja, um sistema híbrido que tem como base uma democracia representativa, com
peculiaridades e instrumentos de democracia direta.
O exercício da democracia direta, através da participação popular se, dá no Brasil por meio do
Plebiscito, Referendo e Iniciativa popular (art. 14, III, da CF).
O sistema de governo é o Presidencialismo (art. 84 da CF).

OS FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

SO-CI-DI-VA-PLU
SO – SOBERANIA
CI – CIDADANIA
DI – DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
VA – VALORES SOC. DO TRAB. E DA LIVRE INICIATIVA
PLU – PLURALISMO POLÍTICO
O FUNK DOS FUNDAMENTOS
UH, UH,
É O SOCIDIVAPLU
UH, UH
É O SOCIDIVAPLU
SOBERANIA: é o conjunto formado pelos entes federativos, que formam uma unidade, que dão
à nação a qualidade que caracteriza o poder supremo de um Estado (independência, autoridade
dentro e fora do seu território);
CIDADANIA: materializa-se na ideia da capacidade eleitoral ativa (ser eleitor) e passiva (ser
eleito), porém não se restringe aos direitos políticos, pois engloba também o acesso e o respeito
aos direitos e deveres fundamentais (ser sujeito);
Segundo o MPF, na “Cartilha do direito dos cidadãos”: Ser cidadão é ter direito à vida, à
liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei: ter direitos civis. É também participar
no destino da sociedade, votar, ser votado, ter direitos políticos. Os direitos civis e políticos
não asseguram a democracia sem os direitos sociais, aqueles que garantem a participação do
indivíduo na riqueza coletiva: o direito à educação, ao trabalho justo, à saúde, a uma velhice

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tranquila. Exercer a cidadania plena é ter direitos civis, políticos e sociais. É a qualidade do
cidadão de poder exercer o conjunto de direitos e liberdades políticas, socio-econômicas de seu
país, estando sujeito a deveres que lhe são impostos. Relaciona-se, portanto, com a participação
consciente e responsável do indivíduo na sociedade, zelando para que seus direitos não sejam
violados.

Formas constitucionais de cidadania:


•• Cidadania – eleição: eleitor, votar e ser votado;
•• Cidadania – fiscalização: ação popular, noticiar irregularidades ao MP/TCU/CNJ/CNMP;
•• Cidadania – propositiva: propor projeto de lei, ou seja, iniciar projeto de lei de iniciativa
popular (art. 61, § 2º, CF);
•• Cidadania – mediação social: permite ao cidadão ser eleito juiz de paz (art. 98, II da CF).
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: regra matriz dos direitos fundamentais, é o núcleo essencial
do nosso constitucionalismo, serve também para orientar a solução de conflitos interpretativos.
Segundo o MPF na “Cartilha do direito dos cidadãos”: Dignidade é o sentimento e a consciência
que cada pessoa tem sobre seu próprio valor. É, também, o respeito que a comunidade tem
pelas pessoas que nela vivem, o reconhecimento do valor individual de cada um. A dignidade
é fundamental para o reconhecimento do direito à liberdade, à justiça, à intimidade, à saúde,
à educação, ao lazer, entre outros, e é reconhecida como fundamento da República pela
Constituição.
VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE-INICIATIVA: busca assegurar a todos uma
existência digna conforme os ditames da justiça social e, de modo claro, privilegia dentro do
ordenamento constitucional o modelo capitalista;
PLURALISMO POLÍTICO: busca enaltecer uma sociedade plural, consagrando o respeito a todas
as matizes e ideais políticos, tutelando a pessoa humana e a sua liberdade de pensamento.
Pluralismo é a concepção política que se opõe à concentração do poder do Estado ou de
qualquer indivíduo/grupo, permitindo a participação política de diferentes grupos, em
especial das minorias, de sorte a poder influenciar decisões políticas sobre as questões que
lhes interessam. O pluralismo político se configura nas liberdades de expressão, manifestação,
reunião, associação, criação cultural e artística, comunicação, informação e discussão, sendo
um dos fundamentos do Estado democrático de direito (inciso V, do art. 1º da Constituição
Federal).

PRINCÍPIO DA REPARTIÇÃO DOS PODERES

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário.

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OS OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA

Após se estruturar a república, temos os objetivos fundamentais como meta a ser atingida,
orientando as políticas governamentais.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – garantir o desenvolvimento nacional;
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.
Os 4 verbos que iniciam cada inciso dos objetivos fundamentais da República estão todos no
infinitivo: I – Construir; II – Garantir; III – Erradicar; IV – Promover.
Os objetivos fundamentais são reveladores de uma axiologia, uma antevisão de um projeto de
sociedade mais justa esposado pelo constituinte.
Os enunciados que aparecem como ações verbais, implicam a necessidade de um
comportamento ativo pelos que se acham obrigados à sua realização (governantes e agentes
políticos).
Atenção, pois além de outras normas constitucionais, encontramos vários instrumentos e
disposições para efetivação dos objetivos nos títulos que tratam da ordem econômica e da
ordem social.
CON – GA – ERRA – PRO
CON – CONSTRUIR UMA SOC. LIVRE...
GA – GARANTIR O DESENVOLVIMENTO...
ERRA – ERRADICAR A POBREZA...
PRO – PROMOVER O BEM DE TODOS...
E AÍ CHAMA A GRETCHEN
CONGA LA CONGA
CON GA ERRA PRO
CONGA LA CONGA
COM GA ERRA PRO

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OS PRINCÍPIOS DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA REPÚBLICA:

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se CAPÍTULO I


nas suas relações internacionais pelos seguintes DOS DIREITOS E DEVERES
princípios:
INDIVIDUAIS E COLETIVOS
I – independência nacional;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem dis-
II – prevalência dos direitos humanos; tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
III – autodeterminação dos povos; brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
IV – não-intervenção; à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:
V – igualdade entre os Estados;
I – homens e mulheres são iguais em direi-
VI – defesa da paz; tos e obrigações, nos termos desta Consti-
VII – solução pacífica dos conflitos; tuição;

VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo; II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar


de fazer alguma coisa senão em virtude de
IX – cooperação entre os povos para o pro- lei;
gresso da humanidade;
III – ninguém será submetido a tortura nem
X – concessão de asilo político. a tratamento desumano ou degradante;
Parágrafo único. A República Federativa do IV – é livre a manifestação do pensamento,
Brasil buscará a integração econômica, polí- sendo vedado o anonimato;
tica, social e cultural dos povos da América
Latina, visando à formação de uma comuni- V – é assegurado o direito de resposta, pro-
dade latino-americana de nações. porcional ao agravo, além da indenização
por dano material, moral ou à imagem;
VI – é inviolável a liberdade de consciência e
TÍTULO II de crença, sendo assegurado o livre exercí-
cio dos cultos religiosos e garantida, na for-
Dos Direitos e Garantias ma da lei, a proteção aos locais de culto e a
Fundamentais suas liturgias;

Capítulo I – Dos Direitos e Deveres Individu- VII – é assegurada, nos termos da lei, a pres-
ais e Coletivos (art. 5º); tação de assistência religiosa nas entidades
civis e militares de internação coletiva;
Capítulo II – Dos Direitos Sociais (arts. 6º a
11); VIII – ninguém será privado de direitos por
motivo de crença religiosa ou de convicção
Capítulo III – Da Nacionalidade (arts. 12 e filosófica ou política, salvo se as invocar
13); para eximir-se de obrigação legal a todos
Capítulo IV – Dos Direitos Políticos (arts. 14 imposta e recusar-se a cumprir prestação
a 16); alternativa, fixada em lei;

Capítulo V – Dos Partidos Políticos (art. 17). IX – é livre a expressão da atividade intelec-
tual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença;

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X – são invioláveis a intimidade, a vida pri- XIX – as associações só poderão ser com-
vada, a honra e a imagem das pessoas, as- pulsoriamente dissolvidas ou ter suas ati-
segurado o direito a indenização pelo dano vidades suspensas por decisão judicial,
material ou moral decorrente de sua viola- exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em
ção; julgado;
XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, XX – ninguém poderá ser compelido a asso-
ninguém nela podendo penetrar sem con- ciar-se ou a permanecer associado;
sentimento do morador, salvo em caso de
flagrante delito ou desastre, ou para prestar XXI – as entidades associativas, quando ex-
socorro, ou, durante o dia, por determina- pressamente autorizadas, têm legitimidade
ção judicial; para representar seus filiados judicial ou ex-
trajudicialmente;
XII – é inviolável o sigilo da correspondência
e das comunicações telegráficas, de dados e XXII – é garantido o direito de propriedade;
das comunicações telefônicas, salvo, no úl- XXIII – a propriedade atenderá a sua função
timo caso, por ordem judicial, nas hipóteses social;
e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução proces- XXIV – a lei estabelecerá o procedimento
sual penal; para desapropriação por necessidade ou
utilidade pública, ou por interesse social,
XIII – é livre o exercício de qualquer traba- mediante justa e prévia indenização em di-
lho, ofício ou profissão, atendidas as quali- nheiro, ressalvados os casos previstos nesta
ficações profissionais que a lei estabelecer; Constituição;
XIV – é assegurado a todos o acesso à in- XXV – no caso de iminente perigo público, a
formação e resguardado o sigilo da fonte, autoridade competente poderá usar de pro-
quando necessário ao exercício profissional; priedade particular, assegurada ao proprie-
XV – é livre a locomoção no território na- tário indenização ulterior, se houver dano;
cional em tempo de paz, podendo qualquer XXVI – a pequena propriedade rural, assim
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, per- definida em lei, desde que trabalhada pela
manecer ou dele sair com seus bens; família, não será objeto de penhora para
XVI – todos podem reunir-se pacificamente, pagamento de débitos decorrentes de sua
sem armas, em locais abertos ao público, atividade produtiva, dispondo a lei sobre os
independentemente de autorização, desde meios de financiar o seu desenvolvimento;
que não frustrem outra reunião anterior- XXVII – aos autores pertence o direito ex-
mente convocada para o mesmo local, sen- clusivo de utilização, publicação ou repro-
do apenas exigido prévio aviso à autoridade dução de suas obras, transmissível aos her-
competente; deiros pelo tempo que a lei fixar;
XVII – é plena a liberdade de associação XXVIII – são assegurados, nos termos da lei:
para fins lícitos, vedada a de caráter para-
militar; a) a proteção às participações individuais
em obras coletivas e à reprodução da ima-
XVIII – a criação de associações e, na forma gem e voz humanas, inclusive nas ativida-
da lei, a de cooperativas independem de au- des desportivas;
torização, sendo vedada a interferência es-
tatal em seu funcionamento; b) o direito de fiscalização do aproveita-
mento econômico das obras que criarem
ou de que participarem aos criadores, aos

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intérpretes e às respectivas representações XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri,
sindicais e associativas; com a organização que lhe der a lei, assegu-
rados:
XXIX – a lei assegurará aos autores de in-
ventos industriais privilégio temporário a) a plenitude de defesa;
para sua utilização, bem como proteção às
criações industriais, à propriedade das mar- b) o sigilo das votações;
cas, aos nomes de empresas e a outros sig- c) a soberania dos veredictos;
nos distintivos, tendo em vista o interesse
social e o desenvolvimento tecnológico e d) a competência para o julgamento dos cri-
econômico do País; mes dolosos contra a vida;

XXX – é garantido o direito de herança; XXXIX – não há crime sem lei anterior que
o defina, nem pena sem prévia cominação
XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros legal;
situados no País será regulada pela lei brasi-
leira em benefício do cônjuge ou dos filhos XL – a lei penal não retroagirá, salvo para
brasileiros, sempre que não lhes seja mais beneficiar o réu;
favorável a lei pessoal do de cujus;
XLI – a lei punirá qualquer discriminação
XXXII – o Estado promoverá, na forma da atentatória dos direitos e liberdades funda-
lei, a defesa do consumidor; mentais;

XXXIII – todos têm direito a receber dos XLII – a prática do racismo constitui crime
órgãos públicos informações de seu inte- inafiançável e imprescritível, sujeito à pena
resse particular, ou de interesse coletivo ou de reclusão, nos termos da lei;
geral, que serão prestadas no prazo da lei,
XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis
sob pena de responsabilidade, ressalvadas
e insuscetíveis de graça ou anistia a prática
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à se-
da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes
gurança da sociedade e do Estado;
e drogas afins, o terrorismo e os definidos
XXXIV – são a todos assegurados, indepen- como crimes hediondos, por eles respon-
dentemente do pagamento de taxas: dendo os mandantes, os executores e os
que, podendo evitá-los, se omitirem;
a) o direito de petição aos poderes públicos
em defesa de direitos ou contra ilegalidade XLIV – constitui crime inafiançável e impres-
ou abuso de poder; critível a ação de grupos armados, civis ou
militares, contra a ordem constitucional e o
b) a obtenção de certidões em repartições Estado democrático;
públicas, para defesa de direitos e esclare-
cimento de situações de interesse pessoal; XLV – nenhuma pena passará da pessoa do
condenado, podendo a obrigação de repa-
XXXV – a lei não excluirá da apreciação do rar o dano e a decretação do perdimento de
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
XXXVI – a lei não prejudicará o direito ad- sucessores e contra eles executadas, até o
quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa jul- limite do valor do patrimônio transferido;
gada; XLVI – a lei regulará a individualização da
XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de ex- pena e adotará, entre outras, as seguintes:
ceção; a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;

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c) multa; LVII – ninguém será considerado culpado


até o trânsito em julgado de sentença penal
d) prestação social alternativa; condenatória;
e) suspensão ou interdição de direitos; LVIII – o civilmente identificado não será
XLVII – não haverá penas: submetido a identificação criminal, salvo
nas hipóteses previstas em lei;
a) de morte, salvo em caso de guerra decla-
rada, nos termos do art. 84, XIX; LIX – será admitida ação privada nos crimes
de ação pública, se esta não for intentada
b) de caráter perpétuo; no prazo legal;
c) de trabalhos forçados; LX – a lei só poderá restringir a publicidade
d) de banimento; dos atos processuais quando a defesa da in-
timidade ou o interesse social o exigirem;
e) cruéis;
LXI – ninguém será preso senão em flagran-
XLVIII – a pena será cumprida em estabele- te delito ou por ordem escrita e fundamen-
cimentos distintos, de acordo com a nature- tada de autoridade judiciária competente,
za do delito, a idade e o sexo do apenado; salvo nos casos de transgressão militar ou
crime propriamente militar, definidos em
XLIX – é assegurado aos presos o respeito à lei;
integridade física e moral;
LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local
L – às presidiárias serão asseguradas con- onde se encontre serão comunicados ime-
dições para que possam permanecer com diatamente ao juiz competente e à família
seus filhos durante o período de amamen- do preso ou à pessoa por ele indicada;
tação;
LXIII – o preso será informado de seus direi-
LI – nenhum brasileiro será extraditado, tos, entre os quais o de permanecer calado,
salvo o naturalizado, em caso de crime co- sendo-lhe assegurada a assistência da famí-
mum, praticado antes da naturalização, ou lia e de advogado;
de comprovado envolvimento em tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na LXIV – o preso tem direito à identificação
forma da lei; dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial;
LII – não será concedida extradição de es-
trangeiro por crime político ou de opinião; LXV – a prisão ilegal será imediatamente re-
laxada pela autoridade judiciária;
LIII – ninguém será processado nem senten-
ciado senão pela autoridade competente; LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela
mantido quando a lei admitir a liberdade
LIV – ninguém será privado da liberdade ou provisória, com ou sem fiança;
de seus bens sem o devido processo legal;
LXVII – não haverá prisão civil por dívida,
LV – aos litigantes, em processo judicial ou salvo a do responsável pelo inadimplemen-
administrativo, e aos acusados em geral são to voluntário e inescusável de obrigação ali-
assegurados o contraditório e a ampla defe- mentícia e a do depositário infiel;
sa, com os meios e recursos a ela inerentes;
LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sem-
LVI – são inadmissíveis, no processo, as pro- pre que alguém sofrer ou se achar amea-
vas obtidas por meios ilícitos; çado de sofrer violência ou coação em sua

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liberdade de locomoção, por ilegalidade ou LXXIV – o Estado prestará assistência jurídi-
abuso de poder; ca integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos;
LXIX – conceder-se-á mandado de seguran-
ça para proteger direito líquido e certo, não LXXV – o Estado indenizará o condenado
amparado por habeas corpus ou habeas por erro judiciário, assim como o que ficar
data , quando o responsável pela ilegalida- preso além do tempo fixado na sentença;
de ou abuso de poder for autoridade públi-
ca ou agente de pessoa jurídica no exercício LXXVI – são gratuitos para os reconhecida-
de atribuições do poder público; mente pobres, na forma da lei:

LXX – o mandado de segurança coletivo a) o registro civil de nascimento;


pode ser impetrado por: b) a certidão de óbito;
a) partido político com representação no LXXVII – são gratuitas as ações de habeas
Congresso Nacional; corpus e habeas data , e, na forma da lei, os
b) organização sindical, entidade de classe atos necessários ao exercício da cidadania;
ou associação legalmente constituída e em LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e admi-
funcionamento há pelo menos um ano, em nistrativo, são assegurados a razoável dura-
defesa dos interesses de seus membros ou ção do processo e os meios que garantam a
associados; celeridade de sua tramitação. (Inciso acres-
LXXI – conceder-se-á mandado de injunção cido pela Emenda Constitucional nº 45, de
sempre que a falta de norma regulamenta- 2004)
dora torne inviável o exercício dos direitos e § 1º As normas definidoras dos direitos e
liberdades constitucionais e das prerrogati- garantias fundamentais têm aplicação ime-
vas inerentes à nacionalidade, à soberania e diata.
à cidadania;
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta
LXXII – conceder-se-á habeas data : Constituição não excluem outros decorren-
a) para assegurar o conhecimento de infor- tes do regime e dos princípios por ela ado-
mações relativas à pessoa do impetrante, tados, ou dos tratados internacionais em
constantes de registros ou bancos de dados que a República Federativa do Brasil seja
de entidades governamentais ou de caráter parte.
público; § 3º Os tratados e convenções internacio-
b) para a retificação de dados, quando não nais sobre direitos humanos que forem
se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judi- aprovados, em cada Casa do Congresso Na-
cial ou administrativo; cional, em dois turnos, por três quintos dos
votos dos respectivos membros, serão equi-
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima valentes às emendas constitucionais. (Pará-
para propor ação popular que vise a anu- grafo acrescido pela Emenda Constitucional
lar ato lesivo ao patrimônio público ou de nº 45, de 2004)
entidade de que o Estado participe, à mo-
ralidade administrativa, ao meio ambiente § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tri-
e ao patrimônio histórico e cultural, ficando bunal Penal Internacional a cuja criação te-
o autor, salvo comprovada má-fé, isento de nha manifestado adesão. (Parágrafo acres-
custas judiciais e do ônus da sucumbência; cido pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)

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CAPÍTULO II X – proteção do salário na forma da lei,


DOS DIREITOS SOCIAIS constituindo crime sua retenção dolosa;
XI – participação nos lucros, ou resultados,
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, desvinculada da remuneração, e, excepcio-
a alimentação, o trabalho, a moradia, o trans- nalmente, participação na gestão da empre-
porte, o lazer, a segurança, a previdência social, sa, conforme definido em lei;
a proteção à maternidade e à infância, a assis-
tência aos desamparados, na forma desta Cons- XII – salário-família pago em razão do de-
tituição. (Artigo com redação dada pela Emenda pendente do trabalhador de baixa renda
Constitucional nº 90, de 2015) nos termos da lei; (Inciso com redação dada
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e
rurais, além de outros que visem à melhoria de XIII – duração do trabalho normal não su-
sua condição social: perior a oito horas diárias e quarenta e qua-
tro semanais, facultada a compensação de
I – relação de emprego protegida contra horários e a redução da jornada, mediante
despedida arbitrária ou sem justa causa, acordo ou convenção coletiva de trabalho;
nos termos de lei complementar, que pre-
verá indenização compensatória, dentre ou- XIV – jornada de seis horas para o trabalho
tros direitos; realizado em turnos ininterruptos de reve-
zamento, salvo negociação coletiva;
II – seguro-desemprego, em caso de desem-
prego involuntário; XV – repouso semanal remunerado, prefe-
rencialmente aos domingos;
III – fundo de garantia do tempo de serviço;
XVI – remuneração do serviço extraordiná-
IV – salário mínimo, fixado em lei, nacional- rio superior, no mínimo, em cinqüenta por
mente unificado, capaz de atender às suas cento à do normal;
necessidades vitais básicas e às de sua fa-
mília com moradia, alimentação, educação, XVII – gozo de férias anuais remuneradas
saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte com, pelo menos, um terço a mais do que o
e previdência social, com reajustes periódi- salário normal;
cos que lhe preservem o poder aquisitivo,
sendo vedada sua vinculação para qualquer XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do
fim; emprego e do salário, com a duração de
cento e vinte dias;
V – piso salarial proporcional à extensão e à
complexidade do trabalho; XIX – licença-paternidade, nos termos fixa-
dos em lei;
VI – irredutibilidade do salário, salvo o dis-
posto em convenção ou acordo coletivo; XX – proteção do mercado de trabalho da
mulher, mediante incentivos específicos,
VII – garantia de salário, nunca inferior ao nos termos da lei;
mínimo, para os que percebem remunera-
ção variável; XXI – aviso prévio proporcional ao tempo
de serviço, sendo no mínimo de trinta dias,
VIII – décimo terceiro salário com base na nos termos da lei;
remuneração integral ou no valor da apo-
sentadoria; XXII – redução dos riscos inerentes ao tra-
balho, por meio de normas de saúde, higie-
IX – remuneração do trabalho noturno su- ne e segurança;
perior à do diurno;

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XXIII – adicional de remuneração para as seis anos, salvo na condição de aprendiz, a
atividades penosas, insalubres ou perigo- partir de quatorze anos; (Inciso com reda-
sas, na forma da lei; ção dada pela Emenda Constitucional nº 20,
de 1998)
XXIV – aposentadoria;
XXXIV – igualdade de direitos entre o tra-
XXV – assistência gratuita aos filhos e de- balhador com vínculo empregatício perma-
pendentes desde o nascimento até 5 (cinco) nente e o trabalhador avulso.
anos de idade em creches e pré-escolas; (In-
ciso com redação dada pela Emenda Consti- Parágrafo único. São assegurados à catego-
tucional nº 53, de 2006) ria dos trabalhadores domésticos os direi-
tos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X,
XXVI – reconhecimento das convenções e XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV,
acordos coletivos de trabalho; XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as con-
XXVII – proteção em face da automação, na dições estabelecidas em lei e observada
forma da lei; a simplificação do cumprimento das obri-
gações tributárias, principais e acessórias,
XXVIII – seguro contra acidentes de traba- decorrentes da relação de trabalho e suas
lho, a cargo do empregador, sem excluir a peculiaridades, os previstos nos incisos I,
indenização a que este está obrigado, quan- II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua
do incorrer em dolo ou culpa; integração à previdência social. (Parágrafo
XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes único com redação dada pela Emenda Cons-
das relações de trabalho, com prazo prescri- titucional nº 72, de 2013)
cional de cinco anos para os trabalhadores Art. 8º É livre a associação profissional ou sindi-
urbanos e rurais, até o limite de dois anos cal, observado o seguinte:
após a extinção do contrato de trabalho;
(Inciso com redação dada pela Emenda I – a lei não poderá exigir autorização do
Constitucional nº 28, de 2000) Estado para a fundação de sindicato, ressal-
vado o registro no órgão competente, ve-
a) (Alínea revogada pela Emenda Constitu- dadas ao poder público a interferência e a
cional nº 28, de 2000) intervenção na organização sindical;
b) (Alínea revogada pela Emenda Constitu- II – é vedada a criação de mais de uma or-
cional nº 28, de 2000) ganização sindical, em qualquer grau, re-
XXX – proibição de diferença de salários, de presentativa de categoria profissional ou
exercício de funções e de critério de admis- econômica, na mesma base territorial, que
são por motivo de sexo, idade, cor ou esta- será definida pelos trabalhadores ou em-
do civil; pregadores interessados, não podendo ser
inferior à área de um Município;
XXXI – proibição de qualquer discriminação
no tocante a salário e critérios de admissão III – ao sindicato cabe a defesa dos direitos
do trabalhador portador de deficiência; e interesses coletivos ou individuais da ca-
tegoria, inclusive em questões judiciais ou
XXXII – proibição de distinção entre traba- administrativas;
lho manual, técnico e intelectual ou entre
os profissionais respectivos; IV – a assembléia geral fixará a contribuição
que, em se tratando de categoria profissio-
XXXIII – proibição de trabalho noturno, pe- nal, será descontada em folha, para custeio
rigoso ou insalubre a menores de dezoito e do sistema confederativo da representação
de qualquer trabalho a menores de dezes-

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sindical respectiva, independentemente da CAPÍTULO III


contribuição prevista em lei; DA NACIONALIDADE
V – ninguém será obrigado a filiar-se ou a
manter-se filiado a sindicato; Art. 12. São brasileiros:

VI – é obrigatória a participação dos sindi- I – natos:


catos nas negociações coletivas de trabalho; a) os nascidos na República Federativa do
VII – o aposentado filiado tem direito a vo- Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde
tar e ser votado nas organizações sindicais; que estes não estejam a serviço de seu país;

VIII – é vedada a dispensa do empregado b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasi-


sindicalizado a partir do registro da candi- leiro ou de mãe brasileira, desde que qual-
datura a cargo de direção ou representação quer deles esteja a serviço da República Fe-
sindical e, se eleito, ainda que suplente, até derativa do Brasil;
um ano após o final do mandato, salvo se c) os nascidos no estrangeiro de pai brasi-
cometer falta grave nos termos da lei. leiro ou de mãe brasileira, desde que sejam
Parágrafo único. As disposições deste artigo registrados em repartição brasileira com-
aplicam-se à organização de sindicatos ru- petente ou venham a residir na República
rais e de colônias de pescadores, atendidas Federativa do Brasil e optem, em qualquer
as condições que a lei estabelecer. tempo, depois de atingida a maioridade,
pela nacionalidade brasileira; (Alínea com
Art. 9º É assegurado o direito de greve, compe- redação dada pela Emenda Constitucional
tindo aos trabalhadores decidir sobre a oportu- nº 54, de 2007)
nidade de exercê-lo e sobre os interesses que
devam por meio dele defender. II – naturalizados:

§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades a) os que, na forma da lei, adquiram a na-


essenciais e disporá sobre o atendimento cionalidade brasileira, exigidas aos originá-
das necessidades inadiáveis da comunida- rios de países de língua portuguesa apenas
de. residência por um ano ininterrupto e ido-
neidade moral;
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os res-
ponsáveis às penas da lei. b) os estrangeiros de qualquer nacionalida-
de residentes na República Federativa do
Art. 10. É assegurada a participação dos traba- Brasil há mais de quinze anos ininterruptos
lhadores e empregadores nos colegiados dos e sem condenação penal, desde que requei-
órgãos públicos em que seus interesses profis- ram a nacionalidade brasileira. (Alínea com
sionais ou previdenciários sejam objeto de dis- redação dada pela Emenda Constitucional
cussão e deliberação. de Revisão nº 3, de 1994)
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos em- § 1º Aos portugueses com residência per-
pregados, é assegurada a eleição de um repre- manente no País, se houver reciprocidade
sentante destes com a finalidade exclusiva de em favor dos brasileiros, serão atribuídos os
promover-lhes o entendimento direto com os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os ca-
empregadores. sos previstos nesta Constituição. (Parágrafo
com redação dada pela Emenda Constitu-
cional de Revisão nº 3, de 1994)

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§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção § 1º São símbolos da República Federativa
entre brasileiros natos e naturalizados, sal- do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o
vo nos casos previstos nesta Constituição. selo nacionais.
§ 3º São privativos de brasileiro nato os car- § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
gos: nicípios poderão ter símbolos próprios.
I – de Presidente e Vice-Presidente da Re-
pública;
II – de Presidente da Câmara dos Deputa- CAPÍTULO IV
dos; DOS DIREITOS POLÍTICOS
III – de Presidente do Senado Federal; Art. 14. A soberania popular será exercida pelo
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto,
IV – de Ministro do Supremo Tribunal Fede-
com valor igual para todos, e, nos termos da lei,
ral;
mediante:
V – da carreira diplomática;
I – plebiscito;
VI – de oficial das Forças Armadas;
II – referendo;
VII – de Ministro de Estado da Defesa. (Inci-
III – iniciativa popular.
so acrescido pela Emenda Constitucional nº
23, de 1999) § 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
§ 4º Será declarada a perda da nacionalida- I – obrigatórios para os maiores de dezoito
de do brasileiro que: anos;
I – tiver cancelada sua naturalização, por II – facultativos para:
sentença judicial, em virtude de atividade
nociva ao interesse nacional; a) os analfabetos;

II – adquirir outra nacionalidade, salvo nos b) os maiores de setenta anos;


casos: (Inciso com redação dada pela Emen- c) os maiores de dezesseis e menores de de-
da Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) zoito anos.
a) de reconhecimento de nacionalidade ori- § 2º Não podem alistar-se como eleitores os
ginária pela lei estrangeira; (Alínea acresci- estrangeiros e, durante o período do serviço
da pela Emenda Constitucional de Revisão militar obrigatório, os conscritos.
nº 3, de 1994)
§ 3º São condições de elegibilidade, na for-
b) de imposição de naturalização, pela nor- ma da lei:
ma estrangeira, ao brasileiro residente em
Estado estrangeiro, como condição para I – a nacionalidade brasileira;
permanência em seu território ou para o
II – o pleno exercício dos direitos políticos;
exercício de direitos civis; (Alínea acrescida
pela Emenda Constitucional de Revisão nº III – o alistamento eleitoral;
3, de 1994)
IV – o domicílio eleitoral na circunscrição;
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial
da República Federativa do Brasil. V – a filiação partidária;
VI – a idade mínima de:

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a) trinta e cinco anos para Presidente e Vi- ministrativa, a moralidade para o exercício
ce-Presidente da República e Senador; do mandato, considerada a vida pregressa
do candidato, e a normalidade e legitimida-
b) trinta anos para Governador e Vice-Go- de das eleições contra a influência do po-
vernador de Estado e do Distrito Federal; der econômico ou o abuso do exercício de
c) vinte e um anos para Deputado Federal, função, cargo ou emprego na administração
Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vi- direta ou indireta. (Parágrafo com redação
ce-Prefeito e juiz de paz; dada pela Emenda Constitucional de Revi-
são nº 4, de 1994)
d) dezoito anos para Vereador.
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impug-
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os anal- nado ante a Justiça Eleitoral no prazo de
fabetos. quinze dias contados da diplomação, instru-
§ 5º O Presidente da República, os Gover- ída a ação com provas de abuso do poder
nadores de Estado e do Distrito Federal, os econômico, corrupção ou fraude.
Prefeitos e quem os houver sucedido ou § 11. A ação de impugnação de mandato
substituído no curso dos mandatos poderão tramitará em segredo de justiça, respon-
ser reeleitos para um único período subse- dendo o autor, na forma da lei, se temerária
qüente. (Parágrafo com redação dada pela ou de manifesta má-fé.
Emenda Constitucional nº 16, de 1997)
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políti-
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o cos, cuja perda ou suspensão só se dará nos ca-
Presidente da República, os Governadores sos de:
de Estado e do Distrito Federal e os Prefei-
tos devem renunciar aos respectivos man- I – cancelamento da naturalização por sen-
datos até seis meses antes do pleito. tença transitada em julgado;

§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdi- II – incapacidade civil absoluta;


ção do titular, o cônjuge e os parentes con- III – condenação criminal transitada em jul-
sangüíneos ou afins, até o segundo grau ou gado, enquanto durarem seus efeitos;
por adoção, do Presidente da República,
de Governador de Estado ou Território, do IV – recusa de cumprir obrigação a todos
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os imposta ou prestação alternativa, nos ter-
haja substituído dentro dos seis meses an- mos do art. 5º, VIII;
teriores ao pleito, salvo se já titular de man-
dato eletivo e candidato à reeleição. V – improbidade administrativa, nos termos
do art. 37, § 4º.
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas
as seguintes condições: Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral en-
trará em vigor na data de sua publicação, não se
I – se contar menos de dez anos de serviço, aplicando à eleição que ocorra até um ano da
deverá afastar-se da atividade; data de sua vigência. (Artigo com redação dada
pela Emenda Constitucional nº 4, de 1993)
II – se contar mais de dez anos de serviço,
será agregado pela autoridade superior e,
se eleito, passará automaticamente, no ato
da diplomação, para a inatividade.
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros
casos de inelegibilidade e os prazos de sua
cessação, a fim de proteger a probidade ad-

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CAPÍTULO V TÍTULO IV
DOS PARTIDOS POLÍTICOS
Da Organização dos Poderes
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação
e extinção de partidos políticos, resguardados
a soberania nacional, o regime democrático, o
pluripartidarismo, os direitos fundamentais da CAPÍTULO I
pessoa humana e observados os seguintes pre- DO PODER LEGISLATIVO
ceitos:
I – caráter nacional; Seção I
DO CONGRESSO NACIONAL
II – proibição de recebimento de recursos
financeiros de entidade ou governo estran- Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Con-
geiros ou de subordinação a estes; gresso Nacional, que se compõe da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal.
III – prestação de contas à Justiça Eleitoral;
Parágrafo único. Cada legislatura terá a du-
IV – funcionamento parlamentar de acordo
ração de quatro anos.
com a lei.
§ 1º É assegurada aos partidos políticos au-
tonomia para definir sua estrutura interna,
PROCESSO LEGISLATIVO
organização e funcionamento e para adotar Art. 47. Salvo disposição constitucional em con-
os critérios de escolha e o regime de suas trário, as deliberações de cada Casa e de suas
coligações eleitorais, sem obrigatorieda- comissões serão tomadas por maioria dos vo-
de de vinculação entre as candidaturas em tos, presente a maioria absoluta de seus mem-
âmbito nacional, estadual, distrital ou mu- bros.
nicipal, devendo seus estatutos estabelecer
normas de disciplina e fidelidade partidária.
(Parágrafo com redação dada pela Emenda Seção II
Constitucional nº 52, de 2006) DAS ATRIBUIÇÕES DO
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem CONGRESSO NACIONAL
personalidade jurídica, na forma da lei civil,
registrarão seus estatutos no Tribunal Supe- Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a
rior Eleitoral. sanção do Presidente da República, não exigida
esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52,
§ 3º Os partidos políticos têm direito a re- dispor sobre todas as matérias de competência
cursos do fundo partidário e acesso gratuito da União, especialmente sobre:
ao rádio e à televisão, na forma da lei.
(...)
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos po-
líticos de organização paramilitar. VIII – concessão de anistia;
(...)
Art. 49. É da competência exclusiva do Congres-
so Nacional:
I – resolver definitivamente sobre tratados,
acordos ou atos internacionais que acarre-

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tem encargos ou compromissos gravosos ao § 1º A Constituição não poderá ser emen-


patrimônio nacional; dada na vigência de intervenção federal, de
estado de defesa ou de estado de sítio.
II – autorizar o Presidente da República a
declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir § 2º A proposta será discutida e votada em
que forças estrangeiras transitem pelo terri- cada Casa do Congresso Nacional, em dois
tório nacional ou nele permaneçam tempo- turnos, considerando-se aprovada se obti-
rariamente, ressalvados os casos previstos ver, em ambos, três quintos dos votos dos
em lei complementar. respectivos membros.

Seção VIII § 3º A emenda à Constituição será promul-


DO PROCESSO LEGISLATIVO gada pelas Mesas da Câmara dos Deputa-
dos e do Senado Federal, com o respectivo
número de ordem.
Subseção I
DISPOSIÇÃO GERAL § 4º Não será objeto de deliberação a pro-
posta de emenda tendente a abolir:
Art. 59. O processo legislativo compreende a
elaboração de: I – a forma federativa de Estado;

I – emendas à Constituição; II – o voto direto, secreto, universal e peri-


ódico;
II – leis complementares;
III – a separação dos Poderes;
III – leis ordinárias;
IV – os direitos e garantias individuais.
IV – leis delegadas;
§ 5º A matéria constante de proposta de
V – medidas provisórias; emenda rejeitada ou havida por prejudica-
da não pode ser objeto de nova proposta na
VI – decretos legislativos;
mesma sessão legislativa.
VII – resoluções.
Parágrafo único. Lei complementar dispo-
rá sobre a elaboração, redação, alteração e CAPÍTULO II
consolidação das leis. DO PODER EXECUTIVO
Subseção II
Seção I
DA EMENDA À CONSTITUIÇÃO
DO PRESIDENTE E DO VICE-
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada PRESIDENTE DA REPÚBLICA
mediante proposta:
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Pre-
I – de um terço, no mínimo, dos membros sidente da República, auxiliado pelos Ministros
da Câmara dos Deputados ou do Senado Fe- de Estado.
deral;
Seção II
II – do Presidente da República;
DAS ATRIBUIÇÕES DO
III – de mais da metade das Assembléias Le- PRESIDENTE DA REPÚBLICA
gislativas das unidades da Federação, mani-
festando-se, cada uma delas, pela maioria Art. 84. Compete privativamente ao Presidente
relativa de seus membros. da República:

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I – nomear e exonerar os Ministros de Esta- VI – os Tribunais e Juízes Militares;
do;
VII – os Tribunais e Juízes dos Estados e do
II – exercer, com o auxílio dos Ministros de Distrito Federal e Territórios.
Estado, a direção superior da administração
federal; § 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conse-
lho Nacional de Justiça e os Tribunais Supe-
VII – manter relações com Estados estran- riores têm sede na Capital Federal. (Pará-
geiros e acreditar seus representantes di- grafo acrescido pela Emenda Constitucional
plomáticos; 45, de 2004)
VIII – celebrar tratados, convenções e atos § 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tri-
internacionais, sujeitos a referendo do Con- bunais Superiores têm jurisdição em todo
gresso Nacional; o território nacional. (Parágrafo acrescido
pela Emenda Constitucional 45, de 2004)
(...)
(...)
XIX – declarar guerra, no caso de agressão
estrangeira, autorizado pelo Congresso Art. 109. Aos juízes federais compete processar
Nacional ou referendado por ele, quando e julgar:
ocorrida no intervalo das sessões legislati-
vas, e, nas mesmas condições, decretar, to- I – as causas em que a União, entidade au-
tal ou parcialmente, a mobilização nacional; tárquica ou empresa pública federal forem
interessadas na condição de autoras, rés,
XX – celebrar a paz, autorizado ou com o re- assistentes ou oponentes, exceto as de fa-
ferendo do Congresso Nacional; lência, as de acidentes de trabalho e as su-
jeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Traba-
(...) lho;
II – as causas entre Estado estrangeiro ou
organismo internacional e Município ou
CAPÍTULO III pessoa domiciliada ou residente no País;
DO PODER JUDICIÁRIO
III – as causas fundadas em tratado ou con-
trato da União com Estado estrangeiro ou
Seção I organismo internacional;
DISPOSIÇÕES GERAIS
(...)
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
V – os crimes previstos em tratado ou con-
I – o Supremo Tribunal Federal; venção internacional, quando, iniciada a
execução no País, o resultado tenha ou de-
I-A – o Conselho Nacional de Justiça; (Inci-
vesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reci-
so acrescido pela Emenda Constitucional nº
procamente;
45, de 2004)
V-A – as causas relativas a direitos humanos
II – o Superior Tribunal de Justiça;
a que se refere o § 5º deste artigo; (Inciso
III – os Tribunais Regionais Federais e Juízes acrescido pela Emenda Constitucional nº
Federais; 45, de 2004)
IV – os Tribunais e Juízes do Trabalho; (...)
V – os Tribunais e Juízes Eleitorais;

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X – os crimes de ingresso ou permanência XI – a disputa sobre direitos indígenas.


irregular de estrangeiro, a execução de car-
ta rogatória, após o exequatur, e de senten- § 1º As causas em que a União for autora
ça estrangeira, após a homologação, as cau- serão aforadas na seção judiciária onde ti-
sas referentes à nacionalidade, inclusive a ver.
respectiva opção, e à naturalização; (...)

DO INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA

§ 5º Nas hipóteses de grave violação de ção, promovendo as medidas necessárias a


direitos humanos, o Procurador-Geral da sua garantia;
República, com a finalidade de assegurar o
cumprimento de obrigações decorrentes de III – promover o inquérito civil e a ação civil
tratados internacionais de direitos humanos pública, para a proteção do patrimônio pú-
dos quais o Brasil seja parte, poderá susci- blico e social, do meio ambiente e de outros
tar, perante o Superior Tribunal de Justiça, interesses difusos e coletivos;
em qualquer fase do inquérito ou processo, (...)
incidente de deslocamento de competência
para a Justiça Federal. (Parágrafo acrescido V – defender judicialmente os direitos e in-
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) teresses das populações indígenas;
(...)
VII – exercer o controle externo da ativida-
CAPÍTULO IV de policial, na forma da lei complementar
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA mencionada no artigo anterior;
(...)
Seção I
DO MINISTÉRIO PÚBLICO Seção IV
Art. 127. O Ministério Público é instituição per-
DA DEFENSORIA PÚBLICA
(Seção acrescida pela Emenda
manente, essencial à função jurisdicional do
Constitucional nº 80, de 2014)
Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem ju-
rídica, do regime democrático e dos interesses Art. 134. A Defensoria Pública é instituição per-
sociais e individuais indisponíveis. manente, essencial à função jurisdicional do
Estado, incumbindo-lhe, como expressão e ins-
(...)
trumento do regime democrático, fundamen-
Art. 129. São funções institucionais do Ministé- talmente, a orientação jurídica, a promoção dos
rio Público: direitos humanos e a defesa, em todos os graus,
judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e
I – promover, privativamente, a ação penal coletivos, de forma integral e gratuita, aos ne-
pública, na forma da lei; cessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º
II – zelar pelo efetivo respeito dos poderes desta Constituição Federal. (“Caput” do artigo
públicos e dos serviços de relevância públi- com redação dada pela Emenda Constitucional
ca aos direitos assegurados nesta Constitui- nº 80, de 2014)

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TÍTULO V redação dada pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)
Da Defesa do Estado e das IV – exercer, com exclusividade, as funções
Instituições Democráticas de polícia judiciária da União.
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão per-
manente, organizado e mantido pela União
CAPÍTULO III e estruturado em carreira, destina-se, na
forma da lei, ao patrulhamento ostensivo
DA SEGURANÇA PÚBLICA
das rodovias federais. (Parágrafo com reda-
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, ção dada pela Emenda Constitucional nº 19,
direito e responsabilidade de todos, é exercida de 1998)
para a preservação da ordem pública e da inco- § 3º A polícia ferroviária federal, órgão per-
lumidade das pessoas e do patrimônio, através manente, organizado e mantido pela União
dos seguintes órgãos: e estruturado em carreira, destina-se, na
I – polícia federal; forma da lei, ao patrulhamento ostensivo
das ferrovias federais. (Parágrafo com reda-
II – polícia rodoviária federal; ção dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)
III – polícia ferroviária federal;
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados
IV – polícias civis;
de polícia de carreira, incumbem, ressalva-
V – polícias militares e corpos de bombeiros da a competência da União, as funções de
militares. polícia judiciária e a apuração de infrações
penais, exceto as militares.
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como
órgão permanente, organizado e mantido § 5º Às polícias militares cabem a polícia os-
pela União e estruturado em carreira, desti- tensiva e a preservação da ordem pública;
na-se a: (“Caput” do parágrafo com redação aos corpos de bombeiros militares, além
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de das atribuições definidas em lei, incumbe a
1998) execução de atividades de defesa civil.
I – apurar infrações penais contra a ordem § 6º As polícias militares e corpos de bom-
política e social ou em detrimento de bens, beiros militares, forças auxiliares e reserva
serviços e interesses da União ou de suas do Exército, subordinam-se, juntamente
entidades autárquicas e empresas públicas, com as polícias civis, aos Governadores dos
assim como outras infrações cuja prática te- Estados, do Distrito Federal e dos Territó-
nha repercussão interestadual ou interna- rios.
cional e exija repressão uniforme, segundo
§ 7º A lei disciplinará a organização e o fun-
se dispuser em lei;
cionamento dos órgãos responsáveis pela
II – prevenir e reprimir o tráfico ilícito de segurança pública, de maneira a garantir a
entorpecentes e drogas afins, o contraban- eficiência de suas atividades.
do e o descaminho, sem prejuízo da ação
§ 8º Os Municípios poderão constituir guar-
fazendária e de outros órgãos públicos nas
das municipais destinadas à proteção de
respectivas áreas de competência;
seus bens, serviços e instalações, conforme
III – exercer as funções de polícia marítima, dispuser a lei.
aeroportuária e de fronteiras; (Inciso com

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§ 9º A remuneração dos servidores policiais vidades previstas em lei, que assegurem ao


integrantes dos órgãos relacionados neste cidadão o direito à mobilidade urbana efi-
artigo será fixada na forma do § 4º do art. ciente; e
39. (Parágrafo acrescido pela Emenda Cons-
titucional nº 19, de 1998) II – compete, no âmbito dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, aos res-
§ 10. A segurança viária, exercida para a pectivos órgãos ou entidades executivos e
preservação da ordem pública e da incolu- seus agentes de trânsito, estruturados em
midade das pessoas e do seu patrimônio Carreira, na forma da lei. (Parágrafo acres-
nas vias públicas: cido pela Emenda Constitucional nº 82, de
2014)
I – compreende a educação, engenharia e
fiscalização de trânsito, além de outras ati- (...)

DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS CONSTANTES NA ORDEM SOCIAL DA


CONSTITUIÇÃO

Título VIII – Da Ordem Social Capítulo VII – Da Família, da Criança, do


Adolescente, do Jovem e do Idoso (arts. 226
Capítulo I – Disposição Geral (art. 193) a 230)
Capítulo II – Da Seguridade Social Capítulo VIII – Dos Índios (arts. 231 e 232)
Seção I – Disposições Gerais (arts. 194 e
195)
TÍTULO VIII
Seção II – Da Saúde (arts. 196 a 200)
Seção III – Da Previdência Social (arts. 201 Da Ordem Social
e 202)
Seção IV – Da Assistência Social (arts. 203 e
204) CAPÍTULO I
Capítulo III – Da Educação, da Cultura e do DISPOSIÇÃO GERAL
Desporto
Art. 193. A ordem social tem como base o pri-
Seção I – Da Educação (arts. 205 a 214) mado do trabalho, e como objetivo o bem-estar
e a justiça sociais.
Seção II – Da Cultura (arts. 215 a 216-A)
Seção III – Do Desporto (art. 217)
Capítulo IV – Da Ciência, Tecnologia e Inova- CAPÍTULO II
ção (arts. 218 a 219-B) DA SEGURIDADE SOCIAL
Capítulo V – Da Comunicação Social (arts.
220 a 224) Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Capítulo VI – Do Meio Ambiente (art. 225)
Art. 194. A seguridade social compreende um
conjunto integrado de ações de iniciativa dos

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poderes públicos e da sociedade, destinadas a II – do trabalhador e dos demais segurados
assegurar os direitos relativos à saúde, à previ- da previdência social, não incidindo contri-
dência e à assistência social. buição sobre aposentadoria e pensão con-
cedidas pelo regime geral de previdência
Parágrafo único. Compete ao poder públi- social de que trata o art. 201; (Inciso com
co, nos termos da lei, organizar a segurida- redação dada pela Emenda Constitucional
de social, com base nos seguintes objetivos: nº 20, de 1998)
I – universalidade da cobertura e do atendi- III – sobre a receita de concursos de prog-
mento; nósticos;
II – uniformidade e equivalência dos bene- IV – do importador de bens ou serviços do
fícios e serviços às populações urbanas e exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.
rurais; (Inciso acrescido pela Emenda Constitucio-
III – seletividade e distributividade na pres- nal nº 42, de 2003)
tação dos benefícios e serviços; § 1º As receitas dos Estados, do Distrito Fe-
IV – irredutibilidade do valor dos benefícios; deral e dos Municípios destinadas à segu-
ridade social constarão dos respectivos or-
V – eqüidade na forma de participação no çamentos, não integrando o orçamento da
custeio; União.
VI – diversidade da base de financiamento; § 2º A proposta de orçamento da segurida-
VII – caráter democrático e descentralizado de social será elaborada de forma integrada
da administração, mediante gestão quadri- pelos órgãos responsáveis pela saúde, pre-
partite, com participação dos trabalhado- vidência social e assistência social, tendo
res, dos empregadores, dos aposentados e em vista as metas e prioridades estabeleci-
do Governo nos órgãos colegiados. (Inciso das na lei de diretrizes orçamentárias, asse-
com redação dada pela Emenda Constitu- gurada a cada área a gestão de seus recur-
cional nº 20, de 1998) sos.

Art. 195. A seguridade social será financiada por § 3º A pessoa jurídica em débito com o sis-
toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos tema da seguridade social, como estabele-
termos da lei, mediante recursos provenientes cido em lei, não poderá contratar com o po-
dos orçamentos da União, dos Estados, do Dis- der público nem dele receber benefícios ou
trito Federal e dos Municípios, e das seguintes incentivos fiscais ou creditícios.
contribuições sociais: § 4º A lei poderá instituir outras fontes des-
I – do empregador, da empresa e da enti- tinadas a garantir a manutenção ou expan-
dade a ela equiparada na forma da lei, inci- são da seguridade social, obedecido o dis-
dentes sobre: posto no art. 154, I.

a) a folha de salários e demais rendimentos § 5º Nenhum benefício ou serviço da segu-


do trabalho pagos ou creditados, a qualquer ridade social poderá ser criado, majorado
título, à pessoa física que lhe preste serviço, ou estendido sem a correspondente fonte
mesmo sem vínculo empregatício; de custeio total.

b) a receita ou o faturamento; § 6º As contribuições sociais de que trata


este artigo só poderão ser exigidas após de-
c) o lucro; (Inciso com redação dada pela corridos noventa dias da data da publicação
Emenda Constitucional nº 20, de 1998) da lei que as houver instituído ou modifica-

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do, não se lhes aplicando o disposto no art. acrescido pela Emenda Constitucional nº
150, III, b . 42, de 2003)
§ 7º São isentas de contribuição para a se- § 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusi-
guridade social as entidades beneficentes ve na hipótese de substituição gradual, to-
de assistência social que atendam às exi- tal ou parcial, da contribuição incidente na
gências estabelecidas em lei. forma do inciso I, a, pela incidente sobre a
receita ou o faturamento. (Parágrafo acres-
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o cido pela Emenda Constitucional nº 42, de
arrendatário rurais e o pescador artesanal, 2003)
bem como os respectivos cônjuges, que
exerçam suas atividades em regime de eco- Seção II
nomia familiar, sem empregados permanen- DA SAÚDE
tes, contribuirão para a seguridade social
mediante a aplicação de uma alíquota sobre Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do
o resultado da comercialização da produção Estado, garantido mediante políticas sociais e
e farão jus aos benefícios nos termos da lei. econômicas que visem à redução do risco de
(Parágrafo com redação dada pela Emenda doença e de outros agravos e ao acesso univer-
Constitucional nº 20, de 1998) sal e igualitário às ações e serviços para sua pro-
§ 9º As contribuições sociais previstas no moção, proteção e recuperação.
inciso I do caput deste artigo poderão ter Art. 197. São de relevância pública as ações e
alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, serviços de saúde, cabendo ao poder público
em razão da atividade econômica, da utili- dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamen-
zação intensiva de mão-de-obra, do porte tação, fiscalização e controle, devendo sua exe-
da empresa ou da condição estrutural do cução ser feita diretamente ou através de ter-
mercado de trabalho. (Parágrafo acrescido ceiros e, também, por pessoa física ou jurídica
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998 de direito privado.
e com nova redação dada pela Emenda
Constitucional nº 47 de 2005) Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde
integram uma rede regionalizada e hierarquiza-
§ 10. A lei definirá os critérios de transfe- da e constituem um sistema único, organizado
rência de recursos para o sistema único de de acordo com as seguintes diretrizes:
saúde e ações de assistência social da União
para os Estados, o Distrito Federal e os Mu- I – descentralização, com direção única em
nicípios, e dos Estados para os Municípios, cada esfera de governo;
observada a respectiva contrapartida de re-
II – atendimento integral, com prioridade
cursos. (Parágrafo acrescido pela Emenda
para as atividades preventivas, sem prejuízo
Constitucional nº 20, de 1998)
dos serviços assistenciais;
§ 11. É vedada a concessão de remissão
III – participação da comunidade.
ou anistia das contribuições sociais de que
tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para § 1º O sistema único de saúde será financia-
débitos em montante superior ao fixado em do, nos termos do art. 195, com recursos do
lei complementar. (Parágrafo acrescido pela orçamento da seguridade social, da União,
Emenda Constitucional nº 20, de 1998) dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
nicípios, além de outras fontes. (Parágrafo
§ 12. A lei definirá os setores de atividade
único transformado em § 1º pela Emenda
econômica para os quais as contribuições
Constitucional nº 29, de 2000)
incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do
caput, serão não-cumulativas. (Parágrafo

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§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal tados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
e os Municípios aplicarão, anualmente, em e dos Estados destinados a seus respecti-
ações e serviços públicos de saúde recursos vos Municípios, objetivando a progressiva
mínimos derivados da aplicação de percen- redução das disparidades regionais; (Inciso
tuais calculados sobre: (Parágrafo acrescido acrescido pela Emenda Constitucional nº
pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 29, de 2000)
I – no caso da União, a receita corrente lí- III – as normas de fiscalização, avaliação e
quida do respectivo exercício financeiro, controle das despesas com saúde nas esfe-
não podendo ser inferior a 15% (quinze por ras federal, estadual, distrital e municipal;
cento); (Inciso acrescido pela Emenda Cons- (Inciso acrescido pela Emenda Constitucio-
titucional nº 29, de 2000, com redação dada nal nº 29, de 2000)
pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015,
publicada no DOU de 18/3/2015, em vigor IV – (Inciso acrescido pela Emenda Cons-
na data de publicação, produzindo efeitos a titucional nº 29, de 2000, e revogado pela
partir da execução orçamentária do exercí- Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
cio de 2014) (Vide art. 2º da Emenda Consti- § 4º Os gestores locais do sistema único
tucional nº 86, de 2015) de saúde poderão admitir agentes comu-
II – no caso dos Estados e do Distrito Fede- nitários de saúde e agentes de combate às
ral, o produto da arrecadação dos impostos endemias por meio de processo seletivo
a que se refere o art. 155 e dos recursos de público, de acordo com a natureza e com-
que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alí- plexidade de suas atribuições e requisitos
nea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que específicos para sua atuação. (Parágrafo
forem transferidas aos respectivos Municí- acrescido pela Emenda Constitucional nº
pios; (Inciso acrescido pela Emenda Consti- 51, de 2006)
tucional nº 29, de 2000) § 5º Lei federal disporá sobre o regime jurí-
III – no caso dos Municípios e do Distrito Fe- dico, o piso salarial profissional nacional, as
deral, o produto da arrecadação dos impos- diretrizes para os Planos de Carreira e a re-
tos a que se refere o art. 156 e dos recursos gulamentação das atividades de agente co-
de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, munitário de saúde e agente de combate às
alínea b e § 3º. (Inciso acrescido pela Emen- endemias, competindo à União, nos termos
da Constitucional nº 29, de 2000) da lei, prestar assistência financeira com-
plementar aos Estados, ao Distrito Federal
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada e aos Municípios, para o cumprimento do
pelo menos a cada cinco anos, estabelece- referido piso salarial. (Parágrafo acrescido
rá: (Parágrafo acrescido pela Emenda Cons- pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006)
titucional nº 29, de 2000) e (Parágrafo com nova redação dada pela
Emenda Constitucional nº 63, de 2010)
I – os percentuais de que tratam os incisos II
e III do § 2º; (Inciso acrescido pela Emenda § 6º Além das hipóteses previstas no § 1º
Constitucional nº 29, de 2000, com redação do art. 41 e no § 4º do art. 169 da Consti-
dada pela Emenda Constitucional nº 86, de tuição Federal, o servidor que exerça fun-
2015, publicada no DOU de 18/3/2015, em ções equivalentes às de agente comunitário
vigor na data de publicação, produzindo de saúde ou de agente de combate às en-
efeitos a partir da execução orçamentária demias poderá perder o cargo em caso de
do exercício de 2014) descumprimento dos requisitos específicos,
fixados em lei, para o seu exercício. (Pará-
II – os critérios de rateio dos recursos da
União vinculados à saúde destinados aos Es-

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grafo acrescido pela Emenda Constitucional Emenda Constitucional nº 85, de 2015, re-
nº 51, de 2006) publicada no DOU de 3/3/2015)
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa VI – fiscalizar e inspecionar alimentos, com-
privada. preendido o controle de seu teor nutricio-
nal, bem como bebidas e águas para consu-
§ 1º As instituições privadas poderão par- mo humano;
ticipar de forma complementar do sistema
único de saúde, segundo diretrizes deste, VII – participar do controle e fiscalização da
mediante contrato de direito público ou produção, transporte, guarda e utilização
convênio, tendo preferência as entidades fi- de substâncias e produtos psicoativos, tóxi-
lantrópicas e as sem fins lucrativos. cos e radioativos;
§ 2º É vedada a destinação de recursos pú- VIII – colaborar na proteção do meio am-
blicos para auxílios ou subvenções às insti- biente, nele compreendido o do trabalho.
tuições privadas com fins lucrativos.
Seção III
§ 3º É vedada a participação direta ou indi- DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
reta de empresas ou capitais estrangeiros
na assistência à saúde no País, salvo nos ca- Art. 201. A previdência social será organizada
sos previstos em lei. sob a forma de regime geral, de caráter con-
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os re- tributivo e de filiação obrigatória, observados
quisitos que facilitem a remoção de órgãos, critérios que preservem o equilíbrio financeiro
tecidos e substâncias humanas para fins de e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (“Ca-
transplante, pesquisa e tratamento, bem put” do artigo com redação dada pela Emenda
como a coleta, processamento e transfusão Constitucional nº 20, de 1998)
de sangue e seus derivados, sendo vedado I – cobertura dos eventos de doença, inva-
todo tipo de comercialização. lidez, morte e idade avançada; (Inciso com
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, redação dada pela Emenda Constitucional
além de outras atribuições, nos termos da lei: nº 20, de 1998)

I – controlar e fiscalizar procedimentos, II – proteção à maternidade, especialmente


produtos e substâncias de interesse para a à gestante; (Inciso com redação dada pela
saúde e participar da produção de medica- Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
mentos, equipamentos, imunobiológicos, III – proteção ao trabalhador em situação
hemoderivados e outros insumos; de desemprego involuntário; (Inciso com
II – executar as ações de vigilância sanitária redação dada pela Emenda Constitucional
e epidemiológica, bem como as de saúde nº 20, de 1998)
do trabalhador; IV – salário-família e auxílio-reclusão para
III – ordenar a formação de recursos huma- os dependentes dos segurados de baixa ren-
nos na área de saúde; da; (Inciso com redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
IV – participar da formulação da política e
da execução das ações de saneamento bá- V – pensão por morte do segurado, homem
sico; ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e
dependentes, observado o disposto no §
V – incrementar, em sua área de atuação, o 2º. (Inciso com redação dada pela Emenda
desenvolvimento científico e tecnológico e Constitucional nº 20, de 1998)
a inovação; (Inciso com redação dada pela

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§ 1º É vedada a adoção de requisitos e cri- I – trinta e cinco anos de contribuição, se
térios diferenciados para a concessão de homem, e trinta anos de contribuição, se
aposentadoria aos beneficiários do regime mulher; (Inciso acrescido pela Emenda
geral de previdência social, ressalvados os Constitucional nº 20, de 1998)
casos de atividades exercidas sob condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a in- II – sessenta e cinco anos de idade, se ho-
tegridade física e quando se tratar de segu- mem, e sessenta anos de idade, se mulher,
rados portadores de deficiência, nos termos reduzido em cinco anos o limite para os tra-
definidos em lei complementar. (Parágrafo balhadores rurais de ambos os sexos e para
com redação dada pela Emenda Constitu- os que exerçam suas atividades em regime
cional nº 47, de 2005) de economia familiar, nestes incluídos o
produtor rural, o garimpeiro e o pescador
§ 2º Nenhum benefício que substitua o sa- artesanal. (Inciso acrescido pela Emenda
lário de contribuição ou o rendimento do Constitucional nº 20, de 1998)
trabalho do segurado terá valor mensal in-
ferior ao salário mínimo. (Parágrafo com re- § 8º Os requisitos a que se refere o inciso
dação dada pela Emenda Constitucional nº I do parágrafo anterior serão reduzidos em
20, de 1998) cinco anos, para o professor que comprove
exclusivamente tempo de efetivo exercí-
§ 3º Todos os salários de contribuição con- cio das funções de magistério na educação
siderados para o cálculo de benefício serão infantil e no ensino fundamental e médio.
devidamente atualizados, na forma da lei. (Parágrafo com redação dada pela Emenda
(Parágrafo com redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
Constitucional nº 20, de 1998)
§ 9º Para efeito de aposentadoria, é asse-
§ 4º É assegurado o reajustamento dos be- gurada a contagem recíproca do tempo de
nefícios para preservar-lhes, em caráter contribuição na administração pública e na
permanente, o valor real, conforme crité- atividade privada, rural e urbana, hipótese
rios definidos em lei. (Parágrafo com reda- em que os diversos regimes de previdência
ção dada pela Emenda Constitucional nº 20, social se compensarão financeiramente, se-
de 1998) gundo critérios estabelecidos em lei. (Pará-
grafo acrescido pela Emenda Constitucional
§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de nº 20, de 1998)
previdência social, na qualidade de segu-
rado facultativo, de pessoa participante de § 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de
regime próprio de previdência. (Parágrafo acidente do trabalho, a ser atendida concor-
com redação dada pela Emenda Constitu- rentemente pelo regime geral de previdên-
cional nº 20, de 1998) cia social e pelo setor privado. (Parágrafo
acrescido pela Emenda Constitucional nº
§ 6º A gratificação natalina dos aposentados 20, de 1998)
e pensionistas terá por base o valor dos pro-
ventos do mês de dezembro de cada ano. § 11. Os ganhos habituais do empregado, a
(Parágrafo com redação dada pela Emenda qualquer título, serão incorporados ao salá-
Constitucional nº 20, de 1998) rio para efeito de contribuição previdenciá-
ria e conseqüente repercussão em benefí-
§ 7º É assegurada aposentadoria no regi- cios, nos casos e na forma da lei. (Parágrafo
me geral de previdência social, nos termos acrescido pela Emenda Constitucional nº
da lei, obedecidas as seguintes condições: 20, de 1998)
(“Caput” do parágrafo com redação dada
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) § 12. Lei disporá sobre sistema especial de
inclusão previdenciária para atender a tra-

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balhadores de baixa renda e àqueles sem autarquias, fundações, empresas públicas,


renda própria que se dediquem exclusiva- sociedades de economia mista e outras
mente ao trabalho doméstico no âmbito entidades públicas, salvo na qualidade de
de sua residência, desde que pertencentes patrocinador, situação na qual, em hipóte-
a famílias de baixa renda, garantindo-lhes se alguma, sua contribuição normal poderá
acesso a benefícios de valor igual a um exceder a do segurado. (Parágrafo acrescido
salário-mínimo. (Parágrafo acrescido pela pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
Emenda Constitucional nº 41, de 2003 e
com nova redação dada pela Emenda Cons- § 4º Lei complementar disciplinará a rela-
titucional nº 47, de 2005) ção entre a União, Estados, Distrito Federal
ou Municípios, inclusive suas autarquias,
§ 13. O sistema especial de inclusão previ- fundações, sociedades de economia mista
denciária de que trata o § 12 deste artigo e empresas controladas direta ou indireta-
terá alíquotas e carências inferiores às vi- mente, enquanto patrocinadoras de enti-
gentes para os demais segurados do regi- dades fechadas de previdência privada, e
me geral de previdência social. (Parágrafo suas respectivas entidades fechadas de pre-
acrescido pela Emenda Constitucional nº vidência privada. (Parágrafo acrescido pela
47, de 2005) Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
Art. 202. O regime de previdência privada, de § 5º A lei complementar de que trata o pa-
caráter complementar e organizado de forma rágrafo anterior aplicar-se-á, no que couber,
autônoma em relação ao regime geral de pre- às empresas privadas permissionárias ou
vidência social, será facultativo, baseado na concessionárias de prestação de serviços
constituição de reservas que garantam o bene- públicos, quando patrocinadoras de entida-
fício contratado, e regulado por lei complemen- des fechadas de previdência privada. (Pará-
tar. (“Caput” do artigo com redação dada pela grafo acrescido pela Emenda Constitucional
Emenda Constitucional nº 20, de 1998) nº 20, de 1998)
§ 1º A lei complementar de que trata este § 6º A lei complementar a que se refere o
artigo assegurará ao participante de planos § 4° deste artigo estabelecerá os requisitos
de benefícios de entidades de previdência para a designação dos membros das direto-
privada o pleno acesso às informações re- rias das entidades fechadas de previdência
lativas à gestão de seus respectivos planos. privada e disciplinará a inserção dos partici-
(Parágrafo com redação dada pela Emenda pantes nos colegiados e instâncias de deci-
Constitucional nº 20, de 1998) são em que seus interesses sejam objeto de
discussão e deliberação. (Parágrafo acres-
§ 2º As contribuições do empregador, os be- cido pela Emenda Constitucional nº 20, de
nefícios e as condições contratuais previstas 1998)
nos estatutos, regulamentos e planos de
benefícios das entidades de previdência pri- Seção IV
vada não integram o contrato de trabalho DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
dos participantes, assim como, à exceção
dos benefícios concedidos, não integram a Art. 203. A assistência social será prestada a
remuneração dos participantes, nos termos quem dela necessitar, independentemente de
da lei. (Parágrafo com redação dada pela contribuição à seguridade social, e tem por ob-
Emenda Constitucional nº 20, de 1998) jetivos:
§ 3º É vedado o aporte de recursos a enti- I – a proteção à família, à maternidade, à in-
dade de previdência privada pela União, fância, à adolescência e à velhice;
Estados, Distrito Federal e Municípios, suas

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II – o amparo às crianças e adolescentes ca- CAPÍTULO III
rentes; DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA
III – a promoção da integração ao mercado E DO DESPORTO
de trabalho;
Seção I
IV – a habilitação e reabilitação das pessoas
portadoras de deficiência e a promoção de DA EDUCAÇÃO
sua integração à vida comunitária; Art. 205. A educação, direito de todos e dever
V – a garantia de um salário mínimo de be- do Estado e da família, será promovida e incen-
nefício mensal à pessoa portadora de defi- tivada com a colaboração da sociedade, visando
ciência e ao idoso que comprovem não pos- ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu pre-
suir meios de prover à própria manutenção paro para o exercício da cidadania e sua qualifi-
ou de tê-la provida por sua família, confor- cação para o trabalho.
me dispuser a lei. Art. 206. O ensino será ministrado com base
Art. 204. As ações governamentais na área da nos seguintes princípios:
assistência social serão realizadas com recursos I – igualdade de condições para o acesso e
do orçamento da seguridade social, previstos no permanência na escola;
art. 195, além de outras fontes, e organizadas
com base nas seguintes diretrizes: II – liberdade de aprender, ensinar, pesqui-
sar e divulgar o pensamento, a arte e o sa-
I – descentralização político-administrativa, ber;
cabendo a coordenação e as normas gerais
à esfera federal e a coordenação e a execu- III – pluralismo de idéias e de concepções
ção dos respectivos programas às esferas pedagógicas, e coexistência de instituições
estadual e municipal, bem como a entida- públicas e privadas de ensino;
des beneficentes e de assistência social;
IV – gratuidade do ensino público em esta-
II – participação da população, por meio de belecimentos oficiais;
organizações representativas, na formula-
ção das políticas e no controle das ações em V – valorização dos profissionais da educa-
todos os níveis. ção escolar, garantidos, na forma da lei, pla-
nos de carreira, com ingresso exclusivamen-
Parágrafo único. É facultado aos Estados e te por concurso público de provas e títulos,
ao Distrito Federal vincular a programa de aos das redes públicas; (Inciso com redação
apoio à inclusão e promoção social até cin- dada pela Emenda Constitucional nº 53, de
co décimos por cento de sua receita tributá- 2006)
ria líquida, vedada a aplicação desses recur-
sos no pagamento de: VI – gestão democrática do ensino público,
na forma da lei;
I – despesas com pessoal e encargos sociais;
VII – garantia de padrão de qualidade;
II – serviço da dívida;
VIII – piso salarial profissional nacional para
III – qualquer outra despesa corrente não os profissionais da educação escolar públi-
vinculada diretamente aos investimentos ca, nos termos de lei federal. (Inciso acres-
ou ações apoiados. (Parágrafo único acres- cido pela Emenda Constitucional nº 53, de
cido pela Emenda Constitucional nº 42, de 2006)
2003)
Parágrafo único. A lei disporá sobre as ca-
tegorias de trabalhadores considerados

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profissionais da educação básica e sobre a VI – oferta de ensino noturno regular, ade-


fixação de prazo para a elaboração ou ade- quado às condições do educando;
quação de seus planos de carreira, no âmbi-
to da União, dos Estados, do Distrito Federal VII – atendimento ao educando, em todas
e dos Municípios. (Parágrafo único acres- as etapas da educação básica, por meio de
cido pela Emenda Constitucional nº 53, de programas suplementares de material didá-
2006) tico-escolar, transporte, alimentação e as-
sistência à saúde. (Inciso com redação dada
Art. 207. As universidades gozam de autonomia pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)
didático-científica, administrativa e de gestão fi-
nanceira e patrimonial, e obedecerão ao princí- § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gra-
pio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa tuito é direito público subjetivo.
e extensão. § 2º O não-oferecimento do ensino obriga-
§ 1º É facultado às universidades admitir tório pelo poder público, ou sua oferta irre-
professores, técnicos e cientistas estrangei- gular, importa responsabilidade da autori-
ros, na forma da lei. (Parágrafo acrescido dade competente.
pela Emenda Constitucional nº 11, de 1996) § 3º Compete ao poder público recensear
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às ins- os educandos no ensino fundamental, fa-
tituições de pesquisa científica e tecnológi- zer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou
ca. (Parágrafo acrescido pela Emenda Cons- responsáveis, pela freqüência à escola.
titucional nº 11, de 1996) Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada,
Art. 208. O dever do Estado com a educação atendidas as seguintes condições:
será efetivado mediante a garantia de: I – cumprimento das normas gerais da edu-
I – educação básica obrigatória e gratuita cação nacional;
dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de II – autorização e avaliação de qualidade
idade, assegurada inclusive sua oferta gra- pelo poder público.
tuita para todos os que a ela não tiveram
acesso na idade própria; (Inciso com reda- Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para
ção dada pela Emenda Constitucional nº 59, o ensino fundamental, de maneira a assegurar
de 2009) formação básica comum e respeito aos valores
culturais e artísticos, nacionais e regionais.
II – progressiva universalização do ensino
médio gratuito; (Inciso com redação dada § 1º O ensino religioso, de matrícula facul-
pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) tativa, constituirá disciplina dos horários
normais das escolas públicas de ensino fun-
III – atendimento educacional especializado damental.
aos portadores de deficiência, preferencial-
mente na rede regular de ensino; § 2º O ensino fundamental regular será mi-
nistrado em língua portuguesa, assegurada
IV – educação infantil, em creche e pré-es- às comunidades indígenas também a utili-
cola, às crianças até 5 (cinco) anos de ida- zação de suas línguas maternas e processos
de; (Inciso com redação dada pela Emenda próprios de aprendizagem.
Constitucional nº 53, de 2006)
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal
V – acesso aos níveis mais elevados do en- e os Municípios organizarão em regime de cola-
sino, da pesquisa e da criação artística, se- boração seus sistemas de ensino.
gundo a capacidade de cada um;

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§ 1º A União organizará o sistema federal § 2º Para efeito do cumprimento do dispos-
de ensino e o dos Territórios, financiará as to no caput deste artigo, serão considera-
instituições de ensino públicas federais e dos os sistemas de ensino federal, estadual
exercerá, em matéria educacional, função e municipal e os recursos aplicados na for-
redistributiva e supletiva, de forma a garan- ma do art. 213.
tir equalização de oportunidades educacio-
nais e padrão mínimo de qualidade do ensi- § 3º A distribuição dos recursos públicos as-
no mediante assistência técnica e financeira segurará prioridade ao atendimento das ne-
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu- cessidades do ensino obrigatório, no que se
nicípios; (Parágrafo com redação dada pela refere a universalização, garantia de padrão
Emenda constitucional nº 14, de 1996) de qualidade e equidade, nos termos do
plano nacional de educação. (Parágrafo com
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamen- redação dada pela Emenda Constitucional
te no ensino fundamental e na educação nº 59, de 2009)
infantil. (Parágrafo com redação dada pela
Emenda constitucional nº 14, de 1996) § 4º Os programas suplementares de ali-
mentação e assistência à saúde previstos no
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão art. 208, VII, serão financiados com recursos
prioritariamente no ensino fundamental e provenientes de contribuições sociais e ou-
médio. (Parágrafo acrescido pela Emenda tros recursos orçamentários.
constitucional nº 14, de 1996)
§ 5º A educação básica pública terá como
§ 4º Na organização de seus sistemas de en- fonte adicional de financiamento a contri-
sino, a União, os Estados, o Distrito Federal buição social do salário-educação, recolhida
e os Municípios definirão formas de colabo- pelas empresas na forma da lei. (Parágrafo
ração, de modo a assegurar a universaliza- com redação dada pela Emenda Constitu-
ção do ensino obrigatório. (Parágrafo acres- cional nº 53, de 2006)
cido pela Emenda constitucional nº 14, de
1996 e com nova redação dada pela Emen- § 6º As cotas estaduais e municipais da ar-
da Constitucional nº 59, de 2009) recadação da contribuição social do salário-
-educação serão distribuídas proporcional-
§ 5º A educação básica pública atenderá mente ao número de alunos matriculados
prioritariamente ao ensino regular. (Pará- na educação básica nas respectivas redes
grafo acrescido pela Emenda Constitucional públicas de ensino. (Parágrafo acrescido
nº 53, de 2006) pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca Art. 213. Os recursos públicos serão destinados
menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Fe- às escolas públicas, podendo ser dirigidos a es-
deral e os Municípios vinte e cinco por cento, colas comunitárias, confessionais ou filantrópi-
no mínimo, da receita resultante de impostos, cas, definidas em lei, que:
compreendida a proveniente de transferências,
na manutenção e desenvolvimento do ensino. I – comprovem finalidade não lucrativa e
apliquem seus excedentes financeiros em
§ 1º A parcela da arrecadação de impos- educação;
tos transferida pela União aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos II – assegurem a destinação de seu patrimô-
Estados aos respectivos Municípios, não é nio a outra escola comunitária, filantrópica
considerada, para efeito do cálculo previs- ou confessional, ou ao poder público, no
to neste artigo, receita do governo que a caso de encerramento de suas atividades.
transferir.

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§ 1º Os recursos de que trata este artigo Seção II


poderão ser destinados a bolsas de estudo DA CULTURA
para o ensino fundamental e médio, na for-
ma da lei, para os que demonstrarem insu- Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno
ficiência de recursos, quando houver falta exercício dos direitos culturais e acesso às fon-
de vagas e cursos regulares da rede pública tes da cultura nacional, e apoiará e incentivará
na localidade da residência do educando, a valorização e a difusão das manifestações cul-
ficando o poder público obrigado a investir turais.
prioritariamente na expansão de sua rede
na localidade. § 1º O Estado protegerá as manifestações
das culturas populares, indígenas e afro-
§ 2º As atividades de pesquisa, de extensão -brasileiras, e das de outros grupos partici-
e de estímulo e fomento à inovação realiza- pantes do processo civilizatório nacional.
das por universidades e/ou por instituições
de educação profissional e tecnológica po- § 2º A lei disporá sobre a fixação de datas
derão receber apoio financeiro do Poder comemorativas de alta significação para os
Público. (Parágrafo com redação dada pela diferentes segmentos étnicos nacionais.
Emenda Constitucional nº 85, de 2015, re- § 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de
publicada no DOU de 3/3/2015) Cultura, de duração plurianual, visando ao
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de desenvolvimento cultural do País e à inte-
educação, de duração decenal, com o objetivo gração das ações do poder público que con-
de articular o sistema nacional de educação em duzem à:
regime de colaboração e definir diretrizes, ob- I – defesa e valorização do patrimônio cultu-
jetivos, metas e estratégias de implementação ral brasileiro;
para assegurar a manutenção e desenvolvimen-
to do ensino em seus diversos níveis, etapas e II – produção, promoção e difusão de bens
modalidades por meio de ações integradas dos culturais;
poderes públicos das diferentes esferas federa-
tivas que conduzam a: ("Caput" do artigo com III – formação de pessoal qualificado para a
redação dada pela Emenda Constitucional nº gestão da cultura em suas múltiplas dimen-
59, de 2009) sões;

I – erradicação do analfabetismo; IV – democratização do acesso aos bens de


cultura;
II – universalização do atendimento escolar;
V – valorização da diversidade étnica e re-
III – melhoria da qualidade do ensino; gional. (Parágrafo acrescido pela Emenda
Constitucional nº 48, de 2005)
IV – formação para o trabalho;
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasi-
V – promoção humanística, científica e tec- leiro os bens de natureza material e imaterial,
nológica do País; tomados individualmente ou em conjunto, por-
VI – estabelecimento de meta de aplicação tadores de referência à identidade, à ação, à
de recursos públicos em educação como memória dos diferentes grupos formadores da
proporção do produto interno bruto. (Inci- sociedade brasileira, nos quais se incluem:
so acrescido pela Emenda Constitucional nº I – as formas de expressão;
59, de 2009)
II – os modos de criar, fazer e viver;

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III – as criações científicas, artísticas e tec- descentralizada e participativa, institui um pro-
nológicas; cesso de gestão e promoção conjunta de políti-
cas públicas de cultura, democráticas e perma-
IV – as obras, objetos, documentos, edifica- nentes, pactuadas entre os entes da Federação
ções e demais espaços destinados às mani- e a sociedade, tendo por objetivo promover o
festações artístico-culturais; desenvolvimento humano, social e econômico
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor com pleno exercício dos direitos culturais.
histórico, paisagístico, artístico, arqueológi- § 1º O Sistema Nacional de Cultura funda-
co, paleontológico, ecológico e científico. menta-se na política nacional de cultura e
§ 1º O poder público, com a colaboração da nas suas diretrizes, estabelecidas no Plano
comunidade, promoverá e protegerá o pa- Nacional de Cultura, e rege-se pelos seguin-
trimônio cultural brasileiro, por meio de in- tes princípios:
ventários, registros, vigilância, tombamento I – diversidade das expressões culturais;
e desapropriação, e de outras formas de
acautelamento e preservação. II – universalização do acesso aos bens e
serviços culturais;
§ 2º Cabem à administração pública, na for-
ma da lei, a gestão da documentação gover- III – fomento à produção, difusão e circula-
namental e as providências para franquear ção de conhecimento e bens culturais;
sua consulta a quantos dela necessitem.
IV – cooperação entre os entes federados,
§ 3º A lei estabelecerá incentivos para a os agentes públicos e privados atuantes na
produção e o conhecimento de bens e valo- área cultural;
res culturais.
V – integração e interação na execução das
§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cul- políticas, programas, projetos e ações de-
tural serão punidos, na forma da lei. senvolvidas;
§ 5º Ficam tombados todos os documentos VI – complementaridade nos papéis dos
e os sítios detentores de reminiscências his- agentes culturais;
tóricas dos antigos quilombos.
VII – transversalidade das políticas culturais;
§ 6º É facultado aos Estados e ao Distrito
Federal vincular a fundo estadual de fomen- VIII – autonomia dos entes federados e das
to à cultura até cinco décimos por cento de instituições da sociedade civil;
sua receita tributária líquida, para o finan- IX – transparência e compartilhamento das
ciamento de programas e projetos culturais, informações;
vedada a aplicação desses recursos no pa-
gamento de: X – democratização dos processos decisó-
rios com participação e controle social;
I – despesas com pessoal e encargos sociais;
XI – descentralização articulada e pactuada
II – serviço da dívida; da gestão, dos recursos e das ações;
III – qualquer outra despesa corrente não XII – ampliação progressiva dos recursos
vinculada diretamente aos investimentos contidos nos orçamentos públicos para a
ou ações apoiados. (Parágrafo acrescido cultura.
pela Emenda Constitucional nº 42, de 2003)
§ 2º Constitui a estrutura do Sistema Nacio-
Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, or- nal de Cultura, nas respectivas esferas da
ganizado em regime de colaboração, de forma Federação:

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I – órgãos gestores da cultura; § 1º O Poder Judiciário só admitirá ações


relativas à disciplina e às competições des-
II – conselhos de política cultural; portivas após esgotarem-se as instâncias da
III – conferências de cultura; justiça desportiva, regulada em lei.

IV – comissões intergestores; § 2º A justiça desportiva terá o prazo máxi-


mo de sessenta dias, contados da instaura-
V – planos de cultura; ção do processo, para proferir decisão final.
VI – sistemas de financiamento à cultura; § 3º O poder público incentivará o lazer,
VII – sistemas de informações e indicadores como forma de promoção social.
culturais;
VIII – programas de formação na área da
cultura; e CAPÍTULO IV
DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA
IX – sistemas setoriais de cultura.
E INOVAÇÃO
§ 3º Lei federal disporá sobre a regulamen- (Denominação do capítulo com redação
tação do Sistema Nacional de Cultura, bem dada pela Emenda Constitucional nº 85, de
como de sua articulação com os demais sis- 2015, republicada no DOU de 3/3/2015)
temas nacionais ou políticas setoriais de go-
verno. Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o
desenvolvimento científico, a pesquisa, a ca-
§ 4º Os Estados, o Distrito Federal e os Mu- pacitação científica e tecnológica e a inova-
nicípios organizarão seus respectivos sis- ção. (“Caput” do artigo com redação dada pela
temas de cultura em leis próprias. (Artigo Emenda Constitucional nº 85, de 2015, republi-
acrescido pela Emenda Constitucional nº cada no DOU de 3/3/2015)
71, de 2012)
§ 1º A pesquisa científica básica e tecno-
Seção III lógica receberá tratamento prioritário do
DO DESPORTO Estado, tendo em vista o bem público e o
progresso da ciência, tecnologia e inovação.
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas (Parágrafo com redação dada pela Emenda
desportivas formais e não formais, como direito Constitucional nº 85, de 2015, republicada
de cada um, observados: no DOU de 3/3/2015)

I – a autonomia das entidades desportivas § 2º A pesquisa tecnológica voltar-se-á pre-


dirigentes e associações, quanto a sua orga- ponderantemente para a solução dos pro-
nização e funcionamento; blemas brasileiros e para o desenvolvimen-
to do sistema produtivo nacional e regional.
II – a destinação de recursos públicos para a
promoção prioritária do desporto educacio- § 3º O Estado apoiará a formação de recur-
nal e, em casos específicos, para a do des- sos humanos nas áreas de ciência, pesquisa,
porto de alto rendimento; tecnologia e inovação, inclusive por meio
do apoio às atividades de extensão tecnoló-
III – o tratamento diferenciado para o des- gica, e concederá aos que delas se ocupem
porto profissional e o não profissional; meios e condições especiais de trabalho.
IV – a proteção e o incentivo às manifesta- (Parágrafo com redação dada pela Emenda
ções desportivas de criação nacional. Constitucional nº 85, de 2015, republicada
no DOU de 3/3/2015)

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§ 4º A lei apoiará e estimulará as empresas Art. 219-A. A União, os Estados, o Distrito Fede-
que invistam em pesquisa, criação de tec- ral e os Municípios poderão firmar instrumentos
nologia adequada ao País, formação e aper- de cooperação com órgãos e entidades públicos
feiçoamento de seus recursos humanos e e com entidades privadas, inclusive para o com-
que pratiquem sistemas de remuneração partilhamento de recursos humanos especiali-
que assegurem ao empregado, desvincula- zados e capacidade instalada, para a execução
da do salário, participação nos ganhos eco- de projetos de pesquisa, de desenvolvimento
nômicos resultantes da produtividade de científico e tecnológico e de inovação, mediante
seu trabalho. contrapartida financeira ou não financeira as-
sumida pelo ente beneficiário, na forma da lei.
§ 5º É facultado aos Estados e ao Distrito (Artigo acrescido pela Emenda Constitucional nº
Federal vincular parcela de sua receita orça- 85, de 2015, republicada no DOU de 3/3/2015)
mentária a entidades públicas de fomento
ao ensino e à pesquisa científica e tecnoló- Art. 219-B. O Sistema Nacional de Ciência, Tec-
gica. nologia e Inovação será organizado em regi-
me de colaboração entre entes, tanto públicos
§ 6º O Estado, na execução das atividades quanto privados, com vistas a promover o de-
previstas no caput, estimulará a articulação senvolvimento científico e tecnológico e a ino-
entre entes, tanto públicos quanto priva- vação.
dos, nas diversas esferas de governo. (Pa-
rágrafo acrescido pela Emenda Constitucio- § 1º Lei federal disporá sobre as normas ge-
nal nº 85, de 2015, republicada no DOU de rais do Sistema Nacional de Ciência, Tecno-
3/3/2015) logia e Inovação.
§ 7º O Estado promoverá e incentivará a § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
atuação no exterior das instituições públi- nicípios legislarão concorrentemente sobre
cas de ciência, tecnologia e inovação, com suas peculiaridades. (Artigo acrescido pela
vistas à execução das atividades previstas Emenda Constitucional nº 85, de 2015, re-
no caput. (Parágrafo acrescido pela Emenda publicada no DOU de 3/3/2015)
Constitucional nº 85, de 2015, republicada
no DOU de 3/3/2015)
Art. 219. O mercado interno integra o patrimô- CAPÍTULO V
nio nacional e será incentivado de modo a viabi-
DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
lizar o desenvolvimento cultural e sócio-econô-
mico, o bem-estar da população e a autonomia Art. 220. A manifestação do pensamento, a
tecnológica do País, nos termos de lei federal. criação, a expressão e a informação, sob qual-
Parágrafo único. O Estado estimulará a for- quer forma, processo ou veículo não sofrerão
mação e o fortalecimento da inovação nas qualquer restrição, observado o disposto nesta
empresas, bem como nos demais entes, pú- Constituição.
blicos ou privados, a constituição e a manu- § 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que
tenção de parques e polos tecnológicos e de possa constituir embaraço à plena liberda-
demais ambientes promotores da inovação, de de informação jornalística em qualquer
a atuação dos inventores independentes e veículo de comunicação social, observado o
a criação, absorção, difusão e transferência disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
de tecnologia. (Parágrafo único acrescido
pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015, § 2º É vedada toda e qualquer censura de
republicada no DOU de 3/3/2015) natureza política, ideológica e artística.
§ 3º Compete à lei federal:

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I – regular as diversões e espetáculos públi- é privativa de brasileiros natos ou naturalizados


cos, cabendo ao poder público informar so- há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas
bre a natureza deles, as faixas etárias a que constituídas sob as leis brasileiras e que tenham
não se recomendem, locais e horários em sede no País. (“Caput” do artigo com redação
que sua apresentação se mostre inadequa- dada pela Emenda Constitucional nº 36, de
da; 2002)
II – estabelecer os meios legais que garan- § 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta
tam à pessoa e à família a possibilidade de por cento do capital total e do capital vo-
se defenderem de programas ou programa- tante das empresas jornalísticas e de radio-
ções de rádio e televisão que contrariem o difusão sonora e de sons e imagens deverá
disposto no art. 221, bem como da propa- pertencer, direta ou indiretamente, a bra-
ganda de produtos, práticas e serviços que sileiros natos ou naturalizados há mais de
possam ser nocivos à saúde e ao meio am- dez anos, que exercerão obrigatoriamente
biente. a gestão das atividades e estabelecerão o
conteúdo da programação. (Parágrafo com
§ 4º A propaganda comercial de tabaco, redação dada pela Emenda Constitucional
bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medica- nº 36, de 2002)
mentos e terapias estará sujeita a restrições
legais, nos termos do inciso II do parágrafo § 2º A responsabilidade editorial e as ativi-
anterior, e conterá, sempre que necessário, dades de seleção e direção da programação
advertência sobre os malefícios decorrentes veiculada são privativas de brasileiros na-
de seu uso. tos ou naturalizados há mais de dez anos,
em qualquer meio de comunicação social.
§ 5º Os meios de comunicação social não (Parágrafo com redação dada pela Emenda
podem, direta ou indiretamente, ser objeto Constitucional nº 36, de 2002)
de monopólio ou oligopólio.
§ 3º Os meios de comunicação social eletrô-
§ 6º A publicação de veículo impresso de nica, independentemente da tecnologia uti-
comunicação independe de licença de auto- lizada para a prestação do serviço, deverão
ridade. observar os princípios enunciados no art.
Art. 221. A produção e a programação das emis- 221, na forma de lei específica, que tam-
soras de rádio e televisão atenderão aos seguin- bém garantirá a prioridade de profissionais
tes princípios: brasileiros na execução de produções na-
cionais. (Parágrafo acrescido pela Emenda
I – preferência a finalidades educativas, ar- Constitucional nº 36, de 2002)
tísticas, culturais e informativas;
§ 4º Lei disciplinará a participação de capital
II – promoção da cultura nacional e regional estrangeiro nas empresas de que trata o §
e estímulo à produção independente que 1º. (Parágrafo acrescido pela Emenda Cons-
objetive sua divulgação; titucional nº 36, de 2002)
III – regionalização da produção cultural, ar- § 5º As alterações de controle societário das
tística e jornalística, conforme percentuais empresas de que trata o § 1º serão comu-
estabelecidos em lei; nicadas ao Congresso Nacional. (Parágrafo
IV – respeito aos valores éticos e sociais da acrescido pela Emenda Constitucional nº
pessoa e da família. 36, de 2002)

Art. 222. A propriedade de empresa jornalística Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar
e de radiodifusão sonora e de sons e imagens e renovar concessão, permissão e autorização
para o serviço de radiodifusão sonora e de sons

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e imagens, observado o princípio da comple- as entidades dedicadas à pesquisa e mani-
mentaridade dos sistemas privado, público e pulação de material genético;
estatal.
III – definir, em todas as unidades da Fede-
§ 1º O Congresso Nacional apreciará o ato ração, espaços territoriais e seus compo-
no prazo do art. 64, §§ 2º e 4º, a contar do nentes a serem especialmente protegidos,
recebimento da mensagem. sendo a alteração e a supressão permitidas
somente através de lei, vedada qualquer
§ 2º A não-renovação da concessão ou per- utilização que comprometa a integridade
missão dependerá de aprovação de, no mí- dos atributos que justifiquem sua proteção;
nimo, dois quintos do Congresso Nacional,
em votação nominal. IV – exigir, na forma da lei, para instalação
de obra ou atividade potencialmente cau-
§ 3º O ato de outorga ou renovação somen- sadora de significativa degradação do meio
te produzirá efeitos legais após deliberação ambiente, estudo prévio de impacto am-
do Congresso Nacional, na forma dos pará- biental, a que se dará publicidade;
grafos anteriores.
V – controlar a produção, a comercialização
§ 4º O cancelamento da concessão ou per- e o emprego de técnicas, métodos e subs-
missão, antes de vencido o prazo, depende tâncias que comportem risco para a vida, a
de decisão judicial. qualidade de vida e o meio ambiente;
§ 5º O prazo da concessão ou permissão VI – promover a educação ambiental em
será de dez anos para as emissoras de rádio todos os níveis de ensino e a conscientiza-
e de quinze para as de televisão. ção pública para a preservação do meio am-
Art. 224. Para os efeitos do disposto neste Capí- biente;
tulo, o Congresso Nacional instituirá, como ór- VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na
gão auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, forma da lei, as práticas que coloquem em
na forma da lei. risco sua função ecológica, provoquem a ex-
tinção de espécies ou submetam os animais
a crueldade.
CAPÍTULO VI § 2º Aquele que explorar recursos minerais
DO MEIO AMBIENTE fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente exigida pelo órgão público competente, na
ecologicamente equilibrado, bem de uso co- forma da lei.
mum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao poder público e à coletivi- § 3º As condutas e atividades consideradas
dade o dever de defendê-lo e preservá-lo para lesivas ao meio ambiente sujeitarão os in-
as presentes e futuras gerações. fratores, pessoas físicas ou jurídicas, a san-
ções penais e administrativas, independen-
§ 1º Para assegurar a efetividade desse di- temente da obrigação de reparar os danos
reito, incumbe ao poder público: causados.
I – preservar e restaurar os processos ecoló- § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata
gicos essenciais e prover o manejo ecológi- Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-
co das espécies e ecossistemas; -Grossense e a Zona Costeira são patrimô-
nio nacional, e sua utilização far-se-á, na
II – preservar a diversidade e a integridade
forma da lei, dentro de condições que asse-
do patrimônio genético do País e fiscalizar

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gurem a preservação do meio ambiente, in- recursos educacionais e científicos para o


clusive quanto ao uso dos recursos naturais. exercício desse direito, vedada qualquer
forma coercitiva por parte de instituições
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas oficiais ou privadas.
ou arrecadadas pelos Estados, por ações
discriminatórias, necessárias à proteção dos § 8º O Estado assegurará a assistência à fa-
ecossistemas naturais. mília na pessoa de cada um dos que a inte-
gram, criando mecanismos para coibir a vio-
§ 6º As usinas que operem com reator nu- lência no âmbito de suas relações.
clear deverão ter sua localização definida
em lei federal, sem o que não poderão ser Art. 227. É dever da família, da sociedade e do
instaladas. Estado assegurar à criança, ao adolescente e
ao jovem , com absoluta prioridade, o direito
à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignida-
CAPÍTULO VII de, ao respeito, à liberdade e à convivência fa-
DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO miliar e comunitária, além de colocá-los a salvo
ADOLESCENTE, DO JOVEM E de toda forma de negligência, discriminação, ex-
ploração, violência, crueldade e opressão. (“Ca-
DO IDOSO put” do artigo com redação dada pela Emenda
(Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 65, de 2010)
Constitucional nº 65, de 2010)
§ 1º O Estado promoverá programas de
Art. 226. A família, base da sociedade, tem es-
assistência integral à saúde da criança, do
pecial proteção do Estado.
adolescente e do jovem, admitida a parti-
§ 1º O casamento é civil e gratuita a cele- cipação de entidades não governamentais,
bração. mediante políticas específicas e obedecen-
do aos seguintes preceitos: (Parágrafo com
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, redação dada pela Emenda Constitucional
nos termos da lei. nº 65, de 2010)
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é re- I – aplicação de percentual dos recursos
conhecida a união estável entre o homem e públicos destinados à saúde na assistência
a mulher como entidade familiar, devendo materno-infantil;
a lei facilitar sua conversão em casamento.
II – criação de programas de prevenção e
§ 4º Entende-se, também, como entidade atendimento especializado para as pessoas
familiar a comunidade formada por qual- portadoras de deficiência física, sensorial
quer dos pais e seus descendentes. ou mental, bem como de integração social
§ 5º Os direitos e deveres referentes à so- do adolescente e do jovem portador de de-
ciedade conjugal são exercidos igualmente ficiência, mediante o treinamento para o
pelo homem e pela mulher. trabalho e a convivência, e a facilitação do
acesso aos bens e serviços coletivos, com a
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido eliminação de obstáculos arquitetônicos e
pelo divórcio. (Parágrafo com redação dada de todas as formas de discriminação. (Inciso
pela Emenda Constitucional nº 66, de 2010) com redação dada pela Emenda Constitu-
cional nº 65, de 2010)
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da
pessoa humana e da paternidade responsá- § 2º A lei disporá sobre normas de constru-
vel, o planejamento familiar é livre decisão ção dos logradouros e dos edifícios de uso
do casal, competindo ao Estado propiciar público e de fabricação de veículos de trans-

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porte coletivo, a fim de garantir acesso ade- mesmos direitos e qualificações, proibidas
quado às pessoas portadoras de deficiência. quaisquer designações discriminatórias re-
lativas à filiação.
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá
os seguintes aspectos: § 7º No atendimento dos direitos da criança
e do adolescente levar-se-á em considera-
I – idade mínima de quatorze anos para ad- ção o disposto no art. 204.
missão ao trabalho, observado o disposto
no art. 7º, XXXIII; § 8º A Lei estabelecerá:
II – garantia de direitos previdenciários e I – o estatuto da juventude, destinado a re-
trabalhistas; gular os direitos dos jovens;
III – garantia de acesso do trabalhador ado- II – o plano nacional de juventude, de dura-
lescente e jovem à escola; (Inciso com reda- ção decenal, visando à articulação das várias
ção dada pela Emenda Constitucional nº 65, esferas do poder público para a execução de
de 2010) políticas públicas. (Parágrafo acrescido pela
Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
IV – garantia de pleno e formal conhecimen-
to da atribuição de ato infracional, igualda- Art. 228. São penalmente inimputáveis os me-
de na relação processual e defesa técnica nores de dezoito anos, sujeitos às normas da le-
por profissional habilitado, segundo dispu- gislação especial.
ser a legislação tutelar específica;
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar
V – obediência aos princípios de brevida- e educar os filhos menores, e os filhos maiores
de, excepcionalidade e respeito à condição têm o dever de ajudar e amparar os pais na ve-
peculiar de pessoa em desenvolvimento, lhice, carência ou enfermidade.
quando da aplicação de qualquer medida
privativa da liberdade; Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o
dever de amparar as pessoas idosas, asseguran-
VI – estímulo do poder público, através de do sua participação na comunidade, defenden-
assistência jurídica, incentivos fiscais e sub- do sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes
sídios, nos termos da lei, ao acolhimento, o direito à vida.
sob a forma de guarda, de criança ou ado-
lescente órfão ou abandonado; § 1º Os programas de amparo aos idosos se-
rão executados preferencialmente em seus
VII – programas de prevenção e atendimen- lares.
to especializado à criança, ao adolescente e
ao jovem dependente de entorpecentes e § 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é
drogas afins. (Inciso com redação dada pela garantida a gratuidade dos transportes co-
Emenda Constitucional nº 65, de 2010) letivos urbanos.

§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a


violência e a exploração sexual da criança e
do adolescente. CAPÍTULO VIII
DOS ÍNDIOS
§ 5º A adoção será assistida pelo poder pú-
blico, na forma da lei, que estabelecerá ca- Art. 231. São reconhecidos aos índios sua orga-
sos e condições de sua efetivação por parte nização social, costumes, línguas, crenças e tra-
de estrangeiros. dições, e os direitos originários sobre as terras
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação que tradicionalmente ocupam, competindo à
do casamento, ou por adoção, terão os

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União demarcá-las, proteger e fazer respeitar salvo, na forma da lei, quanto às benfeito-
todos os seus bens. rias derivadas da ocupação de boa-fé.
§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas § 7º Não se aplica às terras indígenas o dis-
pelos índios as por eles habitadas em ca- posto no art. 174, §§ 3º e 4º.
ráter permanente, as utilizadas para suas
atividades produtivas, as imprescindíveis Art. 232. Os índios, suas comunidades e orga-
à preservação dos recursos ambientais ne- nizações são partes legítimas para ingressar em
cessários a seu bem-estar e as necessárias juízo em defesa de seus direitos e interesses, in-
a sua reprodução física e cultural, segundo tervindo o Ministério Público em todos os atos
seus usos, costumes e tradições. do processo.

§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas


pelos índios destinam-se a sua posse per-
manente, cabendo-lhes o usufruto exclusi-
vo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos
nelas existentes.
§ 3º O aproveitamento dos recursos hídri-
cos, incluídos os potenciais energéticos, a
pesquisa e a lavra das riquezas minerais em
terras indígenas só podem ser efetivados
com autorização do Congresso Nacional,
ouvidas as comunidades afetadas, ficando-
-lhes assegurada participação nos resulta-
dos da lavra, na forma da lei.
§ 4º As terras de que trata este artigo são
inalienáveis e indisponíveis, e os direitos so-
bre elas, imprescritíveis.
§ 5º É vedada a remoção dos grupos indíge-
nas de suas terras, salvo, ad referendum do
Congresso Nacional, em caso de catástrofe
ou epidemia que ponha em risco sua popu-
lação, ou no interesse da soberania do País,
após deliberação do Congresso Nacional,
garantido, em qualquer hipótese, o retorno
imediato logo que cesse o risco.
§ 6º São nulos e extintos, não produzindo
efeitos jurídicos, os atos que tenham por
objeto a ocupação, o domínio e a posse das
terras a que se refere este artigo, ou a ex-
ploração das riquezas naturais do solo, dos
rios e dos lagos nelas existentes, ressalva-
do relevante interesse público da União,
segundo o que dispuser lei complementar,
não gerando a nulidade e a extinção direi-
to a indenização ou a ações contra a União,

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A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA E OS TRATADOS
INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS

1. Fase da assinatura de Tratados

2. Fase da aprovação no Congresso


(Decreto Legislativo)

3. Fase da Ratificação

4. Fase do Decreto Presidencial ou da


Promulgação/Publicação do Tratado

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Hierarquia dos tratados:

Tratados de direitos humanos

Tratados que não falam em


Direitos Humanos

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Aplicações da perspectiva sociológica a temas e problemas contemporâneos
da sociedade brasileira: a questão da igualdade jurídica e dos direitos de
cidadania, do pluralismo jurídico, do acesso à justiça.

Igualdade Jurídica

Formal Material

Igualdade Formal

Igualdade Material

Racial

Gênero

Pessoas com deficiência

Idosos
Debates da Igualdade
Crianças e adolescentes

Índios

Quilombolas

LGBT

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MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Direitos Humanos – Prof. Mateus Silveira

Acesso à Justiça

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Justiça Restaurativa

Justiça de Transição

Conceito

Abrangência
Pluralismo Jurídico
Histórico

Aplicação

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A AUDITORIA FISCAL DO TRABALHO COMO AGENTE DE PROTEÇÃO
E CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS TRABALHADORES

LEI Nº 10.593, § 2º Para investidura no cargo de Auditor-


DE 6 DE DEZEMBRO DE 2002 -Fiscal do Trabalho, nas áreas de especializa-
ção em segurança e medicina do trabalho,
será exigida a comprovação da respectiva
Dispõe sobre a reestruturação da Carreira Au- capacitação profissional, em nível de pós-
ditoria do Tesouro Nacional, que passa a deno- -graduação, oficialmente reconhecida.
minar-se Carreira Auditoria da Receita Federal
– ARF, e sobre a organização da Carreira Audi- § 3º Sem prejuízo dos requisitos estabele-
toria-Fiscal da Previdência Social e da Carreira cidos neste artigo, o ingresso nos cargos de
Auditoria-Fiscal do Trabalho, e dá outras provi- que trata o caput deste artigo depende da
dências. inexistência de:

Faço saber que o Congresso Nacional decretou, I – registro de antecedentes criminais de-
o PRESIDENTE DA REPÚBLICA, nos termos dos § correntes de decisão condenatória transi-
3º do art. 66 da Constituição sancionou, e eu, tada em julgado de crime cuja descrição
Ramez Tebet, Presidente do Senado Federal, envolva a prática de ato de improbidade ad-
nos termos do § 7º do mesmo artigo, promulgo ministrativa ou incompatível com a idonei-
a seguinte: dade exigida para o exercício do cargo ;

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a reestruturação II – punição em processo disciplinar por ato
da Carreira Auditoria do Tesouro Nacional, de de improbidade administrativa mediante
que trata o Decreto-Lei nº 2.225, de 10 de janei- decisão de que não caiba recurso hierárqui-
ro de 1985, que passa a denominar-se Carreira co. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 11.457,
Auditoria da Receita Federal – ARF, e sobre a de 16/3/2007)
organização da Carreira Auditoria-Fiscal da Pre- Art. 4º O desenvolvimento do servidor nas car-
vidência Social e da Carreira Auditoria-Fiscal do reiras de que trata esta Lei ocorrerá mediante
Trabalho. progressão funcional e promoção.
Art. 2º (Revogado pela Lei nº 10.910, de § 1º Para os fins desta Lei, progressão fun-
15/7/2004) cional é a passagem do servidor para o
Art. 3º O ingresso nos cargos das Carreiras dis- padrão de vencimento imediatamente su-
ciplinadas nesta Lei far-se-á no primeiro padrão perior dentro de uma mesma classe, e pro-
da classe inicial da respectiva tabela de venci- moção, a passagem do servidor do último
mentos, mediante concurso público de provas padrão de uma classe para o primeiro da
ou de provas e títulos, exigindo-se curso supe- classe imediatamente superior.
rior em nível de graduação concluído ou habili- § 2º A progressão funcional e a promoção
tação legal equivalente. ("Caput" do artigo com observarão requisitos e condições fixados
redação dada pela Lei nº 11.457, de 16/3/2007) em regulamento.
§ 1º O concurso referido no caput poderá § 3º O servidor em estágio probatório será
ser realizado por áreas de especialização. objeto de avaliação específica, sem prejuí-

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zo da progressão funcional durante o perí- rias, livros, documentos, materiais, equipa-


odo, observados o interstício mínimo de 12 mentos e assemelhados; (Alínea com reda-
(doze) e máximo de 18 (dezoito) meses em ção dada pela Lei nº 11.457, de 16/3/2007)
cada padrão e o resultado de avaliação de
desempenho efetuada para esta finalida- d) examinar a contabilidade de sociedades
de, na forma do regulamento. (Parágrafo empresariais, empresários, órgãos, entida-
com redação dada pela Lei nº 11.457, de des, fundos e demais contribuintes, não se
16/3/2007) lhes aplicando as restrições previstas nos
arts. 1.190 a 1.192 do Código Civil e obser-
CARREIRA DE AUDITORIA vado o disposto no art. 1.193 do mesmo di-
DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL ploma legal; (Alínea com redação dada pela
Lei nº 11.457, de 16/3/2007)
(Redação dada pela Lei nº 11.457,
de 16/3/2007) e) proceder à orientação do sujeito passivo
no tocante à interpretação da legislação tri-
Art. 5º Fica criada a Carreira de Auditoria da Re- butária; (Alínea com redação dada pela Lei
ceita Federal do Brasil, composta pelos cargos nº 11.457, de 16/3/2007)
de nível superior de Auditor-Fiscal da Receita
Federal do Brasil e de Analista-Tributário da Re- f) supervisionar as demais atividades de
ceita Federal do Brasil. ("Caput" do artigo com orientação ao contribuinte; (Alínea acresci-
redação dada pela Lei nº 11.457, de 16/3/2007) da pela Lei nº 11.457, de 16/3/2007)
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº II – em caráter geral, exercer as demais ati-
11.457, de 16/3/2007) vidades inerentes à competência da Secre-
taria da Receita Federal do Brasil. (Inciso
Art. 6º São atribuições dos ocupantes do cargo com redação dada pela Lei nº 11.457, de
de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil: 16/3/2007)
("Caput" do artigo com redação dada pela Lei nº
11.457, de 16/3/2007) § 1º O Poder Executivo poderá cometer o
exercício de atividades abrangidas pelo inci-
I – no exercício da competência da Secreta- so II do caput deste artigo em caráter priva-
ria da Receita Federal do Brasil e em caráter tivo ao Auditor-Fiscal da Receita Federal do
privativo: (Inciso com redação dada pela Lei Brasil. (Parágrafo com redação dada pela Lei
nº 11.457, de 16/3/2007) nº 11.457, de 16/3/2007)
a) constituir, mediante lançamento, o cré- § 2º Incumbe ao Analista – Tributário da
dito tributário e de contribuições; (Alínea Receita Federal do Brasil, resguardadas as
com redação dada pela Lei nº 11.457, de atribuições privativas referidas no inciso
16/3/2007) I do caput e no § 1º deste artigo: ("Caput"
b) elaborar e proferir decisões ou delas par- do parágrafo com redação dada pela Lei nº
ticipar em processo administrativo-fiscal, 11.457, de 16/3/2007)
bem como em processos de consulta, resti- I – exercer atividades de natureza técnica,
tuição ou compensação de tributos e contri- acessórias ou preparatórias ao exercício das
buições e de reconhecimento de benefícios atribuições privativas dos Auditores-Fiscais
fiscais; (Alínea com redação dada pela Lei da Receita Federal do Brasil; (Inciso acresci-
nº 11.457, de 16/3/2007) do pela Lei nº 11.457, de 16/3/2007)
c) executar procedimentos de fiscalização, II – atuar no exame de matérias e proces-
praticando os atos definidos na legislação sos administrativos, ressalvado o disposto
específica, inclusive os relacionados com o na alínea b do inciso I do caput deste arti-
controle aduaneiro, apreensão de mercado-

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go; (Inciso acrescido pela Lei nº 11.457, de 1999, ficando, neste caso, em quadro em
16/3/2007) extinção.
III – exercer, em caráter geral e concorrente, Art. 10. São transformados em cargo de Audi-
as demais atividades inerentes às compe- tor-Fiscal do Trabalho, na Carreira Auditoria-Fis-
tências da Secretaria da Receita Federal do cal do Trabalho, os seguintes cargos efetivos do
Brasil. (Inciso acrescido pela Lei nº 11.457, quadro permanente do Ministério do Trabalho e
de 16/3/2007) Emprego:
§ 3º Observado o disposto neste artigo, o I – Fiscal do Trabalho;
Poder Executivo regulamentará as atribui-
ções dos cargos de Auditor-Fiscal da Receita II – Assistente Social, encarregado da fisca-
Federal do Brasil e Analista-Tributário da Re- lização do trabalho da mulher e do menor;
ceita Federal do Brasil. (Parágrafo com reda- III – Engenheiros e Arquitetos, com a espe-
ção dada pela Lei nº 11.457, de 16/3/2007) cialização prevista na Lei nº 7.410, de 27 de
§ 4º (VETADO na Lei nº 11.457, de novembro de 1985, encarregados da fiscali-
16/3/2007) zação da segurança no trabalho;
IV – Médico do Trabalho, encarregado da
CARREIRA AUDITORIA – fiscalização das condições de salubridade
FISCAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL do ambiente do trabalho.
Art. 7º (Revogado pela Medida Provisória nº Art. 11. Os ocupantes do cargo de Auditor-Fiscal
440, de 20/8/2008, convertida na Lei nº 11.890, do Trabalho têm por atribuições assegurar, em
de 24/12/2008) todo o território nacional:
Art. 8º (Revogado pela Medida Provisória nº I – o cumprimento de disposições legais e
440, de 20/8/2008, convertida na Lei nº 11.890, regulamentares, inclusive as relacionadas à
de 24/12/2008) segurança e à medicina do trabalho, no âm-
bito das relações de trabalho e de emprego;
CARREIRA AUDITORIA –
II – a verificação dos registros em Carteira
FISCAL DO TRABALHO
de Trabalho e Previdência Social – CTPS, vi-
Art. 9º A Carreira Auditoria-Fiscal do Trabalho sando a redução dos índices de informalida-
será composta de cargos de Auditor-Fiscal do de;
Trabalho. III – a verificação do recolhimento do Fun-
§ 1º É de 40 (quarenta) horas semanais a do de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS,
jornada de trabalho dos integrantes da Car- objetivando maximizar os índices de arreca-
reira Auditoria-Fiscal do Trabalho, não se dação;
lhes aplicando a jornada de trabalho a que IV – o cumprimento de acordos, conven-
se refere o art. 1º, caput e § 2º, da Lei nº ções e contratos coletivos de trabalho cele-
9.436, de 5 de fevereiro de 1997, e não mais brados entre empregados e empregadores;
se admitindo a percepção de 2 (dois) venci-
mentos básicos. V – o respeito aos acordos, tratados e con-
venções internacionais dos quais o Brasil
§ 2º Os atuais ocupantes do cargo de Mé- seja signatário;
dico do Trabalho que optarem por perma-
necer na situação atual deverão fazê-lo, de VI – a lavratura de auto de apreensão e
forma irretratável, até 30 de setembro de guarda de documentos, materiais, livros e
assemelhados, para verificação da existên-

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cia de fraude e irregularidades, bem como o Arrecadação – GEFA, criada pelo Decreto-Lei nº
exame da contabilidade das empresas, não 2.371, de 18 de novembro de 1987.
se lhes aplicando o disposto nos arts. 17 e
18 do Código Comercial. Art. 14. Os integrantes das Carreiras de que tra-
ta esta Lei não fazem jus à percepção da Gratifi-
Parágrafo único. O Poder Executivo regula- cação de Atividade de que trata a Lei Delegada
mentará as atribuições privativas previstas nº 13, de 27 de agosto de 1992.
neste artigo, podendo cometer aos ocupan-
tes do cargo de Auditor-Fiscal do Trabalho Art. 15. (Revogado pela Medida Provisória nº
outras atribuições, desde que compatíveis 440, de 20/8/2008, convertida na Lei nº 11.890,
com atividades de auditoria e fiscalização. de 24/12/2008)

Art. 11-A. A verificação, pelo Auditor-Fiscal do § 1º (Revogado pela Lei nº 10.910, de


Trabalho, do cumprimento das normas que re- 15/7/2004)
gem o trabalho do empregado doméstico, no § 2º (Revogado pela Lei nº 10.910, de
âmbito do domicílio do empregador, depende- 15/7/2004)
rá de agendamento e de entendimento prévios
entre a fiscalização e o empregador. § 3º (Revogado pela Lei nº 10.910, de
15/7/2004)
§ 1º A fiscalização deverá ter natureza prio-
ritariamente orientadora. § 4º (Revogado pela Lei nº 10.910, de
15/7/2004)
§ 2º Será observado o critério de dupla vi-
sita para lavratura de auto de infração, sal- § 5º (Revogado pela Medida Provisória 359,
vo quando for constatada infração por falta de 16/3/2007, convertida na Lei nº 11.501,
de anotação na Carteira de Trabalho e Pre- de 11/7/12007)
vidência Social ou, ainda, na ocorrência de § 6º (Revogado pela Lei nº 10.910, de
reincidência, fraude, resistência ou embara- 15/7/2004)
ço à fiscalização.
Art. 16. (Revogado pela Lei nº 10.910, de
§ 3º Durante a inspeção do trabalho refe- 15/7/2004)
rida no caput, o Auditor-Fiscal do Trabalho
far-se-á acompanhar pelo empregador ou Art. 17. Os ocupantes dos cargos de Auditor-Fis-
por alguém de sua família por este designa- cal do Tesouro Nacional e de Técnico do Tesouro
do. (Artigo acrescido pela Lei Complemen- Nacional são transpostos, a partir de 1º de julho
tar nº 150, de 1/6/2015) de 1999, na forma dos Anexos V e VI.

REMUNERAÇÃO DAS CARREIRAS § 1º Os ocupantes dos cargos de Fiscal de


VIGENTE A PARTIR DE 30 DE JUNHO Contribuições Previdenciárias; Fiscal do Tra-
balho; Assistente Social, encarregados da
DE 1999 fiscalização do trabalho da mulher e do me-
Art. 12. Fica extinta a Retribuição Adicional Va- nor; Engenheiro, encarregados da fiscaliza-
riável de que trata o art. 5º da Lei nº 7.711, de ção da segurança no trabalho; e Médico do
22 de dezembro de 1988, devida aos ocupantes Trabalho, encarregados da fiscalização das
dos cargos da Carreira Auditoria do Tesouro Na- condições de salubridade do ambiente do
cional. trabalho, são transpostos, a partir de 1º de
agosto de 1999, na forma do Anexo V.
Art. 13. Os integrantes da Carreira Auditoria-
-Fiscal da Previdência Social e da Carreira Audi- § 2º Os ocupantes do cargo de Arquiteto,
toria-Fiscal do Trabalho não fazem jus à percep- encarregados da fiscalização da segurança
ção da Gratificação de Estímulo à Fiscalização e

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no trabalho, são transpostos, a partir de 1º DISPOSIÇÕES FINAIS
de setembro de 2001, na forma do Anexo V.
Art. 23. Ficam convalidados os atos praticados
§ 3º Constatada a redução de remuneração com base nas Medidas Provisórias nºs 2.175-29,
decorrente da transposição de que trata de 24 de agosto de 2001, e 46, de 25 de junho
este artigo, a diferença será paga a título de de 2002.
vantagem pessoal nominalmente identifica-
da, a ser absorvida por ocasião do desenvol- Art. 24. Esta Lei entra em vigor na data de sua
vimento na Carreira. publicação.
Art. 18. O ingresso nos cargos de Auditor-Fis- Art. 25. Ficam revogados o art. 5º da Lei nº
cal da Receita Federal, Auditor-Fiscal da Previ- 7.711, de 22 de dezembro de 1988, o parágra-
dência Social e Auditor-Fiscal do Trabalho dos fo único do art. 1º da Lei nº 8.448, de 21 de ju-
aprovados em concurso, cujo edital tenha sido lho de 1992, e nos termos do art. 2º da Emen-
publicado até 30 de junho de 1999, dar-se-á, ex- da Constitucional nº 32, de 11 de setembro de
cepcionalmente, na classe A, padrão V. 2001, a Medida Provisória nº 2.175-29, de 24 de
agosto de 2001.
Art. 19. Aplicam-se as disposições desta Lei a
aposentadorias e pensões. Senado Federal, em 6 de dezembro de 2002.
Parágrafo único. Constatada a redução de
proventos ou pensão decorrente da aplica-
ção do disposto nesta Lei, a diferença será DECRETO Nº 4.552,
paga a título de vantagem pessoal nominal- DE 27 DE DEZEMBRO DE 2002
mente identificada.
Art. 20. O regime jurídico das Carreiras a que Aprova o Regulamento da Inspeção do Trabalho.
se refere esta Lei é exclusivamente o da Lei nº
8.112, de 11 de dezembro de 1990. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atri-
buição que lhe confere o art. 84, inciso IV, e con-
Art. 20-A. O Poder Executivo regulamentará a siderando o disposto no art. 21, inciso XXIV, am-
forma de transferência de informações entre a bos da Constituição, na Lei nº 10.593, de 06 de
Secretaria da Receita Federal do Brasil e a Secre- dezembro de 2002, e na Convenção 81 da Or-
taria de Inspeção do Trabalho para o desenvol- ganização Internacional do Trabalho, aprovada
vimento coordenado das atribuições a que se pelo Decreto Legislativo nº 24, de 29 de maio de
referem os arts. 6º e 11 desta Lei. (Artigo acres- 1956, promulgada pelo Decreto nº 41.721, de
cido pela Lei nº 11.457, de 16/3/2007) 25 de junho de 1957, e revigorada pelo Decre-
to nº 95.461, de 11 de dezembro de 1987, bem
REMUNERAÇÃO DAS CARREIRAS como o disposto na Consolidação das Leis do
VIGENTE A PARTIR DE 1º DE JUNHO Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452,
DE 2002 de 1º de maio de 1943,

Art. 21. (Revogado pela Medida Provisória nº DECRETA:


440, de 20/8/2008, convertida na Lei nº 11.890, Art. 1º Fica aprovado o Regulamento da Inspe-
de 24/12/2008) ção do Trabalho, que a este Decreto acompa-
Art. 22. (Revogado pela Lei nº 10.910, de nha.
15/7/2004) Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data da
sua publicação.

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Art. 3º Revogam-se os Decretos nºs 55.841, de II – Auditores-Fiscais do Trabalho; (Redação


15 de março de 1965, 57.819, de 15 de fevereiro dada pelo Decreto nº 4.870, de 30.10.2003)
de 1966, 65.557, de 21 de outubro de 1969, e
97.995, de 26 de julho de 1989. III – Agentes de Higiene e Segurança do Tra-
balho, em funções auxiliares de inspeção do
Brasília, 27 de dezembro de 2002; 181º da Inde- trabalho.
pendência e 114º da República.
Art. 3º Os Auditores-Fiscais do Trabalho são su-
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO bordinados tecnicamente à autoridade nacional
competente em matéria de inspeção do traba-
Paulo Jobim Filho lho.
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. Art. 4º Para fins de inspeção, o território de cada
de 30.12.2002 unidade federativa será dividido em circunscri-
ções, e fixadas as correspondentes sedes.
Parágrafo único. As circunscrições que tive-
REGULAMENTO DA INSPEÇÃO DO rem dois ou mais Auditores-Fiscais do Tra-
TRABALHO balho poderão ser divididas em áreas de
inspeção delimitadas por critérios geográfi-
cos.
Art. 5º A distribuição dos Auditores-Fiscais do
CAPÍTULO I Trabalho pelas diferentes áreas de inspeção da
DA FINALIDADE mesma circunscrição obedecerá ao sistema de
rodízio, efetuado em sorteio público, vedada a
Art. 1º O Sistema Federal de Inspeção do Tra- recondução para a mesma área no período se-
balho, a cargo do Ministério do Trabalho e Em- guinte.
prego, tem por finalidade assegurar, em todo o
§ 1º Os Auditores-Fiscais do Trabalho per-
território nacional, a aplicação das disposições
manecerão nas diferentes áreas de inspe-
legais, incluindo as convenções internacionais
ção pelo prazo máximo de doze meses.
ratificadas, os atos e decisões das autoridades
competentes e as convenções, acordos e con- § 2º É facultado à autoridade de direção re-
tratos coletivos de trabalho, no que concerne à gional estabelecer programas especiais de
proteção dos trabalhadores no exercício da ati- fiscalização que contemplem critérios di-
vidade laboral. versos dos estabelecidos neste artigo, des-
de que aprovados pela autoridade nacional
competente em matéria de inspeção do tra-
balho.
CAPÍTULO II
DA ORGANIZAÇÃO Art. 6º Atendendo às peculiaridades ou circuns-
tâncias locais ou, ainda, a programas especiais
Art. 2º Compõem o Sistema Federal de Inspe- de fiscalização, poderá a autoridade nacional
ção do Trabalho: competente em matéria de inspeção do tra-
balho alterar os critérios fixados nos arts. 4º e
I – autoridades de direção nacional, regional 5º para estabelecer a fiscalização móvel, inde-
ou local: aquelas indicadas em leis, regula- pendentemente de circunscrição ou áreas de
mentos e demais atos atinentes à estrutura inspeção, definindo as normas para sua realiza-
administrativa do Ministério do Trabalho e ção. (Redação dada pelo Decreto nº 4.870, de
Emprego; 30.10.2003)

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Art 7º Compete às autoridades de direção do cais de trabalho, públicos ou privados, esten-
Sistema Federal de Inspeção do Trabalho: dendo-se aos profissionais liberais e instituições
sem fins lucrativos, bem como às embarcações
I – organizar, coordenar, avaliar e controlar estrangeiras em águas territoriais brasileiras.
as atividades de auditoria e as auxiliares da
inspeção do trabalho. Art. 10. Ao Auditor-Fiscal do Trabalho será for-
necida Carteira de Identidade Fiscal (CIF), que
II – elaborar planejamento estratégico das servirá como credencial privativa, com renova-
ações da inspeção do trabalho no âmbito de ção qüinqüenal.
sua competência;
§ 1º Além da credencial aludida no caput,
III – proferir decisões em processo adminis- será fornecida credencial transcrita na lín-
trativo resultante de ação de inspeção do gua inglesa ao Auditor-Fiscal do Trabalho,
trabalho; e que tenha por atribuição inspecionar em-
IV – receber denúncias e, quando for o caso, barcações de bandeira estrangeira.
formulá-las e encaminhá-las aos demais ór- § 2º A autoridade nacional competente em
gãos do poder público. matéria de inspeção do trabalho fará publi-
§ 1º As autoridades de direção local e re- car, no Diário Oficial da União, relação nomi-
gional poderão empreender e supervisionar nal dos portadores de Carteiras de Identida-
projetos consoante diretrizes emanadas da de Fiscal, com nome, número de matrícula
autoridade nacional competente em maté- e órgão de lotação.
ria de inspeção do trabalho. § 3º É proibida a outorga de identidade fis-
§ 2º Cabe à autoridade nacional competen- cal a quem não seja integrante da Carreira
te em matéria de inspeção do trabalho ela- Auditoria-Fiscal do Trabalho.
borar e divulgar os relatórios previstos em Art. 11. A credencial a que se refere o art. 10
convenções internacionais. deverá ser devolvida para inutilização, sob pena
Art. 8º O planejamento estratégico das ações de de responsabilidade administrativa, nos seguin-
inspeção do trabalho será elaborado pelos ór- tes casos:
gãos competentes, considerando as propostas I – posse em outro cargo público efetivo ina-
das respectivas unidades descentralizadas. cumulável;
§ 1º O planejamento de que trata este arti- II – posse em cargo comissionado de qua-
go consistirá na descrição das atividades a dro diverso do Ministério do Trabalho e Em-
serem desenvolvidas nas unidades descen- prego;
tralizadas, de acordo com as diretrizes fixa-
das pela autoridade nacional competente III – exoneração ou demissão do cargo de
em matéria de inspeção do trabalho. Auditor-Fiscal do Trabalho;
§ 2º (Revogado pelo Decreto nº 4.870, de IV – aposentadoria; ou
330.10.2003)
V – afastamento ou licenciamento por prazo
superior a seis meses.
Art. 12. A exibição da credencial é obrigatória no
CAPÍTULO III momento da inspeção, salvo quando o Auditor-
DA INSPEÇÃO -Fiscal do Trabalho julgar que tal identificação
prejudicará a eficácia da fiscalização, hipótese
Art. 9º A inspeção do trabalho será promovida em que deverá fazê-lo após a verificação física.
em todas as empresas, estabelecimentos e lo-

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Parágrafo único. O Auditor-Fiscal somen- a) os registros em Carteira de Trabalho e


te poderá exigir a exibição de documentos Previdência Social (CTPS), visando à redu-
após a apresentação da credencial. ção dos índices de informalidade;
Art. 13. O Auditor-Fiscal do Trabalho, munido de b) o recolhimento do Fundo de Garantia do
credencial, tem o direito de ingressar, livremen- Tempo de Serviço (FGTS), objetivando maxi-
te, sem prévio aviso e em qualquer dia e horá- mizar os índices de arrecadação;
rio, em todos os locais de trabalho mencionados
no art. 9º. c) o cumprimento de acordos, convenções e
contratos coletivos de trabalho celebrados
Art. 14. Os empregadores, tomadores e inter- entre empregados e empregadores; e
mediadores de serviços, empresas, instituições,
associações, órgãos e entidades de qualquer d) o cumprimento dos acordos, tratados e
natureza ou finalidade são sujeitos à inspeção convenções internacionais ratificados pelo
do trabalho e ficam, pessoalmente ou por seus Brasil;
prepostos ou representantes legais, obrigados II – ministrar orientações e dar informações
a franquear, aos Auditores-Fiscais do Trabalho, e conselhos técnicos aos trabalhadores e
o acesso aos estabelecimentos, respectivas de- às pessoas sujeitas à inspeção do trabalho,
pendências e locais de trabalho, bem como exi- atendidos os critérios administrativos de
bir os documentos e materiais solicitados para oportunidade e conveniência;
fins de inspeção do trabalho.
III – interrogar as pessoas sujeitas à inspe-
Art. 15. As inspeções, sempre que necessário, ção do trabalho, seus prepostos ou repre-
serão efetuadas de forma imprevista, cercadas sentantes legais, bem como trabalhadores,
de todas as cautelas, na época e horários mais sobre qualquer matéria relativa à aplicação
apropriados a sua eficácia. das disposições legais e exigir-lhes docu-
Art. 16. As determinações para o cumprimento mento de identificação;
de ação fiscal deverão ser comunicadas por es- IV – expedir notificação para apresentação
crito, por meio de ordens de serviço. de documentos;
Parágrafo único. As ordens de serviço po- V – examinar e extrair dados e cópias de
derão prever a realização de inspeções por livros, arquivos e outros documentos, que
grupos de Auditores-Fiscais do Trabalho. entenda necessários ao exercício de suas
Art. 17. Os órgãos da administração pública di- atribuições legais, inclusive quando manti-
reta ou indireta e as empresas concessionárias dos em meio magnético ou eletrônico;
ou permissionárias de serviços públicos ficam VI – proceder a levantamento e notificação
obrigadas a proporcionar efetiva cooperação de débitos;
aos Auditores-Fiscais do Trabalho.
VII – apreender, mediante termo, materiais,
Art. 18. Compete aos Auditores-Fiscais do Tra- livros, papéis, arquivos e documentos, in-
balho, em todo o território nacional: clusive quando mantidos em meio magnéti-
I – verificar o cumprimento das disposições co ou eletrônico, que constituam prova ma-
legais e regulamentares, inclusive as rela- terial de infração, ou, ainda, para exame ou
cionadas à segurança e à saúde no trabalho, instrução de processos;
no âmbito das relações de trabalho e de VIII – inspecionar os locais de trabalho, o
emprego, em especial: funcionamento de máquinas e a utilização
de equipamentos e instalações;

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IX – averiguar e analisar situações com ris- XVII – lavrar termo de compromisso decor-
co potencial de gerar doenças ocupacionais rente de procedimento especial de inspe-
e acidentes do trabalho, determinando as ção;
medidas preventivas necessárias;
XVIII – lavrar autos de infração por inobser-
X – notificar as pessoas sujeitas à inspeção vância de disposições legais;
do trabalho para o cumprimento de obriga-
ções ou a correção de irregularidades e ado- XIX – analisar processos administrativos de
ção de medidas que eliminem os riscos para auto de infração, notificações de débitos ou
a saúde e segurança dos trabalhadores, nas outros que lhes forem distribuídos;
instalações ou métodos de trabalho; XX – devolver, devidamente informados os
XI – quando constatado grave e iminente processos e demais documentos que lhes
risco para a saúde ou segurança dos traba- forem distribuídos, nos prazos e formas pre-
lhadores, expedir a notificação a que se re- vistos em instruções expedidas pela autori-
fere o inciso X deste artigo, determinando a dade nacional competente em matéria de
adoção de medidas de imediata aplicação; inspeção do trabalho;

XII – coletar materiais e substâncias nos lo- XXI – elaborar relatórios de suas atividades,
cais de trabalho para fins de análise, bem nos prazos e formas previstos em instruções
como apreender equipamentos e outros expedidas pela autoridade nacional compe-
itens relacionados com a segurança e saúde tente em matéria de inspeção do trabalho;
no trabalho, lavrando o respectivo termo de XXII – levar ao conhecimento da autoridade
apreensão; competente, por escrito, as deficiências ou
XIII – propor a interdição de estabeleci- abusos que não estejam especificamente
mento, setor de serviço, máquina ou equi- compreendidos nas disposições legais;
pamento, ou o embargo de obra, total ou XXIII – atuar em conformidade com as prio-
parcial, quando constatar situação de grave ridades estabelecidas pelos planejamentos
e iminente risco à saúde ou à integridade nacional e regional, nas respectivas áreas
física do trabalhador, por meio de emissão de especialização;
de laudo técnico que indique a situação de
risco verificada e especifique as medidas XXIII – atuar em conformidade com as prio-
corretivas que deverão ser adotadas pelas ridades estabelecidas pelos planejamentos
pessoas sujeitas à inspeção do trabalho, co- nacional e regional. (Redação dada pelo De-
municando o fato de imediato à autoridade creto nº 4.870, de 30.10.2003)
competente;
§ 1º (Revogado pelo Decreto nº 4.870, de
XIV – analisar e investigar as causas dos aci- 330.10.2003)
dentes do trabalho e das doenças ocupacio-
§ 2º Aos Auditores-Fiscais do Trabalho se-
nais, bem como as situações com potencial
rão ministrados regularmente cursos neces-
para gerar tais eventos;
sários à sua formação, aperfeiçoamento e
XV – realizar auditorias e perícias e emitir especialização, observadas as peculiarida-
laudos, pareceres e relatórios; (Redação des regionais, conforme instruções do Mi-
dada pelo Decreto nº 4.870, de 30.10.2003) nistério do Trabalho e Emprego, expedidas
pela autoridade nacional competente em
XVI – solicitar, quando necessário ao de- matéria de inspeção do trabalho.
sempenho de suas funções, o auxílio da au-
toridade policial; Art. 19. É vedado às autoridades de direção do
Ministério do Trabalho e Emprego:

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I – conferir aos Auditores-Fiscais do Traba- observarão o critério da dupla visita nos seguin-
lho encargos ou funções diversas das que tes casos:
lhes são próprias, salvo se para o desem-
penho de cargos de direção, de funções de I – quando ocorrer promulgação ou expedi-
chefia ou de assessoramento; ção de novas leis, regulamentos ou instru-
ções ministeriais, sendo que, com relação
II – interferir no exercício das funções de exclusivamente a esses atos, será feita ape-
inspeção do trabalho ou prejudicar, de qual- nas a instrução dos responsáveis;
quer maneira, sua imparcialidade ou a auto-
ridade do Auditor-Fiscal do Trabalho; e II – quando se tratar de primeira inspeção
nos estabelecimentos ou locais de trabalho
III – conferir qualquer atribuição de inspe- recentemente inaugurados ou empreendi-
ção do trabalho a servidor que não perten- dos;
ça ao Sistema Federal de Inspeção do Tra-
balho. III – quando se tratar de estabelecimento
ou local de trabalho com até dez trabalha-
Art. 20. A obrigação do Auditor-Fiscal do Traba- dores, salvo quando for constatada infração
lho de inspecionar os estabelecimentos e locais por falta de registro de empregado ou de
de trabalho situados na área de inspeção que anotação da CTPS, bem como na ocorrência
lhe compete, em virtude do rodízio de que trata de reincidência, fraude, resistência ou em-
o art. 6º, § 1º, não o exime do dever de, sempre baraço à fiscalização; e
que verificar, em qualquer estabelecimento, a
existência de violação a disposições legais, co- IV – quando se tratar de microempresa e
municar o fato, imediatamente, à autoridade empresa de pequeno porte, na forma da lei
competente. específica.

Parágrafo único. Nos casos de grave e imi- § 1º A autuação pelas infrações não depen-
nente risco à saúde e segurança dos tra- derá da dupla visita após o decurso do prazo
balhadores, o Auditor-Fiscal do Trabalho de noventa dias da vigência das disposições
atuará independentemente de sua área de a que se refere o inciso I ou do efetivo fun-
inspeção. cionamento do novo estabelecimento ou
local de trabalho a que se refere o inciso II.
Art. 21. Caberá ao órgão regional do Ministério
do Trabalho e Emprego promover a investigação § 2º Após obedecido o disposto no inciso III,
das causas de acidentes ou doenças relaciona- não será mais observado o critério de dupla
das ao trabalho, determinando as medidas de visita em relação ao dispositivo infringido.
proteção necessárias. § 3º A dupla visita será formalizada em no-
Art. 22. O Auditor-Fiscal do Trabalho poderá so- tificação, que fixará prazo para a visita se-
licitar o concurso de especialistas e técnicos de- guinte, na forma das instruções expedidas
vidamente qualificados, assim como recorrer a pela autoridade nacional competente em
laboratórios técnico-científicos governamentais matéria de inspeção do trabalho.
ou credenciados, a fim de assegurar a aplicação Art. 24. A toda verificação em que o Auditor-Fis-
das disposições legais e regulamentares relati- cal do Trabalho concluir pela existência de vio-
vas à segurança e saúde no trabalho. lação de preceito legal deve corresponder, sob
Art. 23. Os Auditores-Fiscais do Trabalho têm o pena de responsabilidade, a lavratura de auto
dever de orientar e advertir as pessoas sujeitas de infração, ressalvado o disposto no art. 23 e
à inspeção do trabalho e os trabalhadores quan- na hipótese de instauração de procedimento es-
to ao cumprimento da legislação trabalhista, e pecial de fiscalização.

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Parágrafo único. O auto de infração não § 1º O procedimento especial para a ação
terá seu valor probante condicionado à assi- fiscal iniciará com a notificação, pela chefia
natura do infrator ou de testemunhas e será da fiscalização, para comparecimento das
lavrado no local da inspeção, salvo havendo pessoas sujeitas à inspeção do trabalho, à
motivo justificado que será declarado no sede da unidade descentralizada do Minis-
próprio auto, quando então deverá ser la- tério do Trabalho e Emprego.
vrado no prazo de vinte e quatro horas, sob
pena de responsabilidade. § 2º A notificação deverá explicitar os moti-
vos ensejadores da instauração do procedi-
Art. 25. As notificações de débitos e outras de- mento especial.
correntes da ação fiscal poderão ser lavradas, a
critério do Auditor-Fiscal do Trabalho, no local § 3º O procedimento especial para a ação
que oferecer melhores condições. fiscal destinado à prevenção ou saneamen-
to de infrações à legislação poderá resultar
Art. 26. Aqueles que violarem as disposições le- na lavratura de termo de compromisso que
gais ou regulamentares, objeto da inspeção do estipule as obrigações assumidas pelo com-
trabalho, ou se mostrarem negligentes na sua promissado e os prazos para seu cumpri-
aplicação, deixando de atender às advertências, mento.
notificações ou sanções da autoridade compe-
tente, poderão sofrer reiterada ação fiscal. § 4º Durante o prazo fixado no termo, o
compromissado poderá ser fiscalizado para
Parágrafo único. O reiterado descumpri- verificação de seu cumprimento, sem preju-
mento das disposições legais, comprovado ízo da ação fiscal em atributos não contem-
mediante relatório emitido pelo Auditor- plados no referido termo.
-Fiscal do Trabalho, ensejará por parte da
autoridade regional a denúncia do fato, de § 5º Quando o procedimento especial
imediato, ao Ministério Público do Trabalho. para a ação fiscal for frustrado pelo não-
-atendimento da convocação, pela recusa
de firmar termo de compromisso ou pelo
descumprimento de qualquer cláusula com-
CAPÍTULO IV promissada, serão lavrados, de imediato, os
respectivos autos de infração, e poderá ser
DO PROCEDIMENTO ESPECIAL
encaminhando relatório circunstanciado ao
PARA A AÇÃO FISCAL Ministério Público do Trabalho.
Art. 27. Considera-se procedimento especial § 6º Não se aplica o procedimento especial
para a ação fiscal aquele que objetiva a orienta- de saneamento às situações de grave e imi-
ção sobre o cumprimento das leis de proteção nente risco à saúde ou à integridade física
ao trabalho, bem como a prevenção e o sanea- do trabalhador.
mento de infrações à legislação.
Art. 29. A chefia de fiscalização poderá, na for-
Art. 28. O procedimento especial para a ação ma de instruções expedidas pela autoridade
fiscal poderá ser instaurado pelo Auditor-Fiscal nacional competente em matéria de inspeção
do Trabalho quando concluir pela ocorrência do trabalho, instaurar o procedimento especial
de motivo grave ou relevante que impossibilite sempre que identificar a ocorrência de:
ou dificulte o cumprimento da legislação traba-
lhista por pessoas ou setor econômico sujeito à I – motivo grave ou relevante que impossi-
inspeção do trabalho, com a anuência da chefia bilite ou dificulte o cumprimento da legis-
imediata. lação trabalhista pelo tomador ou interme-
diador de serviços;

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II – situação reiteradamente irregular em II – levantamento de dados para fins de cál-


setor econômico. culo dos coeficientes de freqüência e gravi-
dade dos acidentes;
Parágrafo único. Quando houver ação fiscal
em andamento, o procedimento especial de III – avaliação qualitativa ou quantitativa de
fiscalização deverá observar as instruções riscos ambientais;
expedidas pela autoridade nacional compe-
tente em matéria de inspeção do trabalho. IV – levantamento e análise das condições
de risco nas pessoas sujeitas à inspeção do
Art. 30. Poderão ser estabelecidos procedimen- trabalho;
tos de fiscalização indireta, mista, ou outras que
venham a ser definidas em instruções expedi- V – auxílio à realização de perícias técnicas
das pela autoridade nacional competente em para caracterização de insalubridade ou de
matéria de inspeção do trabalho. periculosidade;

§ 1º Considera-se fiscalização indireta aque- VI – comunicação, de imediato e por escri-


la realizada por meio de sistema de notifica- to, à autoridade competente de qualquer si-
ções para apresentação de documentos nas tuação de risco grave e iminente à saúde ou
unidades descentralizadas do Ministério do à integridade física dos trabalhadores;
Trabalho e Emprego. VII – participação em estudos e análises so-
§ 2º Poderá ser adotada fiscalização indire- bre as causas de acidentes do trabalho e de
ta: doenças profissionais;

I – na execução de programa especial para a VIII – colaboração na elaboração de reco-


ação fiscal; ou mendações sobre segurança e saúde no tra-
balho;
II – quando o objeto da fiscalização não im-
portar necessariamente em inspeção no lo- IX – acompanhamento das ações de preven-
cal de trabalho. ção desenvolvidas pela unidade descentrali-
zada do Ministério do Trabalho e Emprego;
§ 3º Considera-se fiscalização mista aquela
iniciada com a visita ao local de trabalho e X – orientação às pessoas sujeitas à inspe-
desenvolvida mediante notificação para ção do trabalho sobre instalação e funciona-
apresentação de documentos nas unidades mento das Comissões Internas de Preven-
descentralizadas do Ministério do Trabalho ção de Acidentes (CIPA) e dimensionamento
e Emprego. dos Serviços Especializados em Engenharia
de Segurança e em Medicina do Trabalho
(SESMT);
XI – prestação de assistência às CIPA;
CAPÍTULO V
DAS ATIVIDADES AUXILIARES À XII – participação nas reuniões das CIPA das
pessoas sujeitas à inspeção do trabalho,
INSPEÇÃO DO TRABALHO
como representantes da unidade descen-
Art. 31. São atividades auxiliares de apoio ope- tralizada do Ministério do Trabalho e Em-
racional à inspeção do trabalho, a cargo dos prego;
Agentes de Higiene e Segurança do Trabalho: XIII – devolução dos processos e demais do-
I – levantamento técnico das condições de cumentos que lhes forem distribuídos, de-
segurança nos locais de trabalho, com vistas vidamente informados, nos prazos assinala-
à investigação de acidentes do trabalho; dos;

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XIV – elaboração de relatório mensal de território nacional em conformidade com o dis-
suas atividades, nas condições e nos prazos posto no art. 630, § 5º, da Consolidação das Leis
fixados pela autoridade nacional em maté- do Trabalho (CLT), mediante a apresentação da
ria de inspeção do trabalho; e Carteira de Identidade Fiscal.
XV – prestação de informações e orien- Parágrafo único. O passe livre a que se refe-
tações em plantões fiscais na área de sua re este artigo abrange a travessia realizada
competência. em veículos de transporte aquaviário.
§ 1º As atividades externas de que trata Art. 35. É vedado aos Auditores-Fiscais do Tra-
este artigo somente poderão ser exercidas balho e aos Agentes de Higiene e Segurança do
mediante ordem de serviço expedida pela Trabalho:
chefia de fiscalização.
I – revelar, sob pena de responsabilidade,
§ 2º Para o desempenho das atribuições mesmo na hipótese de afastamento do car-
previstas neste artigo, será fornecida aos go, os segredos de fabricação ou comércio,
Agentes de Higiene e Segurança do Traba- bem como os processos de exploração de
lho credencial específica que lhes possibilite que tenham tido conhecimento no exercício
o livre acesso aos estabelecimentos e locais de suas funções;
de trabalho.
II – revelar informações obtidas em decor-
Art. 32. Aos Agentes de Higiene e Segurança do rência do exercício das suas competências;
Trabalho poderão ser ministrados cursos ne-
cessários à sua formação, aperfeiçoamento e III – revelar as fontes de informações, recla-
especialização, conforme instruções a serem ex- mações ou denúncias; e
pedidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, IV – inspecionar os locais em que tenham
expedidas pela autoridade nacional competen- qualquer interesse direto ou indireto, caso
te em matéria de inspeção do trabalho. em que deverão declarar o impedimento.
Parágrafo único. Os Auditores Fiscais do
Trabalho e os Agentes de Higiene e Segu-
CAPÍTULO VI rança do Trabalho responderão civil, penal
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS e administrativamente pela infração ao dis-
posto neste artigo.
Art. 33. Os Auditores-Fiscais do Trabalho pode-
Art. 36. Configura falta grave o fornecimento
rão participar de atividades de coordenação,
ou a requisição de Carteira de Identidade Fiscal
planejamento, análise de processos e de desen-
para qualquer pessoa não integrante do Sistema
volvimento de programas especiais e de outras
Federal de Inspeção do Trabalho.
atividades internas e externas relacionadas com
a inspeção do trabalho, na forma das instruções Parágrafo único. É considerado igualmente
expedidas pela autoridade nacional competen- falta grave o uso da Carteira de Identidade
te em matéria de inspeção do trabalho. Fiscal para fins outros que não os da fisca-
lização.
Art. 34. As empresas de transportes de qual-
quer natureza, inclusive as exploradas pela Art. 37. Em toda unidade descentralizada do
União, Distrito Federal, Estados e Municípios, Ministério do Trabalho e Emprego em que hou-
bem como as concessionárias de rodovias que ver Auditores-Fiscais do Trabalho deverá ser
cobram pedágio para o trânsito concederão pas- reservada uma sala para o uso exclusivo desses
se livre aos Auditores-Fiscais do Trabalho e aos servidores.
Agentes de Higiene e Segurança do Trabalho, no

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Art. 38. A autoridade nacional competente em que forem expedidas pelo Ministro do Tra-
matéria de inspeção do trabalho expedirá as balho, Indústria e Comércio.
instruções necessárias à execução deste Regula-
mento. Art. 627. A fim de promover a instrução dos res-
ponsáveis no cumprimento das leis de proteção
A fiscalização do trabalho na aplicação dos di- do trabalho, a fiscalização deverá observar o cri-
reitos fundamentais dos trabalhadores desem- tério de dupla visita nos seguintes casos:
penha as seguintes funções:
a) quando ocorrer promulgação ou expedi-
1) Preventiva ção de novas leis, regulamentos ou instru-
ções ministeriais, sendo que, com relação
2) Pedagógica exclusivamente a esses atos, será feita ape-
3) Atuação de ofício nas a instrução dos responsáveis;
b) em se realizando a primeira inspeção dos
estabelecimentos ou dos locais de trabalho,
recentemente inaugurados ou empreendi-
DA FISCALIZAÇÃO E PROTEÇÃO
dos.
ADMINISTRATIVA AOS
TRABALHADORES Art. 627-A. Poderá ser instaurado procedimento
especial para a ação fiscal, objetivando a orien-
tação sobre o cumprimento das leis de proteção
CONSOLIDAÇÃO DAS ao trabalho, bem como a prevenção e o sanea-
LEIS DO TRABALHO mento de infrações à legislação mediante Termo
de Compromisso, na forma a ser disciplinada no
Regulamento da Inspeção do Trabalho. (Artigo
acrescido pela Medida Provisória nº 2.164-41,
TÍTULO VII de 24/8/2001)
Do Processo de Multas Administrativas Art. 628. Salvo o disposto nos arts. 627 e 627-
A, a toda verificação em que o Auditor-Fiscal do
Trabalho concluir pela existência de violação de
preceito legal deve corresponder, sob pena de
CAPÍTULO I responsabilidade administrativa, a lavratura de
DA FISCALIZAÇÃO, DA AUTUAÇÃO E auto de infração. (“Caput” do artigo com reda-
DA IMPOSIÇÃO DE MULTAS ção dada pela Medida Provisória nº 2.164-41,
de 24/8/2001)
Art. 626. Incumbe às autoridades competentes § 1º Ficam as empresas obrigadas a possuir
do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, o livro intitulado "Inspeção do Trabalho",
ou àquelas que exerçam funções delegadas, a cujo modelo será aprovado por portaria mi-
fiscalização do fiel cumprimento das normas de nisterial. (Parágrafo acrescido pelo Decreto-
proteção ao trabalho. -Lei nº 229, de 28/2/1967)
Parágrafo único. Os fiscais dos Institutos de § 2º Nesse livro, registrará o agente da ins-
Seguro Social e das entidades paraestatais peção sua vista ao estabelecimento, decla-
em geral, dependentes do Ministério do rando a data e a hora do início e término da
Trabalho, Indústria e Comércio, serão com- mesma, bem como o resultado da inspeção,
petentes para a fiscalização a que se refere nele consignando, se for o caso, todas as
o presente artigo, na forma das instruções irregularidades verificadas e as exigências
feitas, com os respectivos prazos para seu

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atendimento, e, ainda, de modo legível, os recebimento do auto. (Parágrafo com re-
elementos de sua identificação funcional. dação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de
(Parágrafo acrescido pelo Decreto-Lei nº 28/2/1967)
229, de 28/2/1967)
§ 4º O auto de infração será registrado com
§ 3º Comprovada a má-fé do agente da ins- a indicação sumária de seus elementos ca-
peção, quanto à omissão ou lançamento de racterísticos, em livro próprio que deverá
qualquer elemento no livro, responderá ele existir em cada órgão fiscalizador, de modo
por falta grave no cumprimento do dever, fi- a assegurar o controle do seu processamen-
cando passível, desde logo, da pena de sus- to. (Parágrafo acrescido pelo Decreto-Lei nº
pensão até 30 (trinta) dias, instaurando-se, 229, de 28/2/1967)
obrigatoriamente, em caso de reincidência,
inquérito administrativo. (Parágrafo acresci- Art. 630. Nenhum agente da inspeção poderá
do pelo Decreto-Lei nº 229, de 28/2/1967) exercer as atribuições do seu cargo sem exibir
a carteira de identidade fiscal, devidamente au-
§ 4º A lavratura de autos contra empresas tenticada fornecida pela autoridade competen-
fictícias e de endereços inexistentes, assim te. (“Caput” do artigo com redação dada pelo
como a apresentação de falsos relatórios, Decreto-Lei nº 229, de 28/2/1967)
constituem falta grave, punível na forma do
§ 3º. (Parágrafo acrescido pelo Decreto-Lei § 1º É proibida a outorga de identidade fis-
nº 229, de 28/2/1967) cal a quem não esteja autorizado, em razão
do cargo ou função, a exercer ou praticar,
Art. 629. O auto de infração será lavrado em no âmbito da legislação trabalhista, atos de
duplicata, nos termos dos modelos e instruções fiscalização. (Parágrafo acrescido pelo De-
expedidos, sendo uma via entregue ao infrator, creto-Lei nº 229, de 28/2/1967)
contra recibo, ou ao mesmo enviada, dentro de
10 (dez) dias da lavratura, sob pena de respon- § 2º A credencial a que se refere este arti-
sabilidade, em registro postal, com franquia e go deverá ser devolvida para inutilização,
recibo de volta. (“Caput” do artigo com redação sob as penas da lei, em casos de provimen-
dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28/2/1967) to em outro cargo público, exoneração ou
demissão, bem como nos de licenciamento
§ 1º O auto não terá o seu valor probante por prazo superior a 60 (sessenta) dias e de
condicionado a assinatura do infrator ou suspensão do exercício do cargo. (Parágra-
de testemunhas, e será lavrado no local da fo acrescido pelo Decreto-Lei nº 229, de
inspeção, salvo havendo motivo justificado 28/2/1967)
que será declarado no próprio auto, quan-
do então deverá ser lavrado no prazo de 24 § 3º O agente da inspeção terá livre aces-
(vinte e quatro) horas, sob pena de respon- so a todas as dependências dos estabele-
sabilidade. (Parágrafo com redação dada cimentos sujeitos ao regime da legislação,
pelo Decreto-Lei nº 229, de 28/2/1967) sendo as empresas, por seus dirigentes ou
prepostos, obrigadas a prestar-lhes os es-
§ 2º Lavrado o auto de infração, não poderá clarecimentos necessários ao desempenho
ele ser inutilizado, nem sustado o curso do de suas atribuições legais e a exibir-lhes,
respectivo processo, devendo o agente da quando exigidos, quaisquer documentos
inspeção apresentá-lo à autoridade compe- que digam respeito ao fiel cumprimento
tente, mesmo se incidir em erro. (Parágrafo das normas de proteção ao trabalho. (Pará-
com redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, grafo acrescido pelo Decreto-Lei nº 229, de
de 28/2/1967) 28/2/1967)
§ 3º O infrator terá, para apresentar de- § 4º Os documentos sujeitos à inspeção de-
fesa, o prazo de 10 (dez) dias contados do verão permanecer, sob as penas da lei nos

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locais de trabalho, somente se admitindo, Art. 632. Poderá o autuado requerer a audiên-
por exceção, a critério da autoridade com- cia de testemunhas e as diligências que lhe pa-
petente, sejam os mesmos apresentados recerem necessárias à elucidação do processo,
em dia e hora previamente fixados pelo cabendo, porém, à autoridade, julgar da neces-
agente da inspeção. (Parágrafo acrescido sidade de tais provas.
pelo Decreto-Lei nº 229, de 28/2/1967)
Art. 633. Os prazos para defesa ou recurso po-
§ 5º No território do exercício de sua fun- derão ser prorrogados de acordo com despacho
ção, o agente da inspeção gozará de passe expresso da autoridade competente, quando o
livre nas empresas de transportes, públi- autuado residir em localidade diversa daquela
cas ou privadas, mediante a apresentação onde se achar essa autoridade.
da carteira de identidade fiscal. (Parágra-
fo acrescido pelo Decreto-Lei nº 229, de Art. 634. Na falta de disposição especial, a im-
28/2/1967) posição das multas incumbe às autoridades re-
gionais competentes em matéria de trabalho,
§ 6º A inobservância do disposto nos §§ 3º, na forma estabelecida por este Título.
4º e 5º configurará resistência ou embaraço
à fiscalização e justificará a lavratura do res- Parágrafo único. A aplicação da multa não
pectivo auto de infração, cominada a multa eximirá o infrator da responsabilidade em
de valor igual a ½ salário mínimo regional que incorrer por infração das leis penais.
até 5 (cinco) vezes esse salário, levando-se
em conta, além das circunstâncias atenuan-
tes ou agravantes, a situação econômico-fi-
CAPÍTULO II
nanceira do infrator e os meios a seu alcan-
ce para cumprir a lei. (Parágrafo acrescido DOS RECURSOS
pelo Decreto-Lei nº 229, de 28/2/1967)
Art. 635. De toda decisão que impuser multa
§ 7º Para o efeito do disposto no § 5º, a au- por infração das leis e disposições reguladoras
toridade competente divulgará em janeiro e do trabalho, e não havendo forma especial de
julho, de cada ano, a relação dos agentes da processo, caberá recurso para Diretor-Geral do
inspeção titulares da carteira de identidade Departamento ou Serviço do Ministério do Tra-
fiscal. (Parágrafo acrescido pelo Decreto-Lei balho e Previdência Social que for competente
nº 229, de 28/2/1967) na matéria. (“Caput” do artigo com redação
dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28/2/1967)
§ 8º As autoridades policiais, quando so-
licitadas, deverão prestar aos agentes da Parágrafo único. As decisões serão sempre
inspeção a assistência de que necessitarem fundamentadas. (Parágrafo único acrescido
para o fiel cumprimento de suas atribuições pelo Decreto-Lei nº 229, de 28/2/1967)
legais. (Parágrafo acrescido pelo Decreto-
Art. 636. Os recursos devem ser interpostos no
-Lei nº 229, de 28/2/1967)
prazo de 10 (dez) dias, contados do recebimen-
Art. 631. Qualquer funcionário público federal, to da notificação, perante autoridade que hou-
estadual ou municipal, ou representante legal ver imposto a multa, a qual, depois de os infor-
de associação sindical, poderá comunicar à au- mar, encaminhá-los-á à autoridade de instância
toridade competente do Ministério do Trabalho, superior. (“Caput” do artigo com redação dada
Indústria e Comércio as infrações que verificar. pelo Decreto-Lei nº 229, de 28/2/1967)

Parágrafo único. De posse dessa comuni- § 1º (Parágrafo acrescido pelo Decreto-Lei


cação, a autoridade competente procederá nº 229, de 28/2/1967) (Parágrafo declarado
desde logo às necessárias diligências, la- não recepcionado pela Constituição Federal
vrando os autos de que haja mister. de 1988, em controle concentrado, pelo Su-

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premo Tribunal Federal, pela ADPF nº 156, art. 635, deverão as autoridades prolatoras re-
publicada no DOU de 23/2/2012) correr de ofício para a autoridade competente
de instância superior. (Artigo com redação dada
§ 2º A notificação somente será realiza- pelo Decreto-Lei nº 229, de 28/2/1967)
da por meio de edital, publicado no órgão
oficial, quando o infrator estiver em lugar Art. 638. Ao Ministro do Trabalho, Indústria e
incerto e não sabido. (Parágrafo acrescido Comércio é facultado avocar ao seu exame e de-
pelo Decreto-Lei nº 229, de 28/2/1967) cisão, dentro de 90 (noventa) dias do despacho
final do assunto, ou no curso do processo, as
§ 3º A notificação de que trata este artigo questões referentes à fiscalização dos preceitos
fixará igualmente o prazo de 10 (dez) dias estabelecidos nesta Consolidação.
para que o infrator recolha o valor da mul-
ta, sob pena de cobrança executiva. (Pará-
grafo acrescido pelo Decreto-Lei nº 229, de
28/2/1967) CAPÍTULO III
§ 4º As guias de depósito ou recolhimento DO DEPÓSITO, DA INSCRIÇÃO
serão emitidas em 3 (três) vias e o recolhi- E DA COBRANÇA
mento da multa deverá proceder-se den-
tro de 5 (cinco) dias às repartições federais Art. 639. Não sendo provido o recurso, o depó-
competentes, que escriturarão a receita a sito se converterá em pagamento.
crédito do Ministério do Trabalho e Previ-
Art. 640. É facultado às Delegacias Regionais
dência Social. (Parágrafo acrescido pelo De-
do Trabalho, na conformidade de instruções
creto-Lei nº 229, de 28/2/1967)
expedidas pelo Ministro de Estado, promover a
§ 5º A segunda via da guia do recolhimen- cobrança amigável das multas antes do encami-
to será devolvida pelo infrator à repartição nhamento dos processos à cobrança executiva.
que a emitiu, até o sexto dia depois de sua (Artigo com redação dada pelo Decreto-Lei nº
expedição, para a averbação no processo. 229, de 28/2/1967)
(Parágrafo acrescido pelo Decreto-Lei nº
Art. 641. Não comparecendo o infrator, ou não
229, de 28/2/1967)
depositando a importância da multa ou penali-
§ 6º A multa será reduzida de 50% (cinqüen- dade, far-se-á a competente inscrição em livro
ta por cento) se o infrator, renunciando especial, existente nas repartições das quais se
ao recurso a recolher ao Tesouro Nacional tiver originado a multa ou penalidade, ou de
dentro do prazo de 10 (dez) dias, contados onde tenha provindo a reclamação que a de-
do recebimento da notificação ou da publi- terminou, sendo extraída cópia autêntica dessa
cação do edital. (Parágrafo acrescido pelo inscrição e enviada às autoridades competentes
Decreto-Lei nº 229, de 28/2/1967) para a respectiva cobrança judicial, valendo tal
instrumento como título de dívida líquida e cer-
§ 7º Para a expedição da guia, no caso do ta.
§ 6º, deverá o infrator juntar a notificação
com a prova da data do seu recebimento, Art. 642. A cobrança judicial das multas impos-
ou a folha do órgão oficial que publicou o tas pelas autoridades administrativas do traba-
edital. (Parágrafo acrescido pelo Decreto- lho obedecerá ao disposto na legislação aplicá-
-Lei nº 229, de 28/2/1967) vel à cobrança da dívida ativa da União, sendo
promovida, no Distrito Federal e nas capitais
Art. 637. De todas as decisões que proferirem dos Estados em que funcionarem Tribunais Re-
em processos de infração das leis de proteção gionais do Trabalho, pela Procuradoria da Justi-
ao trabalho e que impliquem arquivamento des- ça do Trabalho, e, nas demais localidades, pelo
tes, observado o disposto no parágrafo único do Ministério Público Estadual e do Território do

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Acre, nos termos do Decreto-Lei nº 960, de 17 do trabalho em todo o território nacional,


de dezembro de 1938. inclusive a Campanha Nacional de Preven-
ção de Acidentes do Trabalho;
Parágrafo único. No Estado de São Paulo a
cobrança continuará a cargo da Procurado- III – conhecer, em última instância, dos re-
ria do Departamento Estadual do Trabalho, cursos, voluntários ou de ofício, das deci-
na forma do convênio em vigor. sões proferidas pelos Delegados Regionais
do Trabalho, em matéria de segurança e
medicina do trabalho. (Artigo com redação
dada pela Lei nº 6.514, de 22/12/1977)
DA SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
Art. 156. Compete especialmente às Delegacias
Regionais do Trabalho, nos limites de sua juris-
CONSOLIDAÇÃO DAS dição:
LEIS DO TRABALHO I – promover a fiscalização do cumprimen-
to das normas de segurança e medicina do
trabalho;
CAPÍTULO V II – adotar as medidas que se tornem exigí-
DA SEGURANÇA E DA veis, em virtude das disposições deste Capí-
MEDICINA DO TRABALHO tulo, determinando as obras e reparos que,
em qualquer local de trabalho, se façam ne-
(Capítulo com redação dada pela
cessárias;
Lei nº 6.514, de 22/12/1977)
III – impor as penalidades cabíveis por des-
Seção I cumprimento das normas constantes des-
DISPOSIÇÕES GERAIS te Capítulo, nos termos do art. 201. (Arti-
go com redação dada pela Lei nº 6.514, de
Art. 154. A observância, em todos os locais de 22/12/1977)
trabalho, do disposto neste Capítulo, não deso-
briga as empresas do cumprimento de outras Art. 157. Cabe às empresas:
disposições que, com relação à matéria, sejam
I – cumprir e fazer cumprir as normas de se-
acrescidas em códigos de obras ou regulamen-
gurança e medicina do trabalho;
tos sanitários dos Estados ou Municípios em
que se situem os respectivos estabelecimentos, II – instruir os empregados, através de or-
bem como daquelas oriundas de convenções dens de serviço, quanto às precauções a to-
coletivas de trabalho. (Artigo com redação dada mar no sentido de evitar acidentes do tra-
pela Lei nº 6.514, de 22/12/1977) balho ou doenças ocupacionais;
Art. 155. Incumbe ao órgão de âmbito nacional III – adotar as medidas que lhes sejam de-
competente em matéria de segurança e medici- terminadas pelo órgão regional competen-
na do trabalho: te;
I – estabelecer, nos limites de sua compe- IV – facilitar o exercício da fiscalização pela
tência, normas sobre a aplicação dos pre- autoridade competente. (Artigo com reda-
ceitos deste Capítulo, especialmente os re- ção dada pela Lei nº 6.514, de 22/12/1977)
feridos no art. 200;
Art. 158. Cabe aos empregados:
II – coordenar, orientar, controlar e supervi-
sionar a fiscalização e as demais atividades
relacionadas com a segurança e a medicina

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I – observar as normas de segurança e me- que demonstre grave e iminente risco para o
dicina do trabalho, inclusive as instruções trabalhador, poderá interditar estabelecimento,
de que trata o item II do artigo anterior; setor de serviço, máquina ou equipamento, ou
embargar obra, indicando na decisão, tomada
II – colaborar com a empresa na aplicação com a brevidade que a ocorrência exigir, as pro-
dos dispositivos deste Capítulo. vidências que deverão ser adotadas para pre-
Parágrafo único. Constitui ato faltoso do em- venção de infortúnios de trabalho.
pregado a recusa injustificada: § 1º As autoridades federais, estaduais e
a) à observância das instruções expedidas municipais darão imediato apoio às medi-
pelo empregador na forma do item II do ar- das determinadas pelo Delegado Regional
tigo anterior; do Trabalho.

b) ao uso dos equipamentos de proteção § 2º A interdição ou embargo poderão ser


individual fornecidos pela empresa. (Arti- requeridos pelo serviço competente da De-
go com redação dada pela Lei nº 6.514, de legacia Regional do Trabalho e, ainda, por
22/12/1977) agente da inspeção do trabalho ou por en-
tidade sindical.
Art. 159. Mediante convênio autorizado pelo
Ministério do Trabalho, poderão ser delegadas a § 3º Da decisão do Delegado Regional do
outros órgãos federais, estaduais ou municipais Trabalho poderão os interessados recorrer,
atribuições de fiscalização ou orientação às em- no prazo de 10 (dez) dias, para o órgão de
presas quanto ao cumprimento das disposições âmbito nacional competente em matéria de
constantes deste Capítulo. (Artigo com redação segurança e medicina do trabalho, ao qual
dada pela Lei nº 6.514, de 22/12/1977) será facultado dar efeito suspensivo ao re-
curso.
Seção II
§ 4º Responderá por desobediência, além
DA INSPEÇÃO PRÉVIA E DO das medidas penais cabíveis, quem, após
EMBARGO OU INTERDIÇÃO determinada a interdição ou embargo, or-
denar ou permitir o funcionamento do es-
Art. 160. Nenhum estabelecimento poderá tabelecimento ou de um dos seus setores, a
iniciar suas atividades sem prévia inspeção e utilização de máquina ou equipamento, ou
aprovação das respectivas instalações pela au- o prosseguimento de obra, se, em conse-
toridade regional competente em matéria de qüência resultarem danos a terceiros.
segurança e medicina do trabalho.
§ 5º O Delegado Regional do Trabalho, inde-
§ 1º Nova inspeção deverá ser feita quando pendente de recurso, e após laudo técnico
ocorrer modificação substancial nas instala- do serviço competente, poderá levantar a
ções, inclusive equipamentos, que a empre- interdição.
sa fica obrigada a comunicar, prontamente,
à Delegacia Regional do Trabalho. § 6º Durante a paralisação dos serviços, em
decorrência da interdição ou embargo, os
§ 2º É facultado às empresas solicitar prévia empregados receberão os salários como
aprovação, pela Delegacia Regional do Tra- se estivessem em efetivo exercício. (Arti-
balho, dos projetos de construção e respec- go com redação dada pela Lei nº 6.514, de
tivas instalações. (Artigo com redação dada 22/12/1977)
pela Lei nº 6.514, de 22/12/1977)
Art. 161. O Delegado Regional do Trabalho, à
vista do laudo técnico do serviço competente

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Seção III § 1º Os representantes dos empregadores,


DOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA E titulares e suplentes, serão por eles desig-
nados.
DE MEDICINA DO TRABALHO NAS
EMPRESAS § 2º Os representantes dos empregados,
titulares e suplentes, serão eleitos em es-
Art. 162. As empresas, de acordo com normas crutínio secreto, do qual participem, inde-
a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho, pendentemente de filiação sindical, exclusi-
estarão obrigadas a manter serviços especializa- vamente os empregados interessados.
dos em segurança e em medicina do trabalho.
§ 3º O mandato dos membros eleitos da
Parágrafo único. As normas a que se refere CIPA terá a duração de 1 (um) ano, permiti-
este artigo estabelecerão: da uma reeleição.
a) classificação das empresas segundo o nú- § 4º O disposto no parágrafo anterior não se
mero de empregados e a natureza do risco aplicará ao membro suplente que, durante
de suas atividades; o seu mandato, tenha participado de menos
da metade do número de reuniões da CIPA.
b) o número mínimo de profissionais espe-
cializados exigido de cada empresa, segun- § 5º O empregador designará, anualmente,
do o grupo em que se classifique, na forma dentre os seus representantes, o Presidente
da alínea anterior; da CIPA e os empregados elegerão, dentre
eles, o Vice-Presidente. (Artigo com reda-
c) a qualificação exigida para os profissio- ção dada pela Lei nº 6.514, de 22/12/1977)
nais em questão e o seu regime de trabalho;
Art. 165. Os titulares da representação dos em-
d) as demais características e atribuições pregados nas CIPAs não poderão sofrer despe-
dos serviços especializados em segurança dida arbitrária, entendendo-se como tal a que
e em medicina do trabalho, nas empresas. não se fundar em motivo disciplinar, técnico,
(Artigo com redação dada pela Lei nº 6.514, econômico ou financeiro. (Vide art. 10, II, “a” do
de 22/12/1977) ADCT)
Art. 163. Será obrigatória a constituição de Parágrafo único. Ocorrendo a despedida,
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes caberá ao empregador, em caso de recla-
– CIPA, de conformidade com instruções expe- mação à Justiça do Trabalho, comprovar a
didas pelo Ministério do Trabalho, nos estabele- existência de qualquer dos motivos men-
cimentos ou locais de obra nelas especificadas. cionados neste artigo, sob pena de ser con-
Parágrafo único. O Ministério do Trabalho denado a reintegrar o empregado. (Artigo
regulamentará as atribuições, a composi- com redação dada pela Lei nº 6.514, de
ção e o funcionamento das CIPAs. (Artigo 22/12/1977)
com redação dada pela Lei nº 6.514, de
22/12/1977) Seção IV
DO EQUIPAMENTO
Art. 164. Cada CIPA será composta de represen- DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
tantes da empresa e dos empregados, de acor-
do com os critérios que vierem a ser adotados Art. 166. A empresa é obrigada a fornecer aos
na regulamentação de que trata o parágrafo empregados, gratuitamente, equipamento de
único do artigo anterior. proteção individual adequado ao risco e em
perfeito estado de conservação e funcionamen-
to, sempre que as medidas de ordem geral não
ofereçam completa proteção contra os riscos

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de acidentes e danos à saúde dos empregados. ceitos da ética médica. (Artigo com redação
(Artigo com redação dada pela Lei nº 6.514, de dada pela Lei nº 7.855, de 24/10/1989)
22/12/1977)
§ 6º Serão exigidos exames toxicológicos,
Art. 167. O equipamento de proteção só poderá previamente à admissão e por ocasião do
ser posto à venda ou utilizado com a indicação desligamento, quando se tratar de motoris-
do Certificado de Aprovação do Ministério do ta profissional, assegurados o direito à con-
Trabalho. (Artigo com redação dada pela Lei nº traprova em caso de resultado positivo e a
6.514, de 22/12/1977) confidencialidade dos resultados dos res-
pectivos exames. (Parágrafo acrescido pela
Seção V Lei nº 13.103, de 2/3/2015, publicada no
DAS MEDIDAS PREVENTIVAS DE DOU de 3/3/2015, em vigor 45 dias após a
MEDICINA DO TRABALHO publicação)
§ 7º Para os fins do disposto no § 6º, será
Art. 168. Será obrigatório exame médico, por
obrigatório exame toxicológico com janela
conta do empregador, nas condições estabele-
de detecção mínima de 90 (noventa) dias,
cidas neste artigo e nas instruções complemen-
específico para substâncias psicoativas que
tares a serem expedidas pelo Ministério do Tra-
causem dependência ou, comprovadamen-
balho:
te, comprometam a capacidade de direção,
I – na admissão; podendo ser utilizado para essa finalidade o
exame toxicológico previsto na Lei nº 9.503,
II – na demissão; de 23 de setembro de 1997 – Código de
III – periodicamente. Trânsito Brasileiro, desde que realizado nos
últimos 60 (sessenta) dias. (Parágrafo acres-
§ 1º O Ministério do Trabalho baixará ins- cido pela Lei nº 13.103, de 2/3/2015, publi-
truções relativas aos casos em que serão cada no DOU de 3/3/2015, em vigor 45 dias
exigíveis exames: após a publicação)
a) por ocasião da demissão; Art. 169 Será obrigatória a notificação das doen-
ças profissionais e das produzidas em virtudes
b) complementares.
de condições especiais de trabalho, compro-
§ 2º Outros exames complementares po- vadas ou objeto de suspeita, de conformidade
derão ser exigidos, a critério médico, para com as instruções expedidas pelo Ministério do
apuração da capacidade ou aptidão física Trabalho. (Artigo com redação dada pela Lei nº
e mental do empregado para a função que 6.514, de 22/12/1977)
deva exercer.
Seção VI
§ 3º O Ministério do Trabalho estabelecerá, DAS EDIFICAÇÕES
de acordo com o risco da atividade e o tem-
po de exposição, a periodicidade dos exa- Art. 170. As edificações deverão obedecer aos
mes médicos. requisitos técnicos que garantam perfeita segu-
rança aos que nelas trabalhem. (Artigo com re-
§ 4º O empregador manterá no estabeleci-
dação dada pela Lei nº 6.514, de 22/12/1977)
mento o material necessário à prestação de
primeiros socorros médicos, de acordo com Art. 171. Os locais de trabalho deverão ter, no
o risco da atividade. mínimo, 3 (três) metros de pé-direito, assim
considerada a altura livre do piso ao teto.
§ 5º O resultado dos exames médicos, in-
clusive o exame complementar, será comu-
nicado ao trabalhador, observados os pre-

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Parágrafo único. Poderá ser reduzido esse Seção VIII


mínimo desde que atendidas as condições DO CONFORTO TÉRMICO
de iluminação e conforto térmico compatí-
veis com a natureza do trabalho, sujeitando- Art. 176. Os locais de trabalho deverão ter ven-
-se tal redução ao controle do órgão compe- tilação natural, compatível com o serviço reali-
tente em matéria de segurança e medicina zado.
do trabalho. (Artigo com redação dada pela
Lei nº 6.514, de 22/12/1977) Parágrafo único. A ventilação artificial será
obrigatória sempre que a natural não pre-
Art. 172. Os pisos dos locais de trabalho não encha as condições de conforto térmico.
deverão apresentar saliências nem depressões (Artigo com redação dada pela Lei nº 6.514,
que prejudiquem a circulação de pessoas ou a de 22/12/1977)
movimentação de materiais. (Artigo com reda-
ção dada pela Lei nº 6.514, de 22/12/1977) Art. 177. Se as condições de ambiente se torna-
rem desconfortáveis, em virtude de instalações
Art. 173. As aberturas nos pisos e paredes se- geradoras de frio ou de calor, será obrigatório
rão protegidas de forma que impeçam a queda o uso de vestimenta adequada para o trabalho
de pessoas ou de objetos. (Artigo com redação em tais condições ou de capelas, anteparos,
dada pela Lei nº 6.514, de 22/12/1977) paredes duplas, isolamento térmico e recur-
Art. 174. As paredes, escadas, rampas de aces- sos similares, de forma que os empregados fi-
so, passarelas, pisos, corredores, coberturas e quem protegidos contra as radiações térmicas.
passagens dos locais de trabalho deverão obe- (Artigo com redação dada pela Lei nº 6.514, de
decer às condições de segurança e de higiene 22/12/1977)
do trabalho estabelecidas pelo Ministério do Art. 178. As condições de conforto térmico dos
Trabalho e manter-se em perfeito estado de locais de trabalho devem ser mantidas dentro
conservação e limpeza. (Artigo com redação dos limites fixados pelo Ministério do Trabalho.
dada pela Lei nº 6.514, de 22/12/1977) (Artigo com redação dada pela Lei nº 6.514, de
22/12/1977)
Seção VII
DA ILUMINAÇÃO Seção IX
DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
Art. 175. Em todos os locais de trabalho deverá
haver iluminação adequada, natural ou artifi- Art. 179. O Ministério do Trabalho disporá so-
cial, apropriada à natureza da atividade. bre as condições de segurança e as medidas
§ 1º A iluminação deverá ser uniformemen- especiais a serem observadas relativamente a
te distribuída, geral e difusa, a fim de evitar instalações elétricas, e qualquer das fases de
ofuscamento, reflexos incômodos, sombras produção, transmissão, distribuição ou consu-
e contrastes excessivos. mo de energia. (Artigo com redação dada pela
Lei nº 6.514, de 22/12/1977)
§ 2º O Ministério do Trabalho estabelecerá
os níveis mínimos de iluminamento a serem Art. 180. Somente profissional qualificado po-
observados. (Artigo com redação dada pela derá instalar, operar, inspecionar ou reparar
Lei nº 6.514, de 22/12/1977) instalações elétricas. (Artigo com redação dada
pela Lei nº 6.514, de 22/12/1977)
Art. 181. Os que trabalharem em serviços de
eletricidade ou instalações elétricas devem es-
tar familiarizados com os métodos de socorro

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a acidentados por choque elétrico. (Artigo com Seção XI
redação dada pela Lei nº 6.514, de 22/12/1977) DAS MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS
Seção X Art. 184. As máquinas e os equipamentos de-
DA MOVIMENTAÇÃO, verão ser dotados de dispositivos de partida e
ARMAZENAGEM E MANUSEIO DE parada e outros que se fizerem necessários para
MATERIAIS a prevenção de acidentes do trabalho, especial-
mente quanto ao risco de acionamento aciden-
Art. 182. O Ministério do Trabalho estabelecerá tal.
normas sobre:
Parágrafo único. É proibida a fabricação,
I – as precauções de segurança na movi- a importação, a venda, a locação e o uso
mentação de materiais nos locais de traba- de máquinas e equipamentos que não
lho, os equipamentos a serem obrigatoria- atendam ao disposto neste artigo. (Arti-
mente utilizados e as condições especiais a go com redação dada pela Lei nº 6.514, de
que estão sujeitas a operação e a manuten- 22/12/1977)
ção desses equipamentos, inclusive exigên-
Art. 185. Os reparos, limpeza e ajustes somente
cias de pessoal habilitado;
poderão ser executados com as máquinas para-
II – as exigências similares relativas ao ma- das, salvo se o movimento for indispensável à
nuseio e a armazenagem de materiais, in- realização do ajuste. (Artigo com redação dada
clusive quanto às condições de segurança e pela Lei nº 6.514, de 22/12/1977)
higiene relativas aos recipientes e locais de
Art. 186. O Ministério do Trabalho estabelece-
armazenagem e os equipamentos de prote-
rá normas adicionais sobre proteção e medidas
ção individual;
de segurança na operação de máquinas e equi-
III – a obrigatoriedade de indicação de car- pamentos, especialmente quanto à proteção
ga máxima permitida nos equipamentos de das partes móveis, distância entre estas, vias de
transporte, dos avisos de proibição de fu- acesso às máquinas e equipamentos de grandes
mar e de advertência quanto à natureza pe- dimensões, emprego de ferramentas, sua ade-
rigosa ou nociva à saúde das substâncias em quação e medidas de proteção exigidas quando
movimentação ou em depósito, bem como motorizadas ou elétricas. (Artigo com redação
das recomendações de primeiros socorros dada pela Lei nº 6.514, de 22/12/1977)
e de atendimento médico e símbolo de pe-
rigo, segundo padronização internacional, Seção XII
nos rótulos dos materiais ou substâncias ar- DAS CALDEIRAS, FORNOS E
mazenados ou transportados. RECIPIENTES SOB PRESSÃO
Parágrafo único. As disposições relati- Art. 187. As caldeiras, equipamentos e recipien-
vas ao transporte de materiais aplicam- tes em geral que operam sob pressão deverão
-se, também, no que couber, ao transporte dispor de válvulas e outros dispositivos de segu-
de pessoas nos locais de trabalho. (Artigo rança, que evitem seja ultrapassada a pressão
com redação dada pela Lei nº 6.514, de interna de trabalho compatível com a sua resis-
22/12/1977) tência.
Art. 183. As pessoas que trabalharem na movi- Parágrafo único. O Ministério do Trabalho
mentação de materiais deverão estar familiari- expedirá normas complementares quanto à
zadas com os métodos racionais de levantamen- segurança das caldeiras, fornos e recipien-
to de cargas. (Artigo com redação dada pela Lei tes sob pressão, especialmente quanto ao
nº 6.514, de 22/12/1977) revestimento interno, à localização, à venti-

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lação dos locais e outros meios de elimina- natureza e da intensidade do agente e do tempo
ção de gases ou vapores prejudiciais à saú- de exposição aos seus efeitos. (Artigo com reda-
de, e demais instalações ou equipamentos ção dada pela Lei nº 6.514, de 22/12/1977)
necessários à execução segura das tarefas
de cada empregado. (Artigo com redação Art. 190. O Ministério do Trabalho aprovará o
dada pela Lei nº 6.514, de 22/12/1977) quadro das atividades e operações insalubres e
adotará normas sobre os critérios de caracteri-
Art. 188. As caldeiras serão periodicamente zação da insalubridade, os limites de tolerância
submetidas a inspeções de segurança, por en- aos agentes agressivos, meios de proteção e o
genheiro ou empresa especializada, inscritos no tempo máximo de exposição do empregado a
Ministério do Trabalho, de conformidade com esses agentes.
as instruções que, para esse fim, forem expedi-
das. Parágrafo único. As normas referidas nes-
te artigo incluirão medidas de proteção do
§ 1º Toda caldeira será acompanhada de organismo do trabalhador nas operações
"Prontuário", com documentação original que produzem aerodispersóides tóxicos,
do fabricante, abrangendo, no mínimo: es- irritantes, alergênicos ou incômodos. (Arti-
pecificação técnica, desenhos, detalhes, go com redação dada pela Lei nº 6.514, de
provas e testes realizados durante a fabri- 22/12/1977)
cação e a montagem, características funcio-
nais e a pressão máxima de trabalho permi- Art. 191. A eliminação ou a neutralização da in-
tida (PMTP), esta última indicada, em local salubridade ocorrerá:
visível, na própria caldeira. I – com a adoção de medidas que conser-
§ 2º O proprietário da caldeira deverá or- vem o ambiente de trabalho dentro dos li-
ganizar, manter atualizado e apresentar, mites de tolerância;
quando exigido pela autoridade competen- II – com a utilização de equipamentos de
te, o Registro de Segurança, no qual serão proteção individual ao trabalhador, que di-
anotadas, sistematicamente, as indicações minuam a intensidade do agente agressivo
das provas efetuadas, inspeções, reparos e a limites de tolerância.
quaisquer outras ocorrências.
Parágrafo único. Caberá às Delegacias
§ 3º Os projetos de instalação de caldeiras, Regionais do Trabalho, comprovada a in-
fornos e recipientes sob pressão deverão salubridade, notificar as empresas, esti-
ser submetidos à aprovação prévia do ór- pulando prazos para sua eliminação ou
gão regional competente em matéria de neutralização, na forma deste artigo. (Arti-
segurança do trabalho. (Artigo com redação go com redação dada pela Lei nº 6.514, de
dada pela Lei nº 6.514, de 22/12/1977) 22/12/1977)
Seção XIII Art. 192. O exercício de trabalho em condições
DAS ATIVIDADES insalubres, acima dos limites de tolerância esta-
INSALUBRES OU PERIGOSAS belecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura
a percepção de adicional respectivamente de
(Vide art. 7º, XXIII da 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cen-
Constituição Federal de 1988) to) e 10% (dez por cento) do salário mínimo da
Art. 189. Serão consideradas atividades ou ope- região, segundo se classifiquem nos graus máxi-
rações insalubres aquelas que, por sua natureza, mo, médio e mínimo. (Artigo com redação dada
condições ou métodos de trabalho, exponham pela Lei nº 6.514, de 22/12/1977)
os empregados a agentes nocivos à saúde, aci-
ma dos limites de tolerância fixados em razão da

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Art. 193. São consideradas atividades ou ope- normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão
rações perigosas, na forma da regulamentação através de perícia a cargo de Médico do Traba-
aprovada pelo Ministério do Trabalho e Empre- lho ou Engenheiro do Trabalho, registrado no
go, aquelas que, por sua natureza ou métodos Ministério do Trabalho.
de trabalho, impliquem risco acentuado em vir-
tude de exposição permanente do trabalhador § 1º É facultado às empresas e aos sindica-
a: (“Caput” do artigo com redação dada pela Lei tos das categorias profissionais interessadas
nº 12.740, de 8/12/2012) requererem ao Ministério do Trabalho a re-
alização de perícia em estabelecimento ou
I – inflamáveis, explosivos ou energia elétri- setor deste, com o objetivo de caracterizar
ca; (Inciso acrescido pela Lei nº 12.740, de ou delimitar as atividades insalubres ou pe-
8/12/2012) rigosas.
II – roubos ou outras espécies de violência § 2º Argüida em juízo insalubridade ou pe-
física nas atividades profissionais de segu- riculosidade, seja por empregado, seja por
rança pessoal ou patrimonial. (Inciso acres- Sindicato em favor de grupo de associados,
cido pela Lei nº 12.740, de 8/12/2012) o juiz designará perito habilitado na forma
deste artigo, e, onde não houver, requisita-
§ 1º O trabalho em condições de periculosi- rá perícia ao órgão competente do Ministé-
dade assegura ao empregado um adicional rio do Trabalho.
de 30% (trinta por cento) sobre o salário
sem os acréscimos resultantes de gratifica- § 3º O disposto nos parágrafos anteriores
ções, prêmios ou participações nos lucros não prejudica a ação fiscalizadora do Mi-
da empresa. nistério do Trabalho, nem a realização ex
officio da perícia. (Artigo com redação dada
§ 2º O empregado poderá optar pelo adi- pela Lei nº 6.514, de 22/12/1977)
cional de insalubridade que porventura lhe
seja devido. (Artigo com redação dada pela Art. 196. Os efeitos pecuniários decorrentes do
Lei nº 6.514, de 22/12/1977) trabalho em condições de insalubridade ou pe-
riculosidade serão devidos a contar da data de
§ 3º Serão descontados ou compensados do inclusão da respectiva atividade nos quadros
adicional outros da mesma natureza even- aprovados pelo Ministério do Trabalho, respei-
tualmente já concedidos ao vigilante por tadas as normas do art. 11. (Artigo com redação
meio de acordo coletivo. (Parágrafo acresci- dada pela Lei nº 6.514, de 22/12/1977)
do pela Lei nº 12.740, de 8/12/2012)
Art. 197. Os materiais e substâncias emprega-
§ 4º São também consideradas perigosas as dos, manipulados ou transportados nos locais
atividades de trabalhador em motocicleta. de trabalho, quando perigosos ou nocivos à saú-
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.997, de de, devem conter, no rótulo, sua composição,
18/6/2014) recomendações de socorro imediato e o símbo-
Art. 194. O direito do empregado ao adicional lo de perigo correspondente, segundo a padro-
de insalubridade ou de periculosidade cessará nização internacional.
com a eliminação do risco à sua saúde ou in- Parágrafo único. Os estabelecimentos que
tegridade física, nos termos desta Seção e das mantenham as atividades previstas neste
normas expedidas pelo Ministério do Trabalho. artigo afixarão, nos setores de trabalho atin-
(Artigo com redação dada pela Lei nº 6.514, de gidos, avisos ou cartazes, com advertência
22/12/1977) quanto aos materiais e substâncias perigo-
Art. 195. A caracterização e a classificação da sos ou nocivos à saúde. (Artigo com redação
insalubridade e da periculosidade, segundo as dada pela Lei nº 6.514, de 22/12/1977)

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Seção XIV como trânsito e permanência nas áreas res-


DA PREVENÇÃO DA FADIGA pectivas;
III – trabalho em escavações, túneis, gale-
Art. 198. É de 60 (sessenta) quilogramas o peso rias, minas e pedreiras, sobretudo quanto à
máximo que um empregado pode remover in- prevenção de explosões, incêndios, desmo-
dividualmente, ressalvadas as disposições es- ronamentos e soterramentos, eliminação
peciais relativas ao trabalho do menor e da mu- de poeiras, gases etc., e facilidades de rápi-
lher. da saída dos empregados;
Parágrafo único. Não está compreendida IV – proteção contra incêndio em geral e as
na proibição deste artigo a remoção de ma- medidas preventivas adequadas, com exi-
terial feita por impulsão ou tração de vago- gências ao especial revestimento de por-
netes sobre trilhos, carros de mão ou quais- tas e paredes, construção de paredes con-
quer outros aparelhos mecânicos, podendo tra fogo, diques e outros anteparos, assim
o Ministério do Trabalho, em tais casos, fi- como garantia geral de fácil circulação, cor-
xar limites diversos, que evitem sejam exi- redores de acesso e saídas amplas e prote-
gidos do empregado serviços superiores às gidas, com suficiente sinalização;
suas forças. (Artigo com redação dada pela
Lei nº 6.514, de 22/12/1977) V – proteção contra insolação, calor, frio,
umidade e ventos, sobretudo no trabalho
Art. 199. Será obrigatória a colocação de assen- a céu aberto, com provisão, quanto a este,
tos que assegurem postura correta ao trabalha- de água potável, alojamento e profilaxia de
dor, capazes de evitar posições incômodas ou endemias;
forçadas, sempre que a execução da tarefa exija
que trabalhe sentado. VI – proteção do trabalhador exposto a
substâncias químicas nocivas, radiações io-
Parágrafo único. Quando o trabalho deva nizantes e não ionizantes, ruídos, vibrações
ser executado de pé, os empregados terão à e trepidações ou pressões anormais ao am-
sua disposição assentos para serem utiliza- biente de trabalho, com especificação das
dos nas pausas que o serviço permitir. (Ar- medidas cabíveis para eliminação ou atenu-
tigo com redação dada pela Lei nº 6.514, de ação desses efeitos, limites máximos quan-
22/12/1977) to ao tempo de exposição, à intensidade da
Seção XV ação ou de seus efeitos sobre o organismo
do trabalhador, exames médicos obrigató-
DAS OUTRAS MEDIDAS rios, limites de idade, controle permanente
ESPECIAIS DE PROTEÇÃO dos locais de trabalho e das demais exigên-
cias que se façam necessárias;
Art. 200. Cabe ao Ministério do Trabalho esta-
belecer disposições complementares às normas VII – higiene nos locais de trabalho, com
de que trata este Capítulo, tendo em vista as pe- discriminação das exigências, instalações
culiaridades de cada atividade ou setor de tra- sanitárias, com separação de sexos, chuvei-
balho, especialmente sobre: ros, lavatórios, vestiários e armários indivi-
duais, refeitórios ou condições de conforto
I – medidas de prevenção de acidentes e os por ocasião das refeições, fornecimento de
equipamentos de proteção individual em água potável, condições de limpeza dos lo-
obras de construção, demolição ou reparos; cais de trabalho e modo de sua execução,
II – depósitos, armazenagem e manuseio de tratamento de resíduos industriais;
combustíveis, inflamáveis e explosivos, bem VIII – emprego das cores nos locais de tra-
balho, inclusive nas sinalizações de perigo.

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Parágrafo único. Tratando-se de radiações
ionizantes e explosivos, as normas a que se
refere este artigo serão expedidas de acor-
do com as resoluções a respeito adotadas
pelo órgão técnico. (Artigo com redação
dada pela Lei nº 6.514, de 22/12/1977)

Seção XVI
DAS PENALIDADES
Art. 201. As infrações ao disposto neste Capítu-
lo relativas à medicina do trabalho serão puni-
das com multa de 30 (trinta) a 300 (trezentas)
vezes o valor de referência previsto no artigo 2º,
parágrafo único, da Lei nº 6.205, de 29 de abril
de 1975, e as concernentes à segurança do tra-
balho com multa de 50 (cinqüenta) a 500 (qui-
nhentas) vezes o mesmo valor. (Vide art. 7º da
Lei nº 6.986, de 13/4/1982)
Parágrafo único. Em caso de reincidência,
embaraço ou resistência à fiscalização, em-
prego de artifício ou simulação com o obje-
tivo de fraudar a lei, a multa será aplicada
em seu valor máximo. (Artigo com redação
dada pela Lei nº 6.514, de 22/12/1977)
Arts. 202 a 223. (Revogados pela Lei nº 6.514,
de 22/12/1977)

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COMBATE À REDUÇÃO ANÁLOGA AO TRABALHO ESCRAVO

Segundo o site do MTE:


“Considera-se trabalho realizado em condição análoga à de escravo a que resulte das seguintes si-
tuações, quer em conjunto, quer isoladamente: a submissão de trabalhador a trabalhos forçados;
a submissão de trabalhador a jornada exaustiva; a sujeição de trabalhador a condições degradan-
tes de trabalho; a restrição da locomoção do trabalhador, seja em razão de dívida contraída, seja
por meio do cerceamento do uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, ou
por qualquer outro meio com o fim de retê-lo no local de trabalho; a vigilância ostensiva no local
de trabalho por parte do empregador ou seu preposto, com o fim de retê-lo no local de trabalho;
a posse de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, por parte do empregador ou seu pre-
posto, com o fim de retê-lo no local de trabalho.
O objetivo do Ministério do Trabalho e Emprego é erradicar o trabalho escravo e degradante, por
meio de ações fiscais coordenadas pela Secretaria de Inspeção do Trabalho, nos focos previamen-
te mapeados. A inspeção do trabalho visa regularizar os vínculos empregatícios dos trabalhado-
res encontrados e demais consectários e libertá-los da condição de escravidão.”
O Combate ao trabalho escravo no âmbito do MTE se dá da seguinte forma: Grupo Especial de Fis-
calização Móvel; Cadastro de empregadores “Lista Suja”; e a Comissão Nacional para a Erradicação
do Trabalho Escravo.
Grupo Especial de Fiscalização Móvel: Ministério do Trabalho e Emprego oferece apoio logístico às
equipes da Fiscalização Móvel. O Grupo Especial de Fiscalização Móvel constitui um dos principais
instrumentos do Governo para reprimir o trabalho escravo.
Cadastro de Empregadores – “Lista Suja”: É vedado financiamento público a pessoas físicas e jurí-
dicas que são condenadas administrativamente por exploração de trabalho escravo. A inclusão do
nome do infrator no Cadastro ocorrerá após decisão administrativa final relativa ao auto de infra-
ção, lavrado em decorrência de ação fiscal, em que tenha havido a identificação de trabalhadores
submetidos ao trabalho escravo. Através do Ministério do Trabalho e Emprego e da Secretaria de
Direitos Humanos da Presidência da República, por intermédio da CONATRAE, foi publicada a Por-
taria Interministerial nº 2, de 12 de maio de 2011, que enuncia regras sobre a atualização semestral
do Cadastro de Empregadores que tenham submetido trabalhadores a condições análogas à de es-
cravo, conhecida como “Lista Suja”, e disciplina os meios de inclusão e de exclusão dos nomes dos
infratores no Cadastro.
Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo: Tem como objetivo coordenar e ava-
liar a implementação das ações previstas no Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo.
Também compete à Comissão acompanhar a tramitação de projetos de lei no Congresso Nacional e
avaliar a proposição de estudos e pesquisas sobre o trabalho escravo no país.

www.acasadoconcurseiro.com.br 269
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 91, II – A submissão de trabalhador a jornada
DE 05 DE OUTUBRO DE 2011 exaustiva;
III – A sujeição de trabalhador a condições
Publicada no DOU de 06/10/2011. degradantes de trabalho;

Alterada pela Instrução Normativa nº 124/2016 IV – A restrição da locomoção do trabalha-


dor, seja em razão de dívida contraída, seja
Dispõe sobre a fiscalização para a erradicação por meio do cerceamento do uso de qual-
do trabalho em condição análoga à de escravo e quer meio de transporte por parte do traba-
dá outras providências lhador, ou por qualquer outro meio com o
A Secretária de Inspeção do Trabalho, no exercí- fim de retê-lo no local de trabalho;
cio da competência prevista no inciso XIII do art. V – A vigilância ostensiva no local de traba-
14 do Anexo I do Decreto nº 5.063, de 3 de Maio lho por parte do empregador ou seu pre-
de 2004, posto, com o fim de retê-lo no local de tra-
RESOLVE: balho;

Editar a presente Instrução Normativa sobre VI – A posse de documentos ou objetos pes-


procedimentos que deverão ser adotados em soais do trabalhador, por parte do emprega-
relação à fiscalização para a erradicação do tra- dor ou seu preposto, com o fim de retê-lo
balho em condição análoga à de escravo. no local de trabalho.

Art. 1º O trabalho realizado em condição análo- § 1º As expressões referidas nos incisos de


ga à de escravo, sob todas as formas, constitui I a VI deverão ser compreendidas na forma
atentado aos direitos humanos fundamentais e a seguir:
fere a dignidade humana, sendo dever do Audi- a) "trabalhos forçados" – todas as formas de
tor- Fiscal do Trabalho colaborar para a sua erra- trabalho ou de serviço exigidas de uma pes-
dicação. soa sob a ameaça de sanção e para o qual
não se tenha oferecido espontaneamente,
DO ÂMBITO DE APLICAÇÃO DA assim como aquele exigido como medida
PRESENTE INSTRUÇÃO NORMATIVA de coerção, de educação política, de puni-
ção por ter ou expressar opiniões políticas
Art. 2º Serão observados pelos Auditores-Fiscais ou pontos de vista ideologicamente opos-
do Trabalho, na fiscalização para a erradicação tos ao sistema político, social e econômico
do trabalho em condição análoga à de escravo, vigente, como método de mobilização e de
em qualquer atividade econômica urbana, rural utilização da mão-de-obra para fins de de-
ou marítima, e para qualquer trabalhador, na- senvolvimento econômico, como meio para
cional ou estrangeiro, os procedimentos previs- disciplinar a mão-de-obra, como punição
tos na presente Instrução Normativa. por participação em greves ou como medi-
Art. 3º Para os fins previstos na presente Instru- da de discriminação racial, social, nacional
ção Normativa, considera-se trabalho realizado ou religiosa;
em condição análoga à de escravo a que resulte b) "jornada exaustiva" – toda jornada de
das seguintes situações, quer em conjunto, quer trabalho de natureza física ou mental que,
isoladamente: por sua extensão ou intensidade, cause es-
I – A submissão de trabalhador a trabalhos gotamento das capacidades corpóreas e
forçados; produtivas da pessoa do trabalhador, ainda
que transitória e temporalmente, acarre-

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tando, em consequência, riscos a sua segu- condição análoga à de escravo, enumeran-


rança e/ou a sua saúde; do a quantidade de trabalhadores subme-
tidos a tais condições. (Parágrafo alterado
c) "condições degradantes de trabalho" – pela Instrução Normativa nº 124/2016 –
todas as formas de desrespeito à dignidade DOU 13/05/2016)
humana pelo descumprimento aos direitos
fundamentais da pessoa do trabalhador, § 3º O Auto de infração de que trata o §2º
notadamente em matéria de segurança e deste artigo será capitulado no artigo 444
saúde, e que, em virtude do trabalho, ve- da Consolidação das Leis do Trabalho e se-
nha a ser tratada pelo empregador, por guirá, assim como todos os demais autos de
preposto ou mesmo por terceiros, como infração lavrados, o rito previsto no Título
coisa e não como pessoa; (Retificado – DOU VII da Consolidação das Leis do Trabalho e
13/10/2011) na Portaria nº 854, de 25 de junho de 2015,
garantido o contraditório e a ampla defesa
d) "restrição da locomoção do trabalhador" nas duas instâncias previstas nas normas
– todo tipo de limitação imposta ao traba- mencionadas. (Parágrafo alterado pela
lhador a seu direito fundamental de ir e vir Instrução Normativa nº 124/2016 – DOU
ou de dispor de sua força de trabalho, inclu- 13/05/2016)
sive o de encerrar a prestação do trabalho,
em razão de dívida, por meios diretos ou Art. 4º A constatação administrativa de traba-
indiretos, por meio de coerção física ou mo- lho em condição análoga à de escravo realizada
ral, fraude ou outro meio ilícito de submis- pelo Auditor-Fiscal do Trabalho, bem como os
são; (Retificado – DOU 13/10/2011) atos administrativos dela decorrentes, indepen-
dem do reconhecimento no âmbito criminal.
e) "cerceamento do uso de qualquer meio
de transporte com o objetivo de reter o tra- Art. 5º O Auditor-Fiscal do Trabalho, ao concluir
balhador" – toda forma de limitação do uso pela existência de trabalho em condição análo-
de transporte, particular ou público, utiliza- ga à de escravo, tomará todas as medidas indi-
do pelo trabalhador para se locomover do cadas nos Artigos 13 e 14, da presente Instrução
trabalho para outros locais situados fora Normativa.
dos domínios patronais, incluindo sua resi-
dência, e vice-versa; Art. 6º O disposto nesta Instrução Normativa é
aplicável aos casos nos quais o Auditor-Fiscal do
f) "vigilância ostensiva no local de trabalho" Trabalho identifique tráfico de pessoas para fins
– todo tipo ou medida de controle empresa- de exploração de trabalho em condição análo-
rial exercida sobre a pessoa do trabalhador, ga à de escravo, uma vez presente qualquer das
com o objetivo de retê-lo no local de traba- hipóteses previstas nos incisos I a VI do Art. 3º,
lho; desta Instrução Normativa.
g) "posse de documentos ou objetos pesso- § 1º Considera-se tráfico de pessoas para
ais do trabalhador" – toda forma de apode- fins de exploração de trabalho em condi-
ramento ilícito de documentos ou objetos ção análoga à de escravo, conforme defini-
pessoais do trabalhador, com o objetivo de do no Protocolo Adicional à Convenção das
retê-lo no local de trabalho; Nações Unidas contra o Crime Organizado
Transnacional Relativo à Prevenção, Repres-
§ 2º Quando o Auditor-fiscal do Trabalho são e Punição do Tráfico de Pessoas, em es-
concluir pela ocorrência de uma ou mais hi- pecial Mulheres e Crianças, promulgado por
póteses previstas nos incisos I a VI do caput, meio do Decreto nº 5.017, de 12 de Março
deverá lavrar auto de infração onde consig- de 2004, "o recrutamento, o transporte,
nará expressamente os fundamentos que a transferência, o alojamento ou o acolhi-
compõem a constatação de trabalho em

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mento de pessoas, recorrendo à ameaça ou V – Serviços que prestem atendimento a ví-
uso da força ou a outras formas de coação, timas de violência e de tráfico de pessoas.
ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de
autoridade ou à situação de vulnerabilidade DAS AÇÕES FISCAIS PARA A
ou à entrega ou aceitação de pagamentos ERRADICAÇÃO DO TRABALHO EM
ou benefícios para obter o consentimento CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO
de uma pessoa que tenha autoridade sobre
outra para fins de exploração que incluirá, Art. 7º As ações fiscais para erradicação do tra-
no mínimo, a exploração do trabalho ou balho em condição análoga à de escravo serão
serviços forçados, escravatura ou práticas coordenadas pela Secretaria de Inspeção do
similares à escravatura ou a servidão". Trabalho, que poderá realizá-las diretamente,
por intermédio das equipes do grupo especial
§ 2º Os casos de tráfico de trabalhadores es-
de fiscalização móvel, ou por intermédio de
trangeiros em situação migratória irregular
grupos/equipes de fiscalização organizados no
para fins de exploração de trabalho em con-
âmbito das Superintendências Regionais do Tra-
dição análoga à de escravo que venham a
balho e Emprego – SRTE por meio da chefia su-
ser identificados pelos Auditores-Fiscais do
perior, nos termos do Art. 18, II, da Portaria nº
Trabalho deverão ser encaminhados para
546, de 11 de Março de 2010.
concessão do visto permanente ou perma-
nência no Brasil, de acordo com o que de- Art. 8º Sempre que a SRTE, por meio da chefia
termina a Resolução Normativa nº 93, de 21 superior, nos termos do Art. 18, II, da Portaria
de Dezembro de 2010, do Conselho Nacio- nº 546, de 11 de Março de 2010, receber de-
nal de Imigração – CNIg, além de todos os núncia que relate a existência de trabalhadores
demais procedimentos previstos nos Arti- reduzidos à condição análoga à de escravo e
gos 13 e 14, desta Instrução Normativa. decidir pela realização de ação fiscal local para
a apuração dos fatos, deverá antes de iniciar a
§ 3º O encaminhamento referido na alínea
inspeção comunicar à Secretaria de Inspeção do
anterior será efetuado mediante oficio da
Trabalho.
chefia superior, nos termos do Art. 18, II, da
Portaria nº 546, de 11 de Março de 2010, Art. 9º A Secretaria de Inspeção do Trabalho e
com a indicação dos trabalhadores estran- as SRTE, por meio da chefia superior, nos ter-
geiros irregulares, endereçado ao Ministé- mos do Art. 18, II, da Portaria nº 546, de 11 de
rio da Justiça e devidamente instruído com Março de 2010, realizarão diagnósticos das ati-
parecer técnico de um dos seguintes ór- vidades econômicas com incidência de trabalho
gãos, de acordo com sua competência: em condições análogas à de escravo, que servi-
rão de base para a elaboração do planejamento
I – Secretaria Nacional de Justiça do Minis-
e desenvolvimento das ações fiscais.
tério da Justiça;
Parágrafo único. Serão realizadas anual-
II – Núcleos de Enfrentamento ao Tráfico de
mente reuniões para análise crítica da exe-
Pessoas;
cução e monitoramento das ações planeja-
III – Postos Avançados de serviços de recep- das durante o ano.
ção a brasileiros (as) deportados (as) e não
Art. 10. A SRTE, por meio da chefia superior, nos
admitidos (as) nos principais pontos de en-
termos do Art. 18, II, da Portaria nº 546, de 11
trada e saída do País;
de Março de 2010, deverá buscar a articulação
IV- Secretaria de Direitos Humanos da Pre- e a integração com os órgãos e/ou entidades
sidência da República; e que compõem as Comissões Estaduais de Erra-
dicação do Trabalho Escravo – COETRAEs, e os
Comitês Estaduais de Enfrentamento ao Tráfico

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de Pessoas, no âmbito de cada estado da fede- devendo o Auditor-Fiscal do Trabalho resgatar o


ração e o Distrito Federal. trabalhador que estiver submetido a essa condi-
ção e emitir o Requerimento do Seguro-Desem-
Parágrafo único. A articulação prevista no prego do Trabalhador Resgatado.
caput do presente artigo visará à elabora-
ção de diagnósticos e à eleição de priorida- Art. 14. O Auditor-Fiscal do Trabalho, ao con-
des que irão compor o planejamento a que cluir pela constatação de trabalho em condição
se refere o Artigo 9º desta instrução e, em análoga à de escravo, determinará que o em-
particular, à viabilização de outras medidas pregador ou preposto tome as seguintes provi-
que estejam fora do âmbito administrativo dências:
de responsabilidade do Auditor- Fiscal do
Trabalho. I – A imediata paralisação das atividades
dos empregados encontrados em condição
Art. 11. A eleição de prioridades que irão com- análoga à de escravo;
por o planejamento previsto no Artigo 9º desta
instrução deverá conter a indicação de setores II – A regularização dos contratos de traba-
de atividade econômica a serem fiscalizados e a lho;
programação dos recursos humanos e materiais III – O pagamento dos créditos trabalhistas
necessários à execução das fiscalizações, além por meio dos competentes Termos de Res-
da identificação de ações a serem desenvolvidas cisões de Contrato de Trabalho;
em conjunto com os parceiros referidos no arti-
go anterior. IV – O recolhimento do FGTS e da Contribui-
ção Social; (Retificado – DOU 13/10/2011)
Art. 12. As ações fiscais deverão contar com a
participação de representantes da Polícia Fede- V – O cumprimento das obrigações aces-
ral, ou Polícia Rodoviária Federal, ou Polícia Mili- sórias ao contrato de trabalho, bem como
tar, ou Polícia Civil, ou outra autoridade policial. tome as providências para o retorno dos
trabalhadores aos locais de origem ou para
§1º A chefia superior, nos termos do Art. rede hoteleira, abrigo público ou similar,
18, II, da Portaria nº 546, de 11 de Março de quando for o caso.
2010, deverá oficiar, visando à participação
de membros de um dos órgãos menciona- § 1º O auto de infração previsto nos §§2º e
dos no caput, bem como enviar à Advocacia 3º, do art. 3º, desta Instrução Normativa,
Geral da União (AGU), ao Ministério Públi- descreverá minuciosamente os fatos a que
co Federal (MPF), ao Ministério Público do se referem e serão conclusivos a respeito da
Trabalho (MPT) e à Defensoria Pública da existência de trabalho em condição análoga
União (DPU) comunicação prévia sobre a à de escravo, o que será objeto do contra-
operação, para que essas instituições ava- ditório e da ampla defesa garantida ao au-
liem a conveniência de integrá- la. tuado. (Parágrafo alterado pela Instrução
Normativa nº 124/2016 – DOU 13/05/2016)
§ 2º Caso o coordenador da operação en-
tenda prescindível o auxílio da força policial § 2º Em caso de não recolhimento do FGTS
poderá ser dispensada a participação das e Contribuição Social, deverão ser lavradas
autoridades mencionadas no caput deste as competentes Notificações para Recolhi-
artigo, desde que haja a anuência da chefia mento (NFGC e NRFC).
superior.
§ 3º Em caso de descumprimento das de-
Art. 13. A constatação de trabalho em condição terminações contidas nos incisos I, II, III ou
análoga à de escravo ensejará a adoção dos pro- V, o Auditor-Fiscal do Trabalho relatará o
cedimentos previstos no artigo 2º – C, §§ 1º e fato imediatamente à Chefia da Fiscaliza-
2º, da Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990, ção para que informe a Advocacia- Geral da

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União (AGU), o Ministério Público do Traba- DOS CRITÉRIOS TÉCNICOS PARA
lho (MPT) ou a Defensoria Pública da União A INCLUSÃO DO INFRATOR NO
(DPU), a fim de que tomem as medidas judi-
ciais cabíveis. CADASTRO DE EMPREGADORES
QUE TENHAM MANTIDO
§ 4º Caso seja constatada situação de grave TRABALHADORES EM CONDIÇÕES
e iminente risco à segurança e/ou à saúde
do trabalhador, serão tomadas as medidas ANÁLOGAS À DE ESCRAVO
previstas em lei.
Art. 19. Os critérios para a inclusão de infra-
Art. 15. Pela sua natureza e gravidade, confor- tor no Cadastro de Empregadores que tenham
me o art. 1º desta Instrução Normativa, nos ca- Mantido Trabalhadores em Condições Análogas
sos em que for constatado trabalho em condi- à de Escravo são de natureza técnico-adminis-
ção análoga à de escravo, a lavratura de autos trativa e vinculados ao cumprimento dos requi-
de infração sobrepõe-se a quaisquer critérios de sitos contidos na Portaria Interministerial nº 2,
auditoria fiscal utilizados em outras ações. de 12 de Maio de 2011.

Art. 16. Os autos de infração e Notificações Fis- Art. 20. A inclusão do nome do infrator no Ca-
cais para Recolhimento de FGTS e Contribuição dastro ocorrerá após decisão administrativa fi-
Social decorrentes das ações fiscais em que se nal relativa ao auto de infração lavrado em de-
constate a existência de trabalho em condição corrência de ação fiscal em que tenha havido
análoga à de escravo serão autuados e identifi- a identificação de trabalhadores submetidos à
cados por meio de capas diferenciadas e terão condição análoga à de escravo.
prioridade de tramitação.
Art. 21. A Fiscalização do Trabalho monitorará
Art. 17. Caberá ao Auditor-Fiscal do Trabalho, pelo período de dois anos após a inclusão do
devidamente credenciado junto à Secretaria de nome do infrator no Cadastro para verificação
Políticas Públicas e Emprego, o preenchimento da regularidade das condições de trabalho, de-
da Comunicação de Dispensa do Trabalhador vendo, após esse período, caso não haja reinci-
Resgatado – CDTR, entregando a via própria ao dência, proceder sua exclusão do Cadastro.
interessado e outra à chefia imediata a ser enca-
§ 1º (Parágrafo revogado pela Instrução
minhada à Secretaria de Inspeção do Trabalho.
Normativa nº 124/2016 – DOU 13/05/2016)
§ 1º Cópia do Requerimento do Seguro-De-
Art. 22. A presente instrução normativa entra
semprego do Trabalhador Resgatado deve
em vigor na data de sua publicação.
ser mantida anexa ao relatório encaminha-
do à Secretaria de Inspeção do Trabalho.
Art. 18. No prazo de cinco dias úteis após o en-
cerramento da ação fiscal, o coordenador de CÓDIGO PENAL
grupo e/ou equipe deverá elaborar o competen-
te relatório de fiscalização e entregá-lo à Chefia Redução a condição análoga à de escravo
da Fiscalização imediata, que deverá verificar
a adequação de todos os dados e informações Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à
nele inseridos, para posterior encaminhamento de escravo, quer submetendo-o a trabalhos for-
à SIT, no prazo máximo de cinco dias úteis a con- çados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-
tar da data de seu recebimento. -o a condições degradantes de trabalho, quer
restringindo, por qualquer meio, sua locomoção
em razão de dívida contraída com o empregador
ou preposto: (Redação dada pela Lei nº 10.803,
de 11.12.2003)

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Pena – reclusão, de dois a oito anos, e mul- Esses direitos estão regulados pelo Capítulo III
ta, além da pena correspondente à violên- do Título III da Consolidação das Leis do Traba-
cia. (Redação dada pela Lei nº 10.803, de lho (CLT), com destaque para o art. 373-A, que
11.12.2003) veda, dentre outras, a publicação de anúncio de
emprego no qual haja referência ao sexo, idade,
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (In- cor ou situação familiar, salvo quando a nature-
cluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) za da atividade a ser exercida, pública e noto-
I – cerceia o uso de qualquer meio de trans- riamente, assim o exigir; promover a recusa de
porte por parte do trabalhador, com o fim emprego, promoção ou motivar a dispensa do
de retê-lo no local de trabalho; (Incluído trabalho em razão de sexo, idade, cor, situação
pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) familiar ou estado de gravidez, salvo quando
a natureza da atividade seja notória e publi-
II – mantém vigilância ostensiva no local camente incompatível; e impedir o acesso ou
de trabalho ou se apodera de documentos adotar critérios subjetivos para deferimento de
ou objetos pessoais do trabalhador, com o inscrição ou aprovação em concursos, em em-
fim de retê-lo no local de trabalho. (Incluído presas privadas, em razão de sexo, idade, cor,
pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) situação familiar ou estado de gravidez.
§ 2º A pena é aumentada de metade, se A Lei nº 9.029/95 proíbe a exigência de atesta-
o crime é cometido: (Incluído pela Lei nº dos de gravidez e esterilização e outras práticas
10.803, de 11.12.2003) discriminatórias, para efeitos admissionais ou
I – contra criança ou adolescente; (Incluído de permanência da relação jurídica de trabalho,
pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) veda a adoção de qualquer prática discrimina-
tória e limitativa para efeito de acesso à relação
II – por motivo de preconceito de raça, cor, de emprego, ou sua manutenção, por motivo de
etnia, religião ou origem. (Incluído pela Lei sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação fa-
nº 10.803, de 11.12.2003) miliar ou idade.
A Convenção nº 100 da OIT, editada em 1953, e
ratificada pelo Brasil em 1957, prevê que os pa-
DA DISCRIMINAÇÃO E râmetros de remuneração devem ser estabele-
cidos sem levar em conta o sexo do trabalhador.
AÇÕES AFIRMATIVAS Além disso, exige-se que homens e mulheres se-
jam remunerados por trabalho de igual valor, e
No tocante ao tema da discriminação e da re- não simplesmente pelo mesmo trabalho ou um
alização de ações afirmativas as normas cons- similar. Nesse sentido, há um componente da
titucionais refletem os compromissos assumi- desigualdade que é resultado de um processo
dos pelo Brasil na esfera internacional em que discriminatório que remunera menos por traba-
se destacam as Convenções nº 100 e nº 111 da lhos iguais, que não permite – ou dificulta – a
Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a ascensão, que não contrata para cargos ou se-
Convenção da Organização das Nações Unidas tores de maior prestígio e que desemprega mais
(ONU) sobre a eliminação de todas as formas facilmente simplesmente pelo fato de o indiví-
de discriminação contra a mulher, ratificada em duo ser preto, pardo ou do sexo feminino.
1984. Na Constituição, esse direito está presen-
te de forma clara no capítulo relativo aos Direi- A Convenção nº 111 da OIT, editada em 1958
tos e Deveres Individuais e Coletivos, art. 5º, e ratificada pelo Brasil em 1968, sobre a discri-
quando proclama a igualdade entre homens e minação no emprego e na ocupação, considera
mulheres em direitos e obrigações. discriminação toda distinção, exclusão ou prefe-
rência fundada em diversos aspectos, inclusive

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sexo, que tenha por efeito anular ou alterar a NEGROS, PARDOS E ESTATUTO DA
igualdade de oportunidades ou de tratamento IGUALDADE RACIAL
em matéria de emprego ou profissão.
O art. 93 da Lei nº 8.213/91, regulamentada LEI Nº 12.288,
em 1999, legitima a oferta de oportunidades
iguais de acesso ao mercado de trabalho. Essa DE 20 DE JULHO DE 2010
lei estabelece dispositivo que torna obrigatório Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as
às empresas contratarem uma cota de pessoas Leis nos 7.716, de 5 de janeiro de 1989, 9.029,
com deficiência, proporcional ao número total de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de julho de
de seus trabalhadores e é conhecida como Lei 1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003.
de Cotas.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
Dessa forma, empresas com mais de 100 funcio- Congresso Nacional decreta e eu sanciono a se-
nários devem contratar 2% de pessoas com defi- guinte Lei:
ciência; com 201 a 500 funcionários, 3%; de 501
a 1.000, 4 %; e de 1.001 funcionários em dian-
te, 5%. A referida lei serve para que a inclusão
de trabalhadores com deficiência seja adotada TÍTULO I
como uma demanda a ser incorporada à cultura
organizacional desenvolvida pelas empresas. Disposições Preliminares
Outro avanço é o direito de a pessoa com defi- Art. 1º Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade
ciência se inscrever em concurso público, para Racial, destinado a garantir à população negra
provimento de cargo cujas atribuições sejam a efetivação da igualdade de oportunidades, a
compatíveis com sua deficiência. Para tais pes- defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos
soas, serão reservadas até 20% das vagas ofere- e difusos e o combate à discriminação e às de-
cidas no concurso. mais formas de intolerância étnica.

Apesar desses avanços indiscutíveis, a desigual- Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto,
dade dos direitos de mulheres, negros, pessoas considera-se:
com deficiência, idosos, o grupo GLBT (gays, lés- I – discriminação racial ou étnico-racial:
bicas, bissexuais e transgêneros), pessoas que toda distinção, exclusão, restrição ou prefe-
sofrem assédio moral, entre outras vítimas de rência baseada em raça, cor, descendência
discriminação, continua forte, muitas vezes dis- ou origem nacional ou étnica que tenha por
farçada pelos relacionamentos pessoais tradu- objeto anular ou restringir o reconhecimen-
zidos em relações de poder que alguns desses to, gozo ou exercício, em igualdade de con-
segmentos assumem no cenário nacional. dições, de direitos humanos e liberdades
A discriminação reduz o acesso às oportunida- fundamentais nos campos político, econô-
des de trabalho, emprego, renda, qualificação, mico, social, cultural ou em qualquer outro
educação, saúde e a outros direitos essenciais campo da vida pública ou privada;
à cidadania. Ao ser combatida, devem-se levar II – desigualdade racial: toda situação injus-
em conta as dimensões de gênero, etnia, raça, tificada de diferenciação de acesso e fruição
geração, escolaridade, orientação sexual e defi- de bens, serviços e oportunidades, nas es-
ciência que, apesar de não esgotarem a questão feras pública e privada, em virtude de raça,
da discriminação, são os focos de grandes desi- cor, descendência ou origem nacional ou ét-
gualdades no mundo do trabalho. nica;
Atenção: O texto tem como base materiais pro-
duzidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

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III – desigualdade de gênero e raça: assime- III – modificação das estruturas institucio-
tria existente no âmbito da sociedade que nais do Estado para o adequado enfren-
acentua a distância social entre mulheres tamento e a superação das desigualdades
negras e os demais segmentos sociais; étnicas decorrentes do preconceito e da
discriminação étnica;
IV – população negra: o conjunto de pes-
soas que se autodeclaram pretas e pardas, IV – promoção de ajustes normativos para
conforme o quesito cor ou raça usado pela aperfeiçoar o combate à discriminação étni-
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e ca e às desigualdades étnicas em todas as
Estatística (IBGE), ou que adotam autodefi- suas manifestações individuais, institucio-
nição análoga; nais e estruturais;
V – políticas públicas: as ações, iniciativas e V – eliminação dos obstáculos históricos,
programas adotados pelo Estado no cum- socioculturais e institucionais que impedem
primento de suas atribuições institucionais; a representação da diversidade étnica nas
esferas pública e privada;
VI – ações afirmativas: os programas e me-
didas especiais adotados pelo Estado e pela VI – estímulo, apoio e fortalecimento de
iniciativa privada para a correção das de- iniciativas oriundas da sociedade civil dire-
sigualdades raciais e para a promoção da cionadas à promoção da igualdade de opor-
igualdade de oportunidades. tunidades e ao combate às desigualdades
étnicas, inclusive mediante a implementa-
Art. 2º É dever do Estado e da sociedade garan- ção de incentivos e critérios de condiciona-
tir a igualdade de oportunidades, reconhecendo mento e prioridade no acesso aos recursos
a todo cidadão brasileiro, independentemente públicos;
da etnia ou da cor da pele, o direito à participa-
ção na comunidade, especialmente nas ativida- VII – implementação de programas de ação
des políticas, econômicas, empresariais, educa- afirmativa destinados ao enfrentamento
cionais, culturais e esportivas, defendendo sua das desigualdades étnicas no tocante à edu-
dignidade e seus valores religiosos e culturais. cação, cultura, esporte e lazer, saúde, segu-
rança, trabalho, moradia, meios de comuni-
Art. 3º Além das normas constitucionais relati- cação de massa, financiamentos públicos,
vas aos princípios fundamentais, aos direitos e acesso à terra, à Justiça, e outros.
garantias fundamentais e aos direitos sociais,
econômicos e culturais, o Estatuto da Igualda- Parágrafo único. Os programas de ação
de Racial adota como diretriz político-jurídica afirmativa constituir-se-ão em políticas pú-
a inclusão das vítimas de desigualdade étnico- blicas destinadas a reparar as distorções e
-racial, a valorização da igualdade étnica e o for- desigualdades sociais e demais práticas dis-
talecimento da identidade nacional brasileira. criminatórias adotadas, nas esferas pública
e privada, durante o processo de formação
Art. 4º A participação da população negra, em social do País.
condição de igualdade de oportunidade, na vida
econômica, social, política e cultural do País Art. 5º Para a consecução dos objetivos desta
será promovida, prioritariamente, por meio de: Lei, é instituído o Sistema Nacional de Promo-
ção da Igualdade Racial (Sinapir), conforme es-
I – inclusão nas políticas públicas de desen- tabelecido no Título III.
volvimento econômico e social;
II – adoção de medidas, programas e políti-
cas de ação afirmativa;

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TÍTULO II I – a promoção da saúde integral da popula-
ção negra, priorizando a redução das desi-
Dos Direitos Fundamentais gualdades étnicas e o combate à discrimina-
ção nas instituições e serviços do SUS;
II – a melhoria da qualidade dos sistemas de
informação do SUS no que tange à coleta,
CAPÍTULO I ao processamento e à análise dos dados de-
DO DIREITO À SAÚDE sagregados por cor, etnia e gênero;
Art. 6º O direito à saúde da população negra III – o fomento à realização de estudos e
será garantido pelo poder público mediante po- pesquisas sobre racismo e saúde da popu-
líticas universais, sociais e econômicas destina- lação negra;
das à redução do risco de doenças e de outros
IV – a inclusão do conteúdo da saúde da po-
agravos.
pulação negra nos processos de formação
§ 1º O acesso universal e igualitário ao Sis- e educação permanente dos trabalhadores
tema Único de Saúde (SUS) para promoção, da saúde;
proteção e recuperação da saúde da popu-
V – a inclusão da temática saúde da popu-
lação negra será de responsabilidade dos
lação negra nos processos de formação po-
órgãos e instituições públicas federais, esta-
lítica das lideranças de movimentos sociais
duais, distritais e municipais, da administra-
para o exercício da participação e controle
ção direta e indireta.
social no SUS.
§ 2º O poder público garantirá que o seg-
Parágrafo único. Os moradores das comuni-
mento da população negra vinculado aos
dades de remanescentes de quilombos se-
seguros privados de saúde seja tratado sem
rão beneficiários de incentivos específicos
discriminação.
para a garantia do direito à saúde, incluindo
Art. 7º O conjunto de ações de saúde voltadas à melhorias nas condições ambientais, no sa-
população negra constitui a Política Nacional de neamento básico, na segurança alimentar e
Saúde Integral da População Negra, organizada nutricional e na atenção integral à saúde.
de acordo com as diretrizes abaixo especifica-
das:
I – ampliação e fortalecimento da participa- CAPÍTULO II
ção de lideranças dos movimentos sociais DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À
em defesa da saúde da população negra nas
instâncias de participação e controle social CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER
do SUS;
Seção I
II – produção de conhecimento científico e DISPOSIÇÕES GERAIS
tecnológico em saúde da população negra;
Art. 9º A população negra tem direito a parti-
III – desenvolvimento de processos de infor-
cipar de atividades educacionais, culturais, es-
mação, comunicação e educação para con-
portivas e de lazer adequadas a seus interesses
tribuir com a redução das vulnerabilidades
e condições, de modo a contribuir para o patri-
da população negra.
mônio cultural de sua comunidade e da socie-
Art. 8º Constituem objetivos da Política Nacio- dade brasileira.
nal de Saúde Integral da População Negra:

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Art. 10. Para o cumprimento do disposto no art. debater com os estudantes suas vivências
9º, os governos federal, estaduais, distrital e relativas ao tema em comemoração.
municipais adotarão as seguintes providências:
Art. 12. Os órgãos federais, distritais e estaduais
I – promoção de ações para viabilizar e am- de fomento à pesquisa e à pós-graduação pode-
pliar o acesso da população negra ao ensi- rão criar incentivos a pesquisas e a programas
no gratuito e às atividades esportivas e de de estudo voltados para temas referentes às
lazer; relações étnicas, aos quilombos e às questões
pertinentes à população negra.
II – apoio à iniciativa de entidades que man-
tenham espaço para promoção social e cul- Art. 13. O Poder Executivo federal, por meio dos
tural da população negra; órgãos competentes, incentivará as instituições
de ensino superior públicas e privadas, sem pre-
III – desenvolvimento de campanhas edu- juízo da legislação em vigor, a:
cativas, inclusive nas escolas, para que a
solidariedade aos membros da população I – resguardar os princípios da ética em pes-
negra faça parte da cultura de toda a socie- quisa e apoiar grupos, núcleos e centros de
dade; pesquisa, nos diversos programas de pós-
-graduação que desenvolvam temáticas de
IV – implementação de políticas públicas interesse da população negra;
para o fortalecimento da juventude negra
brasileira. II – incorporar nas matrizes curriculares dos
cursos de formação de professores temas
Seção II que incluam valores concernentes à plura-
DA EDUCAÇÃO lidade étnica e cultural da sociedade brasi-
leira;
Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino funda-
mental e de ensino médio, públicos e privados, III – desenvolver programas de extensão
é obrigatório o estudo da história geral da África universitária destinados a aproximar jovens
e da história da população negra no Brasil, ob- negros de tecnologias avançadas, assegura-
servado o disposto na Lei no 9.394, de 20 de de- do o princípio da proporcionalidade de gê-
zembro de 1996. nero entre os beneficiários;

§ 1º Os conteúdos referentes à história da IV – estabelecer programas de cooperação


população negra no Brasil serão ministra- técnica, nos estabelecimentos de ensino
dos no âmbito de todo o currículo escolar, públicos, privados e comunitários, com as
resgatando sua contribuição decisiva para o escolas de educação infantil, ensino funda-
desenvolvimento social, econômico, políti- mental, ensino médio e ensino técnico, para
co e cultural do País. a formação docente baseada em princípios
de equidade, de tolerância e de respeito às
§ 2º O órgão competente do Poder Executi- diferenças étnicas.
vo fomentará a formação inicial e continua-
da de professores e a elaboração de mate- Art. 14. O poder público estimulará e apoiará
rial didático específico para o cumprimento ações socioeducacionais realizadas por entida-
do disposto no caput deste artigo. des do movimento negro que desenvolvam ati-
vidades voltadas para a inclusão social, median-
§ 3º Nas datas comemorativas de caráter cí- te cooperação técnica, intercâmbios, convênios
vico, os órgãos responsáveis pela educação e incentivos, entre outros mecanismos.
incentivarão a participação de intelectuais
e representantes do movimento negro para Art. 15. O poder público adotará programas de
ação afirmativa.

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Art. 16. O Poder Executivo federal, por meio dos tivas, consolidando o esporte e o lazer como di-
órgãos responsáveis pelas políticas de promo- reitos sociais.
ção da igualdade e de educação, acompanhará
e avaliará os programas de que trata esta Seção. Art. 22. A capoeira é reconhecida como despor-
to de criação nacional, nos termos do art. 217
Seção III da Constituição Federal.
DA CULTURA § 1º A atividade de capoeirista será reco-
nhecida em todas as modalidades em que
Art. 17. O poder público garantirá o reconheci- a capoeira se manifesta, seja como esporte,
mento das sociedades negras, clubes e outras luta, dança ou música, sendo livre o exercí-
formas de manifestação coletiva da população cio em todo o território nacional.
negra, com trajetória histórica comprovada,
como patrimônio histórico e cultural, nos ter- § 2º É facultado o ensino da capoeira nas
mos dos arts. 215 e 216 da Constituição Federal. instituições públicas e privadas pelos capo-
eiristas e mestres tradicionais, pública e for-
Art. 18. É assegurado aos remanescentes das malmente reconhecidos.
comunidades dos quilombos o direito à preser-
vação de seus usos, costumes, tradições e mani-
festos religiosos, sob a proteção do Estado.
Parágrafo único. A preservação dos docu- CAPÍTULO III
mentos e dos sítios detentores de reminis- DO DIREITO À LIBERDADE DE
cências históricas dos antigos quilombos, CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA E AO
tombados nos termos do § 5º do art. 216 LIVRE EXERCÍCIO DOS CULTOS
da Constituição Federal, receberá especial
RELIGIOSOS
atenção do poder público.
Art. 19. O poder público incentivará a celebra- Art. 23. É inviolável a liberdade de consciência
ção das personalidades e das datas comemo- e de crença, sendo assegurado o livre exercício
rativas relacionadas à trajetória do samba e de dos cultos religiosos e garantida, na forma da
outras manifestações culturais de matriz africa- lei, a proteção aos locais de culto e a suas litur-
na, bem como sua comemoração nas institui- gias.
ções de ensino públicas e privadas. Art. 24. O direito à liberdade de consciência e
Art. 20. O poder público garantirá o registro e de crença e ao livre exercício dos cultos religio-
a proteção da capoeira, em todas as suas mo- sos de matriz africana compreende:
dalidades, como bem de natureza imaterial e de I – a prática de cultos, a celebração de reu-
formação da identidade cultural brasileira, nos niões relacionadas à religiosidade e a fun-
termos do art. 216 da Constituição Federal. dação e manutenção, por iniciativa privada,
Parágrafo único. O poder público buscará de lugares reservados para tais fins;
garantir, por meio dos atos normativos ne- II – a celebração de festividades e cerimô-
cessários, a preservação dos elementos for- nias de acordo com preceitos das respecti-
madores tradicionais da capoeira nas suas vas religiões;
relações internacionais.
III – a fundação e a manutenção, por inicia-
Seção IV tiva privada, de instituições beneficentes
DO ESPORTE E LAZER ligadas às respectivas convicções religiosas;

Art. 21. O poder público fomentará o pleno IV – a produção, a comercialização, a aquisi-


acesso da população negra às práticas despor- ção e o uso de artigos e materiais religiosos

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adequados aos costumes e às práticas fun- demais religiões, em comissões, conselhos,


dadas na respectiva religiosidade, ressalva- órgãos e outras instâncias de deliberação
das as condutas vedadas por legislação es- vinculadas ao poder público.
pecífica;
V – a produção e a divulgação de publica-
ções relacionadas ao exercício e à difusão CAPÍTULO IV
das religiões de matriz africana;
DO ACESSO À TERRA
VI – a coleta de contribuições financeiras E À MORADIA ADEQUADA
de pessoas naturais e jurídicas de natureza
privada para a manutenção das atividades Seção I
religiosas e sociais das respectivas religiões; DO ACESSO À TERRA
VII – o acesso aos órgãos e aos meios de co-
Art. 27. O poder público elaborará e implemen-
municação para divulgação das respectivas
tará políticas públicas capazes de promover o
religiões;
acesso da população negra à terra e às ativida-
VIII – a comunicação ao Ministério Públi- des produtivas no campo.
co para abertura de ação penal em face de
Art. 28. Para incentivar o desenvolvimento das
atitudes e práticas de intolerância religiosa
atividades produtivas da população negra no
nos meios de comunicação e em quaisquer
campo, o poder público promoverá ações para
outros locais.
viabilizar e ampliar o seu acesso ao financia-
Art. 25. É assegurada a assistência religiosa aos mento agrícola.
praticantes de religiões de matrizes africanas in-
Art. 29. Serão assegurados à população negra
ternados em hospitais ou em outras instituições
a assistência técnica rural, a simplificação do
de internação coletiva, inclusive àqueles sub-
acesso ao crédito agrícola e o fortalecimento da
metidos a pena privativa de liberdade.
infraestrutura de logística para a comercializa-
Art. 26. O poder público adotará as medidas ne- ção da produção.
cessárias para o combate à intolerância com as
Art. 30. O poder público promoverá a educa-
religiões de matrizes africanas e à discriminação
ção e a orientação profissional agrícola para os
de seus seguidores, especialmente com o obje-
trabalhadores negros e as comunidades negras
tivo de:
rurais.
I – coibir a utilização dos meios de comuni-
Art. 31. Aos remanescentes das comunidades
cação social para a difusão de proposições,
dos quilombos que estejam ocupando suas ter-
imagens ou abordagens que exponham pes-
ras é reconhecida a propriedade definitiva, de-
soa ou grupo ao ódio ou ao desprezo por
vendo o Estado emitir-lhes os títulos respecti-
motivos fundados na religiosidade de matri-
vos.
zes africanas;
Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará e
II – inventariar, restaurar e proteger os do-
desenvolverá políticas públicas especiais volta-
cumentos, obras e outros bens de valor ar-
das para o desenvolvimento sustentável dos re-
tístico e cultural, os monumentos, manan-
manescentes das comunidades dos quilombos,
ciais, flora e sítios arqueológicos vinculados
respeitando as tradições de proteção ambiental
às religiões de matrizes africanas;
das comunidades.
III – assegurar a participação proporcional
Art. 33. Para fins de política agrícola, os rema-
de representantes das religiões de matri-
nescentes das comunidades dos quilombos re-
zes africanas, ao lado da representação das

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ceberão dos órgãos competentes tratamento Art. 37. Os agentes financeiros, públicos ou pri-
especial diferenciado, assistência técnica e li- vados, promoverão ações para viabilizar o aces-
nhas especiais de financiamento público, des- so da população negra aos financiamentos habi-
tinados à realização de suas atividades produti- tacionais.
vas e de infraestrutura.
Art. 34. Os remanescentes das comunidades
dos quilombos se beneficiarão de todas as ini- CAPÍTULO V
ciativas previstas nesta e em outras leis para a
DO TRABALHO
promoção da igualdade étnica.
Art. 38. A implementação de políticas voltadas
Seção II para a inclusão da população negra no mercado
DA MORADIA de trabalho será de responsabilidade do poder
público, observando-se:
Art. 35. O poder público garantirá a implemen-
tação de políticas públicas para assegurar o di- I – o instituído neste Estatuto;
reito à moradia adequada da população negra
que vive em favelas, cortiços, áreas urbanas II – os compromissos assumidos pelo Brasil
subutilizadas, degradadas ou em processo de ao ratificar a Convenção Internacional sobre
degradação, a fim de reintegrá-las à dinâmica a Eliminação de Todas as Formas de Discri-
urbana e promover melhorias no ambiente e na minação Racial, de 1965;
qualidade de vida. III – os compromissos assumidos pelo Bra-
Parágrafo único. O direito à moradia ade- sil ao ratificar a Convenção no 111, de 1958,
quada, para os efeitos desta Lei, inclui não da Organização Internacional do Trabalho
apenas o provimento habitacional, mas (OIT), que trata da discriminação no empre-
também a garantia da infraestrutura urba- go e na profissão;
na e dos equipamentos comunitários asso- IV – os demais compromissos formalmente
ciados à função habitacional, bem como a assumidos pelo Brasil perante a comunida-
assistência técnica e jurídica para a constru- de internacional.
ção, a reforma ou a regularização fundiária
da habitação em área urbana. Art. 39. O poder público promoverá ações que
assegurem a igualdade de oportunidades no
Art. 36. Os programas, projetos e outras ações mercado de trabalho para a população negra,
governamentais realizadas no âmbito do Siste- inclusive mediante a implementação de me-
ma Nacional de Habitação de Interesse Social didas visando à promoção da igualdade nas
(SNHIS), regulado pela Lei no 11.124, de 16 de contratações do setor público e o incentivo à
junho de 2005, devem considerar as peculiari- adoção de medidas similares nas empresas e or-
dades sociais, econômicas e culturais da popu- ganizações privadas.
lação negra.
§ 1º A igualdade de oportunidades será lo-
Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Fe- grada mediante a adoção de políticas e pro-
deral e os Municípios estimularão e facilita- gramas de formação profissional, de empre-
rão a participação de organizações e movi- go e de geração de renda voltados para a
mentos representativos da população negra população negra.
na composição dos conselhos constituídos
para fins de aplicação do Fundo Nacional de § 2º As ações visando a promover a igual-
Habitação de Interesse Social (FNHIS). dade de oportunidades na esfera da admi-
nistração pública far-se-ão por meio de nor-
mas estabelecidas ou a serem estabelecidas

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em legislação específica e em seus regula- reproduzir a estrutura da distribuição étnica na-


mentos. cional ou, quando for o caso, estadual, observa-
dos os dados demográficos oficiais.
§ 3º O poder público estimulará, por meio
de incentivos, a adoção de iguais medidas
pelo setor privado.
§ 4º As ações de que trata o caput deste ar- CAPÍTULO VI
tigo assegurarão o princípio da proporcio- DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
nalidade de gênero entre os beneficiários.
Art. 43. A produção veiculada pelos órgãos de
§ 5º Será assegurado o acesso ao crédito comunicação valorizará a herança cultural e a
para a pequena produção, nos meios rural e participação da população negra na história do
urbano, com ações afirmativas para mulhe- País.
res negras.
Art. 44. Na produção de filmes e programas
§ 6º O poder público promoverá campa- destinados à veiculação pelas emissoras de te-
nhas de sensibilização contra a marginaliza- levisão e em salas cinematográficas, deverá ser
ção da mulher negra no trabalho artístico e adotada a prática de conferir oportunidades de
cultural. emprego para atores, figurantes e técnicos ne-
gros, sendo vedada toda e qualquer discrimina-
§ 7º O poder público promoverá ações com
ção de natureza política, ideológica, étnica ou
o objetivo de elevar a escolaridade e a qua-
artística.
lificação profissional nos setores da econo-
mia que contem com alto índice de ocu- Parágrafo único. A exigência disposta no
pação por trabalhadores negros de baixa caput não se aplica aos filmes e programas
escolarização. que abordem especificidades de grupos ét-
nicos determinados.
Art. 40. O Conselho Deliberativo do Fundo de
Amparo ao Trabalhador (Codefat) formulará Art. 45. Aplica-se à produção de peças publicitá-
políticas, programas e projetos voltados para a rias destinadas à veiculação pelas emissoras de
inclusão da população negra no mercado de tra- televisão e em salas cinematográficas o dispos-
balho e orientará a destinação de recursos para to no art. 44.
seu financiamento.
Art. 46. Os órgãos e entidades da administração
Art. 41. As ações de emprego e renda, promo- pública federal direta, autárquica ou fundacio-
vidas por meio de financiamento para consti- nal, as empresas públicas e as sociedades de
tuição e ampliação de pequenas e médias em- economia mista federais deverão incluir cláusu-
presas e de programas de geração de renda, las de participação de artistas negros nos con-
contemplarão o estímulo à promoção de em- tratos de realização de filmes, programas ou
presários negros. quaisquer outras peças de caráter publicitário.
Parágrafo único. O poder público estimula- § 1º Os órgãos e entidades de que trata este
rá as atividades voltadas ao turismo étnico artigo incluirão, nas especificações para
com enfoque nos locais, monumentos e ci- contratação de serviços de consultoria, con-
dades que retratem a cultura, os usos e os ceituação, produção e realização de filmes,
costumes da população negra. programas ou peças publicitárias, a obriga-
toriedade da prática de iguais oportunida-
Art. 42. O Poder Executivo federal poderá im-
des de emprego para as pessoas relaciona-
plementar critérios para provimento de cargos
das com o projeto ou serviço contratado.
em comissão e funções de confiança destinados
a ampliar a participação de negros, buscando

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§ 2º Entende-se por prática de iguais opor- CAPÍTULO II
tunidades de emprego o conjunto de medi- DOS OBJETIVOS
das sistemáticas executadas com a finalida-
de de garantir a diversidade étnica, de sexo Art. 48. São objetivos do Sinapir:
e de idade na equipe vinculada ao projeto
ou serviço contratado. I – promover a igualdade étnica e o com-
bate às desigualdades sociais resultantes
§ 3º A autoridade contratante poderá, se do racismo, inclusive mediante adoção de
considerar necessário para garantir a prá- ações afirmativas;
tica de iguais oportunidades de emprego,
requerer auditoria por órgão do poder pú- II – formular políticas destinadas a comba-
blico federal. ter os fatores de marginalização e a promo-
ver a integração social da população negra;
§ 4º A exigência disposta no caput não se
aplica às produções publicitárias quando III – descentralizar a implementação de
abordarem especificidades de grupos étni- ações afirmativas pelos governos estaduais,
cos determinados. distrital e municipais;
IV – articular planos, ações e mecanismos
voltados à promoção da igualdade étnica;
TÍTULO III
V – garantir a eficácia dos meios e dos ins-
Do Sistema Nacional de trumentos criados para a implementação
Promoção da Igualdade Racial das ações afirmativas e o cumprimento das
metas a serem estabelecidas.
(SINAPIR)

CAPÍTULO III
CAPÍTULO I DA ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
Art. 49. O Poder Executivo federal elaborará
Art. 47. É instituído o Sistema Nacional de Pro- plano nacional de promoção da igualdade racial
moção da Igualdade Racial (Sinapir) como for- contendo as metas, princípios e diretrizes para a
ma de organização e de articulação voltadas à implementação da Política Nacional de Promo-
implementação do conjunto de políticas e ser- ção da Igualdade Racial (PNPIR).
viços destinados a superar as desigualdades ét-
nicas existentes no País, prestados pelo poder § 1º A elaboração, implementação, coor-
público federal. denação, avaliação e acompanhamento da
PNPIR, bem como a organização, articula-
§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Mu- ção e coordenação do Sinapir, serão efetiva-
nicípios poderão participar do Sinapir me- dos pelo órgão responsável pela política de
diante adesão. promoção da igualdade étnica em âmbito
§ 2º O poder público federal incentivará a nacional.
sociedade e a iniciativa privada a participar § 2º É o Poder Executivo federal autoriza-
do Sinapir. do a instituir fórum intergovernamental de
promoção da igualdade étnica, a ser coor-
denado pelo órgão responsável pelas políti-
cas de promoção da igualdade étnica, com
o objetivo de implementar estratégias que

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visem à incorporação da política nacional lência, garantida a assistência física, psíqui-


de promoção da igualdade étnica nas ações ca, social e jurídica.
governamentais de Estados e Municípios.
Art. 53. O Estado adotará medidas especiais
§ 3º As diretrizes das políticas nacional e para coibir a violência policial incidente sobre a
regional de promoção da igualdade étnica população negra.
serão elaboradas por órgão colegiado que
assegure a participação da sociedade civil. Parágrafo único. O Estado implementará
ações de ressocialização e proteção da ju-
Art. 50. Os Poderes Executivos estaduais, distri- ventude negra em conflito com a lei e ex-
tal e municipais, no âmbito das respectivas esfe- posta a experiências de exclusão social.
ras de competência, poderão instituir conselhos
de promoção da igualdade étnica, de caráter Art. 54. O Estado adotará medidas para coibir
permanente e consultivo, compostos por igual atos de discriminação e preconceito praticados
número de representantes de órgãos e entida- por servidores públicos em detrimento da po-
des públicas e de organizações da sociedade ci- pulação negra, observado, no que couber, o dis-
vil representativas da população negra. posto na Lei no 7.716, de 5 de janeiro de 1989.

Parágrafo único. O Poder Executivo priori- Art. 55. Para a apreciação judicial das lesões e
zará o repasse dos recursos referentes aos das ameaças de lesão aos interesses da popula-
programas e atividades previstos nesta Lei ção negra decorrentes de situações de desigual-
aos Estados, Distrito Federal e Municípios dade étnica, recorrer-se-á, entre outros instru-
que tenham criado conselhos de promoção mentos, à ação civil pública, disciplinada na Lei
da igualdade étnica. no 7.347, de 24 de julho de 1985.

CAPÍTULO IV CAPÍTULO V
DAS OUVIDORIAS PERMANENTES DO FINANCIAMENTO DAS
E DO ACESSO À JUSTIÇA E À INICIATIVAS DE PROMOÇÃO DA
SEGURANÇA IGUALDADE RACIAL

Art. 51. O poder público federal instituirá, na Art. 56. Na implementação dos programas e das
forma da lei e no âmbito dos Poderes Legislativo ações constantes dos planos plurianuais e dos
e Executivo, Ouvidorias Permanentes em Defe- orçamentos anuais da União, deverão ser ob-
sa da Igualdade Racial, para receber e encami- servadas as políticas de ação afirmativa a que se
nhar denúncias de preconceito e discriminação refere o inciso VII do art. 4º desta Lei e outras
com base em etnia ou cor e acompanhar a im- políticas públicas que tenham como objetivo
plementação de medidas para a promoção da promover a igualdade de oportunidades e a in-
igualdade. clusão social da população negra, especialmen-
te no que tange a:
Art. 52. É assegurado às vítimas de discrimi-
nação étnica o acesso aos órgãos de Ouvidoria I – promoção da igualdade de oportunida-
Permanente, à Defensoria Pública, ao Ministé- des em educação, emprego e moradia;
rio Público e ao Poder Judiciário, em todas as II – financiamento de pesquisas, nas áreas
suas instâncias, para a garantia do cumprimento de educação, saúde e emprego, voltadas
de seus direitos. para a melhoria da qualidade de vida da po-
Parágrafo único. O Estado assegurará aten- pulação negra;
ção às mulheres negras em situação de vio-

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III – incentivo à criação de programas e veí- cipação crescente dos programas de ação
culos de comunicação destinados à divulga- afirmativa nos orçamentos anuais a que se
ção de matérias relacionadas aos interesses refere o § 2º deste artigo.
da população negra;
§ 4º O órgão colegiado do Poder Executi-
IV – incentivo à criação e à manutenção de vo federal responsável pela promoção da
microempresas administradas por pessoas igualdade racial acompanhará e avaliará a
autodeclaradas negras; programação das ações referidas neste ar-
tigo nas propostas orçamentárias da União.
V – iniciativas que incrementem o acesso e
a permanência das pessoas negras na edu- Art. 57. Sem prejuízo da destinação de recursos
cação fundamental, média, técnica e supe- ordinários, poderão ser consignados nos orça-
rior; mentos fiscal e da seguridade social para finan-
ciamento das ações de que trata o art. 56:
VI – apoio a programas e projetos dos go-
vernos estaduais, distrital e municipais e de I – transferências voluntárias dos Estados,
entidades da sociedade civil voltados para a do Distrito Federal e dos Municípios;
promoção da igualdade de oportunidades
para a população negra; II – doações voluntárias de particulares;

VII – apoio a iniciativas em defesa da cultu- III – doações de empresas privadas e orga-
ra, da memória e das tradições africanas e nizações não governamentais, nacionais ou
brasileiras. internacionais;

§ 1º O Poder Executivo federal é autorizado IV – doações voluntárias de fundos nacio-


a adotar medidas que garantam, em cada nais ou internacionais;
exercício, a transparência na alocação e na V – doações de Estados estrangeiros, por
execução dos recursos necessários ao finan- meio de convênios, tratados e acordos in-
ciamento das ações previstas neste Estatu- ternacionais.
to, explicitando, entre outros, a proporção
dos recursos orçamentários destinados aos
programas de promoção da igualdade, es- TÍTULO IV
pecialmente nas áreas de educação, saúde,
emprego e renda, desenvolvimento agrário, Disposições Finais
habitação popular, desenvolvimento regio-
nal, cultura, esporte e lazer. Art. 58. As medidas instituídas nesta Lei não ex-
§ 2º Durante os 5 (cinco) primeiros anos, a cluem outras em prol da população negra que
contar do exercício subsequente à publica- tenham sido ou venham a ser adotadas no âm-
ção deste Estatuto, os órgãos do Poder Exe- bito da União, dos Estados, do Distrito Federal
cutivo federal que desenvolvem políticas e ou dos Municípios.
programas nas áreas referidas no § 1º des- Art. 59. O Poder Executivo federal criará instru-
te artigo discriminarão em seus orçamen- mentos para aferir a eficácia social das medidas
tos anuais a participação nos programas de previstas nesta Lei e efetuará seu monitoramen-
ação afirmativa referidos no inciso VII do to constante, com a emissão e a divulgação de
art. 4º desta Lei. relatórios periódicos, inclusive pela rede mun-
§ 3º O Poder Executivo é autorizado a ado- dial de computadores.
tar as medidas necessárias para a adequada Art. 60. Os arts. 3º e 4º da Lei nº 7.716, de 1989,
implementação do disposto neste artigo, passam a vigorar com a seguinte redação:
podendo estabelecer patamares de parti-

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“Art. 3º ............................................................... além do direito à reparação pelo dano moral, fa-


......... culta ao empregado optar entre:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena ......................................................................
quem, por motivo de discriminação de raça, .............” (NR)
cor, etnia, religião ou procedência nacional,
obstar a promoção funcional.” (NR) Art. 62. O art. 13 da Lei no 7.347, de 1985, passa
a vigorar acrescido do seguinte § 2º, renume-
“Art. 4º ............................................................... rando-se o atual parágrafo único como § 1º:
.........
“Art. 13. ..............................................................
§ 1º Incorre na mesma pena quem, por mo- ..........
tivo de discriminação de raça ou de cor ou
práticas resultantes do preconceito de des- § 1º ..............................................................
cendência ou origem nacional ou étnica: .................

I – deixar de conceder os equipamentos ne- § 2º Havendo acordo ou condenação com


cessários ao empregado em igualdade de fundamento em dano causado por ato de
condições com os demais trabalhadores; discriminação étnica nos termos do dispos-
to no art. 1º desta Lei, a prestação em di-
II – impedir a ascensão funcional do empre- nheiro reverterá diretamente ao fundo de
gado ou obstar outra forma de benefício que trata o caput e será utilizada para ações
profissional; de promoção da igualdade étnica, confor-
me definição do Conselho Nacional de Pro-
III – proporcionar ao empregado tratamen- moção da Igualdade Racial, na hipótese de
to diferenciado no ambiente de trabalho, extensão nacional, ou dos Conselhos de
especialmente quanto ao salário. Promoção de Igualdade Racial estaduais
§ 2º Ficará sujeito às penas de multa e de ou locais, nas hipóteses de danos com ex-
prestação de serviços à comunidade, in- tensão regional ou local, respectivamente.”
cluindo atividades de promoção da igualda- (NR)
de racial, quem, em anúncios ou qualquer Art. 63. O § 1º do art. 1º da Lei nº 10.778, de
outra forma de recrutamento de trabalha- 24 de novembro de 2003, passa a vigorar com a
dores, exigir aspectos de aparência próprios seguinte redação:
de raça ou etnia para emprego cujas ativida-
des não justifiquem essas exigências.” (NR) “Art. 1º ...............................................................
........
Art. 61. Os arts. 3º e 4º da Lei nº 9.029, de 13 de
abril de 1995, passam a vigorar com a seguinte § 1º Para os efeitos desta Lei, entende-se
redação: por violência contra a mulher qualquer ação
ou conduta, baseada no gênero, inclusive
“Art. 3º Sem prejuízo do prescrito no art. 2º e decorrente de discriminação ou desigualda-
nos dispositivos legais que tipificam os crimes de étnica, que cause morte, dano ou sofri-
resultantes de preconceito de etnia, raça ou cor, mento físico, sexual ou psicológico à mulher,
as infrações do disposto nesta Lei são passíveis tanto no âmbito público quanto no privado.
das seguintes cominações:
......................................................................
...................................................................... .............” (NR)
.............” (NR)
Art. 64. O § 3º do art. 20 da Lei nº 7.716, de
“Art. 4º O rompimento da relação de trabalho 1989, passa a vigorar acrescido do seguinte in-
por ato discriminatório, nos moldes desta Lei, ciso III:

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“Art. 20. ............................................................. Art. 373. A duração normal de trabalho da mu-
............................................................................ lher será de 8 (oito) horas diárias, exceto nos ca-
.......................... sos para os quais for fixada duração inferior.
§ 3º .............................................................. Art. 373-A. Ressalvadas as disposições legais
...................................................................... destinadas a corrigir as distorções que afetam o
........................................ acesso da mulher ao mercado de trabalho e cer-
tas especificidades estabelecidas nos acordos
III – a interdição das respectivas mensagens trabalhistas, é vedado:
ou páginas de informação na rede mundial
de computadores. I – publicar ou fazer publicar anúncio de em-
prego no qual haja referência ao sexo à ida-
...................................................................... de, à cor ou situação familiar, salvo quando
.............” (NR) a natureza da atividade a ser exercida, pú-
Art. 65. Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) blica e notoriamente, assim o exigir;
dias após a data de sua publicação. II – recusar emprego, promoção ou motivar
Brasília, 20 de julho de 2010; 189º da Indepen- a dispensa do trabalho em razão de sexo,
dência e 122º da República. idade, cor, situação familiar ou estado de
gravidez, salvo quando a natureza da ativi-
dade seja notória e publicamente incompa-
tível;
DIREITOS DA MULHER
III – considerar o sexo, a idade, a cor ou si-
tuação familiar como variável determinante
DA PROTEÇÃO DO para fins de remuneração, formação profis-
TRABALHO DA MULHER sional e oportunidades de ascensão profis-
sional;
(Vide arts. 5º, I e 7º, XX e XXX da
Constituição Federal de 1988) IV – exigir atestado ou exame, de qualquer
natureza, para comprovação de esterilidade
Seção I ou gravidez, na admissão ou permanência
DA DURAÇÃO, CONDIÇÕES DO no emprego;
TRABALHO E DA DISCRIMINAÇÃO V – impedir o acesso ou adotar critérios
CONTRA A MULHER subjetivos para deferimento de inscrição ou
(Denominação da seção com redação aprovação em concursos, em empresas pri-
dada pela Lei nº 9.799, de 26/5/1999) vadas, em razão de sexo, idade, cor, situa-
ção familiar ou estado de gravidez;
Art. 372. Os preceitos que regulam o trabalho
masculino são aplicáveis ao trabalho feminino, VI – proceder o empregador ou preposto a
naquilo em que não colidirem com a proteção revistas íntimas nas empregadas ou funcio-
especial instituída por este Capítulo. nárias.
Parágrafo único. Não é regido pelos dispo- Parágrafo único. O disposto neste artigo
sitivos a que se refere este artigo o trabalho não obsta a adoção de medidas temporárias
nas oficinas em que sirvam exclusivamente que visem ao estabelecimento das políticas
pessoas da família da mulher e esteja esta de igualdade entre homens e mulheres, em
sob a direção do esposo, do pai, da mãe, do particular as que se destinam a corrigir as
tutor ou do filho. distorções que afetam a formação profis-
sional, o acesso ao emprego e as condições

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gerais de trabalho da mulher. (Artigo acres- Art. 384. Em caso de prorrogação do horário
cido pela Lei nº 9.799, de 26/5/1999) normal, será obrigatório um descanso de 15
(quinze) minutos no mínimo, antes do início do
Art. 374. (Revogado pela Lei nº 7.855, de período extraordinário do trabalho.
24/10/1989)
Art. 385. O descanso semanal será de 24 (vin-
Art. 375. (Revogado pela Lei nº 7.855, de te e quatro) horas consecutivas e coincidirá no
24/10/1989) todo ou em parte com o domingo, salvo motivo
Art. 376. (Revogado pela Lei nº 10.244, de de conveniência pública ou necessidade impe-
27/6/2001) riosa de serviço, a juízo da autoridade compe-
tente, na forma das disposições gerais, caso em
Art. 377. A adoção de medidas de proteção ao que recairá em outro dia.
trabalho das mulheres é considerada de ordem
pública, não justificando, em hipótese alguma, a Parágrafo único. Observar-se-ão, igualmen-
redução de salário. te, os preceitos da legislação geral sobre a
proibição de trabalho nos feriados civis e re-
Art. 378. (Revogado pela Lei nº 7.855, de ligiosos.
24/10/1989)
Art. 386. Havendo trabalho aos domingos, será
Seção II organizada uma escala de revezamento quinze-
DO TRABALHO NOTURNO nal, que favoreça o repouso dominical.

Art. 379. (Revogado pela Lei nº 7.855, de Seção IV


24/10/1989) DOS MÉTODOS E
Art. 380. (Revogado pela Lei nº 7.855, de LOCAIS DE TRABALHO
24/10/1989) Art. 387. (Revogado pela Lei nº 7.855, de
Art. 381. O trabalho noturno das mulheres terá 24/10/1989)
salário superior ao diurno. Art. 388. Em virtude de exame e parecer da au-
§ 1º Para os fins desse artigo, os salários se- toridade competente, o Ministro do Trabalho,
rão acrescidos duma percentagem adicional Indústria e Comércio poderá estabelecer der-
de 20% (vinte por cento) no mínimo. rogações totais ou parciais às proibições a que
alude o artigo anterior, quando tiver desapare-
§ 2º Cada hora do período noturno de tra- cido, nos serviços considerados perigosos ou
balho das mulheres terá 52 (cinqüenta e insalubres, todo e qualquer caráter perigoso ou
dois) minutos e 30 (trinta) segundos. prejudicial mediante a aplicação de novos mé-
todos de trabalho ou pelo emprego de medidas
Seção III de ordem preventiva.
DOS PERÍODOS DE DESCANSO
Art. 389. Toda empresa é obrigada:
Art. 382. Entre 2 (duas) jornadas de trabalho,
I – a prover os estabelecimentos de medi-
haverá um intervalo de 11 (onze) horas conse-
das concernentes à higienização dos méto-
cutivas, no mínimo, destinado ao repouso.
dos e locais de trabalho, tais como ventila-
Art. 383. Durante a jornada de trabalho, será ção e iluminação e outros que se fizerem
concedido à empregada um período para refei- necessários à segurança e ao conforto das
ção e repouso não inferior a 1 (uma) hora nem mulheres, a critério da autoridade compe-
superior a 2 (duas) horas salvo a hipótese pre- tente;
vista no art. 71, § 3º.

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II – a instalar bebedouros, lavatórios, apare- material feita por impulsão ou tração de va-
lhos sanitários; dispor de cadeiras ou ban- gonetes sobre trilhos, de carros de mão ou
cos, em número suficiente, que permitam quaisquer aparelhos mecânicos.
às mulheres trabalhar sem grande esgota-
mento físico; Art. 390-A. (VETADO na Lei nº 9.799, de
26/5/1999)
III – a instalar vestiários com armários indi-
viduais privativos das mulheres, exceto os Art. 390-B. As vagas dos cursos de formação de
estabelecimentos comerciais, escritórios, mão-de-obra, ministrados por instituições go-
bancos e atividades afins, em que não seja vernamentais, pelos próprios empregadores ou
exigida a troca de roupa, e outros, a critério por qualquer órgão de ensino profissionalizan-
da autoridade competente em matéria de te, serão oferecidas aos empregados de ambos
segurança e higiene do trabalho, admitin- os sexos. (Artigo acrescido pela Lei nº 9.799, de
do-se como suficientes as gavetas ou esca- 26/5/1999)
ninhos, onde possam as empregadas guar- Art. 390-C. As empresas com mais de cem em-
dar seus pertences; pregados, de ambos os sexos deverão manter
IV – a fornecer, gratuitamente, a juízo da au- programas especiais de incentivos e aperfeiço-
toridade competente, os recursos de prote- amento profissional da mão-de-obra. (Artigo
ção individual, tais como óculos, máscaras, acrescido pela Lei nº 9.799, de 26/5/1999)
luvas e roupas especiais, para a defesa dos Art. 390-D. (VETADO na Lei nº 9.799, de
olhos, do aparelho respiratório e da pele, de 26/5/1999)
acordo com a natureza do trabalho.
Art. 390-E A pessoa jurídica poderá associar-
§ 1º Os estabelecimentos em que trabalha- -se a entidade de formação profissional, socie-
rem pelo menos 30 (trinta) mulheres, com dades civis, sociedades cooperativas, órgãos e
mais de 16 (dezesseis) anos de idade, terão entidades públicas ou entidades sindicais, bem
local apropriado onde seja permitido às em- como firmar convênios para o desenvolvimen-
pregadas guardar sob vigilância e assistên- to de ações conjuntas, visando à execução de
cia os seus filhos no período da amamen- projetos relativos ao incentivo ao trabalho da
tação. (Vide art. 7º, XXV da Constituição mulher. (Artigo acrescido pela Lei nº 9.799, de
Federal de 1988) 26/5/1999)
§ 2º A exigência do § 1º poderá ser supri- Seção V
da por meio de creches distritais mantidas,
diretamente ou mediante convênios, com DA PROTEÇÃO À MATERNIDADE
outras entidades públicas ou privadas, pe- (Vide art. 7º, XVIII da Constituição Federal
las próprias empresas, em regime comuni- de 1988 e art. 10, II, “b” do ADCT)
tário, ou a cargo do SESI, do SESC, da LBA,
Art. 391. Não constitui justo motivo para a resci-
ou de entidades sindicais. (Artigo com re-
são do contrato de trabalho da mulher o fato de
dação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de
haver contraído matrimônio ou de encontrar-se
28/2/1967)
em estado de gravidez.
Art. 390. Ao empregador é vedado empregar a
Parágrafo único. Não serão permitidos em
mulher em serviço que demande o emprego de
regulamentos de qualquer natureza, con-
força muscular superior a 20 (vinte) quilos para
tratos coletivos ou individuais de trabalho,
o trabalho contínuo, ou 25 (vinte e cinco) quilos
restrições ao direito da mulher ao seu em-
para o trabalho ocasional.
prego, por motivo de casamento ou de gra-
Parágrafo único. Não está compreendida videz.
na determinação deste artigo a remoção de

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Art. 391-A. A confirmação do estado de gravidez § 5º (VETADO na Lei nº 10.421, de


advindo no curso do contrato de trabalho, ainda 15/4/2002)
que durante o prazo do aviso prévio trabalhado
ou indenizado, garante à empregada gestante a Art. 392-A. À empregada que adotar ou obtiver
estabilidade provisória prevista na alínea b do guarda judicial para fins de adoção de criança
inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Cons- será concedida licença-maternidade nos ter-
titucionais Transitórias. (Artigo acrescido pela mos do art. 392. ("Caput" do artigo acrescido
Lei nº 12.812, de 16/5/2013) pela Lei nº 10.421, de 15/4//2002, com redação
dada pela Lei nº 12.873, de 24/10/2013)
Art. 392. A empregada gestante tem direito à
licença-maternidade de 120 (cento e vinte) dias, § 1º (Parágrafo acrescido pela Lei nº 10.421,
sem prejuízo do emprego e do salário. (“Caput” de 15/4//2002 e revogado pela Lei nº
do artigo com redação dada pela Lei nº 10.421, 12.010, de 3/8/2009)
de 15/4/2002) § 2º (Parágrafo acrescido pela Lei nº 10.421,
§ 1º A empregada deve, mediante atestado de 15/4//2002 e revogado pela Lei nº
médico, notificar o seu empregador da data 12.010, de 3/8/2009)
do início do afastamento do emprego, que § 3º (Parágrafo acrescido pela Lei nº 10.421,
poderá ocorrer entre o 28º (vigésimo oita- de 15/4//2002 e revogado pela Lei nº
vo) dia antes do parto e ocorrência deste. 12.010, de 3/8/2009)
(Parágrafo com redação dada pela Lei nº
10.421, de 15/4/2002) § 4º A licença-maternidade só será con-
cedida mediante apresentação do termo
§ 2º Os períodos de repouso, antes e de- judicial de guarda à adotante ou guardiã.
pois do parto, poderão ser aumentados de (Parágrafo acrescido pela Lei nº 10.421, de
2 (duas) semanas cada um, mediante ates- 15/4//2002)
tado médico. (Parágrafo com redação dada
pela Lei nº 10.421, de 15/4/2002) § 5º A adoção ou guarda judicial conjun-
ta ensejará a concessão de licença-ma-
§ 3º Em caso de parto antecipado, a mulher ternidade a apenas um dos adotantes ou
terá direito aos 120 (cento e vinte) dias pre- guardiães empregado ou empregada. (Pa-
vistos neste artigo. (Parágrafo com redação rágrafo acrescido pela Lei nº 12.873, de
dada pela Lei nº 10.421, de 15/4/2002) 24/10/2013)
§ 4º É garantido à empregada, durante a Art. 392-B. Em caso de morte da genitora, é as-
gravidez, sem prejuízo do salário e demais segurado ao cônjuge ou companheiro empre-
direitos: (Parágrafo com redação dada pela gado o gozo de licença por todo o período da
Lei nº 9.799, de 26/5/1999) licença-maternidade ou pelo tempo restante a
I – transferência de função, quando as con- que teria direito a mãe, exceto no caso de fa-
dições de saúde o exigirem, assegurada a lecimento do filho ou de seu abandono. (Artigo
retomada da função anteriormente exerci- acrescido pela Lei nº 12.873, de 24/10/2013,
da, logo após o retorno ao trabalho; (Inciso publicada no DOU de 25/10/2013, em vigor 90
acrescido pela Lei nº 9.799, de 26/5/1999) dias após a sua publicação)

II – dispensa do horário de trabalho pelo Art. 392-C. Aplica-se, no que couber, o disposto
tempo necessário para a realização de, no no art. 392-A e 392-B ao empregado que ado-
mínimo, seis consultas médicas e demais tar ou obtiver guarda judicial para fins de ado-
exames complementares. (Inciso acrescido ção. (Artigo acrescido pela Lei nº 12.873, de
pela Lei nº 9.799, de 26/5/1999) 24/10/2013)

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Art. 393. Durante o período a que se refere o Art. 398. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de
art. 392, a mulher terá direito ao salário integral 28/2/1967)
e, quando variável, calculado de acordo com a
média dos 6 (seis) últimos meses de trabalho, Art. 399. O Ministro do Trabalho, Indústria e Co-
bem como aos direitos e vantagens adquiridos, mércio conferirá diploma de benemerência aos
sendo-lhe ainda facultado reverter à função que empregadores que se distinguirem pela organi-
anteriormente ocupava. (Artigo com redação zação e manutenção de creches e de instituições
dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28/2/1967) de proteção aos menores em idade pré-escolar,
desde que tais serviços se recomendem por sua
Art. 394. Mediante atestado médico, à mulher generosidade e pela eficiência das respectivas
grávida é facultado romper o compromisso re- instalações.
sultante de qualquer contrato de trabalho, des-
de que este seja prejudicial à gestação. Art. 400. Os locais destinados à guarda dos fi-
lhos das operárias durante o período da ama-
Art. 394-A. A empregada gestante ou lactante mentação deverão possuir, no mínimo, um
será afastada, enquanto durar a gestação e a berçário, uma saleta de amamentação, uma co-
lactação, de quaisquer atividades, operações ou zinha dietética e uma instalação sanitária. (Vide
locais insalubres, devendo exercer suas ativida- art. 7º, XXV da Constituição Federal de 1988)
des em local salubre. (“Caput” do artigo acresci-
do pela Lei nº 13.287, de 11/5/2016) Seção VI
DAS PENALIDADES
Parágrafo único. (VETADO na Lei nº 13.287,
de 11/5/2016) Art. 401. Pela infração de qualquer dispositivo
Art. 395. Em caso de aborto não criminoso, deste Capítulo, será imposta ao empregador a
comprovado por atestado médico oficial, a mu- multa de cem a mil cruzeiros, aplicada , nesta
lher terá um repouso remunerado de 2 (duas) Capital, pela autoridade competente de 1ª ins-
semanas, ficando-lhe assegurado o direito de tância do Departamento Nacional do Trabalho,
retornar à função que ocupava antes de seu e, nos Estados e Território do Acre, pelas auto-
afastamento. ridades competentes do Ministério do Trabalho,
Indústria e Comércio ou por aquelas que exer-
Art. 396. Para amamentar o próprio filho, até çam funções delegadas.
que este complete 6 (seis) meses de idade, a
mulher terá direito, durante a jornada de traba- § 1º A penalidade será sempre aplicada no
lho, a 2 (dois) descansos especiais, de meia hora grau máximo:
cada um. a) se ficar apurado o emprego de artifício
Parágrafo único. Quando o exigir a saúde ou simulação para fraudar a aplicação dos
do filho, o período de 6 (seis) meses poderá dispositivos deste Capítulo;
ser dilatado, a critério de autoridade com- b) nos casos de reincidência.
petente.
§ 2º O processo na verificação das infrações,
Art. 397. O SESI, o SESC, a LBA, e outras entida- bem como na aplicação e cobrança das mul-
des públicas destinadas à assistência à infância tas, será o previsto no título "Do Processo
manterão ou subvencionarão, de acordo com de Multas Administrativas", observadas as
suas possibilidades financeiras, escolas mater- disposições deste artigo.
nais e jardins de infância, distribuídos nas zonas
de maior densidade de trabalhadores, destina- Art. 401-A. (VETADO na Lei nº 9.799, de
dos especialmente aos filhos das mulheres em- 26/5/1999)
pregadas. (Artigo com redação dada pelo Decre-
Art. 401-B. (VETADO na Lei nº 9.799, de
to-Lei nº 229, de 28/2/1967)
26/5/1999)

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LEI MARIA DA PENHA E A PROTEÇÃO DA MULHER

LEI Nº 11.340, des e facilidades para viver sem violência, pre-


DE 7 DE AGOSTO DE 2006 servar sua saúde física e mental e seu aperfeiço-
amento moral, intelectual e social.
Cria mecanismos para coibir a violência do- Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condi-
méstica e familiar contra a mulher, nos termos ções para o exercício efetivo dos direitos à vida,
do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da à segurança, à saúde, à alimentação, à educa-
Convenção sobre a Eliminação de Todas as For- ção, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao
mas de Discriminação contra as Mulheres e da esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à li-
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir berdade, à dignidade, ao respeito e à convivên-
e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe cia familiar e comunitária.
sobre a criação dos Juizados de Violência Do-
méstica e Familiar contra a Mulher; altera o Có- § 1º O poder público desenvolverá políticas
digo de Processo Penal, o Código Penal e a Lei que visem garantir os direitos humanos das
de Execução Penal; e dá outras providências. mulheres no âmbito das relações domés-
ticas e familiares no sentido de resguardá-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA -las de toda forma de negligência, discrimi-
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e nação, exploração, violência, crueldade e
eu sanciono a seguinte Lei: opressão.
§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder
público criar as condições necessárias para
TÍTULO I o efetivo exercício dos direitos enunciados
no caput.
Disposições Preliminares
Art. 4º Na interpretação desta Lei serão consi-
Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e derados os fins sociais a que ela se destina e,
prevenir a violência doméstica e familiar con- especialmente, as condições peculiares das mu-
tra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da lheres em situação de violência doméstica e fa-
Constituição Federal, da Convenção sobre a Eli- miliar.
minação de Todas as Formas de Violência contra
a Mulher, da Convenção Interamericana para
Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a TÍTULO II
Mulher e de outros tratados internacionais ra-
tificados pela República Federativa do Brasil; Da Violência Doméstica
dispõe sobre a criação dos Juizados de Violên- e Familiar Contra a Mulher
cia Doméstica e Familiar contra a Mulher; e es-
tabelece medidas de assistência e proteção às
mulheres em situação de violência doméstica e
familiar. CAPÍTULO I
Art. 2º Toda mulher, independentemente de DISPOSIÇÕES GERAIS
classe, raça, etnia, orientação sexual, renda,
cultura, nível educacional, idade e religião, goza Art. 5º Para os efeitos desta Lei configura violên-
dos direitos fundamentais inerentes à pessoa cia doméstica e familiar contra a mulher qual-
humana, sendo-lhe asseguradas as oportunida- quer ação ou omissão baseada no gênero que

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lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual insulto, chantagem, ridicularização, explo-
ou psicológico e dano moral ou patrimonial: ração e limitação do direito de ir e vir ou
qualquer outro meio que lhe cause prejuízo
I – no âmbito da unidade doméstica, com- à saúde psicológica e à autodeterminação;
preendida como o espaço de convívio per-
manente de pessoas, com ou sem vínculo III – a violência sexual, entendida como
familiar, inclusive as esporadicamente agre- qualquer conduta que a constranja a pre-
gadas; senciar, a manter ou a participar de relação
sexual não desejada, mediante intimidação,
II – no âmbito da família, compreendida ameaça, coação ou uso da força; que a in-
como a comunidade formada por indivídu- duza a comercializar ou a utilizar, de qual-
os que são ou se consideram aparentados, quer modo, a sua sexualidade, que a impe-
unidos por laços naturais, por afinidade ou ça de usar qualquer método contraceptivo
por vontade expressa; ou que a force ao matrimônio, à gravidez,
III – em qualquer relação íntima de afeto, na ao aborto ou à prostituição, mediante coa-
qual o agressor conviva ou tenha convivido ção, chantagem, suborno ou manipulação;
com a ofendida, independentemente de co- ou que limite ou anule o exercício de seus
abitação. direitos sexuais e reprodutivos;

Parágrafo único. As relações pessoais enun- IV – a violência patrimonial, entendida


ciadas neste artigo independem de orienta- como qualquer conduta que configure re-
ção sexual. tenção, subtração, destruição parcial ou to-
tal de seus objetos, instrumentos de traba-
Art. 6º A violência doméstica e familiar contra lho, documentos pessoais, bens, valores e
a mulher constitui uma das formas de violação direitos ou recursos econômicos, incluindo
dos direitos humanos. os destinados a satisfazer suas necessida-
des;
V – a violência moral, entendida como qual-
CAPÍTULO II quer conduta que configure calúnia, difa-
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA mação ou injúria.
DOMÉSTICA E FAMILIAR
CONTRA A MULHER TÍTULO III
Art. 7º São formas de violência doméstica e fa-
miliar contra a mulher, entre outras: Da Assistência à Mulher em Situação
de Violência Doméstica e Familiar
I – a violência física, entendida como qual-
quer conduta que ofenda sua integridade
ou saúde corporal;
II – a violência psicológica, entendida como CAPÍTULO I
qualquer conduta que lhe cause dano emo- DAS MEDIDAS INTEGRADAS
cional e diminuição da autoestima ou que DE PREVENÇÃO
lhe prejudique e perturbe o pleno desenvol-
vimento ou que vise degradar ou controlar Art. 8º A política pública que visa coibir a violên-
suas ações, comportamentos, crenças e de- cia doméstica e familiar contra a mulher far-se-
cisões, mediante ameaça, constrangimen- -á por meio de um conjunto articulado de ações
to, humilhação, manipulação, isolamento, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
vigilância constante, perseguição contumaz,

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Municípios e de ações não-governamentais, VII – a capacitação permanente das Polícias


tendo por diretrizes: Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Cor-
po de Bombeiros e dos profissionais perten-
I – a integração operacional do Poder Judici- centes aos órgãos e às áreas enunciados no
ário, do Ministério Público e da Defensoria inciso I quanto às questões de gênero e de
Pública com as áreas de segurança pública, raça ou etnia;
assistência social, saúde, educação, traba-
lho e habitação; VIII – a promoção de programas educacio-
nais que disseminem valores éticos de irres-
II – a promoção de estudos e pesquisas, es- trito respeito à dignidade da pessoa huma-
tatísticas e outras informações relevantes, na com a perspectiva de gênero e de raça
com a perspectiva de gênero e de raça ou ou etnia;
etnia, concernentes às causas, às consequ-
ências e à frequência da violência domés- IX – o destaque, nos currículos escolares
tica e familiar contra a mulher, para a sis- de todos os níveis de ensino, para os con-
tematização de dados, a serem unificados teúdos relativos aos direitos humanos, à
nacionalmente, e a avaliação periódica dos equidade de gênero e de raça ou etnia e ao
resultados das medidas adotadas; problema da violência doméstica e familiar
contra a mulher.
III – o respeito, nos meios de comunicação
social, dos valores éticos e sociais da pessoa
e da família, de forma a coibir os papéis es-
tereotipados que legitimem ou exacerbem CAPÍTULO II
a violência doméstica e familiar, de acordo
DA ASSISTÊNCIA À MULHER
com o estabelecido no inciso III do art. 1º,
no inciso IV do art. 3º e no inciso IV do art. EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA
221 da Constituição Federal; DOMÉSTICA E FAMILIAR
IV – a implementação de atendimento po- Art. 9º A assistência à mulher em situação de
licial especializado para as mulheres, em violência doméstica e familiar será prestada
particular nas Delegacias de Atendimento à de forma articulada e conforme os princípios
Mulher; e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da As-
sistência Social, no Sistema Único de Saúde, no
V – a promoção e a realização de campa-
Sistema Único de Segurança Pública, entre ou-
nhas educativas de prevenção da violência
tras normas e políticas públicas de proteção, e
doméstica e familiar contra a mulher, volta-
emergencialmente quando for o caso.
das ao público escolar e à sociedade em ge-
ral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos § 1º O juiz determinará, por prazo certo, a
de proteção aos direitos humanos das mu- inclusão da mulher em situação de violência
lheres; doméstica e familiar no cadastro de progra-
mas assistenciais do governo federal, esta-
VI – a celebração de convênios, protocolos,
dual e municipal.
ajustes, termos ou outros instrumentos de
promoção de parceria entre órgãos gover- § 2º O juiz assegurará à mulher em situação
namentais ou entre estes e entidades não- de violência doméstica e familiar, para pre-
-governamentais, tendo por objetivo a im- servar sua integridade física e psicológica:
plementação de programas de erradicação
da violência doméstica e familiar contra a I – acesso prioritário à remoção quando ser-
mulher; vidora pública, integrante da administração
direta ou indireta;

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II – manutenção do vínculo trabalhista, V – informar à ofendida os direitos a ela
quando necessário o afastamento do local conferidos nesta Lei e os serviços disponí-
de trabalho, por até seis meses. veis.
§ 3º A assistência à mulher em situação de Art. 12. Em todos os casos de violência domésti-
violência doméstica e familiar compreende- ca e familiar contra a mulher, feito o registro da
rá o acesso aos benefícios decorrentes do ocorrência, deverá a autoridade policial adotar,
desenvolvimento científico e tecnológico, de imediato, os seguintes procedimentos, sem
incluindo os serviços de contracepção de prejuízo daqueles previstos no Código de Pro-
emergência, a profilaxia das Doenças Sexu- cesso Penal:
almente Transmissíveis (DST) e da Síndrome
da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e ou- I – ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocor-
tros procedimentos médicos necessários e rência e tomar a representação a termo, se
cabíveis nos casos de violência sexual. apresentada; (Vide ADIN nº 4.424/2010,
publicada no DOU de 17/2/2012)
II – colher todas as provas que servirem
para o esclarecimento do fato e de suas cir-
CAPÍTULO III cunstâncias;
DO ATENDIMENTO PELA
III – remeter, no prazo de 48 (quarenta e
AUTORIDADE POLICIAL
oito) horas, expediente apartado ao juiz
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática com o pedido da ofendida, para a conces-
de violência doméstica e familiar contra a mu- são de medidas protetivas de urgência;
lher, à autoridade policial que tomar conheci- IV – determinar que se proceda ao exame
mento da ocorrência adotará, de imediato, as de corpo de delito da ofendida e requisitar
providências legais cabíveis. outros exames periciais necessários;
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no ca- V – ouvir o agressor e as testemunhas;
put deste artigo ao descumprimento de me-
dida protetiva de urgência deferida. VI – ordenar a identificação do agressor e
fazer juntar aos autos sua folha de antece-
Art. 11. No atendimento à mulher em situação dentes criminais, indicando a existência de
de violência doméstica e familiar, a autoridade mandado de prisão ou registro de outras
policial deverá, entre outras providências: ocorrências policiais contra ele;
I – garantir proteção policial, quando neces- VII – remeter, no prazo legal, os autos do
sário, comunicando de imediato ao Ministé- inquérito policial ao juiz e ao Ministério Pú-
rio Público e ao Poder Judiciário; blico.
II – encaminhar a ofendida ao hospital ou § 1º O pedido da ofendida será tomado
posto de saúde e ao Instituto Médico Legal; a termo pela autoridade policial e deverá
III – fornecer transporte para a ofendida e conter:
seus dependentes para abrigo ou local se- I – qualificação da ofendida e do agressor;
guro, quando houver risco de vida;
II – nome e idade dos dependentes;
IV – se necessário, acompanhar a ofendida
para assegurar a retirada de seus pertences III – descrição sucinta do fato e das medidas
do local da ocorrência ou do domicílio fami- protetivas solicitadas pela ofendida.
liar;

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§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao III – do domicílio do agressor.


documento referido no § 1º o boletim de
ocorrência e cópia de todos os documentos Art. 16. Nas ações penais públicas condiciona-
disponíveis em posse da ofendida. das à representação da ofendida de que trata
esta Lei, só será admitida a renúncia à repre-
§ 3º Serão admitidos como meios de prova sentação perante o juiz, em audiência especial-
os laudos ou prontuários médicos forneci- mente designada com tal finalidade, antes do
dos por hospitais e postos de saúde. recebimento da denúncia e ouvido o Ministério
Público. (Vide ADIN nº 4.424/2010, publicada
no DOU de 17/2/2012)
TÍTULO IV Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de vio-
lência doméstica e familiar contra a mulher, de
Dos Procedimentos penas de cesta básica ou outras de prestação
pecuniária, bem como a substituição de pena
que implique o pagamento isolado de multa.
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO II
Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execu- DAS MEDIDAS
ção das causas cíveis e criminais decorrentes da
prática de violência doméstica e familiar contra PROTETIVAS DE URGÊNCIA
a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos
de Processo Penal e Processo Civil e da legisla- Seção I
ção específica relativa à criança, ao adolescente DISPOSIÇÕES GERAIS
e ao idoso que não conflitarem com o estabele-
cido nesta Lei. Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da
ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (qua-
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e renta e oito) horas:
Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Or-
dinária com competência cível e criminal, pode- I – conhecer do expediente e do pedido e
rão ser criados pela União, no Distrito Federal e decidir sobre as medidas protetivas de ur-
nos Territórios, e pelos Estados, para o proces- gência;
so, o julgamento e a execução das causas decor- II – determinar o encaminhamento da
rentes da prática de violência doméstica e fami- ofendida ao órgão de assistência judiciária,
liar contra a mulher. quando for o caso;
Parágrafo único. Os atos processuais pode- III – comunicar ao Ministério Público para
rão realizar-se em horário noturno, confor- que adote as providências cabíveis.
me dispuserem as normas de organização
judiciária. Art. 19. As medidas protetivas de urgência po-
derão ser concedidas pelo juiz, a requerimento
Art. 15. É competente, por opção da ofendida, do Ministério Público ou a pedido da ofendida.
para os processos cíveis regidos por esta Lei, o
Juizado: § 1º As medidas protetivas de urgência po-
derão ser concedidas de imediato, indepen-
I – do seu domicílio ou de sua residência; dentemente de audiência das partes e de
II – do lugar do fato em que se baseou a de- manifestação do Ministério Público, deven-
manda; do este ser prontamente comunicado.

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§ 2º As medidas protetivas de urgência se- competente, nos termos da Lei nº 10.826,
rão aplicadas isolada ou cumulativamente, de 22 de dezembro de 2003;
e poderão ser substituídas a qualquer tem-
po por outras de maior eficácia, sempre que II – afastamento do lar, domicílio ou local de
os direitos reconhecidos nesta Lei forem convivência com a ofendida;
ameaçados ou violados. III – proibição de determinadas condutas,
§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Minis- entre as quais:
tério Público ou a pedido da ofendida, con- a) aproximação da ofendida, de seus fami-
ceder novas medidas protetivas de urgência liares e das testemunhas, fixando o limite
ou rever aquelas já concedidas, se entender mínimo de distância entre estes e o agres-
necessário à proteção da ofendida, de seus sor;
familiares e de seu patrimônio, ouvido o Mi-
nistério Público. b) contato com a ofendida, seus familiares
e testemunhas por qualquer meio de comu-
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial nicação;
ou da instrução criminal, caberá a prisão pre-
ventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofí- c) frequentação de determinados lugares a
cio, a requerimento do Ministério Público ou fim de preservar a integridade física e psico-
mediante representação da autoridade policial. lógica da ofendida;

Parágrafo único. O juiz poderá revogar a IV – restrição ou suspensão de visitas aos


prisão preventiva se, no curso do processo, dependentes menores, ouvida a equipe de
verificar a falta de motivo para que subsista, atendimento multidisciplinar ou serviço si-
bem como de novo decretá-la, se sobrevie- milar;
rem razões que a justifiquem. V – prestação de alimentos provisionais ou
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos provisórios.
atos processuais relativos ao agressor, especial- § 1º As medidas referidas neste artigo não
mente dos pertinentes ao ingresso e à saída da impedem a aplicação de outras previstas na
prisão, sem prejuízo da intimação do advogado legislação em vigor, sempre que a seguran-
constituído ou do defensor público. ça da ofendida ou as circunstâncias o exigi-
Parágrafo único. A ofendida não poderá en- rem, devendo a providência ser comunica-
tregar intimação ou notificação ao agressor. da ao Ministério Público.

Seção II § 2º Na hipótese de aplicação do inciso I,


encontrando-se o agressor nas condições
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE mencionadas no caput e incisos do art. 6º
URGÊNCIA QUE OBRIGAM O da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de
AGRESSOR 2003, o juiz comunicará ao respectivo ór-
gão, corporação ou instituição as medidas
Art. 22. Constatada a prática de violência do- protetivas de urgência concedidas e deter-
méstica e familiar contra a mulher, nos termos minará a restrição do porte de armas, fican-
desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao do o superior imediato do agressor respon-
agressor, em conjunto ou separadamente, as se- sável pelo cumprimento da determinação
guintes medidas protetivas de urgência, entre judicial, sob pena de incorrer nos crimes de
outras: prevaricação ou de desobediência, confor-
me o caso.
I – suspensão da posse ou restrição do por-
te de armas, com comunicação ao órgão

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§ 3º Para garantir a efetividade das medidas materiais decorrentes da prática de violên-


protetivas de urgência, poderá o juiz requi- cia doméstica e familiar contra a ofendida.
sitar, a qualquer momento, auxílio da força
policial. Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao
cartório competente para os fins previstos
§ 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste nos incisos II e III deste artigo.
artigo, no que couber, o disposto no caput
e nos §§ 5º e 6º do art. 461 da Lei nº 5.869,
de 11 de janeiro de 1973 (Código de Proces-
so Civil). CAPÍTULO III
DA ATUAÇÃO
Seção III DO MINISTÉRIO PÚBLICO
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE
URGÊNCIA À OFENDIDA Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando
não for parte, nas causas cíveis e criminais de-
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem correntes da violência doméstica e familiar con-
prejuízo de outras medidas: tra a mulher.
I – encaminhar a ofendida e seus depen- Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem pre-
dentes a programa oficial ou comunitário juízo de outras atribuições, nos casos de violên-
de proteção ou de atendimento; cia doméstica e familiar contra a mulher, quan-
do necessário:
II – determinar a recondução da ofendida e
a de seus dependentes ao respectivo domi- I – requisitar força policial e serviços públi-
cílio, após afastamento do agressor; cos de saúde, de educação, de assistência
social e de segurança, entre outros;
III – determinar o afastamento da ofendida
do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a II – fiscalizar os estabelecimentos públicos
bens, guarda dos filhos e alimentos; e particulares de atendimento à mulher em
situação de violência doméstica e familiar,
IV – determinar a separação de corpos. e adotar, de imediato, as medidas adminis-
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da trativas ou judiciais cabíveis no tocante a
sociedade conjugal ou daqueles de propriedade quaisquer irregularidades constatadas;
particular da mulher, o juiz poderá determinar, III – cadastrar os casos de violência domés-
liminarmente, as seguintes medidas, entre ou- tica e familiar contra a mulher.
tras:
I – restituição de bens indevidamente sub-
traídos pelo agressor à ofendida;
CAPÍTULO IV
II – proibição temporária para a celebração DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
de atos e contratos de compra, venda e lo-
cação de propriedade em comum, salvo ex- Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e
pressa autorização judicial; criminais, a mulher em situação de violência do-
méstica e familiar deverá estar acompanhada
III – suspensão das procurações conferidas
de advogado, ressalvado o previsto no art. 19
pela ofendida ao agressor;
desta Lei.
IV – prestação de caução provisória, me-
Art. 28. É garantido a toda mulher em situação
diante depósito judicial, por perdas e danos
de violência doméstica e familiar o acesso aos
serviços de Defensoria Pública ou de Assistência

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Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede causas decorrentes da prática de violência do-
policial e judicial, mediante atendimento espe- méstica e familiar contra a mulher, observadas
cífico e humanizado. as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada
pela legislação processual pertinente.
Parágrafo único. Será garantido o direito de
TÍTULO V preferência, nas varas criminais, para o pro-
cesso e o julgamento das causas referidas
Da Equipe de no caput.
Atendimento Multidisciplinar
Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e
Familiar contra a Mulher que vierem a ser cria-
TÍTULO VII
dos poderão contar com uma equipe de atendi-
mento multidisciplinar, a ser integrada por pro- Disposições Finais
fissionais especializados nas áreas psicossocial, Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência
jurídica e de saúde. Doméstica e Familiar contra a Mulher poderá
Art. 30. Compete à equipe de atendimento mul- ser acompanhada pela implantação das curado-
tidisciplinar, entre outras atribuições que lhe rias necessárias e do serviço de assistência judi-
forem reservadas pela legislação local, fornecer ciária.
subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Pú- Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e
blico e à Defensoria Pública, mediante laudos os Municípios poderão criar e promover, no li-
ou verbalmente em audiência, e desenvolver mite das respectivas competências:
trabalhos de orientação, encaminhamento, pre-
venção e outras medidas, voltados para a ofen- I – centros de atendimento integral e multi-
dida, o agressor e os familiares, com especial disciplinar para mulheres e respectivos de-
atenção às crianças e aos adolescentes. pendentes em situação de violência domés-
tica e familiar;
Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir
avaliação mais aprofundada, o juiz poderá de- II – casas-abrigos para mulheres e respecti-
terminar a manifestação de profissional espe- vos dependentes menores em situação de
cializado, mediante a indicação da equipe de violência doméstica e familiar;
atendimento multidisciplinar.
III – delegacias, núcleos de defensoria pú-
Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de blica, serviços de saúde e centros de perícia
sua proposta orçamentária, poderá prever re- médico-legal especializados no atendimen-
cursos para a criação e manutenção da equipe to à mulher em situação de violência do-
de atendimento multidisciplinar, nos termos da méstica e familiar;
Lei de Diretrizes Orçamentárias.
IV – programas e campanhas de enfrenta-
mento da violência doméstica e familiar;
TÍTULO VI V – centros de educação e de reabilitação
para os agressores.
Disposições Transitórias
Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados os Municípios promoverão a adaptação de seus
de Violência Doméstica e Familiar contra a Mu- órgãos e de seus programas às diretrizes e aos
lher, as varas criminais acumularão as compe- princípios desta Lei.
tências cível e criminal para conhecer e julgar as

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Art. 37. A defesa dos interesses e direitos tran- IV – se o crime envolver violência doméstica
sindividuais previstos nesta Lei poderá ser exer- e familiar contra a mulher, nos termos da lei
cida, concorrentemente, pelo Ministério Público específica, para garantir a execução das me-
e por associação de atuação na área, regular- didas protetivas de urgência." (NR)
mente constituída há pelo menos um ano, nos
termos da legislação civil. Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do De-
creto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
Parágrafo único. O requisito da pré-cons- (Código Penal), passa a vigorar com a seguinte
tituição poderá ser dispensado pelo juiz redação:
quando entender que não há outra entida-
de com representatividade adequada para "Art. 61. .............................................................
o ajuizamento da demanda coletiva. ............................................................................
.............................................
Art. 38. As estatísticas sobre a violência domés-
tica e familiar contra a mulher serão incluídas II – ...............................................................
nas bases de dados dos órgãos oficiais do Siste- ......................................................................
ma de Justiça e Segurança a fim de subsidiar o .........................................................
sistema nacional de dados e informações relati- f) com abuso de autoridade ou prevalecen-
vo às mulheres. do-se de relações domésticas, de coabita-
Parágrafo único. As Secretarias de Seguran- ção ou de hospitalidade, ou com violência
ça Pública dos Estados e do Distrito Federal contra a mulher na forma da lei específica;
poderão remeter suas informações crimi- ......................................................................
nais para a base de dados do Ministério da ............ " (NR)
Justiça.
Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a
os Municípios, no limite de suas competências vigorar com as seguintes alterações:
e nos termos das respectivas leis de diretrizes
orçamentárias, poderão estabelecer dotações "Art. 129. ...........................................................
orçamentárias específicas, em cada exercício ............................................................................
financeiro, para a implementação das medidas .............................................
estabelecidas nesta Lei.
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascen-
Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não dente, descendente, irmão, cônjuge ou
excluem outras decorrentes dos princípios por companheiro, ou com quem conviva ou te-
ela adotados. nha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o
agente das relações domésticas, de coabita-
Art. 41. Aos crimes praticados com violência do- ção ou de hospitalidade:
méstica e familiar contra a mulher, independen-
temente da pena prevista, não se aplica a Lei nº Pena – detenção, de 3 (três) meses a 3 (três)
9.099, de 26 de setembro de 1995. anos.

Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 ......................................................................


de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), .............................
passa a vigorar acrescido do seguinte inciso IV:
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a
"Art. 313. ........................................................... pena será aumentada de um terço se o cri-
............................................................................ me for cometido contra pessoa portadora
............................................ de deficiência." (NR)

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Art. 45. O art. 152 da Lei nº 7.210, de 11 de ju- Parágrafo único. Nos casos de violência do-
lho de 1984 (Lei de Execução Penal), passa a vi- méstica contra a mulher, o juiz poderá de-
gorar com a seguinte redação: terminar o comparecimento obrigatório do
agressor a programas de recuperação e ree-
"Art. 152. ........................................................... ducação." (NR)
......................
Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e
cinco) dias após sua publicação.

DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

DA PROTEÇÃO DO à sua formação, ao seu desenvolvimento fí-


TRABALHO DO MENOR sico, psíquico, moral e social e em horários
e locais que não permitam a freqüência à
escola. (Parágrafo único com redação dada
Seção I pela Lei nº 10.097, de 19/12/2000)
DISPOSIÇÕES GERAIS a) (Revogada pela Lei nº 10.097, de
19/12/2000)
Art. 402. Considera-se menor para os efeitos
desta Consolidação o trabalhador de quatorze b) (Revogada pela Lei nº 10.097, de
até dezoito anos. (“Caput” do artigo com reda- 19/12/2000)
ção dada pela Lei nº 10.097, de 19/12/2000)
Art. 404. Ao menor de 18 (dezoito) anos é veda-
Parágrafo único. O trabalho do menor re- do o trabalho noturno, considerado este o que
ger-se-á pelas disposições do presente Capí- for executado no período compreendido entre
tulo, exceto no serviço em oficinas em que as 22 (vinte e duas) horas e as 5 (cinco) horas.
trabalhem exclusivamente pessoas da famí- (Vide art. 7º, XXXIII da Constituição Federal de
lia do menor e esteja este sob a direção do 1988)
pai, mãe ou tutor, observado, entretanto,
o disposto nos artigos 404, 405 e na Seção Art. 405. Ao menor não será permitido o traba-
II. (Parágrafo único com redação dada pelo lho: (“Caput” do artigo com redação dada pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28/2/1967) (Vide Decreto-Lei nº 229, de 28/2/1967) (Vide art. 7º,
art. 7º, XXX, XXXIII e art. 227, § 3º da Consti- XXXIII da Constituição Federal de 1988)
tuição Federal de 1988) I – nos locais e serviços perigosos ou insa-
Art. 403. É proibido qualquer trabalho a meno- lubres, constantes de quadro para esse fim
res de dezesseis anos de idade, salvo na con- aprovado pelo Diretor Geral do Departa-
dição de aprendiz, a partir dos quatorze anos. mento de Segurança e Higiene do Trabalho;
(“Caput” do artigo com redação dada pela Lei (Inciso com redação dada pelo Decreto-Lei
nº 10.097, de 19/12/2000) nº 229, de 28/2/1967)

Parágrafo único. O trabalho do menor não


poderá ser realizado em locais prejudiciais

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II – em locais ou serviços prejudiciais à sua Art. 406. O Juiz de Menores poderá autorizar ao
moralidade. (Inciso com redação dada pelo menor o trabalho a que se referem as letras a e
Decreto-Lei nº 229, de 28/2/1967) b do § 3º do art. 405:
§ 1º (Revogado pela Lei nº 10.097, de I – desde que a representação tenha fim
19/12/2000) educativo ou a peça de que participe não
possa ser prejudicial à sua formação moral;
§ 2º O trabalho exercido nas ruas, praças e
outros logradouros dependerá de prévia au- II – desde que se certifique ser a ocupação
torização do Juiz de Menores, ao qual cabe do menor indispensável à própria subsistên-
verificar se a ocupação é indispensável à sua cia ou à de seus pais, avós ou irmãos e não
própria subsistência ou à de seus pais, avós advir nenhum prejuízo à sua formação mo-
ou irmãos e se dessa ocupação não poderá ral. (Artigo com redação dada pelo Decreto-
advir prejuízo à sua formação moral. (Pará- -Lei nº 229, de 28/2/1967)
grafo com redação dada pelo Decreto-Lei nº
229, de 28/2/1967) Art. 407. Verificado pela autoridade competen-
te que o trabalho executado pelo menor é pre-
§ 3º Considera-se prejudicial à moralidade judicial à sua saúde, ao seu desenvolvimento
do menor o trabalho: físico ou à sua moralidade, poderá ela obrigá-
-lo a abandonar o serviço, devendo a respectiva
a) prestado de qualquer modo em teatros empresa, quando for o caso, proporcionar ao
de revista, cinemas, boates, cassinos, caba- menor todas as facilidades para mudar de fun-
rés, dancings e estabelecimentos análogos; ções. (“Caput” do artigo com redação dada pelo
b) em empresas circenses, em funções de Decreto-Lei nº 229, de 28/2/1967)
acrobata, saltimbanco, ginasta e outras se- Parágrafo único. Quando a empresa tomar
melhantes; as medidas possíveis e recomendadas pela
c) de produção, composição, entrega ou autoridade competente para que o menor
venda de escritos, impressos, cartazes, mude de função, configurar-se-á a rescisão
desenhos, gravuras, pinturas, emblemas, do contrato de trabalho, na forma do art.
imagens e quaisquer outros objetos que 483. (Parágrafo único acrescido pelo Decre-
possam, a juízo da autoridade competente, to-Lei nº 229, de 28/2/1967)
prejudicar sua formação moral; Art. 408. Ao responsável legal do menor é fa-
d) consistente na venda, a varejo, de bebi- cultado pleitear a extinção do contrato de tra-
das alcoólicas. (Parágrafo com redação dada balho, desde que o serviço possa acarretar para
pelo Decreto-Lei nº 229, de 28/2/1967) ele prejuízos de ordem física ou moral. (Artigo
com redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de
§ 4º Nas localidades em que existirem, ofi- 28/2/1967)
cialmente reconhecidas, instituições desti-
nadas ao amparo dos menores jornaleiros, Art. 409. Para maior segurança do trabalho e
só aos que se encontrem sob o patrocínio garantia da saúde dos menores, a autoridade
dessas entidades será outorgada a autoriza- fiscalizadora poderá proibir-lhes o gozo dos pe-
ção do trabalho a que alude o § 2º. (Pará- ríodos de repouso nos locais de trabalho.
grafo acrescido pelo Decreto-Lei nº 229, de Art. 410. O Ministro do Trabalho, Indústria e Co-
28/2/1967) mércio poderá derrogar qualquer proibição de-
§ 5º Aplica-se ao menor o disposto no art. corrente do quadro a que se refere alínea "a" do
390 e seu parágrafo único. (Parágrafo acres- art. 405 quando se certificar haver desapareci-
cido pelo Decreto-Lei nº 229, de 28/2/1967) do, parcial ou totalmente, o caráter perigoso ou
insalubre, que determinou a proibição.

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Seção II to, as horas de trabalho em cada um serão to-
DA DURAÇÃO DO TRABALHO talizadas.
(Vide art. 7º, XIII, XIV e XVI Seção III
da Constituição Federal de 1988)
DA ADMISSÃO EM EMPREGO E DA
Art. 411. A duração do trabalho do menor re- CARTEIRA DE TRABALHO E PREVI-
gular-se-á pelas disposições legais relativas à DÊNCIA SOCIAL
duração do trabalho em geral, com as restrições
(Expressão “carteira de trabalho do me-
estabelecidas neste Capítulo.
nor” alterada pelo Decreto-Lei nº 926, de
Art. 412. Após cada período de trabalho efetivo, 10/10/1969)
quer contínuo, quer dividido em 2 (dois) turnos,
Art. 415. Haverá a Carteira de Trabalho e Previ-
haverá um intervalo de repouso, não inferior a
dência Social para todos os menores de 18 anos,
11 (onze) horas.
sem distinção de sexo, empregados em empre-
Art. 413. É vedado prorrogar a duração normal sas ou estabelecimentos de fins econômicos e
diária do trabalho do menor, salvo: (“Caput” do daqueles que lhes forem equiparados. (Expres-
artigo com redação dada pelo Decreto-Lei nº são “carteira de trabalho do menor” alterada
229, de 28/2/1967) pelo Decreto-Lei nº 926, de 10/10/1969)

I – até mais 2 (duas) horas, independente- Parágrafo único. A carteira obedecerá ao


mente de acréscimo salarial, mediante con- modelo que o Ministério do Trabalho, In-
venção ou acordo coletivo nos termos do dústria e Comércio adotar e será emitida no
Título VI desta Consolidação, desde que o Distrito Federal, pelo Departamento Nacio-
excesso de horas em um dia seja compensa- nal do Trabalho e, nos Estados, pelas Dele-
do pela diminuição em outro, de modo a ser gacias Regionais do referido Ministério.
observado o limite máximo de 48 (quarenta
Art. 416. Os menores de 18 anos só poderão
e oito) horas semanais ou outro inferior le-
ser admitidos, como empregados, nas empre-
galmente fixado; (Inciso com redação dada
sas ou estabelecimentos de fins econômicos e
pelo Decreto-Lei nº 229, de 28/2/1967)
naqueles que lhes forem equiparados, quando
II – excepcionalmente, por motivo de for- possuidores da carteira a que se refere o artigo
ça maior, até o máximo de 12 (doze) horas, anterior, salvo a hipótese do art. 422.
com acréscimo salarial de pelo menos 25%
Art. 417. A emissão da carteira será feita a pedi-
(vinte e cinco por cento) sobre a hora nor-
do do menor, mediante a exibição dos seguintes
mal e desde que o trabalho do menor seja
documentos:
imprescindível ao funcionamento do esta-
belecimento. (Inciso com redação dada pelo I – certidão de idade ou documento legal
Decreto-Lei nº 229, de 28/2/1967) (Vide art. que a substitua;
7º, XVI da Constituição Federal de 1988)
II – autorização do pai, mãe ou responsável
Parágrafo único. Aplica-se à prorrogação do tra- legal;
balho do menor o disposto no art. 375, no pará-
grafo único do art. 376, no art. 378 e no art. 384 III – autorização do Juiz de Menores, nos ca-
desta Consolidação. (Parágrafo único acrescido sos dos artigos 405, § 2º, e 406;
pelo Decreto-Lei nº 229, de 28/2/1967) IV – atestado médico de capacidade física e
Art. 414. Quando o menor de 18 (dezoito) anos mental;
for empregado em mais de um estabelecimen- V – atestado de vacinação;
VI – prova de saber ler, escrever e contar;

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VII – duas fotografias de frente, com as di- com redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de
mensões de 0,04 m x 0,03m. 28/2/1967)
Parágrafo único. Os documentos exigidos Parágrafo único. Ocorrendo falta de anota-
por este artigo serão fornecidos gratuita- ção por parte da empresa, independente-
mente. (Artigo com redação dada pelo De- mente do procedimento fiscal previsto no §
creto-Lei nº 229, de 28/2/1967) 2º do art. 29, cabe ao representante legal do
menor, ao agente da inspeção do trabalho,
Art. 418. (Revogado pela Lei nº 7.855, de ao órgão do Ministério Público do Trabalho
24/10/1989) ou ao Sindicato, dar início ao processo de
Art. 419. A prova de saber ler, escrever e contar, reclamação, de acordo com o estabelecido
a que se refere a alínea “f” do art. 417 será feita no Título II, Capítulo I, Seção V. (Parágrafo
mediante certificado de conclusão de curso pri- único acrescido pelo Decreto-Lei nº 229, de
mário. Na falta deste, a autoridade incumbida 28/2/1967)
de verificar a validade dos documentos subme- Art. 421. A carteira será emitida gratuitamente,
terá o menor ou mandará submetê-lo, por pes- aplicando-se à emissão de novas vias o disposto
soa idônea, a exame elementar que constará de nos artigos 21 e seus parágrafos e no artigo 22.
leitura de quinze linhas, com explicação do sen- (Artigo com redação dada pelo Decreto-Lei nº
tido, de ditado, nunca excedente de dez linhas, 229, de 28/2/1967)
e cálculo sobre as quatro operações fundamen-
tais de aritmética. Verificada a alfabetização do Art. 422. Nas localidades em que não houver
menor, será emitida a carteira. serviço de emissão de carteiras poderão os em-
pregadores admitir menores como empregados,
§ 1º Se o menor for analfabeto ou não es- independentemente de apresentação de cartei-
tiver devidamente alfabetizado, a carteira ras, desde que exibam os documentos referidos
só será emitida pelo prazo de um ano, me- nas alíneas “a”, “d” e “f” do art. 417. Esses docu-
diante a apresentação de um certificado ou mentos ficarão em poder do empregador e, ins-
atestado de matrícula e frequência em es- talado o serviço de emissão de carteiras, serão
cola primária. entregues à repartição emissora, para os efeitos
§ 2º A autoridade fiscalizadora, na hipóte- do § 2º do referido artigo.
se do parágrafo anterior, poderá renovar o Art. 423. O empregador não poderá fazer outras
prazo nele fixado, cabendo-lhe, em caso de anotações na Carteira de Trabalho e Previdên-
não renovar tal prazo, cassar a carteira ex- cia Social além das referentes ao salário, data da
pedida. admissão, férias e saída. (Expressão “carteira de
§ 3º Dispensar-se-á a prova de saber ler, trabalho do menor” alterada pelo Decreto-Lei
escrever e contar, se não houver escola pri- nº 926, de 10/10/1969)
mária dentro do raio de dois quilômetros da
sede do estabelecimento em que trabalhe o Seção IV
menor e não ocorrer a hipótese prevista no DOS DEVERES DOS RESPONSÁVEIS
parágrafo único do art. 427. Instalada que LEGAIS DE MENORES E DOS
seja a escola, proceder-se-á como nos pará- EMPREGADORES
grafos anteriores.
Art. 420. A carteira, devidamente anotada, per- DA APRENDIZAGEM
manecerá em poder do menor, devendo, en- (Vide Decreto nº 5.598, de 1/12/2005)
tretanto, constar do Registro de empregados
Art. 424. É dever dos responsáveis legais de me-
os dados correspondentes. (“Caput” do artigo
nores, pais, mães, ou tutores, afastá-los de em-
pregos que diminuam consideravelmente o seu

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tempo de estudo, reduzam o tempo de repouso de 19/12/2000 e com nova redação dada
necessário à sua saúde e constituição física, ou pela Lei nº 11.788, de 25/9/2008)
prejudiquem a sua educação moral.
§ 2º Ao menor aprendiz, salvo condição
Art. 425. Os empregadores de menores de 18 mais favorável, será garantido o salário mí-
(dezoito) anos são obrigados a velar pela obser- nimo hora. (Parágrafo acrescido pela Lei nº
vância, nos seus estabelecimentos ou empre- 10.097, de 19/12/2000)
sas, dos bons costumes e da decência pública,
bem como das regras de higiene e segurança do § 3º O contrato de aprendizagem não po-
trabalho. derá ser estipulado por mais de 2 (dois)
anos, exceto quando se tratar de aprendiz
Art. 426. É dever do empregador, na hipótese portador de deficiência. (Parágrafo acresci-
do art. 407, proporcionar ao menor todas as fa- do pela Lei nº 10.097, de 19/12/2000 e com
cilidades para mudar de serviço. nova redação dada pela Lei nº 11.788, de
25/9/2008)
Art. 427. O empregador, cuja empresa ou esta-
belecimento ocupar menores, será obrigado a § 4º A formação técnico-profissional a que
conceder-lhes o tempo que for necessário para se refere o caput deste artigo caracteriza-se
a freqüência às aulas. por atividades teóricas e práticas, metodica-
mente organizadas em tarefas de complexi-
Parágrafo único. Os estabelecimentos situ- dade progressiva desenvolvidas no ambien-
ados em lugar onde a escola estiver a maior te de trabalho. (Parágrafo acrescido pela Lei
distância que 2 (dois) quilômetros, e que nº 10.097, de 19/12/2000)
ocuparem, permanentemente, mais de 30
(trinta) menores analfabetos, de 14 (qua- § 5º A idade máxima prevista no caput des-
torze) a 18 (dezoito) anos, serão obrigados te artigo não se aplica a aprendizes porta-
a manter local apropriado em que lhes seja dores de deficiência. (Parágrafo acrescido
ministrada a instrução primária. pela Lei nº 11.180, de 23/9/2005)
Art. 428. Contrato de aprendizagem é o contra- § 6º Para os fins do contrato de aprendi-
to de trabalho especial, ajustado por escrito e zagem, a comprovação da escolaridade de
por prazo determinado, em que o empregador aprendiz com deficiência deve considerar,
se compromete a assegurar ao maior de 14 sobretudo, as habilidades e competências
(quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos relacionadas com a profissionalização. (Pa-
inscrito em programa de aprendizagem forma- rágrafo acrescido pela Lei nº 11.180, de
ção técnico-profissional metódica, compatível 23/9/2005, com redação dada pela Lei nº
com o seu desenvolvimento físico, moral e psi- 13.146, de 6/7/2015, publicada no DOU de
cológico, e o aprendiz, a executar com zelo e di- 7/7/2015, em vigor 180 dias após a publica-
ligência as tarefas necessárias a essa formação. ção)
(“Caput” do artigo com redação dada pela Lei
nº 11.180, de 23/9/2005) § 7º Nas localidades onde não houver ofer-
ta de ensino médio para o cumprimento do
§ 1º A validade do contrato de aprendiza- disposto no § 1º deste artigo, a contratação
gem pressupõe anotação na Carteira de do aprendiz poderá ocorrer sem a freqüên-
Trabalho e Previdência Social, matrícula e cia à escola, desde que ele já tenha concluí-
freqüência do aprendiz na escola, caso não do o ensino fundamental. (Parágrafo acres-
haja concluído o ensino médio, e inscrição cido pela Lei nº 11.788, de 25/9/2008)
em programa de aprendizagem desenvolvi-
do sob orientação de entidade qualificada § 8º Para o aprendiz com deficiência com
em formação técnico-profissional metódi- 18 (dezoito) anos ou mais, a validade do
ca. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 10.097, contrato de aprendizagem pressupõe ano-

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tação na CTPS e matrícula e frequência em vagas suficientes para atender à demanda dos
programa de aprendizagem desenvolvido estabelecimentos, esta poderá ser suprida por
sob orientação de entidade qualificada em outras entidades qualificadas em formação téc-
formação técnico-profissional metódica. nico-profissional metódica, a saber: (“Caput” do
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.146, de artigo com redação dada pela Lei nº 10.097, de
6/7/2015, publicada no DOU de 7/7/2015, 19/12/2000)
em vigor 180 dias após a publicação)
I – Escolas Técnicas de Educação; (In-
Art. 429. Os estabelecimentos de qualquer na- ciso acrescido pela Lei nº 10.097, de
tureza são obrigados a empregar e matricular 19/12/2000)
nos cursos dos Serviços Nacionais de Aprendi-
zagem número de aprendizes equivalente a cin- II – entidades sem fins lucrativos, que te-
co por cento, no mínimo, e quinze por cento, no nham por objetivo a assistência ao adoles-
máximo, dos trabalhadores existentes em cada cente e à educação profissional, registra-
estabelecimento, cujas funções demandem for- das no Conselho Municipal dos Direitos da
mação profissional. (“Caput” do artigo com re- Criança e do Adolescente. (Inciso acrescido
dação dada pela Lei nº 10.097, de 19/12/2000) pela Lei nº 10.097, de 19/12/2000)

a) (Revogada pela Lei nº 10.097, de § 1º As entidades mencionadas neste artigo


19/12/2000) deverão contar com estrutura adequada ao
desenvolvimento dos programas de apren-
b) (Revogada pela Lei nº 10.097, de dizagem, de forma a manter a qualidade do
19/12/2000) processo de ensino, bem como acompanhar
e avaliar os resultados. (Parágrafo acrescido
§ 1º As frações de unidade, no cálculo da pela Lei nº 10.097, de 19/12/2000)
percentagem de que trata o caput, darão lu-
gar à admissão de um aprendiz. (Parágrafo § 2º Aos aprendizes que concluírem os cur-
único transformado em § 1º, com redação sos de aprendizagem, com aproveitamento,
dada pela Lei nº 10.097, de 19/12/2000) será concedido certificado de qualificação
profissional. (Parágrafo acrescido pela Lei
§ 1º-A. O limite fixado neste artigo não se nº 10.097, de 19/12/2000)
aplica quando o empregador for entidade
sem fins lucrativos, que tenha por objetivo § 3º O Ministério do Trabalho e Emprego fi-
a educação profissional. (Parágrafo acresci- xará normas para avaliação da competência
do pela Lei nº 10.097, de 19/12/2000) das entidades mencionadas no inciso II des-
te artigo. (Parágrafo acrescido pela Lei nº
§ 2º Os estabelecimentos de que trata o 10.097, de 19/12/2000)
caput ofertarão vagas de aprendizes a ado-
lescentes usuários do Sistema Nacional de Art. 431. A contratação do aprendiz poderá
Atendimento Socioeducativo (Sinase) nas ser efetivada pela empresa onde se realizará a
condições a serem dispostas em instru- aprendizagem ou pelas entidades mencionadas
mentos de cooperação celebrados entre no inciso II do art. 430, caso em que não gera
os estabelecimentos e os gestores dos Sis- vínculo de emprego com a empresa tomadora
temas de Atendimento Socioeducativo lo- dos serviços. (“Caput” do artigo com redação
cais. (Parágrafo acrescido pela Lei nº Lei nº dada pela Lei nº 10.097, de 19/12/2000) (Vide
12.594, de 18/1/2012, publicada no DOU de art. 7º, XXXIII da Constituição Federal de 1988)
19/1/2012, em vigor 90 (noventa) dias após
a publicação) a) (Revogada pela Lei nº 10.097, de
19/12/2000)
Art. 430. Na hipótese de os Serviços Nacionais
de Aprendizagem não oferecerem cursos ou

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b) (Revogada pela Lei nº 10.097, de II – falta disciplinar grave; (Inciso acrescido
19/12/2000) pela Lei nº 10.097, de 19/12/2000
c) (Revogada pela Lei nº 10.097, de III – ausência injustificada à escola que im-
19/12/2000) plique perda do ano letivo; ou (Inciso acres-
cido pela Lei nº 10.097, de 19/12/2000)
Parágrafo único. (VETADO na Lei nº 10.097,
de 19/12/2000) IV – a pedido do aprendiz. (Inciso acrescido
pela Lei nº 10.097, de 19/12/2000)
Art. 432. A duração do trabalho do aprendiz não
excederá de seis horas diárias, sendo vedadas a Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº
prorrogação e a compensação de jornada. (“Ca- 10.097, de 19/12/2000)
put” do artigo com redação dada pela Lei nº
10.097, de 19/12/2000) § 2º Não se aplica o disposto nos arts. 479 e
480 desta Consolidação às hipóteses de ex-
§ 1º O limite previsto neste artigo poderá tinção do contrato mencionadas neste arti-
ser de até oito horas diárias para os apren- go. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 10.097,
dizes que já tiverem completado o ensino de 19/12/2000)
fundamental, se nelas forem computadas
as horas destinadas à aprendizagem teóri- Seção V
ca. (Parágrafo com redação dada pela Lei nº DAS PENALIDADES
10.097, de 19/12/2000)
Art. 434. Os infratores das disposições deste
§ 2º (Revogado pela Lei nº 10.097, de Capítulo ficam sujeitos à multa de valor igual a
19/12/2000) 1 (um) salário mínimo regional, aplicada tantas
Art. 433. O contrato de aprendizagem extin- vezes quantos forem os menores empregados
guir-se-á no seu termo ou quando o aprendiz em desacordo com a lei, não podendo, todavia,
completar 24 (vinte e quatro) anos, ressalvada a soma das multas exceder a 5 (cinco) vezes o
a hipótese prevista no § 5º do art. 428 desta salário-mínimo, salvo no caso de reincidência,
Consolidação, ou ainda antecipadamente nas em que esse total poderá ser elevado ao dobro.
seguintes hipóteses: (“Caput” do artigo com re- (Artigo com redação dada pelo Decreto-Lei nº
dação dada pela Lei nº 11.180, de 23/9/2005) 229, de 28/2/1967)

a) (Revogada pela Lei nº 10.097, de Art. 435. Fica sujeita à multa de valor igual a 1
19/12/2000) (um) salário-mínimo regional e ao pagamento
da emissão de nova via a empresa que fizer na
b) (Revogada pela Lei nº 10.097, de Carteira de Trabalho e Previdência social, ano-
19/12/2000) tação não prevista em lei. (Artigo com redação
dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28/2/1967;
I – desempenho insuficiente ou inadapta- expressão “carteira do menor” alterada pelo
ção do aprendiz, salvo para o aprendiz com Decreto-Lei nº 926, de 10/10/1969)
deficiência quando desprovido de recursos
de acessibilidade, de tecnologias assistivas Art. 436. (Revogado pela Lei nº 10.097, de
e de apoio necessário ao desempenho de 19/12/2000)
suas atividades; (Inciso acrescido pela Lei nº
10.097, de 19/12/2000, com redação dada Art. 437. (Revogado pela Lei nº 10.097, de
pela Lei nº 13.146, de 6/7/2015, publica- 19/12/2000)
da no DOU de 7/7/2015, em vigor 180 dias Art. 438. São competentes para impor as pena-
após a publicação) lidades previstas neste capítulo:

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a) no Distrito Federal, a autoridade de 1ª Seção VI


instância do Departamento Nacional do Tra- DISPOSIÇOES FINAIS
balho;
b) nos Estados e Território do Acre, os dele- Art. 439. É lícito ao menor firmar recibo pelo
gados regionais do Ministério do Trabalho, pagamento dos salários. Tratando-se, porém, de
Indústria e Comércio ou os funcionários por rescisão do contrato de trabalho, é vedado ao
eles designados para tal fim. menor de 18 (dezoito) anos dar, sem assistência
dos seus responsáveis legais, quitação ao em-
Parágrafo único. O processo, na verificação pregador pelo recebimento da indenização que
das infrações, bem como na aplicação e co- lhe for devida.
brança das multas, será o previsto no título
"Do Processo de Multas Administrativas", Art. 440. Contra os menores de 18 (dezoito)
observadas as disposições deste artigo. anos não corre nenhum prazo de prescrição.
Art. 441. O quadro a que se refere o item I do
artigo 405 será revisto bienalmente. (Artigo
com redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de
28/2/1967)

IDOSO

ESTATUTO DO IDOSO Art. 2º O idoso goza de todos os direitos funda-


mentais inerentes à pessoa humana, sem preju-
ízo da proteção integral de que trata esta Lei, as-
LEI Nº 10.741, segurando-se-lhe, por lei ou por outros meios,
DE 1º DE OUTUBRO DE 2003 todas as oportunidades e facilidades, para pre-
servação de sua saúde física e mental e seu
Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e
providências. social, em condições de liberdade e dignidade.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Art. 3º É obrigação da família, da comunidade,
da sociedade e do Poder Público assegurar ao
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e
idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do
eu sanciono a seguinte Lei:
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educa-
ção, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho,
à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respei-
TÍTULO I to e à convivência familiar e comunitária.
Disposições Preliminares Parágrafo único. A garantia de prioridade
compreende:
Art. 1º É instituído o Estatuto do Idoso, destina-
do a regular os direitos assegurados às pesso- I – atendimento preferencial imediato e in-
as com idade igual ou superior a 60 (sessenta) dividualizado junto aos órgãos públicos e
anos.

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privados prestadores de serviços à popula- Art. 6º Todo cidadão tem o dever de comunicar
ção; à autoridade competente qualquer forma de
violação a esta Lei que tenha testemunhado ou
II – preferência na formulação e na execu- de que tenha conhecimento.
ção de políticas sociais públicas específicas;
Art. 7º Os Conselhos Nacional, Estaduais, do
III – destinação privilegiada de recursos pú- Distrito Federal e Municipais do Idoso, previstos
blicos nas áreas relacionadas com a prote- na Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, zelarão
ção ao idoso; pelo cumprimento dos direitos do idoso, defini-
IV – viabilização de formas alternativas de dos nesta Lei.
participação, ocupação e convívio do idoso
com as demais gerações;
TÍTULO II
V – priorização do atendimento do idoso
por sua própria família, em detrimento do Dos Direitos Fundamentais
atendimento asilar, exceto dos que não a
possuam ou careçam de condições de ma-
nutenção da própria sobrevivência;
VI – capacitação e reciclagem dos recursos CAPÍTULO I
humanos nas áreas de geriatria e geronto- DO DIREITO À VIDA
logia e na prestação de serviços aos idosos;
Art. 8º O envelhecimento é um direito persona-
VII – estabelecimento de mecanismos que líssimo e a sua proteção um direito social, nos
favoreçam a divulgação de informações de termos desta Lei e da legislação vigente.
caráter educativo sobre os aspectos biopsi-
cossociais de envelhecimento; Art. 9º É obrigação do Estado, garantir à pessoa
idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efe-
VIII – garantia de acesso à rede de serviços tivação de políticas sociais públicas que permi-
de saúde e de assistência social locais. tam um envelhecimento saudável e em condi-
IX – prioridade no recebimento da restitui- ções de dignidade.
ção do Imposto de Renda. (Inciso acrescido
pela Lei nº 11.765, de 5/8/2008)
Art. 4º Nenhum idoso será objeto de qualquer CAPÍTULO II
tipo de negligência, discriminação, violência, DO DIREITO À LIBERDADE, AO
crueldade ou opressão, e todo atentado aos RESPEITO E À DIGNIDADE
seus direitos, por ação ou omissão, será punido
na forma da lei. Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade,
assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respei-
§ 1º É dever de todos prevenir a ameaça ou
to e a dignidade, como pessoa humana e sujeito
violação aos direitos do idoso.
de direitos civis, políticos, individuais e sociais,
§ 2º As obrigações previstas nesta Lei não garantidos na Constituição e nas leis.
excluem da prevenção outras decorrentes
§ 1º O direito à liberdade compreende, en-
dos princípios por ela adotados.
tre outros, os seguintes aspectos:
Art. 5º A inobservância das normas de preven-
I – faculdade de ir, vir e estar nos logradou-
ção importará em responsabilidade à pessoa fí-
ros públicos e espaços comunitários, ressal-
sica ou jurídica nos termos da lei.
vadas as restrições legais;

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II – opinião e expressão; CAPÍTULO IV


III – crença e culto religioso; DO DIREITO À SAÚDE
IV – prática de esportes e de diversões; Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde
do idoso, por intermédio do Sistema Único de
V – participação na vida familiar e comuni- Saúde – SUS, garantindo-lhe o acesso universal
tária; e igualitário, em conjunto articulado e contínuo
VI – participação na vida política, na forma das ações e serviços, para a prevenção, promo-
da lei; ção, proteção e recuperação da saúde, incluin-
do a atenção especial às doenças que afetam
VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e preferencialmente os idosos.
orientação.
§ 1º A prevenção e a manutenção da saúde do
§ 2º O direito ao respeito consiste na invio- idoso serão efetivadas por meio de:
labilidade da integridade física, psíquica e
moral, abrangendo a preservação da ima- I – cadastramento da população idosa em
gem, da identidade, da autonomia, de valo- base territorial;
res, idéias e crenças, dos espaços e dos ob- II – atendimento geriátrico e gerontológico
jetos pessoais. em ambulatórios;
§ 3º É dever de todos zelar pela dignidade III – unidades geriátricas de referência, com
do idoso, colocando- o a salvo de qualquer pessoal especializado nas áreas de geriatria
tratamento desumano, violento, aterrori- e gerontologia social;
zante, vexatório ou constrangedor.
IV – atendimento domiciliar, incluindo a
internação, para a população que dele ne-
cessitar e esteja impossibilitada de se lo-
CAPÍTULO III comover, inclusive para idosos abrigados e
DOS ALIMENTOS acolhidos por instituições públicas, filantró-
picas ou sem fins lucrativos e eventualmen-
Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso te conveniadas com o Poder Público, nos
na forma da lei civil. meios urbano e rural;
Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, po- V – reabilitação orientada pela geriatria e
dendo o idoso optar entre os prestadores. gerontologia, para redução das seqüelas de-
correntes do agravo da saúde.
Art. 13. As transações relativas a alimentos po-
derão ser celebradas perante o Promotor de § 2º Incumbe ao Poder Público fornecer aos
Justiça ou Defensor Público, que as referenda- idosos, gratuitamente, medicamentos, es-
rá, e passarão a ter efeito de título executivo pecialmente os de uso continuado, assim
extrajudicial nos termos da lei processual civil. como próteses, órteses e outros recursos
(Artigo com redação dada pela Lei nº 11.737, de relativos ao tratamento, habilitação ou rea-
14/7/2008) bilitação.
Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não pos- § 3º É vedada a discriminação do idoso nos
suírem condições econômicas de prover o seu planos de saúde pela cobrança de valores
sustento, impõe-se ao Poder Público esse provi- diferenciados em razão da idade.
mento, no âmbito da assistência social.
§ 4º Os idosos portadores de deficiência ou
com limitação incapacitante terão atendi-
mento especializado, nos termos da lei.

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§ 5º É vedado exigir o comparecimento do II – pelos familiares, quando o idoso não ti-
idoso enfermo perante os órgãos públicos, ver curador ou este não puder ser contacta-
hipótese na qual será admitido o seguinte do em tempo hábil;
procedimento:
III – pelo médico, quando ocorrer iminente
I – quando de interesse do poder público, risco de vida e não houver tempo hábil para
o agente promoverá o contato necessário consulta a curador ou familiar;
com o idoso em sua residência; ou
IV – pelo próprio médico, quando não hou-
II – quando de interesse do próprio idoso, ver curador ou familiar conhecido, caso em
este se fará representar por procurador le- que deverá comunicar o fato ao Ministério
galmente constituído. (Parágrafo acrescido Público.
pela Lei nº 12.896, de 18/12/2013)
Art. 18. As instituições de saúde devem atender
§ 6º É assegurado ao idoso enfermo o aten- aos critérios mínimos para o atendimento às ne-
dimento domiciliar pela perícia médica do cessidades do idoso, promovendo o treinamen-
Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, to e a capacitação dos profissionais, assim como
pelo serviço público de saúde ou pelo ser- orientação a cuidadores familiares e grupos de
viço privado de saúde, contratado ou con- auto-ajuda.
veniado, que integre o Sistema Único de
Saúde – SUS, para expedição do laudo de Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de
saúde necessário ao exercício de seus di- violência praticada contra idosos serão objeto
reitos sociais e de isenção tributária. (Pa- de notificação compulsória pelos serviços de
rágrafo acrescido pela Lei nº 12.896, de saúde públicos e privados à autoridade sanitá-
18/12/2013) ria, bem como serão obrigatoriamente comu-
nicados por eles a quaisquer dos seguintes ór-
Art. 16. Ao idoso internado ou em observação gãos: (“Caput” do artigo com redação dada pela
é assegurado o direito a acompanhante, deven- Lei nº 12.461, de 26/7/2011, publicada no DOU
do o órgão de saúde proporcionar as condições de 27/7/2011, em vigor 90 dias após a publica-
adequadas para a sua permanência em tempo ção)
integral, segundo o critério médico.
I – autoridade policial;
Parágrafo único. Caberá ao profissional de
saúde responsável pelo tratamento conce- II – Ministério Público;
der autorização para o acompanhamento III – Conselho Municipal do Idoso;
do idoso ou, no caso de impossibilidade,
justificá-la por escrito. IV – Conselho Estadual do Idoso;

Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas V – Conselho Nacional do Idoso.
faculdades mentais é assegurado o direito de
§ 1º Para os efeitos desta Lei, considera-
optar pelo tratamento de saúde que lhe for re-
-se violência contra o idoso qualquer ação
putado mais favorável.
ou omissão praticada em local público ou
Parágrafo único. Não estando o idoso em privado que lhe cause morte, dano ou so-
condições de proceder à opção, esta será frimento físico ou psicológico. (Parágrafo
feita: acrescido pela Lei nº 12.461, de 26/7/2011,
publicada no DOU de 27/7/2011, em vigor
I – pelo curador, quando o idoso for interdi- 90 dias após a publicação)
tado;
§ 2º Aplica-se, no que couber, à notificação
compulsória prevista no caput deste artigo,
o disposto na Lei nº 6.259, de 30 de outu-

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bro de 1975. (Parágrafo acrescido pela Lei e cultural, e ao público sobre o processo de en-
nº 12.461, de 26/7/2011, publicada no DOU velhecimento.
de 27/7/2011, em vigor 90 dias após a pu-
blicação) Art. 25. O Poder Público apoiará a criação de
universidade aberta para as pessoas idosas e in-
centivará a publicação de livros e periódicos, de
conteúdo e padrão editorial adequados ao ido-
CAPÍTULO V so, que facilitem a leitura, considerada a natural
redução da capacidade visual.
DA EDUCAÇÃO, CULTURA,
ESPORTE E LAZER
Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, CAPÍTULO VI
esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos
e serviços que respeitem sua peculiar condição DA PROFISSIONALIZAÇÃO
de idade. E DO TRABALHO
Art. 21. O Poder Público criará oportunidades Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de ati-
de acesso do idoso à educação, adequando cur- vidade profissional, respeitadas suas condições
rículos, metodologias e material didático aos físicas, intelectuais e psíquicas.
programas educacionais a ele destinados.
Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer tra-
§ 1º Os cursos especiais para idosos inclui- balho ou emprego, é vedada a discriminação e
rão conteúdo relativo às técnicas de co- a fixação de limite máximo de idade, inclusive
municação, computação e demais avanços para concursos, ressalvados os casos em que a
tecnológicos, para sua integração à vida natureza do cargo o exigir.
moderna.
Parágrafo único. O primeiro critério de de-
§ 2º Os idosos participarão das comemo- sempate em concurso público será a idade,
rações de caráter cívico ou cultural, para dando-se preferência ao de idade mais ele-
transmissão de conhecimentos e vivências vada.
às demais gerações, no sentido da preserva-
ção da memória e da identidade culturais. Art. 28. O Poder Público criará e estimulará pro-
gramas de:
Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos
níveis de ensino formal serão inseridos conte- I – profissionalização especializada para os
údos voltados ao processo de envelhecimento, idosos, aproveitando seus potenciais e ha-
ao respeito e à valorização do idoso, de forma bilidades para atividades regulares e remu-
a eliminar o preconceito e a produzir conheci- neradas;
mentos sobre a matéria. II – preparação dos trabalhadores para a
Art. 23. A participação dos idosos em atividades aposentadoria, com antecedência mínima
culturais e de lazer será proporcionada median- de 1 (um) ano, por meio de estímulo a no-
te descontos de pelo menos 50% (cinqüenta por vos projetos sociais, conforme seus interes-
cento) nos ingressos para eventos artísticos, cul- ses, e de esclarecimento sobre os direitos
turais, esportivos e de lazer, bem como o acesso sociais e de cidadania;
preferencial aos respectivos locais. III – estímulo às empresas privadas para ad-
Art. 24. Os meios de comunicação manterão es- missão de idosos ao trabalho.
paços ou horários especiais voltados aos idosos,
com finalidade informativa, educativa, artística

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CAPÍTULO VII CAPÍTULO VIII
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
Art. 29. Os benefícios de aposentadoria e pen- Art. 33. A assistência social aos idosos será pres-
são do Regime Geral da Previdência Social ob- tada, de forma articulada, conforme os prin-
servarão, na sua concessão, critérios de cálculo cípios e diretrizes previstos na Lei Orgânica da
que preservem o valor real dos salários sobre os Assistência Social, na Política Nacional do Idoso,
quais incidiram contribuição, nos termos da le- no Sistema Único de Saúde e demais normas
gislação vigente. pertinentes.
Parágrafo único. Os valores dos benefícios Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e
em manutenção serão reajustados na mes- cinco) anos, que não possuam meios para pro-
ma data de reajuste do salário-mínimo, pro ver sua subsistência, nem de tê-la provida por
rata, de acordo com suas respectivas datas sua família, é assegurado o benefício mensal de
de início ou do seu último reajustamento, 1 (um) salário mínimo, nos termos da Lei Orgâ-
com base em percentual definido em regu- nica da Assistência Social – Loas.
lamento, observados os critérios estabele-
cidos pela Lei nº 8.213, de 24 de julho de Parágrafo único. O benefício já concedido a
1991. qualquer membro da família nos termos do
caput não será computado para os fins do
Art. 30. A perda da condição de segurado não cálculo da renda familiar per capita a que se
será considerada para a concessão da aposenta- refere a Loas.
doria por idade, desde que a pessoa conte com,
no mínimo, o tempo de contribuição correspon- Art. 35. Todas as entidades de longa permanên-
dente ao exigido para efeito de carência na data cia, ou casalar, são obrigadas a firmar contrato
de requerimento do benefício. de prestação de serviços com a pessoa idosa
abrigada.
Parágrafo único. O cálculo do valor do bene-
fício previsto no caput observará o disposto § 1º No caso de entidades filantrópicas, ou
no caput e § 2º do art. 3º da Lei nº 9.876, de casa-lar, é facultada a cobrança de partici-
26 de novembro de 1999, ou, não havendo pação do idoso no custeio da entidade.
salários-de-contribuição recolhidos a partir § 2º O Conselho Municipal do Idoso ou o
da competência de julho de 1994, o dispos- Conselho Municipal da Assistência Social
to no art. 35 da Lei nº 8.213, de 1991. estabelecerá a forma de participação pre-
Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a be- vista no § 1º, que não poderá exceder a 70%
nefícios, efetuado com atraso por responsabili- (setenta por cento) de qualquer benefício
dade da Previdência Social, será atualizado pelo previdenciário ou de assistência social per-
mesmo índice utilizado para os reajustamentos cebido pelo idoso.
dos benefícios do Regime Geral de Previdência § 3º Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a
Social, verificado no período compreendido en- seu representante legal firmar o contrato a
tre o mês que deveria ter sido pago e o mês do que se refere o caput deste artigo.
efetivo pagamento.
Art. 36. O acolhimento de idosos em situação
Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1º de Maio, de risco social, por adulto ou núcleo familiar,
é a data-base dos aposentados e pensionistas. caracteriza a dependência econômica, para os
efeitos legais.

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CAPÍTULO IX Parágrafo único. As unidades residenciais


DA HABITAÇÃO reservadas para atendimento a idosos de-
vem situar-se, preferencialmente, no pavi-
Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no mento térreo. (Parágrafo único acrescido
seio da família natural ou substituta, ou desa- pela Lei nº 12.419, de 9/6/2011)
companhado de seus familiares, quando assim
o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou
privada.
CAPÍTULO X
§ 1º A assistência integral na modalidade de DO TRANSPORTE
entidade de longa permanência será presta-
da quando verificada inexistência de grupo Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco)
familiar, casa-lar, abandono ou carência de anos fica assegurada a gratuidade dos transpor-
recursos financeiros próprios ou da família. tes coletivos públicos urbanos e semi-urbanos,
exceto nos serviços seletivos e especiais, quan-
§ 2º Toda instituição dedicada ao aten-
do prestados paralelamente aos serviços regu-
dimento ao idoso fica obrigada a manter
lares.
identificação externa visível, sob pena de in-
terdição, além de atender toda a legislação § 1º Para ter acesso à gratuidade, basta que
pertinente. o idoso apresente qualquer documento
pessoal que faça prova de sua idade.
§ 3º As instituições que abrigarem idosos
são obrigadas a manter padrões de habita- § 2º Nos veículos de transporte coletivo de
ção compatíveis com as necessidades deles, que trata este artigo, serão reservados 10%
bem como provê-los com alimentação regu- (dez por cento) dos assentos para os idosos,
lar e higiene indispensáveis às normas sani- devidamente identificados com a placa de
tárias e com estas condizentes, sob as penas reservado preferencialmente para idosos.
da lei.
§ 3º No caso das pessoas compreendidas
Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos na faixa etária entre 60 (sessenta) e 65 (ses-
ou subsidiados com recursos públicos, o idoso senta e cinco) anos, ficará a critério da legis-
goza de prioridade na aquisição de imóvel para lação local dispor sobre as condições para
moradia própria, observado o seguinte: exercício da gratuidade nos meios de trans-
porte previstos no caput deste artigo.
I – reserva de pelo menos 3% (três por
cento) das unidades habitacionais residen- Art. 40. No sistema de transporte coletivo inte-
ciais para atendimento aos idosos; (Inciso restadual observar-se-á, nos termos da legisla-
com redação dada pela Lei nº 12.418, de ção específica:
9/6/2011)
I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por
II – implantação de equipamentos urbanos veículo para idosos com renda igual ou infe-
comunitários voltados ao idoso; rior a 2 (dois) salários-mínimos;
III – eliminação de barreiras arquitetônicas II – desconto de 50% (cinqüenta por cento),
e urbanísticas, para garantia de acessibilida- no mínimo, no valor das passagens, para os
de ao idoso; idosos que excederem as vagas gratuitas,
com renda igual ou inferior a 2 (dois) salá-
IV – critérios de financiamento compatíveis
rios-mínimos.
com os rendimentos de aposentadoria e
pensão. Parágrafo único. Caberá aos órgãos compe-
tentes definir os mecanismos e os critérios

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para o exercício dos direitos previstos nos Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses pre-
incisos I e II. vistas no art.43, o Ministério Público ou o Poder
Judiciário, a requerimento daquele, poderá de-
Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, terminar, dentre outras, as seguintes medidas:
nos termos da lei local, de 5% (cinco por cento)
das vagas nos estacionamentos públicos e priva- I – encaminhamento à família ou curador,
dos, as quais deverão ser posicionadas de forma mediante termo de responsabilidade;
a garantir a melhor comodidade ao idoso.
II – orientação, apoio e acompanhamento
Art. 42. São asseguradas a prioridade e a segu- temporários;
rança do idoso nos procedimentos de embar-
que e desembarque nos veículos do sistema de III – requisição para tratamento de sua saú-
transporte coletivo. (Artigo com redação dada de, em regime ambulatorial, hospitalar ou
pela Lei nº 12.899, de 18/12/2013) domiciliar;
IV – inclusão em programa oficial ou comu-
nitário de auxílio, orientação e tratamento
TÍTULO III a usuários dependentes de drogas lícitas ou
ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de sua
Das Medidas de Proteção convivência que lhe cause perturbação;
V – abrigo em entidade;
VI – abrigo temporário.
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
TÍTULO IV
Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são
aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos Da Política de
nesta Lei forem ameaçados ou violados:
Atendimento Ao Idoso
I – por ação ou omissão da sociedade ou do
Estado;
II – por falta, omissão ou abuso da família, CAPÍTULO I
curador ou entidade de atendimento;
DISPOSIÇÕES GERAIS
III – em razão de sua condição pessoal.
Art. 46. A política de atendimento ao idoso far-
-se-á por meio do conjunto articulado de ações
governamentais e não-governamentais da
CAPÍTULO II União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS Municípios.
DE PROTEÇÃO Art. 47. São linhas de ação da política de aten-
dimento:
Art. 44. As medidas de proteção ao idoso pre-
vistas nesta Lei poderão ser aplicadas, isolada I – políticas sociais básicas, previstas na Lei
ou cumulativamente, e levarão em conta os fins nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994;
sociais a que se destinam e o fortalecimento dos
II – políticas e programas de assistência so-
vínculos familiares e comunitários.
cial, em caráter supletivo, para aqueles que
necessitarem;

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III – serviços especiais de prevenção e aten- IV – demonstrar a idoneidade de seus diri-


dimento às vítimas de negligência, maus- gentes.
-tratos, exploração, abuso, crueldade e
opressão; Art. 49. As entidades que desenvolvam progra-
mas de institucionalização de longa permanên-
IV – serviço de identificação e localização de cia adotarão os seguintes princípios:
parentes ou responsáveis por idosos aban-
donados em hospitais e instituições de lon- I – preservação dos vínculos familiares;
ga permanência; II – atendimento personalizado e em pe-
V – proteção jurídico-social por entidades quenos grupos;
de defesa dos direitos dos idosos; III – manutenção do idoso na mesma insti-
VI – mobilização da opinião pública no sen- tuição, salvo em caso de força maior;
tido da participação dos diversos segmen- IV – participação do idoso nas atividades
tos da sociedade no atendimento do idoso. comunitárias, de caráter interno e externo;
V – observância dos direitos e garantias dos
idosos;
CAPÍTULO II
VI – preservação da identidade do idoso e
DAS ENTIDADES oferecimento de ambiente de respeito e
DE ATENDIMENTO AO IDOSO dignidade.
Art. 48. As entidades de atendimento são res- Parágrafo único. O dirigente de instituição
ponsáveis pela manutenção das próprias unida- prestadora de atendimento ao idoso res-
des, observadas as normas de planejamento e ponderá civil e criminalmente pelos atos
execução emanadas do órgão competente da que praticar em detrimento do idoso, sem
Política Nacional do Idoso, conforme a Lei nº prejuízo das sanções administrativas.
8.842, de 1994.
Art. 50. Constituem obrigações das entidades
Parágrafo único. As entidades governamen- de atendimento:
tais e não-governamentais de assistência
I – celebrar contrato escrito de prestação de
ao idoso ficam sujeitas à inscrição de seus
serviço com o idoso, especificando o tipo de
programas, junto ao órgão competente da
atendimento, as obrigações da entidade e
Vigilância Sanitária e Conselho Municipal da
prestações decorrentes do contrato, com os
Pessoa Idosa, e em sua falta, junto ao Con-
respectivos preços, se for o caso;
selho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa,
especificando os regimes de atendimento, II – observar os direitos e as garantias de
observados os seguintes requisitos: que são titulares os idosos;
I – oferecer instalações físicas em condições III – fornecer vestuário adequado, se for pú-
adequadas de habitabilidade, higiene, salu- blica, e alimentação suficiente;
bridade e segurança;
IV – oferecer instalações físicas em condi-
II – apresentar objetivos estatutários e pla- ções adequadas de habitabilidade;
no de trabalho compatíveis com os princí-
pios desta Lei; V – oferecer atendimento personalizado;

III – estar regularmente constituída; VI – diligenciar no sentido da preservação


dos vínculos familiares;

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VII – oferecer acomodações apropriadas CAPÍTULO III
para recebimento de visitas; DA FISCALIZAÇÃO DAS
VIII – proporcionar cuidados à saúde, con- ENTIDADES DE ATENDIMENTO
forme a necessidade do idoso;
Art. 52. As entidades governamentais e não-go-
IX – promover atividades educacionais, es- vernamentais de atendimento ao idoso serão
portivas, culturais e de lazer; fiscalizadas pelos Conselhos do Idoso, Ministé-
X – propiciar assistência religiosa àqueles rio Público, Vigilância Sanitária e outros previs-
que desejarem, de acordo com suas cren- tos em lei.
ças; Art. 53. O art. 7º da Lei nº 8.842, de 1994, passa
XI – proceder a estudo social e pessoal de a vigorar com a seguinte redação:
cada caso; "Art. 7º Compete aos Conselhos de que trata
XII – comunicar à autoridade competente o art. 6º desta Lei a supervisão, o acompanha-
de saúde toda ocorrência de idoso portador mento, a fiscalização e a avaliação da política
de doenças infecto-contagiosas; nacional do idoso, no âmbito das respectivas
instâncias político-administrativas." (NR)
XIII – providenciar ou solicitar que o Minis-
tério Público requisite os documentos ne- Art. 54. Será dada publicidade das prestações
cessários ao exercício da cidadania àqueles de contas dos recursos públicos e privados rece-
que não os tiverem, na forma da lei; bidos pelas entidades de atendimento.

XIV – fornecer comprovante de depósito Art. 55. As entidades de atendimento que des-
dos bens móveis que receberem dos idosos; cumprirem as determinações desta Lei ficarão
sujeitas, sem prejuízo da responsabilidade civil
XV – manter arquivo de anotações onde e criminal de seus dirigentes ou prepostos, às
constem data e circunstâncias do atendi- seguintes penalidades, observado o devido pro-
mento, nome do idoso, responsável, pa- cesso legal:
rentes, endereços, cidade, relação de seus
pertences, bem como o valor de contribui- I – as entidades governamentais:
ções, e suas alterações, se houver, e demais a) advertência;
dados que possibilitem sua identificação e a
individualização do atendimento; b) afastamento provisório de seus dirigen-
tes;
XVI – comunicar ao Ministério Público,
para as providências cabíveis, a situação de c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
abandono moral ou material por parte dos d) fechamento de unidade ou interdição de
familiares; programa;
XVII – manter no quadro de pessoal profis- II – as entidades não-governamentais:
sionais com formação específica.
a) advertência;
Art. 51. As instituições filantrópicas ou sem fins
lucrativos prestadoras de serviço ao idoso terão b) multa;
direito à assistência judiciária gratuita.
c) suspensão parcial ou total do repasse de
verbas públicas;
d) interdição de unidade ou suspensão de
programa;

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e) proibição de atendimento a idosos a bem mento interditado, enquanto durar a inter-


do interesse público. dição.
§ 1º Havendo danos aos idosos abrigados Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o res-
ou qualquer tipo de fraude em relação ao ponsável por estabelecimento de saúde ou ins-
programa, caberá o afastamento provisório tituição de longa permanência de comunicar à
dos dirigentes ou a interdição da unidade e autoridade competente os casos de crimes con-
a suspensão do programa. tra idoso de que tiver conhecimento:
§ 2º A suspensão parcial ou total do repasse Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos re-
de verbas públicas ocorrerá quando verifi- ais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), aplicada
cada a má aplicação ou desvio de finalidade em dobro no caso de reincidência.
dos recursos.
Art. 58. Deixar de cumprir as determinações
§ 3º Na ocorrência de infração por entidade desta Lei sobre a prioridade no atendimen-
de atendimento, que coloque em risco os to ao idoso:
direitos assegurados nesta Lei, será o fato
comunicado ao Ministério Público, para as Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos
providências cabíveis, inclusive para promo- reais) a R$ 1.000,00 (um mil reais) e multa
ver a suspensão das atividades ou dissolu- civil a ser estipulada pelo juiz, conforme o
ção da entidade, com a proibição de atendi- dano sofrido pelo idoso.
mento a idosos a bem do interesse público,
sem prejuízo das providências a serem to-
madas pela Vigilância Sanitária.
CAPÍTULO V
§ 4º Na aplicação das penalidades, serão DA APURAÇÃO ADMINISTRATIVA
consideradas a natureza e a gravidade da DE INFRAÇÃO ÀS NORMAS DE
infração cometida, os danos que dela pro-
vierem para o idoso, as circunstâncias agra-
PROTEÇÃO AO IDOSO
vantes ou atenuantes e os antecedentes da Art. 59. Os valores monetários expressos no Ca-
entidade. pítulo IV serão atualizados anualmente, na for-
ma da lei.
Art. 60. O procedimento para a imposição de
CAPÍTULO IV penalidade administrativa por infração às nor-
DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS mas de proteção ao idoso terá início com requi-
sição do Ministério Público ou auto de infração
Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de elaborado por servidor efetivo e assinado, se
cumprir as determinações do art. 50 desta Lei: possível, por duas testemunhas.
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos re- § 1º No procedimento iniciado com o auto
ais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), se o fato de infração poderão ser usadas fórmulas
não for caracterizado como crime, podendo impressas, especificando-se a natureza e as
haver a interdição do estabelecimento até circunstâncias da infração.
que sejam cumpridas as exigências legais.
§ 2º Sempre que possível, à verificação da
Parágrafo único. No caso de interdição do infração seguirse- á a lavratura do auto, ou
estabelecimento de longa permanência, os este será lavrado dentro de 24 (vinte e qua-
idosos abrigados serão transferidos para tro) horas, por motivo justificado.
outra instituição, a expensas do estabeleci-

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Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) dias do dirigente da entidade ou outras medidas que
para a apresentação da defesa, contado da data julgar adequadas, para evitar lesão aos direitos
da intimação, que será feita: do idoso, mediante decisão fundamentada.
I – pelo autuante, no instrumento de autu- Art. 67. O dirigente da entidade será citado
ação, quando for lavrado na presença do in- para, no prazo de 10 (dez) dias, oferecer respos-
frator; ta escrita, podendo juntar documentos e indicar
as provas a produzir.
II – por via postal, com aviso de recebimen-
to. Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz procederá
na conformidade do art. 69 ou, se necessário,
Art. 62. Havendo risco para a vida ou à saúde do designará audiência de instrução e julgamento,
idoso, a autoridade competente aplicará à enti- deliberando sobre a necessidade de produção
dade de atendimento as sanções regulamenta- de outras provas.
res, sem prejuízo da iniciativa e das providên-
cias que vierem a ser adotadas pelo Ministério § 1º Salvo manifestação em audiência, as
Público ou pelas demais instituições legitimadas partes e o Ministério Público terão 5 (cinco)
para a fiscalização. dias para oferecer alegações finais, decidin-
do a autoridade judiciária em igual prazo.
Art. 63. Nos casos em que não houver risco para
a vida ou a saúde da pessoa idosa abrigada, a § 2º Em se tratando de afastamento provi-
autoridade competente aplicará à entidade de sório ou definitivo de dirigente de entidade
atendimento as sanções regulamentares, sem governamental, a autoridade judiciária ofi-
prejuízo da iniciativa e das providências que vie- ciará a autoridade administrativa imedia-
rem a ser adotadas pelo Ministério Público ou tamente superior ao afastado, fixando-lhe
pelas demais instituições legitimadas para a fis- prazo de 24 (vinte e quatro) horas para pro-
calização. ceder à substituição.
§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas,
a autoridade judiciária poderá fixar prazo
CAPÍTULO VI para a remoção das irregularidades verifi-
cadas. Satisfeitas as exigências, o processo
DA APURAÇÃO JUDICIAL DE
será extinto, sem julgamento do mérito.
IRREGULARIDADES EM ENTIDADE
DE ATENDIMENTO § 4º A multa e a advertência serão impostas
ao dirigente da entidade ou ao responsável
Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente, ao pro- pelo programa de atendimento.
cedimento administrativo de que trata este Ca-
pítulo as disposições das Leis nos 6.437, de 20
de agosto de 1977, e 9.784, de 29 de janeiro de TÍTULO V
1999.
Art. 65. O procedimento de apuração de irregu-
Do Acesso à Justiça
laridade em entidade governamental e não-go-
vernamental de atendimento ao idoso terá iní-
cio mediante petição fundamentada de pessoa
interessada ou iniciativa do Ministério Público.
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a auto-
ridade judiciária, ouvido o Ministério Público, Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às dispo-
decretar liminarmente o afastamento provisório sições deste Capítulo, o procedimento sumário

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previsto no Código de Processo Civil, naquilo Art. 73. As funções do Ministério Público, pre-
que não contrarie os prazos previstos nesta Lei. vistas nesta Lei, serão exercidas nos termos da
respectiva Lei Orgânica.
Art. 70. O Poder Público poderá criar varas es-
pecializadas e exclusivas do idoso. Art. 74. Compete ao Ministério Público:
Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação I – instaurar o inquérito civil e a ação civil
dos processos e procedimentos e na execução pública para a proteção dos direitos e in-
dos atos e diligências judiciais em que figure teresses difusos ou coletivos, individuais
como parte ou interveniente pessoa com idade indisponíveis e individuais homogêneos do
igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qual- idoso;
quer instância.
II – promover e acompanhar as ações de
§ 1º O interessado na obtenção da priori- alimentos, de interdição total ou parcial, de
dade a que alude este artigo, fazendo prova designação de curador especial, em circuns-
de sua idade, requererá o benefício à auto- tâncias que justifiquem a medida e oficiar
ridade judiciária competente para decidir o em todos os feitos em que se discutam os
feito, que determinará as providências a se- direitos de idosos em condições de risco;
rem cumpridas, anotando-se essa circuns-
tância em local visível nos autos do proces- III – atuar como substituto processual do
so. idoso em situação de risco, conforme o dis-
posto no art. 43 desta Lei;
§ 2º A prioridade não cessará com a morte
do beneficiado, estendendo-se em favor do IV – promover a revogação de instrumento
cônjuge supérstite, companheiro ou com- procuratório do idoso, nas hipóteses previs-
panheira, com união estável, maior de 60 tas no art. 43 desta Lei, quando necessário
(sessenta) anos. ou o interesse público justificar;

§ 3º A prioridade se estende aos processos V – instaurar procedimento administrativo


e procedimentos na Administração Pública, e, para instruí-lo:
empresas prestadoras de serviços públicos a) expedir notificações, colher depoimentos
e instituições financeiras, ao atendimento ou esclarecimentos e, em caso de não com-
preferencial junto à Defensoria Publica da parecimento injustificado da pessoa notifi-
União, dos Estados e do Distrito Federal em cada, requisitar condução coercitiva, inclu-
relação aos Serviços de Assistência Judiciá- sive pela Polícia Civil ou Militar;
ria.
b) requisitar informações, exames, perícias
§ 4º Para o atendimento prioritário será ga- e documentos de autoridade municipais,
rantido ao idoso o fácil acesso aos assentos estaduais e federais, da administração di-
e caixas, identificados com a destinação a reta e indireta, bem como promover inspe-
idosos em local visível e caracteres legíveis. ções e diligências investigatórias;
c) requisitar informações e documentos
particulares de instituições privadas;
CAPÍTULO II
VI – instaurar sindicâncias, requisitar dili-
DO MINISTÉRIO PÚBLICO gências investigatórias e a instauração de
inquérito policial, para a apuração de ilícitos
Art. 72. (VETADO)
ou infrações às normas de proteção ao ido-
so;

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VII – zelar pelo efetivo respeito aos direi- CAPÍTULO III
tos e garantias legais assegurados ao idoso, DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS
promovendo as medidas judiciais e extraju-
diciais cabíveis; INTERESSES DIFUSOS, COLETIVOS
E INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS OU
VIII – inspecionar as entidades públicas e HOMOGÊNEOS
particulares de atendimento e os programas
de que trata esta Lei, adotando de pronto as Art. 78. As manifestações processuais do repre-
medidas administrativas ou judiciais neces- sentante do Ministério Público deverão ser fun-
sárias à remoção de irregularidades porven- damentadas.
tura verificadas;
Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as
IX – requisitar força policial, bem como a co- ações de responsabilidade por ofensa aos direi-
laboração dos serviços de saúde, educacio- tos assegurados ao idoso, referentes à omissão
nais e de assistência social, públicos, para o ou ao oferecimento insatisfatório de:
desempenho de suas atribuições;
I – acesso às ações e serviços de saúde;
X – referendar transações envolvendo inte-
resses e direitos dos idosos previstos nesta II – atendimento especializado ao idoso
Lei. portador de deficiência ou com limitação in-
capacitante;
§ 1º A legitimação do Ministério Público
para as ações cíveis previstas neste artigo III – atendimento especializado ao idoso
não impede a de terceiros, nas mesmas hi- portador de doença infecto-contagiosa;
póteses, segundo dispuser a lei.
IV – serviço de assistência social visando ao
§ 2º As atribuições constantes deste artigo amparo do idoso.
não excluem outras, desde que compatíveis
Parágrafo único. As hipóteses previstas nes-
com a finalidade e atribuições do Ministério
te artigo não excluem da proteção judicial
Público.
outros interesses difusos, coletivos, indivi-
§ 3º O representante do Ministério Públi- duais indisponíveis ou homogêneos, pró-
co, no exercício de suas funções, terá livre prios do idoso, protegidos em lei.
acesso a toda entidade de atendimento ao
Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão
idoso.
propostas no foro do domicílio do idoso, cujo
Art. 75. Nos processos e procedimentos em que juízo terá competência absoluta para processar
não for parte, atuará obrigatoriamente o Minis- a causa, ressalvadas as competências da Justiça
tério Público na defesa dos direitos e interesses Federal e a competência originária dos Tribunais
de que cuida esta Lei, hipóteses em que terá vis- Superiores.
ta dos autos depois das partes, podendo juntar
Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em inte-
documentos, requerer diligências e produção
resses difusos, coletivos, individuais indisponí-
de outras provas, usando os recursos cabíveis.
veis ou homogêneos, consideram-se legitima-
Art. 76. A intimação do Ministério Público, em dos, concorrentemente:
qualquer caso, será feita pessoalmente.
I – o Ministério Público;
Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Pú-
II – a União, os Estados, o Distrito Federal e
blico acarreta a nulidade do feito, que será de-
os Municípios;
clarada de ofício pelo juiz ou a requerimento de
qualquer interessado. III – a Ordem dos Advogados do Brasil;

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IV – as associações legalmente constituídas ao autor, mas será devida desde o dia em


há pelo menos 1 (um) ano e que incluam que se houver configurado.
entre os fins institucionais a defesa dos in-
teresses e direitos da pessoa idosa, dispen- Art. 84. Os valores das multas previstas nesta
sada a autorização da assembléia, se hou- Lei reverterão ao Fundo do Idoso, onde houver,
ver prévia autorização estatutária. ou na falta deste, ao Fundo Municipal de Assis-
tência Social, ficando vinculados ao atendimen-
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo to ao idoso.
entre os Ministérios Públicos da União e dos
Estados na defesa dos interesses e direitos Parágrafo único. As multas não recolhidas
de que cuida esta Lei. até 30 (trinta) dias após o trânsito em jul-
gado da decisão serão exigidas por meio de
§ 2º Em caso de desistência ou abandono execução promovida pelo Ministério Públi-
da ação por associação legitimada, o Minis- co, nos mesmos autos, facultada igual ini-
tério Público ou outro legitimado deverá as- ciativa aos demais legitimados em caso de
sumir a titularidade ativa. inércia daquele.
Art. 82. Para defesa dos interesses e direitos Art. 85. O juiz poderá conferir efeito suspensi-
protegidos por esta Lei, são admissíveis todas as vo aos recursos, para evitar dano irreparável à
espécies de ação pertinentes. parte.
Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abu- Art. 86. Transitada em julgado a sentença que
sivos de autoridade pública ou agente de impuser condenação ao Poder Público, o juiz
pessoa jurídica no exercício de atribuições determinará a remessa de peças à autoridade
de Poder Público, que lesem direito líquido competente, para apuração da responsabilida-
e certo previsto nesta Lei, caberá ação man- de civil e administrativa do agente a que se atri-
damental, que se regerá pelas normas da lei bua a ação ou omissão.
do mandado de segurança.
Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do trân-
Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumpri- sito em julgado da sentença condenatória favo-
mento de obrigação de fazer ou não-fazer, o juiz rável ao idoso sem que o autor lhe promova a
concederá a tutela específica da obrigação ou execução, deverá fazê-lo o Ministério Público,
determinará providências que assegurem o re- facultada, igual iniciativa aos demais legitima-
sultado prático equivalente ao adimplemento. dos, como assistentes ou assumindo o pólo ati-
vo, em caso de inércia desse órgão.
§ 1º Sendo relevante o fundamento da de-
manda e havendo justificado receio de ine- Art. 88. Nas ações de que trata este Capítulo,
ficácia do provimento final, é lícito ao juiz não haverá adiantamento de custas, emolu-
conceder a tutela liminarmente ou após mentos, honorários periciais e quaisquer outras
justificação prévia, na forma do art. 273 do despesas.
Código de Processo Civil.
Parágrafo único. Não se imporá sucumbên-
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do § 1º ou cia ao Ministério Público.
na sentença, impor multa diária ao réu, in-
dependentemente do pedido do autor, se Art. 89. Qualquer pessoa poderá, e o servidor
for suficiente ou compatível com a obriga- deverá, provocar a iniciativa do Ministério Pú-
ção, fixando prazo razoável para o cumpri- blico, prestando-lhe informações sobre os fatos
mento do preceito. que constituam objeto de ação civil e indicando-
-lhe os elementos de convicção.
§ 3º A multa só será exigível do réu após o
trânsito em julgado da sentença favorável Art. 90. Os agentes públicos em geral, os juízes
e tribunais, no exercício de suas funções, quan-

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do tiverem conhecimento de fatos que possam TÍTULO VI
configurar crime de ação pública contra idoso
ou ensejar a propositura de ação para sua de- Dos Crimes
fesa, devem encaminhar as peças pertinentes
ao Ministério Público, para as providências ca-
bíveis.
Art. 91. Para instruir a petição inicial, o interes- CAPÍTULO I
sado poderá requerer às autoridades compe- DISPOSIÇÕES GERAIS
tentes as certidões e informações que julgar ne-
cessárias, que serão fornecidas no prazo de 10 Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que
(dez) dias. couber, as disposições da Lei nº 7.347, de 24 de
julho de 1985.
Art. 92. O Ministério Público poderá instaurar
sob sua presidência, inquérito civil, ou requisi- Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja
tar, de qualquer pessoa, organismo público ou pena máxima privativa de liberdade não ultra-
particular, certidões, informações, exames ou passe 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimen-
perícias, no prazo que assinalar, o qual não po- to previsto na Lei nº 9.099, de 26 de setembro
derá ser inferior a 10 (dez) dias. de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as
disposições do Código Penal e do Código de Pro-
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgo- cesso Penal.
tadas todas as diligências, se convencer da
inexistência de fundamento para a proposi-
tura da ação civil ou de peças informativas,
determinará o seu arquivamento, fazendo-o CAPÍTULO II
fundamentadamente. DOS CRIMES EM ESPÉCIE
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de
de informação arquivados serão remetidos, ação penal pública incondicionada, não se lhes
sob pena de se incorrer em falta grave, no aplicando os arts. 181 e 182 do Código Penal.
prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior
do Ministério Público ou à Câmara de Coor- Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou
denação e Revisão do Ministério Público. dificultando seu acesso a operações bancárias,
aos meios de transporte, ao direito de contratar
§ 3º Até que seja homologado ou rejeitado ou por qualquer outro meio ou instrumento ne-
o arquivamento, pelo Conselho Superior do cessário ao exercício da cidadania, por motivo
Ministério Público ou por Câmara de Coor- de idade:
denação e Revisão do Ministério Público,
as associações legitimadas poderão apre- Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um)
sentar razões escritas ou documentos, que ano e multa.
serão juntados ou anexados às peças de in-
§ 1º Na mesma pena incorre quem desde-
formação.
nhar, humilhar, menosprezar ou discriminar
§ 4º Deixando o Conselho Superior ou a Câ- pessoa idosa, por qualquer motivo.
mara de Coordenação e Revisão do Ministé-
§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um ter-
rio Público de homologar a promoção de ar-
ço) se a vítima se encontrar sob os cuidados
quivamento, será designado outro membro
ou responsabilidade do agente.
do Ministério Público para o ajuizamento da
ação. Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso,
quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em

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situação de iminente perigo, ou recusar, retar- IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar,


dar ou dificultar sua assistência à saúde, sem sem justo motivo, a execução de ordem
justa causa, ou não pedir, nesses casos, o socor- judicial expedida na ação civil a que alude
ro de autoridade pública: esta Lei;
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) V – recusar, retardar ou omitir dados téc-
ano e multa. nicos indispensáveis à propositura da ação
civil objeto desta Lei, quando requisitados
Parágrafo único. A pena é aumentada de pelo Ministério Público.
metade, se da omissão resulta lesão corpo-
ral de natureza grave, e triplicada, se resulta Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar,
a morte. sem justo motivo, a execução de ordem judicial
expedida nas ações em que for parte ou interve-
Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas niente o idoso:
de saúde, entidades de longa permanência, ou
congêneres, ou não prover suas necessidades Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um)
básicas, quando obrigado por lei ou mandado: ano e multa.
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, pro-
anos e multa. ventos, pensão ou qualquer outro rendimento
do idoso, dando-lhes aplicação diversa da de
Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saú- sua finalidade:
de, física ou psíquica, do idoso, submetendo-
-o a condições desumanas ou degradantes ou Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos
privando-o de alimentos e cuidados indispensá- e multa.
veis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o
a trabalho excessivo ou inadequado: Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanên-
cia do idoso, como abrigado, por recusa deste
Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) em outorgar procuração à entidade de atendi-
ano e multa. mento:
§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de na- Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um)
tureza grave: ano e multa.
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Art. 104. Reter o cartão magnético de con-
ta bancária relativa a benefícios, proventos ou
§ 2º Se resulta a morte: pensão do idoso, bem como qualquer outro do-
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) cumento com objetivo de assegurar recebimen-
anos. to ou ressarcimento de dívida:

Art. 100. Constitui crime punível com reclusão Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois)
de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa: anos e multa.

I – obstar o acesso de alguém a qualquer Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio
cargo público por motivo de idade; de comunicação, informações ou imagens de-
preciativas ou injuriosas à pessoa do idoso:
II – negar a alguém, por motivo de idade,
emprego ou trabalho; Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e
multa.
III – recusar, retardar ou dificultar atendi-
mento ou deixar de prestar assistência à Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimen-
saúde, sem justa causa, a pessoa idosa; to de seus atos a outorgar procuração para fins

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de administração de bens ou deles dispor livre- § 4º No homicídio culposo, a pena é aumen-
mente: tada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão,
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) arte ou ofício, ou se o agente deixa de pres-
anos. tar imediato socorro à vítima, não procura
Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a diminuir as conseqüências do seu ato, ou
doar, contratar, testar ou outorgar procuração: foge para evitar prisão em flagrante. Sendo
doloso o homicídio, a pena é aumentada de
Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra
Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de
idosa sem discernimento de seus atos, sem a 60 (sessenta) anos.
devida representação legal: ......................................................................
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) ........................" (NR)
anos. "Art. 133. ...........................................................
............................................................................
................................................
TÍTULO VII
§ 3º ..............................................................
Disposições Finais e Transitórias ...............................
......................................................................
Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do repre- ..............................
sentante do Ministério Público ou de qualquer
outro agente fiscalizador: III – se a vítima é maior de 60 (sessenta)
anos." (NR)
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um)
ano e multa. "Art. 140. ...........................................................
............................................................................
Art. 110. O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de de- ................................................
zembro de 1940, Código Penal, passa a vigorar
com as seguintes alterações: § 3º Se a injúria consiste na utilização de
elementos referentes a raça, cor, etnia, reli-
"Art. 61. ............................................................. gião, origem ou a condição de pessoa idosa
............................................................................ ou portadora de deficiência:
................................................
......................................................................
II – ............................................................... ..................." (NR)
......................................................................
............................................................. "Art. 141. ...........................................................
............................................................................
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) ................................................
anos, enfermo ou mulher grávida;
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta)
...................................................................... anos ou portadora de deficiência, exceto no
................. " (NR) caso de injúria.
"Art. 121. ........................................................... ......................................................................
............................................................................ ...................." (NR)
..................................................

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"Art. 148. ........................................................... "Art. 21............................................................


............................................................................ ........................................................................
................................................ .......................................................
§ 1º .............................................................. Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3
............................... (um terço) até a metade se a vítima é maior
de 60 (sessenta) anos." (NR)
I – se a vítima é ascendente, descendente,
cônjuge do agente ou maior de 60 (sessen- Art. 112. O inciso II do § 4º do art. 1º da Lei nº
ta) anos. 9.455, de 7 de abril de 1997, passa a vigorar
com a seguinte redação:
......................................................................
......................" (NR) "Art. 1º ..............................................................
............................................................................
"Art. 159.......................................................... ................................................
........................................................................
....................................................... § 4º ..............................................................
...............................
§ 1º Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte
e quatro) horas, se o seqüestrado é menor II – se o crime é cometido contra criança,
de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) gestante, portador de deficiência, adoles-
anos, ou se o crime é cometido por bando cente ou maior de 60 (sessenta) anos;
ou quadrilha.
......................................................................
...................................................................... ......................." (NR)
......................." (NR)
Art. 113. O inciso III do art. 18 da Lei nº 6.368,
"Art. 183.......................................................... de 21 de outubro de 1976, passa a vigorar com
........................................................................ a seguinte redação:
...................................................
"Art. 18............................................................
III – se o crime é praticado contra pessoa ........................................................................
com idade igual ou superior a 60 (sessenta) .......................................................
anos." (NR)
III – se qualquer deles decorrer de associa-
"Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a ção ou visar a menores de 21 (vinte e um)
subsistência do cônjuge, ou de filho menor de anos ou a pessoa com idade igual ou supe-
18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou rior a 60 (sessenta) anos ou a quem tenha,
de ascendente inválido ou maior de 60 (sessen- por qualquer causa, diminuída ou suprimi-
ta) anos, não lhes proporcionando os recursos da a capacidade de discernimento ou de au-
necessários ou faltando ao pagamento de pen- todeterminação:
são alimentícia judicialmente acordada, fixada
ou majorada; deixar, sem justa causa, de socor- ......................................................................
rer descendente ou ascendente, gravemente ......................" (NR)
enfermo: Art. 114. O art. 1º da Lei nº 10.048, de 8 de no-
...................................................................... vembro de 2000, passa a vigorar com a seguinte
....................." (NR) redação:

Art. 111. O art. 21 do Decreto-Lei nº 3.688, de 3 "Art. 1º As pessoas portadoras de deficiência,


de outubro de 1941, Lei das Contravenções Pe- os idosos com idade igual ou superior a 60 (ses-
nais, passa a vigorar acrescido do seguinte pará- senta) anos, as gestantes, as lactantes e as pes-
grafo único: soas acompanhadas por crianças de colo terão

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atendimento prioritário, nos termos desta Lei." critérios de concessão do Benefício de Presta-
(NR) ção Continuada previsto na Lei Orgânica da As-
sistência Social, de forma a garantir que o aces-
Art. 115. O Orçamento da Seguridade Social so ao direito seja condizente com o estágio de
destinará ao Fundo Nacional de Assistência desenvolvimento sócio-econômico alcançado
Social, até que o Fundo Nacional do Idoso seja pelo País.
criado, os recursos necessários, em cada exer-
cício financeiro, para aplicação em programas e Art. 118. Esta Lei entra em vigor decorridos 90
ações relativos ao idoso. (noventa) dias da sua publicação, ressalvado o
disposto no caput do art. 36, que vigorará a par-
Art. 116. Serão incluídos nos censos demográ- tir de 1º de janeiro de 2004.
ficos dados relativos à população idosa do País.
Brasília, 1º de outubro de 2003; 182º da Inde-
Art. 117. O Poder Executivo encaminhará ao pendência e 115º da República.
Congresso Nacional projeto de lei revendo os

DIREITO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS 2007. (Convenção promulgada pelo Decreto nº


DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA – 6.949, de 25/8/2009)
2007 Parágrafo único. Ficam sujeitos à aprova-
ção do Congresso Nacional quaisquer atos
que alterem a referida Convenção e seu
Faço saber que o Congresso Nacional aprovou,
Protocolo Facultativo, bem como quaisquer
e eu, Garibaldi Alves Filho, Presidente do Sena-
outros ajustes complementares que, nos
do Federal, conforme o disposto no art. 5º, § 3º,
termos do inciso I do caput do art. 49 da
da Constituição Federal e nos termos do art. 48,
Constituição Federal, acarretem encargos
inciso XXVIII, do Regimento Interno, promulgo o
ou compromissos gravosos ao patrimônio
seguinte
nacional.
DECRETO LEGISLATIVO Nº 186, DE 2008
Art. 2º Este Decreto Legislativo entra em vigor
Aprova o texto da Convenção sobre os Direitos na data de sua publicação.
das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo
Senado Federal, em 9 de julho de 2008.
Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30
de março de 2007. Senador GARIBALDI ALVES FILHO
O Congresso Nacional decreta: Presidente do Senado Federal
Art. 1º Fica aprovado, nos termos do § 3º do
art. 5º da Constituição Federal, o texto da
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, as-
sinados em Nova Iorque, em 30 de março de

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CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS ficiência e as barreiras devidas às atitudes e


DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ao ambiente que impedem a plena e efetiva
participação dessas pessoas na sociedade
em igualdade de oportunidades com as de-
Preâmbulo mais pessoas,

Os Estados Partes da presente Convenção, f) Reconhecendo a importância dos princí-


pios e das diretrizes de política, contidos no
a) Relembrando os princípios consagrados Programa de Ação Mundial para as Pessoas
na Carta das Nações Unidas, que reconhe- Deficientes e nas Normas sobre a Equipa-
cem a dignidade e o valor inerentes e os ração de Oportunidades para Pessoas com
direitos iguais e inalienáveis de todos os Deficiência, para influenciar a promoção, a
membros da família humana como o funda- formulação e a avaliação de políticas, pla-
mento da liberdade, da justiça e da paz no nos, programas e ações em níveis nacional,
mundo, regional e internacional para possibilitar
b) Reconhecendo que as Nações Unidas, na maior igualdade de oportunidades para
Declaração Universal dos Direitos Humanos pessoas com deficiência,
e nos Pactos Internacionais sobre Direitos g) Ressaltando a importância de trazer
Humanos, proclamaram e concordaram que questões relativas à deficiência ao centro
toda pessoa faz jus a todos os direitos e li- das preocupações da sociedade como parte
berdades ali estabelecidos, sem distinção integrante das estratégias relevantes de de-
de qualquer espécie, senvolvimento sustentável,
c) Reafirmando a universalidade, a indivi- h) Reconhecendo também que a discrimi-
sibilidade, a interdependência e a inter- nação contra qualquer pessoa, por motivo
-relação de todos os direitos humanos e de deficiência, configura violação da digni-
liberdades fundamentais, bem como a ne- dade e do valor inerentes ao ser humano,
cessidade de garantir que todas as pessoas
com deficiência os exerçam plenamente, i) Reconhecendo ainda a diversidade das
sem discriminação, pessoas com deficiência,

d) Relembrando o Pacto Internacional dos j) Reconhecendo a necessidade de promo-


Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, o ver e proteger os direitos humanos de todas
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Polí- as pessoas com deficiência, inclusive da-
ticos, a Convenção Internacional sobre a Eli- quelas que requerem maior apoio,
minação de Todas as Formas de Discrimina- k) Preocupados com o fato de que, não
ção Racial, a Convenção sobre a Eliminação obstante esses diversos instrumentos e
de todas as Formas de Discriminação contra compromissos, as pessoas com deficiência
a Mulher, a Convenção contra a Tortura e continuam a enfrentar barreiras contra sua
Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desu- participação como membros iguais da so-
manos ou Degradantes, a Convenção sobre ciedade e violações de seus direitos huma-
os Direitos da Criança e a Convenção Inter- nos em todas as partes do mundo,
nacional sobre a Proteção dos Direitos de
Todos os Trabalhadores Migrantes e Mem- l) Reconhecendo a importância da coope-
bros de suas Famílias, ração internacional para melhorar as con-
dições de vida das pessoas com deficiência
e) Reconhecendo que a deficiência é um em todos os países, particularmente naque-
conceito em evolução e que a deficiência les em desenvolvimento,
resulta da interação entre pessoas com de-

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m) Reconhecendo as valiosas contribuições s) Ressaltando a necessidade de incorporar
existentes e potenciais das pessoas com a perspectiva de gênero aos esforços para
deficiência ao bem-estar comum e à diver- promover o pleno exercício dos direitos hu-
sidade de suas comunidades, e que a pro- manos e liberdades fundamentais por parte
moção do pleno exercício, pelas pessoas das pessoas com deficiência,
com deficiência, de seus direitos humanos
e liberdades fundamentais e de sua plena t) Salientando o fato de que a maioria das
participação na sociedade resultará no for- pessoas com deficiência vive em condições
talecimento de seu senso de pertencimento de pobreza e, nesse sentido, reconhecendo
à sociedade e no significativo avanço do de- a necessidade crítica de lidar com o impac-
senvolvimento humano, social e econômico to negativo da pobreza sobre pessoas com
da sociedade, bem como na erradicação da deficiência,
pobreza, u) Tendo em mente que as condições de
n) Reconhecendo a importância, para as paz e segurança baseadas no pleno respei-
pessoas com deficiência, de sua autonomia to aos propósitos e princípios consagrados
e independência individuais, inclusive da li- na Carta das Nações Unidas e a observân-
berdade para fazer as próprias escolhas, cia dos instrumentos de direitos humanos
são indispensáveis para a total proteção das
o) Considerando que as pessoas com defi- pessoas com deficiência, particularmente
ciência devem ter a oportunidade de par- durante conflitos armados e ocupação es-
ticipar ativamente das decisões relativas a trangeira,
programas e políticas, inclusive aos que lhes
dizem respeito diretamente, v) Reconhecendo a importância da acessibi-
lidade aos meios físico, social, econômico e
p) Preocupados com as difíceis situações en- cultural, à saúde, à educação e à informação
frentadas por pessoas com deficiência que e comunicação, para possibilitar às pessoas
estão sujeitas a formas múltiplas ou agrava- com deficiência o pleno gozo de todos os di-
das de discriminação por causa de raça, cor, reitos humanos e liberdades fundamentais,
sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou
de outra natureza, origem nacional, étnica, w) Conscientes de que a pessoa tem deve-
nativa ou social, propriedade, nascimento, res para com outras pessoas e para com a
idade ou outra condição, comunidade a que pertence e que, portan-
to, tem a responsabilidade de esforçar-se
q) Reconhecendo que mulheres e meninas para a promoção e a observância dos direi-
com deficiência estão freqüentemente ex- tos reconhecidos na Carta Internacional dos
postas a maiores riscos, tanto no lar como Direitos Humanos,
fora dele, de sofrer violência, lesões ou
abuso, descaso ou tratamento negligente, x) Convencidos de que a família é o núcleo
maus-tratos ou exploração, natural e fundamental da sociedade e tem
o direito de receber a proteção da socie-
r) Reconhecendo que as crianças com defi- dade e do Estado e de que as pessoas com
ciência devem gozar plenamente de todos deficiência e seus familiares devem receber
os direitos humanos e liberdades funda- a proteção e a assistência necessárias para
mentais em igualdade de oportunidades tornar as famílias capazes de contribuir para
com as outras crianças e relembrando as o exercício pleno e eqüitativo dos direitos
obrigações assumidas com esse fim pelos das pessoas com deficiência,
Estados Partes na Convenção sobre os Direi-
tos da Criança, y) Convencidos de que uma convenção in-
ternacional geral e integral para promover e
proteger os direitos e a dignidade das pes-

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soas com deficiência prestará significativa mento, o desfrute ou o exercício, em igualdade


contribuição para corrigir as profundas des- de oportunidades com as demais pessoas, de
vantagens sociais das pessoas com defici- todos os direitos humanos e liberdades funda-
ência e para promover sua participação na mentais nos âmbitos político, econômico, social,
vida econômica, social e cultural, em igual- cultural, civil ou qualquer outro. Abrange todas
dade de oportunidades, tanto nos países as formas de discriminação, inclusive a recusa
em desenvolvimento como nos desenvolvi- de adaptação razoável;
dos,
"Adaptação razoável" significa as modificações
Acordaram o seguinte: e os ajustes necessários e adequados que não
acarretem ônus desproporcional ou indevido,
Artigo 1º quando requeridos em cada caso, a fim de as-
Propósito segurar que as pessoas com deficiência possam
gozar ou exercer, em igualdade de oportunida-
O propósito da presente Convenção é promo- des com as demais pessoas, todos os direitos
ver, proteger e assegurar o exercício pleno e humanos e liberdades fundamentais;
eqüitativo de todos os direitos humanos e liber-
dades fundamentais por todas as pessoas com "Desenho universal" significa a concepção de
deficiência e promover o respeito pela sua dig- produtos, ambientes, programas e serviços a
nidade inerente. serem usados, na maior medida possível, por
todas as pessoas, sem necessidade de adapta-
Pessoas com deficiência são aquelas que têm ção ou projeto específico. O "desenho univer-
impedimentos de longo prazo de natureza fí- sal" não excluirá as ajudas técnicas para grupos
sica, mental, intelectual ou sensorial, os quais, específicos de pessoas com deficiência, quando
em interação com diversas barreiras, podem necessárias.
obstruir sua participação plena e efetiva na so-
ciedade em igualdades de condições com as de- Artigo 3º
mais pessoas. Princípios gerais
Artigo 2º Os princípios da presente Convenção são:
Definições a) O respeito pela dignidade inerente, a au-
Para os propósitos da presente Convenção: tonomia individual, inclusive a liberdade de
fazer as próprias escolhas, e a independên-
"Comunicação" abrange as línguas, a visualiza- cia das pessoas.
ção de textos, o braille, a comunicação tátil, os
caracteres ampliados, os dispositivos de multi- b) A não-discriminação;
mídia acessível, assim como a linguagem sim- c) A plena e efetiva participação e inclusão
ples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os na sociedade;
meios de voz digitalizada e os modos, meios e
formatos aumentativos e alternativos de comu- d) O respeito pela diferença e pela aceita-
nicação, inclusive a tecnologia da informação e ção das pessoas com deficiência como parte
comunicação acessíveis; da diversidade humana e da humanidade;
"Língua" abrange as línguas faladas e de sinais e e) A igualdade de oportunidades;
outras formas de comunicação não-falada;
f) A acessibilidade;
"Discriminação por motivo de deficiência" signi-
fica qualquer diferenciação, exclusão ou restri- g) A igualdade entre o homem e a mulher;
ção baseada em deficiência, com o propósito ou
efeito de impedir ou impossibilitar o reconheci-

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h) O respeito pelo desenvolvimento das ca- e seu uso e a promover o desenho universal
pacidades das crianças com deficiência e quando da elaboração de normas e diretri-
pelo direito das crianças com deficiência de zes;
preservar sua identidade.
g) Realizar ou promover a pesquisa e o de-
Artigo 4º senvolvimento, bem como a disponibilidade
e o emprego de novas tecnologias, inclusive
Obrigações gerais as tecnologias da informação e comunica-
1. Os Estados Partes se comprometem a ção, ajudas técnicas para locomoção, dispo-
assegurar e promover o pleno exercício de sitivos e tecnologias assistivas, adequados a
todos os direitos humanos e liberdades fun- pessoas com deficiência, dando prioridade
damentais por todas as pessoas com defici- a tecnologias de custo acessível;
ência, sem qualquer tipo de discriminação h) Propiciar informação acessível para as
por causa de sua deficiência. Para tanto, os pessoas com deficiência a respeito de aju-
Estados Partes se comprometem a: das técnicas para locomoção, dispositivos e
a) Adotar todas as medidas legislativas, ad- tecnologias assistivas, incluindo novas tec-
ministrativas e de qualquer outra natureza, nologias bem como outras formas de assis-
necessárias para a realização dos direitos tência, serviços de apoio e instalações;
reconhecidos na presente Convenção; i) Promover a capacitação em relação aos
b) Adotar todas as medidas necessárias, in- direitos reconhecidos pela presente Con-
clusive legislativas, para modificar ou revo- venção dos profissionais e equipes que tra-
gar leis, regulamentos, costumes e práticas balham com pessoas com deficiência, de
vigentes, que constituírem discriminação forma a melhorar a prestação de assistência
contra pessoas com deficiência; e serviços garantidos por esses direitos.

c) Levar em conta, em todos os programas e 2. Em relação aos direitos econômicos, so-


políticas, a proteção e a promoção dos direi- ciais e culturais, cada Estado Parte se com-
tos humanos das pessoas com deficiência; promete a tomar medidas, tanto quanto
permitirem os recursos disponíveis e, quan-
d) Abster-se de participar em qualquer ato do necessário, no âmbito da cooperação
ou prática incompatível com a presente internacional, a fim de assegurar progressi-
Convenção e assegurar que as autoridades vamente o pleno exercício desses direitos,
públicas e instituições atuem em conformi- sem prejuízo das obrigações contidas na
dade com a presente Convenção; presente Convenção que forem imediata-
e) Tomar todas as medidas apropriadas mente aplicáveis de acordo com o direito
para eliminar a discriminação baseada em internacional.
deficiência, por parte de qualquer pessoa, 3. Na elaboração e implementação de le-
organização ou empresa privada; gislação e políticas para aplicar a presente
f) Realizar ou promover a pesquisa e o de- Convenção e em outros processos de to-
senvolvimento de produtos, serviços, equi- mada de decisão relativos às pessoas com
pamentos e instalações com desenho uni- deficiência, os Estados Partes realizarão
versal, conforme definidos no Artigo 2 da consultas estreitas e envolverão ativamente
presente Convenção, que exijam o mínimo pessoas com deficiência, inclusive crianças
possível de adaptação e cujo custo seja o com deficiência, por intermédio de suas or-
mínimo possível, destinados a atender às ganizações representativas.
necessidades específicas de pessoas com 4. Nenhum dispositivo da presente Con-
deficiência, a promover sua disponibilidade venção afetará quaisquer disposições mais

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propícias à realização dos direitos das pes- sujeitas a múltiplas formas de discriminação
soas com deficiência, as quais possam estar e, portanto, tomarão medidas para assegu-
contidas na legislação do Estado Parte ou rar às mulheres e meninas com deficiência
no direito internacional em vigor para esse o pleno e igual exercício de todos os direitos
Estado. Não haverá nenhuma restrição ou humanos e liberdades fundamentais.
derrogação de qualquer dos direitos huma-
nos e liberdades fundamentais reconheci- 2. Os Estados Partes tomarão todas as me-
dos ou vigentes em qualquer Estado Parte didas apropriadas para assegurar o pleno
da presente Convenção, em conformida- desenvolvimento, o avanço e o empodera-
de com leis, convenções, regulamentos ou mento das mulheres, a fim de garantir-lhes
costumes, sob a alegação de que a presen- o exercício e o gozo dos direitos humanos e
te Convenção não reconhece tais direitos e liberdades fundamentais estabelecidos na
liberdades ou que os reconhece em menor presente Convenção.
grau. Artigo 7º
5. As disposições da presente Convenção se Crianças com deficiência
aplicam, sem limitação ou exceção, a todas
as unidades constitutivas dos Estados fede- 1. Os Estados Partes tomarão todas as me-
rativos. didas necessárias para assegurar às crianças
com deficiência o pleno exercício de todos
Artigo 5º os direitos humanos e liberdades funda-
Igualdade e não-discriminação mentais, em igualdade de oportunidades
com as demais crianças.
1. Os Estados Partes reconhecem que todas
as pessoas são iguais perante e sob a lei e 2. Em todas as ações relativas às crianças
que fazem jus, sem qualquer discriminação, com deficiência, o superior interesse da
a igual proteção e igual benefício da lei. criança receberá consideração primordial.

2. Os Estados Partes proibirão qualquer dis- 3. Os Estados Partes assegurarão que as


criminação baseada na deficiência e garan- crianças com deficiência tenham o direito
tirão às pessoas com deficiência igual e efe- de expressar livremente sua opinião sobre
tiva proteção legal contra a discriminação todos os assuntos que lhes disserem respei-
por qualquer motivo. to, tenham a sua opinião devidamente va-
lorizada de acordo com sua idade e maturi-
3. A fim de promover a igualdade e eliminar dade, em igualdade de oportunidades com
a discriminação, os Estados Partes adotarão as demais crianças, e recebam atendimento
todas as medidas apropriadas para garantir adequado à sua deficiência e idade, para
que a adaptação razoável seja oferecida. que possam exercer tal direito.
4. Nos termos da presente Convenção, as Artigo 8º
medidas específicas que forem necessárias
para acelerar ou alcançar a efetiva igualda- Conscientização
de das pessoas com deficiência não serão 1. Os Estados Partes se comprometem a
consideradas discriminatórias. adotar medidas imediatas, efetivas e apro-
Artigo 6 priadas para:

Mulheres com deficiência a) Conscientizar toda a sociedade, inclusive


as famílias, sobre as condições das pessoas
1. Os Estados Partes reconhecem que as com deficiência e fomentar o respeito pelos
mulheres e meninas com deficiência estão

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direitos e pela dignidade das pessoas com ticipar plenamente de todos os aspectos da
deficiência; vida, os Estados Partes tomarão as medidas
apropriadas para assegurar às pessoas com
b) Combater estereótipos, preconceitos e deficiência o acesso, em igualdade de opor-
práticas nocivas em relação a pessoas com tunidades com as demais pessoas, ao meio
deficiência, inclusive aqueles relacionados a físico, ao transporte, à informação e comu-
sexo e idade, em todas as áreas da vida; nicação, inclusive aos sistemas e tecnolo-
c) Promover a conscientização sobre as ca- gias da informação e comunicação, bem
pacidades e contribuições das pessoas com como a outros serviços e instalações aber-
deficiência. tos ao público ou de uso público, tanto na
zona urbana como na rural. Essas medidas,
2. As medidas para esse fim incluem: que incluirão a identificação e a eliminação
a) Lançar e dar continuidade a efetivas cam- de obstáculos e barreiras à acessibilidade,
panhas de conscientização públicas, desti- serão aplicadas, entre outros, a:
nadas a: a) Edifícios, rodovias, meios de transporte
i) Favorecer atitude receptiva em relação e outras instalações internas e externas, in-
aos direitos das pessoas com deficiência; clusive escolas, residências, instalações mé-
dicas e local de trabalho;
ii) Promover percepção positiva e maior
consciência social em relação às pessoas b) Informações, comunicações e outros ser-
com deficiência; viços, inclusive serviços eletrônicos e servi-
ços de emergência;
iii) Promover o reconhecimento das habili-
dades, dos méritos e das capacidades das 2. Os Estados Partes também tomarão me-
pessoas com deficiência e de sua contribui- didas apropriadas para:
ção ao local de trabalho e ao mercado labo- a) Desenvolver, promulgar e monitorar a
ral; implementação de normas e diretrizes mí-
b) Fomentar em todos os níveis do sistema nimas para a acessibilidade das instalações
educacional, incluindo neles todas as crian- e dos serviços abertos ao público ou de uso
ças desde tenra idade, uma atitude de res- público;
peito para com os direitos das pessoas com b) Assegurar que as entidades privadas que
deficiência; oferecem instalações e serviços abertos ao
c) Incentivar todos os órgãos da mídia a re- público ou de uso público levem em consi-
tratar as pessoas com deficiência de manei- deração todos os aspectos relativos à aces-
ra compatível com o propósito da presente sibilidade para pessoas com deficiência;
Convenção; c) Proporcionar, a todos os atores envolvi-
d) Promover programas de formação sobre dos, formação em relação às questões de
sensibilização a respeito das pessoas com acessibilidade com as quais as pessoas com
deficiência e sobre os direitos das pessoas deficiência se confrontam;
com deficiência. d) Dotar os edifícios e outras instalações
Artigo 9º abertas ao público ou de uso público de si-
nalização em braille e em formatos de fácil
Acessibilidade leitura e compreensão;
1. A fim de possibilitar às pessoas com defi- e) Oferecer formas de assistência humana
ciência viver de forma independente e par- ou animal e serviços de mediadores, incluin-

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do guias, ledores e intérpretes profissionais Artigo 12.


da língua de sinais, para facilitar o acesso
aos edifícios e outras instalações abertas ao Reconhecimento igual perante a lei
público ou de uso público; 1. Os Estados Partes reafirmam que as pes-
f) Promover outras formas apropriadas de soas com deficiência têm o direito de ser
assistência e apoio a pessoas com defici- reconhecidas em qualquer lugar como pes-
ência, a fim de assegurar a essas pessoas o soas perante a lei.
acesso a informações; 2. Os Estados Partes reconhecerão que as
g) Promover o acesso de pessoas com de- pessoas com deficiência gozam de capaci-
ficiência a novos sistemas e tecnologias da dade legal em igualdade de condições com
informação e comunicação, inclusive à In- as demais pessoas em todos os aspectos da
ternet; vida.

h) Promover, desde a fase inicial, a concep- 3. Os Estados Partes tomarão medidas apro-
ção, o desenvolvimento, a produção e a priadas para prover o acesso de pessoas
disseminação de sistemas e tecnologias de com deficiência ao apoio que necessitarem
informação e comunicação, a fim de que es- no exercício de sua capacidade legal.
ses sistemas e tecnologias se tornem acessí- 4. Os Estados Partes assegurarão que todas
veis a custo mínimo. as medidas relativas ao exercício da capaci-
Artigo 10. dade legal incluam salvaguardas apropria-
das e efetivas para prevenir abusos, em
Direito à vida conformidade com o direito internacional
dos direitos humanos. Essas salvaguardas
Os Estados Partes reafirmam que todo ser hu- assegurarão que as medidas relativas ao
mano tem o inerente direito à vida e tomarão exercício da capacidade legal respeitem os
todas as medidas necessárias para assegurar direitos, a vontade e as preferências da pes-
o efetivo exercício desse direito pelas pessoas soa, sejam isentas de conflito de interesses
com deficiência, em igualdade de oportunida- e de influência indevida, sejam proporcio-
des com as demais pessoas. nais e apropriadas às circunstâncias da pes-
Artigo 11. soa, se apliquem pelo período mais curto
possível e sejam submetidas à revisão regu-
Situações de risco e emergências humanitárias lar por uma autoridade ou órgão judiciário
Em conformidade com suas obrigações decor- competente, independente e imparcial. As
rentes do direito internacional, inclusive do salvaguardas serão proporcionais ao grau
direito humanitário internacional e do direito em que tais medidas afetarem os direitos e
internacional dos direitos humanos, os Estados interesses da pessoa.
Partes tomarão todas as medidas necessárias 5. Os Estados Partes, sujeitos ao dispos-
para assegurar a proteção e a segurança das to neste Artigo, tomarão todas as medi-
pessoas com deficiência que se encontrarem das apropriadas e efetivas para assegurar
em situações de risco, inclusive situações de às pessoas com deficiência o igual direito
conflito armado, emergências humanitárias e de possuir ou herdar bens, de controlar as
ocorrência de desastres naturais. próprias finanças e de ter igual acesso a
empréstimos bancários, hipotecas e outras
formas de crédito financeiro, e assegurarão
que as pessoas com deficiência não sejam
arbitrariamente destituídas de seus bens.

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Artigo 13. Artigo 15.
Acesso à justiça Prevenção contra tortura ou tratamentos ou
penas cruéis, desumanos ou degradantes
1. Os Estados Partes assegurarão o efetivo
acesso das pessoas com deficiência à justi- 1. Nenhuma pessoa será submetida à tor-
ça, em igualdade de condições com as de- tura ou a tratamentos ou penas cruéis,
mais pessoas, inclusive mediante a provisão desumanos ou degradantes. Em especial,
de adaptações processuais adequadas à nenhuma pessoa deverá ser sujeita a expe-
idade, a fim de facilitar o efetivo papel das rimentos médicos ou científicos sem seu li-
pessoas com deficiência como participantes vre consentimento.
diretos ou indiretos, inclusive como teste-
munhas, em todos os procedimentos jurídi- 2. Os Estados Partes tomarão todas as me-
cos, tais como investigações e outras etapas didas efetivas de natureza legislativa, admi-
preliminares. nistrativa, judicial ou outra para evitar que
pessoas com deficiência, do mesmo modo
2. A fim de assegurar às pessoas com defici- que as demais pessoas, sejam submetidas
ência o efetivo acesso à justiça, os Estados à tortura ou a tratamentos ou penas cruéis,
Partes promoverão a capacitação apropria- desumanos ou degradantes.
da daqueles que trabalham na área de ad-
ministração da justiça, inclusive a polícia e Artigo 16.
os funcionários do sistema penitenciário. Prevenção contra a exploração,
Artigo 14. a violência e o abuso

Liberdade e segurança da pessoa 1. Os Estados Partes tomarão todas as me-


didas apropriadas de natureza legislativa,
1. Os Estados Partes assegurarão que as administrativa, social, educacional e outras
pessoas com deficiência, em igualdade de para proteger as pessoas com deficiência,
oportunidades com as demais pessoas: tanto dentro como fora do lar, contra todas
as formas de exploração, violência e abuso,
a) Gozem do direito à liberdade e à seguran- incluindo aspectos relacionados a gênero.
ça da pessoa; e
2. Os Estados Partes também tomarão to-
b) Não sejam privadas ilegal ou arbitraria- das as medidas apropriadas para prevenir
mente de sua liberdade e que toda privação todas as formas de exploração, violência e
de liberdade esteja em conformidade com abuso, assegurando, entre outras coisas,
a lei, e que a existência de deficiência não formas apropriadas de atendimento e apoio
justifique a privação de liberdade; que levem em conta o gênero e a idade das
2. Os Estados Partes assegurarão que, se pessoas com deficiência e de seus familiares
pessoas com deficiência forem privadas de e atendentes, inclusive mediante a provisão
liberdade mediante algum processo, elas, de informação e educação sobre a maneira
em igualdade de oportunidades com as de- de evitar, reconhecer e denunciar casos de
mais pessoas, façam jus a garantias de acor- exploração, violência e abuso. Os Estados
do com o direito internacional dos direitos Partes assegurarão que os serviços de pro-
humanos e sejam tratadas em conformida- teção levem em conta a idade, o gênero e a
de com os objetivos e princípios da presen- deficiência das pessoas.
te Convenção, inclusive mediante a provi- 3. A fim de prevenir a ocorrência de quais-
são de adaptação razoável. quer formas de exploração, violência e abu-
so, os Estados Partes assegurarão que todos

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os programas e instalações destinados a b) Não sejam privadas, por causa de sua


atender pessoas com deficiência sejam efe- deficiência, da competência de obter, pos-
tivamente monitorados por autoridades in- suir e utilizar documento comprovante de
dependentes. sua nacionalidade ou outro documento de
identidade, ou de recorrer a processos rele-
4. Os Estados Partes tomarão todas as medi- vantes, tais como procedimentos relativos à
das apropriadas para promover a recupera- imigração, que forem necessários para faci-
ção física, cognitiva e psicológica, inclusive litar o exercício de seu direito à liberdade de
mediante a provisão de serviços de prote- movimentação.
ção, a reabilitação e a reinserção social de
pessoas com deficiência que forem vítimas c) Tenham liberdade de sair de qualquer
de qualquer forma de exploração, violên- país, inclusive do seu; e
cia ou abuso. Tais recuperação e reinserção
ocorrerão em ambientes que promovam a d) Não sejam privadas, arbitrariamente ou
saúde, o bemestar, o auto-respeito, a digni- por causa de sua deficiência, do direito de
dade e a autonomia da pessoa e levem em entrar no próprio país.
consideração as necessidades de gênero e 2. As crianças com deficiência serão regis-
idade. tradas imediatamente após o nascimento e
5. Os Estados Partes adotarão leis e políti- terão, desde o nascimento, o direito a um
cas efetivas, inclusive legislação e políticas nome, o direito de adquirir nacionalidade e,
voltadas para mulheres e crianças, a fim de tanto quanto possível, o direito de conhecer
assegurar que os casos de exploração, vio- seus pais e de ser cuidadas por eles.
lência e abuso contra pessoas com deficiên- Artigo 19.
cia sejam identificados, investigados e, caso
necessário, julgados. Vida independente e inclusão na comunidade

Artigo 17. Os Estados Partes desta Convenção reconhecem


o igual direito de todas as pessoas com defici-
Proteção da integridade da pessoa ência de viver na comunidade, com a mesma
Toda pessoa com deficiência tem o direito a que liberdade de escolha que as demais pessoas, e
sua integridade física e mental seja respeitada, tomarão medidas efetivas e apropriadas para
em igualdade de condições com as demais pes- facilitar às pessoas com deficiência o pleno gozo
soas. desse direito e sua plena inclusão e participação
na comunidade, inclusive assegurando que:
Artigo 18.
a) As pessoas com deficiência possam es-
Liberdade de movimentação e nacionalidade colher seu local de residência e onde e com
quem morar, em igualdade de oportunida-
1. Os Estados Partes reconhecerão os direi- des com as demais pessoas, e que não se-
tos das pessoas com deficiência à liberdade jam obrigadas a viver em determinado tipo
de movimentação, à liberdade de escolher de moradia;
sua residência e à nacionalidade, em igual-
dade de oportunidades com as demais pes- b) As pessoas com deficiência tenham aces-
soas, inclusive assegurando que as pessoas so a uma variedade de serviços de apoio em
com deficiência: domicílio ou em instituições residenciais ou
a outros serviços comunitários de apoio,
a) Tenham o direito de adquirir nacionalida- inclusive os serviços de atendentes pesso-
de e mudar de nacionalidade e não sejam ais que forem necessários como apoio para
privadas arbitrariamente de sua nacionali- que as pessoas com deficiência vivam e se-
dade em razão de sua deficiência.

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jam incluídas na comunidade e para evitar formas de comunicação de sua escolha, confor-
que fiquem isoladas ou segregadas da co- me o disposto no Artigo 2 da presente Conven-
munidade; ção, entre as quais:
c) Os serviços e instalações da comunidade a) Fornecer, prontamente e sem custo adi-
para a população em geral estejam disponí- cional, às pessoas com deficiência, todas
veis às pessoas com deficiência, em igual- as informações destinadas ao público em
dade de oportunidades, e atendam às suas geral, em formatos acessíveis e tecnologias
necessidades. apropriadas aos diferentes tipos de defici-
ência;
Artigo 20.
b) Aceitar e facilitar, em trâmites oficiais, o
Mobilidade pessoal uso de línguas de sinais, braille, comunica-
Os Estados Partes tomarão medidas efetivas ção aumentativa e alternativa, e de todos os
para assegurar às pessoas com deficiência sua demais meios, modos e formatos acessíveis
mobilidade pessoal com a máxima independên- de comunicação, à escolha das pessoas com
cia possível: deficiência;

a) Facilitando a mobilidade pessoal das c) Urgir as entidades privadas que oferecem


pessoas com deficiência, na forma e no serviços ao público em geral, inclusive por
momento em que elas quiserem, e a custo meio da Internet, a fornecer informações e
acessível; serviços em formatos acessíveis, que pos-
sam ser usados por pessoas com deficiên-
b) Facilitando às pessoas com deficiência o cia;
acesso a tecnologias assistivas, dispositivos
e ajudas técnicas de qualidade, e formas de d) Incentivar a mídia, inclusive os provedo-
assistência humana ou animal e de media- res de informação pela Internet, a tornar
dores, inclusive tornando-os disponíveis a seus serviços acessíveis a pessoas com de-
custo acessível; ficiência;

c) Propiciando às pessoas com deficiência e e) Reconhecer e promover o uso de línguas


ao pessoal especializado uma capacitação de sinais.
em técnicas de mobilidade; Artigo 22.
d) Incentivando entidades que produzem Respeito à privacidade
ajudas técnicas de mobilidade, dispositivos
e tecnologias assistivas a levarem em conta 1. Nenhuma pessoa com deficiência, qual-
todos os aspectos relativos à mobilidade de quer que seja seu local de residência ou tipo
pessoas com deficiência. de moradia, estará sujeita a interferência
arbitrária ou ilegal em sua privacidade, fa-
Artigo 21. mília, lar, correspondência ou outros tipos
Liberdade de expressão e de opinião e acesso à de comunicação, nem a ataques ilícitos à
informação sua honra e reputação. As pessoas com de-
ficiência têm o direito à proteção da lei con-
Os Estados Partes tomarão todas as medidas tra tais interferências ou ataques.
apropriadas para assegurar que as pessoas com
deficiência possam exercer seu direito à liberda- 2. Os Estados Partes protegerão a privaci-
de de expressão e opinião, inclusive à liberdade dade dos dados pessoais e dados relativos
de buscar, receber e compartilhar informações à saúde e à reabilitação de pessoas com de-
e idéias, em igualdade de oportunidades com ficiência, em igualdade de condições com as
as demais pessoas e por intermédio de todas as demais pessoas.

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Artigo 23. abrangentes sobre serviços e apoios a crian-


ças com deficiência e suas famílias.
Respeito pelo lar e pela família
4. Os Estados Partes assegurarão que uma
1. Os Estados Partes tomarão medidas efe- criança não será separada de seus pais con-
tivas e apropriadas para eliminar a discrimi- tra a vontade destes, exceto quando auto-
nação contra pessoas com deficiência, em ridades competentes, sujeitas a controle
todos os aspectos relativos a casamento, jurisdicional, determinarem, em conformi-
família, paternidade e relacionamentos, em dade com as leis e procedimentos aplicá-
igualdade de condições com as demais pes- veis, que a separação é necessária, no supe-
soas, de modo a assegurar que: rior interesse da criança. Em nenhum caso,
a) Seja reconhecido o direito das pessoas uma criança será separada dos pais sob ale-
com deficiência, em idade de contrair ma- gação de deficiência da criança ou de um ou
trimônio, de casar-se e estabelecer família, ambos os pais.
com base no livre e pleno consentimento 5. Os Estados Partes, no caso em que a famí-
dos pretendentes; lia imediata de uma criança com deficiência
b) Sejam reconhecidos os direitos das pes- não tenha condições de cuidar da criança,
soas com deficiência de decidir livre e res- farão todo esforço para que cuidados alter-
ponsavelmente sobre o número de filhos e nativos sejam oferecidos por outros paren-
o espaçamento entre esses filhos e de ter tes e, se isso não for possível, dentro de am-
acesso a informações adequadas à idade e biente familiar, na comunidade.
a educação em matéria de reprodução e de Artigo 24.
planejamento familiar, bem como os meios
necessários para exercer esses direitos. Educação
c) As pessoas com deficiência, inclusive 1. Os Estados Partes reconhecem o direito
crianças, conservem sua fertilidade, em das pessoas com deficiência à educação.
igualdade de condições com as demais pes- Para efetivar esse direito sem discriminação
soas. e com base na igualdade de oportunidades,
os Estados Partes assegurarão sistema edu-
2. Os Estados Partes assegurarão os direitos cacional inclusivo em todos os níveis, bem
e responsabilidades das pessoas com defi- como o aprendizado ao longo de toda a
ciência, relativos à guarda, custódia, cura- vida, com os seguintes objetivos:
tela e adoção de crianças ou instituições
semelhantes, caso esses conceitos constem a) O pleno desenvolvimento do potencial
na legislação nacional. Em todos os casos, humano e do senso de dignidade e auto-
prevalecerá o superior interesse da criança. -estima, além do fortalecimento do respei-
Os Estados Partes prestarão a devida assis- to pelos direitos humanos, pelas liberdades
tência às pessoas com deficiência para que fundamentais e pela diversidade humana;
essas pessoas possam exercer suas respon-
sabilidades na criação dos filhos. b) O máximo desenvolvimento possível da
personalidade e dos talentos e da criativida-
3. Os Estados Partes assegurarão que as de das pessoas com deficiência, assim como
crianças com deficiência terão iguais direi- de suas habilidades físicas e intelectuais;
tos em relação à vida familiar. Para a reali-
zação desses direitos e para evitar oculta- c) A participação efetiva das pessoas com
ção, abandono, negligência e segregação deficiência em uma sociedade livre.
de crianças com deficiência, os Estados Par- 2. Para a realização desse direito, os Estados
tes fornecerão prontamente informações Partes assegurarão que:

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a) As pessoas com deficiência não sejam e surdas, seja ministrada nas línguas e nos
excluídas do sistema educacional geral sob modos e meios de comunicação mais ade-
alegação de deficiência e que as crianças quados ao indivíduo e em ambientes que
com deficiência não sejam excluídas do en- favoreçam ao máximo seu desenvolvimento
sino primário gratuito e compulsório ou do acadêmico e social.
ensino secundário, sob alegação de defici-
ência; 4. A fim de contribuir para o exercício desse
direito, os Estados Partes tomarão medidas
b) As pessoas com deficiência possam ter apropriadas para empregar professores,
acesso ao ensino primário inclusivo, de qua- inclusive professores com deficiência, ha-
lidade e gratuito, e ao ensino secundário, bilitados para o ensino da língua de sinais
em igualdade de condições com as demais e/ou do braille, e para capacitar profissio-
pessoas na comunidade em que vivem; nais e equipes atuantes em todos os níveis
de ensino. Essa capacitação incorporará a
c) Adaptações razoáveis de acordo com as conscientização da deficiência e a utilização
necessidades individuais sejam providen- de modos, meios e formatos apropriados
ciadas; de comunicação aumentativa e alternativa,
d) As pessoas com deficiência recebam o e técnicas e materiais pedagógicos, como
apoio necessário, no âmbito do sistema apoios para pessoas com deficiência.
educacional geral, com vistas a facilitar sua 5. Os Estados Partes assegurarão que as
efetiva educação; pessoas com deficiência possam ter acesso
e) Medidas de apoio individualizadas e efe- ao ensino superior em geral, treinamento
tivas sejam adotadas em ambientes que profissional de acordo com sua vocação,
maximizem o desenvolvimento acadêmico educação para adultos e formação continu-
e social, de acordo com a meta de inclusão ada, sem discriminação e em igualdade de
plena. condições. Para tanto, os Estados Partes as-
segurarão a provisão de adaptações razoá-
3. Os Estados Partes assegurarão às pessoas veis para pessoas com deficiência.
com deficiência a possibilidade de adquirir
as competências práticas e sociais necessá- Artigo 25.
rias de modo a facilitar às pessoas com de- Saúde
ficiência sua plena e igual participação no
sistema de ensino e na vida em comunida- Os Estados Partes reconhecem que as pessoas
de. Para tanto, os Estados Partes tomarão com deficiência têm o direito de gozar do esta-
medidas apropriadas, incluindo: do de saúde mais elevado possível, sem discri-
minação baseada na deficiência. Os Estados Par-
a) Facilitação do aprendizado do braille, es- tes tomarão todas as medidas apropriadas para
crita alternativa, modos, meios e formatos assegurar às pessoas com deficiência o acesso a
de comunicação aumentativa e alternativa, serviços de saúde, incluindo os serviços de rea-
e habilidades de orientação e mobilidade, bilitação, que levarão em conta as especificida-
além de facilitação do apoio e aconselha- des de gênero. Em especial, os Estados Partes:
mento de pares;
a) Oferecerão às pessoas com deficiência
b) Facilitação do aprendizado da língua de programas e atenção à saúde gratuitos ou a
sinais e promoção da identidade lingüística custos acessíveis da mesma variedade, qua-
da comunidade surda; lidade e padrão que são oferecidos às de-
c) Garantia de que a educação de pessoas, mais pessoas, inclusive na área de saúde se-
em particular crianças cegas, surdocegas xual e reprodutiva e de programas de saúde
pública destinados à população em geral;

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b) Propiciarão serviços de saúde que as pes- dos os aspectos da vida. Para tanto, os Esta-
soas com deficiência necessitam especifica- dos Partes organizarão, fortalecerão e am-
mente por causa de sua deficiência, inclusi- pliarão serviços e programas completos de
ve diagnóstico e intervenção precoces, bem habilitação e reabilitação, particularmente
como serviços projetados para reduzir ao nas áreas de saúde, emprego, educação e
máximo e prevenir deficiências adicionais, serviços sociais, de modo que esses serviços
inclusive entre crianças e idosos; e programas:
c) Propiciarão esses serviços de saúde às a) Comecem no estágio mais precoce possí-
pessoas com deficiência, o mais próximo vel e sejam baseados em avaliação multidis-
possível de suas comunidades, inclusive na ciplinar das necessidades e pontos fortes de
zona rural; cada pessoa;
d) Exigirão dos profissionais de saúde que b) Apóiem a participação e a inclusão na co-
dispensem às pessoas com deficiência a munidade e em todos os aspectos da vida
mesma qualidade de serviços dispensada às social, sejam oferecidos voluntariamente e
demais pessoas e, principalmente, que ob- estejam disponíveis às pessoas com defici-
tenham o consentimento livre e esclarecido ência o mais próximo possível de suas co-
das pessoas com deficiência concernentes. munidades, inclusive na zona rural.
Para esse fim, os Estados Partes realizarão
atividades de formação e definirão regras 2. Os Estados Partes promoverão o desen-
éticas para os setores de saúde público e volvimento da capacitação inicial e continu-
privado, de modo a conscientizar os profis- ada de profissionais e de equipes que atuam
sionais de saúde acerca dos direitos huma- nos serviços de habilitação e reabilitação.
nos, da dignidade, autonomia e das necessi- 3. Os Estados Partes promoverão a disponi-
dades das pessoas com deficiência; bilidade, o conhecimento e o uso de dispo-
e) Proibirão a discriminação contra pessoas sitivos e tecnologias assistivas, projetados
com deficiência na provisão de seguro de para pessoas com deficiência e relaciona-
saúde e seguro de vida, caso tais seguros dos com a habilitação e a reabilitação.
sejam permitidos pela legislação nacional, Artigo 27.
os quais deverão ser providos de maneira
razoável e justa; Trabalho e emprego

f) Prevenirão que se negue, de maneira dis- 1. Os Estados Partes reconhecem o direito


criminatória, os serviços de saúde ou de das pessoas com deficiência ao trabalho,
atenção à saúde ou a administração de ali- em igualdade de oportunidades com as de-
mentos sólidos ou líquidos por motivo de mais pessoas. Esse direito abrange o direito
deficiência. à oportunidade de se manter com um tra-
balho de sua livre escolha ou aceitação no
Artigo 26. mercado laboral, em ambiente de traba-
Habilitação e reabilitação lho que seja aberto, inclusivo e acessível a
pessoas com deficiência. Os Estados Partes
1. Os Estados Partes tomarão medidas efeti- salvaguardarão e promoverão a realização
vas e apropriadas, inclusive mediante apoio do direito ao trabalho, inclusive daqueles
dos pares, para possibilitar que as pessoas que tiverem adquirido uma deficiência no
com deficiência conquistem e conservem emprego, adotando medidas apropriadas,
o máximo de autonomia e plena capacida- incluídas na legislação, com o fim de, entre
de física, mental, social e profissional, bem outros:
como plena inclusão e participação em to-

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a) Proibir a discriminação baseada na de- i) Assegurar que adaptações razoáveis se-
ficiência com respeito a todas as questões jam feitas para pessoas com deficiência no
relacionadas com as formas de emprego, local de trabalho;
inclusive condições de recrutamento, con-
tratação e admissão, permanência no em- j) Promover a aquisição de experiência de
prego, ascensão profissional e condições trabalho por pessoas com deficiência no
seguras e salubres de trabalho; mercado aberto de trabalho;

b) Proteger os direitos das pessoas com de- k) Promover reabilitação profissional, ma-
ficiência, em condições de igualdade com as nutenção do emprego e programas de re-
demais pessoas, às condições justas e favo- torno ao trabalho para pessoas com defici-
ráveis de trabalho, incluindo iguais oportu- ência.
nidades e igual remuneração por trabalho 2. Os Estados Partes assegurarão que as
de igual valor, condições seguras e salubres pessoas com deficiência não serão manti-
de trabalho, além de reparação de injustiças das em escravidão ou servidão e que serão
e proteção contra o assédio no trabalho; protegidas, em igualdade de condições com
c) Assegurar que as pessoas com deficiência as demais pessoas, contra o trabalho força-
possam exercer seus direitos trabalhistas e do ou compulsório.
sindicais, em condições de igualdade com Artigo 28.
as demais pessoas;
Padrão de vida e proteção social adequados
d) Possibilitar às pessoas com deficiência o
acesso efetivo a programas de orientação 1. Os Estados Partes reconhecem o direito
técnica e profissional e a serviços de coloca- das pessoas com deficiência a um padrão
ção no trabalho e de treinamento profissio- adequado de vida para si e para suas fa-
nal e continuado; mílias, inclusive alimentação, vestuário e
moradia adequados, bem como à melho-
e) Promover oportunidades de emprego ria contínua de suas condições de vida, e
e ascensão profissional para pessoas com tomarão as providências necessárias para
deficiência no mercado de trabalho, bem salvaguardar e promover a realização desse
como assistência na procura, obtenção e direito sem discriminação baseada na defi-
manutenção do emprego e no retorno ao ciência.
emprego;
2. Os Estados Partes reconhecem o direito
f) Promover oportunidades de trabalho au- das pessoas com deficiência à proteção so-
tônomo, empreendedorismo, desenvolvi- cial e ao exercício desse direito sem discri-
mento de cooperativas e estabelecimento minação baseada na deficiência, e tomarão
de negócio próprio; as medidas apropriadas para salvaguardar
g) Empregar pessoas com deficiência no se- e promover a realização desse direito, tais
tor público; como:

h) Promover o emprego de pessoas com a) Assegurar igual acesso de pessoas com


deficiência no setor privado, mediante po- deficiência a serviços de saneamento básico
líticas e medidas apropriadas, que poderão e assegurar o acesso aos serviços, disposi-
incluir programas de ação afirmativa, incen- tivos e outros atendimentos apropriados
tivos e outras medidas; para as necessidades relacionadas com a
deficiência;
b) Assegurar o acesso de pessoas com defi-
ciência, particularmente mulheres, crianças

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e idosos com deficiência, a programas de res e, para tanto, sempre que necessário e
proteção social e de redução da pobreza; a seu pedido, permissão para que elas se-
jam auxiliadas na votação por uma pessoa
c) Assegurar o acesso de pessoas com defi- de sua escolha;
ciência e suas famílias em situação de po-
breza à assistência do Estado em relação a b) Promover ativamente um ambiente em
seus gastos ocasionados pela deficiência, que as pessoas com deficiência possam par-
inclusive treinamento adequado, aconse- ticipar efetiva e plenamente na condução
lhamento, ajuda financeira e cuidados de das questões públicas, sem discriminação e
repouso; em igualdade de oportunidades com as de-
mais pessoas, e encorajar sua participação
d) Assegurar o acesso de pessoas com defi- nas questões públicas, mediante:
ciência a programas habitacionais públicos;
i) Participação em organizações não-gover-
e) Assegurar igual acesso de pessoas com namentais relacionadas com a vida pública
deficiência a programas e benefícios de e política do país, bem como em atividades
aposentadoria. e administração de partidos políticos;
Artigo 29. ii) Formação de organizações para repre-
Participação na vida política e pública sentar pessoas com deficiência em níveis in-
ternacional, regional, nacional e local, bem
Os Estados Partes garantirão às pessoas com como a filiação de pessoas com deficiência
deficiência direitos políticos e oportunidade de a tais organizações.
exercê-los em condições de igualdade com as
demais pessoas, e deverão: Artigo 30.

a) Assegurar que as pessoas com deficiên- Participação na vida cultural e em recreação,


cia possam participar efetiva e plenamente lazer e esporte
na vida política e pública, em igualdade de 1. Os Estados Partes reconhecem o direito
oportunidades com as demais pessoas, di- das pessoas com deficiência de participar
retamente ou por meio de representantes na vida cultural, em igualdade de oportu-
livremente escolhidos, incluindo o direito e nidades com as demais pessoas, e tomarão
a oportunidade de votarem e serem vota- todas as medidas apropriadas para que as
das, mediante, entre outros: pessoas com deficiência possam:
i) Garantia de que os procedimentos, ins- a) Ter acesso a bens culturais em formatos
talações e materiais e equipamentos para acessíveis;
votação serão apropriados, acessíveis e de
fácil compreensão e uso; b) Ter acesso a programas de televisão, ci-
nema, teatro e outras atividades culturais,
ii) Proteção do direito das pessoas com de- em formatos acessíveis; e
ficiência ao voto secreto em eleições e ple-
biscitos, sem intimidação, e a candidatar-se c) Ter acesso a locais que ofereçam serviços
nas eleições, efetivamente ocupar cargos ou eventos culturais, tais como teatros, mu-
eletivos e desempenhar quaisquer funções seus, cinemas, bibliotecas e serviços turísti-
públicas em todos os níveis de governo, cos, bem como, tanto quanto possível, ter
usando novas tecnologias assistivas, quan- acesso a monumentos e locais de importân-
do apropriado; cia cultural nacional.
iii) Garantia da livre expressão de vontade 2. Os Estados Partes tomarão medidas apro-
das pessoas com deficiência como eleito- priadas para que as pessoas com deficiên-

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cia tenham a oportunidade de desenvolver e) Assegurar que as pessoas com deficiência
e utilizar seu potencial criativo, artístico e tenham acesso aos serviços prestados por
intelectual, não somente em benefício pró- pessoas ou entidades envolvidas na organi-
prio, mas também para o enriquecimento zação de atividades recreativas, turísticas,
da sociedade. esportivas e de lazer.
3. Os Estados Partes deverão tomar todas Artigo 31.
as providências, em conformidade com o
direito internacional, para assegurar que a Estatísticas e coleta de dados
legislação de proteção dos direitos de pro- 1. Os Estados Partes coletarão dados apro-
priedade intelectual não constitua barreira priados, inclusive estatísticos e de pesqui-
excessiva ou discriminatória ao acesso de sas, para que possam formular e implemen-
pessoas com deficiência a bens culturais. tar políticas destinadas a por em prática a
4. As pessoas com deficiência farão jus, em presente Convenção. O processo de coleta e
igualdade de oportunidades com as demais manutenção de tais dados deverá:
pessoas, a que sua identidade cultural e lin- a) Observar as salvaguardas estabelecidas
güística específica seja reconhecida e apoia- por lei, inclusive pelas leis relativas à pro-
da, incluindo as línguas de sinais e a cultura teção de dados, a fim de assegurar a con-
surda. fidencialidade e o respeito pela privacidade
5. Para que as pessoas com deficiência par- das pessoas com deficiência;
ticipem, em igualdade de oportunidades b) Observar as normas internacionalmente
com as demais pessoas, de atividades re- aceitas para proteger os direitos humanos,
creativas, esportivas e de lazer, os Estados as liberdades fundamentais e os princípios
Partes tomarão medidas apropriadas para: éticos na coleta de dados e utilização de es-
a) Incentivar e promover a maior participa- tatísticas.
ção possível das pessoas com deficiência 2. As informações coletadas de acordo com
nas atividades esportivas comuns em todos o disposto neste Artigo serão desagregadas,
os níveis; de maneira apropriada, e utilizadas para
b) Assegurar que as pessoas com deficiên- avaliar o cumprimento, por parte dos Esta-
cia tenham a oportunidade de organizar, dos Partes, de suas obrigações na presente
desenvolver e participar em atividades es- Convenção e para identificar e enfrentar as
portivas e recreativas específicas às defici- barreiras com as quais as pessoas com de-
ências e, para tanto, incentivar a provisão ficiência se deparam no exercício de seus
de instrução, treinamento e recursos ade- direitos.
quados, em igualdade de oportunidades 3. Os Estados Partes assumirão responsabi-
com as demais pessoas; lidade pela disseminação das referidas esta-
c) Assegurar que as pessoas com deficiência tísticas e assegurarão que elas sejam acessí-
tenham acesso a locais de eventos esporti- veis às pessoas com deficiência e a outros.
vos, recreativos e turísticos; Artigo 32.
d) Assegurar que as crianças com defici- Cooperação internacional
ência possam, em igualdade de condições
com as demais crianças, participar de jogos 1. Os Estados Partes reconhecem a impor-
e atividades recreativas, esportivas e de la- tância da cooperação internacional e de sua
zer, inclusive no sistema escolar; promoção, em apoio aos esforços nacionais
para a consecução do propósito e dos ob-

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jetivos da presente Convenção e, sob este manterão, fortalecerão, designarão ou esta-


aspecto, adotarão medidas apropriadas belecerão estrutura, incluindo um ou mais
e efetivas entre os Estados e, de maneira de um mecanismo independente, de ma-
adequada, em parceria com organizações neira apropriada, para promover, proteger
internacionais e regionais relevantes e com e monitorar a implementação da presente
a sociedade civil e, em particular, com orga- Convenção. Ao designar ou estabelecer tal
nizações de pessoas com deficiência. Estas mecanismo, os Estados Partes levarão em
medidas poderão incluir, entre outras: conta os princípios relativos ao status e fun-
cionamento das instituições nacionais de
a) Assegurar que a cooperação internacio- proteção e promoção dos direitos humanos.
nal, incluindo os programas internacionais
de desenvolvimento, sejam inclusivos e 3. A sociedade civil e, particularmente, as
acessíveis para pessoas com deficiência; pessoas com deficiência e suas organiza-
ções representativas serão envolvidas e par-
b) Facilitar e apoiar a capacitação, inclusi- ticiparão plenamente no processo de moni-
ve por meio do intercâmbio e compartilha- toramento.
mento de informações, experiências, pro-
gramas de treinamento e melhores práticas; Artigo 34.
c) Facilitar a cooperação em pesquisa e o Comitê sobre os Direitos das Pessoas com De-
acesso a conhecimentos científicos e técni- ficiência
cos;
1. Um Comitê sobre os Direitos das Pesso-
d) Propiciar, de maneira apropriada, assis- as com Deficiência (doravante denominado
tência técnica e financeira, inclusive me- "Comitê") será estabelecido, para desempe-
diante facilitação do acesso a tecnologias nhar as funções aqui definidas.
assistivas e acessíveis e seu compartilha-
mento, bem como por meio de transferên- 2. O Comitê será constituído, quando da en-
cia de tecnologias. trada em vigor da presente Convenção, de
12 peritos. Quando a presente Convenção
2. O disposto neste Artigo se aplica sem alcançar 60 ratificações ou adesões, o Comi-
prejuízo das obrigações que cabem a cada tê será acrescido em seis membros, perfa-
Estado Parte em decorrência da presente zendo o total de 18 membros.
Convenção.
3. Os membros do Comitê atuarão a títu-
Artigo 33. lo pessoal e apresentarão elevada postura
moral, competência e experiência reconhe-
Implementação e monitoramento nacionais cidas no campo abrangido pela presente
1. Os Estados Partes, de acordo com seu Convenção. Ao designar seus candidatos, os
sistema organizacional, designarão um ou Estados Partes são instados a dar a devida
mais de um ponto focal no âmbito do Go- consideração ao disposto no Artigo 4.3 da
verno para assuntos relacionados com a presente Convenção.
implementação da presente Convenção e 4. Os membros do Comitê serão eleitos
darão a devida consideração ao estabeleci- pelos Estados Partes, observando-se uma
mento ou designação de um mecanismo de distribuição geográfica eqüitativa, represen-
coordenação no âmbito do Governo, a fim tação de diferentes formas de civilização e
de facilitar ações correlatas nos diferentes dos principais sistemas jurídicos, represen-
setores e níveis. tação equilibrada de gênero e participação
2. Os Estados Partes, em conformidade de peritos com deficiência.
com seus sistemas jurídico e administrativo,

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5. Os membros do Comitê serão eleitos por deste Artigo, para concluir o mandato em
votação secreta em sessões da Conferência questão.
dos Estados Partes, a partir de uma lista de
pessoas designadas pelos Estados Partes 10. O Comitê estabelecerá suas próprias
entre seus nacionais. Nessas sessões, cujo normas de procedimento.
quorum será de dois terços dos Estados Par- 11. O Secretário-Geral das Nações Unidas
tes, os candidatos eleitos para o Comitê se- proverá o pessoal e as instalações necessá-
rão aqueles que obtiverem o maior número rios para o efetivo desempenho das funções
de votos e a maioria absoluta dos votos dos do Comitê segundo a presente Convenção e
representantes dos Estados Partes presen- convocará sua primeira reunião.
tes e votantes.
12. Com a aprovação da Assembléia Geral,
6. A primeira eleição será realizada, o mais os membros do Comitê estabelecido sob a
tardar, até seis meses após a data de entra- presente Convenção receberão emolumen-
da em vigor da presente Convenção. Pelo tos dos recursos das Nações Unidas, sob
menos quatro meses antes de cada eleição, termos e condições que a Assembléia pos-
o Secretário-Geral das Nações Unidas dirigi- sa decidir, tendo em vista a importância das
rá carta aos Estados Partes, convidando-os responsabilidades do Comitê.
a submeter os nomes de seus candidatos
no prazo de dois meses. O Secretário-Geral, 13. Os membros do Comitê terão direito
subseqüentemente, preparará lista em or- aos privilégios, facilidades e imunidades dos
dem alfabética de todos os candidatos apre- peritos em missões das Nações Unidas, em
sentados, indicando que foram designados conformidade com as disposições pertinen-
pelos Estados Partes, e submeterá essa lista tes da Convenção sobre Privilégios e Imuni-
aos Estados Partes da presente Convenção. dades das Nações Unidas.

7. Os membros do Comitê serão eleitos para Artigo 35.


mandato de quatro anos, podendo ser can-
Relatórios dos Estados Partes
didatos à reeleição uma única vez. Contu-
do, o mandato de seis dos membros eleitos 1. Cada Estado Parte, por intermédio do Se-
na primeira eleição expirará ao fim de dois cretário-Geral das Nações Unidas, subme-
anos; imediatamente após a primeira elei- terá relatório abrangente sobre as medidas
ção, os nomes desses seis membros serão adotadas em cumprimento de suas obriga-
selecionados por sorteio pelo presidente da ções estabelecidas pela presente Conven-
sessão a que se refere o parágrafo 5 deste ção e sobre o progresso alcançado nesse as-
Artigo. pecto, dentro do período de dois anos após
a entrada em vigor da presente Convenção
8. A eleição dos seis membros adicionais do
para o Estado Parte concernente.
Comitê será realizada por ocasião das elei-
ções regulares, de acordo com as disposi- 2. Depois disso, os Estados Partes subme-
ções pertinentes deste Artigo. terão relatórios subseqüentes, ao menos
a cada quatro anos, ou quando o Comitê o
9. Em caso de morte, demissão ou declara-
solicitar.
ção de um membro de que, por algum mo-
tivo, não poderá continuar a exercer suas 3. O Comitê determinará as diretrizes apli-
funções, o Estado Parte que o tiver indica- cáveis ao teor dos relatórios.
do designará um outro perito que tenha as
qualificações e satisfaça aos requisitos es- 4. Um Estado Parte que tiver submetido ao
tabelecidos pelos dispositivos pertinentes Comitê um relatório inicial abrangente não
precisará, em relatórios subseqüentes, re-

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petir informações já apresentadas. Ao ela- 5. O Comitê transmitirá às agências, fundos


borar os relatórios ao Comitê, os Estados e programas especializados das Nações Uni-
Partes são instados a fazê-lo de maneira das e a outras organizações competentes,
franca e transparente e a levar em conside- da maneira que julgar apropriada, os rela-
ração o disposto no Artigo 4.3 da presente tórios dos Estados Partes que contenham
Convenção. demandas ou indicações de necessidade de
consultoria ou de assistência técnica, acom-
5. Os relatórios poderão apontar os fato- panhados de eventuais observações e su-
res e as dificuldades que tiverem afetado o gestões do Comitê em relação às referidas
cumprimento das obrigações decorrentes demandas ou indicações, a fim de que pos-
da presente Convenção. sam ser consideradas.
Artigo 36. Artigo 37.
Consideração dos relatórios Cooperação entre os Estados Partes e o Comitê
1. Os relatórios serão considerados pelo 1. Cada Estado Parte cooperará com o Co-
Comitê, que fará as sugestões e recomen- mitê e auxiliará seus membros no desempe-
dações gerais que julgar pertinentes e as nho de seu mandato.
transmitirá aos respectivos Estados Partes.
O Estado Parte poderá responder ao Comitê 2. Em suas relações com os Estados Partes,
com as informações que julgar pertinentes. o Comitê dará a devida consideração aos
O Comitê poderá pedir informações adicio- meios e modos de aprimorar a capacidade
nais ao Estados Partes, referentes à imple- de cada Estado Parte para a implementação
mentação da presente Convenção. da presente Convenção, inclusive mediante
cooperação internacional.
2. Se um Estado Parte atrasar consideravel-
mente a entrega de seu relatório, o Comitê Artigo 38.
poderá notificar esse Estado de que exa-
minará a aplicação da presente Convenção Relações do Comitê com outros órgãos
com base em informações confiáveis de que A fim de promover a efetiva implementação da
disponha, a menos que o relatório devido presente Convenção e de incentivar a coopera-
seja apresentado pelo Estado dentro do ção internacional na esfera abrangida pela pre-
período de três meses após a notificação. sente Convenção:
O Comitê convidará o Estado Parte interes-
sado a participar desse exame. Se o Estado a) As agências especializadas e outros ór-
Parte responder entregando seu relatório, gãos das Nações Unidas terão o direito de
aplicar-se-á o disposto no parágrafo 1 do se fazer representar quando da considera-
presente artigo. ção da implementação de disposições da
presente Convenção que disserem respeito
3. O Secretário-Geral das Nações Unidas co- aos seus respectivos mandatos. O Comitê
locará os relatórios à disposição de todos os poderá convidar as agências especializadas
Estados Partes. e outros órgãos competentes, segundo jul-
4. Os Estados Partes tornarão seus relató- gar apropriado, a oferecer consultoria de
rios amplamente disponíveis ao público em peritos sobre a implementação da Conven-
seus países e facilitarão o acesso à possibili- ção em áreas pertinentes a seus respectivos
dade de sugestões e de recomendações ge- mandatos. O Comitê poderá convidar agên-
rais a respeito desses relatórios. cias especializadas e outros órgãos das Na-
ções Unidas a apresentar relatórios sobre

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a implementação da Convenção em áreas Artigo 42.
pertinentes às suas respectivas atividades;
Assinatura
b) No desempenho de seu mandato, o Co-
mitê consultará, de maneira apropriada, A presente Convenção será aberta à assinatu-
outros órgãos pertinentes instituídos ao ra de todos os Estados e organizações de inte-
amparo de tratados internacionais de direi- gração regional na sede das Nações Unidas em
tos humanos, a fim de assegurar a consis- Nova York, a partir de 30 de março de 2007.
tência de suas respectivas diretrizes para a Artigo 43.
elaboração de relatórios, sugestões e reco-
mendações gerais e de evitar duplicação e Consentimento em comprometer-se
superposição no desempenho de suas fun-
A presente Convenção será submetida à ratifi-
ções.
cação pelos Estados signatários e à confirmação
Artigo 39. formal por organizações de integração regional
signatárias. Ela estará aberta à adesão de qual-
Relatório do Comitê quer Estado ou organização de integração regio-
A cada dois anos, o Comitê submeterá à Assem- nal que não a houver assinado.
bléia Geral e ao Conselho Econômico e Social Artigo 44.
um relatório de suas atividades e poderá fazer
sugestões e recomendações gerais baseadas Organizações de integração regional
no exame dos relatórios e nas informações re-
1. "Organização de integração regional"
cebidas dos Estados Partes. Estas sugestões e
será entendida como organização constitu-
recomendações gerais serão incluídas no rela-
ída por Estados soberanos de determinada
tório do Comitê, acompanhadas, se houver, de
região, à qual seus Estados membros te-
comentários dos Estados Partes.
nham delegado competência sobre matéria
Artigo 40. abrangida pela presente Convenção. Essas
organizações declararão, em seus docu-
Conferência dos Estados Partes mentos de confirmação formal ou adesão,
1. Os Estados Partes reunir-se-ão regular- o alcance de sua competência em relação
mente em Conferência dos Estados Partes à matéria abrangida pela presente Conven-
a fim de considerar matérias relativas à im- ção. Subseqüentemente, as organizações
plementação da presente Convenção. informarão ao depositário qualquer altera-
ção substancial no âmbito de sua compe-
2. O Secretário-Geral das Nações Unidas tência.
convocará, dentro do período de seis meses
após a entrada em vigor da presente Con- 2. As referências a "Estados Partes" na pre-
venção, a Conferência dos Estados Partes. sente Convenção serão aplicáveis a essas
As reuniões subseqüentes serão convoca- organizações, nos limites da competência
das pelo Secretário-Geral das Nações Uni- destas.
das a cada dois anos ou conforme a decisão 3. Para os fins do parágrafo 1 do Artigo 45 e
da Conferência dos Estados Partes. dos parágrafos 2 e 3 do Artigo 47, nenhum
Artigo 41. instrumento depositado por organização de
integração regional será computado.
Depositário
4. As organizações de integração regional,
O Secretário-Geral das Nações Unidas será o de- em matérias de sua competência, poderão
positário da presente Convenção. exercer o direito de voto na Conferência dos
Estados Partes, tendo direito ao mesmo nú-

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mero de votos quanto for o número de seus cará a Conferência, sob os auspícios das Na-
Estados membros que forem Partes da pre- ções Unidas. Qualquer emenda adotada por
sente Convenção. Essas organizações não maioria de dois terços dos Estados Partes
exercerão seu direito de voto, se qualquer presentes e votantes será submetida pelo
de seus Estados membros exercer seu direi- Secretário-Geral à aprovação da Assembléia
to de voto, e vice-versa. Geral das Nações Unidas e, posteriormente,
à aceitação de todos os Estados Partes.
Artigo 45.
2. Qualquer emenda adotada e aprovada
Entrada em vigor conforme o disposto no parágrafo 1 do pre-
1. A presente Convenção entrará em vigor sente artigo entrará em vigor no trigésimo
no trigésimo dia após o depósito do vigési- dia após a data na qual o número de instru-
mo instrumento de ratificação ou adesão. mentos de aceitação tenha atingido dois
terços do número de Estados Partes na data
2. Para cada Estado ou organização de inte- de adoção da emenda. Posteriormente, a
gração regional que ratificar ou formalmen- emenda entrará em vigor para todo Estado
te confirmar a presente Convenção ou a ela Parte no trigésimo dia após o depósito por
aderir após o depósito do referido vigésimo esse Estado do seu instrumento de aceita-
instrumento, a Convenção entrará em vigor ção. A emenda será vinculante somente
no trigésimo dia a partir da data em que para os Estados Partes que a tiverem acei-
esse Estado ou organização tenha deposi- tado.
tado seu instrumento de ratificação, confir-
mação formal ou adesão. 3. Se a Conferência dos Estados Partes as-
sim o decidir por consenso, qualquer emen-
Artigo 46. da adotada e aprovada em conformidade
Reservas com o disposto no parágrafo 1 deste Artigo,
relacionada exclusivamente com os artigos
1. Não serão permitidas reservas incompa- 34, 38, 39 e 40, entrará em vigor para todos
tíveis com o objeto e o propósito da presen- os Estados Partes no trigésimo dia a partir
te Convenção. da data em que o número de instrumentos
de aceitação depositados tiver atingido dois
2. As reservas poderão ser retiradas a qual- terços do número de Estados Partes na data
quer momento. de adoção da emenda.
Artigo 47. Artigo 48.
Emendas Denúncia
1. Qualquer Estado Parte poderá propor Qualquer Estado Parte poderá denunciar a pre-
emendas à presente Convenção e submetê- sente Convenção mediante notificação por es-
-las ao Secretário-Geral das Nações Unidas. crito ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
O Secretário-Geral comunicará aos Esta- A denúncia tornar-se-á efetiva um ano após a
dos Partes quaisquer emendas propostas, data de recebimento da notificação pelo Secre-
solicitando-lhes que o notifiquem se são tário-Geral.
favoráveis a uma Conferência dos Estados
Partes para considerar as propostas e tomar Artigo 49.
decisão a respeito delas. Se, até quatro me-
ses após a data da referida comunicação, Formatos acessíveis
pelo menos um terço dos Estados Partes se O texto da presente Convenção será colocado à
manifestar favorável a essa Conferência, o disposição em formatos acessíveis.
Secretário-Geral das Nações Unidas convo-

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Artigo 50. c) A mesma matéria já tenha sido exami-
nada pelo Comitê ou tenha sido ou estiver
Textos autênticos sendo examinada sob outro procedimento
Os textos em árabe, chinês, espanhol, francês, de investigação ou resolução internacional;
inglês e russo da presente Convenção serão d) Não tenham sido esgotados todos os re-
igualmente autênticos. cursos internos disponíveis, salvo no caso
EM FÉ DO QUE os plenipotenciários abaixo assi- em que a tramitação desses recursos se
nados, devidamente autorizados para tanto por prolongue injustificadamente, ou seja im-
seus respectivos Governos, firmaram a presente provável que se obtenha com eles solução
Convenção. efetiva;
e) A comunicação estiver precariamente
fundamentada ou não for suficientemente
substanciada; ou
PROTOCOLO FACULTATIVO À CON-
VENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS f) Os fatos que motivaram a comunicação
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA tenham ocorrido antes da entrada em vigor
do presente Protocolo para o Estado Parte
em apreço, salvo se os fatos continuaram
Os Estados Partes do presente Protocolo acor- ocorrendo após aquela data.
daram o seguinte:
Artigo 3º
Artigo 1º
Sujeito ao disposto no Artigo 2 do presente
1. Qualquer Estado Parte do presente Pro- Protocolo, o Comitê levará confidencialmente
tocolo ("Estado Parte") reconhece a com- ao conhecimento do Estado Parte concernente
petência do Comitê sobre os Direitos das qualquer comunicação submetida ao Comitê.
Pessoas com Deficiência ("Comitê") para Dentro do período de seis meses, o Estado con-
receber e considerar comunicações subme- cernente submeterá ao Comitê explicações ou
tidas por pessoas ou grupos de pessoas, ou declarações por escrito, esclarecendo a matéria
em nome deles, sujeitos à sua jurisdição, e a eventual solução adotada pelo referido Es-
alegando serem vítimas de violação das dis- tado.
posições da Convenção pelo referido Estado
Parte. Artigo 4º
2. O Comitê não receberá comunicação re- 1. A qualquer momento após receber uma
ferente a qualquer Estado Parte que não comunicação e antes de decidir o mérito
seja signatário do presente Protocolo. dessa comunicação, o Comitê poderá trans-
mitir ao Estado Parte concernente, para sua
Artigo 2º urgente consideração, um pedido para que
O Comitê considerará inadmissível a comunica- o Estado Parte tome as medidas de nature-
ção quando: za cautelar que forem necessárias para evi-
tar possíveis danos irreparáveis à vítima ou
a) A comunicação for anônima; às vítimas da violação alegada.
b) A comunicação constituir abuso do direi- 2. O exercício pelo Comitê de suas faculda-
to de submeter tais comunicações ou for in- des discricionárias em virtude do parágrafo
compatível com as disposições da Conven- 1 do presente Artigo não implicará prejuízo
ção; algum sobre a admissibilidade ou sobre o
mérito da comunicação.

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Artigo 5º no Artigo 35 da Convenção, pormenores a


respeito das medidas tomadas em conse-
O Comitê realizará sessões fechadas para exa- qüência da investigação realizada em con-
minar comunicações a ele submetidas em con- formidade com o Artigo 6 do presente Pro-
formidade com o presente Protocolo. Depois de tocolo.
examinar uma comunicação, o Comitê enviará
suas sugestões e recomendações, se houver, ao 2. Caso necessário, o Comitê poderá, encer-
Estado Parte concernente e ao requerente. rado o período de seis meses a que se refe-
re o parágrafo 4 do Artigo 6, convidar o Es-
Artigo 6º tado Parte concernente a informar o Comitê
1. Se receber informação confiável indican- a respeito das medidas tomadas em conse-
do que um Estado Parte está cometendo qüência da referida investigação.
violação grave ou sistemática de direitos Artigo 8º
estabelecidos na Convenção, o Comitê con-
vidará o referido Estado Parte a colaborar Qualquer Estado Parte poderá, quando da assi-
com a verificação da informação e, para natura ou ratificação do presente Protocolo ou
tanto, a submeter suas observações a res- de sua adesão a ele, declarar que não reconhe-
peito da informação em pauta. ce a competência do Comitê, a que se referem
os Artigos 6 e 7.
2. Levando em conta quaisquer observações
que tenham sido submetidas pelo Estado Artigo 9º
Parte concernente, bem como quaisquer
outras informações confiáveis em poder do O Secretário-Geral das Nações Unidas será o de-
Comitê, este poderá designar um ou mais positário do presente Protocolo.
de seus membros para realizar investigação Artigo 10.
e apresentar, em caráter de urgência, rela-
tório ao Comitê. Caso se justifique e o Esta- O presente Protocolo será aberto à assinatura
do Parte o consinta, a investigação poderá dos Estados e organizações de integração re-
incluir uma visita ao território desse Estado. gional signatários da Convenção, na sede das
Nações Unidas em Nova York, a partir de 30 de
3. Após examinar os resultados da investiga- março de 2007.
ção, o Comitê os comunicará ao Estado Par-
te concernente, acompanhados de eventu- Artigo 11.
ais comentários e recomendações.
O presente Protocolo estará sujeito à ratifica-
4. Dentro do período de seis meses após o ção pelos Estados signatários do presente Pro-
recebimento dos resultados, comentários e tocolo que tiverem ratificado a Convenção ou
recomendações transmitidos pelo Comitê, aderido a ela. Ele estará sujeito à confirmação
o Estado Parte concernente submeterá suas formal por organizações de integração regional
observações ao Comitê. signatárias do presente Protocolo que tiverem
formalmente confirmado a Convenção ou a ela
5. A referida investigação será realizada aderido. O Protocolo ficará aberto à adesão de
confidencialmente e a cooperação do Esta- qualquer Estado ou organização de integração
do Parte será solicitada em todas as fases regional que tiver ratificado ou formalmente
do processo. confirmado a Convenção ou a ela aderido e que
Artigo 7º não tiver assinado o Protocolo.

1. O Comitê poderá convidar o Estado Parte Artigo 12.


concernente a incluir em seu relatório, sub- 1. "Organização de integração regional"
metido em conformidade com o disposto será entendida como organização constitu-

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ída por Estados soberanos de determinada Artigo 14.
região, à qual seus Estados membros te-
nham delegado competência sobre matéria 1. Não serão permitidas reservas incompa-
abrangida pela Convenção e pelo presente tíveis com o objeto e o propósito do presen-
Protocolo. Essas organizações declararão, te Protocolo.
em seus documentos de confirmação for- 2. As reservas poderão ser retiradas a qual-
mal ou adesão, o alcance de sua compe- quer momento.
tência em relação à matéria abrangida pela
Convenção e pelo presente Protocolo. Sub- Artigo 15
seqüentemente, as organizações informa-
1. Qualquer Estado Parte poderá propor
rão ao depositário qualquer alteração subs-
emendas ao presente Protocolo e submetê-
tancial no alcance de sua competência.
-las ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
2. As referências a "Estados Partes" no pre- O Secretário-Geral comunicará aos Esta-
sente Protocolo serão aplicáveis a essas or- dos Partes quaisquer emendas propostas,
ganizações, nos limites da competência de solicitando-lhes que o notifiquem se são
tais organizações. favoráveis a uma Conferência dos Estados
Partes para considerar as propostas e tomar
3. Para os fins do parágrafo 1 do Artigo 13 e decisão a respeito delas. Se, até quatro me-
do parágrafo 2 do Artigo 15, nenhum instru- ses após a data da referida comunicação,
mento depositado por organização de inte- pelo menos um terço dos Estados Partes se
gração regional será computado. manifestar favorável a essa Conferência, o
4. As organizações de integração regional, Secretário-Geral das Nações Unidas convo-
em matérias de sua competência, poderão cará a Conferência, sob os auspícios das Na-
exercer o direito de voto na Conferência dos ções Unidas. Qualquer emenda adotada por
Estados Partes, tendo direito ao mesmo nú- maioria de dois terços dos Estados Partes
mero de votos que seus Estados membros presentes e votantes será submetida pelo
que forem Partes do presente Protocolo. Es- Secretário-Geral à aprovação da Assembléia
sas organizações não exercerão seu direito Geral das Nações Unidas e, posteriormente,
de voto se qualquer de seus Estados mem- à aceitação de todos os Estados Partes.
bros exercer seu direito de voto, e vice-ver- 2. Qualquer emenda adotada e aprovada
sa. conforme o disposto no parágrafo 1 do pre-
Artigo 13. sente artigo entrará em vigor no trigésimo
dia após a data na qual o número de instru-
1. Sujeito à entrada em vigor da Conven- mentos de aceitação tenha atingido dois
ção, o presente Protocolo entrará em vigor terços do número de Estados Partes na data
no trigésimo dia após o depósito do décimo de adoção da emenda. Posteriormente, a
instrumento de ratificação ou adesão. emenda entrará em vigor para todo Estado
Parte no trigésimo dia após o depósito por
2. Para cada Estado ou organização de inte- esse Estado do seu instrumento de aceita-
gração regional que ratificar ou formalmen- ção. A emenda será vinculante somente
te confirmar o presente Protocolo ou a ele para os Estados Partes que a tiverem acei-
aderir depois do depósito do décimo instru- tado.
mento dessa natureza, o Protocolo entrará
em vigor no trigésimo dia a partir da data Artigo 16.
em que esse Estado ou organização tenha
depositado seu instrumento de ratificação, Qualquer Estado Parte poderá denunciar o pre-
confirmação formal ou adesão. sente Protocolo mediante notificação por escri-
to ao Secretário-Geral das Nações Unidas. A de-

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núncia tornar-se-á efetiva um ano após a data Artigo 18.


de recebimento da notificação pelo Secretário-
-Geral. Os textos em árabe, chinês, espanhol, francês,
inglês e russo e do presente Protocolo serão
Artigo 17. igualmente autênticos.
O texto do presente Protocolo será colocado à EM FÉ DO QUE os plenipotenciários abaixo assi-
disposição em formatos acessíveis. nados, devidamente autorizados para tanto por
seus respectivos governos, firmaram o presente
Protocolo.

LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015

Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa Parágrafo único. Esta Lei tem como base a
com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Defi- Convenção sobre os Direitos das Pessoas
ciência). com Deficiência e seu Protocolo Faculta-
tivo, ratificados pelo Congresso Nacional
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA por meio do Decreto Legislativo nº 186, de
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e 9 de julho de 2008, em conformidade com
eu sanciono a seguinte Lei: o procedimento previsto no § 3º do art. 5º
da Constituição da República Federativa do
Brasil, em vigor para o Brasil, no plano jurí-
LIVRO I dico externo, desde 31 de agosto de 2008, e
promulgados pelo Decreto nº 6.949, de 25
PARTE GERAL de agosto de 2009, data de início de sua vi-
gência no plano interno.
Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência
TÍTULO I aquela que tem impedimento de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial,
Disposições Preliminares o qual, em interação com uma ou mais barrei-
ras, pode obstruir sua participação plena e efe-
tiva na sociedade em igualdade de condições
com as demais pessoas.
CAPÍTULO I § 1º A avaliação da deficiência, quando ne-
DISPOSIÇÕES GERAIS cessária, será biopsicossocial, realizada por
equipe multiprofissional e interdisciplinar e
Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão considerará:
da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa
com Deficiência), destinada a assegurar e a pro- I – os impedimentos nas funções e nas es-
mover, em condições de igualdade, o exercício truturas do corpo;
dos direitos e das liberdades fundamentais por
II – os fatores socioambientais, psicológicos
pessoa com deficiência, visando à sua inclusão
e pessoais;
social e cidadania.

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III – a limitação no desempenho de ativida- a) barreiras urbanísticas: as existentes nas
des; e vias e nos espaços públicos e privados aber-
tos ao público ou de uso coletivo;
IV – a restrição de participação.
b) barreiras arquitetônicas: as existentes
§ 2º O Poder Executivo criará instrumentos nos edifícios públicos e privados;
para avaliação da deficiência.
c) barreiras nos transportes: as existentes
Art. 3º Para fins de aplicação desta Lei, conside- nos sistemas e meios de transportes;
ram-se:
d) barreiras nas comunicações e na infor-
I – acessibilidade: possibilidade e condição mação: qualquer entrave, obstáculo, atitu-
de alcance para utilização, com segurança e de ou comportamento que dificulte ou im-
autonomia, de espaços, mobiliários, equi- possibilite a expressão ou o recebimento de
pamentos urbanos, edificações, transpor- mensagens e de informações por intermé-
tes, informação e comunicação, inclusive dio de sistemas de comunicação e de tecno-
seus sistemas e tecnologias, bem como de logia da informação;
outros serviços e instalações abertos ao pú-
blico, de uso público ou privados de uso co- e) barreiras atitudinais: atitudes ou com-
letivo, tanto na zona urbana como na rural, portamentos que impeçam ou prejudiquem
por pessoa com deficiência ou com mobili- a participação social da pessoa com defici-
dade reduzida; ência em igualdade de condições e oportu-
nidades com as demais pessoas;
II – desenho universal: concepção de pro-
dutos, ambientes, programas e serviços a f) barreiras tecnológicas: as que dificultam
serem usados por todas as pessoas, sem ou impedem o acesso da pessoa com defici-
necessidade de adaptação ou de projeto es- ência às tecnologias;
pecífico, incluindo os recursos de tecnologia
assistiva; V – comunicação: forma de interação dos
cidadãos que abrange, entre outras opções,
III – tecnologia assistiva ou ajuda técnica: as línguas, inclusive a Língua Brasileira de
produtos, equipamentos, dispositivos, re- Sinais (Libras), a visualização de textos, o
cursos, metodologias, estratégias, práticas e Braille, o sistema de sinalização ou de co-
serviços que objetivem promover a funcio- municação tátil, os caracteres ampliados, os
nalidade, relacionada à atividade e à parti- dispositivos multimídia, assim como a lin-
cipação da pessoa com deficiência ou com guagem simples, escrita e oral, os sistemas
mobilidade reduzida, visando à sua autono- auditivos e os meios de voz digitalizados e
mia, independência, qualidade de vida e in- os modos, meios e formatos aumentativos
clusão social; e alternativos de comunicação, incluindo as
tecnologias da informação e das comunica-
IV – barreiras: qualquer entrave, obstáculo, ções;
atitude ou comportamento que limite ou
impeça a participação social da pessoa, bem VI – adaptações razoáveis: adaptações, mo-
como o gozo, a fruição e o exercício de seus dificações e ajustes necessários e adequa-
direitos à acessibilidade, à liberdade de mo- dos que não acarretem ônus despropor-
vimento e de expressão, à comunicação, ao cional e indevido, quando requeridos em
acesso à informação, à compreensão, à cir- cada caso, a fim de assegurar que a pessoa
culação com segurança, entre outros, classi- com deficiência possa gozar ou exercer, em
ficadas em: igualdade de condições e oportunidades
com as demais pessoas, todos os direitos e
liberdades fundamentais;

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VII – elemento de urbanização: quaisquer autonomia de jovens e adultos com defici-


componentes de obras de urbanização, ência;
tais como os referentes a pavimentação,
saneamento, encanamento para esgotos, XII – atendente pessoal: pessoa, membro
distribuição de energia elétrica e de gás, ou não da família, que, com ou sem remu-
iluminação pública, serviços de comunica- neração, assiste ou presta cuidados básicos
ção, abastecimento e distribuição de água, e essenciais à pessoa com deficiência no
paisagismo e os que materializam as indica- exercício de suas atividades diárias, excluí-
ções do planejamento urbanístico; das as técnicas ou os procedimentos iden-
tificados com profissões legalmente estabe-
VIII – mobiliário urbano: conjunto de ob- lecidas;
jetos existentes nas vias e nos espaços pú-
blicos, superpostos ou adicionados aos ele- XIII – profissional de apoio escolar: pessoa
mentos de urbanização ou de edificação, de que exerce atividades de alimentação, hi-
forma que sua modificação ou seu traslado giene e locomoção do estudante com defi-
não provoque alterações substanciais nes- ciência e atua em todas as atividades esco-
ses elementos, tais como semáforos, postes lares nas quais se fizer necessária, em todos
de sinalização e similares, terminais e pon- os níveis e modalidades de ensino, em ins-
tos de acesso coletivo às telecomunicações, tituições públicas e privadas, excluídas as
fontes de água, lixeiras, toldos, marquises, técnicas ou os procedimentos identificados
bancos, quiosques e quaisquer outros de com profissões legalmente estabelecidas;
natureza análoga; XIV – acompanhante: aquele que acompa-
IX – pessoa com mobilidade reduzida: aque- nha a pessoa com deficiência, podendo ou
la que tenha, por qualquer motivo, dificul- não desempenhar as funções de atendente
dade de movimentação, permanente ou pessoal.
temporária, gerando redução efetiva da
mobilidade, da flexibilidade, da coordena-
ção motora ou da percepção, incluindo ido-
CAPÍTULO II
so, gestante, lactante, pessoa com criança
de colo e obeso; DA IGUALDADE E DA NÃO
DISCRIMINAÇÃO
X – residências inclusivas: unidades de ofer-
ta do Serviço de Acolhimento do Sistema Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem direi-
Único de Assistência Social (Suas) localiza- to à igualdade de oportunidades com as demais
das em áreas residenciais da comunidade, pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de dis-
com estruturas adequadas, que possam criminação.
contar com apoio psicossocial para o aten-
dimento das necessidades da pessoa acolhi- § 1º Considera-se discriminação em razão
da, destinadas a jovens e adultos com de- da deficiência toda forma de distinção, res-
ficiência, em situação de dependência, que trição ou exclusão, por ação ou omissão,
não dispõem de condições de autossusten- que tenha o propósito ou o efeito de preju-
tabilidade e com vínculos familiares fragili- dicar, impedir ou anular o reconhecimento
zados ou rompidos; ou o exercício dos direitos e das liberdades
fundamentais de pessoa com deficiência,
XI – moradia para a vida independente da incluindo a recusa de adaptações razoáveis
pessoa com deficiência: moradia com estru- e de fornecimento de tecnologias assistivas.
turas adequadas capazes de proporcionar
serviços de apoio coletivos e individuali-
zados que respeitem e ampliem o grau de

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§ 2º A pessoa com deficiência não está obri- à maternidade, à alimentação, à habitação, à
gada à fruição de benefícios decorrentes de educação, à profissionalização, ao trabalho, à
ação afirmativa. previdência social, à habilitação e à reabilita-
ção, ao transporte, à acessibilidade, à cultura,
Art. 5º A pessoa com deficiência será protegida ao desporto, ao turismo, ao lazer, à informação,
de toda forma de negligência, discriminação, à comunicação, aos avanços científicos e tecno-
exploração, violência, tortura, crueldade, opres- lógicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à
são e tratamento desumano ou degradante. convivência familiar e comunitária, entre outros
Parágrafo único. Para os fins da proteção decorrentes da Constituição Federal, da Con-
mencionada no caput deste artigo, são venção sobre os Direitos das Pessoas com De-
considerados especialmente vulneráveis a ficiência e seu Protocolo Facultativo e das leis e
criança, o adolescente, a mulher e o idoso, de outras normas que garantam seu bem-estar
com deficiência. pessoal, social e econômico.

Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacida- Seção Única


de civil da pessoa, inclusive para: DO ATENDIMENTO PRIORITÁRIO
I – casar-se e constituir união estável; Art. 9º A pessoa com deficiência tem direito a
II – exercer direitos sexuais e reprodutivos; receber atendimento prioritário, sobretudo
com a finalidade de:
III – exercer o direito de decidir sobre o nú-
mero de filhos e de ter acesso a informa- I – proteção e socorro em quaisquer cir-
ções adequadas sobre reprodução e plane- cunstâncias;
jamento familiar; II – atendimento em todas as instituições e
IV – conservar sua fertilidade, sendo veda- serviços de atendimento ao público;
da a esterilização compulsória; III – disponibilização de recursos, tanto hu-
V – exercer o direito à família e à convivên- manos quanto tecnológicos, que garantam
cia familiar e comunitária; e atendimento em igualdade de condições
com as demais pessoas;
VI – exercer o direito à guarda, à tutela, à
curatela e à adoção, como adotante ou ado- IV – disponibilização de pontos de parada,
tando, em igualdade de oportunidades com estações e terminais acessíveis de transpor-
as demais pessoas. te coletivo de passageiros e garantia de se-
gurança no embarque e no desembarque;
Art. 7º É dever de todos comunicar à autoridade
competente qualquer forma de ameaça ou de V – acesso a informações e disponibilização
violação aos direitos da pessoa com deficiência. de recursos de comunicação acessíveis;

Parágrafo único. Se, no exercício de suas VI – recebimento de restituição de imposto


funções, os juízes e os tribunais tiverem co- de renda;
nhecimento de fatos que caracterizem as VII – tramitação processual e procedimen-
violações previstas nesta Lei, devem reme- tos judiciais e administrativos em que for
ter peças ao Ministério Público para as pro- parte ou interessada, em todos os atos e di-
vidências cabíveis. ligências.
Art. 8º É dever do Estado, da sociedade e da fa- § 1º Os direitos previstos neste artigo são
mília assegurar à pessoa com deficiência, com extensivos ao acompanhante da pessoa
prioridade, a efetivação dos direitos referentes com deficiência ou ao seu atendente pesso-
à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e

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al, exceto quanto ao disposto nos incisos VI ter excepcional, apenas quando houver in-
e VII deste artigo. dícios de benefício direto para sua saúde ou
para a saúde de outras pessoas com defici-
§ 2º Nos serviços de emergência públicos ência e desde que não haja outra opção de
e privados, a prioridade conferida por esta pesquisa de eficácia comparável com parti-
Lei é condicionada aos protocolos de aten- cipantes não tutelados ou curatelados.
dimento médico.
Art. 13. A pessoa com deficiência somente será
atendida sem seu consentimento prévio, livre
TÍTULO II e esclarecido em casos de risco de morte e de
emergência em saúde, resguardado seu supe-
Dos Direitos Fundamentais rior interesse e adotadas as salvaguardas legais
cabíveis.

CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
DO DIREITO À VIDA
DO DIREITO À HABILITAÇÃO
Art. 10. Compete ao poder público garantir a E À REABILITAÇÃO
dignidade da pessoa com deficiência ao longo
de toda a vida. Art. 14. O processo de habilitação e de reabilita-
ção é um direito da pessoa com deficiência.
Parágrafo único. Em situações de risco,
emergência ou estado de calamidade públi- Parágrafo único. O processo de habilitação
ca, a pessoa com deficiência será conside- e de reabilitação tem por objetivo o desen-
rada vulnerável, devendo o poder público volvimento de potencialidades, talentos,
adotar medidas para sua proteção e segu- habilidades e aptidões físicas, cognitivas,
rança. sensoriais, psicossociais, atitudinais, pro-
fissionais e artísticas que contribuam para
Art. 11. A pessoa com deficiência não poderá a conquista da autonomia da pessoa com
ser obrigada a se submeter a intervenção clínica deficiência e de sua participação social em
ou cirúrgica, a tratamento ou a institucionaliza- igualdade de condições e oportunidades
ção forçada. com as demais pessoas.
Parágrafo único. O consentimento da pes- Art. 15. O processo mencionado no art. 14 desta
soa com deficiência em situação de curatela Lei baseia-se em avaliação multidisciplinar das
poderá ser suprido, na forma da lei. necessidades, habilidades e potencialidades de
Art. 12. O consentimento prévio, livre e esclare- cada pessoa, observadas as seguintes diretrizes:
cido da pessoa com deficiência é indispensável I – diagnóstico e intervenção precoces;
para a realização de tratamento, procedimento,
hospitalização e pesquisa científica. II – adoção de medidas para compensar
perda ou limitação funcional, buscando o
§ 1º Em caso de pessoa com deficiência em desenvolvimento de aptidões;
situação de curatela, deve ser assegurada
sua participação, no maior grau possível, III – atuação permanente, integrada e arti-
para a obtenção de consentimento. culada de políticas públicas que possibili-
tem a plena participação social da pessoa
§ 2º A pesquisa científica envolvendo pes- com deficiência;
soa com deficiência em situação de tutela
ou de curatela deve ser realizada, em cará-

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IV – oferta de rede de serviços articulados, à pessoa com deficiência exercer sua cida-
com atuação intersetorial, nos diferentes ní- dania.
veis de complexidade, para atender às ne-
cessidades específicas da pessoa com defi-
ciência;
CAPÍTULO III
V – prestação de serviços próximo ao do-
DO DIREITO À SAÚDE
micílio da pessoa com deficiência, inclusive
na zona rural, respeitadas a organização das Art. 18. É assegurada atenção integral à saúde
Redes de Atenção à Saúde (RAS) nos territó- da pessoa com deficiência em todos os níveis de
rios locais e as normas do Sistema Único de complexidade, por intermédio do SUS, garanti-
Saúde (SUS). do acesso universal e igualitário.
Art. 16. Nos programas e serviços de habilitação § 1º É assegurada a participação da pessoa
e de reabilitação para a pessoa com deficiência, com deficiência na elaboração das políticas
são garantidos: de saúde a ela destinadas.
I – organização, serviços, métodos, técnicas § 2º É assegurado atendimento segundo
e recursos para atender às características normas éticas e técnicas, que regulamen-
de cada pessoa com deficiência; tarão a atuação dos profissionais de saúde
II – acessibilidade em todos os ambientes e e contemplarão aspectos relacionados aos
serviços; direitos e às especificidades da pessoa com
deficiência, incluindo temas como sua dig-
III – tecnologia assistiva, tecnologia de re- nidade e autonomia.
abilitação, materiais e equipamentos ade-
quados e apoio técnico profissional, de § 3º Aos profissionais que prestam assistên-
acordo com as especificidades de cada pes- cia à pessoa com deficiência, especialmente
soa com deficiência; em serviços de habilitação e de reabilitação,
deve ser garantida capacitação inicial e con-
IV – capacitação continuada de todos os tinuada.
profissionais que participem dos programas
e serviços. § 4º As ações e os serviços de saúde pública
destinados à pessoa com deficiência devem
Art. 17. Os serviços do SUS e do Suas deverão assegurar:
promover ações articuladas para garantir à pes-
soa com deficiência e sua família a aquisição de I – diagnóstico e intervenção precoces, rea-
informações, orientações e formas de acesso às lizados por equipe multidisciplinar;
políticas públicas disponíveis, com a finalidade II – serviços de habilitação e de reabilitação
de propiciar sua plena participação social. sempre que necessários, para qualquer tipo
Parágrafo único. Os serviços de que trata o de deficiência, inclusive para a manutenção
caput deste artigo podem fornecer informa- da melhor condição de saúde e qualidade
ções e orientações nas áreas de saúde, de de vida;
educação, de cultura, de esporte, de lazer, III – atendimento domiciliar multidiscipli-
de transporte, de previdência social, de as- nar, tratamento ambulatorial e internação;
sistência social, de habitação, de trabalho,
de empreendedorismo, de acesso ao crédi- IV – campanhas de vacinação;
to, de promoção, proteção e defesa de di-
V – atendimento psicológico, inclusive para
reitos e nas demais áreas que possibilitem
seus familiares e atendentes pessoais;

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VI – respeito à especificidade, à identidade Art. 20. As operadoras de planos e seguros pri-


de gênero e à orientação sexual da pessoa vados de saúde são obrigadas a garantir à pes-
com deficiência; soa com deficiência, no mínimo, todos os servi-
ços e produtos ofertados aos demais clientes.
VII – atenção sexual e reprodutiva, incluin-
do o direito à fertilização assistida; Art. 21. Quando esgotados os meios de atenção
à saúde da pessoa com deficiência no local de
VIII – informação adequada e acessível à residência, será prestado atendimento fora de
pessoa com deficiência e a seus familiares domicílio, para fins de diagnóstico e de trata-
sobre sua condição de saúde; mento, garantidos o transporte e a acomodação
IX – serviços projetados para prevenir a da pessoa com deficiência e de seu acompa-
ocorrência e o desenvolvimento de defici- nhante.
ências e agravos adicionais; Art. 22. À pessoa com deficiência internada ou
X – promoção de estratégias de capacita- em observação é assegurado o direito a acom-
ção permanente das equipes que atuam panhante ou a atendente pessoal, devendo o
no SUS, em todos os níveis de atenção, no órgão ou a instituição de saúde proporcionar
atendimento à pessoa com deficiência, bem condições adequadas para sua permanência em
como orientação a seus atendentes pesso- tempo integral.
ais; § 1º Na impossibilidade de permanência
XI – oferta de órteses, próteses, meios au- do acompanhante ou do atendente pesso-
xiliares de locomoção, medicamentos, in- al junto à pessoa com deficiência, cabe ao
sumos e fórmulas nutricionais, conforme as profissional de saúde responsável pelo tra-
normas vigentes do Ministério da Saúde. tamento justificá-la por escrito.

§ 5º As diretrizes deste artigo aplicam-se § 2º Na ocorrência da impossibilidade pre-


também às instituições privadas que parti- vista no § 1º deste artigo, o órgão ou a insti-
cipem de forma complementar do SUS ou tuição de saúde deve adotar as providências
que recebam recursos públicos para sua cabíveis para suprir a ausência do acompa-
manutenção. nhante ou do atendente pessoal.

Art. 19. Compete ao SUS desenvolver ações Art. 23. São vedadas todas as formas de discri-
destinadas à prevenção de deficiências por cau- minação contra a pessoa com deficiência, inclu-
sas evitáveis, inclusive por meio de: sive por meio de cobrança de valores diferencia-
dos por planos e seguros privados de saúde, em
I – acompanhamento da gravidez, do parto razão de sua condição.
e do puerpério, com garantia de parto hu-
manizado e seguro; Art. 24. É assegurado à pessoa com deficiência
o acesso aos serviços de saúde, tanto públicos
II – promoção de práticas alimentares ade- como privados, e às informações prestadas e
quadas e saudáveis, vigilância alimentar e recebidas, por meio de recursos de tecnologia
nutricional, prevenção e cuidado integral assistiva e de todas as formas de comunicação
dos agravos relacionados à alimentação e previstas no inciso V do art. 3º desta Lei.
nutrição da mulher e da criança;
Art. 25. Os espaços dos serviços de saúde, tan-
III – aprimoramento e expansão dos progra- to públicos quanto privados, devem assegurar
mas de imunização e de triagem neonatal; o acesso da pessoa com deficiência, em con-
IV – identificação e controle da gestante de formidade com a legislação em vigor, mediante
alto risco. a remoção de barreiras, por meio de projetos
arquitetônico, de ambientação de interior e de

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comunicação que atendam às especificidades gem, por meio da oferta de serviços e de
das pessoas com deficiência física, sensorial, in- recursos de acessibilidade que eliminem as
telectual e mental. barreiras e promovam a inclusão plena;
Art. 26. Os casos de suspeita ou de confirmação III – projeto pedagógico que institucionalize
de violência praticada contra a pessoa com de- o atendimento educacional especializado,
ficiência serão objeto de notificação compulsó- assim como os demais serviços e adapta-
ria pelos serviços de saúde públicos e privados à ções razoáveis, para atender às caracterís-
autoridade policial e ao Ministério Público, além ticas dos estudantes com deficiência e ga-
dos Conselhos dos Direitos da Pessoa com Defi- rantir o seu pleno acesso ao currículo em
ciência. condições de igualdade, promovendo a
conquista e o exercício de sua autonomia;
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei,
considera-se violência contra a pessoa com IV – oferta de educação bilíngue, em Libras
deficiência qualquer ação ou omissão, pra- como primeira língua e na modalidade es-
ticada em local público ou privado, que lhe crita da língua portuguesa como segunda
cause morte ou dano ou sofrimento físico língua, em escolas e classes bilíngues e em
ou psicológico. escolas inclusivas;
V – adoção de medidas individualizadas e
coletivas em ambientes que maximizem o
CAPÍTULO IV desenvolvimento acadêmico e social dos
estudantes com deficiência, favorecendo o
DO DIREITO À EDUCAÇÃO
acesso, a permanência, a participação e a
Art. 27. A educação constitui direito da pessoa aprendizagem em instituições de ensino;
com deficiência, assegurados sistema educacio- VI – pesquisas voltadas para o desenvolvi-
nal inclusivo em todos os níveis e aprendizado mento de novos métodos e técnicas peda-
ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o gógicas, de materiais didáticos, de equi-
máximo desenvolvimento possível de seus ta- pamentos e de recursos de tecnologia
lentos e habilidades físicas, sensoriais, intelec- assistiva;
tuais e sociais, segundo suas características, in-
teresses e necessidades de aprendizagem. VII – planejamento de estudo de caso, de
elaboração de plano de atendimento edu-
Parágrafo único. É dever do Estado, da fa- cacional especializado, de organização de
mília, da comunidade escolar e da socieda- recursos e serviços de acessibilidade e de
de assegurar educação de qualidade à pes- disponibilização e usabilidade pedagógica
soa com deficiência, colocando-a a salvo de de recursos de tecnologia assistiva;
toda forma de violência, negligência e dis-
criminação. VIII – participação dos estudantes com de-
ficiência e de suas famílias nas diversas ins-
Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, tâncias de atuação da comunidade escolar;
criar, desenvolver, implementar, incentivar,
acompanhar e avaliar: IX – adoção de medidas de apoio que fa-
voreçam o desenvolvimento dos aspectos
I – sistema educacional inclusivo em to- linguísticos, culturais, vocacionais e profis-
dos os níveis e modalidades, bem como o sionais, levando-se em conta o talento, a
aprendizado ao longo de toda a vida; criatividade, as habilidades e os interesses
II – aprimoramento dos sistemas educacio- do estudante com deficiência;
nais, visando a garantir condições de aces-
so, permanência, participação e aprendiza-

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X – adoção de práticas pedagógicas inclusi- dada a cobrança de valores adicionais de


vas pelos programas de formação inicial e qualquer natureza em suas mensalidades,
continuada de professores e oferta de for- anuidades e matrículas no cumprimento
mação continuada para o atendimento edu- dessas determinações.
cacional especializado;
§ 2º Na disponibilização de tradutores e in-
XI – formação e disponibilização de profes- térpretes da Libras a que se refere o inciso
sores para o atendimento educacional es- XI do caput deste artigo, deve-se observar
pecializado, de tradutores e intérpretes da o seguinte:
Libras, de guias intérpretes e de profissio-
nais de apoio; I – os tradutores e intérpretes da Libras atu-
antes na educação básica devem, no míni-
XII – oferta de ensino da Libras, do Sistema mo, possuir ensino médio completo e certi-
Braille e de uso de recursos de tecnologia ficado de proficiência na Libras;
assistiva, de forma a ampliar habilidades
funcionais dos estudantes, promovendo sua II – os tradutores e intérpretes da Libras,
autonomia e participação; quando direcionados à tarefa de interpretar
nas salas de aula dos cursos de graduação
XIII – acesso à educação superior e à educa- e pós-graduação, devem possuir nível supe-
ção profissional e tecnológica em igualdade rior, com habilitação, prioritariamente, em
de oportunidades e condições com as de- Tradução e Interpretação em Libras.
mais pessoas;
Art. 29. (VETADO).
XIV – inclusão em conteúdos curriculares,
em cursos de nível superior e de educação Art. 30. Nos processos seletivos para ingresso e
profissional técnica e tecnológica, de temas permanência nos cursos oferecidos pelas insti-
relacionados à pessoa com deficiência nos tuições de ensino superior e de educação pro-
respectivos campos de conhecimento; fissional e tecnológica, públicas e privadas, de-
vem ser adotadas as seguintes medidas:
XV – acesso da pessoa com deficiência, em
igualdade de condições, a jogos e a ativida- I – atendimento preferencial à pessoa com
des recreativas, esportivas e de lazer, no sis- deficiência nas dependências das Institui-
tema escolar; ções de Ensino Superior (IES) e nos serviços;

XVI – acessibilidade para todos os estudan- II – disponibilização de formulário de inscri-


tes, trabalhadores da educação e demais ção de exames com campos específicos para
integrantes da comunidade escolar às edifi- que o candidato com deficiência informe os
cações, aos ambientes e às atividades con- recursos de acessibilidade e de tecnologia
cernentes a todas as modalidades, etapas e assistiva necessários para sua participação;
níveis de ensino; III – disponibilização de provas em formatos
XVII – oferta de profissionais de apoio esco- acessíveis para atendimento às necessida-
lar; des específicas do candidato com deficiên-
cia;
XVIII – articulação intersetorial na imple-
mentação de políticas públicas. IV – disponibilização de recursos de acessi-
bilidade e de tecnologia assistiva adequa-
§ 1º Às instituições privadas, de qualquer dos, previamente solicitados e escolhidos
nível e modalidade de ensino, aplica-se pelo candidato com deficiência;
obrigatoriamente o disposto nos incisos I, II,
III, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, V – dilação de tempo, conforme demanda
XVII e XVIII do caput deste artigo, sendo ve- apresentada pelo candidato com deficiên-

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cia, tanto na realização de exame para sele- III – em caso de edificação multifamiliar, ga-
ção quanto nas atividades acadêmicas, me- rantia de acessibilidade nas áreas de uso co-
diante prévia solicitação e comprovação da mum e nas unidades habitacionais no piso
necessidade; térreo e de acessibilidade ou de adaptação
razoável nos demais pisos;
VI – adoção de critérios de avaliação das
provas escritas, discursivas ou de redação IV – disponibilização de equipamentos ur-
que considerem a singularidade linguística banos comunitários acessíveis;
da pessoa com deficiência, no domínio da
modalidade escrita da língua portuguesa; V – elaboração de especificações técnicas
no projeto que permitam a instalação de
VII – tradução completa do edital e de suas elevadores.
retificações em Libras.
§ 1º O direito à prioridade, previsto no ca-
put deste artigo, será reconhecido à pessoa
com deficiência beneficiária apenas uma
CAPÍTULO V vez.
DO DIREITO À MORADIA § 2º Nos programas habitacionais públicos,
os critérios de financiamento devem ser
Art. 31. A pessoa com deficiência tem direito compatíveis com os rendimentos da pessoa
à moradia digna, no seio da família natural ou com deficiência ou de sua família.
substituta, com seu cônjuge ou companheiro ou
desacompanhada, ou em moradia para a vida § 3º Caso não haja pessoa com deficiência
independente da pessoa com deficiência, ou, interessada nas unidades habitacionais re-
ainda, em residência inclusiva. servadas por força do disposto no inciso I do
caput deste artigo, as unidades não utiliza-
§ 1º O poder público adotará programas e das serão disponibilizadas às demais pesso-
ações estratégicas para apoiar a criação e a as.
manutenção de moradia para a vida inde-
pendente da pessoa com deficiência. Art. 33. Ao poder público compete:
§ 2º A proteção integral na modalidade de I – adotar as providências necessárias para
residência inclusiva será prestada no âmbi- o cumprimento do disposto nos arts. 31 e
to do Suas à pessoa com deficiência em si- 32 desta Lei; e
tuação de dependência que não disponha
II – divulgar, para os agentes interessados e
de condições de autossustentabilidade,
beneficiários, a política habitacional previs-
com vínculos familiares fragilizados ou rom-
ta nas legislações federal, estaduais, distri-
pidos.
tal e municipais, com ênfase nos dispositi-
Art. 32. Nos programas habitacionais, públicos vos sobre acessibilidade.
ou subsidiados com recursos públicos, a pessoa
com deficiência ou o seu responsável goza de
prioridade na aquisição de imóvel para moradia
própria, observado o seguinte:
I – reserva de, no mínimo, 3% (três por cen-
to) das unidades habitacionais para pessoa
com deficiência;
II – (VETADO);

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CAPÍTULO VI ciativismo, devem prever a participação da


DO DIREITO AO TRABALHO pessoa com deficiência e a disponibilização
de linhas de crédito, quando necessárias.
Seção I Seção II
DISPOSIÇÕES GERAIS DA HABILITAÇÃO PROFISSIONAL E
Art. 34. A pessoa com deficiência tem direito REABILITAÇÃO PROFISSIONAL
ao trabalho de sua livre escolha e aceitação, em
ambiente acessível e inclusivo, em igualdade de Art. 36. O poder público deve implementar
oportunidades com as demais pessoas. serviços e programas completos de habilitação
profissional e de reabilitação profissional para
§ 1º As pessoas jurídicas de direito públi- que a pessoa com deficiência possa ingressar,
co, privado ou de qualquer natureza são continuar ou retornar ao campo do trabalho,
obrigadas a garantir ambientes de trabalho respeitados sua livre escolha, sua vocação e seu
acessíveis e inclusivos. interesse.
§ 2º A pessoa com deficiência tem direito, § 1º Equipe multidisciplinar indicará, com
em igualdade de oportunidades com as de- base em critérios previstos no § 1º do art.
mais pessoas, a condições justas e favorá- 2º desta Lei, programa de habilitação ou de
veis de trabalho, incluindo igual remunera- reabilitação que possibilite à pessoa com
ção por trabalho de igual valor. deficiência restaurar sua capacidade e habi-
lidade profissional ou adquirir novas capaci-
§ 3º É vedada restrição ao trabalho da pes- dades e habilidades de trabalho.
soa com deficiência e qualquer discrimina-
ção em razão de sua condição, inclusive nas § 2º A habilitação profissional corresponde
etapas de recrutamento, seleção, contrata- ao processo destinado a propiciar à pessoa
ção, admissão, exames admissional e peri- com deficiência aquisição de conhecimen-
ódico, permanência no emprego, ascensão tos, habilidades e aptidões para exercício de
profissional e reabilitação profissional, bem profissão ou de ocupação, permitindo nível
como exigência de aptidão plena. suficiente de desenvolvimento profissional
para ingresso no campo de trabalho.
§ 4º A pessoa com deficiência tem direito
à participação e ao acesso a cursos, treina- § 3º Os serviços de habilitação profissional,
mentos, educação continuada, planos de de reabilitação profissional e de educação
carreira, promoções, bonificações e incenti- profissional devem ser dotados de recursos
vos profissionais oferecidos pelo emprega- necessários para atender a toda pessoa com
dor, em igualdade de oportunidades com os deficiência, independentemente de sua ca-
demais empregados. racterística específica, a fim de que ela pos-
sa ser capacitada para trabalho que lhe seja
§ 5º É garantida aos trabalhadores com de- adequado e ter perspectivas de obtê-lo, de
ficiência acessibilidade em cursos de forma- conservá-lo e de nele progredir.
ção e de capacitação.
§ 4º Os serviços de habilitação profissional,
Art. 35. É finalidade primordial das políticas de reabilitação profissional e de educação
públicas de trabalho e emprego promover e ga- profissional deverão ser oferecidos em am-
rantir condições de acesso e de permanência da bientes acessíveis e inclusivos.
pessoa com deficiência no campo de trabalho.
§ 5º A habilitação profissional e a reabilita-
Parágrafo único. Os programas de estímulo ção profissional devem ocorrer articuladas
ao empreendedorismo e ao trabalho autô- com as redes públicas e privadas, especial-
nomo, incluídos o cooperativismo e o asso-

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mente de saúde, de ensino e de assistência IV – oferta de aconselhamento e de apoio
social, em todos os níveis e modalidades, aos empregadores, com vistas à definição
em entidades de formação profissional ou de estratégias de inclusão e de superação
diretamente com o empregador. de barreiras, inclusive atitudinais;
§ 6º A habilitação profissional pode ocorrer V – realização de avaliações periódicas;
em empresas por meio de prévia formaliza-
ção do contrato de emprego da pessoa com VI – articulação intersetorial das políticas
deficiência, que será considerada para o públicas;
cumprimento da reserva de vagas prevista VII – possibilidade de participação de orga-
em lei, desde que por tempo determinado nizações da sociedade civil.
e concomitante com a inclusão profissional
na empresa, observado o disposto em regu- Art. 38. A entidade contratada para a realização
lamento. de processo seletivo público ou privado para
cargo, função ou emprego está obrigada à ob-
§ 7º A habilitação profissional e a reabili- servância do disposto nesta Lei e em outras nor-
tação profissional atenderão à pessoa com mas de acessibilidade vigentes.
deficiência.

Seção III
DA INCLUSÃO DA PESSOA COM CAPÍTULO VII
DEFICIÊNCIA NO TRABALHO DO DIREITO À ASSISTÊNCIA SOCIAL
Art. 37. Constitui modo de inclusão da pessoa Art. 39. Os serviços, os programas, os projetos
com deficiência no trabalho a colocação com- e os benefícios no âmbito da política pública de
petitiva, em igualdade de oportunidades com assistência social à pessoa com deficiência e sua
as demais pessoas, nos termos da legislação família têm como objetivo a garantia da segu-
trabalhista e previdenciária, na qual devem ser rança de renda, da acolhida, da habilitação e da
atendidas as regras de acessibilidade, o forne- reabilitação, do desenvolvimento da autonomia
cimento de recursos de tecnologia assistiva e a e da convivência familiar e comunitária, para a
adaptação razoável no ambiente de trabalho. promoção do acesso a direitos e da plena parti-
cipação social.
Parágrafo único. A colocação competitiva
da pessoa com deficiência pode ocorrer por § 1º A assistência social à pessoa com de-
meio de trabalho com apoio, observadas as ficiência, nos termos do caput deste artigo,
seguintes diretrizes: deve envolver conjunto articulado de servi-
ços do âmbito da Proteção Social Básica e
I – prioridade no atendimento à pessoa com da Proteção Social Especial, ofertados pelo
deficiência com maior dificuldade de inser- Suas, para a garantia de seguranças funda-
ção no campo de trabalho; mentais no enfrentamento de situações de
II – provisão de suportes individualizados vulnerabilidade e de risco, por fragilização
que atendam a necessidades específicas da de vínculos e ameaça ou violação de direi-
pessoa com deficiência, inclusive a disponi- tos.
bilização de recursos de tecnologia assisti- § 2º Os serviços socioassistenciais destina-
va, de agente facilitador e de apoio no am- dos à pessoa com deficiência em situação
biente de trabalho; de dependência deverão contar com cuida-
III – respeito ao perfil vocacional e ao inte- dores sociais para prestar-lhe cuidados bási-
resse da pessoa com deficiência apoiada; cos e instrumentais.

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Art. 40. É assegurado à pessoa com deficiência e de proteção do patrimônio histórico e ar-
que não possua meios para prover sua subsis- tístico nacional.
tência nem de tê-la provida por sua família o
benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos Art. 43. O poder público deve promover a par-
termos da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de ticipação da pessoa com deficiência em ativida-
1993. des artísticas, intelectuais, culturais, esportivas
e recreativas, com vistas ao seu protagonismo,
devendo:
I – incentivar a provisão de instrução, de
CAPÍTULO VIII treinamento e de recursos adequados, em
DO DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL igualdade de oportunidades com as demais
pessoas;
Art. 41. A pessoa com deficiência segurada do
Regime Geral de Previdência Social (RGPS) tem II – assegurar acessibilidade nos locais de
direito à aposentadoria nos termos da Lei Com- eventos e nos serviços prestados por pes-
plementar nº 142, de 8 de maio de 2013. soa ou entidade envolvida na organização
das atividades de que trata este artigo; e
III – assegurar a participação da pessoa com
CAPÍTULO IX deficiência em jogos e atividades recreati-
vas, esportivas, de lazer, culturais e artísti-
DO DIREITO À CULTURA, AO cas, inclusive no sistema escolar, em igual-
ESPORTE, AO TURISMO E AO LAZER dade de condições com as demais pessoas.
Art. 42. A pessoa com deficiência tem direito Art. 44. Nos teatros, cinemas, auditórios, está-
à cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer em dios, ginásios de esporte, locais de espetáculos
igualdade de oportunidades com as demais pes- e de conferências e similares, serão reservados
soas, sendo-lhe garantido o acesso: espaços livres e assentos para a pessoa com de-
ficiência, de acordo com a capacidade de lota-
I – a bens culturais em formato acessível;
ção da edificação, observado o disposto em re-
II – a programas de televisão, cinema, tea- gulamento.
tro e outras atividades culturais e desporti-
§ 1º Os espaços e assentos a que se refere
vas em formato acessível; e
este artigo devem ser distribuídos pelo re-
III – a monumentos e locais de importância cinto em locais diversos, de boa visibilidade,
cultural e a espaços que ofereçam serviços em todos os setores, próximos aos corredo-
ou eventos culturais e esportivos. res, devidamente sinalizados, evitando-se
áreas segregadas de público e obstrução
§ 1º É vedada a recusa de oferta de obra das saídas, em conformidade com as nor-
intelectual em formato acessível à pessoa mas de acessibilidade.
com deficiência, sob qualquer argumento,
inclusive sob a alegação de proteção dos di- § 2º No caso de não haver comprovada pro-
reitos de propriedade intelectual. cura pelos assentos reservados, esses po-
dem, excepcionalmente, ser ocupados por
§ 2º O poder público deve adotar soluções pessoas sem deficiência ou que não tenham
destinadas à eliminação, à redução ou à su- mobilidade reduzida, observado o disposto
peração de barreiras para a promoção do em regulamento.
acesso a todo patrimônio cultural, observa-
das as normas de acessibilidade, ambientais § 3º Os espaços e assentos a que se refere
este artigo devem situar-se em locais que

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garantam a acomodação de, no mínimo, 1 de oportunidades com as demais pessoas, por
(um) acompanhante da pessoa com defici- meio de identificação e de eliminação de todos
ência ou com mobilidade reduzida, resguar- os obstáculos e barreiras ao seu acesso.
dado o direito de se acomodar proxima-
mente a grupo familiar e comunitário. § 1º Para fins de acessibilidade aos serviços
de transporte coletivo terrestre, aquaviário
§ 4º Nos locais referidos no caput deste ar- e aéreo, em todas as jurisdições, conside-
tigo, deve haver, obrigatoriamente, rotas ram-se como integrantes desses serviços os
de fuga e saídas de emergência acessíveis, veículos, os terminais, as estações, os pon-
conforme padrões das normas de acessibi- tos de parada, o sistema viário e a prestação
lidade, a fim de permitir a saída segura da do serviço.
pessoa com deficiência ou com mobilidade
reduzida, em caso de emergência. § 2º São sujeitas ao cumprimento das dis-
posições desta Lei, sempre que houver inte-
§ 5º Todos os espaços das edificações pre- ração com a matéria nela regulada, a outor-
vistas no caput deste artigo devem atender ga, a concessão, a permissão, a autorização,
às normas de acessibilidade em vigor. a renovação ou a habilitação de linhas e de
serviços de transporte coletivo.
§ 6º As salas de cinema devem oferecer, em
todas as sessões, recursos de acessibilidade § 3º Para colocação do símbolo internacio-
para a pessoa com deficiência. nal de acesso nos veículos, as empresas de
transporte coletivo de passageiros depen-
§ 7º O valor do ingresso da pessoa com de- dem da certificação de acessibilidade emi-
ficiência não poderá ser superior ao valor tida pelo gestor público responsável pela
cobrado das demais pessoas. prestação do serviço.
Art. 45. Os hotéis, pousadas e similares devem Art. 47. Em todas as áreas de estacionamento
ser construídos observando-se os princípios aberto ao público, de uso público ou privado
do desenho universal, além de adotar todos os de uso coletivo e em vias públicas, devem ser
meios de acessibilidade, conforme legislação reservadas vagas próximas aos acessos de cir-
em vigor. culação de pedestres, devidamente sinalizadas,
§ 1º Os estabelecimentos já existentes de- para veículos que transportem pessoa com defi-
verão disponibilizar, pelo menos, 10% (dez ciência com comprometimento de mobilidade,
por cento) de seus dormitórios acessíveis, desde que devidamente identificados.
garantida, no mínimo, 1 (uma) unidade § 1º As vagas a que se refere o caput deste
acessível. artigo devem equivaler a 2% (dois por cen-
§ 2º Os dormitórios mencionados no § 1º to) do total, garantida, no mínimo, 1 (uma)
deste artigo deverão ser localizados em ro- vaga devidamente sinalizada e com as espe-
tas acessíveis. cificações de desenho e traçado de acordo
com as normas técnicas vigentes de acessi-
bilidade.
§ 2º Os veículos estacionados nas vagas re-
CAPÍTULO X
servadas devem exibir, em local de ampla
DO DIREITO AO TRANSPORTE visibilidade, a credencial de beneficiário, a
E À MOBILIDADE ser confeccionada e fornecida pelos órgãos
de trânsito, que disciplinarão suas caracte-
Art. 46. O direito ao transporte e à mobilida- rísticas e condições de uso.
de da pessoa com deficiência ou com mobili-
dade reduzida será assegurado em igualdade

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§ 3º A utilização indevida das vagas de que § 1º É proibida a cobrança diferenciada de


trata este artigo sujeita os infratores às san- tarifas ou de valores adicionais pelo serviço
ções previstas no inciso XVII do art. 181 da de táxi prestado à pessoa com deficiência.
Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997
(Código de Trânsito Brasileiro). (Vide Lei nº § 2º O poder público é autorizado a instituir
13.281, de 4/5/2016) incentivos fiscais com vistas a possibilitar a
acessibilidade dos veículos a que se refere o
§ 4º A credencial a que se refere o § 2º deste caput deste artigo.
artigo é vinculada à pessoa com deficiência
que possui comprometimento de mobilida- Art. 52. As locadoras de veículos são obrigadas
de e é válida em todo o território nacional. a oferecer 1 (um) veículo adaptado para uso de
pessoa com deficiência, a cada conjunto de 20
Art. 48. Os veículos de transporte coletivo ter- (vinte) veículos de sua frota.
restre, aquaviário e aéreo, as instalações, as es-
tações, os portos e os terminais em operação no Parágrafo único. O veículo adaptado deverá
País devem ser acessíveis, de forma a garantir o ter, no mínimo, câmbio automático, direção
seu uso por todas as pessoas. hidráulica, vidros elétricos e comandos ma-
nuais de freio e de embreagem.
§ 1º Os veículos e as estruturas de que trata
o caput deste artigo devem dispor de siste-
ma de comunicação acessível que disponi- TÍTULO III
bilize informações sobre todos os pontos do
itinerário. Da Acessibilidade
§ 2º São asseguradas à pessoa com defici-
ência prioridade e segurança nos procedi-
mentos de embarque e de desembarque
nos veículos de transporte coletivo, de acor- CAPÍTULO I
do com as normas técnicas. DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 3º Para colocação do símbolo internacio- Art. 53. A acessibilidade é direito que garante à
nal de acesso nos veículos, as empresas de pessoa com deficiência ou com mobilidade re-
transporte coletivo de passageiros depen- duzida viver de forma independente e exercer
dem da certificação de acessibilidade emi- seus direitos de cidadania e de participação so-
tida pelo gestor público responsável pela cial.
prestação do serviço.
Art. 54. São sujeitas ao cumprimento das dis-
Art. 49. As empresas de transporte de freta- posições desta Lei e de outras normas relativas
mento e de turismo, na renovação de suas fro- à acessibilidade, sempre que houver interação
tas, são obrigadas ao cumprimento do disposto com a matéria nela regulada:
nos arts. 46 e 48 desta Lei.
I – a aprovação de projeto arquitetônico e
Art. 50. O poder público incentivará a fabrica- urbanístico ou de comunicação e informa-
ção de veículos acessíveis e a sua utilização ção, a fabricação de veículos de transporte
como táxis e vans, de forma a garantir o seu uso coletivo, a prestação do respectivo serviço e
por todas as pessoas. a execução de qualquer tipo de obra, quan-
do tenham destinação pública ou coletiva;
Art. 51. As frotas de empresas de táxi devem
reservar 10% (dez por cento) de seus veículos II – a outorga ou a renovação de concessão,
acessíveis à pessoa com deficiência. permissão, autorização ou habilitação de
qualquer natureza;

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III – a aprovação de financiamento de pro- tivo deverão ser executadas de modo a serem
jeto com utilização de recursos públicos, acessíveis.
por meio de renúncia ou de incentivo fiscal,
contrato, convênio ou instrumento congê- § 1º As entidades de fiscalização profissio-
nere; e nal das atividades de Engenharia, de Arqui-
tetura e correlatas, ao anotarem a respon-
IV – a concessão de aval da União para ob- sabilidade técnica de projetos, devem exigir
tenção de empréstimo e de financiamento a responsabilidade profissional declarada
internacionais por entes públicos ou priva- de atendimento às regras de acessibilidade
dos. previstas em legislação e em normas técni-
cas pertinentes.
Art. 55. A concepção e a implantação de pro-
jetos que tratem do meio físico, de transporte, § 2º Para a aprovação, o licenciamento ou a
de informação e comunicação, inclusive de sis- emissão de certificado de projeto executivo
temas e tecnologias da informação e comunica- arquitetônico, urbanístico e de instalações
ção, e de outros serviços, equipamentos e ins- e equipamentos temporários ou perma-
talações abertos ao público, de uso público ou nentes e para o licenciamento ou a emissão
privado de uso coletivo, tanto na zona urbana de certificado de conclusão de obra ou de
como na rural, devem atender aos princípios do serviço, deve ser atestado o atendimento às
desenho universal, tendo como referência as regras de acessibilidade.
normas de acessibilidade.
§ 3º O poder público, após certificar a aces-
§ 1º O desenho universal será sempre to- sibilidade de edificação ou de serviço, de-
mado como regra de caráter geral. terminará a colocação, em espaços ou em
locais de ampla visibilidade, do símbolo in-
§ 2º Nas hipóteses em que comprovada- ternacional de acesso, na forma prevista em
mente o desenho universal não possa ser legislação e em normas técnicas correlatas.
empreendido, deve ser adotada adaptação
razoável. Art. 57. As edificações públicas e privadas de
uso coletivo já existentes devem garantir aces-
§ 3º Caberá ao poder público promover a sibilidade à pessoa com deficiência em todas as
inclusão de conteúdos temáticos referentes suas dependências e serviços, tendo como refe-
ao desenho universal nas diretrizes curricu- rência as normas de acessibilidade vigentes.
lares da educação profissional e tecnológica
e do ensino superior e na formação das car- Art. 58. O projeto e a construção de edificação
reiras de Estado. de uso privado multifamiliar devem atender aos
preceitos de acessibilidade, na forma regula-
§ 4º Os programas, os projetos e as linhas mentar.
de pesquisa a serem desenvolvidos com o
apoio de organismos públicos de auxílio à § 1º As construtoras e incorporadoras res-
pesquisa e de agências de fomento deverão ponsáveis pelo projeto e pela construção
incluir temas voltados para o desenho uni- das edificações a que se refere o caput des-
versal. te artigo devem assegurar percentual míni-
mo de suas unidades internamente acessí-
§ 5º Desde a etapa de concepção, as polí- veis, na forma regulamentar.
ticas públicas deverão considerar a adoção
do desenho universal. § 2º É vedada a cobrança de valores adicio-
nais para a aquisição de unidades interna-
Art. 56. A construção, a reforma, a ampliação mente acessíveis a que se refere o § 1º des-
ou a mudança de uso de edificações abertas ao te artigo.
público, de uso público ou privadas de uso cole-

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Art. 59. Em qualquer intervenção nas vias e nos I – eleição de prioridades, elaboração de
espaços públicos, o poder público e as empresas cronograma e reserva de recursos para im-
concessionárias responsáveis pela execução das plementação das ações; e
obras e dos serviços devem garantir, de forma
segura, a fluidez do trânsito e a livre circulação II – planejamento contínuo e articulado en-
e acessibilidade das pessoas, durante e após sua tre os setores envolvidos.
execução. Art. 62. É assegurado à pessoa com deficiência,
Art. 60. Orientam-se, no que couber, pelas re- mediante solicitação, o recebimento de contas,
gras de acessibilidade previstas em legislação e boletos, recibos, extratos e cobranças de tribu-
em normas técnicas, observado o disposto na tos em formato acessível.
Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, nº
10.257, de 10 de julho de 2001, e nº 12.587, de
3 de janeiro de 2012:
CAPÍTULO II
I – os planos diretores municipais, os planos DO ACESSO À INFORMAÇÃO
diretores de transporte e trânsito, os planos E À COMUNICAÇÃO
de mobilidade urbana e os planos de pre-
servação de sítios históricos elaborados ou Art. 63. É obrigatória a acessibilidade nos sítios
atualizados a partir da publicação desta Lei; da internet mantidos por empresas com sede ou
representação comercial no País ou por órgãos
II – os códigos de obras, os códigos de pos-
de governo, para uso da pessoa com deficiência,
tura, as leis de uso e ocupação do solo e as
garantindo-lhe acesso às informações disponí-
leis do sistema viário;
veis, conforme as melhores práticas e diretrizes
III – os estudos prévios de impacto de vizi- de acessibilidade adotadas internacionalmente.
nhança;
§ 1º Os sítios devem conter símbolo de
IV – as atividades de fiscalização e a imposi- acessibilidade em destaque.
ção de sanções; e
§ 2º Telecentros comunitários que recebe-
V – a legislação referente à prevenção con- rem recursos públicos federais para seu cus-
tra incêndio e pânico. teio ou sua instalação e lan houses devem
possuir equipamentos e instalações acessí-
§ 1º A concessão e a renovação de alvará de veis.
funcionamento para qualquer atividade são
condicionadas à observação e à certificação § 3º Os telecentros e as lan houses de que
das regras de acessibilidade. trata o § 2º deste artigo devem garantir, no
mínimo, 10% (dez por cento) de seus com-
§ 2º A emissão de carta de habite-se ou de putadores com recursos de acessibilidade
habilitação equivalente e sua renovação, para pessoa com deficiência visual, sendo
quando esta tiver sido emitida anterior- assegurado pelo menos 1 (um) equipamen-
mente às exigências de acessibilidade, é to, quando o resultado percentual for infe-
condicionada à observação e à certificação rior a 1 (um).
das regras de acessibilidade.
Art. 64. A acessibilidade nos sítios da internet
Art. 61. A formulação, a implementação e a ma- de que trata o art. 63 desta Lei deve ser obser-
nutenção das ações de acessibilidade atenderão vada para obtenção do financiamento de que
às seguintes premissas básicas: trata o inciso III do art. 54 desta Lei.
Art. 65. As empresas prestadoras de serviços de
telecomunicações deverão garantir pleno aces-

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so à pessoa com deficiência, conforme regula- Art. 69. O poder público deve assegurar a dispo-
mentação específica. nibilidade de informações corretas e claras so-
bre os diferentes produtos e serviços ofertados,
Art. 66. Cabe ao poder público incentivar a ofer- por quaisquer meios de comunicação emprega-
ta de aparelhos de telefonia fixa e móvel celular dos, inclusive em ambiente virtual, contendo a
com acessibilidade que, entre outras tecnolo- especificação correta de quantidade, qualidade,
gias assistivas, possuam possibilidade de indica- características, composição e preço, bem como
ção e de ampliação sonoras de todas as opera- sobre os eventuais riscos à saúde e à segurança
ções e funções disponíveis. do consumidor com deficiência, em caso de sua
Art. 67. Os serviços de radiodifusão de sons e utilização, aplicando-se, no que couber, os arts.
imagens devem permitir o uso dos seguintes re- 30 a 41 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de
cursos, entre outros: 1990.

I – subtitulação por meio de legenda oculta; § 1º Os canais de comercialização virtual


e os anúncios publicitários veiculados na
II – janela com intérprete da Libras; imprensa escrita, na internet, no rádio, na
III – audiodescrição. televisão e nos demais veículos de comuni-
cação abertos ou por assinatura devem dis-
Art. 68. O poder público deve adotar mecanis- ponibilizar, conforme a compatibilidade do
mos de incentivo à produção, à edição, à difu- meio, os recursos de acessibilidade de que
são, à distribuição e à comercialização de livros trata o art. 67 desta Lei, a expensas do for-
em formatos acessíveis, inclusive em publica- necedor do produto ou do serviço, sem pre-
ções da administração pública ou financiadas juízo da observância do disposto nos arts.
com recursos públicos, com vistas a garantir à 36 a 38 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro
pessoa com deficiência o direito de acesso à lei- de 1990.
tura, à informação e à comunicação.
§ 2º Os fornecedores devem disponibilizar,
§ 1º Nos editais de compras de livros, inclu- mediante solicitação, exemplares de bulas,
sive para o abastecimento ou a atualização prospectos, textos ou qualquer outro tipo
de acervos de bibliotecas em todos os níveis de material de divulgação em formato aces-
e modalidades de educação e de bibliote- sível.
cas públicas, o poder público deverá adotar
cláusulas de impedimento à participação Art. 70. As instituições promotoras de congres-
de editoras que não ofertem sua produção sos, seminários, oficinas e demais eventos de
também em formatos acessíveis. natureza científico-cultural devem oferecer à
pessoa com deficiência, no mínimo, os recursos
§ 2º Consideram-se formatos acessíveis os de tecnologia assistiva previstos no art. 67 desta
arquivos digitais que possam ser reconhe- Lei.
cidos e acessados por softwares leitores de
telas ou outras tecnologias assistivas que Art. 71. Os congressos, os seminários, as ofici-
vierem a substituí-los, permitindo leitura nas e os demais eventos de natureza científico-
com voz sintetizada, ampliação de caracte- -cultural promovidos ou financiados pelo poder
res, diferentes contrastes e impressão em público devem garantir as condições de acessi-
Braille. bilidade e os recursos de tecnologia assistiva.

§ 3º O poder público deve estimular e Art. 72. Os programas, as linhas de pesquisa e os


apoiar a adaptação e a produção de artigos projetos a serem desenvolvidos com o apoio de
científicos em formato acessível, inclusive agências de financiamento e de órgãos e enti-
em Libras. dades integrantes da administração pública que

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atuem no auxílio à pesquisa devem contemplar tantes do plano específico de medidas de-
temas voltados à tecnologia assistiva. verão ser avaliados, pelo menos, a cada 2
(dois) anos.
Art. 73. Caberá ao poder público, diretamente
ou em parceria com organizações da sociedade
civil, promover a capacitação de tradutores e
intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de CAPÍTULO IV
profissionais habilitados em Braille, audiodes-
DO DIREITO À PARTICIPAÇÃO NA
crição, estenotipia e legendagem.
VIDA PÚBLICA E POLÍTICA
Art. 76. O poder público deve garantir à pessoa
CAPÍTULO III com deficiência todos os direitos políticos e a
oportunidade de exercê-los em igualdade de
DA TECNOLOGIA ASSISTIVA condições com as demais pessoas.
Art. 74. É garantido à pessoa com deficiência § 1º À pessoa com deficiência será assegu-
acesso a produtos, recursos, estratégias, prá- rado o direito de votar e de ser votada, in-
ticas, processos, métodos e serviços de tecno- clusive por meio das seguintes ações:
logia assistiva que maximizem sua autonomia,
mobilidade pessoal e qualidade de vida. I – garantia de que os procedimentos, as
instalações, os materiais e os equipamentos
Art. 75. O poder público desenvolverá plano para votação sejam apropriados, acessíveis
específico de medidas, a ser renovado em cada a todas as pessoas e de fácil compreensão
período de 4 (quatro) anos, com a finalidade de: e uso, sendo vedada a instalação de seções
I – facilitar o acesso a crédito especializado, eleitorais exclusivas para a pessoa com de-
inclusive com oferta de linhas de crédito ficiência;
subsidiadas, específicas para aquisição de II – incentivo à pessoa com deficiência a
tecnologia assistiva; candidatar-se e a desempenhar quaisquer
II – agilizar, simplificar e priorizar procedi- funções públicas em todos os níveis de go-
mentos de importação de tecnologia assis- verno, inclusive por meio do uso de novas
tiva, especialmente as questões atinentes a tecnologias assistivas, quando apropriado;
procedimentos alfandegários e sanitários; III – garantia de que os pronunciamentos
III – criar mecanismos de fomento à pesqui- oficiais, a propaganda eleitoral obrigatória e
sa e à produção nacional de tecnologia as- os debates transmitidos pelas emissoras de
sistiva, inclusive por meio de concessão de televisão possuam, pelo menos, os recursos
linhas de crédito subsidiado e de parcerias elencados no art. 67 desta Lei;
com institutos de pesquisa oficiais; IV – garantia do livre exercício do direito ao
IV – eliminar ou reduzir a tributação da ca- voto e, para tanto, sempre que necessário e
deia produtiva e de importação de tecnolo- a seu pedido, permissão para que a pessoa
gia assistiva; com deficiência seja auxiliada na votação
por pessoa de sua escolha.
V – facilitar e agilizar o processo de inclusão
de novos recursos de tecnologia assistiva no § 2º O poder público promoverá a partici-
rol de produtos distribuídos no âmbito do pação da pessoa com deficiência, inclusive
SUS e por outros órgãos governamentais. quando institucionalizada, na condução das
questões públicas, sem discriminação e em
Parágrafo único. Para fazer cumprir o dis- igualdade de oportunidades, observado o
posto neste artigo, os procedimentos cons- seguinte:

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I – participação em organizações não gover- soa com deficiência às tecnologias da informa-
namentais relacionadas à vida pública e à ção e comunicação e às tecnologias sociais.
política do País e em atividades e adminis-
tração de partidos políticos; Parágrafo único. Serão estimulados, em es-
pecial:
II – formação de organizações para repre-
sentar a pessoa com deficiência em todos I – o emprego de tecnologias da informação
os níveis; e comunicação como instrumento de su-
peração de limitações funcionais e de bar-
III – participação da pessoa com deficiência reiras à comunicação, à informação, à edu-
em organizações que a representem. cação e ao entretenimento da pessoa com
deficiência;
II – a adoção de soluções e a difusão de nor-
TÍTULO IV mas que visem a ampliar a acessibilidade da
pessoa com deficiência à computação e aos
Da Ciência e Tecnologia sítios da internet, em especial aos serviços
Art. 77. O poder público deve fomentar o desen- de governo eletrônico.
volvimento científico, a pesquisa e a inovação e
a capacitação tecnológicas, voltados à melhoria
da qualidade de vida e ao trabalho da pessoa LIVRO II
com deficiência e sua inclusão social.
PARTE ESPECIAL
§ 1º O fomento pelo poder público deve
priorizar a geração de conhecimentos e téc-
nicas que visem à prevenção e ao tratamen-
to de deficiências e ao desenvolvimento de
TÍTULO I
tecnologias assistiva e social.
Do Acesso à Justiça
§ 2º A acessibilidade e as tecnologias assis-
tiva e social devem ser fomentadas median-
te a criação de cursos de pós-graduação, a
formação de recursos humanos e a inclusão CAPÍTULO I
do tema nas diretrizes de áreas do conheci- DISPOSIÇÕES GERAIS
mento.
Art. 79. O poder público deve assegurar o aces-
§ 3º Deve ser fomentada a capacitação tec-
so da pessoa com deficiência à justiça, em igual-
nológica de instituições públicas e privadas
dade de oportunidades com as demais pessoas,
para o desenvolvimento de tecnologias as-
garantindo, sempre que requeridos, adaptações
sistiva e social que sejam voltadas para me-
e recursos de tecnologia assistiva.
lhoria da funcionalidade e da participação
social da pessoa com deficiência. § 1º A fim de garantir a atuação da pessoa
com deficiência em todo o processo judicial,
§ 4º As medidas previstas neste artigo de-
o poder público deve capacitar os membros
vem ser reavaliadas periodicamente pelo
e os servidores que atuam no Poder Judiciá-
poder público, com vistas ao seu aperfeiço-
rio, no Ministério Público, na Defensoria Pú-
amento.
blica, nos órgãos de segurança pública e no
Art. 78. Devem ser estimulados a pesquisa, o sistema penitenciário quanto aos direitos
desenvolvimento, a inovação e a difusão de tec- da pessoa com deficiência.
nologias voltadas para ampliar o acesso da pes-

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§ 2º Devem ser assegurados à pessoa com § 1º Quando necessário, a pessoa com defi-
deficiência submetida a medida restritiva ciência será submetida à curatela, conforme
de liberdade todos os direitos e garantias a a lei.
que fazem jus os apenados sem deficiência,
garantida a acessibilidade. § 2º É facultado à pessoa com deficiência a
adoção de processo de tomada de decisão
§ 3º A Defensoria Pública e o Ministério Pú- apoiada.
blico tomarão as medidas necessárias à ga-
rantia dos direitos previstos nesta Lei. § 3º A definição de curatela de pessoa com
deficiência constitui medida protetiva ex-
Art. 80. Devem ser oferecidos todos os recursos traordinária, proporcional às necessidades
de tecnologia assistiva disponíveis para que a e às circunstâncias de cada caso, e durará o
pessoa com deficiência tenha garantido o aces- menor tempo possível.
so à justiça, sempre que figure em um dos polos
da ação ou atue como testemunha, partícipe da § 4º Os curadores são obrigados a prestar,
lide posta em juízo, advogado, defensor público, anualmente, contas de sua administração
magistrado ou membro do Ministério Público. ao juiz, apresentando o balanço do respec-
tivo ano.
Parágrafo único. A pessoa com deficiência
tem garantido o acesso ao conteúdo de to- Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos
dos os atos processuais de seu interesse, in- relacionados aos direitos de natureza patrimo-
clusive no exercício da advocacia. nial e negocial.

Art. 81. Os direitos da pessoa com deficiência § 1º A definição da curatela não alcança o
serão garantidos por ocasião da aplicação de direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao
sanções penais. matrimônio, à privacidade, à educação, à
saúde, ao trabalho e ao voto.
Art. 82. (VETADO).
§ 2º A curatela constitui medida extraordi-
Art. 83. Os serviços notariais e de registro não nária, devendo constar da sentença as ra-
podem negar ou criar óbices ou condições dife- zões e motivações de sua definição, preser-
renciadas à prestação de seus serviços em ra- vados os interesses do curatelado.
zão de deficiência do solicitante, devendo reco-
nhecer sua capacidade legal plena, garantida a § 3º No caso de pessoa em situação de ins-
acessibilidade. titucionalização, ao nomear curador, o juiz
deve dar preferência a pessoa que tenha
Parágrafo único. O descumprimento do dis- vínculo de natureza familiar, afetiva ou co-
posto no caput deste artigo constitui discri- munitária com o curatelado.
minação em razão de deficiência.
Art. 86. Para emissão de documentos oficiais,
não será exigida a situação de curatela da pes-
soa com deficiência.
CAPÍTULO II Art. 87. Em casos de relevância e urgência e a
DO RECONHECIMENTO fim de proteger os interesses da pessoa com de-
IGUAL PERANTE A LEI ficiência em situação de curatela, será lícito ao
juiz, ouvido o Ministério Público, de oficio ou a
Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegura- requerimento do interessado, nomear, desde
do o direito ao exercício de sua capacidade legal logo, curador provisório, o qual estará sujeito,
em igualdade de condições com as demais pes- no que couber, às disposições do Código de Pro-
soas. cesso Civil.

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TÍTULO II II – por aquele que se apropriou em razão
de ofício ou de profissão.
Dos Crimes e das Infrações Art. 90. Abandonar pessoa com deficiência em
Administrativas hospitais, casas de saúde, entidades de abriga-
mento ou congêneres:
Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discriminação
de pessoa em razão de sua deficiência: Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três)
anos, e multa.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos,
e multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre
quem não prover as necessidades básicas
§ 1º Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) de pessoa com deficiência quando obrigado
se a vítima encontrar-se sob cuidado e res- por lei ou mandado.
ponsabilidade do agente.
Art. 91. Reter ou utilizar cartão magnético, qual-
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no ca- quer meio eletrônico ou documento de pessoa
put deste artigo é cometido por intermédio com deficiência destinados ao recebimento de
de meios de comunicação social ou de pu- benefícios, proventos, pensões ou remuneração
blicação de qualquer natureza: ou à realização de operações financeiras, com o
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, fim de obter vantagem indevida para si ou para
e multa. outrem:

§ 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o juiz Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)


poderá determinar, ouvido o Ministério Pú- anos, e multa.
blico ou a pedido deste, ainda antes do in- Parágrafo único. Aumenta-se a pena em
quérito policial, sob pena de desobediência: 1/3 (um terço) se o crime é cometido por
I – recolhimento ou busca e apreensão dos tutor ou curador.
exemplares do material discriminatório;
II – interdição das respectivas mensagens TÍTULO III
ou páginas de informação na internet.
§ 4º Na hipótese do § 2º deste artigo, cons- Disposições Finais e Transitórias
titui efeito da condenação, após o trânsito
em julgado da decisão, a destruição do ma- Art. 92. É criado o Cadastro Nacional de Inclusão
terial apreendido. da Pessoa com Deficiência (Cadastro-Inclusão),
registro público eletrônico com a finalidade de
Art. 89. Apropriar-se de ou desviar bens, pro- coletar, processar, sistematizar e disseminar in-
ventos, pensão, benefícios, remuneração ou formações georreferenciadas que permitam a
qualquer outro rendimento de pessoa com de- identificação e a caracterização socioeconômica
ficiência: da pessoa com deficiência, bem como das bar-
reiras que impedem a realização de seus direi-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) tos.
anos, e multa.
§ 1º O Cadastro-Inclusão será administrado
Parágrafo único. Aumenta-se a pena em pelo Poder Executivo federal e constituído
1/3 (um terço) se o crime é cometido: por base de dados, instrumentos, procedi-
I – por tutor, curador, síndico, liquidatário, mentos e sistemas eletrônicos.
inventariante, testamenteiro ou depositário
judicial; ou

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§ 2º Os dados constituintes do Cadastro- I – receba o benefício de prestação continu-


-Inclusão serão obtidos pela integração dos ada previsto no art. 20 da Lei nº 8.742, de 7
sistemas de informação e da base de dados de dezembro de 1993, e que passe a exer-
de todas as políticas públicas relacionadas cer atividade remunerada que a enquadre
aos direitos da pessoa com deficiência, bem como segurado obrigatório do RGPS;
como por informações coletadas, inclusive
em censos nacionais e nas demais pesqui- II – tenha recebido, nos últimos 5 (cinco)
sas realizadas no País, de acordo com os pa- anos, o benefício de prestação continuada
râmetros estabelecidos pela Convenção so- previsto no art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de
bre os Direitos das Pessoas com Deficiência dezembro de 1993, e que exerça atividade
e seu Protocolo Facultativo. remunerada que a enquadre como segura-
do obrigatório do RGPS.
§ 3º Para coleta, transmissão e sistematiza-
ção de dados, é facultada a celebração de Art. 95. É vedado exigir o comparecimento de
convênios, acordos, termos de parceria ou pessoa com deficiência perante os órgãos pú-
contratos com instituições públicas e pri- blicos quando seu deslocamento, em razão de
vadas, observados os requisitos e procedi- sua limitação funcional e de condições de aces-
mentos previstos em legislação específica. sibilidade, imponha-lhe ônus desproporcional e
indevido, hipótese na qual serão observados os
§ 4º Para assegurar a confidencialidade, a seguintes procedimentos:
privacidade e as liberdades fundamentais
da pessoa com deficiência e os princípios I – quando for de interesse do poder públi-
éticos que regem a utilização de informa- co, o agente promoverá o contato necessá-
ções, devem ser observadas as salvaguar- rio com a pessoa com deficiência em sua
das estabelecidas em lei. residência;

§ 5º Os dados do Cadastro-Inclusão somen- II – quando for de interesse da pessoa com


te poderão ser utilizados para as seguintes deficiência, ela apresentará solicitação de
finalidades: atendimento domiciliar ou fará representar-
-se por procurador constituído para essa fi-
I – formulação, gestão, monitoramento e nalidade.
avaliação das políticas públicas para a pes-
soa com deficiência e para identificar as Parágrafo único. É assegurado à pessoa
barreiras que impedem a realização de seus com deficiência atendimento domiciliar
direitos; pela perícia médica e social do Instituto Na-
cional do Seguro Social (INSS), pelo serviço
II – realização de estudos e pesquisas. público de saúde ou pelo serviço privado de
saúde, contratado ou conveniado, que inte-
§ 6º As informações a que se refere este ar- gre o SUS e pelas entidades da rede socioas-
tigo devem ser disseminadas em formatos sistencial integrantes do Suas, quando seu
acessíveis. deslocamento, em razão de sua limitação
Art. 93. Na realização de inspeções e de audito- funcional e de condições de acessibilidade,
rias pelos órgãos de controle interno e externo, imponha-lhe ônus desproporcional e inde-
deve ser observado o cumprimento da legisla- vido.
ção relativa à pessoa com deficiência e das nor- Art. 96. O § 6º-A do art. 135 da Lei nº 4.737, de
mas de acessibilidade vigentes. 15 de julho de 1965 (Código Eleitoral), passa a
Art. 94. Terá direito a auxílio-inclusão, nos ter- vigorar com a seguinte redação:
mos da lei, a pessoa com deficiência moderada
ou grave que:

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"Art. 135. ........................................................... ......................................................................
............................................................................ ........................." (NR)
..............................................
Art. 98. A Lei nº 7.853, de 24 de outubro de
§ 6º-A. Os Tribunais Regionais Eleitorais de- 1989, passa a vigorar com as seguintes altera-
verão, a cada eleição, expedir instruções aos ções:
Juízes Eleitorais para orientá-los na escolha
dos locais de votação, de maneira a garantir "Art. 3º As medidas judiciais destinadas à pro-
acessibilidade para o eleitor com deficiência teção de interesses coletivos, difusos, individu-
ou com mobilidade reduzida, inclusive em ais homogêneos e individuais indisponíveis da
seu entorno e nos sistemas de transporte pessoa com deficiência poderão ser propostas
que lhe dão acesso. pelo Ministério Público, pela Defensoria Públi-
ca, pela União, pelos Estados, pelos Municípios,
...................................................................... pelo Distrito Federal, por associação constituída
........................." (NR) há mais de 1 (um) ano, nos termos da lei civil,
por autarquia, por empresa pública e por funda-
Art. 97. A Consolidação das Leis do Trabalho ção ou sociedade de economia mista que inclua,
(CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º entre suas finalidades institucionais, a proteção
de maio de 1943, passa a vigorar com as seguin- dos interesses e a promoção de direitos da pes-
tes alterações: soa com deficiência.
"Art. 428. ........................................................... ......................................................................
............................................................................ ........................." (NR)
............................................
"Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de
§ 6º Para os fins do contrato de aprendi- 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa:
zagem, a comprovação da escolaridade de
aprendiz com deficiência deve considerar, I – recusar, cobrar valores adicionais, sus-
sobretudo, as habilidades e competências pender, procrastinar, cancelar ou fazer ces-
relacionadas com a profissionalização. sar inscrição de aluno em estabelecimento
de ensino de qualquer curso ou grau, públi-
...................................................................... co ou privado, em razão de sua deficiência;
....................................
II – obstar inscrição em concurso público ou
§ 8º Para o aprendiz com deficiência com 18 acesso de alguém a qualquer cargo ou em-
(dezoito) anos ou mais, a validade do con- prego público, em razão de sua deficiência;
trato de aprendizagem pressupõe anotação
na CTPS e matrícula e frequência em pro- III – negar ou obstar emprego, trabalho ou
grama de aprendizagem desenvolvido sob promoção à pessoa em razão de sua defici-
orientação de entidade qualificada em for- ência;
mação técnico-profissional metódica." (NR)
IV – recusar, retardar ou dificultar interna-
"Art. 433. ........................................................... ção ou deixar de prestar assistência médico-
............................................................................ -hospitalar e ambulatorial à pessoa com de-
............................................ ficiência;
I – desempenho insuficiente ou inadapta- V – deixar de cumprir, retardar ou frustrar
ção do aprendiz, salvo para o aprendiz com execução de ordem judicial expedida na
deficiência quando desprovido de recursos ação civil a que alude esta Lei;
de acessibilidade, de tecnologias assistivas
e de apoio necessário ao desempenho de VI – recusar, retardar ou omitir dados téc-
suas atividades; nicos indispensáveis à propositura da ação

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civil pública objeto desta Lei, quando requi- "Art. 43. .............................................................
sitados. ............................................................................
..............................................
§ 1º Se o crime for praticado contra pes-
soa com deficiência menor de 18 (dezoito) § 6º Todas as informações de que trata o caput
anos, a pena é agravada em 1/3 (um terço). deste artigo devem ser disponibilizadas em for-
matos acessíveis, inclusive para a pessoa com
§ 2º A pena pela adoção deliberada de cri- deficiência, mediante solicitação do consumi-
térios subjetivos para indeferimento de ins- dor." (NR)
crição, de aprovação e de cumprimento de
estágio probatório em concursos públicos Art. 101. A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991,
não exclui a responsabilidade patrimonial passa a vigorar com as seguintes alterações:
pessoal do administrador público pelos da-
nos causados. "Art. 16. .............................................................
......................
§ 3º Incorre nas mesmas penas quem impe-
de ou dificulta o ingresso de pessoa com de- I – o cônjuge, a companheira, o companhei-
ficiência em planos privados de assistência ro e o filho não emancipado, de qualquer
à saúde, inclusive com cobrança de valores condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou
diferenciados. inválido ou que tenha deficiência intelectu-
al ou mental ou deficiência grave;
§ 4º Se o crime for praticado em atendi-
mento de urgência e emergência, a pena é ......................................................................
agravada em 1/3 (um terço)." (NR) ....................................

Art. 99. O art. 20 da Lei nº 8.036, de 11 de maio III – o irmão não emancipado, de qualquer
de 1990, passa a vigorar acrescido do seguinte condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou
inciso XVIII: inválido ou que tenha deficiência intelectu-
al ou mental ou deficiência grave;
"Art. 20. .............................................................
............................................................................ ......................................................................
.............................................. ........................." (NR)

XVIII – quando o trabalhador com deficiên- "Art. 77. .............................................................


cia, por prescrição, necessite adquirir órte- ............................................................................
se ou prótese para promoção de acessibili- ............................................
dade e de inclusão social. § 2º ..............................................................
...................................................................... ......................................................................
........................." (NR) ...........................................................

Art. 100. A Lei nº 8.078, de 11 de setembro de II – para o filho, a pessoa a ele equiparada
1990 (Código de Defesa do Consumidor), passa ou o irmão, de ambos os sexos, pela eman-
a vigorar com as seguintes alterações: cipação ou ao completar 21 (vinte e um)
anos de idade, salvo se for inválido ou tiver
"Art. 6º .............................................................. deficiência intelectual ou mental ou defici-
............................................................................ ência grave;
...............................................
......................................................................
Parágrafo único. A informação de que tra- .....................................
ta o inciso III do caput deste artigo deve ser
acessível à pessoa com deficiência, observa- § 4º ( VETADO).
do o disposto em regulamento." (NR)

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...................................................................... Art. 102. O art. 2º da Lei nº 8.313, de 23 de de-
........................." (NR) zembro de 1991, passa a vigorar acrescido do
seguinte § 3º:
"Art. 93. (VETADO):
"Art. 2º ..............................................................
I – (VETADO); ............................................................................
II – (VETADO); ...............................................

III – (VETADO); § 3º Os incentivos criados por esta Lei so-


mente serão concedidos a projetos culturais
IV – (VETADO); que forem disponibilizados, sempre que
V – (VETADO). tecnicamente possível, também em forma-
to acessível à pessoa com deficiência, ob-
§ 1º A dispensa de pessoa com deficiência servado o disposto em regulamento." (NR)
ou de beneficiário reabilitado da Previdên-
cia Social ao final de contrato por prazo de- Art. 103. O art. 11 da Lei nº 8.429, de 2 de junho
terminado de mais de 90 (noventa) dias e a de 1992, passa a vigorar acrescido do seguinte
dispensa imotivada em contrato por prazo inciso IX:
indeterminado somente poderão ocorrer "Art. 11. .............................................................
após a contratação de outro trabalhador ............................................................................
com deficiência ou beneficiário reabilitado ...............................................
da Previdência Social.
IX – deixar de cumprir a exigência de requi-
§ 2º Ao Ministério do Trabalho e Emprego sitos de acessibilidade previstos na legisla-
incumbe estabelecer a sistemática de fisca- ção." (NR)
lização, bem como gerar dados e estatísticas
sobre o total de empregados e as vagas pre- Art. 104. A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993,
enchidas por pessoas com deficiência e por passa a vigorar com as seguintes alterações:
beneficiários reabilitados da Previdência "Art. 3º ..............................................................
Social, fornecendo-os, quando solicitados, ............................................................................
aos sindicatos, às entidades representativas ..............................................
dos empregados ou aos cidadãos interessa-
dos. § 2º ..............................................................
......................................................................
§ 3º Para a reserva de cargos será considera- ...........................................................
da somente a contratação direta de pessoa
com deficiência, excluído o aprendiz com V – produzidos ou prestados por empresas
deficiência de que trata a Consolidação das que comprovem cumprimento de reserva
Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decre- de cargos prevista em lei para pessoa com
to-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. deficiência ou para reabilitado da Previdên-
cia Social e que atendam às regras de aces-
§ 4º (VETADO)." (NR) sibilidade previstas na legislação.
"Art. 110-A. No ato de requerimento de benefí- ......................................................................
cios operacionalizados pelo INSS, não será exigi- .....................................
da apresentação de termo de curatela de titular
ou de beneficiário com deficiência, observados § 5º Nos processos de licitação, poderá ser
os procedimentos a serem estabelecidos em re- estabelecida margem de preferência para:
gulamento."

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I – produtos manufaturados e para serviços renda familiar per capita a que se refere o §
nacionais que atendam a normas técnicas 3º deste artigo.
brasileiras; e
......................................................................
II – bens e serviços produzidos ou prestados .....................................
por empresas que comprovem cumprimen-
to de reserva de cargos prevista em lei para § 11. Para concessão do benefício de que
pessoa com deficiência ou para reabilitado trata o caput deste artigo, poderão ser utili-
da Previdência Social e que atendam às re- zados outros elementos probatórios da con-
gras de acessibilidade previstas na legisla- dição de miserabilidade do grupo familiar e
ção. da situação de vulnerabilidade, conforme
regulamento." (NR)
......................................................................
........................." (NR) Art. 106. (VETADO).

"Art. 66-A. As empresas enquadradas no inciso Art. 107. A Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995,
V do § 2º e no inciso II do § 5º do art. 3º desta passa a vigorar com as seguintes alterações:
Lei deverão cumprir, durante todo o período de "Art. 1º É proibida a adoção de qualquer prática
execução do contrato, a reserva de cargos pre- discriminatória e limitativa para efeito de acesso
vista em lei para pessoa com deficiência ou para à relação de trabalho, ou de sua manutenção,
reabilitado da Previdência Social, bem como as por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado
regras de acessibilidade previstas na legislação. civil, situação familiar, deficiência, reabilitação
Parágrafo único. Cabe à administração fis- profissional, idade, entre outros, ressalvadas,
calizar o cumprimento dos requisitos de nesse caso, as hipóteses de proteção à criança e
acessibilidade nos serviços e nos ambientes ao adolescente previstas no inciso XXXIII do art.
de trabalho." 7º da Constituição Federal." (NR)

Art. 105. O art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de de- "Art. 3º Sem prejuízo do prescrito no art. 2º
zembro de 1993, passa a vigorar com as seguin- desta Lei e nos dispositivos legais que tipificam
tes alterações: os crimes resultantes de preconceito de etnia,
raça, cor ou deficiência, as infrações ao dispos-
"Art. 20. ............................................................. to nesta Lei são passíveis das seguintes comina-
............................................................................ ções:
..............................................
......................................................................
§ 2º Para efeito de concessão do benefício ........................." (NR)
de prestação continuada, considera-se pes-
soa com deficiência aquela que tem impe- "Art. 4º ...............................................................
dimento de longo prazo de natureza física, ......................
mental, intelectual ou sensorial, o qual, em I – a reintegração com ressarcimento in-
interação com uma ou mais barreiras, pode tegral de todo o período de afastamento,
obstruir sua participação plena e efetiva na mediante pagamento das remunerações
sociedade em igualdade de condições com devidas, corrigidas monetariamente e
as demais pessoas. acrescidas de juros legais;
...................................................................... ......................................................................
.................................... ........................." (NR)
§ 9º Os rendimentos decorrentes de estágio Art. 108. O art. 35 da Lei nº 9.250, de 26 de de-
supervisionado e de aprendizagem não se- zembro de 1995, passa a vigorar acrescido do
rão computados para os fins de cálculo da seguinte § 5º:

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"Art. 35. ............................................................. da Libras, para acompanhamento em aulas
............................................................................ práticas e teóricas."
...........................................
"Art. 154. (VETADO)."
§ 5º Sem prejuízo do disposto no inciso
IX do parágrafo único do art. 3º da Lei nº "Art. 181. ...........................................................
10.741, de 1º de outubro de 2003, a pes- ............................................................................
soa com deficiência, ou o contribuinte que ............................................
tenha dependente nessa condição, tem pre- XVII – ............................................................
ferência na restituição referida no inciso III ..........................
do art. 4º e na alínea "c" do inciso II do art.
8º." (NR) Infração – grave;

Art. 109. A Lei nº 9.503, de 23 de setembro de ......................................................................


1997 (Código de Trânsito Brasileiro), passa a vi- ........................." (NR)
gorar com as seguintes alterações:
Art. 110. O inciso VI e o § 1º do art. 56 da Lei nº
"Art. 2º ............................................................... 9.615, de 24 de março de 1998, passam a vigo-
...................... rar com a seguinte redação:

Parágrafo único. Para os efeitos deste Có- "Art. 56. .............................................................


digo, são consideradas vias terrestres as ............................................................................
praias abertas à circulação pública, as vias ..............................................
internas pertencentes aos condomínios
VI – 2,7% (dois inteiros e sete décimos por
constituídos por unidades autônomas e as
cento) da arrecadação bruta dos concursos
vias e áreas de estacionamento de estabe-
de prognósticos e loterias federais e simi-
lecimentos privados de uso coletivo." (NR)
lares cuja realização estiver sujeita a auto-
"Art. 86-A. As vagas de estacionamento regula- rização federal, deduzindo-se esse valor do
mentado de que trata o inciso XVII do art. 181 montante destinado aos prêmios;
desta Lei deverão ser sinalizadas com as respec-
......................................................................
tivas placas indicativas de destinação e com pla-
....................................
cas informando os dados sobre a infração por
estacionamento indevido." § 1º Do total de recursos financeiros resul-
tantes do percentual de que trata o inciso
"Art. 147-A. Ao candidato com deficiência au-
VI do caput, 62,96% (sessenta e dois intei-
ditiva é assegurada acessibilidade de comunica-
ros e noventa e seis centésimos por cento)
ção, mediante emprego de tecnologias assisti-
serão destinados ao Comitê Olímpico Brasi-
vas ou de ajudas técnicas em todas as etapas do
leiro (COB) e 37,04% (trinta e sete inteiros
processo de habilitação.
e quatro centésimos por cento) ao Comitê
§ 1º O material didático audiovisual utiliza- Paralímpico Brasileiro (CPB), devendo ser
do em aulas teóricas dos cursos que prece- observado, em ambos os casos, o conjunto
dem os exames previstos no art. 147 desta de normas aplicáveis à celebração de con-
Lei deve ser acessível, por meio de subtitu- vênios pela União.
lação com legenda oculta associada à tradu-
......................................................................
ção simultânea em Libras.
........................." (NR)
§ 2º É assegurado também ao candidato
Art. 111. O art. 1º da Lei nº 10.048, de 8 de no-
com deficiência auditiva requerer, no ato
vembro de 2000, passa a vigorar com a seguinte
de sua inscrição, os serviços de intérprete
redação:

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"Art. 1º As pessoas com deficiência, os idosos dio de sistemas de comunicação e de tecno-


com idade igual ou superior a 60 (sessenta) logia da informação;
anos, as gestantes, as lactantes, as pessoas com
crianças de colo e os obesos terão atendimento III – pessoa com deficiência: aquela que
prioritário, nos termos desta Lei." (NR) tem impedimento de longo prazo de natu-
reza física, mental, intelectual ou sensorial,
Art. 112. A Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de o qual, em interação com uma ou mais bar-
2000, passa a vigorar com as seguintes altera- reiras, pode obstruir sua participação ple-
ções: na e efetiva na sociedade em igualdade de
condições com as demais pessoas;
"Art. 2º ...............................................................
...................... IV – pessoa com mobilidade reduzida:
aquela que tenha, por qualquer motivo, di-
I – acessibilidade: possibilidade e condição ficuldade de movimentação, permanente
de alcance para utilização, com segurança e ou temporária, gerando redução efetiva da
autonomia, de espaços, mobiliários, equi- mobilidade, da flexibilidade, da coordena-
pamentos urbanos, edificações, transpor- ção motora ou da percepção, incluindo ido-
tes, informação e comunicação, inclusive so, gestante, lactante, pessoa com criança
seus sistemas e tecnologias, bem como de de colo e obeso;
outros serviços e instalações abertos ao pú-
blico, de uso público ou privados de uso co- V – acompanhante: aquele que acompanha
letivo, tanto na zona urbana como na rural, a pessoa com deficiência, podendo ou não
por pessoa com deficiência ou com mobili- desempenhar as funções de atendente pes-
dade reduzida; soal;
II – barreiras: qualquer entrave, obstáculo, VI – elemento de urbanização: quaisquer
atitude ou comportamento que limite ou componentes de obras de urbanização,
impeça a participação social da pessoa, bem tais como os referentes a pavimentação,
como o gozo, a fruição e o exercício de seus saneamento, encanamento para esgotos,
direitos à acessibilidade, à liberdade de mo- distribuição de energia elétrica e de gás,
vimento e de expressão, à comunicação, ao iluminação pública, serviços de comunica-
acesso à informação, à compreensão, à cir- ção, abastecimento e distribuição de água,
culação com segurança, entre outros, classi- paisagismo e os que materializam as indica-
ficadas em: ções do planejamento urbanístico;
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas VII – mobiliário urbano: conjunto de obje-
vias e nos espaços públicos e privados aber- tos existentes nas vias e nos espaços públi-
tos ao público ou de uso coletivo; cos, superpostos ou adicionados aos ele-
mentos de urbanização ou de edificação, de
b) barreiras arquitetônicas: as existentes forma que sua modificação ou seu traslado
nos edifícios públicos e privados; não provoque alterações substanciais nes-
c) barreiras nos transportes: as existentes ses elementos, tais como semáforos, postes
nos sistemas e meios de transportes; de sinalização e similares, terminais e pon-
tos de acesso coletivo às telecomunicações,
d) barreiras nas comunicações e na infor- fontes de água, lixeiras, toldos, marquises,
mação: qualquer entrave, obstáculo, atitu- bancos, quiosques e quaisquer outros de
de ou comportamento que dificulte ou im- natureza análoga;
possibilite a expressão ou o recebimento de
mensagens e de informações por intermé- VIII – tecnologia assistiva ou ajuda técnica:
produtos, equipamentos, dispositivos, re-
cursos, metodologias, estratégias, práticas e

www.acasadoconcurseiro.com.br 381
serviços que objetivem promover a funcio- emita sinal sonoro suave para orientação do
nalidade, relacionada à atividade e à parti- pedestre." (NR)
cipação da pessoa com deficiência ou com
mobilidade reduzida, visando à sua autono- "Art. 10-A. A instalação de qualquer mobiliário
mia, independência, qualidade de vida e in- urbano em área de circulação comum para pe-
clusão social; destre que ofereça risco de acidente à pessoa
com deficiência deverá ser indicada median-
IX – comunicação: forma de interação dos te sinalização tátil de alerta no piso, de acordo
cidadãos que abrange, entre outras opções, com as normas técnicas pertinentes."
as línguas, inclusive a Língua Brasileira de
Sinais (Libras), a visualização de textos, o "Art. 12-A. Os centros comerciais e os estabe-
Braille, o sistema de sinalização ou de co- lecimentos congêneres devem fornecer carros e
municação tátil, os caracteres ampliados, os cadeiras de rodas, motorizados ou não, para o
dispositivos multimídia, assim como a lin- atendimento da pessoa com deficiência ou com
guagem simples, escrita e oral, os sistemas mobilidade reduzida."
auditivos e os meios de voz digitalizados e Art. 113. A Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001
os modos, meios e formatos aumentativos (Estatuto da Cidade), passa a vigorar com as se-
e alternativos de comunicação, incluindo as guintes alterações:
tecnologias da informação e das comunica-
ções; "Art. 3º ..............................................................
............................................................................
X – desenho universal: concepção de pro- ...............................................
dutos, ambientes, programas e serviços a
serem usados por todas as pessoas, sem III – promover, por iniciativa própria e em
necessidade de adaptação ou de projeto es- conjunto com os Estados, o Distrito Federal
pecífico, incluindo os recursos de tecnologia e os Municípios, programas de construção
assistiva." (NR) de moradias e melhoria das condições habi-
tacionais, de saneamento básico, das calça-
"Art. 3º O planejamento e a urbanização das das, dos passeios públicos, do mobiliário ur-
vias públicas, dos parques e dos demais espaços bano e dos demais espaços de uso público;
de uso público deverão ser concebidos e execu-
tados de forma a torná-los acessíveis para todas IV – instituir diretrizes para desenvolvimen-
as pessoas, inclusive para aquelas com deficiên- to urbano, inclusive habitação, saneamen-
cia ou com mobilidade reduzida. to básico, transporte e mobilidade urbana,
que incluam regras de acessibilidade aos lo-
Parágrafo único. O passeio público, ele- cais de uso público;
mento obrigatório de urbanização e parte
da via pública, normalmente segregado e ......................................................................
em nível diferente, destina-se somente à ........................." (NR)
circulação de pedestres e, quando possível,
"Art. 41. .............................................................
à implantação de mobiliário urbano e de ve-
............................................................................
getação." (NR)
................................................
"Art. 9º ...............................................................
§ 3º As cidades de que trata o caput deste
......................
artigo devem elaborar plano de rotas aces-
Parágrafo único. Os semáforos para pedes- síveis, compatível com o plano diretor no
tres instalados em vias públicas de grande qual está inserido, que disponha sobre os
circulação, ou que deem acesso aos servi- passeios públicos a serem implantados ou
ços de reabilitação, devem obrigatoriamen- reformados pelo poder público, com vis-
te estar equipados com mecanismo que tas a garantir acessibilidade da pessoa com

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deficiência ou com mobilidade reduzida ......................................................................


a todas as rotas e vias existentes, inclusi- ...............................
ve as que concentrem os focos geradores
de maior circulação de pedestres, como os § 1º ..............................................................
órgãos públicos e os locais de prestação de .............................
serviços públicos e privados de saúde, edu- § 2º A pessoa com deficiência poderá tes-
cação, assistência social, esporte, cultura, temunhar em igualdade de condições com
correios e telégrafos, bancos, entre outros, as demais pessoas, sendo-lhe assegurados
sempre que possível de maneira integrada todos os recursos de tecnologia assistiva."
com os sistemas de transporte coletivo de (NR)
passageiros." (NR)
"Art. 1.518 Até a celebração do casamento po-
Art. 114. A Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de dem os pais ou tutores revogar a autorização."
2002 (Código Civil), passa a vigorar com as se- (NR)
guintes alterações:
"Art. 1.548 .........................................................
"Art. 3º São absolutamente incapazes de exer- .....................
cer pessoalmente os atos da vida civil os meno-
res de 16 (dezesseis) anos. I – (Revogado);

I – (Revogado); ......................................................................
........................." (NR)
II – (Revogado);
"Art. 1.550 .........................................................
III – (Revogado)." (NR) .....................
"Art. 4º São incapazes, relativamente a certos ......................................................................
atos ou à maneira de os exercer: .............................
...................................................................... § 1º ..............................................................
..................................... .............................
II – os ébrios habituais e os viciados em tó- § 2º A pessoa com deficiência mental ou
xico; intelectual em idade núbia poderá contrair
III – aqueles que, por causa transitória ou matrimônio, expressando sua vontade dire-
permanente, não puderem exprimir sua tamente ou por meio de seu responsável ou
vontade; curador." (NR)

...................................................................... "Art. 1.557 .........................................................


.................................... ............................................................................
.............................................
Parágrafo único. A capacidade dos indíge-
nas será regulada por legislação especial." III – a ignorância, anterior ao casamento,
(NR) de defeito físico irremediável que não ca-
racterize deficiência ou de moléstia grave e
"Art. 228. ........................................................... transmissível, por contágio ou por herança,
............................................................................ capaz de pôr em risco a saúde do outro côn-
............................................ juge ou de sua descendência;
II – (Revogado); IV – (Revogado)." (NR)
III – (Revogado); "Art. 1.767 .........................................................
.....................

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I – aqueles que, por causa transitória ou "Art. 1.775-A Na nomeação de curador para a
permanente, não puderem exprimir sua pessoa com deficiência, o juiz poderá estabele-
vontade; cer curatela compartilhada a mais de uma pes-
soa."
II – (Revogado);
"Art. 1.777 As pessoas referidas no inciso I do
III – os ébrios habituais e os viciados em tó- art. 1.767 receberão todo o apoio necessário
xico; para ter preservado o direito à convivência fa-
IV – (Revogado); miliar e comunitária, sendo evitado o seu re-
colhimento em estabelecimento que os afaste
...................................................................... desse convívio." (NR)
........................." (NR)
Art. 115. O Título IV do Livro IV da Parte Espe-
"Art. 1.768 O processo que define os termos da cial da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002
curatela deve ser promovido: (Código Civil), passa a vigorar com a seguinte re-
...................................................................... dação:
....................................
IV – pela própria pessoa." (NR) "TÍTULO IV
"Art. 1.769 O Ministério Público somente pro-
moverá o processo que define os termos da
Da Tutela, da Curatela e da Tomada
curatela: de Decisão Apoiada"
I – nos casos de deficiência mental ou inte- Art. 116. O Título IV do Livro IV da Parte Especial
lectual; da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Có-
digo Civil), passa a vigorar acrescido do seguinte
...................................................................... Capítulo III:
....................................
III – se, existindo, forem menores ou inca-
pazes as pessoas mencionadas no inciso II."
(NR) "CAPÍTULO III
Da Tomada de Decisão Apoiada
"Art. 1.771 Antes de se pronunciar acerca dos
termos da curatela, o juiz, que deverá ser as- Art. 1.783-A A tomada de decisão apoiada é o
sistido por equipe multidisciplinar, entrevistará processo pelo qual a pessoa com deficiência ele-
pessoalmente o interditando." (NR) ge pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as
quais mantenha vínculos e que gozem de sua
"Art. 1.772 O juiz determinará, segundo as po- confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de
tencialidades da pessoa, os limites da curatela, decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes
circunscritos às restrições constantes do art. os elementos e informações necessários para
1.782, e indicará curador. que possa exercer sua capacidade.
Parágrafo único. Para a escolha do curador, § 1º Para formular pedido de tomada de de-
o juiz levará em conta a vontade e as prefe- cisão apoiada, a pessoa com deficiência e
rências do interditando, a ausência de con- os apoiadores devem apresentar termo em
flito de interesses e de influência indevida, que constem os limites do apoio a ser ofe-
a proporcionalidade e a adequação às cir- recido e os compromissos dos apoiadores,
cunstâncias da pessoa." (NR) inclusive o prazo de vigência do acordo e o

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respeito a vontade, aos direitos e aos inte- tomada de decisão apoiada, sendo seu des-
resses da pessoa que devem apoiar. ligamento condicionado a manifestação do
juiz sobre a matéria.
§ 2º O pedido de tomada de decisão apoia-
da será requerido pela pessoa a ser apoia- § 11. Aplicam-se a tomada de decisão
da, com indicação expressa das pessoas ap- apoiada, no que couber, as disposições re-
tas a prestarem o apoio previsto no caput ferentes a prestação de contas na curatela."
deste artigo.
Art. 117. O art. 1º da Lei nº 11.126, de 27 de
§ 3º Antes de se pronunciar sobre o pedido junho de 2005, passa a vigorar com a seguinte
de tomada de decisão apoiada, o juiz, assis- redação:
tido por equipe multidisciplinar, após oitiva
do Ministério Público, ouvirá pessoalmente "Art. 1º É assegurado a pessoa com deficiência
o requerente e as pessoas que lhe prestarão visual acompanhada de cão-guia o direito de
apoio. ingressar e de permanecer com o animal em
todos os meios de transporte e em estabeleci-
§ 4º A decisão tomada por pessoa apoiada mentos abertos ao público, de uso público e pri-
terá validade e efeitos sobre terceiros, sem vados de uso coletivo, desde que observadas as
restrições, desde que esteja inserida nos li- condições impostas por esta Lei.
mites do apoio acordado.
......................................................................
§ 5º Terceiro com quem a pessoa apoiada .....................................
mantenha relação negocial pode solicitar
que os apoiadores contra-assinem o contra- § 2º O disposto no caput deste artigo aplica-
to ou acordo, especificando, por escrito, sua -se a todas as modalidades e jurisdições do
função em relação ao apoiado. serviço de transporte coletivo de passagei-
ros, inclusive em esfera internacional com
§ 6º Em caso de negócio jurídico que possa origem no território brasileiro." (NR)
trazer risco ou prejuízo relevante, haven-
do divergência de opiniões entre a pessoa Art. 118. O inciso IV do art. 46 da Lei nº 11.904,
apoiada e um dos apoiadores, deverá o juiz, de 14 de janeiro de 2009, passa a vigorar acres-
ouvido o Ministério Público, decidir sobre a cido da seguinte alínea "k":
questão. "Art. 46. .............................................................
§ 7º Se o apoiador agir com negligência, ............................................................................
exercer pressão indevida ou não adimplir ..............................................
as obrigações assumidas, poderá a pessoa IV – ..............................................................
apoiada ou qualquer pessoa apresentar de- ......................................................................
núncia ao Ministério Público ou ao juiz. .........................................................
§ 8º Se procedente a denúncia, o juiz desti- k) de acessibilidade a todas as pessoas.
tuirá o apoiador e nomeará, ouvida a pes-
soa apoiada e se for de seu interesse, outra ......................................................................
pessoa para prestação de apoio. ......................... " (NR)

§ 9º A pessoa apoiada pode, a qualquer Art. 119. A Lei nº 12.587, de 3 de janeiro de


tempo, solicitar o término de acordo fir- 2012, passa a vigorar acrescida do seguinte art.
mado em processo de tomada de decisão 12-B:
apoiada.
"Art. 12-B. Na outorga de exploração de serviço
§ 10. O apoiador pode solicitar ao juiz a ex- de táxi, reservar-se-ão 10% (dez por cento) das
clusão de sua participação do processo de vagas para condutores com deficiência.

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§ 1º Para concorrer às vagas reservadas na I – o inciso II do § 2º do art. 1º da Lei nº
forma do caput deste artigo, o condutor 9.008, de 21 de março de 1995;
com deficiência deverá observar os seguin-
tes requisitos quanto ao veículo utilizado: II – os incisos I, II e III do art. 3º da Lei nº
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código
I – ser de sua propriedade e por ele condu- Civil);
zido; e
III – os incisos II e III do art. 228 da Lei nº
II – estar adaptado às suas necessidades, 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código
nos termos da legislação vigente. Civil);
§ 2º No caso de não preenchimento das va- IV – o inciso I do art. 1.548 da Lei nº 10.406,
gas na forma estabelecida no caput deste de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil);
artigo, as remanescentes devem ser dispo-
nibilizadas para os demais concorrentes." V – o inciso IV do art. 1.557 da Lei nº 10.406,
de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil);
Art. 120. Cabe aos órgãos competentes, em
cada esfera de governo, a elaboração de rela- VI – os incisos II e IV do art. 1.767 da Lei nº
tórios circunstanciados sobre o cumprimento 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Ci-
dos prazos estabelecidos por força das Leis nº vil);
10.048, de 8 de novembro de 2000, e nº 10.098, VII – os arts. 1.776 e 1.780 da Lei nº 10.406,
de 19 de dezembro de 2000, bem como o seu de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).
encaminhamento ao Ministério Público e aos
órgãos de regulação para adoção das providên- Art. 124. O § 1º do art. 2º desta Lei deverá en-
cias cabíveis. trar em vigor em até 2 (dois) anos, contados da
entrada em vigor desta Lei.
Parágrafo único. Os relatórios a que se refe-
re o caput deste artigo deverão ser apresen- Art. 125. Devem ser observados os prazos a se-
tados no prazo de 1 (um) ano a contar da guir discriminados, a partir da entrada em vigor
entrada em vigor desta Lei. desta Lei, para o cumprimento dos seguintes
dispositivos:
Art. 121. Os direitos, os prazos e as obrigações
previstos nesta Lei não excluem os já estabeleci- I – incisos I e II do § 2º do art. 28, 48 (qua-
dos em outras legislações, inclusive em pactos, renta e oito) meses;
tratados, convenções e declarações internacio-
II – § 6º do art. 44, 48 (quarenta e oito) me-
nais aprovados e promulgados pelo Congresso
ses;
Nacional, e devem ser aplicados em conformi-
dade com as demais normas internas e acordos III – art. 45, 24 (vinte e quatro) meses;
internacionais vinculantes sobre a matéria.
IV – art. 49, 48 (quarenta e oito) meses.
Parágrafo único. Prevalecerá a norma mais
benéfica à pessoa com deficiência. Art. 126. Prorroga-se até 31 de dezembro de
2021 a vigência da Lei nº 8.989, de 24 de feve-
Art. 122. Regulamento disporá sobre a ade- reiro de 1995.
quação do disposto nesta Lei ao tratamento di-
ferenciado, simplificado e favorecido a ser dis- Art. 127. Esta Lei entra em vigor após decorri-
pensado às microempresas e às empresas de dos 180 (cento e oitenta) dias de sua publicação
pequeno porte, previsto no § 3º do art. 1º da oficial.
Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro Brasília, 6 de julho de 2015; 194º da Indepen-
de 2006. dência e 127º da República.
Art. 123. Revogam-se os seguintes dispositivos:

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OS PROGRAMAS NACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS DO BRASIL

PNDH I: ênfase nos direitos civis e políticos


É importante mencionar que o primeiro PNDH, publicado pelo Decreto presidencial nº 1904
em 1996, foi o objeto de debate da 1ª Conferência Nacional de Direitos Humanos. Isso ocorreu
três anos depois da Conferência de Viena de 1993, que recomenda em seu plano de ação, que
os países deveriam elaborar Programas Nacionais de Direitos Humanos por meio dos quais os
Estados avançariam na promoção e proteção dos direitos.
Explicitamente, o primeiro PNDH atribuiu uma maior ênfase na promoção e defesa dos direitos
civis, ou seja, com 228 propostas de ações governamentais, prioritariamente, voltadas para a
integridade física, a liberdade e o espaço de cidadania de populações vulneráveis e/ou com
histórico de discriminação.
Não havia no PNDH I mecanismos de incorporação das propostas de ação previstas no
programa, nos instrumentos de planejamento e orçamento do Estado brasileiro. Além disso,
a maioria das propostas se colocava de maneira pouco afirmativa, genéricas, no sentido de
apoiar, estimular, incentivar.

PNDH II: o aparecimento dos direitos econômicos, sociais e culturais, e a


proteção mais completa dos direitos humanos
Devido a essas e outras críticas com relação ao formato do PNDH I, foi iniciado, em 2001,
um processo de debates e construção do PNDH II, por meio de seminários regionais, que foi
concluído com a publicação do Decreto presidencial 4229 de 2002. O PNDH II incluiu os direitos
sociais, econômicos e culturais, “de forma consentânea com a noção de indivisibildiade e
interdependência de todos os direitos humanos expressa na Declaração e no Programa de Ação
da Conferência de Viena”.
Uma importante novidade foi a diretriz de criação de novas formas de acompanhamento e
monitoramento das ações contempladas no PNDH, por meio da relação entre a implementação
do programa e a elaboração dos orçamentos nos níveis federal, estadual e municipal. Assim,
o PNDH II deveria influenciar a discussão no transcurso de 2003, do Plano Plurianual 2004-
2007, servindo de parâmetro e orientação para a definição dos programas sociais a serem
desenvolvidos no país até 2007, ano em que se procederia a nova revisão do PNDH 2.
Essa intencionalidade foi um grande avanço do PNDH II, ou seja, a preocupação de que as
propostas constantes no Programa tivessem concretude com a formulação de políticas públicas
e a destinação de recursos para sua execução. Nesse sentido, foi formulado pelo Governo
Federal à época, um Plano de Ação para 2002, por meio da vinculação entre parte das 518
propostas do PNDH e os programas e ações governamentais, incluindo a previsão dos recursos
na Lei Orçamentária Anual (LOA 2002) e as metas físicas a serem atingidas naquele ano.
Publicado em 2003, foi um programa pouco utilizado, uma vez que entrou na transição de
governos entre 2002/2003 e, mesmo sendo uma política de Estado e não de governo, não foi
muito implementado e nem obteve muita aceitação.

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O que é o PNDH-3
O Terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos, instituído pelo Decreto nº 7.037, de 21
de dezembro de 2009, e atualizado pelo Decreto nº 7.177, de 12 de maio de 2010, é produto
de uma construção democrática e participativa, incorporando resoluções da 11ª Conferência
Nacional de Direitos Humanos, além de propostas aprovadas em mais de 50 conferências
temáticas, promovidas desde 2003, em áreas como segurança alimentar, educação, saúde,
habitação, igualdade racial, direitos da mulher, juventude, crianças e adolescentes, pessoas
com deficiência, idosos, meio ambiente, etc.
O PNDH-3 concebe a efetivação dos direitos humanos como uma política de Estado, centrada
na dignidade da pessoa humana e na criação de oportunidades para que todos e todas possam
desenvolver seu potencial de forma livre, autônoma e plena. Parte, portanto, de princípios
essenciais à consolidação da democracia no Brasil: diálogo permanente entre Estado e sociedade
civil; transparência em todas as áreas e esferas de governo; primazia dos Direitos Humanos
nas políticas internas e nas relações internacionais; caráter laico do Estado; fortalecimento do
pacto federativo; universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos civis, políticos,
econômicos, sociais, culturais e ambientais; opção clara pelo desenvolvimento sustentável;
respeito à diversidade; combate às desigualdades; erradicação da fome e da extrema pobreza.
O PNDH-3 estrutura-se em torno dos seguintes eixos orientadores: I. Interação Democrática
entre Estado e Sociedade Civil; II. Desenvolvimento e Direitos Humanos; III. Universalizar
Direitos em um Contexto de Desigualdades; IV. Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate
à Violência; V. Educação e Cultura em Direitos Humanos; e VI. Direito à Memória e à Verdade.
O Eixo I, Interação Democrática entre Estado e Sociedade Civil, reflete o pressuposto de que
o compromisso compartilhado e a participação social na construção e no monitoramento de
políticas públicas são essenciais para que a consolidação dos direitos humanos seja substantiva
e conte com forte legitimidade democrática. Nesse contexto, o PNDH-3 propõe a integração e a
aprimoramento dos fóruns de participação existentes, bem como a criação de novos espaços e
mecanismos institucionais de interação e acompanhamento.
O Eixo II, Desenvolvimento e Direitos Humanos, enfoca a inclusão social e a garantia do exercício
amplo da cidadania, garantindo espaços consistentes com as estratégias de desenvolvimento
local e territorial e buscando um modelo de crescimento sustentável, capaz de assegurar os
direitos fundamentais das gerações presentes e futuras.
O Eixo III, Universalizar Direitos em um Contexto de Desigualdades, baseia-se na necessidade de
reconhecer as diversidades e diferenças para concretização do princípio da igualdade, visando
à superação de barreiras estruturais para o acesso aos direitos humanos. Envolve, portanto,
iniciativas relacionadas com a redução da pobreza, a erradicação da fome e da miséria, o
combate à discriminação e a implementação de ações afirmativas voltadas para grupos em
situação de vulnerabilidade.
O Eixo IV, Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência, envolve metas para
a diminuição e prevenção da violência e criminalidade, priorizando a transparência e a
participação popular. Inclui, ainda, medidas de ampliação do acesso à Justiça, por meio da
disponibilização de informações à população, do fortalecimento dos modelos autocompositivos
de solução de conflitos e da modernização da gestão do sistema de Justiça.

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O Eixo V, Educação e Cultura em Direitos Humanos, refere-se ao desenvolvimento de processos


educativos permanentes voltados à formação de uma consciência centrada no respeito ao outro,
na tolerância, na solidariedade e no compromisso contra todas as formas de discriminação,
opressão e violência, com base no respeito integral à dignidade humana.
O Eixo VI, Direito à Memória e à Verdade, afirma a importância da memória e da verdade como
princípios históricos de direitos humanos, e tem como finalidade assegurar o processamento
democrático e republicano dos acontecimentos ocorridos durante o regime militar, além das
reparações a violações que tenham se passado nesse contexto.
Cabe salientar, por fim, que, entre os principais avanços trazidos pelo Programa, destacam-
se a transversalidade de suas diretrizes, objetivos e ações programáticas e o envolvimento de
diversos Ministérios, partindo da perspectiva de indivisibilidade e interdependência dos direitos
humanos. Nesse sentido, as iniciativas de responsabilidade do Governo Federal previstas no
documento se distribuem por todas as áreas da administração, reforçando a importância da
coordenação entre as políticas públicas desenvolvidas pelos diversos Ministérios para o alcance
dos resultados esperados.

Programas Nacionais de Direitos Humanos

Histórico – Contexto Internacional

•• 1948 – Declaração Universal dos Direitos Humanos


•• Contexto pós-Segunda Guerra Mundial
•• Artigo 1º Todos nascem livres e iguais em dignidade e direitos
•• Princípios fundamentais: liberdade, igualdade e fraternidade

www.acasadoconcurseiro.com.br 389
•• 1966 – Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e Pacto Internacional sobre
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1992)
•• 1969 – Convenção Americana sobre Direitos Humanos – OEA (1992)
•• 1998 – Submissão à jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos
•• 1993 – Declaração e Programa de Ação de Viena da ONU
Direitos Humanos são:
•• Universais
•• Indivisíveis
•• Interdependentes
•• Parágrafo 71: Viena recomenda que cada Estado considere a conveniência de elaborar
um plano nacional de ação para promover e proteger os direitos humanos.

Histórico – Contexto Brasileiro

•• 1988 – Constituição Federal


•• Cidadania e diginidade da pessoa humana como principais fundamentos do Estado
Brasileiro (Art. 1º, II e III)
Congresso Nacional
•• 1995: Criação da CDHM na Câmara dos Deputados
•• 2005: Criação da CDH no Senado Federal

Governo Federal – Secretaria de Direitos Humanos

Participação Democrática

•• Art 1º da Constituição Federal

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Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos
ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Conferências Nacionais de Direitos Humanos (CNDH)

Características do PNDH-3

•• Subscrito por 31 Ministérios


•• Define as diretrizes da Política de Direitos Humanos do Governo Federal
•• Direitos Humanos como Política de Estado
•• Responsabilidade do Estado brasileiro face aos compromissos assumidos internacional-
mente
•• Implementação progressiva: planos de ação bianuais
•• Transversalidade dos eixos orientadores

Estrutura do PNDH-3

•• Eixo I: Interação Democrática entre Estado e Sociedade Civil


•• Eixo II: Desenvolvimento e Direitos Humanos
•• Eixo III: Universalizar Direitos em um Contexto de Desigualdades
•• Eixo IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência
•• Eixo V: Educação e Cultura em Direitos Humanos
•• Eixo VI: Direito à Memória e à Verdade

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PNDH-3 – Pontos Polêmicos

1. Amplitude do programa
2. Criação da Comissão Nacional da Verdade
3. Liberdade de imprensa
4. Mediação de conflitos agrários
5. União civil entre pessoas do mesmo sexo
6. Símbolos religiosos
7. Aborto
8. Taxação de grandes fortunas
9. Financiamento público de campanha
10.  Direitos trabalhistas de profissionais do sexo
11.  Plantio de monocultura

Criação da Comissão Nacional da Verdade

•• 1ª ação do PNDH-3 implementada.


•• Criação de GT para elaborar anteprojeto de lei.
•• Segundo informações da ONU, mais de 30 Comissões da Verdade já foram criadas.
•• O PNDH-3 não propõe a revisão da Lei de Anistia.

Liberdade de Imprensa

•• Garantia do direito à comunicação democrática


•• Mídia: papel fundamental na promoção de uma cultura em direitos humanos
•• Não propõe comissão de governo
•• Propõe acompanhamento e não controle social

Ações PNDH-3:
•• Propor a criação de marco legal para regulamentar o art. 221 da Constituição Federal.
•• Elaborar critérios de acompanhamento editorial para assegurar o respeito aos direitos
humanos nos meios de comunicação.

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MTE - Auditor Fiscal do Trabalho – Direitos Humanos – Prof. Mateus Silveira

•• Modelo da campanha “quem financia a baixaria é contra a cidadania”, da Câmara dos


Deputados.

Mediação de Conflitos Agrários

•• Solução pacífica de controvérsias, assegurando a proteção dos direitos humanos.


•• Acesso à justiça no campo e na cidade.

Ação PNDH-3:
•• Propor projeto de lei priorizando audiência coletiva como forma de mediação.
•• Manual de diretrizes da Ouvidoria Agrária Nacional (2008).
•• Recomendação do Conselho Nacional de Justiça (2009).

União Civil entre Pessoas do mesmo sexo

•• Igualdade de todos perante a lei, sem discriminação de qualquer natureza.


•• Toda pessoa tem o direito de constituir família, independentemente de sua orientação
sexual ou identidade de gênero (Princípios de Yogyakarta – 2006).
•• Estados devem adotar medidas legislativas e administrativas para garantir esse direito.
•• Resoluções da 1ª Conferência Nacional LGBT (2008).
•• Jurisprudência.

Aborto

•• Questão de saúde pública: o Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos


Direitos da Mulher (CLADEM) estima a ocorrência de 1 milhão de abortos por ano no Brasil.
•• 250 mil internações/ano no SUS para tratamento de complicações.
•• Redução da mortalidade materna por abortamento inseguro (Plataforma de Cairo – 1994)
•• 5ª causa de mortalidade materna no Brasil.
•• Garantia dos direitos sexuais e direitos reprodutivos da mulher (Declaração de Beijing –
1995).
•• O Comitê da ONU para Eliminação da Discriminação contra a Mulher (CEDAW) recomenda
a revisão da legislação que penaliza o aborto.

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