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AULA DEMONSTRATIVA
PRINCêPIOS DO DIREITO PENAL. CONCEITO E FONTES.
DISPOSI‚ÍES CONSTITUCIONAIS APLICçVEIS.

SUMçRIO

1. PRINCêPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL ........................................... 6


1.1 Princ’pio da legalidade ........................................................................................... 6
1.1.1 Princ’pio da Reserva Legal .................................................................................. 7
1.1.2 Princ’pio da anterioridade da Lei penal ................................................................. 9
1.2 Princ’pio da individualiza•‹o da pena ..................................................................... 11
1.3 Princ’pio da intranscend•ncia da pena ................................................................... 11
1.4 Princ’pio da limita•‹o das penas ou da humanidade ................................................. 12
1.5 Princ’pio da presun•‹o de inoc•ncia ou presun•‹o de n‹o culpabilidade ...................... 13
1.6 Disposi•›es constitucionais relevantes ................................................................... 16
1.6.1 Veda•›es constitucionais aplic‡veis a crimes graves ............................................. 16
1.6.2 Tribunal do Jœri ............................................................................................... 17
1.6.3 Menoridade Penal ............................................................................................ 18
2 OUTROS PRINCêPIOS DO DIREITO PENAL .......................................................... 18
2.1 Princ’pio da ofensividade ..................................................................................... 18
2.2 Princ’pio da alteridade (ou lesividade) ................................................................... 18
2.3 Princ’pio da Adequa•‹o social ............................................................................... 19
2.4 Princ’pio da Fragmentariedade do Direito Penal....................................................... 19
2.5 Princ’pio da Subsidiariedade do Direito Penal .......................................................... 19
2.6 Princ’pio da Interven•‹o m’nima (ou Ultima Ratio) .................................................. 20
2.7 Princ’pio do ne bis in idem ................................................................................... 20
2.8 Princ’pio da proporcionalidade .............................................................................. 22
2.9 Princ’pio da confian•a .......................................................................................... 22
2.10 Princ’pio da insignific‰ncia (ou da bagatela) ........................................................... 22
3 CONCEITO E FONTES DO DIREITO PENAL ........................................................... 25
3.1 Conceito ............................................................................................................ 25
3.2 Fontes .............................................................................................................. 25
4 SòMULAS PERTINENTES ..................................................................................... 26
4.1 Sœmulas do STJ .................................................................................................. 26
5 RESUMO .............................................................................................................. 27
6 EXERCêCIOS DA AULA ......................................................................................... 32
7 EXERCêCIOS COMENTADOS ................................................................................. 38
8 GABARITO .......................................................................................................... 53
Ol‡, meus amigos!

ƒ com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo ESTRATƒGIA
CONCURSOS, tendo a oportunidade de poder contribuir para a aprova•‹o de
voc•s no concurso da POLêCIA FEDERAL (2018). N—s vamos estudar teoria e
comentar exerc’cios sobre DIREITO PENAL, para o cargo de PERITO.
E a’, povo, preparados para a maratona?
O edital ainda n‹o foi publicado, mas cresce a expectativa pela
realiza•‹o do novo certame. A Banca do œltimo concurso foi o CESPE.
Bom, est‡ na hora de me apresentar a voc•s, certo?
Meu nome Ž Renan Araujo, tenho 30 anos, sou Defensor Pœblico
Federal desde 2010, atuando na Defensoria Pœblica da Uni‹o no Rio de Janeiro,
e mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da UERJ. Antes,
porŽm, fui servidor da Justi•a Eleitoral (TRE-RJ), onde exerci o cargo de
TŽcnico Judici‡rio, por dois anos. Sou Bacharel em Direito pela UNESA e p—s-
graduado em Direito Pœblico pela Universidade Gama Filho.
Minha trajet—ria de vida est‡ intimamente ligada aos Concursos Pœblicos.
Desde o come•o da Faculdade eu sabia que era isso que eu queria para a minha
vida! E querem saber? Isso faz toda a diferen•a! Algumas pessoas me perguntam
como consegui sucesso nos concursos em t‹o pouco tempo. Simples: Foco +
For•a de vontade + Disciplina. N‹o h‡ f—rmula m‡gica, n‹o h‡ ingrediente
secreto! Basta querer e correr atr‡s do seu sonho! Acreditem em mim, isso
funciona!
ƒ muito gratificante, depois de ter vivido minha jornada de concurseiro,
poder colaborar para a aprova•‹o de outros tantos concurseiros, como um dia eu
fui! E quando eu falo em Òcolaborar para a aprova•‹oÓ, n‹o estou falando apenas
por falar. O EstratŽgia Concursos possui ’ndices alt’ssimos de aprova•‹o
em todos os concursos!
Neste curso voc•s receber‹o todas as informa•›es necess‡rias para que
possam ter sucesso na prova da POLêCIA FEDERAL. Acreditem, voc•s n‹o
v‹o se arrepender! O EstratŽgia Concursos est‡ comprometido com sua
aprova•‹o, com sua vaga, ou seja, com voc•!
Mas Ž poss’vel que, mesmo diante de tudo isso que eu disse, voc• ainda
n‹o esteja plenamente convencido de que o EstratŽgia Concursos Ž a melhor
escolha. Eu entendo voc•, j‡ estive deste lado do computador. Ës vezes Ž dif’cil
escolher o melhor material para sua prepara•‹o. Contudo, alguns colegas de
caminhada podem te ajudar a resolver este impasse:
Esse print screen acima foi retirado da p‡gina de avalia•‹o do curso. De
um curso elaborado para um concurso bastante concorrido (Delegado da
PC-PE), s— que ministrado em 2015. Vejam que, dos 62 alunos que avaliaram
o curso, 61 o aprovaram. Um percentual de 98,39%.
Ainda n‹o est‡ convencido? Continuo te entendendo. Voc• acha que
pode estar dentro daqueles 1,61%. Em raz‹o disso, disponibilizamos
gratuitamente esta aula DEMONSTRATIVA, a fim de que voc• possa analisar o
material, ver se a abordagem te agrada, etc.
Acha que a aula demonstrativa Ž pouco para testar o material? Pois
bem, o EstratŽgia concursos d‡ a voc• o prazo de 30 DIAS para testar o
material. Isso mesmo, voc• pode baixar as aulas, estudar, analisar detidamente
o material e, se n‹o gostar, devolvemos seu dinheiro.
Sabem porque o EstratŽgia Concursos d‡ ao aluno 30 dias para
pedir o dinheiro de volta? Porque sabemos que isso n‹o vai acontecer! N‹o
temos medo de dar a voc• essa liberdade.
Neste curso estudaremos todo o conteœdo de Direito Penal estimado
para o Edital. Estudaremos teoria e vamos trabalhar tambŽm com exerc’cios
comentados.
Abaixo segue o plano de aulas do curso todo:
!
AULA CONTEòDO DATA

Aula 00 Princ’pios do Direito Penal 09.02

Aplica•‹o da Lei Penal. Infra•‹o 16.02


Aula 01
penal
Aula 02 Do Crime (parte I) 23.02
Aula 03 Do Crime (parte II). 02.03
Aula 04 Extin•‹o da punibilidade 09.03
Concurso de pessoas e concurso 16.03
Aula 05
de crimes
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Aula 06 Crimes contra a pessoa 23.03


Aula 07 Crimes contra o patrim™nio 30.03
Aula 08 Crimes contra a fŽ pœblica 06.04
Crimes praticados por funcion‡rio 13.04
Aula 09 pœblico contra a administra•‹o em
geral.
Crimes praticados por particular 20.04
Aula 10
contra a administra•‹o em geral.
Crimes contra a administra•‹o 27.04
pœblica estrangeira. Crimes contra
Aula 11
a administra•‹o da Justi•a. Crimes
contra as finan•as pœblicas.

Nossas aulas ser‹o disponibilizadas conforme o cronograma apresentado.


Em cada aula eu trarei algumas quest›es que foram cobradas em concursos
pœblicos, para fixarmos o entendimento sobre a matŽria. Sempre que poss’vel,
trabalharemos com quest›es do CESPE, que ser‡ a prov‡vel Banca do
concurso. Mais de 90% das nossas quest›es ser‹o do CESPE!
AlŽm da teoria e das quest›es, voc•s ter‹o acesso a duas ferramentas
muito importantes:
¥! RESUMOS Ð Cada aula ter‡ um resumo daquilo que foi estudado,
variando de 03 a 10 p‡ginas (a depender do tema), indo direto ao
ponto daquilo que Ž mais relevante! Ideal para quem est‡ sem
muito tempo.
¥! FîRUM DE DòVIDAS Ð N‹o entendeu alguma coisa? Simples: basta
perguntar ao professor Vinicius Silva, que Ž o respons‡vel pelo
F—rum de Dœvidas, exclusivo para os alunos do curso.

Outro diferencial importante Ž que nosso curso em PDF ser‡


complementado por videoaulas. Nas videoaulas iremos abordar os t—picos do
edital com a profundidade necess‡ria, a fim de que o aluno possa esclarecer
pontos mais complexos, fixar aqueles pontos mais relevantes, etc.

No mais, desejo a todos uma boa maratona de estudos!

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1.! PRINCêPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL

Os princ’pios constitucionais do Direito Penal s‹o normas que, extra’das


da Constitui•‹o Federal, servem como base interpretativa para todas as
outras normas de Direito Penal do sistema jur’dico brasileiro. Entretanto,
n‹o possuem somente fun•‹o informativa, n‹o servem somente para auxiliar na
interpreta•‹o de outras normas. Os princ’pios constitucionais, na atual
interpreta•‹o constitucional, possuem for•a normativa, devendo ser
respeitados, sob pena de inconstitucionalidade da norma que os contrariar.
No que tange ao Direito Penal, a Constitui•‹o Federal traz alguns princ’pios
aplic‡veis a este ramo do Direito. Vamos analis‡-los um a um.

1.1! Princ’pio da legalidade


O princ’pio da legalidade est‡ previsto no art. 5¡, XXXIX da Constitui•‹o
Federal:
Art. 5¼ (...) XXXIX - n‹o h‡ crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prŽvia
comina•‹o legal;

Entretanto, ele TAMBƒM est‡ previsto no C—digo Penal, em seu art. 1¡:
Art. 1¼ - N‹o h‡ crime sem lei anterior que o defina. N‹o h‡ pena sem prŽvia
comina•‹o legal.

Nas palavras de Cezar Roberto Bitencourt:


Òpelo princ’pio da legalidade, a elabora•‹o de normas incriminadoras Ž fun•‹o
exclusiva da lei, isto Ž, nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma pena
criminal pode ser aplicada sem que antes da ocorr•ncia deste fato exista uma lei
definindo-o como crime e cominando-lhe a san•‹o correspondente.Ó1

Este princ’pio, quem vem do latim (Nullum crimen sine praevia lege),
estabelece que uma conduta n‹o pode ser considerada criminosa se antes de sua
pr‡tica n‹o havia lei nesse sentido2. Trata-se de uma exig•ncia de seguran•a
jur’dica: imaginem se pudŽssemos responder criminalmente por uma conduta
que, quando praticamos, n‹o era crime? Simplesmente n‹o far’amos mais nada,
com medo de que, futuramente, a conduta fosse criminalizada e pudŽssemos
responder pelo delito!
Entretanto, o Princ’pio da Legalidade se divide em dois outros princ’pios, o
da Reserva Legal e o da Anterioridade da Lei Penal. Desta forma, vamos
estud‡-los em t—picos distintos.

1
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Ð Parte Geral. Ed. Saraiva, 21¼ edi•‹o. S‹o Paulo,
2015, p. 51
2
BITENCOURT, Op. cit., P. 51
1.1.1!Princ’pio da Reserva Legal
O princ’pio da Reserva Legal estabelece que SOMENTE LEI (EM SENTIDO
ESTRITO) pode definir condutas criminosas e estabelecer san•›es penais (penas
e medidas de seguran•a).3
Assim, somente a Lei (editada pelo Poder Legislativo) pode definir crimes e
cominar penas. Logo, Medidas Provis—rias, Decretos, e demais diplomas
legislativos4 NÌO PODEM ESTABELECER CONDUTAS CRIMINOSAS NEM
COMINAR SAN‚ÍES.

CUIDADO! H‡ FORTE diverg•ncia a respeito da possibilidade de Medida


Provis—ria tratar sobre matŽria penal, havendo duas correntes.
§! Primeira corrente Ð N‹o pode, pois a CF/88 veda a utiliza•‹o de MP
em matŽria penal.
§! Segunda corrente Ð Pode, desde que seja matŽria favor‡vel ao rŽu
(descriminaliza•‹o de condutas, por exemplo). Prevalece esta
corrente no STF.5

Assim, Ž poss’vel que haja viola•‹o ao Princ’pio da legalidade sem que haja
viola•‹o ˆ reserva legal. Entretanto, havendo viola•‹o ˆ reserva legal, isso
implica necessariamente em viola•‹o ao princ’pio da legalidade, pois aquele Ž
parte deste. Lembrem-se: Legalidade = Reserva legal + Anterioridade da
lei penal.
O princ’pio da reserva legal implica a proibi•‹o da edi•‹o de leis vagas, com
conteœdo impreciso. Isso porque a exist•ncia de leis cujo conteœdo n‹o seja claro,
que n‹o se sabe ao certo qual conduta est‡ sendo criminalizada, acaba por retirar
toda a fun•‹o do princ’pio da reserva legal, que Ž dar seguran•a jur’dica ˆs
pessoas, para que estas saibam exatamente se as condutas por elas praticadas
s‹o, ou n‹o, crime. Por exemplo:
Imagine que a Lei X considere como criminosas as condutas que
atentem contra os bons costumes. Ora, alguŽm sabe definir o que s‹o bons
costumes? N‹o, pois se trata de um termo muito vago, muito genŽrico, que pode
abranger uma infinidade de condutas. Assim, n‹o basta que se trate de lei em
sentido estrito (Lei formal), esta lei tem que estabelecer precisamente a conduta
que est‡ sendo criminalizada, sob pena de ofensa ao princ’pio da legalidade.
Trata-se do princ’pio da taxatividade da lei penal.6
Entretanto, fiquem atentos! Existem as chamadas NORMAS PENAIS EM
BRANCO. As normas penais em branco s‹o aquelas que dependem de outra
norma para que sua aplica•‹o seja poss’vel. Por exemplo: A Lei de Drogas (Lei
11.343/06) estabelece diversas condutas criminosas referentes ˆ

3
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Curso de Direito Penal. JusPodivm. Salvador, 2015, p. 66
4
Inclusive os tratados internacionais, que devem ser incorporados ao nosso ordenamento jur’dico por meio
de Lei. GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 67
5
STF, RE 254.818-PR.
6
Ou, para alguns, a garantia da lex certa. GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 68
comercializa•‹o, transporte, posse, etc., de subst‰ncia entorpecente. Mas quais
seriam as subst‰ncias entorpecentes proibidas? As subst‰ncias
entorpecentes proibidas est‹o descritas em uma portaria expedida pela ANVISA.
Assim, as normas penais em branco s‹o legais, n‹o violam o princ’pio da reserva
legal, mas sua aplica•‹o depende da an‡lise de outra norma jur’dica.
Mas a portaria da ANVISA n‹o seria uma viola•‹o ˆ reserva legal, por
se tratar de criminaliza•‹o de conduta por portaria? N‹o, pois a portaria
estabelece quais s‹o as subst‰ncias entorpecentes em raz‹o de ter sido assim
determinado por lei, no caso, pela pr—pria lei de drogas, que em seu art. 66,
estabelece como subst‰ncias entorpecentes aquelas previstas na Portaria
SVS/MS n¡344/98.
A Doutrina divide, ainda, as normas penais em branco7 em:
¥! Homog•neas (norma penal em branco em sentido amplo) Ð A
complementa•‹o Ž realizada por uma fonte hom—loga, ou seja, pelo
mesmo —rg‹o que produziu a norma penal em branco.
¥! Heterog•neas (norma penal em branco em sentido estrito) Ð A
complementa•‹o Ž realizada por fonte heter—loga, ou seja, por —rg‹o
diverso daquele que produziu a norma penal em branco.

AlŽm disso, em raz‹o da reserva legal, em Direito Penal Ž proibida a


analogia in malam partem8, que Ž a analogia em desfavor do rŽu. Assim, n‹o
pode o Juiz criar uma conduta criminosa n‹o prevista em lei, com base na
analogia.
EXEMPLO: Jo‹o agride seu parceiro homossexual, Alberto. Nesse caso,
houve a pr‡tica do crime de les‹o corporal (art. 129 do C—digo Penal).
N‹o pode o Juiz querer enquadr‡-lo no conceito da Lei Maria da Penha,
pois esta Lei Ž clara ao afirmar que s— se aplica nos casos de
agress‹o contra a mulher. Aplicar a lei neste caso seria fazer uma
analogia desfavor‡vel ao rŽu, pois a Lei Maria da Penha estabelece
puni•›es mais gravosas que o art. 129 do C—digo Penal. Isso Ž vedado!

Com rela•‹o ˆ interpreta•‹o extensiva, parte da Doutrina entende que Ž


poss’vel, outra parte entende que, ˆ semelhan•a da analogia in malam
partem, n‹o Ž admiss’vel. A interpreta•‹o extensiva difere da analogia, pois
naquela a previs‹o legal existe, mas est‡ impl’cita. Nesta, a previs‹o legal n‹o
existe, mas o Juiz entende que por ser semelhante a uma hip—tese existente,
deva ser assim enquadrada. Cuidado com essa diferen•a!
Entretanto, em prova objetiva, o que fazer? Nesse caso, sugiro adotar
o entendimento de que Ž poss’vel a interpreta•‹o extensiva, mesmo que

7
BITENCOURT, Op. cit., p. 201/202.
8
BITENCOURT, Op. cit., p. 199/200. No mesmo sentido, GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p.
101
prejudicial ao rŽu, pois este foi o entendimento adotado pelo STF (ainda que n‹o
haja uma jurisprud•ncia s—lida nesse sentido).9

1.1.2!Princ’pio da anterioridade da Lei penal


O princ’pio da anterioridade da lei penal estabelece que n‹o basta que a
criminaliza•‹o de uma conduta se d• por meio de Lei em sentido estrito, mas
que esta lei seja anterior ao fato, ˆ pr‡tica da conduta.
EXEMPLO: Pedro dirige seu carro embriagado no dia 20/05/2010,
tendo sido abordado em blitz e multado. Nesta data, n‹o h‡ lei que
criminalize esta conduta. Em 26/05/2010 Ž publicada uma Lei
criminalizando o ato de dirigir embriagado. O —rg‹o que aplicou a multa
remete os autos do processo administrativa da Multa ao MP, que oferece
denœncia pelo crime de dirigir alcoolizado. A conduta do MP foi correta?
N‹o! Pois embora Pedro tivesse cometido uma infra•‹o de tr‰nsito, na
data do fato a conduta n‹o era considerada crime.

Houve viola•‹o ao princ’pio da reserva legal? N‹o, pois a criminaliza•‹o


da conduta se deu por meio de lei formal. Houve viola•‹o ao princ’pio da
anterioridade da lei penal? Sim, e essa viola•‹o se deu pelo MP, que ofereceu
denœncia sobre um fato acontecido antes da vig•ncia da lei incriminadora.
Percebam que a viola•‹o ˆ anterioridade, neste caso, se deu pelo MP. Mas
nada impede, no entanto, que essa viola•‹o se d• pela pr—pria lei penal
incriminadora. Imaginem que a Lei que criminalizou a conduta de Pedro
estabelecesse que todos aqueles que tenham sido flagrados dirigindo alcoolizados
nos œltimos dois anos responderiam pelo crime nela previstos. Essa lei seria
inconstitucional nesta parte! Pois violaria flagrantemente o princ’pio
constitucional da anterioridade da lei penal, previsto no art. 5¡, XXXIX da
Constitui•‹o Federal.
O princ’pio da anterioridade da lei penal culmina no princ’pio da
irretroatividade da lei penal. Pode-se dizer, inclusive, que s‹o sin™nimos.
Entretanto, a lei penal pode retroagir. Como assim? Quando ela beneficia o rŽu,
estabelecendo uma san•‹o menos gravosa para o crime ou quando deixa de
considerar a conduta como criminosa. Nesse caso, estamos haver‡ retroatividade
da lei penal, pois ela alcan•ar‡ fatos ocorridos ANTES DE SUA VIGæNCIA.
EXEMPLO: Imagine que Maria seja acusada em processo criminal por um
determinado crime ÒXÓ, fato cometido em 20.04.2005. A pena para este
crime varia de um a quatro anos. Se uma lei for editada posteriormente,
estabelecendo que a pena para este crime ser‡ de dois a seis MESES, essa
lei Ž favor‡vel ˆ Maria, devendo ser aplicada ao seu caso, mesmo que j‡
tenha sido condenada.

9
RHC 106481/MS - STF
Essa previs‹o se encontra no art. 5¡, XL da Constitui•‹o:
Art. 5¼ (...) XL - a lei penal n‹o retroagir‡, salvo para beneficiar o rŽu;

Mas e se Maria j‡ tiver sido condenada a dois anos de pris‹o e esteja


cumprindo pena h‡ mais de um ano? Nesse caso, Maria dever‡ ser colocada
em liberdade, pois se sua condena•‹o fosse hoje, n‹o poderia superar o limite de
seis meses. Como j‡ cumpriu mais de seis meses, sua pena est‡ extinta.
Obviamente, se a lei nova, ao invŽs de estabelecer uma pena mais branda,
estabelece que a conduta deixa de ser crime (O que chamamos de abolitio
criminis), TAMBƒM SERç APLICADA AOS FATOS OCORRIDOS ANTES DE
SUA VIGæNCIA, POR SER MAIS BENƒFICA AO RƒU.
N‹o se trata de um Òbenef’cioÓ criminoso. Trata-se de uma quest‹o de l—gica:
Se o Estado considera, hoje, que uma determinada conduta n‹o pode ser crime,
n‹o faz sentido manter preso, ou dar sequ•ncia a um processo pela pr‡tica deste
fato que n‹o Ž mais crime, pois o pr—prio Estado n‹o considera mais a conduta
como t‹o grave a ponto de merecer uma puni•‹o criminal.

ATEN‚ÌO! No caso das Leis tempor‡rias, a lei continuar‡ a


produzir seus efeitos mesmo ap—s o tŽrmino de sua vig•ncia, caso contr‡rio,
perderia sua raz‹o de ser. O caso mais cl‡ssico Ž o da lei seca para o dia das
elei•›es. Nesse dia, o consumo de bebida alco—lica Ž proibido durante certo
hor‡rio. Ap—s o tŽrmino das elei•›es, a ingest‹o de bebida alco—lica passa a n‹o
ser mais crime novamente. Entretanto, n‹o houve abolitio criminis, houve
apenas o tŽrmino do lapso temporal em que a proibi•‹o vigora. Somente
haveria abolitio criminis caso a lei que pro’be a ingest‹o de bebidas alco—licas
no dia da elei•‹o fosse revogada, o que n‹o ocorreu!

A legalidade (reserva legal e anterioridade) s‹o garantias para os cidad‹os,


pois visam a impedir que o Estado os surpreenda com a criminaliza•‹o de uma
conduta ap—s a pr‡tica do ato. Pensem como seria nossa vida se pudŽssemos,
amanh‹, sermos punidos pela pr‡tica de um ato que, hoje, n‹o Ž considerado
crime? Como poder’amos viver sem saber se amanh‹ ou depois aquela conduta
seria considerada crime n—s poder’amos ser condenados e punidos por ela?
Imposs’vel viver assim.
Assim:
Legalidade = Anterioridade + Reserva Legal

NÌO SE ESQUE‚AM: Trata-se de um princ’pio com duas vertentes!


1.2! Princ’pio da individualiza•‹o da pena
A Constitui•‹o Federal estabelece, em seu art. 5¡, XLVI:
XLVI - a lei regular‡ a individualiza•‹o da pena e adotar‡, entre outras, as seguintes:

A individualiza•‹o da pena Ž feita em tr•s fases distintas: Legislativa,


judicial e administrativa.10
Na esfera legislativa, a individualiza•‹o da pena se d‡ atravŽs da
comina•‹o de puni•›es proporcionais ˆ gravidade dos crimes, e com o
estabelecimento de penas m’nimas e m‡ximas, a serem aplicadas pelo Judici‡rio,
considerando as circunst‰ncias do fato e as caracter’sticas do criminoso.
Na fase judicial, a individualiza•‹o da pena Ž feita com base na an‡lise, pelo
magistrado, das circunst‰ncias do crime, dos antecedentes do rŽu, etc. Nessa
fase, a individualiza•‹o da pena sai do plano meramente abstrato e vai para o
plano concreto, devendo o Juiz fixar a pena de acordo com as peculiaridades do
caso (Tipo de pena a ser aplicada, quantifica•‹o da pena, forma de cumprimento,
etc.), tudo para que ela seja a mais apropriada para cada rŽu, de forma a cumprir
seu papel ressocializador-educativo e punitivo.
Na terceira e œltima fase, a individualiza•‹o Ž feita na execu•‹o da pena,
a parte administrativa. Assim, quest›es como progress‹o de regime, concess‹o
de sa’das eventuais do local de cumprimento da pena e outras, ser‹o decididas
pelo Juiz da execu•‹o penal tambŽm de forma individual, de acordo com as
peculiaridades de cada detento.
Por esta raz‹o, em 2006, o STF declarou a inconstitucionalidade do artigo da
Lei de Crimes Hediondos (Lei 8.072/90) que previa a impossibilidade de
progress‹o de regime nesses casos, nos quais o rŽu deveria cumprir a pena em
regime integralmente fechado. O STF entendeu que a terceira fase de
individualiza•‹o da pena havia sido suprimida, violando o princ’pio constitucional.
Outra indica•‹o clara de individualiza•‹o da pena na fase de execu•‹o est‡
no artigo 5¡, XLVIII da Constitui•‹o, que estabelece o cumprimento da pena em
estabelecimentos distintos, de acordo com as caracter’sticas do preso. Vejamos:
Art. 5¼ (...) XLVIII - a pena ser‡ cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo
com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;

1.3! Princ’pio da intranscend•ncia da pena11


Este princ’pio constitucional do Direito Penal est‡ previsto no art. 5¡, XLV da
Constitui•‹o Federal:
XLV - nenhuma pena passar‡ da pessoa do condenado, podendo a obriga•‹o de
reparar o dano e a decreta•‹o do perdimento de bens ser, nos termos da lei,

10
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 76
11
TambŽm chamado de princ’pio da personifica•‹o da pena, ou princ’pio da responsabilidade pessoal da
pena, ou princ’pio da pessoalidade da pena.
patrim™nio transferido; (grifo nosso)

Esse princ’pio impede que a pena ultrapasse a pessoa do infrator.


EXEMPLO: Se Paulo comete um crime, e morre em seguida, est‡
extinta a punibilidade, ou seja, o Estado n‹o pode mais punir em raz‹o
do crime praticado, pois a morte do infrator Ž uma das causas de
extin•‹o do poder punitivo do Estado.

Entretanto, como voc•s podem extrair da pr—pria reda•‹o do dispositivo


constitucional, isso n‹o impede que os sucessores do condenado falecido sejam
obrigados a reparar os danos civis causados pelo fato. Explico:
EXEMPLO: Roberto mata Maur’cio, cometendo o crime previsto no art.
121 do C—digo Penal (Homic’dio). Roberto Ž condenado a 15 anos de
pris‹o, e na esfera c’vel Ž condenado ao pagamento de R$
100.000,00 (Cem mil reais) a t’tulo de indeniza•‹o ao filho de
Maur’cio. Durante a execu•‹o da pena criminal, Roberto vem a falecer.
Embora a pena privativa de liberdade esteja extinta, pela morte do
infrator, a obriga•‹o de reparar o dano poder‡ ser repassada aos
herdeiros, atŽ o limite do patrim™nio deixado pelo infrator
falecido. Assim, se Roberto deixou um patrim™nio de R$ 500.000,00
(Quinhentos mil reais), desse valor, que j‡ pertence aos herdeiros (pelo
princ’pio da saisine, do Direito das Sucess›es), poder‡ ser debitado os
R$ 100.000,00 (cem mil reais) que Roberto foi condenado a pagar ao
filho de Maur’cio. Se, porŽm, o patrim™nio deixado por Roberto Ž de
apenas R$ 30.000,00 (Trinta mil reais), esse Ž o limite ao qual os
herdeiros est‹o obrigados.

Desta forma, tecnicamente falando, os herdeiros n‹o s‹o


responsabilizados pelo crime de Roberto, pois n‹o respondem com seu
pr—prio patrim™nio, apenas com o patrim™nio eventualmente deixado pelo de
cujus.

CUIDADO! A multa n‹o Ž Òobriga•‹o de reparar o danoÓ, pois n‹o se


destina ˆ v’tima. A multa Ž espŽcie de PENA e, portanto, n‹o pode ser executada
em face dos herdeiros, ainda que haja transfer•ncia de patrim™nio. Neste caso,
com a morte do infrator, extingue-se a punibilidade, n‹o podendo ser
executada a pena de multa.

1.4! Princ’pio da limita•‹o das penas ou da humanidade


A Constitui•‹o Federal estabelece em seu art. 5¡, XLVII, que:
Art. 5¼ (...) XLVII - n‹o haver‡ penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de car‡ter perpŽtuo;
d) de banimento;
e) cruŽis;

Podemos perceber, caros concurseiros, que determinados tipos de pena


s‹o terminantemente proibidos pela Constitui•‹o Federal.
No caso da pena de morte, a Constitui•‹o estabelece uma œnica
exce•‹o: No caso de guerra declarada, Ž poss’vel a aplica•‹o de pena de morte
por crimes cometidos em raz‹o da guerra! Isso n‹o quer dizer que basta que o
pa’s esteja em guerra para que se viabilize a aplica•‹o da pena de morte em
qualquer caso. N‹o pode o legislador, por exemplo, editar uma lei estabelecendo
que os furtos cometidos durante estado de guerra ser‹o punidos com pena de
morte, pois isso n‹o guarda qualquer razoabilidade. Esta ressalva Ž direcionada
precipuamente aos crimes militares.
A veda•‹o ˆ pena de trabalhos for•ados impede, por exemplo, que o preso
seja obrigado a trabalhar sem remunera•‹o. Assim, ao preso que trabalha no
estabelecimento prisional Ž garantida remunera•‹o mensal e abatimento no
tempo de cumprimento da pena.
A pris‹o perpŽtua tambŽm Ž inadmiss’vel no Direito brasileiro. Em
raz‹o disso, uma lei que preveja a pena m’nima para um crime em 60 anos, por
exemplo, estaria violando o princ’pio da veda•‹o ˆ pris‹o perpŽtua, por se tratar
de uma burla ao princ’pio, j‡ que a idade m’nima para aplica•‹o da pena Ž 18
anos. Logo, se o preso tiver que ficar, no m’nimo, 60 anos preso, ele ficar‡ atŽ
os 78 anos preso, o que significa, na pr‡tica, pris‹o perpŽtua.

CUIDADO! Esta veda•‹o Ž cl‡usula pŽtrea! Trata-se de


direitos fundamentais do cidad‹o, que n‹o podem ser restringidos ou abolidos
por emenda constitucional. Desta forma, apenas com o advento de uma nova
Constitui•‹o seria poss’vel falarmos em aplica•‹o destas penas no Brasil.

1.5! Princ’pio da presun•‹o de inoc•ncia ou presun•‹o de n‹o


culpabilidade
A Presun•‹o de inoc•ncia Ž o maior pilar de um Estado Democr‡tico de
Direito, pois, segundo este princ’pio, nenhuma pessoa pode ser considerada
culpada (e sofrer as consequ•ncias disto) antes do tr‰nsito em julgado se
senten•a penal condenat—ria. Nos termos do art. 5¡, LVII da CRFB/88:
LVII - ninguŽm ser‡ considerado culpado atŽ o tr‰nsito em julgado de senten•a penal
condenat—ria;

O que Ž tr‰nsito em julgado de senten•a penal condenat—ria? ƒ a


situa•‹o na qual a senten•a proferida no processo criminal, condenando o rŽu,
n‹o pode mais ser modificada atravŽs de recurso. Assim, enquanto n‹o houver
uma senten•a criminal condenat—ria irrecorr’vel, o acusado n‹o pode ser
considerado culpado e, portanto, n‹o pode sofrer as consequ•ncias da
condena•‹o.
Este princ’pio pode ser considerado:
⇒! Uma regra probat—ria (regra de julgamento) - Deste princ’pio decorre
que o ™nus (obriga•‹o) da prova cabe ao acusador (MP ou ofendido,
conforme o caso). O rŽu Ž, desde o come•o, inocente, atŽ que o acusador prove
sua culpa. Assim, temos o princ’pio do in dubio pro reo ou favor rei, segundo o
qual, durante o processo (inclusive na senten•a), havendo dœvidas acerca da
culpa ou n‹o do acusado, dever‡ o Juiz decidir em favor deste, pois sua culpa
n‹o foi cabalmente comprovada.

CUIDADO: Existem hip—teses em que o Juiz n‹o decidir‡ de acordo com


princ’pio do in dubio pro reo, mas pelo princ’pio do in dubio pro societate. Por
exemplo, nas decis›es de recebimento de denœncia ou queixa e na decis‹o de
pronœncia, no processo de compet•ncia do Jœri, o Juiz decide contrariamente
ao rŽu (recebe a denœncia ou queixa no primeiro caso, e pronuncia o rŽu no
segundo) com base apenas em ind’cios de autoria e prova da materialidade. Ou
seja, nesses casos, mesmo o Juiz tendo dœvidas quanto ˆ culpabilidade do rŽu,
dever‡ decidir contrariamente a ele, e em favor da sociedade, pois destas
decis›es n‹o h‡ consequ•ncias para o rŽu, permitindo-se, apenas, que seja
iniciado o processo ou a fase processual, na qual ser‹o produzidas as provas
necess‡rias ˆ elucida•‹o dos fatos.

⇒! Uma regra de tratamento - Deste princ’pio decorre, ainda, que o rŽu


deve ser, a todo momento, tratado como inocente. E isso tem uma dimens‹o
interna e uma dimens‹o externa:
a)! Dimens‹o interna Ð O agente deve ser tratado, dentro do processo, como
inocente. Ex.: O Juiz n‹o pode decretar a pris‹o preventiva do acusado
pelo simples fato de o rŽu estar sendo processado, caso contr‡rio, estaria
presumindo a culpa do acusado.
b)! Dimens‹o externa Ð O agente deve ser tratado como inocente FORA do
processo, ou seja, o fato de estar sendo processado n‹o pode gerar reflexos
negativos na vida do rŽu. Ex.: O rŽu n‹o pode ser eliminado de um concurso
pœblico porque est‡ respondendo a um processo criminal (pois isso seria
presumir a culpa do rŽu).

Desta maneira, sendo este um princ’pio de ordem Constitucional,


deve a legisla•‹o infraconstitucional (especialmente o CP e o CPP)
respeit‡-lo, sob pena de viola•‹o ˆ Constitui•‹o. Portanto, uma lei que
dissesse, por exemplo, que o cumprimento de pena se daria a partir da senten•a
em primeira inst‰ncia seria inconstitucional, pois a Constitui•‹o afirma que o
acusado ainda n‹o Ž considerado culpado nessa hip—tese.
CUIDADO! A exist•ncia de pris›es provis—rias (pris›es
decretadas no curso do processo) n‹o ofende a presun•‹o de inoc•ncia,
pois nesse caso n‹o se trata de uma pris‹o como cumprimento de pena, mas
sim de uma pris‹o cautelar, ou seja, para garantir que o processo penal seja
devidamente instru’do ou eventual senten•a condenat—ria seja cumprida. Por
exemplo: Se o rŽu est‡ dando sinais de que vai fugir (tirou passaporte
recentemente), e o Juiz decreta sua pris‹o preventiva, o faz n‹o por consider‡-
lo culpado, mas para garantir que, caso seja condenado, cumpra a pena. Voc•s
ver‹o mais sobre isso na aula sobre Pris‹o e Liberdade Provis—ria! J
Ou seja, a pris‹o cautelar, quando devidamente fundamentada na
necessidade de evitar a ocorr•ncia de algum preju’zo (risco para a instru•‹o ou
para o processo, por exemplo), Ž v‡lida. O que n‹o se pode admitir Ž a
utiliza•‹o da pris‹o cautelar como Òantecipa•‹o de penaÓ.

Vou transcrever para voc•s agora alguns pontos que s‹o pol•micos e a
respectiva posi•‹o dos Tribunais Superiores, pois isto Ž importante.
¥! Processos criminais em curso e inquŽritos policiais em face do
acusado podem ser considerados maus antecedentes? Segundo
o STJ e o STF n‹o, pois em nenhum deles o acusado foi condenado de
maneira irrecorr’vel, logo, n‹o pode ser considerado culpado nem
sofrer qualquer consequ•ncia em rela•‹o a eles (sœmula 444 do
STJ).
¥! Regress‹o de regime de cumprimento da pena Ð O STJ e o STF
entendem que NÌO Hç NECESSIDADE DE CONDENA‚ÌO PENAL
TRANSITADA EM JULGADO para que o preso sofra a regress‹o do
regime de cumprimento de pena mais brando para o mais severo (do
semiaberto para o fechado, por exemplo). Nesses casos, basta que o
preso tenha cometido novo crime doloso ou falta grave, durante
o cumprimento da pena pelo crime antigo, para que haja a regress‹o,
nos termos do art. 118, I da Lei 7.210/84 (Lei de Execu•›es Penais),
n‹o havendo necessidade, sequer, de que tenha havido condena•‹o
criminal ou administrativa. A Jurisprud•ncia entende que esse artigo
da LEP n‹o ofende a Constitui•‹o.
¥! Revoga•‹o do benef’cio da suspens‹o condicional do processo
em raz‹o do cometimento de crime Ð Prev• a Lei 9.099/95 que em
determinados crimes, de menor potencial ofensivo, pode ser o
processo criminal suspenso por determinado, devendo o rŽu cumprir
algumas obriga•›es durante este prazo (dentre elas, n‹o cometer novo
crime), findo o qual estar‡ extinta sua punibilidade. Nesse caso, o STF
e o STJ entendem que, descoberta a pr‡tica de crime pelo acusado
beneficiado com a suspens‹o do processo, este benef’cio deve ser
revogado, por ter sido descumprida uma das condi•›es, n‹o havendo
necessidade de tr‰nsito em julgado da senten•a condenat—ria
do crime novo.

CUIDADO MASTER! Recentemente, no julgamento do HC 126.292 o STF


decidiu (entendimento confirmado posteriormente) que o cumprimento da
pena pode se iniciar com a mera condena•‹o em segunda inst‰ncia por
um —rg‹o colegiado (TJ, TRF, etc.). Isso significa que o STF relativizou o
princ’pio da presun•‹o de inoc•ncia, admitindo que a ÒculpaÓ (para fins de
cumprimento da pena) j‡ estaria formada nesse momento (embora a CF/88
seja expressa em sentido contr‡rio). Isso significa que, possivelmente, teremos
(num futuro breve) altera•‹o na jurisprud•ncia consolidada do STF e do STJ, de
forma que a•›es penais em curso passem a poder ser consideradas como maus
antecedentes, desde que haja, pelo menos, condena•‹o em segunda inst‰ncia
por —rg‹o colegiado (mesmo sem tr‰nsito em julgado), alŽm de outros reflexos
que tal relativiza•‹o provoca (HC 126292/SP, rel. Min. Teori Zavascki,
17.2.2016).

1.6! Disposi•›es constitucionais relevantes


Vamos sintetizar, neste t—pico algumas disposi•›es constitucionais relativas
ao Direito Penal que s‹o relevantes, embora n‹o possam ser consideradas
princ’pios.

1.6.1!Veda•›es constitucionais aplic‡veis a crimes graves


A CRFB/88 prev• uma sŽrie de veda•›es (imprescritibilidade,
inafian•abilidade, etc.) que s‹o aplic‡veis a determinados crimes, por sua
especial gravidade.
Vejamos o que consta no art. 5¼, XLII a XLIV:
Art. 5¼ (...)
XLII - a pr‡tica do racismo constitui crime inafian•‡vel e imprescrit’vel, sujeito ˆ pena
de reclus‹o, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerar‡ crimes inafian•‡veis e insuscet’veis de gra•a ou anistia a
pr‡tica da tortura, o tr‡fico il’cito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores
e os que, podendo evit‡-los, se omitirem;
XLIV - constitui crime inafian•‡vel e imprescrit’vel a a•‹o de grupos armados, civis ou
militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democr‡tico;

VEDA‚ÍES CONSTITUCIONAIS APLICçVEIS A CRIMES GRAVES


IMPRESCRITIBILIDADE INAFIAN‚ABILIDADE VEDA‚ÌO DE GRA‚A E
ANISTIA
¥! Racismo ¥!Racismo ¥! Tortura
¥! A•‹o de grupos ¥! A•‹o de grupos ¥! Tr‡fico de Drogas
armados, civis ou armados, civis ou ¥! Terrorismo
militares, contra a militares, contra a
¥! Crimes hediondos
ordem constitucional e ordem constitucional e
o Estado Democr‡tico. o Estado Democr‡tico.
¥! Tortura
¥! Tr‡fico de Drogas
¥! Terrorismo
¥! Crimes hediondos

Assim:
¥! INAFIAN‚ABILIDADE Ð Todos
¥! IMPRESCRITIBILIDADE Ð Somente RA‚ÌO (Racismo + A‚ÌO de
grupos armados)
¥! INSUSCETIBILIDADE GRA‚A E ANISTIA Ð TTTH (Tortura,
Terrorismo, Tr‡fico e Hediondos)

1.6.2!Tribunal do Jœri
A Constitui•‹o Federal reconhece a institui•‹o do Jœri, e estabelece algumas
regrinhas. Vejamos:
Art. 5¼ (...)
XXXVIII - Ž reconhecida a institui•‹o do jœri, com a organiza•‹o que lhe der a lei,
assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das vota•›es;
c) a soberania dos veredictos;
d) a compet•ncia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

Sem maiores considera•›es a respeito deste tema, apenas ressaltando que


o STF entende que em havendo choque entre a compet•ncia do Jœri e uma
compet•ncia de foro por prerrogativa de fun•‹o prevista na Constitui•‹o,
prevalece a œltima.
EXEMPLO: JosŽ, Deputado Federal, pratica crime doloso contra a vida
em face de Mariana. Neste caso, h‡ um aparente conflito entre a
compet•ncia prevista para o Jœri (crime doloso contra a vida) e a
compet•ncia do STF (crime praticado por deputado federal). Neste caso,
o STF entende que prevalece a compet•ncia por prerrogativa de fun•‹o,
sendo competente, portanto, o pr—prio STF.
1.6.3!Menoridade Penal
A Constitui•‹o prev•, ainda, que os menores de 18 anos s‹o inimput‡veis.
Vejamos:
Art. 228. S‹o penalmente inimput‡veis os menores de dezoito anos, sujeitos ˆs
normas da legisla•‹o especial.

Isso quer dizer que eles n‹o respondem penalmente, estando sujeitos ˆs
normas do ESTATUTO DA CRIAN‚A E DO ADOLESCENTE.

2! OUTROS PRINCêPIOS DO DIREITO PENAL

2.1! Princ’pio da ofensividade


O princ’pio da ofensividade estabelece que n‹o basta que o fato seja
formalmente t’pico (tenha previs‹o legal como crime) para que possa ser
considerado crime. ƒ necess‡rio que este fato ofenda (por meio de uma les‹o ou
exposi•‹o a risco de les‹o), de maneira grave, o bem jur’dico pretensamente
protegido pela norma penal.
Assim, condutas que n‹o s‹o capazes de afetar o bem jur’dico s‹o
desprovidas de ofensividade e, portanto, n‹o podem ser consideradas criminosas.
EXEMPLO: Imaginemos que surja uma lei criminalizando a conduta de
cuspir na rua. Essa norma criminaliza uma conduta que n‹o ofende, de
maneira significativa, qualquer bem jur’dico relevante para a sociedade,
embora possa ser reprovada moralmente, pelas regras de etiqueta, etc.

Assim, somente as condutas capazes de ofender significativamente um bem


jur’dico podem ser validamente criminalizadas, sob pena de viola•‹o ao princ’pio
da ofensividade.12

2.2! Princ’pio da alteridade (ou lesividade)


Este princ’pio preconiza que o fato, para ser MATERIALMENTE crime, ou seja,
para que possa ser considerado crime em sua ess•ncia, deve causar les‹o a um
bem jur’dico de terceiro.
Desse princ’pio decorre que o DIREITO PENAL NÌO PUNE A AUTOLESÌO.
Assim, aquele que destr—i o pr—prio patrim™nio n‹o pratica crime de dano, aquele
que se lesiona fisicamente n‹o pratica o crime de les›es corporais, etc.

12
DÕçVILA, F‡bio Roberto. Ofensividade em Direito Penal: Escritos sobre a teoria do crime como ofensa a
bens jur’dicos. Porto Alegre: Ed. Livraria do Advogado, 2009. p. 67.
A ofensa a bem jur’dico pr—prio n‹o Ž conduta capaz de desafiar a
interven•‹o do Direito Penal, por ser incapaz de abalar a paz social, ou seja, n‹o
se trata de uma conduta capaz de afetar a sociedade de maneira t‹o grave a
ponto de merecer a repress‹o pelo Direito Penal, exatamente pelo fato de ofender
apenas o pr—prio agente, e n‹o outras pessoas.

2.3! Princ’pio da Adequa•‹o social


Este princ’pio prega que uma conduta, ainda quando tipificada em Lei como
criminosa, quando n‹o for capaz de afrontar o sentimento social de Justi•a,
n‹o seria considerada crime, em sentido material, por possuir adequa•‹o social
(aceita•‹o pela sociedade).
ƒ o que acontece, por exemplo, com o crime de adultŽrio, que foi revogado
h‡ alguns anos. Atualmente a sociedade n‹o entende mais o adultŽrio como um
fato criminoso, mas algo que deva ser 0resolvido entre os particulares envolvidos.
Antes da revoga•‹o do crime de adultŽrio, por exemplo, a sociedade, j‡ h‡
algumas dŽcadas, n‹o via o adultŽrio como uma conduta criminosa, n‹o via o
adœltero como alguŽm que devesse ser considerado um criminoso. O adultŽrio
poderia ser reprov‡vel moralmente, religiosamente, etc., mas j‡ n‹o
gozava mais, perante a sociedade, do status de crime, embora assim fosse
considerado pela Lei Penal. Desta forma, um Juiz poderia absolver alguŽm pela
pr‡tica do crime de adultŽrio, mesmo quando ainda era considerada uma conduta
criminosa, alegando haver adequa•‹o social da conduta.

2.4! Princ’pio da Fragmentariedade do Direito Penal


Estabelece que nem todos os fatos considerados il’citos pelo Direito devam
ser considerados como infra•‹o penal, mas somente aqueles que atentem
contra bens jur’dicos EXTREMAMENTE RELEVANTES. Ou seja, o Direito Penal
s— deve tutelar bens jur’dicos de grande relev‰ncia social.13
O Direito Penal, portanto, n‹o deve se ocupar da prote•‹o de bens jur’dicos
de menor relevo, exatamente porque o Direito Penal Ž o instrumento mais
invasivo de que disp›e o Estado para intervir na vida em sociedade, de maneira
que sua utiliza•‹o para prote•‹o de todo e qualquer bem jur’dico demonstraria
certa desproporcionalidade, alŽm de contribuir para a banaliza•‹o do Direito
Penal.

2.5! Princ’pio da Subsidiariedade do Direito Penal


Estabelece que o Direito Penal n‹o deve ser usado a todo momento, como
regra geral, e sim como uma ferramenta subsidi‡ria, ou seja, dever‡ ser

13
BECHARA, Ana Elisa Liberatore Silva. Bem jur’dico-penal. Ed. Quartier Latin. S‹o Paulo, 2014, p. 77.
utilizado apenas quando os demais ramos do Direito n‹o puderem tutelar
satisfatoriamente o bem jur’dico que se busca proteger.14
Tal princ’pio parte da compreens‹o de que o controle social Ž realizado de
maneira ampla, pelas mais diversas maneiras (moral, costumes, diversos ramos
do Direito, etc.), o que implica a necessidade de racionalizar a utiliza•‹o do Direito
Penal, reservando-o n‹o s— ˆ prote•‹o dos bens mais relevantes, exigindo-se
ainda que a prote•‹o destes bens relevantes n‹o possa ser feita por outras
formas.
EXEMPLO: O patrim™nio Ž um bem jur’dico relevante, disso ninguŽm
duvida. Todavia, nem toda les‹o ao patrim™nio ser‡ digna de prote•‹o pelo
Direito Penal, podendo ser protegida por outras searas, como o Direito Civil,
por exemplo. Assim, o n‹o pagamento de uma d’vida n‹o gera, a princ’pio,
a interven•‹o do Direito Penal, configurando mero il’cito civil, pois embora
gere les‹o ao patrim™nio do credor, tal problema pode ser resolvido por
outros ramos do Direito.

2.6! Princ’pio da Interven•‹o m’nima (ou Ultima Ratio)


Este princ’pio decorre do car‡ter fragment‡rio e subsidi‡rio do Direito Penal.
Este Ž um princ’pio limitador do poder punitivo estatal, que estabelece uma regra
a ser seguida para conter poss’veis arb’trios do Estado.
Assim, por for•a deste princ’pio, num sistema punitivo, como Ž o Direito
Penal, a criminaliza•‹o de condutas s— deve ocorrer quando se caracterizar
como meio absolutamente necess‡rio ˆ prote•‹o de bens jur’dicos ou ˆ
defesa de interesses cuja prote•‹o, pelo Direito Penal, seja absolutamente
indispens‡vel ˆ coexist•ncia harm™nica e pac’fica da sociedade.
Embora n‹o esteja previsto na Constitui•‹o, nem na legisla•‹o
infraconstitucional, decorre da pr—pria l—gica do sistema jur’dico-penal.
Tem como principais destinat‡rios o legislador e, subsidiariamente, o
operador do Direito. O primeiro Ž instado a n‹o criminalizar condutas que possam
ser resolvidas pelos demais ramos do Direito (Menos dr‡sticos). O operador do
Direito, por sua vez, Ž incumbido da tarefa de, no caso concreto, deixar de realizar
o ju’zo de tipicidade material. Resumindo: O Direito Penal Ž a œltima op•‹o para
um problema (Ultima ratio).15

2.7! Princ’pio do ne bis in idem


Por este princ’pio entende-se que uma pessoa n‹o pode ser punida
duplamente pelo mesmo fato. AlŽm disso, estabelece que uma pessoa n‹o possa,
sequer, ser processada duas vezes pelo mesmo fato. Da’ podermos dizer que n‹o
h‡, no processo penal, a chamada Òrevis‹o pro societateÓ.

14
ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general: Tomo I. Civitas. Madrid, 1997, p. 65.
15
TOLEDO, Francisco de Assis. Princ’pios b‡sicos de Direito Penal. S‹o Paulo: Ed. Saraiva, 1994. p. 13-14.
EXEMPLO: JosŽ foi processado pelo crime X. Todavia, como n‹o havia provas,
foi absolvido. Tal decis‹o transitou em julgado, tornando-se imut‡vel. Todavia,
dois meses depois, surgiram provas da culpa de JosŽ. Neste caso, JosŽ n‹o
poder‡ ser processado novamente.

CUIDADO! Uma pessoa n‹o pode ser duplamente processada pelo mesmo fato
quando j‡ houve decis‹o capaz de produzir coisa julgada material, ou seja, a
imutabilidade da decis‹o (condena•‹o, absolvi•‹o, extin•‹o da punibilidade,
etc.). Quando a decis‹o n‹o faz coisa julgada material, Ž poss’vel novo
processo (Ex.: Extin•‹o do processo pela rejei•‹o da denœncia, em raz‹o do
descumprimento de uma mera formalidade processual).

Tal princ’pio veda, ainda, que um mesmo fato, condi•‹o ou circunst‰ncia


seja duplamente considerado para fins de fixa•‹o da pena.
EXEMPLO: JosŽ est‡ sendo processado pelo crime de homic’dio qualificado
pelo motivo torpe. JosŽ Ž condenado pelo jœri e, na fixa•‹o da pena, o Juiz
aplica a agravante genŽrica prevista no art. 61, II, a do CP, cab’vel quando
o crime Ž praticado por motivo torpe. Todavia, neste caso, o Òmotivo torpeÓ
j‡ foi considerado como qualificadora (tornando a pena mais gravosa Ð de
06 a 20 anos para 12 a 30 anos), ent‹o n‹o pode ser novamente considerada
no mesmo caso. Ou seja, como tal circunst‰ncia (motivo torpe) j‡ qualifica
o delito, n‹o pode tambŽm servir como circunst‰ncia agravante, sob pena
de o agente ser duplamente punido pela mesma circunst‰ncia.

Assim:

VEDAÇÃO À DUPLA CONDENAÇÃO


PELO MESMO FATO

VEDAÇÃO AO DUPLO PROCESSO


NON BIS IN IDEM PELO MESMO FATO

VEDAÇÃO À DUPLA
CONSIDERAÇÃO DO MESMO
FATO/CONDIÇÃO/CIRCUNSTÂNCIA
NA DOSIMETRIA DA PENA
2.8! Princ’pio da proporcionalidade
Este princ’pio determina que as penas devem ser aplicadas de maneira
proporcional ˆ gravidade do fato. Mais que isso: Estabelece que as penas devem
ser COMINADAS (previstas) de forma a dar ao infrator uma san•‹o proporcional
ao fato abstratamente previsto.
Assim, se o CP previsse que o crime de homic’dio teria como pena m‡xima
dois anos de reclus‹o, e que o crime de furto teria como pena m‡xima quatro
anos de reclus‹o, estaria, claramente, violado o princ’pio da proporcionalidade.

2.9! Princ’pio da confian•a


Este princ’pio nem sempre Ž citado pela Doutrina. Prega que todos possuem
o direito de atuar acreditando que as demais pessoas ir‹o agir de acordo com as
normas que disciplinam a vida em sociedade.
Assim, exemplificativamente, quando alguŽm ultrapassa um sinal VERDE e
acaba colidindo lateralmente com outro ve’culo que avan•ou o sinal VERMELHO,
aquele que ultrapassou o sinal verde agiu amparado pelo princ’pio da confian•a,
n‹o tendo culpa, j‡ que dirigia na expectativa de que os demais respeitariam as
regras de sinaliza•‹o.

2.10! Princ’pio da insignific‰ncia (ou da bagatela)


As condutas que ofendam minimamente os bens jur’dico-penais tutelados
n‹o podem ser consideradas crimes, pois n‹o s‹o capazes de lesionar de maneira
eficaz o sentimento social de paz16. Imagine um furto de um pote de manteiga,
dentro de um supermercado. Nesse caso, a les‹o Ž insignificante, devendo a
quest‹o ser resolvida no ‰mbito civil (dever de pagar pelo produto furtado). Agora
imagine o furto de um sandu’che que era de propriedade de um morador de rua,
seu œnico alimento. Nesse caso, a les‹o Ž grave, embora o bem seja do mesmo
valor que anterior. Tudo deve ser avaliado no caso concreto. Para o STF, os
requisitos OBJETIVOS para a aplica•‹o deste princ’pio s‹o:
⇒! M’nima ofensividade da conduta
⇒! Aus•ncia de periculosidade social da a•‹o
⇒! Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento
⇒! Inexpressividade da les‹o jur’dica

O STJ, no entanto, entende que, alŽm destes, existem ainda requisitos de


ordem subjetiva:
⇒! Import‰ncia do objeto material do crime para a v’tima, de forma a
verificar se, no caso concreto, houve ou n‹o, de fato, les‹o

16
BITENCOURT, Op. cit., p. 60
Na verdade, esse requisito n‹o passa de uma an‡lise mais aprofundada do
œltimo dos requisitos objetivos estabelecidos pelo STF.
Sendo aplicado este princ’pio17, n‹o h‡ tipicidade, eis que ausente um dos
elementos da tipicidade, que Ž a TIPICIDADE MATERIAL, consistente no real
potencial de que a conduta produza alguma les‹o ao bem jur’dico tutelado. Resta,
portanto, somente a tipicidade formal (subsun•‹o entre a conduta e a previs‹o
contida na lei), o que Ž insuficiente.
Este princ’pio, em tese, possui aplica•‹o a todo e qualquer delito, e n‹o
somente aos de ’ndole patrimonial. Contudo, a jurisprud•ncia firmou
entendimento no sentido de ser incab’vel tal princ’pio em rela•‹o aos seguintes
delitos:
Ø! Furto qualificado
Ø! Moeda falsa
Ø! Tr‡fico de drogas
Ø! Roubo (ou qualquer crime cometido com viol•ncia ou grave amea•a ˆ
pessoa) 18
Ø! Crimes contra a administra•‹o pœblica19

Podemos resumir o entendimento Jurisprudencial no seguinte quadro:


M’nima ofensividade OBS.: N‹o cabe para:
da conduta Ø! Furto qualificado
Aus•ncia de Ø! Moeda falsa
periculosidade social Ø! Tr‡fico de drogas
da a•‹o
Ø! Roubo (ou
PRINCêPIO DA Reduzido grau de qualquer crime
INSIGNIFICåNCIA reprovabilidade da cometido com
conduta viol•ncia ou
(Requisitos)
grave amea•a ˆ
Inexpressividade da pessoa)
les‹o jur’dica

17
Este princ’pio (princ’pio da bagatela) n‹o pode ser confundido com o princ’pio da bagatela impr—pria.
A infra•‹o bagatelar impr—pria Ž aquela na qual se verifica que, apesar de a conduta nascer t’pica (formal e
materialmente t’pica), fatores outros, ocorridos ap—s a pr‡tica do delito, levam ˆ conclus‹o de que a pena Ž
desnecess‡ria no caso concreto
Ex.: O agente pratica um furto de um bem cujo valor n‹o Ž insignificante. Todavia, logo ap—s, se arrepende,
procura a v’tima, repara o dano e passa a manter boa rela•‹o com a v’tima. Trata-se de agente prim‡rio e
de bons antecedentes, que n‹o mais praticou qualquer infra•‹o penal. Neste caso, o Juiz poderia, por este
princ’pio, deixar de aplicar a pena, ante a desnecessidade da san•‹o penal.
18
STF, RHC 106.360/DF, Rel. Ministra ROSA WEBER, Primeira Turma, DJe de 3/10/2012
19
Anteriormente havia decis›es judiciais em ambos os sentidos. Atualmente, o tema se encontra SUMULADO
pelo STJ (sœmula 599 do STJ), no sentido da IMPOSSIBILIDADE de aplica•‹o de tal princ’pio aos
crimes contra a administra•‹o pœblica.
Ø! Crimes contra a
administra•‹o
pœblica
Import‰ncia do SOMENTE PARA O
objeto material para STJ
a v’tima*

CUIDADO! Em rela•‹o ao crime de descaminho h‡ um entendimento


pr—prio, no sentido de que Ž CABêVEL o princ’pio da insignific‰ncia, pois
apesar de se encontrar entre os crimes contra a administra•‹o pœblica,
trata-se de crime contra a ordem tribut‡ria. Qual o patamar
considerado para fins de insignific‰ncia em rela•‹o a tal delito? O
STJ entende que Ž R$ 10.000,00, enquanto o STF sustenta que Ž R$
20.000,00.

CUIDADO MASTER! A reincid•ncia Ž uma circunst‰ncia que pode


afastar a aplica•‹o do princ’pio da insignific‰ncia. Contudo, esse
afastamento Ž discutido na jurisprud•ncia. A QUINTA TURMA do STJ
possui entendimento no sentido de que n‹o cabe aplica•‹o deste princ’pio
se o rŽu Ž reincidente (RHC 48.510/MG, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA
TURMA, julgado em 07/10/2014, DJe 15/10/2014). A SEXTA TURMA
entende que a reincid•ncia, por si s—, n‹o Ž apta a afastar a aplica•‹o do
princ’pio (AgRg no AREsp 490.599/RS, Rel. Ministro SEBASTIÌO REIS JòNIOR,
SEXTA TURMA, julgado em 23/09/2014, DJe 10/10/2014), havendo decis›es,
contudo, no sentido de que a reincid•ncia espec’fica (ou seja, reincid•ncia
em crimes contra o patrim™nio) afastaria a aplica•‹o do princ’pio (RHC
43.864/MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
julgado em 07/10/2014, DJe 17/10/2014).
O STF, por sua vez, firmou entendimento no sentido de que somente a
reincid•ncia espec’fica (pr‡tica reiterada de crimes da mesma
espŽcie) afastaria a aplica•‹o do princ’pio da insignific‰ncia:
(...) Afirmou, ademais, que, considerada a teoria da reitera•‹o n‹o cumulativa de
condutas de g•neros distintos, a contum‡cia de infra•›es penais que n‹o t•m o
patrim™nio como bem jur’dico tutelado pela norma penal (a exemplo da les‹o corporal)
n‹o poderia ser valorada como fator impeditivo ˆ aplica•‹o do princ’pio da insignific‰ncia,
porque ausente a sŽria les‹o ˆ propriedade alheia. HC 114723/MG, rel. Min. Teori
Zavascki, 26.8.2014. (HC-114723) Ð Informativo 756 do STF20

20
Embora este tenha sido o entendimento firmado, h‡ decis›es no sentido de que a reincid•ncia, seja de
que natureza for, NÌO PODE impedir a caracteriza•‹o do princ’pio da insignific‰ncia, por uma quest‹o l—gica:
A insignific‰ncia Ž analisada na TIPICIDADE (tipicidade material), de maneira que, nesta fase, n‹o se procede
ˆ nenhuma an‡lise da pessoa do agente.
Objetivamente, sugiro adotar o entendimento do STF: apenas a
reincid•ncia espec’fica Ž capaz de afastar a aplica•‹o do princ’pio da
insignific‰ncia.21

3! CONCEITO E FONTES DO DIREITO PENAL

3.1! Conceito
O Direito Penal pode ser conceituado como o ramo do Direito Pœblico cuja
fun•‹o Ž selecionar os bens jur’dicos mais importantes para a sociedade e buscar
protege-los, por meio da cria•‹o de normas de conduta que, uma vez violadas,
constituem crimes, sob amea•a de aplica•‹o de uma pena.
Nas palavras de CAPEZ22:
ÒO Direito Penal Ž o segumento do ordenamento jur’dico que detŽm a fun•‹o de
selecionar os comportamentos humanos mais graves e perniciosos ˆ coletividade,
capazes de colocar em risco valores fundamentais para a conviv•ncia social, e
decrev•-los como infra•›es penais, cominando-lhes, em conseqŸ•ncia, as respectivas
san•›es, alŽm de estabelecer todas as regras complementares e gerais necess‡rias ˆ
sua correta e justa aplica•‹o"

3.2! Fontes
As fontes do Direito Penal s‹o de duas ordens: material e formal.
As fontes materiais (substanciais) s‹o os —rg‹os encarregados de
produzir o Direito Penal. No caso brasileiro, a Uni‹o (Pois somente a Uni‹o
pode legislar sobre Direito Penal, embora possa conferir aos estados-membros,
por meio de Lei Complementar, o poder de legislar sobre quest›es espec’ficas
sobre Direito Penal, de interesse estritamente local, nos termos do ¤ œnico do
art. 22 da Constitui•‹o) Ž o Ente respons‡vel pela Òcria•‹oÓ das normas de Direito
Penal, nos termos do art. 22 da Constitui•‹o. Vejamos:
Art. 22. Compete privativamente ˆ Uni‹o legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agr‡rio, mar’timo, aeron‡utico,
espacial e do trabalho;

As fontes formais (tambŽm chamadas de cognitivas ou fontes de


conhecimento), por sua vez, s‹o os meios pelos quais o Direito Penal se
exterioriza, ou seja, os meios pelos quais ele se apresenta ao mundo jur’dico.
Podem ser IMEDIATAS ou MEDIATAS.

21
Existem decis›es recentes do STF no sentido de que cabe ao Juiz de primeira inst‰ncia analisar, caso a
caso, a pertin•ncia da aplica•‹o do princ’pio. Como s‹o decis›es muito recentes, ainda n‹o Ž poss’vel afirmar
que forma uma nova jurisprud•ncia, de forma que Ž mais prudente aguardar a consolida•‹o deste
entendimento.
22
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, parte geral, volume 1, editora Saraiva, 2005, p. 1
As fontes formais imediatas s‹o aquelas que apresentam o Direito Penal de
forma direta, sendo fruto dos —rg‹os respons‡veis pela sua cria•‹o. No caso do
Brasil, a œnica fonte formal imediata do Direito Penal Ž a LEI, Lei em sentido
estrito, como sin™nimo de diploma normativo oriundo do Poder Legislativo
Federal, mais especificamente a LEI ORDINçRIA.
As fontes formais mediatas (tambŽm chamadas de secund‡rias) s‹o aquelas
que ajudam a formar o Direito Penal, de forma perifŽrica, como os costumes, os
atos administrativos e os princ’pios gerais do Direito.
Assim, podemos esquematizar da seguinte forma:

Fontes do Direito
Penal

Formais Materiais

União
Imediatas Mediatas (Excepcionalmente os
estados-membros)

Lei em sentido estrito


Costumes, princípios
(a Medida Provisória,
gerais do Direito e
por exemplo, não entra
atos administrativos
aqui)

4! SòMULAS PERTINENTES

4.1! Sœmulas do STJ


ÄSœmula n¼ 09 do STJ Ð Assentava a aus•ncia de viola•‹o ao princ’pio da
presun•‹o de inoc•ncia no que toca ˆ exig•ncia de pris‹o cautelar (recolhimento
ˆ pris‹o) para apelar. Encontra-se SUPERADA. Hoje n‹o se exige mais o
recolhimento ˆ pris‹o como requisito de admissibilidade recursal.
Sœmula n¼ 09 do STJ - A EXIGENCIA DA PRISÌO PROVISORIA, PARA APELAR, NÌO
OFENDE A GARANTIA CONSTITUCIONAL DA PRESUN‚ÌO DE INOCENCIA.
Ä
inoc•ncia (ou presun•‹o de n‹o culpabilidade), o STJ sumulou entendimento no
sentido de que inquŽritos policiais e a•›es penais em curso n‹o podem ser
utilizados para agravar a pena base (circunst‰ncias judiciais desfavor‡veis), j‡
que ainda n‹o h‡ tr‰nsito em julgado de senten•a penal condenat—ria. Este
entendimento fica prejudicado pelo novo entendimento adotado pelo STF no
julgamento do HC 126.292 (no qual se entendeu que a presun•‹o de inoc•ncia
fica afastada a partir de condena•‹o em segunda inst‰ncia).
Sœmula n¼ 444 do STJ - ƒ VEDADA A UTILIZA‚ÌO DE INQUƒRITOS POLICIAIS E
A‚ÍES PENAIS EM CURSO PARA AGRAVAR A PENA-BASE.

ÄSœmula n¼ 492 do STJ Ð Trata-se de sœmula que visa a privilegiar o princ’pio


da individualiza•‹o da pena. Por certo, a medida socioeducativa n‹o Ž pena.
Contudo, se o princ’pio da individualiza•‹o se imp›e em rela•‹o aos imput‡veis,
no que tange ˆ pena aplic‡vel, com muito mais raz‹o dever‡ ser aplic‡vel aos
inimput‡veis em decorr•ncia da menoridade, a quem se aplica medida
socioeducativa.
Sœmula 492 do STJ - O ATO INFRACIONAL ANçLOGO AO TRçFICO DE DROGAS, POR
SI Sî, NÌO CONDUZ OBRIGATORIAMENTE Ë IMPOSI‚ÌO DE MEDIDA
SOCIOEDUCATIVA DE INTERNA‚ÌO DO ADOLESCENTE.

ÄSœmula n¼ 502 do STJ Ð Trata-se de enunciado de sœmula por meio do qual


o STJ afasta por completo a possibilidade de aplica•‹o do princ’pio da
adequa•‹o social ˆ conduta de expor ˆ venda CDs e DVDs pirateados. Trata-se
de conduta t’pica, prevista no art. 184, ¤¤ 1¼ e 2¼ do CP.
Sœmula 502 do STJ - PRESENTES A MATERIALIDADE E A AUTORIA, AFIGURA-SE
TêPICA, EM RELA‚ÌO AO CRIME PREVISTO NO ART. 184, ¤ 2¼, DO CP, A CONDUTA
DE EXPOR Ë VENDA CDS E DVDS PIRATAS.

5! RESUMO
Para finalizar o estudo da matŽria, trazemos um resumo dos
principais aspectos estudados ao longo da aula. Nossa
sugest‹o Ž a de que esse resumo seja estudado sempre
previamente ao in’cio da aula seguinte, como forma de
ÒrefrescarÓ a mem—ria. AlŽm disso, segundo a organiza•‹o
de estudos de voc•s, a cada ciclo de estudos Ž fundamental
retomar esses resumos. Caso encontrem dificuldade em
compreender alguma informa•‹o, n‹o deixem de retornar ˆ
aula.
PRINCêPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL
Conceito
Normas que, extra’das da Constitui•‹o Federal, servem como base interpretativa
para todas as outras normas de Direito Penal do sistema jur’dico brasileiro.
Possuem for•a normativa, devendo ser respeitados, sob pena de
inconstitucionalidade da norma que os contrariar. Em resumo:

Legalidade - Uma conduta n‹o pode ser considerada criminosa se antes de sua
pr‡tica (anterioridade) n‹o havia lei formal (reserva legal) nesse sentido. Pontos
importantes:

Ø! O princ’pio da legalidade se divide em Òreserva legalÓ (necessidade de Lei


formal) e ÒanterioridadeÓ (necessidade de que a Lei seja anterior ao fato
criminoso)
Ø! Normas penais em branco n‹o violam tal princ’pio
Ø! Lei penal n‹o pode retroagir, sob pena de viola•‹o ˆ anterioridade.
EXCE‚ÌO: poder‡ retroagir para beneficiar o rŽu.
Ø! Somente Lei formal pode criar condutas criminosas e cominar penas. OBS.:
==0==

Medida Provis—ria pode descriminalizar condutas e tratar de temas


favor‡veis ao rŽu (h‡ diverg•ncias, mas isto Ž o que prevalece no
STF).

Individualiza•‹o da pena Ð Ocorre em tr•s esferas:


Ø! Legislativa - Comina•‹o de puni•›es proporcionais ˆ gravidade dos
crimes, e com o estabelecimento de penas m’nimas e m‡ximas.
Ø! Judicial - An‡lise, pelo magistrado, das circunst‰ncias do crime, dos
antecedentes do rŽu, etc.
Ø! Administrativa Ð Ocorre na fase de execu•‹o penal, oportunidade na
qual ser‹o analisadas quest›es como progress‹o de regime, livramento
condicional e outras.

Intranscend•ncia da pena Ð NinguŽm pode ser processado e punido por fato


criminoso praticado por outra pessoa. Isso n‹o impede que os sucessores do
condenado falecido sejam obrigados a reparar os danos civis causados
pelo fato.
OBS.: A multa n‹o Ž Òobriga•‹o de reparar o danoÓ, pois n‹o se destina ˆ v’tima.
A multa Ž espŽcie de PENA, e n‹o pode ser executada contra os sucessores.

Limita•‹o das penas (ou humanidade) Ð Determinadas espŽcies de san•‹o


penal s‹o vedadas. S‹o elas:
Ø! Pena de morte. EXCE‚ÌO: No caso de guerra declarada (crimes militares).
Ø! Pena de car‡ter perpŽtuo
Ø! Pena de trabalhos for•ados
Ø! Pena de banimento
Ø! Penas cruŽis
OBS.: Trata-se de cl‡usula pŽtrea.
Presun•‹o de inoc•ncia (ou presun•‹o de n‹o culpabilidade) Ð NinguŽm
pode ser considerado culpado se ainda n‹o h‡ senten•a penal condenat—ria
transitada em julgado.
⇒! Uma regra probat—ria (regra de julgamento) - Deste princ’pio decorre
que o ™nus (obriga•‹o) da prova cabe ao acusador (MP ou ofendido,
conforme o caso).
⇒! Uma regra de tratamento - Deste princ’pio decorre, ainda, que o rŽu
deve ser, a todo momento, tratado como inocente.
Dimens‹o interna Ð O agente deve ser tratado, dentro do processo, como
inocente.
Dimens‹o externa Ð O agente deve ser tratado como inocente FORA do
processo, ou seja, o fato de estar sendo processado n‹o pode gerar reflexos
negativos na vida do rŽu.

OBS.: O STF decidiu, recentemente, que o cumprimento da pena pode se iniciar


com a mera condena•‹o em segunda inst‰ncia por um —rg‹o colegiado
(TJ, TRF, etc.), relativizando o princ’pio da presun•‹o de inoc•ncia (HC
126292/SP, rel. Min. Teori Zavascki, 17.2.2016).
Desse princ’pio decorre que o ™nus da prova cabe ao acusador. O rŽu Ž, desde o
come•o, inocente, atŽ que o acusador prove sua culpa.
Pontos importantes:
Ø! A exist•ncia de pris›es provis—rias (pris›es decretadas no curso do
processo) n‹o ofende a presun•‹o de inoc•ncia
Ø! Processos criminais em curso e inquŽritos policiais em face do acusado NÌO
podem ser considerados maus antecedentes (nem circunst‰ncias judiciais
desfavor‡veis) Ð Sœmula 442 do STJ
Ø! N‹o se exige senten•a transitada em julgado (pelo novo crime) para que o
condenado sofra regress‹o de regime (pela pr‡tica de novo crime)
Ø! N‹o se exige senten•a transitada em julgado (pelo novo crime) para que
haja revoga•‹o da suspens‹o condicional do processo.

OUTROS PRINCêPIOS DO DIREITO PENAL

Princ’pio da alteridade (ou lesividade) - O fato deve causar les‹o a um bem


jur’dico de terceiro. Desse princ’pio decorre que o DIREITO PENAL NÌO PUNE A
AUTOLESÌO.

Princ’pio da ofensividade - N‹o basta que o fato seja formalmente t’pico. ƒ


necess‡rio que este fato ofenda, de maneira grave, o bem jur’dico pretensamente
protegido pela norma penal.
Princ’pio da Adequa•‹o social Ð Uma conduta, ainda quando tipificada em Lei
como crime, quando n‹o afrontar o sentimento social de Justi•a, n‹o seria crime
(em sentido material).

Princ’pio da Fragmentariedade do Direito Penal - Nem todos os fatos


considerados il’citos pelo Direito devam ser considerados como infra•‹o penal,
mas somente aqueles que atentem contra bens jur’dicos EXTREMAMENTE
RELEVANTES.

Princ’pio da Subsidiariedade do Direito Penal - O Direito Penal n‹o deve ser


usado a todo momento, mas apenas como uma ferramenta subsidi‡ria, quando
os demais ramos do Direito se mostrarem insuficientes.

Princ’pio da Interven•‹o m’nima (ou Ultima Ratio) - Decorre do car‡ter


fragment‡rio e subsidi‡rio do Direito Penal. A criminaliza•‹o de condutas s— deve
ocorrer quando se caracterizar como meio absolutamente necess‡rio ˆ prote•‹o
de bens jur’dicos ou ˆ defesa de interesses cuja prote•‹o, pelo Direito Penal, seja
absolutamente indispens‡vel ˆ coexist•ncia harm™nica e pac’fica da sociedade.

Princ’pio do ne bis in idem Ð NinguŽm pode ser punido duplamente pelo


mesmo fato. NinguŽm poder‡, sequer, ser processado duas vezes pelo mesmo
fato. N‹o se pode, ainda, utilizar o mesmo fato, condi•‹o ou circunst‰ncia duas
vezes (como qualificadora e como agravante, por ex.).

Princ’pio da proporcionalidade - As penas devem ser aplicadas de maneira


proporcional ˆ gravidade do fato. AlŽm disso, as penas devem ser cominadas de
forma a dar ao infrator uma san•‹o proporcional ao fato abstratamente previsto.

Princ’pio da confian•a - Todos possuem o direito de atuar acreditando que as


demais pessoas ir‹o agir de acordo com as normas que disciplinam a vida em
sociedade. NinguŽm pode ser punido por agir com essa expectativa.

Princ’pio da insignific‰ncia (ou da bagatela) - As condutas que n‹o ofendam


significativamente os bens jur’dico-penais tutelados n‹o podem ser consideradas
crimes (em sentido material). A aplica•‹o de tal princ’pio afasta a tipicidade
MATERIAL da conduta.
Quadro-resumo:

M’nima ofensividade OBS.: N‹o cabe para:


da conduta
Aus•ncia de Ø! Furto qualificado
periculosidade social Ø! Moeda falsa
da a•‹o Ø! Tr‡fico de drogas
Reduzido grau de Ø! Roubo (ou
PRINCêPIO DA reprovabilidade da qualquer crime
INSIGNIFICåNCIA conduta cometido com
viol•ncia ou
(Requisitos) Inexpressividade da grave amea•a ˆ
les‹o jur’dica pessoa)
Ø! Crimes contra a
administra•‹o
pœblica
Import‰ncia do SOMENTE PARA O
objeto material para STJ
a v’tima*

Pontos importantes:

Ø! Descaminho Ð Cabe aplica•‹o do princ’pio da insignific‰ncia. PATAMAR: O


STJ entende que Ž R$ 10.000,00, enquanto o STF sustenta que Ž R$
20.000,00.

Ø! Reincid•ncia Ð H‡ diverg•ncia jurisprudencial. STF: apenas a


reincid•ncia espec’fica Ž capaz de afastar a aplica•‹o do princ’pio da
insignific‰ncia (h‡ decis›es em sentido contr‡rio).

CONCEITO E FONTES DO DIREITO PENAL

Conceito - Ramo do Direito Pœblico cuja fun•‹o Ž selecionar os bens jur’dicos


mais importantes para a sociedade e buscar protege-los, por meio da cria•‹o de
normas de conduta que, uma vez violadas, constituem crimes, sob amea•a de
aplica•‹o de uma pena.

Fontes - s‹o de duas ordens: material e formal.

Ø! Materiais - S‹o os —rg‹os encarregados de produzir o Direito Penal.


No caso brasileiro, a Uni‹o Ž o Ente respons‡vel pela Òcria•‹oÓ das normas
de Direito Penal.
Ø! Formais - TambŽm chamadas de cognitivas ou fontes de conhecimento,
por sua vez, s‹o os meios pelos quais o Direito Penal se exterioriza, ou
seja, os meios pelos quais ele se apresenta ao mundo jur’dico. Podem ser
IMEDIATAS ou MEDIATAS.
§! Imediatas - S‹o aquelas que apresentam o Direito Penal
de forma direta, sendo fruto dos —rg‹os respons‡veis pela
sua cria•‹o. No caso do Brasil, a œnica fonte formal
imediata do Direito Penal Ž a LEI, Lei em sentido estrito.
Obs.: MP pode tratar sobre matŽria penal, desde que n‹o
seja mais gravosa (posi•‹o do STF).
§! Mediatas - TambŽm chamadas de secund‡rias, s‹o
aquelas que ajudam a formar o Direito Penal, de forma
perifŽrica, como os costumes, os atos administrativos e os
princ’pios gerais do Direito.
___________

Bons estudos!
Prof. Renan Araujo

6! EXERCêCIOS DA AULA

01.! (CESPE Ð 2017 Ð PC-MT Ð DELEGADO DE POLêCIA)


De acordo com o entendimento do STF, a aplica•‹o do princ’pio da insignific‰ncia
pressup›e a constata•‹o de certos vetores para se caracterizar a atipicidade
material do delito. Tais vetores incluem o(a)
a) reduzid’ssimo grau de reprovabilidade do comportamento.
b) desvalor relevante da conduta e do resultado.
c) m’nima periculosidade social da a•‹o.
d) relevante ofensividade da conduta do agente.
e) expressiva les‹o jur’dica provocada.

02.! (CESPE Ð 2016 Ð DPU Ð ANALISTA TƒCNICO ADMINISTRATIVO)


Jo‹o, aproveitando-se de distra•‹o de Marcos, juiz de direito, subtraiu para si
uma sacola de roupas usadas a ele pertencentes. Marcos pretendia do‡-las a
institui•‹o de caridade. Jo‹o foi perseguido e preso em flagrante delito por
policiais que presenciaram o ato. Instaurado e conclu’do o inquŽrito policial, o
MinistŽrio Pœblico n‹o ofereceu denœncia nem praticou qualquer ato no prazo
legal.
Considerando a situa•‹o hipotŽtica descrita, julgue o item a seguir.
O fato de a v’tima ser juiz de direito demonstra maior reprovabilidade da conduta
de Jo‹o, o que impede o reconhecimento do princ’pio da insignific‰ncia.
03.! (CESPE Ð 2015 Ð TCE-RN Ð INSPETOR)
Acerca do concurso de pessoas e dos princ’pios de direito penal, julgue o item
seguinte.
Segundo o princ’pio da interven•‹o m’nima, o direito penal somente dever‡
cuidar da prote•‹o dos bens mais relevantes e imprescind’veis ˆ vida social.

04.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð AGENTE Ð ADAPTADA)


O princ’pio da legalidade pode ser desdobrado em tr•s: princ’pio da reserva legal,
princ’pio da taxatividade e princ’pio da retroatividade como regra, a fim de
garantir justi•a na aplica•‹o de qualquer norma.

05.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð AGENTE Ð ADAPTADA)


Em raz‹o do princ’pio da legalidade, a analogia n‹o pode ser usada em matŽria
penal.

06.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-PE Ð AGENTE Ð ADAPTADA)


O princ’pio da fragmentariedade ou o car‡ter fragment‡rio do direito penal quer
dizer que a pessoa cometer‡ o crime se sua conduta coincidir com qualquer verbo
da descri•‹o desse crime, ou seja, com qualquer fragmento de seu tipo penal.

07.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-PE Ð AGENTE Ð ADAPTADA)


O princ’pio da insignific‰ncia no direito penal disp›e que nenhuma vida humana
ser‡ considerada insignificante, sendo que todas dever‹o ser protegidas.

08.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-PE Ð AGENTE Ð ADAPTADA)


O princ’pio da ultima ratio ou da interven•‹o m’nima do direito penal significa
que a pessoa s— cometer‡ um crime se a pessoa a ser prejudicada por esse crime
o permitir.

09.! (CESPE Ð 2014 Ð CåMARA DOS DEPUTADOS Ð CONSULTOR


LEGISLATIVO Ð çREA III)
Um dos princ’pios basilares do direito penal diz respeito ˆ n‹o transcend•ncia da
pena, que significa que a pena deve estar expressamente prevista no tipo penal,
n‹o havendo possibilidade de aplicar pena cominada a outro crime.

10.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ/SE Ð TƒCNICO)


A respeito do princ’pio da legalidade, da rela•‹o de causalidade, dos crimes
consumados e tentados e da imputabilidade penal, julgue os itens seguintes.
ƒ leg’tima a cria•‹o de tipos penais por meio de decreto.
11.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ/SE Ð TƒCNICO)
Julgue os itens seguintes, conforme o entendimento dominante dos tribunais
superiores acerca da Lei Maria da Penha, dos princ’pios do processo penal, do
inquŽrito, da a•‹o penal, das nulidades e da pris‹o.
Conforme o STF, viola o princ’pio da presun•‹o de inoc•ncia a exclus‹o de
certame pœblico de candidato que responda a inquŽrito policial ou a a•‹o penal
sem tr‰nsito em julgado de senten•a condenat—ria.

12.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ/SE Ð TƒCNICO)


Julgue os itens seguintes, conforme o entendimento dominante dos tribunais
superiores acerca da Lei Maria da Penha, dos princ’pios do processo penal, do
inquŽrito, da a•‹o penal, das nulidades e da pris‹o.
Conforme o STF, para que incida o princ’pio da insignific‰ncia e,
consequentemente, seja afastada a recrimina•‹o penal, Ž indispens‡vel que a
conduta do agente seja marcada por ofensividade m’nima ao bem jur’dico
tutelado, reduzido grau de reprovabilidade, inexpressividade da les‹o, e
nenhuma periculosidade social.

13.! (CESPE Ð 2013 - TJ-RR Ð TITULAR NOTARIAL - ADAPTADA)


De acordo com o entendimento pacificado no STJ e no STF, a venda de CDs e
DVDs piratas Ž conduta at’pica, devido ˆ incid•ncia do princ’pio da adequa•‹o
social.

14.! (CESPE Ð 2013 - TJ-RR Ð TITULAR NOTARIAL - ADAPTADA)


Dado o princ’pio da fragmentariedade, o direito penal s— deve ser utilizado
quando insuficientes as outras formas de controle social.

15.! (CESPE Ð 2015 Ð TCU Ð AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO)


Em consequ•ncia da fragmentariedade do direito penal, ainda que haja outras
formas de san•‹o ou outros meios de controle social para a tutela de determinado
bem jur’dico, a criminaliza•‹o, pelo direito penal, de condutas que invistam
contra esse bem ser‡ adequada e recomend‡vel.

16.! (CESPE Ð 2015 Ð TJ-PB Ð JUIZ - ADAPTADA)


Depreende-se do princ’pio da lesividade que a autoles‹o, via de regra, n‹o Ž
pun’vel.

17.! (CESPE Ð 2015 Ð TJ-PB Ð JUIZ - ADAPTADA)


Depreende-se da aplica•‹o do princ’pio da insignific‰ncia a determinado caso que
a conduta em quest‹o Ž formal e materialmente at’pica.
18.! (CESPE - 2016 - TCE-PR - AUDITOR)
A respeito dos princ’pios aplic‡veis ao direito penal, assinale a op•‹o correta.
A) Do princ’pio da individualiza•‹o da pena decorre a exig•ncia de que a
dosimetria obede•a ao perfil do sentenciado, n‹o havendo correla•‹o do referido
princ’pio com a atividade legislativa incriminadora, isto Ž, com a feitura de
normas penais incriminadoras.
B) Conforme o entendimento doutrin‡rio dominante relativamente ao princ’pio
da interven•‹o m’nima, o direito penal somente deve ser aplicado quando as
demais esferas de controle n‹o se revelarem eficazes para garantir a paz social.
Decorrem de tal princ’pio a fragmentariedade e o car‡ter subsidi‡rio do direito
penal.
C) Ao se referir ao princ’pio da lesividade ou ofensividade, a doutrina majorit‡ria
aponta que somente haver‡ infra•‹o penal se houver efetiva les‹o ao bem
jur’dico tutelado.
D) Em decorr•ncia do princ’pio da confian•a, h‡ presun•‹o de legitimidade e
legalidade dos atos dos —rg‹os oficiais de persecu•‹o penal, raz‹o pela qual a
coletividade deve guardar confian•a em rela•‹o a eles.
E) Dado o princ’pio da intranscend•ncia da pena, o condenado n‹o pode
permanecer mais tempo preso do que aquele estipulado pela senten•a transitada
em julgado.

19.! (CESPE Ð 2013 - TJ-RR Ð TITULAR NOTARIAL - ADAPTADA)


Decorre do princ’pio da ofensividade a veda•‹o ao legislador de criminalizar
condutas que causem potencial les‹o a bem jur’dico relevante.

20.! (CESPE Ð 2013 - TJ-RR Ð TITULAR NOTARIAL - ADAPTADA)


De acordo com o entendimento do STF, para a incid•ncia do princ’pio da
insignific‰ncia, basta que a conduta do agente tenha m’nima ofensividade.

21.! (CESPE Ð 2013 Ð TJ-PB Ð JUIZ LEIGO Ð ADAPTADA)


A respeito dos princ’pios do direito penal e da aplica•‹o da lei penal no espa•o e
no tempo, assinale a op•‹o correta.
ƒ permitida a cria•‹o de tipos penais por meio de medida provis—ria.

22.! (CESPE - 2013 - STF - AJAJ)


Acerca dos princ’pios gerais que norteiam o direito penal, das teorias do crime e
dos institutos da Parte Geral do C—digo Penal brasileiro, julgue os itens a seguir.
Considere que Manoel, penalmente imput‡vel, tenha sequestrado uma crian•a
com o intuito de receber certa quantia como resgate. Um m•s depois, estando a
v’tima ainda em cativeiro, nova lei entrou em vigor, prevendo pena mais severa
para o delito. Nessa situa•‹o, a lei mais gravosa n‹o incidir‡ sobre a conduta de
Manoel.

23.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ-SE Ð TITULAR NOTARIAL Ð ADAPTADA)


A pr‡tica constante de comportamentos contr‡rios ˆ lei penal, ainda que
insignificantes, implica a perda da caracter’stica de bagatela desses
comportamentos, devendo o agente submeter- se ao direito penal, dada a
reprovabilidade da conduta.

24.! (CESPE Ð 2013 Ð PG-DF Ð PROCURADOR)


Ë luz das fontes do direito penal e considerando os princ’pios a ele aplic‡veis,
julgue o item abaixo.
Segundo a jurisprud•ncia do STF e do STJ, a aplica•‹o do princ’pio da
insignific‰ncia no direito penal est‡ condicionada ao atendimento, concomitante,
dos seguintes requisitos: primariedade do agente, valor do objeto material da
infra•‹o inferior a um sal‡rio m’nimo, n‹o contribui•‹o da v’tima para a
deflagra•‹o da a•‹o criminosa, aus•ncia de viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa.

25.! (CESPE Ð 2013 Ð TJ-BA Ð TITULAR NOTARIAL)


O direito penal s— deve se preocupar com a prote•‹o dos bens jur’dicos mais
essenciais ˆ vida em sociedade, constituindo a sua interven•‹o a ultima ratio, ou
seja, tal interven•‹o somente ser‡ exigida quando n‹o se fizer suficiente a
prote•‹o proporcionada pelos demais ramos do direito. Tal conceito tem rela•‹o
com o princ’pio da
a) anterioridade.
b) reserva legal.
c) interven•‹o m’nima.
d) proporcionalidade.
e) intranscend•ncia.

26.! (CESPE Ð 2012 Ð AGU Ð ADVOGADO DA UNIÌO)


Julgue o item subsecutivo, a respeito dos efeitos da condena•‹o criminal e de
crimes contra a administra•‹o pœblica.
ƒ inaplic‡vel o princ’pio da insignific‰ncia aos crimes contra a administra•‹o
pœblica, pois a puni•‹o do agente, nesse caso, tem o prop—sito de resguardar n‹o
apenas o aspecto patrimonial, mas, principalmente, a moral administrativa.

27.! (CESPE Ð 2011 Ð TRE-ES Ð ANALISTA JUDICIçRIO Ð çREA


JUDICIçRIA)
A lei penal que beneficia o agente n‹o apenas retroage para alcan•ar o fato
praticado antes de sua entrada em vigor, como tambŽm, embora revogada,
continua a reger o fato ocorrido ao tempo de sua vig•ncia.

28.! (CESPE- 2011 Ð TJ-ES Ð ANALISTA JUDICIçRIO Ð çREA


JUDICIçRIA)
Uma das fun•›es do princ’pio da legalidade refere-se ˆ proibi•‹o de se realizar
incrimina•›es vagas e indeterminadas, visto que, no preceito prim‡rio do tipo
penal incriminador, Ž obrigat—ria a exist•ncia de defini•‹o precisa da conduta
proibida ou imposta, sendo vedada, com base em tal princ’pio, a cria•‹o de tipos
que contenham conceitos vagos e imprecisos.

29.! (CESPE Ð 2012 Ð TJ-AC Ð TƒCNICO JUDICIçRIO)


Dado o princ’pio da legalidade, o Poder Executivo n‹o pode majorar as penas
cominadas aos crimes cometidos contra a administra•‹o pœblica por meio de
decreto.

30.! (CESPE Ð 2012 Ð POLêCIA FEDERAL Ð AGENTE DA POLêCIA


FEDERAL)
O fato de determinada conduta ser considerada crime somente se estiver como
tal expressamente prevista em lei n‹o impede, em decorr•ncia do princ’pio da
anterioridade, que sejam sancionadas condutas praticadas antes da vig•ncia de
norma excepcional ou tempor‡ria que as caracterize como crime.

31.! (CESPE Ð 2012 Ð TJ-AC Ð TƒCNICO JUDICIçRIO)


Uma pessoa poder‡ ser considerada culpada ap—s senten•a condenat—ria pela
pr‡tica de crime, ainda que dela recorra.

32.! (CESPE Ð 2012 Ð TJ-AC Ð TƒCNICO JUDICIçRIO)


Os sucessores daquele que falecer antes de cumprir a pena a que tiver sido
condenado poder‹o ser obrigados a cumpri-la em seu lugar.

33.! (CESPE Ð 2012 Ð PC/AL Ð AGENTE DE POLêCIA)


Em caso de urg•ncia, a defini•‹o do que Ž crime pode ser realizada por meio de
medida provis—ria.

34.! (CESPE - 2013 - DEPEN - AGENTE PENITENCIçRIO)


O direito penal brasileiro n‹o admite penas de banimento e de trabalhos for•ados.

35.! (CESPE - 2013 - DEPEN - AGENTE PENITENCIçRIO)


A a•‹o de grupos armados civis contra o Estado democr‡tico constitui crime
insuscet’vel de gra•a ou anistia.

36.! (CESPE - 2013 - POLêCIA RODOVIçRIA FEDERAL Ð POLICIAL


RODOVIçRIO FEDERAL)
O princ’pio da legalidade Ž par‰metro fixador do conteœdo das normas penais
incriminadoras, ou seja, os tipos penais de tal natureza somente podem ser
criados por meio de lei em sentido estrito.

37.! (CESPE - 2013 - POLêCIA RODOVIçRIA FEDERAL Ð POLICIAL


RODOVIçRIO FEDERAL)
A extra-atividade da lei penal constitui exce•‹o ˆ regra geral de aplica•‹o da lei
vigente ˆ Žpoca dos fatos.

38.! (CESPE - 2013 - POLêCIA FEDERAL - ESCRIVÌO DA POLêCIA


FEDERAL)
Julgue os itens subsequentes, relativos ˆ aplica•‹o da lei penal e seus princ’pios.
No que diz respeito ao tema lei penal no tempo, a regra Ž a aplica•‹o da lei
apenas durante o seu per’odo de vig•ncia; a exce•‹o Ž a extra-atividade da lei
penal mais benŽfica, que comporta duas espŽcies: a retroatividade e a ultra-
atividade.

39.! (CESPE Ð 2009 Ð AGU Ð ADVOGADO DA UNIÌO)


A respeito da aplica•‹o da lei penal, dos princ’pios da legalidade e da
anterioridade e acerca da lei penal no tempo e no espa•o, julgue o seguinte item.
O princ’pio da legalidade, que Ž desdobrado nos princ’pios da reserva legal e da
anterioridade, n‹o se aplica ˆs medidas de seguran•a, que n‹o possuem natureza
de pena, pois a parte geral do C—digo Penal apenas se refere aos crimes e
contraven•›es penais.

7! EXERCêCIOS COMENTADOS

01.! (CESPE Ð 2017 Ð PC-MT Ð DELEGADO DE POLêCIA)


De acordo com o entendimento do STF, a aplica•‹o do princ’pio da
insignific‰ncia pressup›e a constata•‹o de certos vetores para se
caracterizar a atipicidade material do delito. Tais vetores incluem o(a)
a) reduzid’ssimo grau de reprovabilidade do comportamento.
b) desvalor relevante da conduta e do resultado.
c) m’nima periculosidade social da a•‹o.
d) relevante ofensividade da conduta do agente.
e) expressiva les‹o jur’dica provocada.
COMENTçRIOS: Os requisitos para a caracteriza•‹o do princ’pio da
insignific‰ncia s‹o:
¥! M’nima ofensividade da conduta;
¥! Aus•ncia de periculosidade social da a•‹o;
¥! Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
¥! Inexpressividade da les‹o jur’dica.
Desta forma, podemos ver que apenas a letra A traz um dos requisitos para a
caracteriza•‹o do princ’pio da insignific‰ncia, de acordo com os Tribunais
Superiores.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.

02.! (CESPE Ð 2016 Ð DPU Ð ANALISTA TƒCNICO ADMINISTRATIVO)


Jo‹o, aproveitando-se de distra•‹o de Marcos, juiz de direito, subtraiu
para si uma sacola de roupas usadas a ele pertencentes. Marcos
pretendia do‡-las a institui•‹o de caridade. Jo‹o foi perseguido e preso
em flagrante delito por policiais que presenciaram o ato. Instaurado e
conclu’do o inquŽrito policial, o MinistŽrio Pœblico n‹o ofereceu denœncia
nem praticou qualquer ato no prazo legal.
Considerando a situa•‹o hipotŽtica descrita, julgue o item a seguir.
O fato de a v’tima ser juiz de direito demonstra maior reprovabilidade da
conduta de Jo‹o, o que impede o reconhecimento do princ’pio da
insignific‰ncia.
COMENTçRIOS: Item errado, pois o fato de a v’tima ser juiz de direito n‹o tem
qualquer relev‰ncia para fins de aplica•‹o, ou n‹o, do princ’pio da insignific‰ncia.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

03.! (CESPE Ð 2015 Ð TCE-RN Ð INSPETOR)


Acerca do concurso de pessoas e dos princ’pios de direito penal, julgue
o item seguinte.
Segundo o princ’pio da interven•‹o m’nima, o direito penal somente
dever‡ cuidar da prote•‹o dos bens mais relevantes e imprescind’veis ˆ
vida social.
COMENTçRIOS: Item correto, pois o princ’pio da interven•‹o penal m’nima
sustenta que o Direito Penal s— deve proteger os bens jur’dicos mais relevantes
ˆ sociedade (fragmentariedade do Direito Penal), e apenas quando isso for
imposs’vel de ser realizado pelos outros ramos do Direito (subsidiariedade do
Direito Penal).
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

04.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð AGENTE Ð ADAPTADA)


O princ’pio da legalidade pode ser desdobrado em tr•s: princ’pio da
reserva legal, princ’pio da taxatividade e princ’pio da retroatividade
como regra, a fim de garantir justi•a na aplica•‹o de qualquer norma.
COMENTçRIOS: Item errado, pois o princ’pio da legalidade se divide em
ANTERIORIDADE (lei penal deve ser anterior ao fato) e RESERVA LEGAL (somente
lei em sentido estrito pode criminalizar condutas e estabelecer penas).
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

05.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð AGENTE Ð ADAPTADA)


Em raz‹o do princ’pio da legalidade, a analogia n‹o pode ser usada em
matŽria penal.
COMENTçRIOS: Item errado, pois em direito penal s— Ž vedada a analogia
prejudicial ao rŽu, exatamente por violar o princ’pio da legalidade. ƒ admitida,
contudo, a analogia favor‡vel ao rŽu.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

06.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-PE Ð AGENTE Ð ADAPTADA)


O princ’pio da fragmentariedade ou o car‡ter fragment‡rio do direito
penal quer dizer que a pessoa cometer‡ o crime se sua conduta coincidir
com qualquer verbo da descri•‹o desse crime, ou seja, com qualquer
fragmento de seu tipo penal.
COMENTçRIOS: Item errado, pois o princ’pio da fragmentariedade prega que o
Direito Penal n‹o deve proteger todo e qualquer bem jur’dico, ou seja, o Direito
Penal deve se voltar ˆ tutela, apenas, daqueles bens jur’dicos considerados mais
relevantes para a sociedade.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

07.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-PE Ð AGENTE Ð ADAPTADA)


O princ’pio da insignific‰ncia no direito penal disp›e que nenhuma vida
humana ser‡ considerada insignificante, sendo que todas dever‹o ser
protegidas.
COMENTçRIOS: Item errado, pois o reconhecimento da insignific‰ncia da
conduta implica o reconhecimento de que a conduta n‹o Ž MATERIALMENTE
t’pica, ou seja, que a conduta n‹o se enquadra no conceito material de crime,
pois n‹o Ž capaz de lesionar de maneira significativa o bem jur’dico protegido
pela norma penal.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

08.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-PE Ð AGENTE Ð ADAPTADA)


O princ’pio da ultima ratio ou da interven•‹o m’nima do direito penal
significa que a pessoa s— cometer‡ um crime se a pessoa a ser
prejudicada por esse crime o permitir.
COMENTçRIOS: O princ’pio da interven•‹o m’nima sustenta que o Direito Penal
somente deve ser utilizado em Òœltimo casoÓ, ou seja, quando for estritamente
necess‡rio para a prote•‹o de bens jur’dicos relevantes.
Este princ’pio decorre do car‡ter fragment‡rio e subsidi‡rio do Direito Penal.
Assim, por for•a deste princ’pio, num sistema punitivo, como Ž o Direito Penal, a
criminaliza•‹o de condutas s— deve ocorrer quando se caracterizar como meio
absolutamente necess‡rio ˆ prote•‹o de bens jur’dicos relevantes
(fragmentariedade), e desde que isso n‹o seja poss’vel pelos outros ramos do
Direito (subsidiariedade).
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

09.! (CESPE Ð 2014 Ð CåMARA DOS DEPUTADOS Ð CONSULTOR


LEGISLATIVO Ð çREA III)
Um dos princ’pios basilares do direito penal diz respeito ˆ n‹o
transcend•ncia da pena, que significa que a pena deve estar
expressamente prevista no tipo penal, n‹o havendo possibilidade de
aplicar pena cominada a outro crime.
COMENTçRIOS: O item est‡ errado. O princ’pio da intranscend•ncia da pena
est‡ relacionado ˆ impossibilidade de a pena passar da pessoa do infrator, ou
seja, da impossibilidade de se aplicar a pena criminal a uma pessoa diversa
daquela que praticou o delito.
Est‡ previsto no art. 5¼, XLV da CRFB/88:
XLV - nenhuma pena passar‡ da pessoa do condenado, podendo a obriga•‹o de
reparar o dano e a decreta•‹o do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, atŽ o limite do valor do
patrim™nio transferido;
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

10.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ/SE Ð TƒCNICO)


A respeito do princ’pio da legalidade, da rela•‹o de causalidade, dos
crimes consumados e tentados e da imputabilidade penal, julgue os itens
seguintes.
ƒ leg’tima a cria•‹o de tipos penais por meio de decreto.
COMENTçRIOS: Item errado, pois isso violaria o princ’pio da RESERVA LEGAL,
que Ž um subprinc’pio do princ’pio da legalidade. Isto porque os Decretos n‹o
s‹o diplomas emanados do Poder Legislativo, ou seja, n‹o s‹o leis em sentido
estrito.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

11.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ/SE Ð TƒCNICO)


Julgue os itens seguintes, conforme o entendimento dominante dos
tribunais superiores acerca da Lei Maria da Penha, dos princ’pios do
processo penal, do inquŽrito, da a•‹o penal, das nulidades e da pris‹o.
Conforme o STF, viola o princ’pio da presun•‹o de inoc•ncia a exclus‹o
de certame pœblico de candidato que responda a inquŽrito policial ou a
a•‹o penal sem tr‰nsito em julgado de senten•a condenat—ria.
COMENTçRIOS: Item correto. Este Ž o entendimento do STF:
(...) 3. A jurisprud•ncia da Corte firmou o entendimento de que viola o princ’pio da
presun•‹o de inoc•ncia a exclus‹o de certame pœblico de candidato que responda a
inquŽrito policial ou a•‹o penal sem tr‰nsito em julgado da senten•a condenat—ria. 4.
Agravo regimental n‹o provido.
(ARE 753331 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em
17/09/2013, ACîRDÌO ELETRïNICO DJe-228 DIVULG 19-11-2013 PUBLIC 20-11-
2013)
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

12.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ/SE Ð TƒCNICO)


Julgue os itens seguintes, conforme o entendimento dominante dos
tribunais superiores acerca da Lei Maria da Penha, dos princ’pios do
processo penal, do inquŽrito, da a•‹o penal, das nulidades e da pris‹o.
Conforme o STF, para que incida o princ’pio da insignific‰ncia e,
consequentemente, seja afastada a recrimina•‹o penal, Ž indispens‡vel
que a conduta do agente seja marcada por ofensividade m’nima ao bem
jur’dico tutelado, reduzido grau de reprovabilidade, inexpressividade da
les‹o, e nenhuma periculosidade social.
COMENTçRIOS: O item est‡ correto. O STF aceita a aplica•‹o do princ’pio da
insignific‰ncia, mas desde que presentes estes requisitos. Vejamos:
(...) 1. Segundo a jurisprud•ncia do Supremo Tribunal Federal, para se caracterizar
hip—tese de aplica•‹o do denominado Òprinc’pio da insignific‰nciaÓ e, assim, afastar a
recrimina•‹o penal, Ž indispens‡vel que a conduta do agente seja marcada por
ofensividade m’nima ao bem jur’dico tutelado, reduzido grau de reprovabilidade,
inexpressividade da les‹o e nenhuma periculosidade social. (...)
(HC 114097, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em
01/04/2014, PROCESSO ELETRïNICO DJe-074 DIVULG 14-04-2014 PUBLIC 15-04-
2014)
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

13.! (CESPE Ð 2013 - TJ-RR Ð TITULAR NOTARIAL - ADAPTADA)


De acordo com o entendimento pacificado no STJ e no STF, a venda de
CDs e DVDs piratas Ž conduta at’pica, devido ˆ incid•ncia do princ’pio da
adequa•‹o social.
COMENTçRIOS: Item errado. O princ’pio da adequa•‹o n‹o Ž aceito pela
jurisprud•ncia neste caso. Inclusive, o STJ editou verbete de sœmula a respeito
da quest‹o.
Vejamos:
Sœmula 502 do STJ
ao crime previsto no art. 184, ¤ 2¼, do CP, a conduta de expor ˆ
venda CDs e DVDs piratas.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

14.! (CESPE Ð 2013 - TJ-RR Ð TITULAR NOTARIAL - ADAPTADA)


Dado o princ’pio da fragmentariedade, o direito penal s— deve ser
utilizado quando insuficientes as outras formas de controle social.
COMENTçRIOS: Item errado, pois esta Ž a exata defini•‹o do princ’pio da
interven•‹o m’nima. O princ’pio da fragmentariedade prega que o Direito Penal
n‹o deve proteger todo e qualquer bem jur’dico, ou seja, o Direito Penal deve se
voltar ˆ tutela, apenas, daqueles bens jur’dicos considerados mais relevantes
para a sociedade.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

15.! (CESPE Ð 2015 Ð TCU Ð AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO)


Em consequ•ncia da fragmentariedade do direito penal, ainda que haja
outras formas de san•‹o ou outros meios de controle social para a tutela
de determinado bem jur’dico, a criminaliza•‹o, pelo direito penal, de
condutas que invistam contra esse bem ser‡ adequada e recomend‡vel.
COMENTçRIOS: O princ’pio da fragmentariedade do Direito Penal est‡
relacionado ˆ IMPORTåNCIA do bem jur’dico para a sociedade. Ou seja, o Direito
Penal s— poder‡ tutelar aqueles bens jur’dicos especialmente relevantes, cabendo
aos demais ramos do Direito a tutela daqueles bens que n‹o sejam dotados de
tamanha import‰ncia social.
AlŽm disso, pelo car‡ter SUBSIDIçRIO do Direito Penal, ele s— deve tutelar esses
bens jur’dicos extremamente relevantes quando n‹o for poss’vel aos demais
ramos do Direito exercer esta tarefa, j‡ que o Direito Penal Ž um instrumento
extremamente invasivo.
Assim, se os outros meios de san•‹o e de controle social s‹o suficientes, a
interven•‹o penal n‹o pode ser admitida.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

16.! (CESPE Ð 2015 Ð TJ-PB Ð JUIZ - ADAPTADA)


Depreende-se do princ’pio da lesividade que a autoles‹o, via de regra,
n‹o Ž pun’vel.
COMENTçRIOS: Item correto, pois o princ’pio da lesividade sustenta que uma
conduta s— pode ser penalmente relevante quando afeta bens jur’dicos de
terceiros, causando, portanto, les‹o a alguŽm diferente do pr—prio indiv’duo, de
maneira que a autoles‹o (les‹o a bens jur’dicos pr—prios) n‹o pode ser
considerada crime.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.
17.! (CESPE Ð 2015 Ð TJ-PB Ð JUIZ - ADAPTADA)
Depreende-se da aplica•‹o do princ’pio da insignific‰ncia a determinado
caso que a conduta em quest‹o Ž formal e materialmente at’pica.
COMENTçRIOS: Item errado, pois o reconhecimento da insignific‰ncia da
conduta implica o reconhecimento de que a conduta n‹o Ž MATERIALMENTE
t’pica, ou seja, que a conduta n‹o se enquadra no conceito material de crime. A
tipicidade formal (mera correspond•ncia do fato ˆ norma penal proibitiva)
permanece ’ntegra.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

18.! (CESPE - 2016 - TCE-PR - AUDITOR)


A respeito dos princ’pios aplic‡veis ao direito penal, assinale a op•‹o
correta.
A) Do princ’pio da individualiza•‹o da pena decorre a exig•ncia de que a
dosimetria obede•a ao perfil do sentenciado, n‹o havendo correla•‹o do
referido princ’pio com a atividade legislativa incriminadora, isto Ž, com
a feitura de normas penais incriminadoras.
B) Conforme o entendimento doutrin‡rio dominante relativamente ao
princ’pio da interven•‹o m’nima, o direito penal somente deve ser
aplicado quando as demais esferas de controle n‹o se revelarem eficazes
para garantir a paz social. Decorrem de tal princ’pio a fragmentariedade
e o car‡ter subsidi‡rio do direito penal.
C) Ao se referir ao princ’pio da lesividade ou ofensividade, a doutrina
majorit‡ria aponta que somente haver‡ infra•‹o penal se houver efetiva
les‹o ao bem jur’dico tutelado.
D) Em decorr•ncia do princ’pio da confian•a, h‡ presun•‹o de
legitimidade e legalidade dos atos dos —rg‹os oficiais de persecu•‹o
penal, raz‹o pela qual a coletividade deve guardar confian•a em rela•‹o
a eles.
E) Dado o princ’pio da intranscend•ncia da pena, o condenado n‹o pode
permanecer mais tempo preso do que aquele estipulado pela senten•a
transitada em julgado.
COMENTçRIOS:
A) ERRADA: A individualiza•‹o da pena ocorre em tr•s etapas: no momento da
criminaliza•‹o da conduta, no momento da aplica•‹o da pena e no momento da
execu•‹o da pena.
B) CORRETA: O princ’pio da interven•‹o m’nima sustenta que o Direito Penal
somente deve ser utilizado em Òœltimo casoÓ, ou seja, quando for estritamente
necess‡rio para a prote•‹o de bens jur’dicos relevantes.
Este princ’pio decorre do car‡ter fragment‡rio e subsidi‡rio do Direito Penal.
Assim, por for•a deste princ’pio, num sistema punitivo, como Ž o Direito Penal, a
criminaliza•‹o de condutas s— deve ocorrer quando se caracterizar como meio
absolutamente necess‡rio ˆ prote•‹o de bens jur’dicos relevantes
(fragmentariedade), e desde que isso n‹o seja poss’vel pelos outros ramos do
Direito (subsidiariedade).
C) ERRADA: Item errado, pois o princ’pio da ofensividade exige que a conduta
criminalizada tenha APTIDÌO para ofender o bem jur’dico que a norma pretende
tutelar. N‹o se exige, em todos os casos, a efetiva les‹o, pois existem os
chamados crimes de perigo, que s‹o aqueles em rela•‹o aos quais basta que o
bem jur’dico seja exposto a risco de dano para que o crime se configure (sem
que haja viola•‹o ao princ’pio da ofensividade).
D) ERRADA: Este princ’pio, nem sempre citado pela Doutrina, prega que todos
possuem o direito de atuar acreditando que as demais pessoas ir‹o agir de acordo
com as normas que disciplinam a vida em sociedade. Assim, quando alguŽm
ultrapassa um sinal VERDE e acaba colidindo lateralmente com outro ve’culo que
avan•ou o sinal VERMELHO, aquele que ultrapassou o sinal verde agiu amparado
pelo princ’pio da confian•a, n‹o tendo culpa, j‡ que dirigia na expectativa de que
os demais respeitariam as regras de sinaliza•‹o.
E) ERRADA: O princ’pio da intranscend•ncia da pena veda que a pena seja
aplicada a pessoa diversa daquela que foi efetivamente condenada, ou seja,
ninguŽm poder‡ ser punido por crime praticado por outra pessoa, nos termos do
art. 5¼ XLV da CF/88.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.

19.! (CESPE Ð 2013 - TJ-RR Ð TITULAR NOTARIAL - ADAPTADA)


Decorre do princ’pio da ofensividade a veda•‹o ao legislador de
criminalizar condutas que causem potencial les‹o a bem jur’dico
relevante.
COMENTçRIOS: Item errado. O princ’pio da ofensividade n‹o veda a
criminaliza•‹o de condutas que gerem mera POTENCIAL les‹o ao bem jur’dico.
Ao contr‡rio, o princ’pio da ofensividade exige que a criminaliza•‹o recaia apenas
em condutas que causem les‹o ou perigo de les‹o (potencial les‹o) ao bem
jur’dico relevante.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

20.! (CESPE Ð 2013 - TJ-RR Ð TITULAR NOTARIAL - ADAPTADA)


De acordo com o entendimento do STF, para a incid•ncia do princ’pio da
insignific‰ncia, basta que a conduta do agente tenha m’nima
ofensividade.
COMENTçRIOS: Item errado. Os requisitos exigidos pelo STF e pelo STJ s‹o:
¥! M’nima ofensividade da conduta;
¥! Aus•ncia de periculosidade social da a•‹o;
¥! Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
¥! Inexpressividade da les‹o jur’dica.
Tais requisitos s‹o cumulativos, ou seja, ausente qualquer um deles, n‹o poder‡
ser reconhecido o car‡ter ÒbagatelarÓ ˆ infra•‹o penal.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

21.! (CESPE Ð 2013 Ð TJ-PB Ð JUIZ LEIGO Ð ADAPTADA)


A respeito dos princ’pios do direito penal e da aplica•‹o da lei penal no
espa•o e no tempo, assinale a op•‹o correta.
ƒ permitida a cria•‹o de tipos penais por meio de medida provis—ria.
COMENTçRIOS: Item errado. O princ’pio da reserva legal (uma das vertentes
do princ’pio da legalidade) prega que somente LEI EM SENTIDO ESTRITO poder‡
criar tipos penais. Lei em sentido estrito Ž o diploma normativo emanado do Poder
Legislativo, cujo processo de aprova•‹o segue o rito ordin‡rio. No caso brasileiro,
o diploma legislativo exigido Ž a Lei Ordin‡ria. A MP Ž mero ato normativo de
incumb•ncia do Presidente da Repœblica, que apesar de possuir for•a de Lei, n‹o
satisfaz os requisitos para que seja atendido o princ’pio da reserva legal.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

22.! (CESPE - 2013 - STF - AJAJ)


Acerca dos princ’pios gerais que norteiam o direito penal, das teorias do
crime e dos institutos da Parte Geral do C—digo Penal brasileiro, julgue
os itens a seguir.
Considere que Manoel, penalmente imput‡vel, tenha sequestrado uma
crian•a com o intuito de receber certa quantia como resgate. Um m•s
depois, estando a v’tima ainda em cativeiro, nova lei entrou em vigor,
prevendo pena mais severa para o delito. Nessa situa•‹o, a lei mais
gravosa n‹o incidir‡ sobre a conduta de Manoel.
COMENTçRIOS: A afirmativa Ž errada, pois a lei nova, neste caso, passou a
vigorar DURANTE a consuma•‹o do delito, ou seja, ela PODE ser aplicada, pois
n‹o h‡ retroatividade neste caso. Aplica-se, na hip—tese, a sœmula n¼ 711 do
STF:
A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME
PERMANENTE, SE A SUA VIGæNCIA ƒ ANTERIOR Ë CESSA‚ÌO DA
CONTINUIDADE OU DA PERMANæNCIA.
Ora, o crime de extors‹o mediante sequestro Ž um crime permanente, e que se
encontrava em execu•‹o quando sobreveio a lei nova. Assim, esta dever‡ ser
aplicada ao caso.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

23.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ-SE Ð TITULAR NOTARIAL Ð ADAPTADA)


A pr‡tica constante de comportamentos contr‡rios ˆ lei penal, ainda que
insignificantes, implica a perda da caracter’stica de bagatela desses
comportamentos, devendo o agente submeter- se ao direito penal, dada
a reprovabilidade da conduta.
COMENTçRIOS: Item errado. Quando a prova foi aplicada o gabarito era
ÒcorretoÓ, inclusive este foi o gabarito da Banca. Contudo, o STF mudou seu
entendimento, e passou a entender que a reincid•ncia genŽrica n‹o afasta a
possibilidade de reconhecimento do princ’pio da insignific‰ncia.
Tal entendimento foi externado no julgamento do HC 114723/MG, rel. Min. Teori
Zavascki, julg. Em 26.8.2014 (Informativo 756 do STF). Vejamos:
Ò(...) Afirmou, ademais, que, considerada a teoria da reitera•‹o n‹o
cumulativa de condutas de g•neros distintos, a contum‡cia de infra•›es
penais que n‹o t•m o patrim™nio como bem jur’dico tutelado pela norma
penal (a exemplo da les‹o corporal) n‹o poderia ser valorada como fator
impeditivo ˆ aplica•‹o do princ’pio da insignific‰ncia, porque ausente a
sŽria les‹o ˆ propriedade alheia. HC 114723/MG, rel. Min. Teori Zavascki,
26.8.2014. (HC-114723)
N‹o se pode afirmar, ao certo, se tal entendimento ir‡ permanecer sendo
adotado. Contudo, por ora, Ž o entendimento mais recente do STF.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

24.! (CESPE Ð 2013 Ð PG-DF Ð PROCURADOR)


Ë luz das fontes do direito penal e considerando os princ’pios a ele
aplic‡veis, julgue o item abaixo.
Segundo a jurisprud•ncia do STF e do STJ, a aplica•‹o do princ’pio da
insignific‰ncia no direito penal est‡ condicionada ao atendimento,
concomitante, dos seguintes requisitos: primariedade do agente, valor
do objeto material da infra•‹o inferior a um sal‡rio m’nimo, n‹o
contribui•‹o da v’tima para a deflagra•‹o da a•‹o criminosa, aus•ncia de
viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa.
COMENTçRIOS: Item errado. Os requisitos exigidos pelo STF e pelo STJ s‹o:
¥! M’nima ofensividade da conduta;
¥! Aus•ncia de periculosidade social da a•‹o;
¥! Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
¥! Inexpressividade da les‹o jur’dica.
Lembrando que o fato de o agente n‹o ser prim‡rio n‹o impede a caracteriza•‹o
da insignific‰ncia.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

25.! (CESPE Ð 2013 Ð TJ-BA Ð TITULAR NOTARIAL)


O direito penal s— deve se preocupar com a prote•‹o dos bens jur’dicos
mais essenciais ˆ vida em sociedade, constituindo a sua interven•‹o a
ultima ratio, ou seja, tal interven•‹o somente ser‡ exigida quando n‹o
se fizer suficiente a prote•‹o proporcionada pelos demais ramos do
direito. Tal conceito tem rela•‹o com o princ’pio da
a) anterioridade.
b) reserva legal.
c) interven•‹o m’nima.
d) proporcionalidade.
e) intranscend•ncia.
COMENTçRIOS: O enunciado descreve perfeitamente o princ’pio da interven•‹o
m’nima, ou da ultima ratio, segundo o qual o Direito Penal n‹o deve ser chamado
a atuar em todo e qualquer caso em que haja les‹o ou potencial les‹o a bens
jur’dicos relevantes, mas somente quando os demais ramos do Direito n‹o forem
suficientes.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.

26.! (CESPE Ð 2012 Ð AGU Ð ADVOGADO DA UNIÌO)


Julgue o item subsecutivo, a respeito dos efeitos da condena•‹o criminal
e de crimes contra a administra•‹o pœblica.
ƒ inaplic‡vel o princ’pio da insignific‰ncia aos crimes contra a
administra•‹o pœblica, pois a puni•‹o do agente, nesse caso, tem o
prop—sito de resguardar n‹o apenas o aspecto patrimonial, mas,
principalmente, a moral administrativa.
COMENTçRIOS: A quest‹o foi corretamente anulada pela Banca, pois, na Žpoca
de aplica•‹o da prova, havia decis›es judiciais em ambos os sentidos.
Atualmente, o tema se encontra SUMULADO pelo STJ (sœmula 599 do STJ), no
sentido da IMPOSSIBILIDADE de aplica•‹o de tal princ’pio aos crimes contra a
administra•‹o pœblica.
Atualmente, portanto, a afirmativa est‡ correta.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

27.! (CESPE Ð 2011 Ð TRE-ES Ð ANALISTA JUDICIçRIO Ð çREA


JUDICIçRIA)
A lei penal que beneficia o agente n‹o apenas retroage para alcan•ar o
fato praticado antes de sua entrada em vigor, como tambŽm, embora
revogada, continua a reger o fato ocorrido ao tempo de sua vig•ncia.
COMENTçRIOS: Item correto, pois ainda que seja revogada por outra, mais
gravosa, a lei penal mais benŽfica continua a reger os fatos ocorridos durante a
sua vig•ncia e anteriormente ˆ sua vig•ncia.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

28.! (CESPE- 2011 Ð TJ-ES Ð ANALISTA JUDICIçRIO Ð çREA


JUDICIçRIA)
Uma das fun•›es do princ’pio da legalidade refere-se ˆ proibi•‹o de se
realizar incrimina•›es vagas e indeterminadas, visto que, no preceito
prim‡rio do tipo penal incriminador, Ž obrigat—ria a exist•ncia de
defini•‹o precisa da conduta proibida ou imposta, sendo vedada, com
base em tal princ’pio, a cria•‹o de tipos que contenham conceitos vagos
e imprecisos.
COMENTçRIOS: O princ’pio da legalidade exige n‹o s— que a conduta proibida
esteja prevista em Lei e que esta lei seja anterior (reserva legal + anterioridade,
os dois subprinc’pios do princ’pio da legalidade), mas exige, ainda, que a
defini•‹o da conduta incriminada seja precisa, para que n‹o haja indetermina•‹o
no conceito da conduta proibida, o que geraria inseguran•a jur’dica, em
desrespeito ao princ’pio da legalidade.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

29.! (CESPE Ð 2012 Ð TJ-AC Ð TƒCNICO JUDICIçRIO)


Dado o princ’pio da legalidade, o Poder Executivo n‹o pode majorar as
penas cominadas aos crimes cometidos contra a administra•‹o pœblica
por meio de decreto.
COMENTçRIOS: O Poder Executivo n‹o pode majorar as penas dos crimes
praticados contra a administra•‹o pœblica, nem as penas de qualquer crime
mediante decreto. Pelo princ’pio da legalidade, mais especificamente o princ’pio
da reserva legal, somente LEI EM SENTIDO ESTRITO (Diploma legislativo
produzido pelo Poder Legislativo) Ž que pode definir condutas criminosas, bem
como majorar penas.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

30.! (CESPE Ð 2012 Ð POLêCIA FEDERAL Ð AGENTE DA POLêCIA


FEDERAL)
O fato de determinada conduta ser considerada crime somente se estiver
como tal expressamente prevista em lei n‹o impede, em decorr•ncia do
princ’pio da anterioridade, que sejam sancionadas condutas praticadas
antes da vig•ncia de norma excepcional ou tempor‡ria que as caracterize
como crime.
COMENTçRIOS: As normas excepcionais e tempor‡rias t•m como caracter’stica
principal o fato de que, mesmo revogadas, continuam a reger os fatos
PRATICADOS DURANTE SUA VIGæNCIA, n‹o ocorrendo abolitio criminis na
hip—tese.
Contudo, as leis excepcionais e tempor‡rias n‹o podem ser aplicadas a fatos
praticados ANTES de sua entrada em vigor. Trata-se de pegadinha!
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

31.! (CESPE Ð 2012 Ð TJ-AC Ð TƒCNICO JUDICIçRIO)


Uma pessoa poder‡ ser considerada culpada ap—s senten•a condenat—ria
pela pr‡tica de crime, ainda que dela recorra.
COMENTçRIOS: Se ainda est‡ pendente o julgamento de recurso interposto
pela defesa, isto significa que ainda n‹o h‡ senten•a penal condenat—ria
transitada em julgado. Se a senten•a penal condenat—ria ainda n‹o transitou em
julgado, a pessoa ainda n‹o pode ser considerada culpada, pelo princ’pio da
presun•‹o de inoc•ncia (Lembrando que o STF come•ou a alterar seu
entendimento sobre o tema, defendendo que a condena•‹o em segunda
inst‰ncia, por —rg‹o colegiado, j‡ afasta a presun•‹o de inoc•ncia). Vejamos o
art. 5¼, LVII da CRFB/88:
Art. 5¼ (...)
LVII - ninguŽm ser‡ considerado culpado atŽ o tr‰nsito em julgado de
senten•a penal condenat—ria;
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

32.! (CESPE Ð 2012 Ð TJ-AC Ð TƒCNICO JUDICIçRIO)


Os sucessores daquele que falecer antes de cumprir a pena a que tiver
sido condenado poder‹o ser obrigados a cumpri-la em seu lugar.
COMENTçRIOS: O item est‡ errado, pois a pena Ž INTRANSFERêVEL, pelo
princ’pio da PESSOALIDADE DA PENA, ou princ’pio da INTRANSCENDæNCIA DA
PENA. Os herdeiros poder‹o, no m‡ximo, ser obrigados a reparar o dano causado,
mas, mesmo assim, a obriga•‹o de reparar o dano n‹o pode ser em valor superior
ao valor transferido pelo falecido a t’tulo de heran•a. Vejamos o que diz o art.
5¼, XLV da CFRB/88:
Art. 5¼ (...)
XLV - nenhuma pena passar‡ da pessoa do condenado, podendo a
obriga•‹o de reparar o dano e a decreta•‹o do perdimento de bens ser,
nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas,
atŽ o limite do valor do patrim™nio transferido;
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

33.! (CESPE Ð 2012 Ð PC/AL Ð AGENTE DE POLêCIA)


Em caso de urg•ncia, a defini•‹o do que Ž crime pode ser realizada por
meio de medida provis—ria.
COMENTçRIOS: Pelo princ’pio da legalidade, mais especificamente o princ’pio
da reserva legal, somente LEI EM SENTIDO ESTRITO (Diploma legislativo
produzido pelo Poder Legislativo) Ž que pode definir condutas criminosas, bem
como majorar penas.
Nem mesmo Medida Provis—ria (Que Ž um diploma legislativo emanado do Poder
Executivo) poder‡ definir crimes ou majorar penas, ainda que se trate de
urg•ncia.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

34.! (CESPE - 2013 - DEPEN - AGENTE PENITENCIçRIO)


O direito penal brasileiro n‹o admite penas de banimento e de trabalhos
for•ados.
COMENTçRIOS: De fato, as penas de banimento de trabalhos for•ados n‹o s‹o
admitidas no Direito Penal brasileiro, por for•a do que disp›e a Constitui•‹o
Federal em seu art. 5¼, XLVII. Vejamos:
Art. 5¼ (...)
XLVII - n‹o haver‡ penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84,
XIX;
b) de car‡ter perpŽtuo;
c) de trabalhos for•ados;
d) de banimento;
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

35.! (CESPE - 2013 - DEPEN - AGENTE PENITENCIçRIO)


A a•‹o de grupos armados civis contra o Estado democr‡tico constitui
crime insuscet’vel de gra•a ou anistia.
COMENTçRIOS: A a•‹o de grupos armados civis contra o Estado Democr‡tico
n‹o se confunde com terrorismo. A a•‹o de grupos armados, neste caso,
conforme prev• a Constitui•‹o Federal em seu art. 5¼, XLIV, Ž apenas
inafian•‡vel e imprescrit’vel. Vejamos:
Art. 5¼ (...)
XLIV - constitui crime inafian•‡vel e imprescrit’vel a a•‹o de grupos
armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democr‡tico;
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

36.! (CESPE - 2013 - POLêCIA RODOVIçRIA FEDERAL Ð POLICIAL


RODOVIçRIO FEDERAL)
O princ’pio da legalidade Ž par‰metro fixador do conteœdo das normas
penais incriminadoras, ou seja, os tipos penais de tal natureza somente
podem ser criados por meio de lei em sentido estrito.
COMENTçRIOS: A quest‹o foi considerada correta, mas o princ’pio que exige
que o tipo penal incriminador seja criado por lei em sentido estrito n‹o Ž o da
legalidade, mas o da RESERVA LEGAL. ƒ fato que a reserva legal Ž subprinc’pio
da legalidade, de forma que, indiretamente, a legalidade se aplica ao caso.
Entretanto, a Banca poderia ter sido mais espec’fica, evitando causar confus‹o
na cabe•a dos candidatos.
A quest‹o n‹o chega a estar errada, mas poderia ter sido mais espec’fica.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

37.! (CESPE - 2013 - POLêCIA RODOVIçRIA FEDERAL Ð POLICIAL


RODOVIçRIO FEDERAL)
A extra-atividade da lei penal constitui exce•‹o ˆ regra geral de aplica•‹o
da lei vigente ˆ Žpoca dos fatos.
COMENTçRIOS: De fato, a lei penal, como regra, somente produz efeitos
durante sua vig•ncia. Contudo, em determinados casos, a lei penal poder‡
retroagir, ou seja, ser aplicada a fatos praticados antes de sua entrada em vigor,
bem como poder‡ ser ultra-ativa, ou seja, continuar regendo os fatos praticados
durante sua vig•ncia, mesmo ap—s sua revoga•‹o.
Ambas as hip—teses excepcionais (retroatividade e ultra-atividade) s‹o espŽcies
do g•nero extra-atividade.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

38.! (CESPE - 2013 - POLêCIA FEDERAL - ESCRIVÌO DA POLêCIA


FEDERAL)
Julgue os itens subsequentes, relativos ˆ aplica•‹o da lei penal e seus
princ’pios.
No que diz respeito ao tema lei penal no tempo, a regra Ž a aplica•‹o da
lei apenas durante o seu per’odo de vig•ncia; a exce•‹o Ž a extra-
atividade da lei penal mais benŽfica, que comporta duas espŽcies: a
retroatividade e a ultra-atividade.
COMENTçRIOS: A lei penal, em regra, somente produz efeitos durante sua
vig•ncia. Contudo, em determinados casos, a lei penal poder‡ retroagir, ou seja,
ser aplicada a fatos praticados antes de sua entrada em vigor, bem como poder‡
ser ultra-ativa, ou seja, continuar regendo os fatos praticados durante sua
vig•ncia, mesmo ap—s sua revoga•‹o.
Ambas as hip—teses excepcionais (retroatividade e ultra-atividade) s‹o espŽcies
do g•nero extra-atividade.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

39.! (CESPE Ð 2009 Ð AGU Ð ADVOGADO DA UNIÌO)


A respeito da aplica•‹o da lei penal, dos princ’pios da legalidade e da
anterioridade e acerca da lei penal no tempo e no espa•o, julgue o
seguinte item.
O princ’pio da legalidade, que Ž desdobrado nos princ’pios da reserva
legal e da anterioridade, n‹o se aplica ˆs medidas de seguran•a, que n‹o
possuem natureza de pena, pois a parte geral do C—digo Penal apenas se
refere aos crimes e contraven•›es penais.
COMENTçRIOS: O princ’pio da legalidade est‡ previsto no art. 5¡, XXXIX da
Constitui•‹o Federal:
XXXIX - n‹o h‡ crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prŽvia
comina•‹o legal;

Entretanto, ele TAMBƒM est‡ previsto no C—digo Penal, em seu art. 1¡:
comina•‹o legal.
Este princ’pio, quem vem do latim (Nullum crimen sine praevia lege), estabelece
que uma conduta n‹o pode ser considerada criminosa se, quando de sua
realiza•‹o, n‹o havia lei considerando esta conduta como crime.
Entretanto, o Princ’pio da Legalidade se divide em dois outros princ’pios, o da
Reserva Legal e o da Anterioridade da Lei Penal.
O princ’pio da Reserva Legal estabelece que SOMENTE LEI (EM SENTIDO
ESTRITO) pode definir condutas criminosas e estabelecer penas. Nas palavras de
Cezar Roberto Bitencourt:
Òpelo princ’pio da legalidade, a elabora•‹o de normas incriminadoras Ž fun•‹o
exclusiva da lei, isto Ž, nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma pena
criminal pode ser aplicada sem que antes da ocorr•ncia deste fato exista uma lei
definindo-o como crime e cominando-lhe a san•‹o correspondente.Ó (Bitencourt,
Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal, parte geral, volume I. Ed. Saraiva.11¼ Ed.
Atualizada Ð S‹o Paulo Ð 2007)
Percebam que o autor fala em ÒPrinc’pio da LegalidadeÓ. Isso ocorre porque certa
parte da Doutrina n‹o faz distin•‹o entre princ’pio da legalidade e princ’pio da
reserva legal, como se fossem sin™nimos. Entretanto, entendo, como a maioria
da Doutrina, que essa distin•‹o existe, e que a reserva legal Ž apenas uma
vertente do princ’pio da legalidade, sendo a outra vertente o princ’pio da
anterioridade da lei penal.
Assim, somente a Lei (editada pelo Poder Legislativo) pode definir crimes e
cominar penas. Logo, Medida Provis—ria, Decretos, e demais diplomas legislativos
NÌO PODEM ESTABELECER CONDUTAS CRIMINOSAS NEM COMINAR SAN‚ÍES.
O princ’pio da anterioridade da lei penal estabelece que n‹o basta que a
criminaliza•‹o de uma conduta se d• por meio de Lei em sentido estrito, mas que
esta lei seja anterior ao fato, ˆ pr‡tica da conduta.
O princ’pio da anterioridade da lei penal culmina no princ’pio da irretroatividade
da lei penal. Pode-se dizer, inclusive, que s‹o sin™nimos. Entretanto, a lei penal
pode retroagir. Como assim? Quando ela beneficia o rŽu, estabelecendo uma
san•‹o menos gravosa para o crime ou quando deixa de considerar a conduta
como criminosa. Nesse caso, estamos haver‡ retroatividade da lei penal, pois ela
alcan•ar‡ fatos ocorridos ANTES DE SUA VIGæNCIA.
No entanto, a Doutrina e a Jurisprud•ncia entendem que estes princ’pios s‹o
aplic‡veis, tambŽm, ˆs MEDIDAS DE SEGURN‚A.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

8! GABARITO

01.! ALTERNATIVA A
02.! ERRADA
03.! CORRETA
04.! ERRADA
05.! ERRADA
06.! ERRADA
07.! ERRADA
08.! ERRADA
09.! ERRADA
10.! ERRADA
11.! CORRETA
12.! CORRETA
13.! ERRADA
14.! ERRADA
15.! ERRADA
16.! CORRETA
17.! ERRADA
18.! ALTERNATIVA B
19.! ERRADA
20.! ERRADA
21.! ERRADA
22.! ERRADA
23.! ERRADA
24.! ERRADA
25.! ALTERNATIVA C
26.! CORRETA
27.! CORRETA
28.! CORRETA
29.! CORRETA
30.! ERRADA
31.! ERRADA
32.! ERRADA
33.! ERRADA
34.! CORRETA
35.! ERRADA
36.! CORRETA
37.! CORRETA
38.! CORRETA
39.! ERRADA

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