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artigo Original

Percepção de idosos socialmente ativos quanto às


desvantagens causadas pela dificuldade auditiva
The perceptions of socially active elderly about disadvantages caused by hearing loss
Larissa Lautenschlager1, Tania Tochetto2, Maiara dos Santos Gonçalves3, Daniele Coronel Mena Barreto4, 
Michele Paula Moro5, Geovana de Paula Bolzan6
RESUMO Santa Maria, to provide senior citizens the opportunity to participate
Objetivo: Verificar a percepção de idosos socialmente ativos com quei- in workshops and lectures, and to socialize. We selected those, who
xa de dificuldade auditiva a respeito das desvantagens desta. Méto- answered that had had some hearing difficulty. They were invited to
dos: Cinqüenta e nove idosos socialmente ativos que freqüentaram o identify the disadvantages caused by hearing loss and answered the
“Acampavida”, evento organizado pela Universidade Federal de Santa Portuguese version of “The hearing handicap inventory for the elderly
Maria no ano de 2005, o qual proporciona oportunidade de convivência, – screening version”, comprising ten questions (possible answers:
oficinas e palestras a idosos, e foram questionados sobre a presença “yes”, “no” and “sometimes”). Results: From 59 elderly people in-
de dificuldade auditiva. Foram selecionados aqueles que responderam terviewed, 32 reported hearing difficulty. Six were male and 26 were
afirmativamente. Os idosos foram convidados a identificar as desvan- female. The age range was 60-88 years. The question that led to more
tagens causadas pela perda auditiva respondendo à versão em Portu- (75%) positive answers (“yes”) was: “Does a hearing problem cause
guês do “The hearing handicap inventory for the elderly – screening you difficulty when talking in noisy environments?”. The “no” answer,
version”, constituído por dez questões, cujas opções de resposta eram predominated in the questions “Do you feel that any difficulty with
“sim”, “não” e “às vezes”. Resultados: De 59 idosos entrevistados, 32 your hearing limits or hampers your personal or social life?” (84.4%)
referiram dificuldade auditiva. Seis eram do gênero masculino e 26 do and “Does a hearing problem cause you to attend religious services
gênero feminino. A idade variou de 60 a 88 anos. Dentre as dez pergun- less often than you would like?” (90%). The option “sometimes” was
tas, a que forneceu maior número de respostas “sim” (75%) foi “O pro- answered in less than 26% of cases. Conclusions: Although the el-
blema auditivo causa dificuldades quando conversa em local ruidoso?”. derly studied reported some hearing difficulty, they felt such problem
As respostas negativas predominaram para as perguntas “Sua dificul- did not prevent them from going to church and it did not restrict or
dade auditiva limita ou dificulta sua vida pessoal ou social?” (84,4%) e interfere in their individual and social lives. Communication in noisy
“O problema auditivo faz com que freqüente menos a igreja?” (90%). A environments was the disadvantage more often reported.
opção de resposta “às vezes” teve freqüência de ocorrência, inferior
a 26%. Conclusões: Apesar de referir dificuldade auditiva, os idosos Keywords: Auditory perception; Deafness; Aged
consideraram que esta não reduziu sua freqüência à igreja e não limita
ou dificulta sua vida pessoal ou social. A comunicação em ambiente
ruidoso foi a desvantagem apontada por maior número de sujeitos. INTRODUÇÃO
O envelhecimento é um processo progressivo e degene-
Descritores: Percepção auditiva; Surdez; Idoso
rativo universal nas espécies. Caracteriza-se por menor
eficiência funcional e enfraquecimento dos mecanismos
ABSTRACT de defesa. Há muitas variáveis relacionadas a esse pro-
Objective: To determine how socially active elderly who complain of
cesso como: meio ambiente, exposição a produtos tó-
auditory difficulty perceive the disadvantages associated with their xicos, presença de lesões físicas acidentais, nutrição e
auditory condition. Methods: A total of 59 socially active elderly programação genética(1-2).
were questioned about hearing difficulties. In 2005, they participa- O decréscimo fisiológico da audição resultan-
ted in “Acampavida”, an event organized by Universidade Federal de te do processo de envelhecimento é denominado
Trabalho apresentado no 15º Congresso Nacional de Fonoaudiologia, 2007, Gramado. Anais do 15º Congresso Nacional de Fonoaudiologia, 2007.
Trabalho realizado na Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, Santa Maria (RS), Brasil.
1
Fonoaudióloga, Mestranda pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, Santa Maria (RS), Brasil.
2
Fonoaudióloga, Doutora em Distúrbios da Comunicação Humana pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, Santa Maria (RS), Brasil.
3
Fonoaudióloga, Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, Santa Maria (RS), Brasil.
4
Fonoaudióloga da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, Santa Maria (RS), Brasil.
5
Fonoaudióloga da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, Santa Maria (RS), Brasil.
6
Fonoaudióloga da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM , Santa Maria (RS), Brasil.
Autor correspondente: Larissa Lautenschlager – Rua Francisco Manoel, 9/102 – Centro – CEP 97015-260 – Santa Maria (RS), Brasil – Tel.: 55 3304-2600 – e-mail: larilautens@yahoo.com.br
Data de submissão: 16/1/2008 – Data de aceite: 14/3/2008

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presbiacusia(3-6). Esta se caracteriza por surdez lenta- pelo qual a validação do questionário em população bra-
mente progressiva, bilateral e simétrica, com início por sileira é desnecessária.
volta da terceira ou quarta décadas de vida(2). A presbia- Finalizada a entrevista, os participantes receberam
cusia altera o sistema auditivo como um todo, embora informações sobre os sinais e sintomas de perda auditi-
as freqüências altas sejam mais prejudicadas, afetando va decorrentes do envelhecimento e recursos para mi-
a compreensão da fala(7) . nimizar seus efeitos.
Sabe-se que a perda auditiva causa dificuldades de
comunicação em todas as idades, porém no idoso se
transforma em mais um fator de desagregação social(7). RESULTADOS
Tal estudo justifica-se pelo aporte de conhecimen- De 59 idosos entrevistados, 32 referiram dificuldade audi-
to a respeito da existência de queixa auditiva em idosos tiva. Seis eram do gênero masculino e 26 do gênero femini-
socialmente ativos e ainda das queixas mais freqüentes, no. A idade variou de 60 a 88 anos (média de 71,16 anos).
para implementação futura de ações de orientação sobre Dentre as dez perguntas, a que forneceu maior número
a necessidade de avaliar a audição periodicamente e, se de respostas “sim” (75%) foi “O problema auditivo causa
necessário usar dispositivo de amplificação sonora bus- dificuldades quando conversa em local ruidoso?”. As res-
cando melhor integração e proveito em suas atividades. postas negativas  predominaram para as perguntas “Sua
dificuldade auditiva limita ou dificulta sua vida pessoal ou
social?” (84,4%) e “O problema auditivo faz com que fre-
OBJETIVO qüente menos a igreja?” (90%). A opção de resposta “às
Investigar as desvantagens referidas por idosos social- vezes” teve freqüência de ocorrência inferior a 26%.
mente ativos, quanto à dificuldade auditiva. A Tabela 1 expõe as respostas obtidas.

MÉTODOS
Tabela 1. Respostas obtidas para as perguntas do “The hearing handicap
A coleta de dados desenvolveu-se durante três dias con- inventory for the elderly – screening version” (Ventry e Weinstein, 1983)(1)
secutivos no 7º Acampavida, evento anualmente desen- Questions Sim Não Às vezes Total
volvido pelo Centro de Educação Física e Desportos da n % n % n % n %
Universidade Federal de Santa Maria (CEFED-UFSM)
A dificuldade de ouvir lhe 12 37.5 16 50.0 4 12.5 32 100
e Núcleo Integrado de Estudos e Apoio a Terceira Idade deixa constrangido quando
(NIEATI) com atuação de acadêmicos e profissionais conhece novas pessoas?
de diversos cursos da mesma Universidade. O objetivo A dificuldade lhe deixa 10 31.2 19 59.4 3 9.4 32 100
do evento é dar oportunidade de convívio, oficinas e pa- frustrado quando conversa
lestras para indivíduos com idade a partir de 55 anos, de com outras pessoas?
diversas localidades do país. Tem dificuldade auditiva 11 34.4 13 40.6 8 25.0 32 100
quando falam cochichando?
Os idosos que participaram da oficina de atividades
oferecida pelo Curso de Fonoaudiologia da UFSM Sente-se deficiente devido 11 34.4 19 59.4 2 6.2 32 100
ao problema da audição?
foram abordados por acadêmicas que se apresentaram
e explicaram o propósito da pesquisa. Concordaram em Tem dificuldade quando 5 15.6 24 75.0 3 9.4 32 100
convive com parentes,
participar do estudo 59 idosos. amigos ou vizinhos?
Para compor a amostra foram selecionados apenas O problema auditivo faz 1 3.1 29 90.6 2 6.3 32 100
aqueles que referiram dificuldade auditiva, o que cor- com que freqüente menos
respondeu a 32 idosos, sendo seis do gênero masculino a igreja?
e 26 do gênero feminino, com idades variando de 60 a O problema auditivo causa 5 15.6 23 71.9 4 12.5 32 100
88 anos (média de 71,16 anos). discussões com familiares?
Após serem informados e assinarem o termo de con- O problema auditivo causa 10 31.2 16 50.0 6 18.8 32 100
sentimento livre e esclarecido, os sujeitos foram entre- dificuldades quando esta
assistindo televisão ou
vistados individualmente respondendo a um questioná- ouvindo rádio?
rio de auto-avaliação sobre seu desempenho auditivo.
Sua dificuldade auditiva limita 3 9.4 27 84.4 2 6.2 32 100
Foi utilizada uma adaptação do “The hearing handicap ou dificulta sua vida pessoal
inventory for the elderly – screening version”, proposto por ou social?
Ventry  e Weinstein(1). As perguntas do questionário fo- O problema auditivo causa 24 75.0 6 18.7 2 6.3 32 100
ram utilizadas apenas como roteiro de entrevista e não dificuldades quando conversa
em local ruidoso?
se aplicou o critério de pontuação das respostas, motivo

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DISCUSSÃO Ressalta-se que os idosos, mesmo limitados pela ro-


A presbiacusia é um dos problemas crônicos mais fre- tina e automatismos, podem e devem ter maior controle
qüentemente encontrados em idosos e tende a aumen- de todos os aspectos de sua vida, realizando atividades
tar com a idade. Acomete 33% dos indivíduos entre 65 criativas e tomando suas próprias decisões. Ativida-
e 75 anos, 45% entre 75 e 85 anos e 62% das pessoas des como o “Acampavida”, que fomentou a elabora-
acima de 85 anos de idade(6). Considerando a média da ção deste estudo, estão de acordo com o proposto por
idade do grupo estudado, verifica-se que o índice de Penteado(16), o qual menciona que ao estarem inseridos
queixa de dificuldade auditiva foi superior ao referido em grupos familiares e sociais, os idosos têm a oportu-
na literatura. nidade de realizar troca de experiências que favoreçam
A ocorrência de queixa de prejuízo na audição foi se- o desenvolvimento pessoal.
melhante em ambos os sexos, ao contrário de Lewkowicz(8) Programas de reabilitação auditiva, que ofereçam
e Veras e Mattos(9), que encontraram a dificuldade audi- estratégias suplementares para a comunicação do idoso,
tiva em idosos com predomínio no sexo masculino. são tão importantes quanto a adaptação de dispositivos
A deficiência auditiva na senilidade está associada à de amplificação sonora para minimizar as reações
redução da função comunicativa e ao handicap auditivo, psicossociais decorrentes da deficiência auditiva(17).
o qual diz respeito à dificuldade para compreender a Para Ruschel, Carvalho e Guarinello(18), a recolocação
fala em ambientes ruidosos. do idoso no convívio social pode ser facilitada quando
Neste estudo, a grande maioria  dos idosos referiu os familiares e o próprio idoso estiverem engajados no
dificuldade de comunicação em ambientes ruidosos e processo de reabilitação.
mais de 30% referiram constrangimento, vergonha,
frustração e dificuldade ao ouvir rádio e/ou assistir
CONCLUSÕES
televisão. Um dos fatores de maior impacto da perda
auditiva encontrado por Ferreira e Signor(10) foi também Apesar de referir dificuldade auditiva, os idosos estuda-
a dificuldade no convívio social, referida por 57,14% dos consideraram que esta não reduziu sua freqüência
dos indivíduos. à igreja e não limitou ou dificultou sua vida pessoal ou
Uma das queixas dos idosos que participaram deste social. A dificuldade de comunicação em ambiente rui-
estudo está relacionada à dificuldade em discriminar a doso foi a desvantagem apontada por maior número de
fala em ambiente ruidoso. Resultado esse, que concor- sujeitos, seguida por situações de vergonha e/ou cons-
da com os achados de Pickles(11). A queda na eficiência trangimento ao conhecer novas pessoas.
discriminativa está relacionada com a perda de sensibi-
lidade nas freqüências altas(12), o que torna difícil a per-
REFERÊNCIAS
cepção das consoantes, especialmente quando a comu-
nicação ocorre em ambientes ruidosos(13). No entanto, 1. Ventry IM, Weinstein B. Identification of elderly people with hearing problems.
ASHA.1983;25(7):37-42.
Tanaka, Araújo e Assencio-Ferreira(14) observaram que
em 71,42% dos idosos institucionalizados, a perda au- 2. Ferreira DR, Silva AA. Envelhecimento e qualidade de vida: a visão
otorrinolaringológica. Rev Bras Otorrinolaringol. 2003;69(1):3-21.
ditiva de grau leve a moderado nas freqüências agudas,
3. Gates GA, Mills JH. Presbycusis. Lancet. 2005;366(9491):1111–20.
não causou comprometimento na comunicação.
4. Hungria H. Otorrinolaringologia. 8a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan;
Na população idosa a associação de perda auditiva, 2000.
depressão e demência geram um agravo às condições de
5. Pinheiro MMC, Pereira LD. Processamento auditivo em idosos: estudo da
saúde. A perda auditiva estaria relacionada ao aumento interação por meio de testes com estímulos verbais e não-verbais. Rev Bras
da disfunção física e psicossocial na pessoa idosa(15). A Otorrinolaringol. 2004;70(2):209-14.
limitação comunicativa pode inibir o desempenho nas 6. Uchida Y, Nakashima T, Ando F, Niino N, Shimokata H. Prevalence of self-
atividades diárias. No entanto, neste estudo, apenas a perceived auditory problems and their relation to audiometric thresholds
minoria referiu que a dificuldade auditiva restringe sua in a middle-aged to elderly population. Acta Otolaryngol. 2003;123(5):
618-26.
vida pessoal ou social e, poucos mencionaram que fre-
7. Russo ICP. Intervenção fonoaudiológica na terceira idade. Rio de Janeiro:
qüentaram menos a igreja. Este resultado pode ser uma Revinter, 2004.
particularidade do grupo estudado: idosos considerados
8. Lewkowicz AA. A Presbiacusia e a reabilitação auditiva [monografia]. Santa
ativos. Ao estarem inseridos em grupos familiares e so- Maria (RS): Universidade Federal de Santa Maria; 2006.
ciais, os idosos têm a oportunidade de realizar troca de 9. Veras RP, Mattos LC. Audiologia do envelhecimento: revisão da literatura
experiências que favorecem o desenvolvimento pessoal e perspectivas atuais. Rev Bras Otorrinolaringol. 2007;73(1):128-34.
e criam novas possibilidades de humanização e aborda- 10. Ferreira MIDC, Signor RC. O perfil do idoso usuário de prótese auditiva: um
gem de seus problemas(16). estudo da satisfação. Rev Fonoaudiol Bras. 2006;4(2):1-2

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11. Pickles JO. Mutation in mitochondrial DNA as a cause of presbyacusis. Audiol 15. Espmark AK, Rosenhall U, Erlandsson S, Steen B. The two faces of
Neurootol. 2004;9(1):23-33. presbyacusis: hearing impairment and psychosocial consequences. Int J
12. Silva AS, Venites JP, Bilton TL. A relação entre o uso de aparelho de amplificação Audiol. 2002;41(2):125-35.
sonora individual (AASI) e a melhora da função cognitiva no envelhecimento. 16. Penteado RZ. A Linguagem no grupo fonoaudiológico: potencial latente para a
Dist Comunic. 2002;14(1):63-89. promoção da saúde [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2000.
13. Nelson EG, Hinojosa R. Presbycusis: a human temporal bone study of 17. Marques ACO, Kozlowski L, Marques JM. Reabilitação auditiva no idoso. Rev
individuals with flat audiometric patterns of hearing loss using a new method Bras Otorrinolaringol. 2004;70(6):806-11.
to quantify stria vascularis volume. Laryngoscope. 2003;113(10):1672-86. 18. Ruschel CV, Carvalho CR, Guarinello AC. A eficiência de um programa de
14. Tanaka MRT, Araújo VM, Assencio-Ferreira VJ. Déficits de audição em idosos reabilitação audiológica em idosos com presbiacusia e seus familiares. Rev
dificultariam a comunicação? Rev CEFAC. 2002;4(2):203-5. Soc Bras Fonoaudiol. 2007;12(2):95-8.

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