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1 – INTRODUÇÃO
O conceito de valor passa tanto pela relação existente a necessidade do sujeito que valora e
a capacidade de satisfação proporcionada pelo objeto valorado, quanto pelo grau de afetividade
que há entre este sujeito que valora e o objeto valorado, dessa forma, valorar é uma experiência
fundamentalmente humana que se encontra no centro de toda escolha de vida. Nas palavras da
filósofa Agnes Heller, valor é um "modo de preferência consciente".
A consequência de qualquer valoração é, sem duvida, dar regras para a ação prática.
Assim, por exemplo, se a credibilidade é algo valioso, é preciso agir no sentido de busca-la e
mantê-la.
3 – VIRTUDE
Entender o significado da palavra virtude passa pelo conhecimento do termo latino virtus e
do termo grego areté. O termo latino virtus designa “o homem”, o “varão” (daí o adjetivo viril) e
denota “poder” “força”, “capacidade”. Já termo grego areté significa qualidade da excelência e
mérito. Está ligado à noção de cumprimento do propósito ou da função a que o indivíduo se
destina. Portanto homem virtuoso literalmente é aquele que tem capacidade de ação e potência,
aquele que é resoluto na realização de seu dever.
Em termos contemporâneos, virtude é uma qualidade moral particular. É uma disposição
estável de praticar o bem. Atitude que revela mais do que uma simples aptidão para uma
determinada ação boa, trata-se de uma verdadeira inclinação. São todos os hábitos constantes
que levam o homem para o bem, quer como indivíduo, quer como espécie, quer pessoalmente,
quer coletivamente.
Os tipos de virtudes humanas diferem de acordo com alguns autores e as áreas de estudo.
Para os filósofos e psicólogos, por exemplo, as virtudes humanas básicas das pessoas são:
benevolência, justiça, paciência, sinceridade, responsabilidade, otimismo, sabedoria, respeito,
autoconfiança, contentamento, coragem, desapego, despreocupação, determinação, disciplina,
empatia, estabilidade, generosidade, honestidade, flexibilidade, humildade, misericórdia,
introspecção, entre outras.
Platão e outros filósofos, no entanto, resumiram todas as virtudes humanas em quatro tipos
distintos: prudência (atuar em conformidade com um juízo correto), justiça (dar ao próximo aquilo
que lhe é devido), força (capacidade de resistir às tentações), e temperança (capacidade de
controlar a atração pelos prazeres).
3.1 – USO DA LIBERDADE COM RESPONSABILIDADE
A consciência moral geralmente nos fala como uma voz interior que nos inclina para o
caminho da virtude. Virtude designa a prática constante do bem, correspondendo ao uso da
liberdade com responsabilidade moral. O oposto da virtude é o vício, que consiste na prática
constante do mal, correspondendo ao uso da liberdade sem responsabilidade moral.
Responsabilidade, por sua vez, é ter condição de responder pelos atos praticados, isto é, de
justificar as ações.
O ser humano é dotado de consciência moral, ou seja, possui a capacidade de avaliar suas
próprias atitudes, formulando juízos de valor sobre seus atos. Somado a isso ele também é
dotado de liberdade, que é a capacidade de escolher seu caminho, construir sua história e decidir
sua maneira própria de ser. Desses dois conceitos (consciência moral e liberdade) vem a
responsabilidade, que é a prerrogativa de responder por seus atos.
O ato moral é o exercício da vontade e distingue-se do desejo (que é involuntário). Todo ato
moral esta sujeito a sanção, ou seja, merece aprovação ou desaprovação elogio ou censura
Nem sempre a mudança moral equivale a progresso moral. Existe progresso quando se dá
um avanço com melhoria de qualidade. Isso significa que certos valores antigos não precisam ser
considerados necessariamente ultrapassados, da mesma forma que valores dos novos tempos
algumas vezes podem não indicar progresso.
Quais seriam então os critérios para avaliar o progresso moral? Examinemos alguns deles.
a) AMPLIAÇÃO DA ESFERA MORAL: certos atos cujo cumprimento antes era garantido pela
força legal (direito) por constrangimento social (costumes) ou por imposição religiosa,
passaram a ser cumpridos por exclusiva obrigação moral. Por exemplo, um pai divorciado não
precisaria da lei para reconhecer a obrigação de continuar sustentando seus filhos menores de
idade. Por outro lado, certas situações em que as pessoas fazem o bem tendo em vista a
recompensa divina são indicadores de diminuição de esfera moral, porque nesse caso, o
estímulo para a ação não é a obrigação moral, mas certa “barganha” visando recompensa.
Mas os problemas decorrentes da decadência ética que presenciamos não podem ser
resolvidos a partir de tentativas isoladas de educação moral do indivíduo. É preciso que exista
vontade de política de alterar as condições patogênicas, isto é, as condições geradoras da
doença social, para que se possa dar possibilidade de superação da pobreza moral.
Dito de outra forma, não basta “reformar o indivíduo para reformar a sociedade”. Um projeto
moral desligado do projeto político está destinado ao fracasso. Os dois processos devem formar
o homem plenamente moral só é possível na sociedade que também se esforça para ser justa.