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Há anos, os partidos

políticos representados no
referendo é ne-
Congresso Nacional estão discutin-
cessária para que a
do propostas para uma Reforma Políti-
participação popular nas de-
ca, mas ela nunca ganha a profundidade
cisões políticas seja efetiva e não
necessária porque está sempre premida e ori-
meramente simbólica. Na votação
entada pelo calendário eleitoral. A cada outubro
de leis eleitorais, @s parlamentares
que antecede um ano de eleições, constata-se que
devem decidir questões de interesse
é o jogo de poder entre os partidos que termina
geral. Nada mais justo e eqüitativo do que
prevalecendo sobre os princípios democráticos da
submeter a Reforma Política à decisão da popu-
igualdade, da diversidade, da justiça, da liberdade
lação também.
e da participação; que deveriam fundamentar a
Reforma Política.
O poder real nunca pode ser inteiramente
delegado, ele cabe à cidadania. Por isto, o controle
Não consideramos a Reforma Política como
social, a participação cidadã, além das outras
um problema exclusivo dos partidos. A opinião que
formas não institucionais de exercício político
expressamos aqui a respeito da Reforma Política
- que não estão configuradas dentro da ordem
foi elaborada a partir de uma perspectiva femi-
pré-estabelecida, que são atípicas e inovadoras
nista, com total autonomia em relação aos parti-
- são elementos fundamentais à democratização
dos políticos.
da arena política.

Estamos convictas de que a representação


Estamos certas de que é necessário mui-
política de vereador@s, deputad@s estaduais e
to mais do que eleições e o direito de voto para
federais e senador@s, a delegação de mandatos a
que haja democracia. É preciso democratizar a
prefeit@s, governador@s e president@s da Repúbli-
vida social, as relações entre homens e mulheres
ca é uma condição necessária para a democracia
na vida privada e na esfera pública, as relações
brasileira. Por isto, é preciso democratizar as insti-
de poder entre tod@s nós, entre os próprios
tuições representativas, inclusive e especialmente
movimentos sociais. Faz-se necessário alargar os
porque na democracia pouco consolidada que vi-
espaços públicos de debate, ampliar a nossa ca-
vemos no Brasil, este é, no contexto atual, o prin-
pacidade de mobilização e de pressão política,
cipal espaço de processamento e decisão sobre os
desenvolver espaços de participação social para
conflitos sociais, econômicos e de interesses, ainda
o controle das políticas e de recursos públicos,
que absolutamente insuficiente.
garantindo-lhes mecanismos para o compar-
tilhamento do poder de decisão.
Outra condição imprescindível da demo-
cracia brasileira é a regulamentação
A Reforma Política que defendemos
mais justa das formas de mani-
visa à radicalização da democracia para
festação da soberania popular
enfrentar as desigualdades e a exclusão,
expressas na Constituição
promover a diversidade e fomentar a
Federal. A ampliação
participação cidadã. Isto significa uma
das regras sobre
reforma que amplie as possibilidades e
plebiscito e
oportunidades de participação políti-
ca, capaz de incluir e processar os
projetos de transformação social que
Nota: Neste folheto, usamos o símbolo @ para o
feminino e masculino, quando falamos dos dois sexos.
Exemplo: candidat@ significa candidata mulher ou candidato homem.
A Reforma Política
segmentos historicamente excluídos dos espaços em dois sentidos
de poder, como as mulheres, @s afrodescendentes,
@s jovens, e @s despossuíd@s de direitos de uma A Reforma Política pode ser pensada em
maneira geral trazem para o debate público. um sentido amplo e em um sentido restrito. Em
sentido amplo, significa pensar as práticas políti-
Não basta inclusão na mesma ordem. As cas, em todos os espaços de expressão política:
mulheres, assim como outros atores políticos são no âmbito do Estado (Legislativo, Executivo e Ju-
diciário); dos partidos políticos e da sociedade civil
também agentes da transformação social. Por isto,
organizada. Pensar as formas de participação, de
pensamos o debate sobre a Reforma Política como
representação política, com seus processos eleito-
um elemento-chave na crítica às relações que estru- rais, e de tomada de decisões. Pensar as relações
turam o sistema político brasileiro, ou seja: o patri- entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
monialismo e o patriarcado a ele associado; o clien- Municípios. E, além disso, pensar as relações entre
telismo e o nepotismo que sempre o acompanha; Estado, partidos políticos e movimentos sociais.
a relação entre o populismo e o personalismo que
atrofia a esfera política; as oligarquias, escoltadas Em sentido restrito, significa pensar os
pela corrupção e sustentadas em múltiplas formas sistemas e os processos político-eleitorais e políti-
co-partidários. Este é o sentido predominante no
de exclusão (pelo racismo, pelo etnocentrismo,
debate da Reforma Política no Brasil atualmente.
pelo machismo, pela homofobia e outras formas
de discriminação). Assim, é fundamental radicalizar a demo-
cracia, aprofundar o diálogo, processar os confli-
Patriarcado – qualquer sistema de organização política, tos existentes, respeitar as diferenças, assegurar a
econômica, industrial, financeira, religiosa e social na qual a transparência e a participação social nas três es-
esmagadora maioria de posições superiores na hierarquia são feras da política: no âmbito do Estado, dos partidos
ocupadas por homens*.
políticos e da sociedade civil organizada.
Patrimonialismo – conduta política de elites dominantes, no
exercício de funções públicas de governo, que se caracteriza
pela apropriação do que é público - do Estado, suas instituições
e seus recursos como se fossem patrimônio privado.

Oligarquia – forma de governo em que o poder está O marco legal


concentrado nas mãos de um pequeno número de indivíduos,
em geral com laços familiares e/ou vínculos partidários, e
pertencentes a classes sociais privilegiadas. A organização Destacamos que a Constituição Federal de 1988 significou um
política patriarcal e a conduta patrimonialista são traços avanço na construção da democracia brasileira. Promoveu uma
marcantes dos poderes oligárquicos. ruptura radical com o Estado de exceção e incorporou avanços
legais substantivos, como o voto para as pessoas analfabetas; o
Nepotismo – prática de favorecimento e distribuição de em- voto opcional para jovens na faixa de 16 a 18 anos incompletos; a
pregos a parentes por parte de pessoas que exercem cargos e autonomia dos partidos políticos para definirem sua estrutura, orga-
funções públicas.
nização e funcionamento; e a criação de instrumentos de democracia
direta – plebiscito, referendo e iniciativa popular de lei.
Clientelismo – prática baseada na troca de favores e no
apadrinhamento, usando-se as estruturas e serviços públicos Outra legislação importante foi a Lei de Cotas, aprovada inicial-
no interesse particular daqueles que exercem a função pública. mente em 1995 e revisada e ampliada em 1997. A Lei 9.504/97
propõe que “cada partido ou coligação deverá reservar o
Personalismo – culto às personalidades, com a conse- mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas
qüente desvalorização do debate político e a despolitiza-
de cada sexo”. Consideramos que as ações afirmativas são
ção dos conflitos.
medidas redistributivas das oportunidades de acesso a posições
Corrupção – apropriação e desvio de recursos públicos de poder. No entanto, a cota não vem surtindo o efeito espe-
para fins particulares, além de servir como ardil para rado, pois além de não ser obrigatória e limitar-se apenas às
manter-se imune às punições legais existentes e meio para candidaturas, sem repercussões satisfatórias sobre o número
manter-se no poder. de eleit@s; as cotas vêm sendo adotadas isoladamente, ca-
recendo de um conjunto de iniciativas para a promoção
da igualdade que lhe dêem suporte.
* [DAHLERUP, Drude. Confusing concepts – confusing reality: a theorical discussion of the
patriarchal State, in Women and the State, p.103. London, Sassoon/Anne Showstack (ed.).1989]
Principais questões em pauta na
Reforma Política Eleitoral e Partidária

Financiamento público exclusivo de


campanhas eleitorais
a expressão político-partidária dos pequenos
O sistema eleitoral brasileiro se sustenta no finan- partidos e que não cabe restringir, de princípio, a
ciamento privado de campanhas eleitorais, favore- vida e as oportunidades dos partidos.
cendo, de antemão, os grandes grupos econômi-
cos e as candidaturas que dispõem ou “mobilizam” Consideramos que @s eleitor@s são @s únic@s
vultosos recursos financeiros, em muitos casos, a soberan@s para determinarem, pelo voto, sobre a
partir de práticas ilegais e escusas. existência dos partidos e sobre o direito, inclusive,
de poderem se desenvolver e crescer. Quanto
A adoção do financiamento público exclusivo de aos partidos de aluguel, há que se desenvolver
campanhas eleitorais é fundamental para comba- instrumentos que punam este tipo de corrup-
ter a privatização da política e a corrupção nos proces- ção, sem sacrificar a liberdade de organização
sos eleitorais, para assegurar condições mais iguali- político-partidária.
tárias de acesso aos recursos, e para restringir o poder
de grupos econômicos e favorecer a participação de
segmentos socialmente excluídos, como mulheres, Fidelidade partidária
afrodescendentes e jovens, entre tantos outros.
Atualmente, cada partido adota suas próprias dis-
posições sobre fidelidade partidária. No entanto,
Listas preordenadas de candidaturas @s representantes eleit@s podem mudar de par-
tido sem perderem suas cadeiras no Parlamento.
No sistema atual, @s eleitor@s votam em listas Nem sempre trocam de partido por questões
abertas de candidat@s, os quais acabam se so- ideológicas, e sim, por acordos para ganhos de
brepondo aos partidos políticos. Este sistema fa- benefícios e cargos.
vorece o personalismo e a competição interna em
cada partido. Há um forte questionamento sobre esta prática,
sustentada na convicção de que os mandatos não
A adoção da lista fechada, onde @s eleitor@s votam são propriedade particular de cada eleit@, mas
nos partidos e não em pessoas, é essencial para sim da cidadania. Portanto, a vontade popular, ex-
combater o personalismo, fortalecer e democrati- pressa através do voto, tem de ser respeitada e não
zar os partidos. No entanto, a lista fechada só sig- pode ser infringida. Reivindicamos que a troca de
nifica avanço efetivo caso seja garantida a sua for- partido redunde em perda do mandato d@ eleit@
mação com alternância de sexo e observância de e que a sua substituição seja pel@ candidat@ su-
critérios étnico-raciais e geracionais. Caso contrário, plente da mesma legenda ou coligação.
estas “minorias políticas” poderão ser incluídas ao
final das listas e não conseguirão se eleger nunca,
mantendo-se o mesmo perfil de eleitos no poder: Ações afirmativas
homem, branco, proprietário e heterossexual.
Atualmente, a única ação afirmativa por sexo exis-
tente na legislação eleitoral é a que se refere à reserva
Diminuição ou fim da cláusula de barreira de pelo menos 30% de vagas de candidaturas para
cada sexo nas eleições proporcionais. Entende-
Pela legislação em vigor, os partidos só terão repre- mos que a medida é insuficiente e, ademais, dez
sentação na Câmara dos Deputados (e direito a par- anos depois de adotada, já demonstrou sua ine-
ticipação no fundo partidário) a partir das eleições ficiência para promover a igualdade entre mulheres
de 2006, se obtiverem 5% dos votos do eleitorado e homens neste espaço.
nacional, distribuídos em pelo menos nove Esta-
dos e com pelo menos 2% em cada um deles. Os Defendemos a paridade da participação política
que defendem a cláusula de barreira argumen- entre mulheres e homens e a adoção de medidas
tam sobre a necessidade de reduzir o grande coerentes com o propósito de garantir a partici-
número de partidos existentes, dos quais muitos pação de 50% de cada sexo, de modo a assegu-
são legendas de aluguel e não merecem apoio pú- rar a sua efetivação.
blico. Já a defesa da redução ou mesmo do fim da
cláusula de barreira se sustenta na idéia de que
a exigência desse percentual de votos restringe
Quatro são as
propostas de
adoção de
novas ações
afirmativas em
tramitação no
Congresso
Nacional:

instâncias partidárias de mulheres


possam realizar um conjunto de
atividades necessárias, tais como
cursos de capacitação, publica-
ções, seminários, articulação,
• Que, em se adotando a lista viagens, etc. Nessa medida, se
fechada de candidat@s, estas fortalece uma política de apoio
sejam formadas com alternância à participação e capacitação das
de sexos e com observância de mulheres no cotidiano da vida
critérios étnico-raciais e geracionais partidária.
na definição do lugar d@s candi-
dat@s na lista. Não basta assegu- • Que sejam destinados pelo me-
rar que pelo menos 30% da lista nos 30% do tempo de propagan-
sejam destinados a cada sexo. É da partidária gratuita na mídia
fundamental que os critérios de para a promoção da participação
ordenação da lista garantam às política das mulheres. Esta ação
mulheres e negr@s posições que afirmativa de natureza qualitativa
lhes permitam assumir os manda- é também fundamental e incide
tos (sistema de “dupla cotas”). na propaganda partidária anual
dos partidos, procurando pro-
• Que seja destinado pelo me- mover uma nova cultura política
nos 30% do fundo partidário e combater as discriminações e
às instâncias de mulheres dos preconceitos contra as mulheres
partidos para promoverem na política.
ações voltadas ao fortalecimento
e ampliação das mulheres na • Que sejam implementadas
política. Esta proposta é da maior cotas para afrodescendentes,
relevância e propiciará condições garantindo-se o mínimo de 30%
um pouco melhores para que as e o máximo de 70% das vagas em
partido ou coligação, para candi-
datura em cargo eletivo.
As propostas que
exigem mudanças na
Constituição Federal
Mesmo considerando somente as questões
referentes à política eleitoral e partidária, existem
matérias importantes que, para serem aprovadas, Sistema proporcional x sistema
exigiriam mudanças na Constituição Federal. distrital ou misto
Nessa medida, exigem 3/5 dos votos d@s par- No Brasil, vigora o sistema proporcional de eleição
lamentares, em duas votações, em cada Casa Legis- para a Câmara dos Deputados, as Assembléias Es-
lativa (Câmara e Senado), para serem aprovadas. taduais, a Câmara Legislativa do DF e as Câmaras
Portanto, são mais difíceis e não estão na Municipais, o que significa que a partir de um
pauta das discussões atuais, embora sejam perti- quociente eleitoral, os partidos e coligações terão
nentes e possam emergir a qualquer momento. seus/as representantes eleit@s proporcionalmente
Alguns questionamentos são: ao número de votos obtidos. O sistema propor-
cional é defendido pela capacidade de garantir a
representação e a diversidade político-partidária,
Voto obrigatório x voto facultativo preservando a existência dos pequenos partidos.
O voto é obrigatório no Brasil, constituindo um di- O sistema distrital ou misto (metade proporcional e
reito e um dever. Tod@s @s cidadãos e cidadãs de- metade distrital) se sustenta na eleição de apenas
vem se posicionar nos processos eleitorais, seja vo- um/a representante por distrito eleitoral, a partir
tando em partidos e/ou candidat@s, seja votando de eleição majoritária (vence @ que tiver maior
em branco ou nulo, enquanto uma forma de pro- número de votos), e a sua defesa se sustenta na
testo. A defesa do voto obrigatório se fundamenta idéia de que ele promove uma maior interação en-
na idéia de que o voto é um direito e um dever tre eleitor@s e seus/suas representantes eleit@s em
público, e expressa a responsabilidade de tod@s cada unidade territorial. Consideramos que o siste-
com a coletividade e o exercício da cidadania. A ma proporcional abre maiores perspectivas e pos-
defesa do voto facultativo considera-o como uma sibilidades de competição e eleição para mulheres,
expressão de um direito individual e advoga que negr@s e jovens.
não deve existir nenhum tipo de constrangimento
para o seu exercício.
Redefinição dos patamares mínimo e
máximo de representantes por
Presidencialismo x parlamentarismo Estado da Federação
No Brasil, é adotado o sistema presidencialista A representação proporcional que vigora na Cons-
como forma de governo, atribuindo grandes po- tituição Federal garante a representação mínima
deres ao Presidente da República. A mudança para de oito deputad@s federais para cada Unidade da
o sistema parlamentarista foi objeto de plebiscito, Federação e limita a representação máxima em
em 1993, tendo sido rejeitado pela população 70 deputad@s. Esta forma de distribuição produz
brasileira. O presidencialismo é defendido como grandes distorções, gerando Estados super e sub-
forma de maior autonomia e agilidade para go- representados e, portanto, há necessidade de se
vernar. A defesa do parlamentarismo, que tem fazer mudanças para observar a proporcionali-
um chefe de Estado (Presidente) e um Chefe de dade entre representação na Câmara e eleitorado
Governo (1º Ministro), se baseia no argumento em cada Unidade da Federação.
de que o sistema pode melhor superar as crises
políticas e promover uma melhor interlocução en-
tre Legislativo e Executivo.

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