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Para LER 0 SEMINARIO 11 DE LACAN Richard Feldstein, Bruce Fink. ¢ Maire Jaanus {orgs.) O olhar como um objeto Antonio Quinet Lacan afirma, no Seminério {1, quelo olhar pode funcionar como um objeto, o que & primeira vista parece um tanto estranho! A maioria das pessoas familiarizadas com o Seminério 11 sabe que a referencia lacaniana ao olhar como objeto a vem de O visivel e 0 invistvel, de Maurice Merleau-Ponty. Merleau-Ponty indica algo que vai se tomar {central na obra de Lacan: exisie uin olhar preexistente, uma espéci “olhar que nos cncara vindo do mundo exterior. Essa € a tese pri de Mérleau-Ponty e, segundo ele, 0 visfvel depends do olho daguele ‘que y8)A introdugio desse que{v@lindica que, em sua obra, existe uma a plaSnic’, Com um see absoluto que tudo ve. Para Mérleau- “imagindrio por rs do olka eterifo, Ent sef nd exists. O'que existe € a Cis entre o que se vee 0 olhar, um olfhar que nfo é g ‘vel nem visivel, umolhar cego queesté apagado do indo. B exatamente dessa maheira cue a pulsdo se manifesta na para significar que, ia relacdo inicial com o mundo, algo é dado-a-ver aquele que v. Antes do visto hd o.dailo-a-ver. Essa nogio éfuidarieital para outros temas desenvolvidos porLacan, A preexisténciade umolhar 6 comtelativa do dado-a-ver do sujeito] Em outras palavras, a pulso indica que o sujeito ¢ visto, que existe uit olhar dirigido para o sujeito, um olhar que, néo podéiiios ver porque esté excluido de nosso campo d6.7i8%6. Este olhar nos dé a distinZoentreaquilo que pertence & ordem iss 186 Antonio Qulnet ia eo que perten« hore corel onde: OTSuOUE mundo visfvel é um mundo de imagens cuja geometsia € dada pelo espelho € 0 estédio do espelho 6, de fato, um protétipo da ordem imagindria, em que 0 eu 6 constitufdo em relago a0 semblable! ou semelhante, que est no centro da constituigao do eu. O semelhante & protétipo do est4diodo espetho, ¢ sna ordem especular é marcada como ordem esedpica, que vem a sero registro do olhar, south ps {ids 0.6 deindande saisfego 0 tempo todo, O cater da pulsio é dado pel \yie-) ittipalSo: De acordocom Freud, a pulsio Sindestrutivel em seu impulso. 1.0. mundo vistvel de nossas percepgées é um mundo de imagens. jAlén: 19 mundo da visio, hé o domfnio do invisivel que 0 registro do ] Fedher. 0 primeiro é de uma ordem imaginiria, perceptiva; o Gitimo € .L Em um, temos imagens; no outro pulsdes/B, como veremos, a manifestagio pulsional predispée 0 sujeito a uma atitude passiva. [Bxistem duas atitudes gramaticais: “Eu vejo”, que é de uma ordem \ especular, ¢ 0 “ser visto”, que indica 0 objeto a como uma modalidade \do olhar na ordem escépica. O.que coresponde ao objeto a no visivel € a imagem do outro [i(a)}|O olhar nlo ¢ visto, pois algo 9 mascara. O que vem mascaréo € uma imagem: « imagem do outro O objeto.a.é cculto pela imagem do outro, ¢ isso € necess4rio para qué mel seme Shane possa despertar meu desejo, Trata-se de uma condigéo neces- Siria, porque o objeto a é a causadedesejo. |" vamos agora considerar a leitura feita por Lacan do texto de Freud “As pulsdes ¢ suas vicissitudes”. Este texto nos intoressa, porque o objeto a (neste caso, o olhar) 66 dbjeto dapulsio escépica. Como voc€s provavelmente conhecem esse artigo, niio vou resumi-lo. Mas gostaria de fazer alguns comentérios sobre ele, com base na leitura feita por Lacan. Nesse awtigo, Figo distingue quatro aspectos da pulsio: 0 impulso, a fonte, o objeto e o Ziel (alvo), que Lacan divide em duas i palavras inglesas, aim e goal}O impulso tem o caréter de atividade daw smu nasi tae pulsdo. A pulséd é indestrutivel, logo o impuiso esta sempre presente, ‘Voltemos a distingtio entre aim e goal, 0 alvo e 0 objetivo. A satis iste em atingir seu alvo. OQ alvo é sempre satisfagiio supressio de de excitagto existente na fonte pulsio- nal Efisteyma tendéncia em ditegioa um panto zero de atividade, mas ‘gto, ¢ impossfvel de se alcancar, uma vez, que ndo € compativel com a zige. \slistacto portant, ¢piradoaalporqueateniéicavolalepare ‘Q:ponto zero é uma tendéncia que vai além do prinefpio do prez di eo 20 domfnio do Fmmpaseivel: Lacan deting 6 ze8T come impos simpossivel em que, sentido? lipo: we ‘otha como wn objeto 187 nulsional um paradoxo, como revelam os sinto- alo € sempre satisfagio, ¢ 0 objetivo € apenas um meio de se chegar Testewlvo: A yonte é cata ae assim chamadas zonas cerdgenas localizadas nos orificios da superffcie do corpo, qui tém tina estiitdra de borda, As bordas do corpo esto conectadas 20 mundo exterior Ou, em outro sentido, ao Outro. Segundo Freud, “o objeto (Objekt) da pulsao € a coisa em relagio A qual, ou através da qual, a pulsio é capaz de atingir seu alvo} F isso que é mais varidvel no que diz respoito a uma pulsfo, ¢ nfo dfiginalmente ligado a ela, mas sendo a cla atribujdo somente em consegiléncia de ser peculiarmente adaptado. 4 tomar possfvel a satisfagio” (Standard Edition, XIV, 22). Logol 2 pulsdo pode ser satisfeita por qualquer objeto, mas no me refiro aum objeto qué possa ser consumido, como uma maga, ou aleangado conto uma meta, Se um objeto é adequado & pulsto, € a pulsto que faz dele un objeto puisional apy ‘fado, O que toma um objeto o objeto da pulsdo €a volta dada pela SS “antes de voltar ao sujeito. E 0 impulso da pulsio que contomna um objeto na sua volla em ditegio ao sujeito. { ‘Seguindo Freud, Lacan chamaapulséourma montagem, umacolegao ‘ou construgdo, Mas para ver ofuncionamento de pulsio devemos voltar a Freud. Vooés sabem que\Froud, gramaticalmente, desconstr6i_a pul- sho, dividindo-a em trés elementos: primeira, atividade Spates, Segundo, sujeito ¢ objeto, confoume.estruuram senter tf€s formaAS do verbo, ativa, passiva € reflexiva, Ora, em relagio a esses us elementos, Freud fala sobre duas vicissitudes: inversdo em seu porread désegundofentimeno discutido aqui —0 retorno sobre o sujeito — 6 do masoquismo e do sadismo, sendo g masoquisma equacionado com o sadismo voltado para sim mesmo. O retoma.da sujeito sobre si mesmo pods ser relacionado ao exible nismo, que inglui o.olhar do sujeito para seu prs que o exibicionista quer que o outro (alguiém sem fe) éencene ou duplique o mesmo gosto, mas Freud mostra que as duas vicissitudes coincidem: a transformacio da atividade em passividadee 0 retomo do sujeito sobre si mesmo) \LAs distingdes seguintes decorrem do esquema ativo/passivo: torturar alguéme sertorturadoporalguém; olhar comovoyeur eexi analisa 2 forga do verbo no acionamento do mecanismo da json ¢ estabelece uma gramatica das pulsdes. Seu modelo 6 a pevvenia, ¢ ele comega com o masoquismo ¢ 0 sadismo, { 158 Antonio Quiner A flexiio procede a partir da instincia ativa, “ele tortura” para a instncia reflexiva, “ele tortura a si mesmo”, culminando na passiva “ele é torturado”, Existem trés posigdes dessa flexdo gramatical: a primeira oferece uma instincia de sadismo, a segunda, uma insténcia de masoquismo ¢ a terceira, que ocorre na dimens&o sadomasoquista, uma instancia de obsessao, Mas surge um problema com referéncia 4 pulséo esoSpice. Froud observa. que a reflexiva “ele tortura a sim mesmo” ocorre antes da insténcia ativa, o que pode ser demonstrado pelo estudo dos meninos. Freud aficma que um menino pequeno observa seu membro sexual, 0 obriga a introduzir um terceiro elemento na pulsto escépica: 0 'De maneira notfvel, o penis toma o lugar de objeto da pals (Quando nos referimos aqui & pulsto ese6pica, Vamios usar isso como substituto do penis. Na primeira posicdo, ele ohana segunda, para isso, na terceira, isso € olhado pelo Outrof Freud nota que 0 m ig Fdesconstrug fo, pulsional ‘éque essas tres : diz cle que o mais importante na pulséo 6 que ela faz (esse “fitzer pensar” temos a formula verbal da pulsto. 1 .que vemos na terceira I6gica? Vemos 0 sujeito gramatical da frase desaparocida, substituldo por um objeto, e essa alteragio é muito importante para a satisfagio pulsional, Nesta, o sujeito ¢ reduzido aum objetoPodemes observar outras pulses para encontrar semelhangas. Por &Xemplo, se substituirmos o olhatyna pulsio oral, pelo ato de sugar, ‘vamos ter 0 menino de Freud engajado na seguinte progress: ele suga um objeto, ele se suga, ele € sugado. E— numa frase que incorpora Ib do pligio rela tentativa de piagiar, Ficam ejo dopl gic de sur asidéias dealguém, ou com seu m: suas idGias sugadas por vin Out. (© paciente de Kris acreditava ser incapaz de. criar idéias por si mesmo. Fstava certo de que tudo o queescrevia era plagio. Kris decidiu determinarse aquiloeramesmo plagiooundo, kendo a obra do paciente. Chegou aconclusio de queas alegagdes do paciente eram falsas, edisse isso a ele, Dissethe qu suas idéias nada tinham a ver com as do professor de quem vinha falando. Mas, imediatamente depois de deixar ‘oconsultério do analista, o paciente foi a um restaurante comer miolos frescos, precisamente para provar alguma coisa ao analista. Para esse. paciente, portanto, comer miolos frescos era um sfmbolo relacionado wolharcomoumodjeo $59 comm o pligio e com a pulsio oral, Essa fantasia tem pouco a ver com o ‘eal, um dominio que no é crucial aqui. © olhar também tem conotagées para a pulsfio anal, Lacan diz. ques pulséo anal tem mito a ver com a merda, Podemos, asim, substituir rrverbo “olhr” pelo verbo “cagar”: podemos dizer que o sujeito cage fim objeto, ou se caga, ou & cagado, Os neuréticos obsessivas sentemn que entfo sendo cagados o tempo todo, 0 que é uma manifestagio de culpa, Um sintoma obsessivo muito conmum é a erenga de que cada presente dado € reduaido a merda, Para 0 obsessivo, 0 Outro rejcitn 0 sujeito como merda. gh, Vamos agora exeminar o objeto a a firm de vinculé-lo ao sujeito em Tideracio, Mas primeiro temos de perguntar exatamonte © que ¢ 0 ‘objeto a com referéncia a0 sujeito € ao Outto. Jacques-Altain ‘Miller texplican essa conexio, dizendo que 0 objeto a é parte do Outro, mas ao um elemento do Outro}No Seminério 11, Lacan tenta demonstrar a conexiio entre 0 objeto €0 sujeito, colocando o sujcito em relaglo a0 Outro. ‘Em um de seus diagramas, Lacan situa 0 sujeito num circle ¢ 0 Outro (Autre) em outro, 0 objeto a cai entre 0 sujeito ¢ 0 Outro: Sujpito Ct) ) Outro ie Essa ilustiagdo mostra que 0 objeto a fo pertence 20 sujeito nem 80 “Giutro (Autre ou simplesmente A). O sujeito de Lacan 6 definido como falta-a-ser; 0 olhar-como-objeto a € 0 seu ser. Assim, determinamos © sujeito como falta-a-ser. Q objeto a é umseta que falta consistincia,_ ‘um ser que no podemos éapturar ou ver, mas.aue 6 ainda assim, um Sor Gue & muito estranfo, jf que ele €a causa de desejo do suit, ‘Fate objclo, que.condensa gozo, 6.0 objeto da pulsdoffim A interpreta (pao das sonhos, Frevd teoriza que, para0 sujeit, este ser esté perdido ge alueinagho, Lacan afirma que, para o sujeito, este ser € perdido — cortado apenas para deslizar pelo campo do Outro. Mas, se cle desliza pelo Outro, isso nBo quer dizer que 0 Outro o possua como Outros objetos. Esse deslizar por esse campo explica por que eatla pessoa € atraide por seu serelhante-ou parceiro, Se fosseseenie a entre outros objetos, 0 objeto a no seria causa ue «lest. ‘Antonio Qxinet 10 olhar como objeto @ ou causa de desejo pode ser representadd, podemos ver como isso se pode realizar, Por exemplo, um raio de luz —um brilho nos olhos de alguém, um refiexo nos cabelos de alguém, ‘uma jéia que cintila — pode representar um olhr que nfo esté em nésh Em muitas representagées na tradigio filoséfica, a luz é equivalente do olhar. E de conhecimento comum que, em tais tradigdes filos6ficas, foram feitas muitas comparagGes entre a luz, a visio ¢ 0 saber que, em retrospecto, evocam a nogo lacaniana do olhar.|Na obra de Freud, a brancura do corpo da sra. K. evoca o olhiar que atrai Dora pois, como sabemos, 0 objeto de atragao de Dora era a sra. K.,e sua pele alva, que identifica como uma manifestacio do olhar, acrescentado & atracto} {Numoutro exemplo, um foco luminoso pode representaro objeto, causa de desejo, como umapresenga que faz aleuém se sentir olhado, Sentir-se submetido ao olher do outro pode produzir no apenas desejo, mas angiistia, o que € outra manifestagio do objeto a, {No Seminério 10 (A angistia), Lacan diz. que 0 olhar esté sempre presente nas manifestagGes de angistia. Sem o objeto a, diz ele, nfo h& angdstia!O modelo, proposto por Lacan, do olhar no auge da anguistia € 0 momento em que Edipo arranca seus olhos das érbitas; segundo Lacan, esse protétipo da angiistia vera mostré-Io sendo olhado por seus prdprios olhos a partir de fora. Isso nos leva A imagem classica da angistia: o ser olhado pelos préprios olhos arrancedos, mas ainda olhando para cle. Seus préprios olhos foram a causa de sua queda. Ele. queria saber 6 que havie acontecido, mas acabou vendo algo que nfo podia suportar, Lacan define isso como a emergéncia de um olhar spossfvel que olha para o sujeito, Podemos ver algo do fenémeno do duplo quando nos olhamos no espelho mas nao nos reconhecemos. Existc um estranho momento de angristin que também estd presente no sinistro, Nas duas experiéncias, hi uma presenga que nos faz, sentir observados quando nao existe nada ali, Mas, nessas circunst@ncias, alguma coisa est4 cm funcionamento: a tela da imagem est& preenchida, e podemos captar de relance o ofhar ‘que nos enche de angiistia. Mas sabemos que nfo & somente a imagem que vela oobjeto, porque também deve haver algo da ordem simbélica. A fungio da tela é apagar o olhar do mundo, da amostra do mundo, do Outro como realidade, com todas as significagdes que ajudam a constitnir nosso ambiente, © objeto é apagado nessa representagiio, 0 que significa que hi uma tela que oculta 0 ofhar, ¢ isso ¢ ilustrado pela mancha, Lacan diz. que a mancha pode representar a tela; 20 mesmo tempo, atela esconde o olhar. A mancha esconde ¢ revelao olhar. Uma mancha pode ser a testemunha de um critne, como para Lady Macbeth, que suplica, “sai, mancha maldita” oo tentar apagar uma marca de oolharcomeun cbjety 164 samgue que se recusa a sair. Nessa cena, a tela fracassa em sua fungéo, pois cla nfo consegue apagar a mancha, um sfmbolo de sua loucura subseqiiente, Aqui, a mancha simboliza o olhar que determina o sujeita como receptaculo da angiistia causada por ser observado. Como podemos entender 0 olhar no sentido psicanalttico? O lugar ais ébvio para observé-lo é na psicosé:quando hi uma falha do olher. Para os neuréticos, 0 olhar como um objeto no tem consisténcia, niio tem substincia. Ele no aparece, nfo pode ser visto, Mas, para os psicéticos, o olhar pode &s veces ser sentido e visto, porgue a tela falha, © que 6um outro modo de se dizer que o complexo tebaipo fatha. Na psicose existe alguma coisa que mostra a0 sujeito que 0 objeto no esté perdido. O olhar, entéo, ausente para os neutGticos, nio esté perdido: para.os psic6ticos, um fato que se torna mais evidente se considcrarmos « diferenga cntre 0 real ¢ a realidade. 1 que € 0 real? Quando fato em realidade, estou discutindo a realidade de nossas percepgGes e imagens. Mas, mesmo no registro do imogindrio, arealidade 6 estruturada pela ordem simbélica, jé que tanto ‘0 simbélico quanto 0 imaginério a compSem. O real como tm corpo de experincia esté exclufdo da realidade\O imaginério dé forma c feitio a coisas que podemos perceber através de nossas representagées ou significantes, Sebemos que a realidade, que no € a mesma para cada pessoa, 6 estruturada pola ordem simbélicayEnquanto o real normal- mente nao faz parte da reatidade, na psicose 6 objeto a (que em geral no € parce da realidade) retoma ao carmpo da realidade. Na neurose, 0 ‘mecanismo do recalque implica a perda do objeto} A satisfacto total se toma impossivel porque 0 objeto que poderia Satisfazer a pulsdo foi perdido, Mas na psicose 0 caso é outro: o objeto pode aparecer como um olhar que observa 0 sujeito, cu como uma vor alucinatsria 40 que vemos na psicose é uma desorganizagao do campo visual. Ein casos de tal confusao desorganizada, o olbiar como objeto @ no campo escépico surge freqientemente para o sujeito numa série ampliada de olhares multiplos. Por exemplo, um paciente delirante sai Arua acredi- tando que todos esto olhando paraele porque éhomossexual] Em outo ‘exemplo, um paciente esquizofrénico alucinava que tudo, desde olhos até étomos, olhava para cle, sendo obrigado a usar éculos escuros para escapar ao escrutfnio geral. Num hospital psiquidtrico, um grupo de pacientes tentou esconder-se do olhar alucinat6rio permanecendo em seus leitos, porque pensavam que havia espides em toda parte, obser vando-os. Esse sintoma, que Freud chamou de ilusto de estar seni observado, surge no comego da parandia, Um delitio persectlirie se desenvolveem tomo do olhar, mas nao € muito facil distinpuir esse ligue de feriémeno de uma fobia. Os analistas, ocasionalinente, 1m pu ati Antonto Quinet incapazes de sair de casa, nfo devido a medos f6bicos, mas porque nfo podem suportar o olhar do Outro, ‘Vou concluir relatando uma anedots sobre como o olhar, mesmo niio apreensivel, pode ser deduzido de certos sintomas neuréticos em casos de cegueira histérica. Imaginem o seguinte: um homem vinha subindo as escadas de um restaurante quando derepente seus olhos encontrarain ‘08 olhos do seu analista. Seus olhos se encontraram quando 0 aralista vinha descendo a mesma escada que o outro subia. O paciente, imedia- tamente acometido de cegucira, foi obrigado a deter-se. Sua visio foi voltando aos poucos, mas de uma maneira bastante peculiar, como uma cortina que sobe num palco ¢ péra no meio do caminho. A cortina permaneceu semnidescidaenquantoele comia no restaurante. Até termi nar a refeig&o ¢ deixar o local, o analisando nao podia ver nada numa parte de sou campo visual, Petmaneceu cogo parcialmente até chegar & ‘ma; nesse ponto, seu sintoma desapareceu. Para o analisando, este episSdio se relacionava com um sonho de forte teor erético por ele relatado, no qual cle ¢ seu analiste estavar comendo juntos. Seu sonho reatizava o desejo de tomar uma bebida com seu analista. Com efeito, ele queria se encontrar com 0 analista para tomar alguma coisa tio logo sua andlise terminasse. Tsso creo que cle dizia querer fazer. “Tomar uma bebida”, em francés, 6 prendre un verre. O sintoma do paciente, cegueira, apareceu precisamente a0 encontrar 0 olhar do Outro. O sintoma era sustentado pela expresso prendre un verre, em que o termo verre & ambfguo, O significante que representa o othar esta presente em verres, que ein frances significa ‘eopos (metifora para bebidas) lentes (ou dculos). O significante representa o olhar presente nas lentes dos Gculos do analista.[A pulsio escépica manifestou-se no sintoie, onde havia um “fazer-se ser O- Jhadg"} ele ficou cego, nao via. Na manifestagaio da pulsdo escépica, este sujeito histético nada via porque estava reduzido a um objeto, Na~ qeete exato momento, ole era 0 olhar, Nesse sintoma, vemos 0 objeto, ‘le parte do Outro ou parte do sujcito? Sabemos que se, no sintoma, © analista representa a Outto para ele, o olhar existe entre eles. No sintoma, ele € reduzido a um objeto. O sujeito desaparece; na sua reagio histérica, ele desaparece literalmente, porque nfo mais ve Sobre esse tema, leiam © interessante artigo de Freud “Urna visio psicanalitica dos distéirbios psicognicos da visio”, que fala sobre a ‘cegucirahistérica. Aliele explica acegueira histérica como um recalque da escotofilia sexual, A escotofilia é a atividade da pulsiio ¢ 0 olhar relacionado aela. Freud diz.que a pulstio recaleada se vinga porter sido contida em sua extensdo ps{quica, tornando-se capaz de estender sua

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