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GASTROENTEROLOGIA VOL. 1
Autoria e colaboração
José Américo Bacchi Hora Cancerologia Cirúrgica pela Sociedade Brasileira de Can-
Graduado pela Faculdade de Medicina da Universida- cerologia. Membro titular do CBC e da Sociedade Brasi-
de Federal de Pernambuco (UFPE). Especialista em leira de Cirurgia Oncológica (SBCO). Instrutor de ATLS®
Cirurgia Geral e em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo Núcleo da Santa Casa de São Paulo.
pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
Fábio Carvalheiro
da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), onde foi
Graduado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Uni-
preceptor da disciplina de Coloproctologia.
versidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Especialista
Lúcia Cláudia Barcellos Kunen em Cirurgia Oncológica pelo Instituto do Câncer Dr. Ar-
Graduada pela Faculdade de Medicina da Universida- naldo Vieira de Carvalho (IAVC) e em Cirurgia Geral pela
de Federal de Pelotas (UFPel). Especialista em Gas- Santa Casa de São Paulo.
troenterologia e em Endoscopia pelo Hospital do Ser-
Allan Garms Marson
vidor Público Estadual de São Paulo (HSPE-SP). Título
Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade
de especialista em Gastroenterologia pela Federação
de São Paulo (FMUSP). Especialista em Cirurgia Geral e
Brasileira de Gastroenterologia (FBG). Título de espe-
em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo HC-FMUSP, onde
cialista em Endoscopia pela Sociedade Brasileira de
foi preceptor em Cirurgia do Aparelho Digestivo e Colo-
Endoscopia (SOBED).
proctologia.
Fabio Colagrossi Paes Barbosa Marcelo Simas de Lima
Graduado em Medicina pela Universidade Federal de
Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade
Mato Grosso do Sul (UFMS). Residente em Cirurgia
de São Paulo (FMUSP). Especialista em Cirurgia Geral,
Geral pela Santa Casa de Campo Grande e em Cirurgia
em Cirurgia do Aparelho Digestivo e em Endoscopia Di-
do Aparelho Digestivo pela Irmandade da Santa Casa
gestiva pelo HC-FMUSP. Membro titular do Colégio Bra-
de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP). Mestre e dou-
sileiro de Cirurgia Digestiva e da Sociedade Brasileira de
tor em Cirurgia pela Faculdade de Ciências Médicas da
Endoscopia Digestiva.
Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP). Membro titular
do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD), do Rodrigo Ambar Pinto
Colégio Brasileiro dos Cirurgiões (CBC) e do Capítulo Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade
Brasil da International Hepato-Pancreato-Biliary As- de Santo Amaro (UNISA). Especialista em Cirurgia Geral
sociation (IHPBA). Professor adjunto de Cirurgia da e em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo Hospital das
Faculdade de Medicina da UFMS e professor titular Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de
da Universidade Anhanguera-Uniderp. Coordenador São Paulo (HC-FMUSP), onde foi preceptor em Cirurgia
da Residência Médica em Cirurgia Geral do Hospital do Aparelho Digestivo e Coloproctologia. Fellow em Co-
Regional de Mato Grosso do Sul. loproctologia e especialista em Fisiologia Anorretal pela
Cleveland Clinic, Flórida.
Rafael Izar Domingues da Costa
Graduado em Medicina pela Universidade do Oeste Rogério Bagietto
Paulista (UNOESTE). Especialista no Programa Avan- Graduado pela Faculdade de Medicina do ABC (FMABC).
çado de Cirurgia Geral pelo Hospital das Clínicas da Especialista em Cirurgia Geral pela Universidade Federal
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo de São Paulo (UNIFESP) e em Cirurgia Oncológica pelo
(HC-FMUSP). Hospital do Câncer de São Paulo.
Rodrigo Biscuola Garcia Yeda Mayumi Kuboki
Graduado pela Faculdade de Ciência Médicas de San- Graduada pela Faculdade de Medicina de São José do
tos (FCMS). Especialista em Cirurgia Geral e em Cirur- Rio Preto (FAMERP). Especialista em Cirurgia Geral pela
gia do Aparelho Digestivo pelo Hospital do Servidor Universidade de Santo Amaro (UNISA) e em Endoscopia
Público Municipal de São Paulo (HSPM-SP). Médico Digestiva pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
dos Hospitais São José e Sírio-Libanês. Médica da Emergência do Hospital do Câncer A. C. Ca-
margo.
Eduardo Bertolli
Graduado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Espe- Atualização 2017
cialista em Cirurgia Geral pela PUC-SP. Título de es-
pecialista em Cirurgia Geral pelo Colégio Brasileiro de
Cirurgiões (CBC). Especialista em Cirurgia Oncológica Fabio Colagrossi Paes Barbosa
pelo Hospital do Câncer A. C. Camargo, onde atua José Américo Bacchi Hora
como médico titular do Serviço de Emergência e do
Núcleo de Câncer de Pele. Título de especialista em Lúcia Cláudia Barcellos Kunen
Apresentação
Um excelente estudo!
Índice
2
Neste capítulo, será abordada a doença do refluxo gas-
troesofágico (DRGE), doença extremamente comum
na prática clínica diária que decorre de fluxo retró-
grado de conteúdo gastroduodenal para o esôfago e/
ou órgão adjacentes. Os principais mecanismos fisio-
patológicos relacionados são relaxamento transitório
do Esfíncter Esofágico Inferior (EEI), que aumenta com
a distensão gástrica e a posição ortostática, hipotonia
Doença
do EEI (pressão <10mmHg), ruptura anatômica da jun-
ção esofagogástrica (presença de hérnias hiatais por
deslizamento, paraesofágicas ou mistas), obesidade
(aumento da pressão intragástrica, predisposição a
do refluxo
hérnias hiatais e aumento na frequência de relaxamen-
tos transitórios do EEI) e outras causas (intervenções
cirúrgicas como cardiomiotomias, vagotomias e gastrec-
gastroesofágico
tomias, exercícios físicos intensos, gravidez, tosse), além
de diminuição do tempo de esvaziamento esofágico e
falha nos mecanismos de defesa contra a injúria esofá-
gica. À investigação da história e manifestações clínicas
devem ser somadas a endoscopia digestiva alta para o
diagnóstico de esofagite e pHmetria para o diagnóstico
de refluxo ácido, sendo a manometria padrão-ouro para
a visualização de disfunções esofágicas. Questões, em
geral, cobram as classificações endoscópicas: de Savary-
-Miller modificada e de Los Angeles, esta mais difundida.
O tratamento clínico abarca mudança comportamen-
tal, e o farmacológico preconiza o uso de inibidor da
bomba de prótons em dose plena, pelo período de 4 a
8 semanas. O tratamento cirúrgico está indicado para
impossibilitados de darem continuidade ao tratamento
clínico, pacientes com necessidade de tratamento con-
tínuo, aqueles com menos de 40 anos que optam pela
cirurgia e refratários ao inibidor, com confirmação pelo
exame de pHmetria de 24 horas e que têm condições
cirúrgicas. O procedimento utiliza a fundoplicatura total
tipo Nissen ou parcial tipo Toupet-Lind. Nas provas, o
assunto é bastante abordado, principalmente em seus
aspectos de diagnóstico e indicação de tratamento clí-
nico ou cirúrgico.
28 sic gastroenterologia
1. Introdução
A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é uma das desordens mais
comuns na prática clínica. Uma revisão sistemática evidenciou que a
prevalência de DRGE (pirose e/ou regurgitação pelo menos 1 vez por
semana) no mundo ocidental foi entre 10 e 20% e menor do que 5% na
Ásia. No Brasil, um estudo de base populacional mostrou prevalência
de pelo menos 12%.
2. Definição
A DRGE é uma afecção crônica decorrente do fluxo retrógrado de parte
do conteúdo gastroduodenal para esôfago e/ou órgãos adjacentes,
acarretando variável espectro de sintomas e/ou sinais esofágicos e/
ou extraesofágicos, associados ou não a lesões teciduais (III Consenso
Brasileiro da Doença do Refluxo Gastroesofágico).
Importante 3. Fisiopatologia
O mecanismo dominante
A DRGE surge da quebra do equilíbrio entre os fatores de proteção e
do DRGE varia como de agressão, em associação à falha dos mecanismos de contenção do
função da severidade da refluxo. A extensão dos sintomas e a injúria mucosa são proporcionais
doença. O relaxamento à frequência dos eventos de refluxo, à duração da acidificação da mu-
transitório do EEI predo- cosa e à potência cáustica do fluido refluído. A integridade da mucosa
mina na doença leve, e os em indivíduos normais reflete um balanço entre os fatores agressores
mecanismos associados (refluxo ácido, potência do refluxato) e os fatores de proteção (clarea-
à hérnia hiatal e/ou mento ácido esofágico, integridade da mucosa).
fraqueza esfincteriana
predominam na doença
mais severa.
9
Com o aumento de pessoas se submetendo à chamada
cirurgia bariátrica, e já com tempo razoável de acompa-
nhamento desde a sua implementação, tal assunto tem
caído cada vez mais nos concursos médicos – em Cirurgia,
Clínica Médica e Medicina Social e Preventiva. Estudos
da década de 1990 indicam que cerca de 90% dos sub-
metidos ao tratamento clínico para a obesidade – dietas,
spas etc. – apresentam recidiva em até 5 anos. A cirur-
Tratamento cirúr-
gia bariátrica é, hoje, o tratamento com resultados mais
expressivos e duradouros para a obesidade mórbida,
com melhora objetiva das comorbidades, como hiper-
tensão arterial, diabetes mellitus, úlceras nos membros
inferiores, perfil lipídico alterado, insuficiência respira-
tória, pseudotumor cerebral etc., e traz incremento na
qualidade de vida, na autoestima, no humor e na afe-
gico da obesidade
mórbida
tividade interpessoal. Em 1999, o Ministério da Saúde
reconheceu a gastroplastia como um dos procedimentos
cobertos pelo Sistema Único de Saúde, estabelecendo
os seguintes critérios para indicação: portadores de
obesidade de grandes proporções, com duração >2
anos, com IMC >40kg/m2 e resistente aos tratamentos Brasil e nos Estados Unidos, e há uma associação entre as técni-
conservadores (dietas, medicamentos, exercícios e psi- cas restritivas e disabsortivas, sendo considerada padrão-ouro
coterapia) e obesos com IMC >35kg/m2 portadores de nos Estados Unidos a derivação gastrojejunal (Fobi-Capella).
doenças associadas (diabetes, hipertensão, artropatias, A operação consiste na criação de pequena câmara gástrica
apneia do sono e hérnia de disco) que tenham situação proximal junto à pequena curvatura, separada do restante do
clínica agravada pela obesidade. Quanto ao tratamento, estômago; a parte distal deste, o duodeno e os primeiros 50cm
podem-se dividir as operações em restritivas, disabsor- do jejuno ficam excluídos do trânsito alimentar. A alça distal da
tivas e mistas, todas com vantagens e desvantagens, e enterotomia realizada a 50cm do ângulo de Treitz é passada ao
podem ser realizadas por videolaparoscopia. Quanto às andar superior do abdome por via transmesocólica e interposta
restritivas, vem ganhando força a gastroplastia vertical entre as 2 câmaras gástricas. Então, são feitas a gastrojejunoa-
com bandagem, que consiste na septação do estômago nastomose terminolateral e a anastomose enteroentérica. Há
em uma bolsa proximal superior rente à pequena cur- modificações funcionais e hormonais do tubo digestivo, com
vatura e de capacidade de 20 a 40mL, envolvida uma efeitos benéficos adicionais sobre o controle ou a reversão das
banda inelástica. Já o balão intragástrico visa à sensação comorbidades metabólicas, em especial sobre o diabetes tipo
de saciedade precoce, diminuindo o volume de alimentos 2. Outra técnica mista é a derivação biliopancreática (Scopi-
ingeridos. É usado comumente no preparo pré-opera- naro), de maior efeito disabsortivo, em que se faz gastrectomia
tório de obesos e, por ser totalmente reversível e não horizontal com coto gástrico de 200 a 400mL de capacidade.
ser cirúrgico, pode permanecer de 6 a 8 meses. A banda A colecistectomia é feita rotineiramente nesta técnica. Por fim,
gástrica, também reversível, consiste na implantação o duodenal switch, como é mais conhecida essa operação, con-
de uma prótese de silicone circular inflável ao redor da siste em gastrectomia vertical, retirando-se parte do estômago
porção mais proximal do estômago, criando pequena relacionada à grande curvatura gástrica, com preservação de
cavidade calibrada por um balão intragástrico de volume toda a pequena curvatura, secção do duodeno em sua 1ª por-
predeterminado, fixada ao estômago por meio de pon- ção, sepultamento do coto duodenal, duodenoileoanastomose
tos gastrogástricos entre as partes proximal e distal à terminoterminal e anastomose ileoileal. A mortalidade é de 0,1
prótese, de modo a impedir ou dificultar sua migração. a 1%. Complicações pós-cirúrgicas podem acometer aqueles
A gastrectomia vertical (ou “em manga”, longitudinal ou com mais de 65 anos, IMC >55kg/m2 e múltiplas comorbidades.
sleeve) torna o estômago residual em tubo com cerca de Complicações tardias podem ser nutricionais, psiquiátricas ou
1cm de largura, a partir da cárdia até a incisura angula- abdominais e geralmente têm sua incidência subestimada. E as
ris pela pequena curvatura, e limita a câmara gástrica complicações nutricionais são maiores nas operações mistas do
para cerca de 50 a 200mL de volume. As técnicas que nas exclusivamente restritivas, sobressaindo-se a anemia
disabsortivas só têm caráter histórico e não são mais ferropriva e a deficiência de microelementos, como o cálcio, o
recomendadas. Já as mistas são as mais realizadas no zinco e as vitaminas do complexo B.
140 sic gastroenterologia
1. Introdução
2. Definição e classificação
A obesidade pode ser definida como alteração da composição corpó-
rea, com determinantes genéticos e ambientais, traduzida pelo excesso
de peso relativo ou absoluto das reservas corpóreas de gordura, que
ocorre quando, cronicamente, a oferta de calorias é maior do que o
gasto de energia corpórea e que resulta, com frequência, em prejuízos
significativos para a saúde. Inúmeras classificações foram propostas
para a obesidade (Tabela 1). O IMC, que é a massa do indivíduo dividida
pelo quadrado da altura, definido em kg/m2, é utilizado para classifica-
ção em diversas categorias (Tabela 2).
QUESTÕES COMENTÁRIOS
Cap. 3 - Diarreias agudas e crônicas .......................... 159 Cap. 3 - Diarreias agudas e crônicas .......................... 192
Cap. 5 - Doenças inflamatórias intestinais ..............165 Cap. 5 - Doenças inflamatórias intestinais .............200
Cap. 6 - Doença diverticular dos cólons e Cap. 6 - Doença diverticular dos cólons e
megacólon chagásico ......................................170 megacólon chagásico ..................................... 207
Cap. 9 - Neoplasias do intestino delgado ................. 181 Cap. 9 - Neoplasias do intestino delgado ................ 222
Cap. 10 - Câncer de cólon e reto .................................. 181 Cap. 10 - Câncer de cólon e reto ................................. 222
Cap. 11 - Câncer de canal anal ......................................186 Cap. 11 - Câncer de canal anal ..................................... 229
Questões
Gastroenterologia Questões
Gastroenterologia
Gastroenterologia Comentários
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