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SIC CLÍNICA CIRÚRGICA

GASTROENTEROLOGIA VOL. 1
Autoria e colaboração

José Américo Bacchi Hora Cancerologia Cirúrgica pela Sociedade Brasileira de Can-
Graduado pela Faculdade de Medicina da Universida- cerologia. Membro titular do CBC e da Sociedade Brasi-
de Federal de Pernambuco (UFPE). Especialista em leira de Cirurgia Oncológica (SBCO). Instrutor de ATLS®
Cirurgia Geral e em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo Núcleo da Santa Casa de São Paulo.
pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
Fábio Carvalheiro
da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), onde foi
Graduado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Uni-
preceptor da disciplina de Coloproctologia.
versidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Especialista
Lúcia Cláudia Barcellos Kunen em Cirurgia Oncológica pelo Instituto do Câncer Dr. Ar-
Graduada pela Faculdade de Medicina da Universida- naldo Vieira de Carvalho (IAVC) e em Cirurgia Geral pela
de Federal de Pelotas (UFPel). Especialista em Gas- Santa Casa de São Paulo.
troenterologia e em Endoscopia pelo Hospital do Ser-
Allan Garms Marson
vidor Público Estadual de São Paulo (HSPE-SP). Título
Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade
de especialista em Gastroenterologia pela Federação
de São Paulo (FMUSP). Especialista em Cirurgia Geral e
Brasileira de Gastroenterologia (FBG). Título de espe-
em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo HC-FMUSP, onde
cialista em Endoscopia pela Sociedade Brasileira de
foi preceptor em Cirurgia do Aparelho Digestivo e Colo-
Endoscopia (SOBED).
proctologia.
Fabio Colagrossi Paes Barbosa Marcelo Simas de Lima
Graduado em Medicina pela Universidade Federal de
Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade
Mato Grosso do Sul (UFMS). Residente em Cirurgia
de São Paulo (FMUSP). Especialista em Cirurgia Geral,
Geral pela Santa Casa de Campo Grande e em Cirurgia
em Cirurgia do Aparelho Digestivo e em Endoscopia Di-
do Aparelho Digestivo pela Irmandade da Santa Casa
gestiva pelo HC-FMUSP. Membro titular do Colégio Bra-
de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP). Mestre e dou-
sileiro de Cirurgia Digestiva e da Sociedade Brasileira de
tor em Cirurgia pela Faculdade de Ciências Médicas da
Endoscopia Digestiva.
Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP). Membro titular
do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD), do Rodrigo Ambar Pinto
Colégio Brasileiro dos Cirurgiões (CBC) e do Capítulo Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade
Brasil da International Hepato-Pancreato-Biliary As- de Santo Amaro (UNISA). Especialista em Cirurgia Geral
sociation (IHPBA). Professor adjunto de Cirurgia da e em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo Hospital das
Faculdade de Medicina da UFMS e professor titular Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de
da Universidade Anhanguera-Uniderp. Coordenador São Paulo (HC-FMUSP), onde foi preceptor em Cirurgia
da Residência Médica em Cirurgia Geral do Hospital do Aparelho Digestivo e Coloproctologia. Fellow em Co-
Regional de Mato Grosso do Sul. loproctologia e especialista em Fisiologia Anorretal pela
Cleveland Clinic, Flórida.
Rafael Izar Domingues da Costa
Graduado em Medicina pela Universidade do Oeste Rogério Bagietto
Paulista (UNOESTE). Especialista no Programa Avan- Graduado pela Faculdade de Medicina do ABC (FMABC).
çado de Cirurgia Geral pelo Hospital das Clínicas da Especialista em Cirurgia Geral pela Universidade Federal
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo de São Paulo (UNIFESP) e em Cirurgia Oncológica pelo
(HC-FMUSP). Hospital do Câncer de São Paulo.
Rodrigo Biscuola Garcia Yeda Mayumi Kuboki
Graduado pela Faculdade de Ciência Médicas de San- Graduada pela Faculdade de Medicina de São José do
tos (FCMS). Especialista em Cirurgia Geral e em Cirur- Rio Preto (FAMERP). Especialista em Cirurgia Geral pela
gia do Aparelho Digestivo pelo Hospital do Servidor Universidade de Santo Amaro (UNISA) e em Endoscopia
Público Municipal de São Paulo (HSPM-SP). Médico Digestiva pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
dos Hospitais São José e Sírio-Libanês. Médica da Emergência do Hospital do Câncer A. C. Ca-
margo.
Eduardo Bertolli
Graduado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Espe- Atualização 2017
cialista em Cirurgia Geral pela PUC-SP. Título de es-
pecialista em Cirurgia Geral pelo Colégio Brasileiro de
Cirurgiões (CBC). Especialista em Cirurgia Oncológica Fabio Colagrossi Paes Barbosa
pelo Hospital do Câncer A. C. Camargo, onde atua José Américo Bacchi Hora
como médico titular do Serviço de Emergência e do
Núcleo de Câncer de Pele. Título de especialista em Lúcia Cláudia Barcellos Kunen
Apresentação

Os desafios da Medicina a serem vencidos por quem se decide pela área


são tantos e tão diversos que é impossível tanto determiná-los quanto
mensurá-los. O período de aulas práticas e de horas em plantões de vários
blocos é apenas um dos antecedentes do que o estudante virá a enfrentar
em pouco tempo, como a maratona da escolha por uma especialização e do
ingresso em um programa de Residência Médica reconhecido, o que exigirá
dele um preparo intenso, minucioso e objetivo.

Trata-se do contexto em que foi pensada e desenvolvida a Coleção SIC


Principais Temas para Provas, cujo material didático, preparado por profis-
sionais das mais diversas especialidades médicas, traz capítulos com inte-
rações como vídeos e dicas sobre quadros clínicos, diagnósticos, tratamen-
tos, temas frequentes em provas e outros destaques. As questões ao final,
todas comen­tadas, proporcionam a interpretação mais segura possível de
cada resposta e reforçam o ideal de oferecer ao candidato uma preparação
completa.

Um excelente estudo!
Índice

Capítulo 1 - Anatomia e fisiologia do 4. Quadro clínico e diagnóstico ................................ 82


esôfago ................................................................ 15 5. Estadiamento ............................................................ 83
1. Anatomia......................................................................16 6. Tratamento ................................................................ 86
2. Fisiologia ..................................................................... 23 Resumo ............................................................................ 94
Resumo ............................................................................ 26
Capítulo 6 - Anatomia e fisiologia do
Capítulo 2 - Doença do refluxo estômago ............................................................95
gastroesofágico .................................................27 1. Anatomia..................................................................... 96
1. Introdução .................................................................. 28 2. Fisiologia ................................................................... 102
2. Definição ..................................................................... 28 Resumo .......................................................................... 108
3. Fisiopatologia ............................................................ 28
Capítulo 7 - Dispepsia e Helicobacter pylori ...109
4. Diagnóstico .................................................................32
5. Tratamento clínico ................................................... 38 1. Definições ..................................................................110
2. Epidemiologia...........................................................110
6. Tratamento cirúrgico ..............................................40
3. Classificação ..............................................................111
7. Complicações ............................................................ 43
4. Fisiopatologia........................................................... 112
Resumo ............................................................................ 46
5. Diagnóstico ............................................................... 114
Capítulo 3 - Afecções motoras do esôfago .....47 6. Tratamento ............................................................... 115

1. Acalasia idiopática e megaesôfago .....................48 7. Helicobacter pylori ................................................... 117

2. Síndrome de Boerhaave ........................................55 Resumo .......................................................................... 120

3. Espasmo difuso do esôfago e esôfago “em


quebra-nozes” ............................................................57 Capítulo 8 - Doença ulcerosa péptica ......... 121
4. Esclerose sistêmica ................................................60 1.Introdução ..................................................................122
Resumo ............................................................................. 61 2. Epidemiologia...........................................................122
3. Etiologia .....................................................................122
Capítulo 4 - Afecções mecânicas do 4. Úlcera gástrica.........................................................123
esôfago ............................................................... 63
5. Úlcera duodenal ...................................................... 131
1. Anéis esofágicos ....................................................... 64 6. Úlceras atípicas ...................................................... 134
2. Membranas esofágicas ......................................... 65 7. Complicações das úlceras pépticas....................135
3. Divertículos de esôfago ......................................... 66 Resumo .......................................................................... 138
4. Síndrome de Mallory-Weiss ................................. 69
5. Estenose cáustica .................................................... 70 Capítulo 9 - Tratamento cirúrgico da
6. Esofagite eosinofílica ..............................................74 obesidade mórbida .........................................139
Resumo .............................................................................76 1. Introdução ................................................................140
2. Definição e classificação .....................................140
Capítulo 5 - Câncer de esôfago ......................77 3. Indicação ................................................................... 141
1. Epidemiologia ............................................................ 78 4. Técnicas operatórias..............................................143
2. Fatores etiológicos .................................................. 78 5. Vias de acesso ......................................................... 148
3. Anatomia patológica............................................... 79 6. Complicações pós-operatórias .......................... 148
7. Resultados................................................................. 149 Capítulo 11 - Neoplasia gástrica benigna e
8. Cirurgia metabólica................................................ 150 maligna............................................................... 161
Resumo........................................................................... 150 1. Neoplasia gástrica benigna...................................162
2. Adenocarcinoma gástrico ................................... 164
Capítulo 10 - Síndromes pós-operações
3. Linfoma gástrico..................................................... 180
gástricas............................................................. 151
Resumo........................................................................... 182
1. Introdução..................................................................152
2. Deiscências e fístulas............................................. 154 Capítulo 12 - GIST.............................................183
3. Úlceras recidivadas................................................ 154 1. Introdução................................................................. 184
4. Gastroparesia...........................................................155 2. Patologia.................................................................... 184
5. Síndrome de dumping............................................ 155 3. Quadro clínico e diagnóstico................................185
6. Gastrite alcalina.......................................................157 4. Tratamento................................................................187
7. Síndrome da alça aferente................................... 158 Resumo .......................................................................... 189
8. Síndrome da alça eferente.................................. 158
9. Conclusão...................................................................159
Resumo........................................................................... 160
Fábio Carvalheiro
Eduardo Bertolli Rodrigo Biscuola Garcia
Yeda Mayumi Kuboki Lúcia C. Barcellos Kunen

2
Neste capítulo, será abordada a doença do refluxo gas-
troesofágico (DRGE), doença extremamente comum
na prática clínica diária que decorre de fluxo retró-
grado de conteúdo gastroduodenal para o esôfago e/
ou órgão adjacentes. Os principais mecanismos fisio-
patológicos relacionados são relaxamento transitório
do Esfíncter Esofágico Inferior (EEI), que aumenta com
a distensão gástrica e a posição ortostática, hipotonia

Doença
do EEI (pressão <10mmHg), ruptura anatômica da jun-
ção esofagogástrica (presença de hérnias hiatais por
deslizamento, paraesofágicas ou mistas), obesidade
(aumento da pressão intragástrica, predisposição a

do refluxo
hérnias hiatais e aumento na frequência de relaxamen-
tos transitórios do EEI) e outras causas (intervenções
cirúrgicas como cardiomiotomias, vagotomias e gastrec-

gastroesofágico
tomias, exercícios físicos intensos, gravidez, tosse), além
de diminuição do tempo de esvaziamento esofágico e
falha nos mecanismos de defesa contra a injúria esofá-
gica. À investigação da história e manifestações clínicas
devem ser somadas a endoscopia digestiva alta para o
diagnóstico de esofagite e pHmetria para o diagnóstico
de refluxo ácido, sendo a manometria padrão-ouro para
a visualização de disfunções esofágicas. Questões, em
geral, cobram as classificações endoscópicas: de Savary-
-Miller modificada e de Los Angeles, esta mais difundida.
O tratamento clínico abarca mudança comportamen-
tal, e o farmacológico preconiza o uso de inibidor da
bomba de prótons em dose plena, pelo período de 4 a
8 semanas. O tratamento cirúrgico está indicado para
impossibilitados de darem continuidade ao tratamento
clínico, pacientes com necessidade de tratamento con-
tínuo, aqueles com menos de 40 anos que optam pela
cirurgia e refratários ao inibidor, com confirmação pelo
exame de pHmetria de 24 horas e que têm condições
cirúrgicas. O procedimento utiliza a fundoplicatura total
tipo Nissen ou parcial tipo Toupet-Lind. Nas provas, o
assunto é bastante abordado, principalmente em seus
aspectos de diagnóstico e indicação de tratamento clí-
nico ou cirúrgico.
28 sic gastroenterologia

1. Introdução
A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é uma das desordens mais
comuns na prática clínica. Uma revisão sistemática evidenciou que a
prevalência de DRGE (pirose e/ou regurgitação pelo menos 1 vez por
semana) no mundo ocidental foi entre 10 e 20% e menor do que 5% na
Ásia. No Brasil, um estudo de base populacional mostrou prevalência
de pelo menos 12%.

2. Definição
A DRGE é uma afecção crônica decorrente do fluxo retrógrado de parte
do conteúdo gastroduodenal para esôfago e/ou órgãos adjacentes,
acarretando variável espectro de sintomas e/ou sinais esofágicos e/
ou extraesofágicos, associados ou não a lesões teciduais (III Consenso
Brasileiro da Doença do Refluxo Gastroesofágico).

Importante 3. Fisiopatologia
O mecanismo dominante
A DRGE surge da quebra do equilíbrio entre os fatores de proteção e
do DRGE varia como de agressão, em associação à falha dos mecanismos de contenção do
função da severidade da refluxo. A extensão dos sintomas e a injúria mucosa são proporcionais
doença. O relaxamento à frequência dos eventos de refluxo, à duração da acidificação da mu-
transitório do EEI predo- cosa e à potência cáustica do fluido refluído. A integridade da mucosa
mina na doença leve, e os em indivíduos normais reflete um balanço entre os fatores agressores
mecanismos associados (refluxo ácido, potência do refluxato) e os fatores de proteção (clarea-
à hérnia hiatal e/ou mento ácido esofágico, integridade da mucosa).
fraqueza esfincteriana
predominam na doença
mais severa.

Figura 1 - Fisiopatologia da doença do refluxo gastroesofágico

A - Relaxamento transitório do esfíncter esofágico


inferior
É responsável por essencialmente todos os episódios em indivíduos
com pressão do Esfíncter Esofágico Inferior (EEI) normal no mo-
Dica mento do refluxo. Ocorre sem associação à contração faríngea, não
é acompanhado por peristalse esofágica e persiste por períodos mais
A frequência dos relaxa- longos (10 segundos) do que os relaxamentos do EEI induzidos pela
mentos transitórios do deglutição.
EEI está aumentada na O relaxamento transitório é uma resposta motora integrada envol-
distensão gástrica e na vendo não somente o relaxamento do EEI, mas também a inibição da
posição ortostática, que crura diafragmática, o encurtamento do esôfago pela contração da sua
é a posição em que mais musculatura longitudinal e a contração do diafragma costal. É um re-
ocorrem os eventos de flexo ativo mediado pelo vago. A hipótese é que o fator determinante
refluxo. para o refluxo não seja o número aumentado de relaxamentos transitó-
rios, e sim uma proporção aumentada de relaxamentos associados ao
refluxo ácido, oposto àquele refluxo somente gasoso.
José Américo Bacchi Hora

9
Com o aumento de pessoas se submetendo à chamada
cirurgia bariátrica, e já com tempo razoável de acompa-
nhamento desde a sua implementação, tal assunto tem
caído cada vez mais nos concursos médicos – em Cirurgia,
Clínica Médica e Medicina Social e Preventiva. Estudos
da década de 1990 indicam que cerca de 90% dos sub-
metidos ao tratamento clínico para a obesidade – dietas,
spas etc. – apresentam recidiva em até 5 anos. A cirur-

Tratamento cirúr-
gia bariátrica é, hoje, o tratamento com resultados mais
expressivos e duradouros para a obesidade mórbida,
com melhora objetiva das comorbidades, como hiper-
tensão arterial, diabetes mellitus, úlceras nos membros
inferiores, perfil lipídico alterado, insuficiência respira-
tória, pseudotumor cerebral etc., e traz incremento na
qualidade de vida, na autoestima, no humor e na afe-
gico da obesidade
mórbida
tividade interpessoal. Em 1999, o Ministério da Saúde
reconheceu a gastroplastia como um dos procedimentos
cobertos pelo Sistema Único de Saúde, estabelecendo
os seguintes critérios para indicação: portadores de
obesidade de grandes proporções, com duração >2
anos, com IMC >40kg/m2 e resistente aos tratamentos Brasil e nos Estados Unidos, e há uma associação entre as técni-
conservadores (dietas, medicamentos, exercícios e psi- cas restritivas e disabsortivas, sendo considerada padrão-ouro
coterapia) e obesos com IMC >35kg/m2 portadores de nos Estados Unidos a derivação gastrojejunal (Fobi-Capella).
doenças associadas (diabetes, hipertensão, artropatias, A operação consiste na criação de pequena câmara gástrica
apneia do sono e hérnia de disco) que tenham situação proximal junto à pequena curvatura, separada do restante do
clínica agravada pela obesidade. Quanto ao tratamento, estômago; a parte distal deste, o duodeno e os primeiros 50cm
podem-se dividir as operações em restritivas, disabsor- do jejuno ficam excluídos do trânsito alimentar. A alça distal da
tivas e mistas, todas com vantagens e desvantagens, e enterotomia realizada a 50cm do ângulo de Treitz é passada ao
podem ser realizadas por videolaparoscopia. Quanto às andar superior do abdome por via transmesocólica e interposta
restritivas, vem ganhando força a gastroplastia vertical entre as 2 câmaras gástricas. Então, são feitas a gastrojejunoa-
com bandagem, que consiste na septação do estômago nastomose terminolateral e a anastomose enteroentérica. Há
em uma bolsa proximal superior rente à pequena cur- modificações funcionais e hormonais do tubo digestivo, com
vatura e de capacidade de 20 a 40mL, envolvida uma efeitos benéficos adicionais sobre o controle ou a reversão das
banda inelástica. Já o balão intragástrico visa à sensação comorbidades metabólicas, em especial sobre o diabetes tipo
de saciedade precoce, diminuindo o volume de alimentos 2. Outra técnica mista é a derivação biliopancreática (Scopi-
ingeridos. É usado comumente no preparo pré-opera- naro), de maior efeito disabsortivo, em que se faz gastrectomia
tório de obesos e, por ser totalmente reversível e não horizontal com coto gástrico de 200 a 400mL de capacidade.
ser cirúrgico, pode permanecer de 6 a 8 meses. A banda A colecistectomia é feita rotineiramente nesta técnica. Por fim,
gástrica, também reversível, consiste na implantação o duodenal switch, como é mais conhecida essa operação, con-
de uma prótese de silicone circular inflável ao redor da siste em gastrectomia vertical, retirando-se parte do estômago
porção mais proximal do estômago, criando pequena relacionada à grande curvatura gástrica, com preservação de
cavidade calibrada por um balão intragástrico de volume toda a pequena curvatura, secção do duodeno em sua 1ª por-
predeterminado, fixada ao estômago por meio de pon- ção, sepultamento do coto duodenal, duodenoileoanastomose
tos gastrogástricos entre as partes proximal e distal à terminoterminal e anastomose ileoileal. A mortalidade é de 0,1
prótese, de modo a impedir ou dificultar sua migração. a 1%. Complicações pós-cirúrgicas podem acometer aqueles
A gastrectomia vertical (ou “em manga”, longitudinal ou com mais de 65 anos, IMC >55kg/m2 e múltiplas comorbidades.
sleeve) torna o estômago residual em tubo com cerca de Complicações tardias podem ser nutricionais, psiquiátricas ou
1cm de largura, a partir da cárdia até a incisura angula- abdominais e geralmente têm sua incidência subestimada. E as
ris pela pequena curvatura, e limita a câmara gástrica complicações nutricionais são maiores nas operações mistas do
para cerca de 50 a 200mL de volume. As técnicas que nas exclusivamente restritivas, sobressaindo-se a anemia
disabsortivas só têm caráter histórico e não são mais ferropriva e a deficiência de microelementos, como o cálcio, o
recomendadas. Já as mistas são as mais realizadas no zinco e as vitaminas do complexo B.
140 sic gastroenterologia

1. Introdução

Figura 1 - Paciente com obesidade mórbida

A prevalência da obesidade vem aumentando de modo significativo nas


últimas décadas. Atualmente, estima-se que 10% dos brasileiros sejam
obesos. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, a incidência
de obesidade infantojuvenil no país cresceu 240% nos últimos 20 anos.
Hoje, a obesidade é considerada uma epidemia mundial: atinge 600 mi-
lhões de pessoas no mundo, 30 milhões somente no Brasil. As doen-
ças relacionadas figuram entre as principais causas de mortalidade
nos países desenvolvidos e têm sua incidência aumentada em nosso
meio. No Brasil, foram realizadas cerca de 72.000 operações bariátri-
cas em 2012, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e
Metabólica.
Aqueles com mais de 45kg superiores ao peso ideal ou com Índice de
Massa Corpórea (IMC) >40kg/m2 são classificados como portadores de
obesidade mórbida. A perda da qualidade e a diminuição da expecta-
tiva de vida nesse subgrupo, associadas aos altos índices de ganho de
peso novamente com a terapêutica conservadora, fazem que o trata-
mento cirúrgico seja considerado.

2. Definição e classificação
A obesidade pode ser definida como alteração da composição corpó-
rea, com determinantes genéticos e ambientais, traduzida pelo excesso
de peso relativo ou absoluto das reservas corpóreas de gordura, que
ocorre quando, cronicamente, a oferta de calorias é maior do que o
gasto de energia corpórea e que resulta, com frequência, em prejuízos
significativos para a saúde. Inúmeras classificações foram propostas
para a obesidade (Tabela 1). O IMC, que é a massa do indivíduo dividida
pelo quadrado da altura, definido em kg/m2, é utilizado para classifica-
ção em diversas categorias (Tabela 2).

Tabela 1 - Classificação sugerida pela American Society for Metabolic and


Bariatric Surgery
Eutrofia <25kg/m2
Sobrepeso 25 a 30kg/m2
SIC GASTROENTEROLOGIA VOL. 2
QUESTÕES E COMENTÁRIOS
Índice

QUESTÕES COMENTÁRIOS

Cap. 1 - Anatomia e fisiologia do intestino Cap. 1 - Anatomia e fisiologia do intestino


delgado ................................................................ 157 delgado ................................................................189

Cap. 2 - Constipação intestinal .................................... 157 Cap. 2 - Constipação intestinal ....................................189

Cap. 3 - Diarreias agudas e crônicas .......................... 159 Cap. 3 - Diarreias agudas e crônicas .......................... 192

Cap. 4 - Anatomia e fisiologia do cólon.....................164 Cap. 4 - Anatomia e fisiologia do cólon....................200

Cap. 5 - Doenças inflamatórias intestinais ..............165 Cap. 5 - Doenças inflamatórias intestinais .............200

Cap. 6 - Doença diverticular dos cólons e Cap. 6 - Doença diverticular dos cólons e
megacólon chagásico ......................................170 megacólon chagásico ..................................... 207

Cap. 7 - Doenças orificiais.............................................. 173 Cap. 7 - Doenças orificiais..............................................212

Cap. 8 - Doença polipoide .............................................178 Cap. 8 - Doença polipoide .............................................218

Cap. 9 - Neoplasias do intestino delgado ................. 181 Cap. 9 - Neoplasias do intestino delgado ................ 222

Cap. 10 - Câncer de cólon e reto .................................. 181 Cap. 10 - Câncer de cólon e reto ................................. 222

Cap. 11 - Câncer de canal anal ......................................186 Cap. 11 - Câncer de canal anal ..................................... 229
Questões

Gastroenterologia Questões
Gastroenterologia

c) o tronco celíaco é a artéria da parte caudal do intesti-


no anterior e, em pelo menos metade dos casos, divi-
Anatomia e fisiologia do intestino delgado
de-se em artéria gástrica esquerda, artéria esplênica
e artéria hepática comum
2015 - UFRJ d) a veia porta é formada pela junção das veias mesen-
1. Octreotida, análogo da somatostatina, tem, entre térica superior e pancreática atrás do colo do pân-
suas funções reguladoras: creas
a) aceleração do esvaziamento intestinal e) a veia gonadal direita (testicular ou ovárica) e a veia
b) estimulação de enzimas pancreáticas suprarrenal direita frequentemente desembocam na
c) diminuição da absorção de água no tubo digestivo veia renal direita
d) bloqueio da secreção de gastrina Tenho domínio do assunto Refazer essa questão
Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão
Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
2014 - UEPA
5. Consideram-se complicações pós-operatórias tardias
2015 - UNIFESO
da cirurgia gastroduodenal:
2. Das seguintes porções do duodeno, aquela que recebe
a) lesão esplênica, complicações hemorrágicas e lesão
as secreções dos ductos colédoco e pancreático é:
esofágica
a) 1ª porção; porção superior
b) desconexão esofagogástrica, deiscência e fístulas e
b) 2ª porção; porção descendente
lesão diafragmática
c) 3ª porção; porção horizontal
c) úlceras anastomóticas, complicações obstrutivas e
d) 4ª porção; porção ascendente
alterações disabsortivas e nutricionais
e) 5ª porção; porção fantasmagórica
d) pneumotórax, complicações funcionais e lesão de
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão cólon
Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder e) hematoma hepático, complicações obstrutivas e le-
sões vasculares
2015 - FHEMIG
3. P.F.S., de 23 anos, motoboy, foi vítima de acidente por Tenho domínio do assunto Refazer essa questão
Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
arma de fogo, com perda de praticamente todo o íleo.
Ele poderá ter como consequência todos os eventos a
seguir, exceto:
a) aparecimento de esteatorreia Constipação intestinal
b) não absorção de vitamina B12
c) risco aumentado de formação de cálculos biliar e
renal 2016 - UNIFESP
d) seu duodeno e jejuno assumirão as características ab- 6. Um menino de 8 anos há 1 ano apresenta perda diá-
sortivas do íleo ria de fezes amolecidas em pequena quantidade e que
borram a veste íntima, de 1 a 2 vezes ao dia. Evacua a
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão
Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder cada 4 a 5 dias, fezes que entopem o vaso, sempre com
esforço e dor e eventualmente sangue nas fezes. Nos úl-
2014 - PUC-PR timos meses, está muito agressivo e não quer ir à escola,
4. Com relação à anatomia vascular abdominal, assinale por sofrer bullying. Palpação abdominal revela massa
a alternativa correta: abdominal no hipogástrio, e toque retal revela presença
a) a artéria hepática comum divide-se em artéria hepá- de fezes em grande quantidade na ampola retal. Qual é
tica própria e artéria gástrica esquerda a conduta?
b) as artérias jejunais e ileais originam-se da convexida- a) estabelecer o diagnóstico de encoprese e realizar en-
de (lado esquerdo) da artéria mesentérica inferior caminhamento para psicóloga
Comentários

Gastroenterologia Comentários
Gastroenterologia

Questão 4. Analisando as alternativas:


Anatomia e fisiologia do intestino delgado a) Incorreta. A artéria hepática comum nasce do tronco
celíaco e passa ao longo da margem superior do pân-
creas em direção ao fígado. Seus principais ramos são
Questão 1. A octreotida é um análogo da somatostati- a artéria gastroduodenal, a artéria hepática própria e a
na que inibe a liberação de serotonina e a secreção de artéria gástrica direita.
gastrina, VIP, insulina, glucagon, secretina, motilina b) Incorreta. O suprimento arterial para o jejuno e o íleo
e polipeptídio pancreático. Também diminui o fluxo deriva da artéria mesentérica superior.
sanguíneo esplâncnico. Devido a essas ações, dimi- c) Correta. As artérias que se originam do tronco celíaco
nui o esvaziamento intestinal, diminui a secreção de são a artéria gástrica esquerda, a artéria hepática co-
enzimas pancreáticas e aumenta a absorção de água mum e a artéria esplênica.
no tubo digestivo, sendo usado para tratar diarreia d) Incorreta. A veia porta é formada pela junção das
aquosa e síndrome de dumping pós-gastrectomia, veias mesentérica superior e esplênica, dorsal ao colo do
além de diarreia e flushing associados ao tumor car- pâncreas, e passa posteriormente aos outros elementos
cinoide. do ligamento hepatoduodenal (artéria hepática e ducto
Gabarito = D biliar).
e) Incorreta. A veia testicular direita e a veia suprarrenal
Questão 2. Analisando as alternativas: direita costumam desembocar na veia cava inferior.
a) Incorreta. A 1ª porção do duodeno é denominada su- Gabarito = C
perior ou bulbo duodenal.
b) Correta. A 2ª porção do duodeno é descendente, e o Questão 5. As complicações intraoperatórias mais co-
ducto colédoco e ducto pancreático principal nela de- muns da cirurgia gastroduodenal são: eventos anesté-
sembocam, formando a ampola hepatopancreática (am- sicos, injúria intestinal, injúria hepática, injúria esplênica
pola de Vater). e de vasos maiores, bem como revisão da anastomose.
c) Incorreta. A 3ª porção do duodeno é horizontal. São complicações precoces deiscência de anastomose,
d) Incorreta. A 4ª porção do duodeno é ascendente. hemorragia, trombose venosa profunda, embolia pul-
e) Incorreta. O duodeno é subdividido em 4 porções. monar e complicações cardiovasculares e pulmonares
Gabarito = B (pneumonia e insuficiência respiratória). As complicações
tardias das cirurgias gastroduodenais mais comuns são:
Questão 3. Analisando as alternativas: distensão do remanescente gástrico, estenose da anas-
a), b) e c) Incorretas. Chamamos síndrome do intestino tomose, úlceras marginais, colelitíase, hérnia incisional,
curto quando a superfície absortiva do intestino delga- hérnia interna, síndrome do intestino curto, síndrome de
do remanescente é insuficiente para suportar e manter dumping e deficiências nutricionais e metabólicas.
a nutrição adequada. Ressecções do íleo terminal estão Gabarito = C
associadas à má absorção de vitamina B12. Também é o
sítio de absorção dos ácidos biliares, levando a má ab-
sorção de gordura (esteatorreia) e vitaminas lipossolú- Constipação intestinal
veis, além de absorção aumentada de oxalato com a for-
mação de cálculos renais. Também ocorre interrupção
na circulação êntero-hepática, induzindo à formação de Questão 6. Analisando as alternativas:
colelitíase. a) Incorreta. A incontinência fecal, também referida
d) Incorreta. A adaptação intestinal seguindo a ressec- como encoprese, refere-se à passagem involuntária ou
ção intestinal é altamente variável e é mais proeminente involuntária de fezes em locais inapropriados em crian-
no íleo e, em menor extensão, no jejuno e no cólon. ças com mais de 4 anos. Na maioria das vezes, o pro-
Gabarito = D blema está associado a constipação de base. Avaliação

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