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Práticas
Pedagógicas
da
Lei
10.639/03:
Rediscutindo
as
relações
étnicorraciais
em
sala
de
aula.
Aula:
Artistas
Visuais
Negros:
Biografias
e
Visualidades
em
sala
de
aula
–
08/06/2013
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Estevão Roberto da Silva, talentoso pintor do século XIX, por exemplo, elegeu para si a natureza-
morta como gênero predileto tratado em suas pinturas. Não há conhecimento de uma única pintura
desse artista que retrate uma figura humana, o que confirma que em seu caso, o gênero que
eternizou o seu talento, foi uma opção, uma vez que outros artistas negros contemporâneos a ele
pintaram retratos de negros, como Artur Timotheo da Costa e Emmanuel Zamor.
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(figura 1) Albert Eckhout - Mulher africana, 1637, óleo sobre tela – site do Instituto Itaú Cultural.
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foi o alemão Johann Moritz Rugendas (1802-1858), que chegou ao Brasil em
1822, contratado pela Expedição Langsdorff. Em suas aquarelas e litografias o
negro também surge em uma espécie de crônica da cidade do Rio de Janeiro, de
forma distanciada em situações de trabalho, castigo e até mesmo no interior de
um navio negreiro que se supõem não ser verdadeiro dada às posturas dos
retratados.
É no final do século XIX, entretanto, que aparecem os primeiros artistas
negros que abrem caminho para outros negros que são artistas e que
representam a si e à sua cultura. Um deles foi o carioca Artur Timotheo da Costa
(1882-1922). Formado pela Academia Imperial de Belas Artes, diferentemente de
seus contemporâneos negros, conseguiu equilibrar o gosto acadêmico pela
pintura paisagística e o interesse pelos estudos da figura humana, variando seus
modelos entre mulheres brancas e homens e meninos negros. Nas suas pinturas
o rosto negro é o belo a ser estudado em suas linhas, formas e cores, transmitindo
suavidade e delicadeza por meio de sua pincelada, como por exemplo, no trabalho
Retrato de menino.
Arthur Timotheo da Costa – Retrato de menino, s.d., óleo sobre tela – segue no final do texto.
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Dados biográficos desconhecidos.
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Após a guinada inicial modernista, muitos artistas negros sem formação
acadêmica, emergem na cena artística nacional e internacional tomando para si a
empreitada de representar suas heranças culturais e seu modo de viver,
transpondo as barreiras impostas pela academia por meio de sua originalidade,
vivacidade e criatividade. As obras dos cariocas Heitor dos Prazeres (1898-1966)
e de Sérgio Vidal (1945) e do baiano Agnaldo Manuel dos Santos (1926-1962)
nas Artes Plásticas um tipo de espelho que reflete sensações, emoções e
sentimentos interiores, ancestrais, sociais. No caso de Vidal, por exemplo,
representou negros dotados de grande integridade humana se considerados
aspectos como família, trabalho, lazer, afeto, sonho. Com um ideal de vida
distante da realidade de grande parcela da população negra, mas que despertam
esperanças e acalentam o cotidiano massacrante.
A partir de 1990 submergem de ateliês periféricos as representações
apontadas como de caráter pessoal. Interessante notar que através de
“microbiografias” familiares presentes nesse tipo de representação do negro é
possível antever histórias de muitas famílias negras, conferindo a essas
produções uma qualidade “macrobiográfica”: são os caminhos dos negros, que ou
eles os escolheram, ou que, por força das circunstâncias foram levados a eles.
Portanto, a representação pessoal apresenta sensíveis pontos de vista e de
percepção sobre a diáspora africana e suas continuações como é possível
observar nos trabalhos do mineiro Eustáquio Neves (1955) e da paulistana
Rosana Paulino (1967).
Na obra de Neves o negro é protagonista das histórias que conta, como no
caso da série Arturos, de 1995, que recebe esse título por narrar em imagens a
história da família de mesmo nome que vive em Minas Gerais e que expressa na
festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, parte de sua
religiosidade sincretizada. Já Paulino pesquisou nos arquivos fotográficos de sua
família as referências para a criação de muitos trabalhos.
Portanto, a representação do negro nas Artes Plásticas do Brasil, sofre
importantes transformações ao longo dos séculos. São muitas formas de pintar,
desenhar, esculpir e fotografar o negro para os professores de Educação Artística
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apresentarem aos seus alunos, com especial atenção aos conceitos e contextos
contidos nessas representações. Se nas primeiras imagens o negro era
representado alegoricamente visto por olhos estrangeiros, agora são os próprios
negros que dão o tom dessa representação, assumindo seus próprios discursos,
sendo, simultaneamente, criadores e criação de suas histórias pessoais e de seus
antepassados.
Referências bibliográficas
ABDALLA, Antonio Carlos. IN: Heitor dos Prazeres: um pierrô apaixonado na BM&F. (catálogo de
exposição). São Paulo: Espaço Cultural BM&F Brasil, 03 de fev a 18 de mar de 2005.
BELLUZO. Ana Maria de Moraes. O Brasil dos viajantes: imaginário de novo mundo. São Paulo:
Metalivros, 1994, v.1.
DEMPSEY, Amy. Estilos, escolas e movimentos. Tradução: Carlos Eugênio Marcondes de Moura.
São Paulo: Cosac & Naify, 2003.
LEITE. José Teixeira Leite. Pintores negros do oitocentos. São Paulo: MWM-IFK, 1988.
MOURA, Carlos Eugênio Marcondes. A travessia da kalunga grande: três séculos de imagens
sobre o negro no Brasil (1637-1899). São Paulo: Edusp, 2000.
Referências eletrônicas
LEITE. Marcelo Eduardo. Militão augusto de Azevedo: um olhar particular sobre a sociedade
paulistana (1862-1887). http://www.studium.iar.unicamp.br. Acesso em : 20 de mar 2006.
______. Os múltiplos olhares de Christiano Junior. http://www.studium.iar.unicamp.br. Acesso em:
20 de mar 2006.
Missão Artística Francesa. http://www.itaucultural.org.br. Acesso em: 20 de mar 2006.
Sites:
Museu Afro Brasil
www.museuafrobrasil.org.br
Rosana Paulino
www.rosanapaulino.com.br