Вы находитесь на странице: 1из 239

Fonte: Homem Vitruviano-Leonardo da Vinci-1490

Curso: Ciências Naturais-Licenciatura.


Disciplina: Morfofisiologia Humana.
Professor: Dr. Marcelo Silva Andrade.
1

1 Introdução a Anatomia e Fisiologia Humana

1.1 Introdução.

O termo Anatomia é a ciência das estruturas e as relações entre as estruturas e Fisiologia é a ciência do
funcionamento do corpo, ou seja, como o corpo funciona. Função nunca pode ser separada inteiramente de
estrutura, entende-se melhor o corpo humano estudando anatomia e fisiologia juntos. As estruturas que formam o
corpo humano podem se organizar em diversos níveis, que podem ser: químico, celular, histológico (tecidos),
órgãos, sistemas e organismo.

1.2 Características dos seres vivos.


Os seres vivos possuem características que o separam dos seres não-vivos, que são:
Metabolismo: A soma de todas as reações bioquímicas que ocorrem no corpo.
Resposta: Capacidade de responder as mudanças nos ambientes internos e externos do corpo.
Movimento: envolve movimento de corpo inteiro, órgão, células e até organelas dentro de células.
Crescimento: capacidade de aumento do tamanho corporal devido a um aumento no volume celular (tamanho),
número de células ou aumento de materiais ao redor das células.
Diferenciação: é processo pelo quais células não especializadas se tornam especializadas. Diferindo em estrutura
e função.
Reprodução: refere-se a formação de novas células para crescimento, reparo ou substituição ou a reprodução de
um novo indivíduo.

1.3 Homeostase.
A homeostase é manutenção relativamente estável do corpo, permitindo que o ambiente interno do corpo
permaneça constante, mesmo que frentes a mudanças internas e externas do corpo. Uma boa parte do ambiente
interno consiste do líquido ao redor da célula, chamada de fluido intersticial. O volume, temperatura e
constituição de um fluido de células, são chamadas de Variáveis. Isto porque, seus valores flutuam dentro de
limites mínimos e máximos. É o que chamamos de equilíbrio dinâmico. Para mantermos a temperatura do corpo
constante utilizamos mecanismos de como o suor e o tremor. Outro exemplo é o nível de glicose no sangue que
também varia durante o dia, alto depois das refeições e baixo ao se passar algumas horas sem alimentação.
O controle da homeostase do corpo inicia pela comunicação dentro do corpo. Os sistemas envolvidos nestas
comunicações são o sistema nervoso e o sistema endócrino. Quando a temperatura corporal sobe, impulsos
nervosos fazem as glândulas sudoríparas liberarem mais suor. Já quando a glicose sobe muito, o pâncreas produz
o hormônio insulina para diminuir o nível de glicose no sangue.
O mecanismo de retroalimentação ou feedback é bastante utilizado para manter a homeostase. Os
componentes básicos de um mecanismo de retroalimentação são: Um receptor, um centro de controle e um efetor.
O receptor é uma estrutura do corpo que monitora as mudanças na homeostase e envia informações
2

chamada de Entrada para o centro de controle. O centro de controle é uma célula, um órgão que avalia as
informações de Entrada e gera informações de Saída. O efetor receber as informações de saída do centro de
controle e produz uma resposta para retorno do estado de homeostase.
A retroalimentação pode ser negativa ou positiva. Um exemplo de retroalimentação negativa é a pressão
sanguínea. Neste caso, quando o coração bate mais rápido ou mais vigoroso a pressão sanguínea sobe. Nervos
sensíveis a mudanças na pressão chamados por Barorreceptores (receptor) estão localizados em certos vasos
sanguíneos enviam sinais de Entrada para o cérebro (centro de controle) que interpreta os impulsos e envia
sinais de Saída, os impulsos nervosos, que chegam ao coração (efetor) diminuindo as batidas do coração.
3
4

A retroalimentação positiva aumenta o estímulo inicial que quebra a homeostase. Isto ocorre em eventos
que não frequentemente como parto, ovulação, coagulação sanguínea. Como a retroalimentação positiva aumenta
o estímulo que rompe a homeostase, ele deve ser desligado por um mecanismo externo a retroalimentação
positiva.

1.4 Termos Anatômicos.


O vocabulário em anatomia e fisiologia dever ser muito preciso para ser utilizado na descrição de partes do
corpo. No estudo da anatomia, as descrições das partes do corpo ocorrem quando o corpo esta numa posição que
chamamos de posição anatômica. As regiões podem ser denominadas como cefálica, torácica, abdominal, axilar,
inguinal, dorsal, ventral, proximal, distal, anterior, posterior e etc...
Para estudarmos a fundo a anatomia do corpo humano. Temos que seccionar (cortar) o corpo em planos e
sessões. Os planos são linhas imaginárias que atravessam o corpo. Existem quatro planos principais: sagital,
frontal, transverso e oblíquo. O plano sagital divide o corpo em direito esquerdo. Quando este plano passa bem no
meio produzindo lados direito e esquerdo iguais, chama-se plano sagital mediano. Se produzir lados com
diferentes tamanhos, ele é chamado de plano sagital paramediano.
O plano frontal divide o corpo anterior (da frente) e posterior (de trás). O plano transversal divide o corpo
na parte superior e inferior. O plano oblíquo passa pelo corpo ou por um órgão de maneira a criar um ângulo entre
5

o plano sagital e transversal. Ao se estudar uma região do corpo, geralmente, se vê em seções. As seções são
cortes nos planos acimas descrito

1.5 Partes do Corpo


O corpo humano é dividido em várias regiões principais visíveis externamente, tais como: cabeça, tronco,
membros superiores e inferiores. Contudo, estas partes podem ser subdivididas como a cabeça que se divide em
face e crânio. O membro superior em ombro, axila e braço. O próprio braço se divide em antebraço, pulso e mão.

1.6 Cavidades do Corpo.


As cavidades do corpo são espaços dentro do corpo que contém, protegem, separam e suportam os órgãos
internos. A cavidade cranial é formada pelos ossos do crânio e contém o cérebro. O canal vertebral é formado
pelos ossos da coluna vertebral e possui a medula espinhal.
No tronco temos: A cavidade torácica compreende a cavidade do tórax. Dentro da cavidade torácica
existem outras 3 pequenas cavidades: A cavidade do pericárdio que é um espaço cheio de fluido ao redor do
coração, e duas cavidades pleurais que envolvem os pulmões e possuem uma pequena quantidade de fluido.
A porção central da cavidade torácica é o mediastino, que está entre os pulmões, se estende do esterno
6

(osso) até a coluna vertebral, e da primeira costela até ao diafragma, contendo todos os órgãos torácicos (coração,
esôfago, traqueia e vasos sanguíneos de grosso calibre), exceto os pulmões.
O diafragma é um músculo em forma de cúpula que separa a cavidade torácica da cavidade
abdominopélvica e auxilia na respiração. A cavidade abdominopélvica se estende do diafragma até a virilha.
Divide-se me duas partes. A porção superior é a cavidade abdominal e contém o estômago, baço, fígado, vesícula
biliar, intestino delgado e a maio parte do intestino grosso.
A cavidade pélvica possui a bexiga urinária, parte do intestino grosso e os órgãos do sistema reprodutor. Os
órgãos da cavidade torácica e abdominopélvica são chamadas de vísceras. Uma camada dupla fina e deslizante
que recobre as vísceras na cavidade torácica e abdominal, a membrana serosa.
A membrana serosa possui a camada parietal, próximo a parede das cavidades e a camada visceral que se
adere às vísceras. Entre as duas camadas, existe um líquido lubrificante, o fluido seroso. Este líquido serve para
reduzir o atrito, fazendo com que as vísceras deslizem durante os movimentos, como quando os pulmões inflam e
desinflam durante a respiração.
7
8

5 Regiões e Quadrantes Abdominopélvicos.


Para localizar os órgãos abdominais e pélvicos mais precisamente. A cavidade é dividida em
compartimentos menores por duas linhas verticais e duais linhas horizontais criando nove regiões: O hipocôndrio
direito, epigástrio, hipocôndrio esquerdo, região lateral direita, região umbilical, região lateral esquerda, região
ilíaca direita, hipogástrio e região ilíaca esquerda.
Num outro método duas linhas uma vertical e outra horizontal passam na cicatriz umbilical, dividindo em
quatro quadrantes: Quadrante superior direito, quadrante superior esquerdo, quadrante inferior direito e quadrante
inferior esquerdo.

Referências

MARTINI, F.H.; TIMMONS, M.J.; TALLITSCH, R.B. Anatomia Humana. 6ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2009. 1100p.

SILVERTHORN, D.U. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 5 ed. Porto Alegre: Artmed. 2010. 989p.

TORTORA, G.J.; DERRICKSON, B. Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 8ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2012. 712p.
9

2 Células Animais
2.1 Introdução.
O corpo humano é formado por 200 tipos diferentes de células. Cada célula é uma unidade estrutural e
funcional, representando a menor parte viva do corpo. Todas provêm de uma célula pré existente pelo processo de
divisão celular. A biologia celular estuda a estrutura e função das células. Uma célula animal é composta por 3
partes fundamentais: A membrana celular (plasmalema), citoplasma e núcleo.
10

2.2 Membrana Celular ou Plasmalema.


A membrana celular é uma barreira flexível que separa o meio intracelular do meio extracelular. A sua
estrutura consiste de uma bicamada lipídica constituída de fosfolipídios (lipídios contento fósforo), colesterol
(5%) e glicolipídios (lipídio + carboidratos, 20%). Mergulhadas nesta bicamada lipídica estão as proteínas
(modelo do mosaico fluido). As proteínas podem ser de 2 tipos: Integrais e periféricas.
Proteínas Integrais estão firmemente aderida a bicamada lipídica se projetando para uma das superfícies.
Mas, na maioria são proteínas transmembrana que se estende através de toda a bicamada lipídica. As proteínas
periféricas que se aderem frouxamente a superfície interna (voltada para o meio intracelular) e a superfície
externa (voltada para o meio extracelular).
As proteínas periféricas não mergulhadas na bicamada lipídica, e são frouxamente ligadas a proteínas
integrais. Podem formar uma rede de filamentos que mantém a membrana celular na sua superfície voltada para o
citoplasma.
A plasmalema controla a entrada e saída de substâncias na célula. Esta propriedade é chamada de
permeabilidade seletiva. A bicamada lipídica é permeável a água e moléculas não polares solúveis em lipídios
como: vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), esteroides, oxigênio e gás carbônico, e impermeável a íons, moléculas
grandes polares como glicose e aminoácidos.
Para substâncias impermeáveis a bicamada lipídica., as proteínas integrais auxiliam na sua passagem.
Algumas formam canais de íons ou transportadores.
11

2.3 Funções da Membrana Celular.


A primeira função da membrana celular é servir como barreira para limitar ou isolar o interior da célula
do fluido extracelular. A segunda é regular a entrada e saída de substâncias através da permeabilidade seletiva.
A terceira é a sensibilidade possuindo receptores que detectam qualquer mudança no fluido extracelular. A quarta
é a capacidade de permitir a comunicação de célula para célula, a adesão entre elas e suporte estrutural
quando várias células se unem.

2.4 Transporte Através da Membrana Celular.


O transporte de substâncias através da plasmalema é essencial para manter a célula viva. As células
precisam de nutrientes que são utilizados no metabolismo, outras são produtos tóxicos ou excretas que devem ser
eliminados. Cerca de 2/3 dos fluidos em nosso corpo está contido no interior da célula, o fluido intracelular. Fora
da célula encontramos o fluido extracelular que possui vários nomes dependendo da localização, por exemplo:
no sangue é chamado de plasma, nos vasos linfáticos é a linfa, ao redor do encéfalo e medula espinhal tem-se o
fluido cérebro-espinhal.
Substâncias são dissolvidas neste fluido, como: gases, nutrientes, íons e etc... Estas substâncias dissolvidas
são chamadas de soluto e o fluido em que estão dissolvidas é o solvente. A quantidade de soluto numa solução
(soluto+solvente) é a sua concentração. Um gradiente de concentração é a diferença nas concentrações entre duas
soluções. Solutos, em geral, movem de uma solução de alta concentração (hipertônica) para uma de baixa
concentração (hipotônica), isto é a favor de um gradiente de concentração, fazendo com que as duas soluções
tenham a mesma concentração (isotônica). Se o soluto mover de solução de baixa concentração para uma de alta
concentração é dita contra um gradiente de concentração.
12

O transporte de substâncias através das células poder sem o gasto de energia, o transporte passivo, ou com
gasto de energia, o transporte ativo. O transporte passivo pode ser: difusão simples, difusão facilitada e osmose.
Na difusão simples, as substâncias solúveis na bicamada lipídica (oxigênio, gás carbônico, nitrogênio,
ácidos graxos, esteroides e vitaminas lipossolúveis) entram ou saem da célula a favor de um gradiente de
concentração. Na difusão facilitada, as substâncias também movem a favor de um gradiente de concentração,
mas utilizam transportadores para facilitar a sua entrada ou saída.como exemplo temos: canais de cálcio, canis de
cloro, canais de potássio, canais de sódio, transportadores de glicose, frutose, galactose e algumas vitaminas.
Na osmose, o movimento através da membrana é a água (solvente) e move-se de um meio de alta
concentração do solvente para um de baixa concentração, ou de um meio hipotônico para um meio hipertônico. A
água a travessa a membrana células por dois lugares: através da bicamada lipídica ou pela ajuda de proteínas
integrais chamadas de canal de água.
O transporte ativo é um processo que requer a utilização de energia e ocorre contra um gradiente de
concentração. O maior exemplo de transporte ativo é a bomba de sódio (Na +) e potássio (K+). Todas as células
possuem a bomba de Na+ e K+ mantém o nível de Na+ baixo bombeando-o para o meio extracelular. Ao mesmo
tempo, bombeia K+ para o interior das células, que ocorre contra um gradiente de concentração. Isto é crucial para
manter o balanço osmótico dos dois fluidos (intracelular e extracelular) e está envolvida no impulso nervoso.
Outro tipo de transporte ativo é o transporte por vesículas. A vesícula é uma pequena bolsa que brota
externamente da membrana celular. Pode obter substâncias do meio extracelular ou liberar substâncias para o
mesmo. Isto requer gasto de energia. Os 2 tipos principais são a endocitose (entra na célula) e exocitose (sai da
célula). Um exemplo de endocitose é a fagocitose, onde prolongamentos da membrana celular, os pseudópodes,
envolvem uma partícula sólida, e a pinocitose, onde são ingeridas gotas líquidas do fluido extracelular. A
exocitose é contrário da endocitose. O material liberado pela exocitose é chamado de secreção.
13
14

2.5 Citoplasma.

O citoplasma é o fluido intracelular onde estão localizadas as organelas citoplasmáticas. A sua composição
é variável, dependendo do tipo celular. Estendendo-se pelo citoplasma existe o citoesqueleto, que é uma rede de
filamentos proteicos: os microfilamentos, filamentos intermediários e os microtúbulos.
Os microfilamentos são os menores componentes do citoesqueleto. Podem ser encontrados na periferia da
célula contribuindo para sustentação e forma das células. Auxiliam no movimento celular. Os filamentos
intermediários são encontrados em partes das células sujeitas a tensão, ajudam a manter organelas em seus
lugares. Os microtúbulos são longos e ocos, auxiliam na forma das células, movimento das organelas, e migração
dos cromossomos durante a divisão celular e ainda no movimento de cílios e flagelos.
As organelas citoplasmáticas incluem: o centrossomo (formação de microtúbulos, cílios, flagelos e fuso
mitótico na divisão celular); ribossomos (síntese de proteínas); retículo endoplasmático liso (transporte de
substâncias, síntese de ácidos graxos e esteroides); retículo endoplasmático rugoso(síntese de proteínas,
glicoproteínas e fosfolipídios); complexo de Golgi (modifica, separa e transporta proteínas; secreção); Lisossomo
(digestão celular, autofagia, autólise); peroxissomos (decompõe água oxigenada); mitocôndria (respiração
celular).
15
16
17
18
19

Fonte: MARTINI, F.H.; TIMMONS, M.J.; TALLITSCH, R.B. Anatomia Humana. 6ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2009. 1100p.

2.6 Núcleo.
O núcleo da célula pode ser esfério ou oval e é o centro de controle da célula. A maioria das células possui
núcleo, com algumas exceções, como a hemácia madura (glóbulo vermelho do sangue). Outras como as células do
músculo esquelético tem várias.
A sua estrutura consiste de uma membrana dupla chamada de envoltório nuclear ou carioteca, que separa
o núcleo do citoplasma. Ambas, as membranas do envelope nuclear são semelhantes a membrana celular com uma
bicamada lipídica e proteínas. A membrana mais externa se continua com o retículo endoplasmático rugoso e se
assemelha em estrutura a este último. O envoltório nuclear possui numerosos poros chamados de poros nucleares
que controla o movimento de entrada e saída das substâncias no núcleo celular.
Internamente, o núcleo possui um fluido chamado nucleoplasma onde estão mergulhados o nucléolo e os
cromossomos. O nucléolo é uma estrutura onde estão sendo sintetizados os componentes para formas os
ribossomos.
Os cromossomos são filamentos de DNA (ácido desoxirribonucleico) e proteínas entrelaçados. Neles estão
contidos os nossos genes (fragmentos de DNA que codificam a síntese de proteínas e RNA (ácido ribonucleico)).
20

Os genes determinam como nossas células funcionam, que por sua vez, influencia como nosso corpo funciona, e
determinando nossas características hereditárias. A espécia humana possui 46 cromossomos, que estão
organizados em 23 pares. Cada par possui cromossomos iguais (mesmos genes), sendo um herdado da mãe e outro
do pai. Toda a informação genética de uma célula é chamada de genoma.

2.7 Ciclo Celular e Divisão Celular


O ciclo celular são mudanças que ocorrem na célula do momento que se forma até a sua divisão em duas
células. Nas células somáticas, o ciclo possui 2 períodos principais: interfase, quando as células não estão
dividindo e a fase mitótica, quando as células estão se dividindo.
A interfase é o período entre divisões onde ocorre a formação das organelas, possui uma alta atividade
metabólica e onde célula mais cresce. Na interfase ocorre a duplicação do DNA, onde ficam evidentes ao
microscópio o envelope nuclear, nucléolo e a massa de cromatina. A interfase se divide em fase G1, período mais
longo de intensa atividade metabólica, fase S de síntese de DNA, onde a quantidade de DNA e cromátides de
cromossomo se duplica e a fase G2 que é preparatória para a divisão celular.
21

A fase mitótica consiste na divisão celular chamada de mitose, que se caracteriza pela divisão do núcleo
seguida pela divisão do citoplasma, a citocinese. A mitose apresenta 4 fases: A prófase, metáfase, anáfase e
telófase.
Na prófase, as fibras de cromatinas se condensam (se enrolam) e se encurtam passando a ser chamados de
cromossomos. Estes se pareiam em cromossomos homólogos (pares de cromossomos que expressam o mesmo
gene) e uma região constrita segura as duas cromátides, o centrômero. Então, forma-se o fuso mitótico a partir dos
centríolos. O fuso é formado por microtúbulos que se prologam para extremidades opostas da célula. Finalmente,
a carioteca e o nucléolo desaparecem.
A metáfase se caracteriza pelo alinhamento do par de cromossomos homólogos no centro da célula. A
região central é chamada de placa metafásica. Na anáfase, os centrômeros se dividem, separando as cromátides,
que então se movem para os polos opostos da célula. Os cromossomos ao serem puxados pelo fuso mitótico
adquirem a forma da letra V.
Na telófase, o movimento dos cromossomos para e eles se desenrolam, se alongam formando a cromatina.
Ao mesmo tempo, a carioteca e o nucléolo se formam. O fuso mitótico desaparece e finalmente ocorre a
citocinese. Na citocinese, forma-se uma depressão na membrana celular no meio da célula, e se estendendo para o
centro da célula. Isto cria uma constrição como um cinto que eventualmente vão se separar em 2 células filhas.
22
23

Referências.

MARIEB, E.N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia. 3ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2009. 1072p.

MARIEB, E. N.; WHIHELM, P.B.; MALLAT J.. Anatomia Humana. 7ª Edição. São Paulo: Pearson. 2014. 912p.

MARTINI, F.H.; TIMMONS, M.J.; TALLITSCH, R.B. Anatomia Humana. 6ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2009. 1100p.

TORTORA, G.J.; DERRICKSON, B. Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 8ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2012. 712p.
24

3 Histologia Animal

3.1 Introdução

Os seres vivos dentro dos níveis de organização vão de níveis mais simples até aos níveis mais complexos.
Todos os seres vivos são formados por átomos, estes se organizam e formam as moléculas. As moléculas
interagem entre si de uma maneira estrutural e funcional construindo as células. As células se organizam em
grupos e adquirem formas e funções específicas dando origem aos tecidos. Os tecidos se agrupam formandos
órgãos, estes se agrupam em sistemas e finalmente o conjunto de todos os sistemas formam um ser vivo.
Os tecidos biológicos se dividem em 4 tipos básicos: Tecido epitelial ou epitélio; Tecido conjuntivo,
Tecido muscular e Tecido nervoso. Estes podem se dividir em subtipos, os quais serão descritos posteriormente.
O primeiro a ser estudado é o tecido epitelial, Este é um avascular que recobrem a superfície externa do corpo,
cavidade, incluindo vasos sanguíneos, ductos do corpo que se comunica com o exterior tais quais tratos
geniturinários, digestivo e respiratório.

3.2 Tecido Epitelial


O tecido epitelial constitui a porção secretória das glândulas e possuem células especializadas na recepção
de estímulos gustativos, do olfato, da audição e da visão. Ele é composto pelas células epiteliais que possuem
formas variadas e com núcleos, também, com formas variadas dependendo da forma das células. Suas principiais
características são: elas são Justapostas e aderidas umas a outras, apresentam polaridade morfofisiológica com
polo apical, que é uma superfície livre e polo basal (oposto ao polo apical). O polo basal é porção inferior da
célula e aderida a uma camada acelular chamada de membrana basal. A superfície lateral é a região que está em
contato com as células vizinhas.
As principais funções dos epitélios são: revestimento de superfícies externas e cavidades (pele e
mucosas), absorção de moléculas (intestino), secreção (glândulas), percepção de estímulos (tato, olfato e
paladar) e contração (células mioepiteliais). Abaixo dos epitélios existe uma camada acelular chamada de
membrana basal. Esta membrana é constituída por uma fusão entre duas lâminas basais ou, uma lâmina basal e
uma lâmina reticular.
Todos tecidos epiteliais são apoiados sobre um tecido conjuntivo. Quando o epitélio reveste órgãos ocos
como os do sistema digestório, respiratório e urinário, esta camada de tecido conjuntivo recebe o nome de
lâmina própria. A lâmina basal somente é observada ao microscópio eletrônico e são constituídas por proteína
colágeno tipo IV, glicoproteínas e proteoglicanas. Estas substâncias são produzidas pelas células do tecido que
está em contato com o tecido conjuntivo como as células epiteliais(tecido epitelial), células musculares (tecido
muscular), células adiposas (tecido adiposo) e células de Schwann (tecido nervoso).
25

As funções da lâmina basal são: estrutural, filtração de moléculas, a polaridade as células, regulam a
proliferação e diferenciação celular, estão envolvidas no metabolismo celular, organiza as proteínas das
membranas celulares das células adjacentes e dão caminho e suporte a migração celular. As fibras reticulares do
tecido conjuntivo, as vezes, se associam a lâmina basal. Este conjunto de fibras reticulares é o que chamados de
lâmina reticular.
As células epiteliais são bastante unidas entre si através das junções celulares. Estas junções podem
ser de adesão no sentido ápico-basal (de cima para baixo) (zônula de oclusão, zônula de adesão, desmossomos e
hemidesmossomos). As zônulas de oclusão ou junções estreitas é responsável pela adesão da membrana celular
das células adjacentes vedando o espaço intercelular. A sua estrutura consiste de proteínas transmembranas de
células vizinhas que se juntam no meio intercelular, formando uma rede com aspecto de linhas e sulcos. As
zônulas de adesão circunda toda a célula. Ela possui filamentos de actina inseridos placas de proteínas na
membrana celular com um aspecto de rede de fios.
O desmossomo ou mácula de adesão é uma estrutura em forma de disco presente nas membranas celulares
de células adjacentes. No lado voltado para o citoplasma das membranas celulares, há uma placa de circular de
proteínas chamada placa de ancoragem. Estas membranas são retas e paralelas entre si. Filamentos intermediários
de queratina se inserem no disco de ancoragem das células adjacentes, empurrando uma placa contra outra unindo
as células. Os hemidesmossomos são desmossomos que unem a superfície basal das células epiteliais com sua
lâmina basal, e a sua estrutura consiste de uma metade de um desmossomo.
Outro tipo de junções são aquelas que permitem a comunicação entre duas células como as Junções
comunicantes ou junções gap. Elas existem em várias lugares da superfície lateral das células epiteliais.
Estruturalmente consiste em por proteínas chamadas conexinas. Estas formam um hexâmero chamado conexon
que no seu interior existe um poro hidrofílico em ambas membranas de células adjacentes.
26

A superfície das células epiteliais possui modificações para aumentar a sua superfície ou mover partículas.
Estas especializações são: Microvilos, esterocílios e cílios e flagelos. Os microvilos ou microvilosidades são
projeções do citoplasma e da membrana celular, que podem longas ou curtas em forma de dedos consistindo de
projeções de filamentos de actina ancoradas numa rede de fibras de actina chamada de rede terminal, e em células
absortivas o glicocálice é mais espesso do que nas outras células. O conjunto microvilos e glicocálice é visto
facilmente ao microscópio óptico sendo chamado de borda em escova ou borda estriada. Presentes
27

principalmente no epitélio do intestino delgado e dos túbulos proximais dos rins.


Os estereocílios são microvilos modificados, estão presentes somente no epidídimo e na parte proximal do
canal deferente e têm função de absorção, e presentes nas células pilosas do ouvido interno como receptores
mecânicos As principais diferenças entre microvilosidades e esterocílios são: (1) O tamanho, o microvilo
possui um comprimento de 1 a 3μm e o esterocílio acima de 120μm. (2) Espessura da estrutura de actina, que nos
microvilos é de 50 a 100 nm e o estereocílio é de 100 a 150nm. (3) Movimento, neste caso o movimento nos
microvilos é passivo devido à contração da rede terminal, e nos estereocílios é devido ao movimento dos fluidos
ou da vibração da endolinfa do ouvido interno.
Os cílios estão presentes em quase todas as células do corpo. Eles são também projeções do citoplasma e da
plasmalema compostas de um cilindro de microtúbulos com 2 microtúbulos centrais cercados por 9 pares de
microtúbulos periféricos, que estão inseridos numa estrutura chamada de corpúsculo basal. A sua função está
relacionada ao movimento de fluido ou de partículas. O flagelo também é uma outra modificação, que tem uma
estrutura semelhante ao do cílio, mas é mais longo e limitado a algumas as células sexuais dos vertebrados.
28

Existem dois tipos de epitélios, o epitélio de revestimento e epitélio glandular. Obviamente, esta divisão
não é tão clara, pois há epitélios de revestimento que secretam como epitélio do estômago ou ocorre algumas
células glandulares espalhadas pelo epitélio de revestimento como células mucosas no intestino delgado e na
traquéia.
29

O epitélio de revestimento recobre a superfície do corpo ou reveste as cavidades do corpo. Estes epitélios
podem possuir somente uma camada de célula, sendo chamado de epitélio simples, ou possuir várias camadas de
células, o epitélio estratificado, ou ainda possuir uma única camada de células que ao se organizarem parecem
possuir várias camadas, o epitélio pseudoestratificado.
Baseado na forma das células epiteliais, também podemos classificar o epitélio simples em pavimentoso e
cúbico, e o epitélio estratificado em pavimentoso, cúbico, prismático ou de transição de acordo com a forma das
células da camada mais superficial.
No ser humano, o epitélio da pele é o epitélio pavimentoso estratificado queratinizado e das mucosas
(da boca, esôfago e vagina) é o epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado. O epitélio estratificado
colunar é raro e só encontrado na conjuntiva ocular e nos ductos excretores das glândulas salivares.
O epitélio de transição reveste a bexiga urinária, o ureter e parte superior da uretra, neste tipo de tecido a
forma das células muda de acordo com o grau de distensão da bexiga. O epitélio pseudoestratificado ocorre no
epitélio de revestimento da cavidade nasal, dos brônquios e da traquéia.
As células neuroepiteliais constituem os epitélios com funções sensoriais, como as papilas gustativas e
mucosa olfatória. As células mioepiteliais são ramificadas e possuem miosina e filamentos de actina com
capacidade de contração, são encontradas nas porções secretoras das glândulas mamárias, sudoríparas e salivares.
30
31

Os epitélios glandulares são constituídos por células especializadas em secreção. As células glandulares
podem sintetizar, armazenar e secretar proteínas (pâncreas), lipídios (adrenal e glândulas sebáceas), ou complexos
de carboidratos e proteínas (glândulas salivares). As glândulas mamárias secretam todos os três tipos de
substâncias. Contudo, as glândulas sudoríparas têm baixa atividade sintética e secretam substâncias do sangue.
Os tipos de epitélios glandulares podem ser desde de glândulas unicelulares, geralmente isoladas e
glândulas multicelulares formada por grupamentos de células. As células caliciformes, produtoras de muco,
presentes no trato digestivo e respiratório dos vertebrados é bom exemplo de célula unicelular.
Glândulas, no período fetal, formam-se a partir de epitélios de revestimento na qual as células
proliferam e invadem o tecido conjuntivo subjacente. As glândulas se classificam em três tipos principais, as
glândulas exócrinas, endócrinas e mistas.
32

As glândulas exócrinas se caracterizam por secretar seus produtos diretamente na superfície do epitélio ou
através de ductos que as conduzem até a superfície. Diferentemente, as glândulas endócrinas perderam o sistema
de ductos, por isso seus produtos são lançados no sangue e transportados ate a célula-alvo, por exemplos, as
glândulas como hipófise, adrenal, tireóie e etc. As glândulas mistas possuem uma porção exócrina e uma porção
endócrina. Por exemplo, o pâncreas, o qual produz o suco pancreático (exócrina) e endócrina (insulina).
Em relação ao mecanismo de secreção das glândulas exócrinas podemos observar três tipos: Secreção
merócrina, em que o produto da secreção é eliminado por vesículas de exocitose, por exemplo nas células
acinosas pancreáticas. Na secreção apócrina, o produto é secretado junto aparte apical da célula, que
imediatamente se regenera, por exemplo nas glândulas mamárias, glândulas ciliares das pálpebras e glândulas
ceruminosas do canal auditivo externo. Na secreção holócrina o produto é secretado junto com célula já morta,
por exemplo as glândulas sebáceas e nas glândulas tarsal da pálpebra.
Em algumas células epiteliais, secretam substâncias que não atingem a corrente sanguínea. Mas, afetam
células no mesmo tecido ou o tecido conjuntivo subjacente, estas glândulas são chamadas de parácrinas. Como
exemplos temos as citocinas.

As glândulas exócrinas também podem ser classificadas pelo padrão de organização dos seus ductos.
Podem ser simples quando há só um ducto não ramificado, e se for ramificado é denominada de composta. Se a
porção secretória tem a forma de um tubo, é chamada de tubular; se possuir a forma de um frasco é dita alveolar
ou acinosa, e se o ducto terminar como uma dilatação como um saco e chamada de túbuloalveolar.
33

3.3 Tecido Conjuntivo


O tecido conjuntivo é formado por três classes decomponentes: Células, fibras e substância fundamental.
O principal constituinte do tecido conjuntivo é a matriz extracelular. A matriz extracelular é composta por
diferentes combinações de proteínas fibrosas e substância fundamental. A substância fundamental é formada por
um complexo viscoso e hidrofílico de glicosaminoglicanos, proteoglicanos e glicoproteínas multiadesivas que se
ligam as proteínas receptoras, as integrinas, na superfície das células, fornecendo tensionalidade e rigidez da
matriz.

As funções do tecido conjuntivo incluem: função estrutural, reserva de hormônios, troca de material entre
34

as células e o sangue. O tipo de tecido conjuntivo é determinado pela variação na composição e na quantidade de
seus três componentes.
O primeiro componente a ser descrito será as células do tecido conjuntivo. Estas células podem ser
produzidas localmente e permanecerem no tecido ou virem de outros territórios e habitar temporariamente o
tecido. As células do tecido conjuntivo são: Fibroblastos, macrófagos, mastócitos, plasmócitos, células adiposas
e leucócitos.
Os fibroblastos são responsáveis pela síntese de fibras de colágeno, elástica e reticular. Além de
glicosaminoglicanos, proteoglicanos e glicoproteínas. Produzem também fatores de crescimento, que controlam o
crescimento e a diferenciação celular. Elas são as células mais comuns e modulam a sua atividade metabólica;
Quando as células estão em intensa atividade são chamadas de fibroblastos e células metabolicamente quiescentes
são chamadas de fibrócitos.
Macrófagos são células fagocitárias que ajudam o sistema imune. A origem dos macrófagos começa na
medula óssea vermelha que então passa para o sangue e é chamado de monócito. Este por sua vez, cruza a parede
dos capilares e penetram no tecido conjuntivo, onde amadurecem e adquirem características morfológicas de
macrófagos.
Os mastócitos são produzidos na medula óssea vermelha e migram através dos capilares até o tecido
conjuntivo. Também esta relacionado ao sistema imune e envolvido nos processos de inflamação e anafilaxia.
Plasmócitos tem a mesma origem das outras duas células citadas e migram somente em locais de penetração de
bactérias e proteínas estranhas e sendo abundantes nas inflamações crônicas. As células adiposas são células
especializadas em armazenar triglicerídeos e formam o tecido adiposo. Os leucócitos são constituintes normais do
sangue e oriundos do sangue. Eles são especializados na defesa do corpo.
35
36

As fibras do tecido conjuntivo são formadas por proteínas que se polimerizam em estruturas muito
alongadas. Existem três tipos principais de fibras: fibras colágenas, reticulares e elásticas. As fibras colágenas e
reticulares são formadas pela proteína colágeno, e as fibras elásticas são formadas principalmente pela proteína
elastina.
O colágeno é a proteína mais abundante do organismo. Os colágenos dos vertebrados constituem uma
família de proteínas produzidas por diferentes tipos de células. Existem pelos vinte tipos de proteína colágeno. As
principais são: o colágeno tipo I mais abundante, presente na pele, osso, tendão e dentina. Fornece principalmente
resistência a tensão. O colágeno do tipo II e XI presente nas cartilagens e com função de resistência a pressão. O
colágeno do tipo IV presente nas lâminas basais da epiderme com função de filtração.
As fibras reticulares são formadas na sua maioria por colágeno do tipo III. Elas são finas e formam uma
rede em certos órgãos. Estão presentes no músculo liso, endoneuro, trabéculas dos órgãos hematopoéticos como
baço, nódulos linfáticos e medula óssea vermelha. O sistema elástico é formado pelas fibras oxitalânica,
elaunínica e elástica. Elas formam uma rede e podem ser encontradas na derme e glândulas sudoríparas. A
substância fundamental é formada por uma mistura hidratada de moléculas aniônicas, como
glicosaminoglicanas e proteoglicanas, e glicoproteínas multiadesivas.
Os tipos de tecidos conjuntivos podem ser: tecido conjuntivo propriamente dito (frouxo e denso) e tecido
conjuntivo especializado (tecido cartilaginoso, tecido adiposo, tecido ósseo, tecido sanguíneo).
37
38

3.3.1 Tecido Conjuntivo Propriamente dito

O tecido conjuntivo frouxo suporta tecidos sujeitos a pressão e atritos pequenos. Ele preenche espaços entre
células musculares, suporta células epiteliais e forma camadas em torno dos vasos sanguíneos. O tecido
conjuntivo frouxo contém todos os componentes do tecido conjuntivo, e não há predominância de qualquer
componente.
O tecido conjuntivo denso fornece mais proteção e resistência aos tecidos. E formado pelos mesmos
componentes do tecido conjuntivo frouxo, mas existem menor número de células e há predominância de fibras
colágenas. O tecido conjuntivo denso é menos flexível e mais resistente do que o tecido conjuntivo frouxo. O
tecido conjuntivo denso pode ser modelado e não modelado. O não modelado ocorre quando as fibras colágenas
são organizadas sem uma orientação definida. O que promove resistência a tração exercida em qualquer direção.
Encontrado na derme profunda da pele.
O denso modelado apresenta feixes de colágenos paralelos entre si e alinhados com os fibroblastos. Isto
ocorreu em resposta as forças de tração num só sentido. Podemos encontrar nos tendões. O tecido é elástico e
formado por feixes espessos e paralelos de fibras elásticas. Entre as quais encontra-se fibras colágenas e
fibroblastos. No corpo humano pode ser encontrado na coluna vertebral e no ligamento suspensor do pênis.
Tecido reticular forma uma rede que suporta alguns órgãos. Constitui-se por fibras reticulares associadas a
fibroblastos especializados chamados de células reticulares. O resultado desta associação forma uma estrutura
trabeculada parecida com uma esponja, dentro da qual célula e fluidos se movem livremente.
Tecido mucoso possui uma consistência gelatinosa devido a predominância de ácido hialurônico com
poucas fibras na matriz fundamental. É o principal componente do cordão umbilical.
39

3.3.2 Tecido Conjuntivo Especializado


3.3.2.1 Tecido Adiposo

O primeiro tecido conjuntivo especializado é tecido adiposo. Este tecido possui as seguintes funções:
Armazena energia em forma de triglicerídeos, serve de coxins para evitar impacto como na palma da mão, serve
como isolante térmico, possui atividade secretora de hormônio como adiponectina e leptina e modela o corpo.
40

O tecido adiposo pode ser: Adiposo multilocular ou marrom, devido a presença de grande quantidade e
mitocôndrias, encontrado em recém-nascidos e serve como isolante térmico. A medida que se cresce o tecido
marrom é substituído por tecido adiposo unilocular ou amarelo rico em triglicerídeos. A célula que formam o
tecido adiposo é chamada de célula adiposa ou adipócito.
Os triglicerídeos são obtidos pela alimentação, sintetizados no fígado e produzidos pelo adipócitos a partir
do açúcar. Estes fornecem 9,3 Kcal/g, enquanto o glicogênio fornece 4,1 Kcal/g. A quantidade de triglicerídeos se
renovam continuamente e o tecido adiposo é influenciado por estímulos nervosos e hormonais.
O tecido adiposo unilocular possui uma coloração de branco a amarelo-escuro, isto devido ao acúmulo de
carotenos dissolvidos nas gotículas de gordura. Ele forma o panículo adiposo localizado abaixo da pele. No
recém-nascidos é uniformemente distribuído, com a idade desaparece em certas áreas e desenvolve-se em outras.
O padrão da distribuição depende dos hormônios sexuais e pelos hormônios da camada cortical da glândula
adrenal.
O tecido adiposo multilocular possui uma coloração parda ou marrom, esta cor se deve a grande
vascularização e a presença de numerosas mitocôndrias. No feto e no recém-nascido, o tecido adiposo
multilocular possui uma localização específica. Este tecido é presente nos animais que hibernam e ao ser
estimulado acelera a lipólise e oxidação de ácidos graxos produzindo calor.
41

3.3.2.2 Tecido Cartilaginoso

O tecido cartilaginoso é um tecido de consistência rígida formada por células denominadas condrócitos.
Apresentam função de suporte de tecidos moles, revestimento das superfícies articulares, atua no crescimento dos
ossos longos. Este tecido não possui vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. Geralmente, ele é envolvido por
uma bainha, o pericôndrio, com exceção nas articulações e na cartilagem fibrosa.
Existem 3 tipos de cartilagem: A cartilagem hialina rica em colágeno do tipo II, a cartilagem elástica com
grande quantidade de fibras elásticas e pouco colágeno do tipo II. A cartilagem fibrosa é abundante em colágeno
do tipo I. A cartilagem hialina é mais abundante do corpo humano. Ela forma o disco epifisário nos ossos que está
envolvido no crescimento em extensão dos ossos longos. Pode ser encontrado nas fossas nasais, traquéia,
brônquios, costelas e superfície articular. Esta cartilagem hialina é envolvida por pericôndrio, o qual é responsável
pela nutrição, oxigenação e eliminação de excretas.
Os condrócitos produzem colágeno, proteoglicanas e glicoproteínas, e são influenciados pelos hormônios
tiroxina (tireóide) e testosterona (testículo). O hormônio do crescimento estimula a produção de somatomedina no
fígado, que por sua vez, estimula o crescimento das cartilagens.
A cartilagem elástica está presente no pavilhão auditivo, tuba auditiva, epiglote e laringe. A cartilagem
fibrosa é encontrada nos discos intervertebrais, tendões e ligamentos da sínfise pubiana, possui substância
fundamental escassa.
42

Obs.: Os tecidos ósseos, muscular e nervoso serão estudados, respectivamente, nos sistemas esqueléticos,
muscular e nervoso.

Referências

JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 12.ed,. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2013. 556p.

ROSS, M.H.; PAULINA, W. Histology: a text and atlas: with correlated cell and molecular biology. 7th. Edition.
Philadelphia: Wolters Kluwer Health. 2016.1002p.

MESCHER, A.L. Junqueira's Basic Histology. 13th. Edtion. New York:McGraw-Hill Education. 2013. 559p.
43

4 Sistema Tegumentário
4.1 Introdução.
O sistema tegumentário ou tegumento é formado pela pele e seus anexos: pelo, unhas, glândulas
sudoríparas, glândulas mamárias e pelas mucosas. A pele é o maior órgão do corpo humano com uma área de 2
metros quadrados e pesa de 4 a 5 kg. Ela é uma cobertura a prova d'água, se estica, lavável que automaticamente
repara pequenos cortes, abrasões e queimaduras.
O tegumento recobre toda a superfície do corpo, incluindo a superfície dos olhos, membranas timpânicas,
narinas, lábios, ânus, abertura uretral, forra o sistema respiratório, digestivo, urinário e reprodutor.

4.2 Estrutura da Pele.


A pele apresenta 2 partes principais. A camada mais superficial, mais fina composta por tecido epitelial,
chamada epiderme. A camada mais profunda com um tecido conjuntivo mais espesso é chamada de derme. Mais
para baixo da derme, mas que não faz parte da pele, existe a camada subcutânea, chamada de hipoderme. Esta
camada possui reservatórios de gordura e possui vasos sanguíneos que nutrem a pele, nesta camada existe o
corpúsculo lamelado (pacini) que são sensíveis a pressão.
A epiderme é formada por tecido epitelial estratificado pavimentoso queratinizado (proteína queratina).
Possui 4 tipos principais de células: Queratinócitos (90% das células epidérmicas com 4 a5 camadas e produzem
queratina); melanócitos (8% das células epidérmicas, produzem o pigmento chamado melanina que dar cor a
pele); As células de Langerhans (responsável pela resposta imune na pele); As células táteis (célula nervosa que
detecta toques a pele).

4.3 Camadas da epiderme.


As várias camadas de queratinócitos formam a pele. Na maior parte do corpo, a epiderme possui 4
camadas: 1) O estrato basal formada por uma única camada de queratinócitos cuboides ou colunares, algumas
são células tronco que constantemente produzem novos queratinócitos. 2) Estrato espinhoso com 8 a 10 camadas
de queratinócitos, provém elasticidade a pele. 3) O estrato granuloso com 5 camadas de queratinócitos achatados
em apoptose (morte celular programada), estão presentes os grânulos lamelares que liberam substâncias ricas em
lipídios que impermeabilizam a pele que retardam a perda de fluidos corporais e a entrada de substâncias de fora
do corpo. 4) O estrato lúcido está presente na pele espessa como pontas dos dedos, palma da mão e sola do pé,
possui 5 camadas de queratinócitos achatados e mortos com grande quantidade de queratina. 5) Estrato córneo
consiste de 25 a 30 camadas de queratinócitos que são constantemente substituídas por novas células.

4.4 Anexos da pele.


Os anexos da pele se desenvolve da epiderme já na fase embrionária, são eles: pêlos, glândulas e unhas.
Os pêlos estão presentes na maior parte da superfície da pele, exceto na palma das mãos, na superfície palmar dos
dedos, solas dos pés. Nos adultos, os pêlos se espalham na cabeça e na região pubiana. Fatores genéticos e
hormônios determinam a espessura e a distribuição dos pêlos no corpo. A função dos pêlos incluem: protegem a
cabeça de ferimentos e dos raios solares, sobrancelhas e cílios protegem os olhos contra poeiras, pêlos do nariz
44

protegem a mucosa nasal.


45

A estrutura dos pêlos consiste um fio de células epidérmicas queratinizadas fundidas com duas regiões: a
46

raiz e a haste. A haste é porção superficial que se projeta acima da superfície da pele. A raiz é a porção mais
abaixo e penetra na derme e as vezes na hipoderme. Ao redor da raiz está o folículo piloso composto por duas
camadas de células epidérmicas, a externa e a interna, estas por sua vez estão envolvidas por uma camada de
tecido conjuntivo.
Ao redor de cada folículo piloso estão terminações nervosas, o plexo da raiz do pelo. A base do folículo
forma um alargamento, o bulbo. No bulbo podemos encontrar a papila do pelo, que contém muitos vasos
sanguíneos e provém nutrientes para o crescimento dos pelos. Também podem os encontrar a matriz do pelo, que
produz novos pelos por divisão celular quando os pelos mais velhos caem.
Associados aos pelos temos: as glândulas sebáceas e o músculo eretor do pelo. As glândulas sebáceas
produzem uma substância oleaginosa, o sebo, que evita o pelo de dissecar, evita a perda de água pela pele, evita o
crescimento de certas bactérias.

As glândulas sudoríparas produzem os suor que é liberado no folículo piloso ou na pele através de poros.
Possuem 2 tipos de glândulas sudoríparas: Écrina e Apócrina. As écrinas são as mais comuns, distribuídas pela
pele da maioria das regiões principalmente da testa, palmas das mãos e sola dos pés. A porção secretória está
localizada mais profundamente na derme, as vezes na camada subcutânea. O duto se estende pela derme e
epiderme e termina como um poro na superfície da epiderme.
As glândulas écrinas produzem cerca de 600ml de suor, que consiste de água, íons de Na e Cl, uréia, ácido
úrico, amônia, amino ácidos, glicose e ácido lático. A principal função da glândula écrina é regular a temperatura
corporal pela evaporação do suor, que libera calor ao fazê-lo.
As glândulas apócrinas são encontradas principalmente na pele da axila, virilha, aréola das mamas, na
barba de homens adultos. A porção secretória está na camada subcutânea e o duto excretor abre no folículo piloso.
A secreção é mais viscosa que da écrina e contém os mesmos componentes desta última, mas possuem lipídios e
47

proteínas. Quando o suor das glândulas apócrinas interage com as bactérias da pela, estas metabolizam e liberam
um odor forte chamado de odor corporal. Estas glândulas só começam a funcionar após a puberdade.
As glândulas ceruminosas produzem uma secreção e estão presentes no canal auditivo externo. A mistura
das secreções das glândulas ceruminosas e sebáceas forma a cera. Esta impede a entrada de corpos estranhos,
insetos, bactérias e fungos.

As unhas são placas de células epidérmicas queratinizadas mortas fortemente empacotadas e rígidas.
Dividem-se de corpo da unha, borda libre e a raiz. O corpo da unha é porção visível da unha. A borda livre é a
porção do corpo da unha que cresce passando a ponta dos dedos. A área branca semilunar é chamada de lúnula.
A raiz da unha é parte não visível. Mais profundamente na raiz da unha existe a matriz da unha. Nesta
região, as células superficiais se dividem por mitose para produzir novas células das unhas. A cutícula consiste de
um estrato córneo da epiderme.
As funções da pele incluem: regulação da temperatura corporal através da evaporação do suor e além disso,
vasos sanguíneos da derme se dilatam liberando mais sangue para a pele e aumentando a perda de calor do sangue
e diminuindo a temperatura corporal. Em baixas temperaturas, diminui a produção de suor e os vasos sanguíneos
da derme se contraem impedindo a perda de calor. A pele protege contra microrganismo, abrasões, queimaduras. É
responsável pela sensações táteis e excreção e absorção de substâncias.
48

Referências.
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia. 3ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2009. 1072p.

MARIEB, E. N.; WHIHELM, P.B.; MALLAT J.. Anatomia Humana. 7ª Edição. São Paulo: Pearson. 2014. 912p.

MARTINI, F.H.; TIMMONS, M.J.; TALLITSCH, R.B. Anatomia Humana. 6ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2009. 1100p.

TORTORA, G.J.; DERRICKSON, B. Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 8ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2012. 712p.
49

5 Sistema esquelético
5.1 Introdução.
O esqueleto humano é formado por ossos, cartilagens, ligamentos e outros tecidos conjuntivos que os
interconectam. Os ossos servem como estruturas onde os músculos se ancoram para fazer os movimentos. As
funções do esqueleto são:
1- Sustentação das partes moles do corpo e pontos de fixação dos músculos.
2- Proteção dos órgãos internos de danos como na caixa craniana e caixa torácica.
3- Auxiliam no movimento, pois os músculos ao se contraírem puxam os ossos e executam o movimento.
4- Armazena minerais como cálcio, fósforo que são liberados para o sangue quando necessários.
5- Produção de células sanguíneas através da medula óssea vermelha.
6- Armazenam triglicerídeos na medula óssea amarela como fonte de energia quando necessária.

5.2 Tipos de ossos e Estrutura dos Ossos.


Os ossos do corpo humano podem ser classificados 4 tipos principais: ossos longos, curtos, chatos e
irregulares (Figura 1). Os ossos longos possuem um comprimento maior que a espessura consistindo de um tubo
com número varável de extremidades como exemplos temos: o fêmur, tíbia, fíbula, úmero, ulna, rádio.
Os ossos curtos são em forma de cubos, sendo o comprimento e a largura quase igual em tamanho,
geralmente presente nos ossos do pulso e do tornozelo. Os ossos chatos são finos e fornecem proteção e superfície
na qual os músculos de ligam. Eles são encontrados nos ossos do crânio, esterno, costelas, e escápula. Os ossos
irregulares não podem ser classificados em nenhum dos grupos anteriores e incluem as vértebras e ossos da face.
Para estudarmos a estrutura macroscópica dos ossos vamos utilizar os ossos longos, como o úmero. Ele
consiste de uma 1) diáfise a parte principal do osso que é longa e cilíndrica. 2) As epífises são as extremidades
dos ossos. 3) As metáfises são as regiões de maturação dos ossos localizado na junção da epífises com a diáfise.
4) A cartilagem articular localizado nas epífises para forma a articulação. 5) Periósteo é uma bainha de tecido
conjuntivo que recobre a superfície dos ossos, exceto nas articulações. 6) A cavidade medular onde se localizam
a medula óssea vermelha ou amarela. 6) Endósteo é uma membrana fina que forra a cavidade medular(Figura 2).

5.3 A estrutura microscópica dos ossos.


Os ossos são formados pelo tecido ósseo (tipo de tecido conjuntivo), que possui uma matriz extracelular
abundante que circundam células ósseas separadas. A matiz extracelular é composta de 25% de água, 25% de
fibras colágenas e 50% de sais minerais cristalizados. Estes minerais se depositam num arcabouço formado por
fibras colágenas, que então se cristalizam e endurecem. Existem 4 tipos principais de células ósseas: células
osteogênicas, osteoblastos, osteócitos e osteoclasto (Figura 3).
As células osteogênicas são células tronco derivadas do mesênquima (tecido embrionário do qual quase
todos os tecidos conjuntivos são formadas). Elas são as únicas células ósseas que se dividem e formam
osteoblastos. Estas células são encontradas na porção mais interna do periósteo, do endósteo e nos canais ossos
que contém os vasos sanguíneos.
Os osteoblastos são células formadoras de ossos. Eles sintetizam e secretam fibras colágenas e outros
50

componentes para formar a matriz extracelular. A medida que eles formam a matriz extracelular tornam-se presos
e diferenciam-se em osteócitos.
Os osteócitos são células ósseas maduras e as células principais dos ossos mantendo o metabolismo diário
como troca de nutrientes e excretas com o sangue. Já os osteoclastos, são células enormes derivadas da união de
50 monócitos (células sanguíneas fagocitárias) e são encontradas no endósteo. Eles liberam enzimas lisossômicas
que digerem a matriz extracelular, a reabsorção. Este processo aumenta os níveis de cálcio e fosfato nos fluidos
corporais.
Existe um balanço entre os osteoblastos e osteoclastos, quando os e osteoclastos removem sais de cálcio
da matriz mais rápido do que os osteoblasto podem repor, os ossos se tornam fracos. Quando os osteoblastos
predominam os ossos tornam-se fortes e mais massivos.

5.4 Textura dos ossos


Em relação a textura o tecido ósseo pode ser esponjoso e compacto. O tecido ósseo compacto possui
poucos espaços e é organizado e unidades estruturais repetitivas chamadas de osteon ou sistema haversiano
(Figura 4). Cada osteon consiste de um canal central com lamelas concêntricas. O canal central contém vasos
sanguíneos, nervos e vasos linfáticos. Este canal se estende longitudinalmente nos ossos. Ao redor deste tem-se as
lamelas concêntricas, que são anéis rígidos de matriz extracelular calcificada.
Entre as lamelas estão espaços pequenos chamados de lacunas, onde se encontra os osteócitos. Das lamelas
se irradiam canalículos cheios de fluido extracelular. Dentro dos canalículos existem prolongamentos dos
osteócitos. Por um canal central os canalículos conectam uma lamela com outra, criando uma rede de distribuição
de nutrientes e oxigênio.
Vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos do periósteo penetra o osso compacto via um canal transversal,
o canal perfurante (canal de Volkmann). Os vasos e nervos do canal perfurante se conectam com os da
cavidade medular, periósteo e canais centrais.
O tecido ósseo esponjoso não contém osteons. Ele é formado por unidades chamada de trabécula, estas são
formações irregulares e algumas são preenchidas com medula óssea vermelha. No interior de cada trabécula estão
lamelas concêntricas, osteócitos em lacunas e canalículas irradiando das lacunas.
A maior parte do tecido ósseo de ossos chatos, curto e irregulares é formado por tecido ósseo esponjoso.
Este está presente também nas epífises dos ossos longos e numa faixa bem estreita na cavidade medular da diáfise
do osso longo.

5.5 Formação dos ossos ou Ossificação.


A ossificação ocorre em 4 situações: 1) Formação inicial dos ossos na fase embrionária e fetal; 2)
Crescimento dos ossos durante a fase de crescimento; 3) Substituição do tecido ósseo velho por um novo tecido ao
longo da vida; 4) reparar fraturas ao longo da vida. Existem 2 tipos de ossificação: a ossificação intramembranosa
e a ossificação endocondral.
A ossificação intramembranosa é o método mais simples de ossificação, ocorre nos ossos do crânio, da
face, da mandíbula e parte da clavícula. Este processo consiste em:
51

1) Desenvolvimento de um centro de ossificação, que é o local onde o osso se desenvolverá, na qual as células do
mesênquima se agrupam e se diferenciam, primeiramente em células osteogênicas depois osteoblastos, que por
sua vez secretam a matriz extracelular.
2) Calcificação, onde cálcio e outros minerais se depositam na matriz extracelular endurecendo-a.
3) Formação das trabéculas, em que a medida que as trabéculas se desenvolvem elas se fundem umas as outras
para formar o osso esponjoso.
4) Desenvolvimento do periósteo pela condensação do mesênquima da periferia das trabéculas. Posteriormente,
uma fina camada de osso compacto substitui a superfície de osso esponjoso, mas o osso esponjoso permanece no
centro (Figura 5).
A ossificação endocondral consiste na substituição de tecido cartilaginoso por tecido ósseo. E muito
comum nos ossos longos, processo consiste de:
1) Desenvolvimento do molde de cartilagem: no local onde será o osso as células do mesênquima se
agrupam e tomam a forma do futuro osso e as mesmas se diferenciam em condroblastos (células
cartilaginosas). Estas células produzem a matriz extracelular, o molde de cartilagem, formado de
cartilagem hialina. Ao redor do molde de cartilagem forma-se uma membrana chamada de
pericôndrio.
2) Crescimento do molde de cartilagem: depois que os condroblasto penetram fundo na matriz
extracelular, passam a ser chamado de condrócitos. O molde de cartilagem continua a crescer em
tamanho e a matriz ao redor deles começa a calcificar. Então os condrócitos morrem e o espaço
ocupado por eles fica vazio, a lacuna.
3) Desenvolvimento do centro de ossificação primária: a ossificação ocorre de fora para dentro. A
artéria penetra pelo pericôndrio and cartilagem molde em calcificação estimulando células
osteogênicas no pericôndrio se diferenciam em osteoblastos. A partir que pericôndrio passa a formar
osso ele é chamado de periósteo. Próximo ao centro do molde de cartilagem, vasos sanguíneos
crescem para cartilagem calcificada em desintegração formando o centro primário de ossificação. Os
osteoblastos começam a depositar matriz óssea formando as trabéculas do osso esponjoso. A
ossificação primária se espalha para as extremidades do molde de cartilagem.
4) Desenvolvimento da Cavidade medular: a medida que o centro de ossificação cresce para as
extremidades, os osteoclastos degradam as trabéculas recém-formadas, o que leva a formação de uma
cavidade central, a cavidade medular.
5) Desenvolvimento do centro de ossificação secundário: ocorre quando vasos sanguíneos entram nas
epífises, um centro secundário de ossificação se desenvolve, geralmente perto do nascimento. Neste
caso a ossificação ocorre de dentro para fora.
6) Formação da cartilagem articular e da lâmina epifisal ou placa epifisária: A cartilagem hialina recobre
as epífises e se torna a cartilagem articular. Até o término da fase de crescimento, a cartilagem hialina
permanece entre as epífises e a diáfise, formando a lâmina epifisal ou placa epifisária, que é
responsável pelo crescimento em comprimento dos ossos longos (Figura 6).
52

5.6 Papel dos ossos na homeostase de cálcio.


Os ossos são os reservatórios de cálcio, que se torna disponível durante a reabsorção óssea. Contudo, cálcio
em excesso pode causar desde de parada cardíaca e respiratória. Um hormônio regula a troca de cálcio entre os
ossos e sangue, o paratormônio (PTH), secretado pela glândula paratireoides. A secreção do PTH corre via
retroalimentação negativa. Se algum estímulo causa uma diminuição do nível de cálcio no sangue, receptores da
paratireoide detectam e aumentam a produção de adenosina monofosfato cíclica (AMPc). Que por sua vez,
estimula a síntese do gene para PTH. O PTH evita a perda de cálcio para a urina e, portanto, maior quantidade
permanece no sangue (Figura 7).

5.7 Divisão do Sistema Esquelético.


No adulto o sistema esquelético consiste de 206 ossos divididos em 80 osso no esqueleto axial e 126 no
esqueleto apendicular. O esqueleto axial é formado pelos ossos do crânio, hioide, ossos do ouvido, coluna
vertebral e tórax. O esqueleto apendicular: clavícula, escápula, úmero, rádio, ulna, carpo, metacarpo, falanges,
ilíaco, fêmur, patela, fíbula, tíbia, tarso, metatarso e falanges. Os ossos possuem a sua própria "topografia", os
chamados processos que são aspectos morfológicos oriundos da genética, órgãos próximos e inserção de músculos
(Figura 8).

5.8 O crânio e ossos associados


O crânio possui 22 ossos: 8 formam a caixa craniana e 14 compõe a face. O crânio protege o encéfalo e é
formado pelos ossos ocipital, parietais, frontal, temporais, esfenoide e etmoide. Estes formam uma cavidade
chamada de cavidade craniana.
A superfície externa do crânio fornece uma área para inserção de músculos que movimentam os olhos, a
mandíbula e a cabeça. Os ossos da face contêm e protegem as entradas para os sistemas digestório e respiratório.
Os ossos superficiais da face são: maxila, palatinos, nasais, zigomáticos, lacrimais, vômer e mandíbula. Estes
ossos fornecem áreas para inserção de músculos responsáveis pela expressão facial e movimentação do alimento
(Figura 9, 10, 11, 12, 13 e 14 ).
Os seios paranasais são cavidades pares localizadas em alguns ossos do crânio próximos a cavidade nasal.
Eles são forrados por uma mucosa que se continua com a mucosa da cavidade nasal. Os ossos do crânio que
contém os seios paranasais são: frontal (seio frontal); osso esfenoide (seio esfenoide); osso etmoide (seio etmoide)
e na maxila (seio maxilar). As funções dos seios paranasais são: 1- Produção de muco; 2- funciona como câmara
de ressonância para sons únicos para fala e canto; 3- Diminuir o peso do crânio (Figura 15).

5.9 Coluna Vertebral


A coluna vertebral é formado por uma série de ossos chamados vértebras. Ela é uma haste forte e flexível
que se move para frente, para trás e para os lados. Serve para envolver e proteger a medula espinhal, segura a
cabeça, é o ponto onde se aderem as costelas, a pélvis e os músculos das costas.
O corpo humano possui 33 vértebras, mas que se dividem em regiões: 1- região cervical (7 vértebras); 2-
região torácica (12 vértebras); 3- região lombar (5 vértebras); 4- região sacral (5 vértebras fundidas) e 5- região
coccigiana (4 vértebras fundidas)(Figura 16).
53

A partir da segunda vértebra cervical até o sacro e entre as vértebras existe o disco intervertebral. Cada
disco é um anel de cartilagem fibrosa. Os discos formam articulações que permitem vários movimentos da coluna
vertebral e absorvem impactos verticais.
As vértebras variam em formato, tamanho e detalhes dependendo da região da coluna vertebral em, que se
encontra (Figura 17, 18, 19, 20 e 21). Mas, uma vértebra típica possui:
1- Corpo: é a porção mais espessa, pesada e em forma de disco.
2- O arco vertebral: estende-se para trás do corpo.

5.10 Tórax
O termo tórax se refere ao busto inteiro. A caixa torácica é formada pelo esterno, costelas, cartilagens da
costela e o corpo das vértebras torácicas, ela protege os órgãos da cavidade torácica e da cavidade abdominal
superior e sustenta os ossos dos ombros e membros superiores (Figura 22).

5.11 Cintura escapular e Membros Superiores


A cintura escapular liga os membros superiores com om esqueleto axial. Ela é formada por 2 ossos: a
clavícula e a escápula. A clavícula se articula com o esterno e a escápula se articula com a clavícula e o úmero.
Os membros superiores são formados por 30 ossos cada, que são: úmero no braço, rádio e a ulna no antebraço, 8
ossos do carpo (pulso), 5 metacarpos (palma da mão) e 14 falanges (ossos dos dedos) ( Figura 23, 24,25, 26, 27,
28 e 29).

5.12 Cintura Pélvica e Membros inferiores


A cintura pélvica é formada por 2 ossos grandes, os ossos ilíacos. Ela fornece uma base forte de
sustentação da coluna vertebral, protege os órgãos viscerais e articulam com os membros inferiores. Os ossos
ilíacos são ligados na parte anterior por uma articulação chamada sínfise pubiana e na parte posterior se articula
com o sacro pela sacroilíaca. Juntos o sacro, cóccix, os 2 ossos ilíacos formam a pelve. Cada osso ilíaco e formado
por 3 partes: Ílio, Ísquio e o Púbis.
Os membros inferiores são formados por 30 ossos cada. O fêmur (coxa), a patela (joelho), tíbia a fíbula
(entre joelho e tornozelo), 7 tarsos (tornozelo), 5 metatarsos (planta do pé) e 14 falanges (ossos dos dedos do pé)
(Figura 30, 31, 32, 33, 34 e 35).
54

Figura 1
55

Figura 2

Figura 3
56

Figura 4

Figura 5
57

Figura 6
58

Figura 7
59

Figura 8
60

Figura 9
61

Figura 10
62

Figura 11

Figura 12
63

Figura 13
64

Figura 14

Figura 15
65

Figura 16
66

Figura 17
67

Figura 18
68

Figura 19
69

Figura 20
70

Figura 21

Figura 22
71

Figura 23

Figura 24
72

Figura 25
73

Figura 26
74

Figura 27
75

Figura 28

Figura 29
76

Figura 30

Figura 31
77

Figura 32
78

Figura 33

Figura 34
79

Figura 35

Referências.
TORTORA, G.J.; DERRICKSON, B. Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 8ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2012. 712p.

MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia. 3ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2009. 1072p.

MARTINI, F.H.; TIMMONS, M.J.; TALLITSCH, R.B. Anatomia Humana. 6ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2009. 1100p.
80

6 Articulações ou Junturas

6.1 Introdução.
Os ossos são rígidos, por isso não podem ser dobrados. Por isso, tecido conjuntivo flexível mantém os
ossos unidos e em alguns casos permitem os movimentos, as chamadas articulações ou articulações. A artrologia é
a ciência que estuda as articulações e cinesiologia estuda os movimentos do corpo humano.
As articulações combinam força e flexibilidade. Dependendo se as articulações permitem ou não
movimento e de como ocorre este movimento, elas são classificadas em sinartrose (articulações imóveis);
anfiartrose (movimento discreto das articulações) e diartrose (permite uma grande movimentação). Contudo, o
movimento das articulações depende também de 1- o formato dos ossos articulantes, 2- a flexibilidade dos
ligamentos que unem os ossos e 3- a tensão associada aos músculos e tendões.
Em relação a estrutura as articulações podem ser fibrosas, não possui cavidade sinovial e os ossos são
mantidos juntos por uma rede de tecido conjuntivo rico em fibras colágenas. As articulações cartilaginosas não
possuem cavidade sinovial e os ossos são ligados por cartilagens. Já as articulações sinoviais possuem a cavidade
sinovial e os ossos são ligados por tecido conjuntivo com uma cápsula articular e ligamentos acessórios.

6.2 Articulações Fibrosas.


As articulações fibrosas permitem pouco ou nenhum movimento. Existem 3 tipos: A sutura, sindesmose e
membrana interóssea. A sutura é formada por uma fina camada de tecido conjuntivo denso irregular que ocorre
nos ossos do crânio. Por exemplo, na sutura coronal do osso frontal com o osso parietal.
A Sindesmose possui uma grande distancia maior entre as superfícies articulantes e mais tecido conjuntivo
irregular do que a sutura. O tecido conjuntivo denso irregular se organiza como um feixe e permite movimentos
limitados. Um exemplo é junta distal tibiofibular, onde o ligamento anterior tibiofibular conecta a tíbia e fíbula, o
que permite um certo nível de movimento (anfiartrose).
A membrana interóssea é uma folha de tecido conjuntivo denso não modelado que conecta dois ossos
longos vizinhos e permita um ligeiro movimento (anfiartrose). Existem dois exemplos: no antebraço entre o rádio
e a ulna e entre a tíbia e a fíbula.

6.3 Articulações Cartilaginosas


As articulações cartilaginosas permitem pouco ou nenhum movimento, neste caso os ossos estão
fortemente conectados ou por cartilagem hialina ou por fibrocartilagem. Os 2 tipos são: 1) A sincondrose, em que
a cartilagem é a cartilagem hialina, como por exemplo na ligação entre a diáfise e as epífises dos ossos longos. 2)
Sínfise, no qual os ossos são cobertos por cartilagem hialina mas os ossos estão conectado por disco largo e chato
de fibrocartilagem. Um exemplo é a sínfise pubiana que liga os ossos da pelve.
81
82
83

6.4 As articulações sinoviais


As articulações sinoviais são mais complexas e se caracterizam por possuir um espaço entre os ossos da
articulação, a cavidade sinovial. Esta permite uma movimentação livre (diartrose). Os ossos da articulação são
cobertos por cartilagem articular, que é uma cartilagem hialina. A cartilagem articular reduz atrito entre os ossos e
absorve impactos durante o movimento.
A cápsula articular envolve as junções sinoviais e une os ossos da articulação. A cápsula possui 2
camadas: a membrana fibrosa (externa) e a membrana sinovial (interna). A membrana fibrosa consiste de
tecido conjuntivo não modelado (maior parte de fibras colágenas) que se ligam ao periósteo. Algumas destas
fibras forma feixes paralelos adaptados a resistir as tensões, e passam a ser chamadas de ligamentos.
A membrana sinovial é formada por tecido conjuntivo frouxo com fibras elásticas, em muitas articulações
sinoviais a membrana sinovial acumula tecido adiposo que funcionam como coxim e tem como função a produção
do líquido sinovial.
O líquido sinovial ocupa todo o espaço livre dentro da cápsula da articulação. Este líquido se origina por
filtração do sangue que passa pelos capilares da membrana sinovial, tem um aspecto viscoso devido ao ácido
hialurônico secretado pelas células da membrana sinovial. O fluido sinovial também está presente na cartilagem
articular, fornecendo um filme deslizante que reduz o atrito entre as cartilagens. A falta deste lubrificante cria
atrito que superaquece e destrói o tecido das articulações.
As articulações sinoviais possuem nervos sensoriais, que inervam a cápsula e algumas delas detectam dor, e
vasos sanguíneos. Algumas articulações sinoviais têm discos ou extremidades separando as superfícies
articulares. Estes discos ou meniscos se estendem internamente da cápsula articular e dividem parcial ou
totalmente a cavidade sinovial em duas. Os meniscos melhoram o acoplamento das extremidades ósseas,
tornando a articulação mais estável. Eles ocorrem no joelho, mandíbula e outras articulações.

6.5 Tipos de articulações Sinoviais.


Emboras as articulações sinoviais sejam semelhantes, a forma das superfícies articulantes e assim vários
tipos de movimento são possíveis. Existem 6 tipos de articulações sinoviais: a plana, gínglimo ou em dobradiça,
trocoidea ou em pivô, elipsoidea, selar e esferoidea.
A articulação plana possui superfícies articulares achatadas ou ligeiramente curvas, exemplo:
esternoclavicular. Na gínglimo ou dobradiça os ossos encaixam de maneira em que a superfície côncava de um se
articula com a superfície convexa do outro. Na em pivô, um osso com superfície pontiaguda se articula com uma
superfície em disco, parcialmente formada por osso e ligamentos. Na elipsoidea, a superfície oval convexa se
encaixa na superfície oval côncava. Na selar, uma superfície com forma de sela de cavalo se articula com outra
que se encaixa na sela. Na esferoidea, uma superfície em forma de bola se encaixa em outra superfície em forma
de xícara.
84
85

6.6 Movimentos Angulares.


86

Os movimentos angulares são o aumento ou o decréscimo no ângulo entre os ossos da articulação. Os


principais movimentos são: flexão, extensão, hiperextensão, abdução, adução e circundução.
Na flexão existe um decréscimo no ângulo e na extensão há um aumento e retorno a posição anatômica. A
hiperextensão é a continuação da extensão além da posição anatômica. A abdução é o movimento se afastando da
linha mediana e adução é o movimento em direção a linha mediana. A circundução é o movimento circular da
extremidade distal de uma parte do corpo. A rotação envolve o movimento ao redor de um eixo longitudinal.
Os movimentos especiais ocorrem somente em algumas articulações como: Elevação é o movimento para
cima de parte do corpo e a depressão é o movimento para baixo de parte do corpo. Protação é o movimento para
frente de parte do corpo e a retração é o movimento de retorno da protação. Inversão é movimento da sola do pés
permitindo que fiquem voltadas um para o outro e a eversão é o movimento contrário a inversão. Dorsiflexão é o
movimento é a dobra do pé em direção ao dorso e flexão plantar é o movimento contrário. Supinação é o
movimento das palmas mãos para frente e a pronação é o movimento contrário. Oposição é o movimento dos
polegares para tocar as pontas dos dedos.
87
88
89

Referências.

MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia. 3ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2009. 1072p.

MARTINI, F.H.; TIMMONS, M.J.; TALLITSCH, R.B. Anatomia Humana. 6ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2009. 1100p.

MARTINI, F.H.; OBER, W.C.; BARTHOLOMEW, E.F.; NATH, J.L. Anatomia e Fisiologia Humana: Uma
Abordagem visual. 1ªEdição. São Paulo: Pearson Brasil. 2014. 792p.

TORTORA, G.J.; DERRICKSON, B. Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 8ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2012. 712p.
90

7 O Sistema Muscular

7.1 Introdução.
Os movimentos corporais são dependentes de três fatores: os ossos, as junturas e aos músculos. Os
músculos são formados por tecido muscular que formar o sistema muscular. Dependendo da porcentagem de
gordura, gênero e exercício constitui 40 a 50% do peso corporal.
O tecido muscular é constituído por células alongadas, que contêm grande quantidade de filan1entos
citoplasmáticos de proteínas contráteis, as quais, por sua vez, gera m as forças necessárias para a contração desse
tecido, utilizando a energia contida nas moléculas de ATP (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
Existem 3 tipos de tecidos musculares: o tecido muscular estriado esquelético, tecido muscular estriado
cardíaco e tecido muscular liso. Os músculos estriados são assim chamados por possuir estrias, isto é, bandas
claras e escuras visíveis somente ao microscópio.
O tecido muscular estriado esquelético é ligado aos ossos e as partes móveis do esqueleto. Ele é
conscientemente contraído ou relaxado, isto é, voluntário. Este tecido possui poucas células que possam se dividir
e portanto, tem uma capacidade limitada para regeneração.
O tecido muscular estriado cardíaco é encontrado somente no coração. Contudo, ele é involuntário (suas
contrações não estão sob o controle consciente). O músculo cardíaco pode se regerar sob certas condições, onde
células tronco migram para o coração e se desenvolvem em células musculares cardíacas funcionais.
O tecido muscular liso é assim chamado por não possuir estrias. É encontrado na parede de estruturas
internas ocas como vasos sanguíneos, vias aéreas, o estômago e intestinos. Participa de processos internos como
digestão e controle da pressão sanguínea e é involuntário.
As funções do tecido muscular incluem: Produção dos movimentos corporais; Estabilização da posição
corporal; Armazenamento e transporte de substâncias dentro do corpo; Produção de calor.
91

7.2 O tecido muscular esquelético.


Cada músculo esquelético é um órgão separado composto por milhares de células, as fibras musculares
(forma alongada). Tecido conjuntivo envolve as fibras musculares e também o órgão inteiro. Ao mesmo tempo
vasos sanguíneos e nervos penetram nos músculos.
Ao redor do músculo existe uma lâmina de tecido conjuntivo denso não modelado que mantém o músculo.
Esta lâmina permite o movimento livre dos músculos, possui nervos, vasos sanguíneos e linfáticos e preenche
espaços entre os músculos. Existem 3 camadas de tecido conjuntivo se estendem da lâmina para proteger e
reforçar o músculo esquelético: O epimísio, que recobre todo o músculo. Perimísio que envolve feixes de 10, 100
ou mais fibras musculares, os chamados fascículo. O endomísio envolve cada fibra muscular individualmente.
O epimísio, perimísio e endomísios e se estendem além dos músculos e formam os tendões. Os tendões
são compostos por tecido conjuntivo denso modelado constituído por feixes paralelos de fibras colágenas. A sua
função é de ligar o músculo ao osso, um exemplo é o tendão de aquiles no calcanhar.
Ao se examinar ao microscópio, o músculo esquelético se mostra formado por milhares de fibras
musculares paralelas entre si. Cada célula ou fibra é coberta por uma membrana celular chamada de sarcolema.
Túbulos transversos da superfície penetram até o centro de cada fibra muscular. Múltiplos núcleo se localizam na
periferia da fibra muscular.

O citoplasma da fibra muscular é chamado de sarcoplasma e contém milhares de mitocôndrias que


produzem grandes quantidades de ATP durante a contração muscular. Por todo o sarcoplasma, o retículo
92

sarcoplasmático (retículo endoplasmático) armazenam íons de cálcio necessários para a contração muscular.
Também no sarcoplasma existe a milhares de moléculas de mioglobina, um pigmento vermelho semelhante a
hemoglobina do sangue, que armazena oxigênio até ser necessário pela mitocôndria para produzir ATP.
Estendendo-se por todo o comprimento da fibra muscular estão estruturas cilíndricas chamadas
miofibrilas. Cada miofibrila é formada por filamentos grossos e finos, que se sobrepõem em padrões específicos
e formam compartimentos chamados sarcômeros.
Os sarcômeros são as unidades funcionais básicas dos músculos, e são separados uns dos outras zonas em
zigue-zague de material proteico denso, o disco Z. No interior de cada sarcômero há uma área escura, a banda A,
que se estendo por todo o filamento grosso.
No centro de cada banda A ocorre uma estreita zona, a zona H, que contém somente filamentos grossos.
Nas extremidades da banda A, filamentos grossos e finos se sobrepõem. Uma área de cor mais clara, a banda I,
contém o resto dos filamentos finos, mas não filamentos grossos. Cada banda I se estende em 2 sarcômeros,
divididos pela metade pelo disco Z. A alternância entre a zona escura de banda A e banda I mais clara da fibra
muscular a sua aparência estriada.
Os filamentos grossos são formados por proteína miosina com cabeças em forma de taco de golfe
entrelaçadas. As caudas de miosina formam uma haste do filamento grosso. As cabeças de miosina se projetam
para fora da haste.
Os filamentos finos são formados principalmente por actina, que por sua vez se junta com outra para
formar o filamento de actina que se dobra em forma de hélice. Cada molécula de actina contém um sítio de
ligação de miosina, onde se ligam as cabeças de miosina. Além da actina, os filamentos finos contêm duas outras
proteínas, a tropomiosina e a troponina.
No músculo relaxado, a miosina é bloqueada de se ligar a actina porque cadeias de tropomiosina cobrem os
sítios de ligação de miosina. As tropomiosinas são mantidas neste lugar pelas moléculas de troponinas.
93
94

7.3 Contração Muscular.


Para que ocorra a contração do músculo esquelético, este deve ser estimulado por um sinal elétrico,
chamado de potencial de ação muscular que é produzido por um neurônio chamado neurônio motor. A
estimulação de neurônio motor causa a contração de todas as fibras musculares ao mesmo tempo. A união
neurônio motor e fibras musculares é chamada de unidade motora.
O axônio do neurônio motor penetra no músculo, divide-se em ramos que chegam bem próximos a
sarcolema da fibra muscular, mas não toca. Existe um espaço entre o neurônio motor e a fibra muscular, a fenda
sináptica. Do neurônio partem por exocitose vesículas contendo neurotransmissores. A região da sarcolema
próxima a extremidade do axônio é chamada de placa motora. A sinapse (ligação) entre as extremidades dos
axônios e a placa motora da fibra muscular é denominada de junção neuromuscular.
O neurotransmissor liberado pelo neurônio é acetilcolina, que se move pela fenda sináptica. A
acetilcolina se liga aos seus receptores na fibra muscular e estimula a abertura dos canais de íons, principalmente
sódio (Na+), que entram na fibra muscular. Este influxo de Na+ geral um potencial de ação, que viaja pela
sarcolema e pelos túbulos T.O efeito da acetilcolina é muito breve, pois ela é rapidamente degradada por enzima
chamada acetilcolinesterase.
95

O mecanismo pelo qual ocorre a contração muscular é baseada na teoria da contração do deslizamento dos
filamentos. Neste caso, as cabeças de miosina dos filamentos grossos puxam os filamentos finos e fazendo os
filamentos finos deslizarem para o centro do sarcômero. A medida que os filamentos finos deslizem, as bandas I e
H tornam-se estreitas e, eventualmente, desparecem.
A fisiologia da contração mostra que íons de cálcio (Ca2+) e energia em forma de ATP (adenosina
trifosfato). Quando o músculo está relaxado (sem se contrair), o nível de Ca2+ no sarcoplasma é baixo, por que o
retículo sarcoplasmático contém um transporte ativo que constantemente bombeia íons de Ca2+ do sarcoplasma
para o interior do retículo sarcoplasmático.
Contudo, quando o potencial de ação ocorre na sarcolema e no túbulo transverso abre os canais de Ca2+
que escapam para o sarcoplasma. Os íons de Ca2+ se ligam as moléculas de troponina dos filamentos finos,
causando a mudança na forma da troponina. Esta mudança afasta a tropomiosina dos sítios de ligação da miosina
da actina. Com os sítios deligação de miosina exposto ocorre os seguintes eventos relacionados a contração:
7) Hidrólise de ATP: As cabeças de miosina contêm ATPase, uma enzima que hidrolisa ATP em ADP
96

(adenosina difosfato) e P (grupo fosfato). Isto transfere energia para cabeça de miosina, embora ADP
e P se mantém ligados a miosina.
8) Formando as pontes cruzadas: as cabeças de miosina energizadas se ligam aos sítios de ligação de
miosina da actina, liberando o grupo fosfato. Esta ligação das cabeças de miosina e actina é chamada
de ponte cruzada.
9) Movimento de força: após a formação das pontes cruzadas, um movimento de força ocorre. Durante
esta etapa as pontes cruzadas rodam e giram liberando o ADP. Centenas de pontes cruzadas deslizam
o filamento fino para o centro do sarcômero.
10) Ligação de ATP e separação: No final de movimento de força, as pontes cruzadas ficam firmemente
ligadas a actina. Quando eles se ligam a outra molécula de ATP, as cabeças de miosina se separam de
actina.
O relaxamento dos músculos depois da contração ocorre da seguinte maneira: Primeiro, a acetilcolina é
rapidamente degrada pela enzima colinesterase. Isto faz com que os canais de Ca2+ se fechem. Segundo, íons de
Ca2+ são rapidamente transportados para o interior do retículo sarcoplasmático. Então, a tropomiosina desliza de
volta para os sítios de ligações de miosina da actina. Com estes sítios cobertos, os filamentos finos deslizam de
volta para posição de relaxamento.
97

7.4 Metabolismo do Tecido Muscular Estriado Esquelético.

Os músculos se alternam em momentos de inatividade quando utilizam uma quantidade pequena de ATP, e
momentos de grande atividade quando utilizam ATP rapidamente. Contudo, a quantidade de ATP no interior da
fibra muscular é suficiente somente por alguns segundos. Se o exercício muscular continuar, ATP adicional dever
ser produzido. As fibras musculares possuem 3 fontes de produção de ATP: 1) Fosfato de Creatina; 2) Respiração
celular anaeróbia; 3) Respiração celular aeróbia.
Quando relaxado, as fibras musculares produzem mais ATP do que precisam. Este excesso de ATP é
utilizado para produzir fosfato de creatina, uma molécula rica em energia que ocorre somente nas fibras
musculares. Neste caso, um grupo fosfato do ATP é transferido para a creatina formando fosfato de creatina e
ADP.
A creatina é uma molécula semelhante a um aminoácido que é sintetizada no fígado, rins e pâncreas, e é
derivada de certos alimentos (leite, carne vermelha, peixe). Depois são transportados para as fibras musculares.
Durante a contração muscular o grupo fosfato retorna ao ADP formando ATP. Juntos fosfato de creatina e ATP
produzem energia por 15 segundos.
Se a contração continuar por mais 15 segundo, a próxima fonte de ATP é a glicólise, na qual uma molécula
de glicose é quebrada em 2 moléculas de ácido pirúvico e produz 2 ATPs. Quando o nível de oxigênio se torna
baixo devido a um exercício vigoroso, o ácido pirúvico é convertido em ácido lático, num processo chamado de
respiração celular anaeróbia. Esta última produz energia por 30 a 40 segundos.
Para que a atividade muscular demore mais de um minuto e meio depende do aumento da respiração celular
aeróbia, que é uma série reações que requerem oxigênio, produzem ATP e ocorrem nas mitocôndrias.
98

As fibras musculares possuem 2 fontes de oxigênio: 1) oxigênio oriundo do sangue e 2) oxigênio liberado
pela Mioglobina (pigmento que se liga ao oxigênio presente somente em fibras musculares). A respiração celular
aeróbia ocorre em atividades musculares por mais de 10 minutos.

7.5 Fadiga Muscular.


Quando o músculo não consegue mais contrair após uma atividade prolongada tem-se a fadiga muscular.
Causada principalmente pelo declínio de Ca2+ no sarcoplasma, depleção de fosfato de creatina, oxigênio
insuficiente, depleção de glicose e outros nutrientes. Assim como, a acumulação de ácido lático e falha de
impulsos nervosos.

7.6 Tecido Muscular Estriado Cardíaco.


A maior parte do coração é formado por tecido muscular estriado cardíaco. Uma de suas características
principais é que ele é involuntário. As fibras musculares cardíacas são ramificadas e possuem um único núcleo.
Cada fibra muscular cardíaca é unida a outra por um espessamento da sarcolema chamada de disco intercalar.
Estes discos mantêm as fibras unidas e possuem junções comunicantes. As fibras musculares cardíaca possui
endomísio e perimísio, mas não possuem epimísio.
Uma das grandes diferenças d o músculo esquelético é a fonte de estímulo. Algumas fibras musculares
cardíacas agem como marcapasso e iniciam cada contração. Alguns hormônios e neurotransmissores podem
aumentar ou diminuir os batimentos cardíacos.
99

7.7 Tecido Muscular Liso.


O tecido muscular liso é encontrado nos órgãos internos e vasos sanguíneos. Também é involuntário,
menores em comprimento e diâmetro quando comparados a fibra muscular esquelética. Cada fibra muscular lisa é
uma célula oval com núcleo central. Além dos filamentos grossos e finos, possuem filamentos intermediários. Por
que as fibras não se sobrepõem de uma maneira regular, elas não possuem estrias.
Os filamentos finos no músculo liso são ligados a estruturas chamadas corpos densos, que são
funcionalmente similares ao disco Z nas fibras estriadas. Alguns corpos densos são espalhados pelo sarcoplasma e
outros são ligadas a sarcolema. Feixes de filamentos intermediários também se ligam aos corpos densos e se
estendem de um corpo denso para um outro.
Durante a contração o mecanismo de deslizamento entre os filamentos grossos e finos geram tensão que é
transmitida para os filamentos intermediários. Isto faz puxar os corpos densos ligados a sarcolema causando um
encurtamento no comprimento da fibra muscular.
Existem 2 tipos de tecido muscular liso: 1) Unitário ou visceral, em que a estimulação de uma fibra é
transmitida para outras fibras e o músculo se contrai como um. Ocorre nas paredes dos vasos sanguíneos e
vísceras ocos como estômago, intestinos, útero e bexiga urinária. 2) Multiunitário, em que cada fibra muscular lisa
possui seu nervo motor. Ocorre nas paredes de artérias grandes, nas grandes vias respiratórias, músculo eretor dos
pelos e nos músculos dos olhos.
100

7.8 Contração do Músculo Liso.


A contração do músculo liso começa mais lentamente e dura mais do que nas fibras estriadas esqueléticas.
Íons de cálcio entram na fibra muscular lentamente e também saem da fibra muscular lentamente quando o
estímulo termina. Este tempo maior de cálcio no sarcoplasma mantém o tônus do músculo liso, um estado de
contração parcial.
O músculo liso apresenta filamento de actina e de miosina mais longos do que a do músculo esquelético.
Possui também uma isoforma de miosina. A atividade de ATPase da miosina é mais lenta, o que diminui a taxa de
ciclagem das pontes cruzadas. As cadeias menores de miosina, chamadas de cadeia leve da miosina, tem papel
regulador do controle de contração. A actina é mais abundante no músculo liso do que no músculo esquelético. A
actina está associada a tropomiosina, mas não possui troponina.
101

O músculo liso tem menos retículo sarcoplasmático do que o músculo esquelético. O principal canal de
cálcio do retículo sarcoplasmático é o canal acoplado ao receptor de IP3 (trifosfato de inositol).
Depois o cálcio inicia uma cascata que termina com a fosforilação da miosina da seguinte maneira: O
cálcio se liga a calmodulina (uma proteína ligadora) que ativa uma enzima chamada cinase da cadeia leve da
Miosina (MLCK), que então fosforila as cadeias proteicas próximas a cabeça de miosina criando a cascata de
fosforilação da miosina, aumentando a atividade da ATPase da miosina. Que por sua vez, aumenta a ligação das
cabeças de miosina com actina e os ciclos das pontes cruzadas

Referências.

MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia. 3ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2009. 1072p.

MARTINI, F.H.; TIMMONS, M.J.; TALLITSCH, R.B. Anatomia Humana. 6ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2009. 1100p.

SILVERTHORN, D.U. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 5 ed. Porto Alegre: Artmed. 2010. 989p.

TORTORA, G.J.; DERRICKSON, B. Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 8ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2012. 712p.
102

8 O Sistema Nervoso.
8.1 Introdução.
Dentre os 11 sistemas do corpo o sistema nervoso e o sistema endócrino têm papel muito importante na
regulação da homeostase do corpo. O sistema nervoso responde mais rápido a qualquer mudança na homeostase,
enquanto o sistema endócrino opera mais lentamente através de hormônios liberados no sangue. Possui a função
sensorial detectam mudanças tanto internamente como externamente ao corpo; Integradora, analisando todas as
informações sensoriais, armazenando algumas e criando respostas; Função motora criando uma resposta motora
apropriada.
Todos os tecidos nervosos do corpo formam o sistema nervoso. O sistema nervoso dos animais tem como
função receber estímulos de um ou de vários receptores, interpretar estes estímulos nos centros nervosos e gerar
uma resposta consciente ou inconsciente. Esta resposta é executada pelos órgãos efetores (músculos e
glândulas).
Anatomicamente, o sistema nervoso divide-se em: Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Nervoso
Periférico (SNP). O SNC é constituído pelo Encéfalo e pela Medula Espinhal. O encéfalo, por sua vez, é
composto pelo cérebro, cerebelo, e tronco cerebral (ponte, bulbo e mesencéfalo). O SNP é formado pelo tecido
nervoso fora do SNC constituído pelos nervos, gânglios, plexos e terminações nervosas ou receptores
sensoriais espalhados pelo corpo.
Nervo é um feixe de centenas a milhares de axônios associados a tecido conjuntivo e vasos sanguíneos que
se estendem fora do cérebro e medula espinhal. Do cérebro emergem 12 pares de cranianos e da medula espinhal
emergem 31 pares de nervos raquidianos. Gânglios são pequenas massas de tecido nervo, constituído
principalmente de corpos celulares de neurônios.
Os plexos entéricos são uma rede extensa de neurônios localizados na parede do trato gastrointestinal. Os
receptores sensoriais se refere a estrutura do nervo que monitora qualquer mudança interna ou externa como
exemplo temos: receptores de tato na pele, fotorreceptores nos olhos, receptores olfatórios no nariz.
O SNP se divide em sistema nervoso somático (SNS), sistema nervoso autônomo (SNA) e sistema nervoso
entérico (SNE). O SNS é formado por neurônios sensoriais (visão, audição, olfato e paladar) que conduzem
informações para o SNC. E de neurônios motores que conduzem impulsos do SNC para os músculos esqueléticos.
Como as respostas deste sistema é conscientemente controlada ela é chamada de voluntária.
O SNA consiste de neurônios sensoriais localizado nos órgãos viscerais (estômago, pulmões) que levam
informações para o SNC, e de neurônios motores que conduzem informações do SNC para os músculos lisos,
cardíaco e glândulas. Como estas ações são de maneira inconsciente, elas são chamadas de involuntária.
A parte motora do SNA se divide em simpático e parassimpático. As ações motoras deste sistema são
geralmente opostas. Por exemplo, neurônios do SNA simpático aumentam o batimento cardíaco e os do SNA
parassimpático diminuem. De maneira geral, o simpático ajuda nos exercícios ou ações de emergência, a chamada
luta ou fuga. Diferentemente, o parassimpático envolve as ações de descanso e digestão.
O SNE é involuntário r consiste de 100 milhões de neurônios nos plexos entéricos que se estendem por
quase todo trato gastrointestinal. Muitos neurônios dos plexos entérico funcionam de certa forma
independentemente do SNA e SNC, embora se comunicam com SNA simpático e parassimpático. Os neurônios
103

sensoriais do SNE monitoram mudanças químicas no trato gastrointestinal e movimentos de suas paredes. O SNE
controla os movimentos peristálticos, secreções como suco gástrico e hormônios.
104

8.2 Células do Sistema Nervoso.


As células que compõem o sistema nervoso são basicamente duas: Células da Glia que não conduzem
impulsos nervosos e os neurônios que conduzem impulsos nervosos. Os neurônios possuem excitabilidade
elétrica, que é a capacidade de responder a um estímulo e converter em potencial de ação. O estímulo é qualquer
mudança no ambiente interno e/ou externo capaz de iniciar um potencial de ação. Um potencial de ação ou
impulso nervoso é um sinal elétrico que propaga pela membrana celular de um neurônio ou fibra muscular.
Os neurônios são formados por:
11) O corpo celular ou pericário parte com maior volume e contendo o citoplasma com suas organelas
e o núcleo celular. A maioria das moléculas necessárias para o funcionamento do neurônio são
sintetizadas no corpo celular. Deste dois tipos de extensões emergem, dendritos e axônio.
12) Os dendritos, que são ramificações curtas amielinizadas (sem bainha de mielina) que partem do
corpo celular e trazem impulsos nervosos para o neurônio. Os impulsos nervosos chegam em
pequenas projeções dos dendritos, chamadas espinhas ou gêmulas. As gêmulas são importantes para a
plasticidade dos neurônios relacionadas com adaptação, memória e aprendizado. A maioria dos
neurônios possui muitos dendritos.
13) O axônio, um filamento longo que conduz o impulso nervoso para outras células (outro neurônio,
fibra muscular, glândulas). O local de união entre corpo celular e o axônio é chamado de cone de
implantação. Este axônio pode ou não estar envolvido por membrana que funciona como isolante,
chamada bainha de mielina. Contudo, a bainha de mielina não é contínua ao longo do axônio,
havendo porções não mielinizadas chamadas de nódulo de Ranvier. O impulso nervoso é transmitido
de maneira saltatória, tornando o processo mais eficiente (menor gasto energético) e mais rápido.
Alguns axônios possuem tem ramificações laterais chamadas axônios colaterais. Na extremidade do
axônio, este se divide em ramificações finas, o telodendro
O local onde dois neurônios ou um neurônio e uma célula efetora (músculo ou glândulas) se comunicam é
denominado de sinapse. As pontas do terminal axônico se expandem em botões terminais ou botões sinápticos
ou telodendros. Nestes estão localizados as vesículas sinápticas que armazenam neurotransmissores.

8.3 Classificação Anatômica ou Morfológica do Neurônio.


Anatomicamente, os neurônios podem ser classificados em: Multipolar, Bipolar e Pseudounipolar. Os
neurônios multipolares se caracterizam por ter um axônio e dois ou mais dendritos, a maioria dos neurônios
motores e interneurônios pertencem a esse grupo, ocorre principalmente no cérebro e medula espinhal.
Os bipolares apresentam um dendrito e um axônio. São geralmente raros, encontrados na retina e no
gânglio vestibular e coclear, na retina e na mucosa olfatória. Eles possuem uma ramificação próximo ao corpo
celular e que depois se ramifica em dois. Sendo que, um ramo se dirige para o SNC e outro para periferia.
Os neurônios pseudounipolares ou unipolares possuem dendritos e um axônio que são fundidos para
formar um processo contínuo que emerge do corpo celular, ocorrem em neurônios sensoriais de gânglios espinhais
e alguns gânglios cranianos.
105

8.4 Classificação Funcional ou Fisiológica dos Neurônios.


Em relação a função os neurônios podem ser: Sensoriais, Motores e interneurônios. Os neurônios
sensoriais recebem estímulos do meio-ambiente e do interior do corpo. Uma vez que, um estímulo apropriado
ativa, o neurônio sensorial cria um potencial de ação no seus axônio que é transmitido para o SNC pelos nervos
craniais e raquidianos.
Os neurônios motores enviam estímulos do SNC para os órgãos efetores pelos nervos craniais e
raquidianos. Os interneurônios fazem conexão entre neurônios motores e sensoriais formando uma rede
106

integradora, estima-se que 99,9% de todos os neurônios façam parte desta rede.

8.5 Células da Glia ou Neuróglia.


As células do sistema nervoso incluem células que não estão associadas a transmissão do impulso
nervoso. Mas, realizam funções importantes para o bom funcionamento deste sistema, as chamadas células da
glia ou neuróglia. As células da glia presente no SNC são: astrócitos, micróglia, células ependimárias e
oligodendrócitos.
Os astrócitos são células com forma estreladas e com muitas ramificações. Estas células ligam os
neurônios aos capilares sanguíneos e a pia-máter (uma das membranas que reveste o SNC), tem função de
sustentação, participam do controle da composição iônica e molecular do meio extracelular, regulam a atividade
dos neurônios e são responsáveis pela barreira hematoencefálica. Existem dois tipos de astrócitos, os
protoplasmáticos e fibrosos.
Os astrócitos protoplasmáticos apresentam maior número de prolongamentos curtos e ramificados, e
presentes principalmente na substância cinzenta do cérebro. Os astrócitos fibrosos se caracterizam por
prolongamentos menos numerosos e mais longos, estão presente na substância branca do cérebro.
Micróglia é uma célula fagocitária derivada de células precursoras da medula óssea vermelha e trazidas
pelo sangue. Fazem parte do processo de inflação e de reparação do sistema nervoso central removendo restos
celulares. Células ependimárias são células epiteliais colunares que forram os ventrículos cerebrais e o canal
107

central da medula espinhal.


Os oligodendrócitos são responsáveis pela produção da bainha de mielina nos neurônios do SNC. O
processo de mielinização ocorre pela formação de camadas concêntricas da plasmalema dos oligodendrócitos.
Um único oligodendrócito mieliniza vários axônios vizinhos chegando a 60 axônios em alguns casos. Pouco ou
nenhuma parte do citoplasma do oligodendrócito está em contato com os axônios. Isto faz com os nódulos de
Ranvier sejam mais largos e em menor número quando comparados com a bainha de mielina no SNP.
No SNP existem dois tipos de células da glia: As células satélites, que são células chatas que envolvem o
corpo celular dos neurônios e dos gânglios do SNP. Fornecendo suporte e regulando troca de materiais entre o
corpo celular o líquido intersticial.
Outra neuróglia do SNP são as células de Schwann. Estas células são responsáveis pelo processo de
mielinização dos neurônios do SNP. O processo de mielinização começa no período embrionário. Cada célula de
Schwann envolve um único axônio várias vezes. No final temos um axônio envolvido por várias camadas de
membrana celular da célula de Schwann (bainha de mielina) e uma outra parte mais externa com citoplasma e
núcleo (neurilema). A neurilema é encontrada somente no sistema nervoso periférico (SNP) e ajuda na
regeneração dos axônios.
O papel das Células de Schwann e dos Oligodendrócitos no processo de mielinização, podemos ter a
impressão de que todas células nervosas são mielinizadas. Entretanto, existem neurônios cujo axônio e não possui
bainha de mielina (amielinizadas).
O Tecido nervoso se agrupa de diversas formas. Os corpos celulares dos neurônios se agrupam e forma um
gânglio nervoso no SNP, já um grupamento de corpos celulares de neurônios no SNC forma um núcleo. A palavra
nervo se refere a um grupo ou feixe de axônios no SNP. No SNC este mesmo feixe de axônios é chamado de
trato.
Ao se observar uma dissecação de um cérebro um de uma medula espinhal se distingui um tecido mais
claro chamado de substância branca, que é composta por axônios mielinizados, e substância cinzenta formada
por corpos celulares de neurônios, dendritos, axônios não mielinizados e neuróglia.
108

8.6 Sinapses e Potencial de Ação.


As sinapses são regiões de contato de neurônios com outros neurônios ou com células efetoras (células
musculares e glandulares). O impulso nervoso é transportado de maneira unidirecional. Portanto, há uma célula
pré-sináptica (antes da sinapse) e outra pós-sináptica (depois da sinapse).
Uma análise detalhada da sinapse mostra um terminal pré-sináptico que traz o sinal, um terminal pós-
sináptico que gera um novo sinal e um espaço entre os dois terminais chamada de fenda sináptica. As sinapses
podem se entre um axônio e um corpo celular (axo-somática), entre um axônio e um dendrito (axo-dendrítica) e
entre dois axônios (axo-axônica).
As sinapses podem ser classificadas como elétricas e químicas. As sinapses elétricas possuem junções do
tipo gap que permitem o movimento de íons entre as células transmitindo diretamente o impulso nervoso de uma
célula para outra sem o uso de neurotransmissores. Este tipo de sinapse é comum em invertebrados e também
ocorre nas sinapses com o músculo liso e com o músculo cardíaco. As sinapses químicas utilizam sinais
químicos, os neurotransmissores, para conduzir o impulso nervoso de uma célula para outra.
A transmissão sináptica química ocorre da seguinte maneira: 1- Um impulso nervoso chega ao bulbo
sináptico terminal do axônio pré-sináptico. 2- Então ocorre a despolarização da membrana pré-sináptica, os
canais de Cálcio (Ca+) se abrem permitindo a entrada de grande quantidade de íons de cálcio oriundo do meio
intercelular. 3- Este influxo1 de cálcio estimula a exocitose das vesículas contendo os neurotransmissores. 4- Os
neurotransmissores viajam pela fenda sináptica e chegam a membrana pós-sináptica onde se ligam a receptores. 5-

1 Influxo: entrada de alguma substância.


109

Esta ligação abre os canais de íons que atravessam a plasmalema 2.6- A medida que ocorre o influxo de íons a
voltagem da membrana muda levando a despolarização da mesma. 7- A despolarização ao chegar a um certo nível
inicia um ou mais impulsos nervosos.
O impulso nervoso ocorre devido a uma mudança no potencial de membrana. Existem dois potenciais de
membrana: O potencial de repouso e o potencial de ação. No potencial de repouso, o neurônio não está
transmitindo nenhum impulso nervoso. Existem uma diferença de cargas elétricas entre o meio intra e extracelular.
O meio intracelular é eletricamente negativo com uma diferença de potencial variando de -40mV (milivolts) a
-90mV, e a média de -70mV.
O potencial de repouso nasce de três fatores: 1) Distribuição desigual de íons, neste estado,o meio
extracelular é rico em íons de sódio (Na+) e cloro (Cl-). O meio intracelular é rico em potássio (K+) e cargas
negativas como fosfatos aderidos as moléculas orgânicas e aminoácidos em proteínas. Contudo, o nível K+ é alto
e o axolema (plasmalema do axônio) vaza grandes quantidades pelos canais de K+ diminuindo a sua concentração
no meio intracelular e o torna carregado negativamente. Ao mesmo tempo, a permeabilidade da membrana ao Na+
é muito baixa, mas permite um influxo de Na+ muito lento. Se nada ocorresse o potencial de repouso
desapareceria. Isto não ocorre devido a Bomba de Na+ e K+ que bombeia Na+ para fora mais rapidamente que
entra e trazendo para o interior da célula K+.
O potencial de ação é uma sequencia rápida de eventos que diminuem e invertem a potencial da membrana
celular e que eventualmente volta ao potencial de repouso. Ele possui 2 fases principais: a fase de despolarização e
de repolarização. Durante a despolarização o potencial negativo da membrana torna-se menos negativo, chega a
zero e fica positivo. Já na repolarização, a polarização da membrana é restaurada ao seu estado de repouso de
-70mV. As vezes, pode ocorrer a hiperpolarização em que o potencial de membrana torna-se mais negativo do
que o seu estado de repouso.
Ao ser estimulado, 1- os canais iônicos de Na+ se abrem produzindo um influxo rápido de Na+. Este
influxo torna o meio intracelular mais positivo com um potencial de +30mV, este fenômeno é chamado de
despolarização. Contudo, o potencial de +30mV fecha os canais de Na+ e ao mesmo tempo os canais de K+ se
abrem e devido à alta concentração intracelular, o K+ é liberado para o meio extracelular fazendo com que o
potencial de membrana volte a ser -70mV, a chamada repolarização.
A condução do impulso nervoso começa onde nascem, geralmente no cone de implantação e se
propagam até aos telodendros. No axônios mielinizados, os canais de Na+ e K+ são localizados nos nódulos de
Ranvier. As correntes carregadas de Na+ e K+ correm pelo fluido extracelular ao redor da bainha de mielina e
através do citoplasma de um nó para o outro. Por que o impulso corre somente nos nós, e o impulso salta de um
nó para outro (condução saltatória), a propagação do impulso é mais rápida. Nos axônios amielinizados a
condução é contínua.
Existem cerca de 100 substâncias conhecidas ou suspeitas de serem neurotransmissores. Os
neurotransmissores mais comuns são: acetilcolina, catecolaminas (epinefrina, norepinefrina e dopamina),
serotonina, aminoácidos (GABA, glutamato, aspartato, glicina), óxido nítrico (NO) e pequenos peptídeos
(substancia P, hormônio liberador do hipotálamo, encefalinas, peptídeo intestinal vasoativo,

2 Mesmo que membrana celular.


110

colecistoquinina e neurotensina.
Os aminoácidos Glutamato e Aspartato têm efeitos excitatórios, enquanto GABA (ácido gama
aminobutírico) e glicina são neurotransmissores inibitórios. Drogas para combater a ansiedade como diazepam
aumenta a ação do GABA.
A acetilcolina é o neurotransmissor entre o axônio e o músculo estriado e também do SNC, neurônios
que utilizam acetilcolina como neurotransmissores são chamados de neurônios colinérgicos. Catecolaminas são
secretadas pelas células do SNC e estão envolvidos na regulação do movimento, humor e atenção. Neurônios que
utilizam adrenalina (epinefrina) são chamados de neurônios adrenérgicos.
A norepinefrina tem papel no “acordar do sono”. A dopamina é relacionado as respostas emocionais,
comportamentos viciantes e experiências prazerosas. A serotonina está envolvida na recepção sensorial,
regulação da temperatura, controle do humor, apetite e no acometimento do sono.
A serotonina atua no SNC e no sistema nervoso entérico (SNE), neurônios que utilizam este
neurotransmissor é chamado de serotonérgicos. O óxido nítrico é um gás e também um neurotransmissor em
concentrações baixas. Os neuropeptídeos são aminoácidos ligados por ligações peptídicas, como as endorfinas
que são analgésicos naturais do corpo.
Neurotransmissores do tipo de pequenos peptídeos são sintetizadas e liberadas no trato intestinal por
células entéricas e endócrinas. Podem ser agir sobre células vizinhas ou serem carregadas pelo sangue como
hormônios e agirem sobre células alvos. Também são liberados por órgãos endócrinos e por neurônios do
hipotálamo. Um exemplo são as endorfinas, que são anestésicos naturais do corpo.
111
112

8.7 O Sistema Nervoso Central (SNC).


O SNC é formado pelo Encéfalo, Medula espinhal. O Encéfalo é formado pelo Cérebro, Cerebelo e Tronco
cerebral (Mesencéfalo, Bulbo, Ponte). O desenvolvimento do SNC ocorre já na fase embrionária com a formação
da placa neural, seguida pelo sulco neural, dobras neurais, cristais neurais e finalmente o tubo neural. Regiões
diferentes do tubo neural se diferenciam em tecidos nervosos do SNC e SNP.
Nos mamíferos, o SNC está contido e protegido pela caixa craniana e pelo canal vertebral. Sendo envolvido
113

por membranas do tecido conjuntivo, as meninges. Existem três meninges, a dura-máter, pia-máter e aracnóide.
A dura-máter é mais externa em contato com o crânio, formada por tecido conjuntivo denso contínuo
com o periósteo dos ossos da caixa craniana. Na medula espinhal a dura-máter é separada do periósteo formado
um espaço chamado de espaço peridural.
A aracnóide é intermediária entre a dura-máter e a pia-máter. A porção em contato com a dura-máter e
em forma de membrana, e outra em contato com a pia-máter constituída por traves que as ligam. O liquido
cérebro espinhal ou cefalorraquidiano localiza-se no espaço entre a aracnoide e a pia-máter (espaço
subaracnoideo). Este líquido funciona como um colchão hidráulico, protegendo contra traumatismos. Em algumas
regiões as expansões da aracnóide perfuram a dura-máter formando as vilosidades da aracnóide, cuja função é
transferir líquido cefalorraquidiano para o sangue.
A pia-máter é a membrana mais interna, e em contato com o encéfalo e medula espinhal. Bastante
vascularizada e aderente ao tecido nervoso. Mas, sem contato direto com as células nervosas. Entre a pia-máter e
as células nervosas aparecem os prolongamentos dos astrócitos. Os vasos sanguíneos penetram no tecido nervoso
por meio de passagens revestidas de por pia-máter, os espaços perivasculares. Contudo, os capilares do sistema
nervoso são envolvidos pelos prolongamentos dos astrócitos.
A partir deste ponto vamos estudar a histologia do SNP, que inclui os nervos, gânglios e terminações
nervosas. Podemos encontrar nervos associados ao encéfalo (nervos cranianos), associados a medula espinhal
(nervos espinhais) e espalhados pelo corpo (nervos periféricos). Os nervos são formados por um conjunto de
feixes de fibras nervosas envolvidas por tecido conjuntivo.
As fibras nervosas são formadas pelo axônio e suas membranas envoltórias. Um detalhe interessante é
que quanto mais calibroso (mais espesso) é axônio maior o número de membranas envoltórias. As fibras
mielínicas possuem o axônio possuem bainha de mielina, que na verdade é um complexo lipoproteico branco
derivado da modificação da membrana celular das células de Schwann ou oligodendrócitos.
Tanto no SNC como no SNP existem fibras nervosas amielínicas (sem bainha de mielina). Porém, as
fibras amielínicas ainda estão associadas as células de Schwann e Oligodendrócito, que envolve uma única vez
vários axônios no interior do envoltório formando o mesaxônio. Não existe nódulos de Ranvier, pois o envoltório
é contínuo.

8.7.1 A medula espinhal


A medula espinhal é localizada no canal vertebral e é envolvida e protegida pelas meninges. Seu tamanho
varia de 42 a 4 cm e se estenda do bulbo até próximo a segunda vértebra lombar na coluna vertebral. Possui 31
pares de nervos chamados de nervos espinhais ou raquidianos. Destes, 8 cervicais, 12 torácicos. 5 lombares, 5
sacrais e 1 coccigiano. Já que a medula espinhal é mais curta do que a coluna vertebral. Os nervos espinhais da
região lombar, sacral e coccigiana não nascem no mesmo nível de saem e suas raízes se dobram para baixo
formando um emaranhado como fios de cabelos, a chamada cauda equínea.
A medula espinhal possui duas regiões mais largas, as intumescência cervical e lombar, que
suprem os membros superiores e inferiores, respectivamente. Duas fissuras, a fissura mediana anterior (profunda)
e a sulco mediano posterior (rasa) dividem a medula em lado direito e esquerdo. A substância branca circunda uma
114

massa central de substância cinzenta em forma da letra “H”, no centro da substância cinzenta existe o canal
central que contém o líquido cérebro-espinhal ou cefalorraquidiano.

8.7.2 Nervos Espinhais.


Os nervos espinhais são vias que conectam a medula espinhal com regiões específicas do corpo. Nestes
nervos espinhais, dois feixes de axônios, as raízes conectam cada nervo espinhal a cada segmento da medula
espinhal. As raízes posteriores ou dorsais possuem somente axônios sensoriais, que trazem mensagens sensoriais
da pele, músculos e dos órgãos internos para o SNC. Estas raízes dorsais têm um alargamento, o gânglio da raiz
dorsal, que contém os corpos celulares dos neurônios sensoriais. As raízes anteriores ou dorsais conduzem
impulsos do SNC para órgãos efetores.
A substância cinzenta da medula espinhal contém os corpos celulares, dendritos e axônios não-
mielinizados, telodendros e células da neuróglia. Em cada lado da medula espinhal, a substância cinzenta se
subdivide em regiões chamadas “cornos”, que podem ser anterior, posterior ou lateral. Os cornos posteriores ou
dorsais contêm corpos celulares, axônios de interneurônios e axônio de neurônios sensoriais.
Já, os cornos anteriores ou ventrais possuem copros celulares de neurônios motores envolvidos na
contração muscular. Entre os cornos dorsais e ventrais existem os cornos laterais, que possuem corpos celulares
dos neurônios motores autônomos que regulam as atividades do músculo cardíaco, músculos lisos e glândulas.
115

A substância branca da medula espinhal é formada por axônios mielinizados que se organizam em
regiões chamadas de funículos anterior, lateral e posterior. Cada funículo possui um ou mais tratos (feixes de
axônios com mesmas origens e destinos comuns, e carregam informação similar). Os tratos sensoriais carregam
informações ao cérebro. Os tratos que carregam informações para medula espinhal são chamados de tratos
motores.
Em relação a estrutura, s nervos espinhais possuem camadas de tecido conjuntivo para protegê-los.
Axônios individuais, mielinizados ou não, são envolvidos pelo endoneuro. Estes axônios, por sua vez, se
organizam em feixes chamados de fascículos, que então são envolvidos pelo perineuro. A cobertura de todo o
nervo espinhal é chamada de epineuro. Vasos sanguíneos nutrem os nervos dentro do perineuro e epineuro.
116
117

8.7.3 As funções da Medula Espinhal.


A substância branca da medula espinhal e massa cinzenta têm duas funções principais na manutenção
da homeostase. (1) A matéria branca da medula espinal consiste de tratos que servem como auto-estradas para
condução do impulso nervoso. Ao longo destas vias, impulsos sensoriais viajam para o cérebro e impulsos
motores viajam a partir do cérebro para os músculos esqueléticos e de outros tecidos efetores.
A rota que os impulsos nervosos seguir a partir de um neurônio numa parte do corpo para outros neurônios
em outras partes do corpo é chamado de via. (2) A substância cinzenta da medula espinhal recebe e integra as
informações de entrada e saída, e é um local para a integração dos reflexos.
Um reflexo é uma sequência rápida, involuntária de ações que ocorre em resposta a um estímulo particular.
Alguns reflexos são inatos, como puxar a sua mão longe de uma superfície quente antes de você se sentir ainda
que é quente (um reflexo de retirada).
Outros reflexos são aprendidos ou adquiridos, como os muitos reflexos que você aprende enquanto a
aquisição de habilidades para dirigir. Quando a integração ocorre na substância cinzenta da medula espinhal, o
reflexo é um reflexo espinal. Por outro lado, se a integração ocorre no tronco cerebral, em vez de a medula
espinal, o reflexo é um reflexo craniana. Um exemplo é o movimento de rastreamento de seus olhos enquanto
você lê esta frase. A via seguida por impulsos nervosos que produzem um reflexo é conhecido como um arco
reflexo. Usando o reflexo patelar como um exemplo, os componentes básicos de um arco reflexo são como se
segue
1-Receptor sensitivo: A extremidade distal de um neurônio sensorial (ou, por vezes, uma célula receptora
separada) serve como um receptor sensorial. Os receptores sensoriais respondem a um tipo específico de estímulo
através da geração de um ou mais impulsos nervosos. No reflexo patelar, receptores sensoriais conhecidos como
fusos musculares detectam ligeiro alongamento do músculo quadríceps femoral (coxa anterior) quando a patela
(rótula) ligamento é batido com um martelo.
2- Neurônio Sensitivo: Os impulsos nervosos conduzidos a partir da receptor sensorial ao longo do axônio de um
neurônio sensorial para seus terminais de axônios, que estão localizados na substância cinzenta do SNC. As
ramificações dos axônios do neurônio sensorial também retransmitem impulsos nervosos para o cérebro,
permitindo conscientização de que o reflexo ocorreu.
3- Centro integrador: Uma ou mais regiões de matéria cinzenta no SNC agem como um centro integrador. No
tipo mais simples de reflexo, tal como o reflexo patelar, o centro de integração é uma única sinapse entre um
neurônio sensorial e um neurónio motor. Em outros tipos de reflexos, o centro de integração inclui um ou mais
interneurônios.
4- Neurônio Motor: Os impulsos desencadeados pelo centro de integração saem da medula espinhal (ou tronco
cerebral, no caso de um reflexo craniano) para um neurônio motor para a parte do corpo que vai reagir. No reflexo
patelar, o axônio do neurônio motor se estende ao músculo quadríceps femoral.
5- Efetor: A parte do corpo que responde ao impulso do nervo motor, tais como um músculo ou glândula, é o
efetor. A sua ação é um reflexo. Se o efetor é o músculo esquelético, o reflexo é um reflexo somático. Se o efetor é
um músculo liso, músculo cardíaco, ou uma glândula, o reflexo é um reflexo autônomo (visceral). Por exemplo,
os atos de engolir, urinar, defecar e todos envolvem reflexos autônomos. O reflexo patelar é um reflexo somático
118

porque seu efetor é o músculo quadríceps femoral, que se contrai e relaxa o alongamento iniciado pelo reflexo.
Em suma, o reflexo patelar provoca extensão do joelho com a contração do músculo quadríceps femoral, em
resposta a estímulo do ligamento patelar.

8.7.4 Encéfalo
O encéfalo no adulto possui a seguinte estruturais: 1) Hemisférios cerebrais; 2) Diencéfalo; 3) Tronco
cerebral(mesencéfalo, bulbo e ponte) e 4) Cerebelo. O cérebro possui cavidades ocas chamadas de ventrículos. A
superfície do cérebro é composta de uma fina camada de substância cinzenta, abaixo existe a substância branca.
Embora represente 2% do peso o cérebro utiliza 20% de suprimento de oxigênio do corpo, assim como
glicose não é armazenada no cérebro, o sangue é a fonte de oxigênio e glicose. Contudo, para proteger os
neurônios de substâncias químicas e patógenos existe a barreira hemato encefálica, que são capilares sanguíneos
vedados por ação dos astrócitos.
O fluido cérebro-espinhal ou líquido cefalorraquidiano é uma líquido transparente que contém oxigênio,
glicose e outras substâncias que o tecido nervoso necessita e remove excretas e substâncias tóxicas do SNC. Este
líquido circula no espaço subaracnoide (entre aracnoide e a pia-máter) ao redor do encéfalo e da medula espinhal e
através de cavidades do cérebro chamadas de ventrículos.
Os ventrículos cerebrais são contínuos uns com os outros e com o canal central da medula espinhal. As
119

câmeras ocas dos ventrículos são preenchidos como líquido cérebro-espinhal e revestido por células ependimárias.
Os ventrículos laterias estão profundamente nos hemisférios cerebrais, são grandes com forma da letra “C”.
Anteriormente se separam por uma fina membrana chamada de septo pelúcido.
Estes ventrículos laterais se comunicam com o terceiro e estreito ventrículo no diencéfalo via um canal
chamada de forame interventricular. Este por sua vez, comunica-se com o quarto ventrículo via aqueduto cerebral
que corre no mesencéfalo. O quarto ventrículo se continua com o canal central da medula espinhal. Três
aberturas comunicam com o espaço subaracnoide, um par de aberturas laterais e abertura mediana.
Os hemisférios cerebrais são as partes mais evidentes do cérebro e com quase 83% do volume. As
protuberâncias elevadas, os giros, são separadas por depressões do tecido, os sulcos. As depressões mais
profundas são chamadas de fissuras e separam grandes regiões do cérebro.
Os giros e sulcos mais proeminentes são características anatômicas importantes e são similares em todos os
humanos. A fissura longitudinal mediana separa os hemisférios cerebrais. .A fissura transversa do cérebro separa
os hemisférios cerebrais do cerebelo abaixo.
Vários sulcos dividem os hemisférios em 5 lobos: frontal, parietal, temporal, ocipital e ínsula. Cada
hemisfério cerebral possui 3 regiões básicas: O córtex cerebral, a substancia branca interna e o núcleo basal,
que são ilhas de substancia cinzenta situadas profundamente na substancia branca.
O córtex cerebral é onde a nossa mente consciente reside. Permite-nos sabermos que estamos consciente,
sensações, comunicação, lembrança, entendimento e movimentos voluntários. Ele é composto de substancia
cinzenta (corpo celular do neurônio, dendritos, células da glia e vasos sanguíneos). Possui bilhões de neurônios
organizados em 6 camadas com 2 a 4 mm de espessura, mas é 40% da massa cerebral. As circunvoluções
triplicam a área da superfície.
Estudos envolvendo as imagens dos cérebros demonstram algumas regiões têm funções específicas em três
áreas funcionais: áreas motoras, áreas sensoriais e áreas associativas. A área motora controla o movimento
voluntário. A área sensorial está relacionada as sensações e a área associativa relacionam-se com a capacidade de
darmos uma resposta, armazena memória, decisão etc. A substância branca é responsável pela comunicação entre
as áreas cerebrais e entre o córtex cerebral é centros do SNC. Ela é composta pelas fibras mielinizadas agrupadas
em grandes tratos.
Os núcleos basais regiões de substancia cinzenta na substancia branca. O núcleo basal está localizado bem
fundo da substancia branca de cada hemisfério. As estruturas que formam o núcleo basal é um tema controverso,
mas muitos anatomistas concordam que cada hemisfério possui um núcleo caudado, putame e globo pálido. A
função do núcleo basal é discutível, mas sabemos que ele contribui junto com o cerebelo com a função motora.
Ele é importante para iniciar, parar e monitorar a intensidade do movimento executado pelo córtex.
Circundando a parte superior do tronco cerebral e o corpo caloso está um anel de estruturas que constitui o
sistema límbico. O sistema límbico é, às vezes chamado, de "cérebro emocional", porque ele desempenha um
papel principal numa gama de emoções, incluindo a dor, o prazer, a docilidade, carinho e raiva. Embora o
comportamento é uma função de todo o sistema nervoso, o sistema límbico controla a maior parte dos seus
aspectos involuntários relacionados com a sobrevivência. Experiências com animais sugerem que tem um papel
importante no controlo do padrão geral de comportamento. Em conjunto com as partes do cérebro, o sistema
120

límbico também funciona na memória; danos no sistema límbico provoca enfraquecimento da memória.

8.7.4.1 Diencéfalo.
O diencéfalo forma o núcleo central do cérebro posterior, e é envolvido pelos hemisférios cerebrais. Possui
3 estruturas pares: o tálamo, hipotálamo e epitálamo. Estas estruturas cinzentas estão no interior do terceiro
ventrículo.
O tálamo é um núcleo bilateral em forma oval conectado pela aderência intertalâmica. O tálamo é um relé
para informação em direção ao córtex. Dentro do tálamo estão um grande número de núcleos. Cada núcleo tem
uma função especializada, e projeta fibras para e recebe fibras de uma região específica do cérebro.
Fibras aferentes (do SNP para SNC) de todos os sentidos e todas as partes do corpo convergem no tálamo.
Dentro do tálamo a informação é organizada e editada. Impulsos com funções similares são direcionadas como um
grupo.
O hipotálamo está localizado abaixo do tálamo e cobre o tronco cerebral. Ele se estende do quiasma óptico
até aos corpos mamilares. Estes últimos são pares de núcleos semelhantes a ervilha que conduz informações
olfatórias. Entre o quiasma óptico e os corpos mamilares, existe o infundíbulo, que é uma haste de tecido nervoso
que conecta a glândula pituitária (hipófise) a base do hipotálamo.
Mesmo em tamanho muito pequeno, o hipotálamo é centro de controle visceral e na homeostase corporal
da seguinte maneira: Controla o SNA, inicia a resposta física as emoções, regula a temperatura corporal, regula o
apetite, regula o balanço hídrico e a sede, regula o centro do sono, controla as funções do sistema endócrino.
O epitálamo é a porção mais dorsal do diencéfalo, nele se encontra a glândula pineal, que secreta o
hormônio melatonina que o sinal indutor e antioxidante e junto com hipotálamo regula o ciclo entre sono e
desperto.

8.7.4.2 Tronco Encefálico.


O tronco encefálico, de cima para baixo, possui as seguintes regiões: mesencéfalo, ponte e bulbo.
Histologicamente, sua estrutura é semelhante, mas não igual, a estrutura da medula espinhal. Ele possui núcleos
de substancia cinzenta no meio da substancia branca. Tem função de produzir comportamentos automáticos
necessários a sobrevivência. Está localizado entre o cerebelo e a medula espinhal e é uma via de fibras entre os
centros nervosos superiores e inferiores. Além disso está associado aos 10 dos 12 pares de nervos cranianos.
O mesencéfalo está localizado entre o diencéfalo e a ponte. Núcleos estão espalhados ao redor da
substancia branca, tais como: corpos quadrigêmeos, colículo superior (centro do reflexo visual que coordena os
movimentos dos olhos ao seguir um movimento); colículo inferior (parte do relé auditório); substancia negra
(devido à alta quantidade de melanina, um precursor da dopamina), os núcleos ovais vermelhos (flexão dos
membros).

8.7.4.3 Ponte.
É a região entre o mesencéfalo e o bulbo, e é composto de tratos de condução. Fibras partem dos centros
cerebrais superiores para a medula espinhal, outras fibras se conectam com o cerebelo. Uma parte da formação
121

reticular (um núcleo) que auxiliam o bulbo a manter o ritmo da respiração.

8.7.4.4 Bulbo.
É a parte mais inferior do tronco cerebral que se continua como medula espinhal. As estruturas do bulbo
incluem: 1) as pirâmides, que são 2 saliências na face ventral formada por grandes tratos piramidais vindo do
córtex motor. 2) Pedúnculo cerebelar inferior: tratos que conectam a medula espinhal com o cerebelo. 3)
Complexo olivar inferior: situada lateralmente as pirâmides, conduzem informações sensoriais no grau de
extensão dos músculos e junturas para o cerebelo.
As funções do bulbo incluem: 1) Centro cardiovascular: ajusta a força e o batimento cardíaco de acordo
com as necessidades do corpo, e é o centro vasomotor, pois muda o diâmetro dos vasos sanguíneos regulando a
pressão sanguínea. 2) Centro respiratório: gera o ritmo respiratório e controla a taxa e força da respiração. 3)
Reflexos autônomos como: vomitar, soluçar, engolir, tossir e espirrar.

8.7.4.5 Cerebelo.
O cerebelo é o segundo maior órgão do encéfalo, situado dorsalmente a ponte e a medula espinhal e no lobo
ocipital do cérebro. Ele processa impulsos do córtex motor do cérebro e proporciona o tempo exato, contrações
apropriadas do músculo esquelético para movimentos suaves, agilidade necessária para dirigir, digitar, escrever
etc... Estas atividades são feitas de maneira inconsciente. Diz-se que cerebelo refina os nossos movimentos.
A sua estrutura consiste de simetria bilateral, com 2 hemisférios cerebelares, a sua superfície tem um
aspecto foliáceo com giros orientados transversalmente. Fissuras dividem os hemisférios cerebelares em lobos:
anterior, posterior e folículo-nodular. Como o cérebro, possui um córtex externo de substancia cinzenta e
internamente substancia branca, onde se localiza os núcleos cerebelares (porções de substancia cinzenta).
No córtex cerebelar se encontra um tipo de neurônio chamado de células de Purkinje. Estas células grandes
são os únicos neurônios que enviam axônio do córtex cerebelar, passando pela substancia branca até os núcleos
centrais do cerebelo. O padrão de substancia branca no cerebelo se assemelha a uma árvore, por isso é chamada de
árvore da vida.
O processo de afinação das atividades motoras ocorre da seguinte maneira.
Áreas motoras do córtex cerebral, repassam informações para núcleos no tronco cerebral, que avisa o cerebelo de
iniciar a contração dos músculos esqueléticos.
Ao mesmo tempo, o cerebelo recebe informações de todo o corpo como tensão nos músculos, tendões, posição
das junturas, vias visuais e de equilíbrio. Isto permite que o cerebelo avalie a posição corporal.
O córtex cerebelar calcula a melhor maneira de coordenar a força, direção e extensão da contração muscular,
prevenindo um movimento a mais do que necessário, mantém a postura e assegura movimentos
coordenados suaves e refinados.
O cerebelo envia para o córtex cerebral o “mapa” para movimentos coordenados.

8.7.4.6 Nervos Cranianos.


Existem 12 pares de nervos cranianos, e assim como os nervos espinhais fazem parte do sistema nervo
122

periférico (SNP). Eles são representados por numerais romanos e por nomes. Os numerais romanos indicam a
ordem em que saem do cérebro, e os nomes a distribuição e funções.
Os nervos cranianos podem emergir do nariz, olhos, ouvidos, tronco cerebral e medula espinhal. Três
nervos cranianos possuem somente axônio de neurônios sensoriais, chamados de nervos sensoriais. Cinco nervos
cranianos contém somente axônios de nervos motores que saem do cérebro e são chamados de nervos motores.
Outros quatro nervos cranianos são mistos, pois possuem axônios de nervos sensoriais e motores.
123
124
125
126

8.8 Sistema Nervoso Autônomo.


O SNP se divide em sistema nervoso somático (SNC), sistema nervoso autônomo (SNA) e sistema
nervoso entérico (SNE). O SNS consiste de neurônios sensoriais somáticos que conduzem informações para o
SNC de receptores na cabeça, parede do corpo, membros, órgãos dos sentidos, e de neurônios motores que
conduzem informações do SNC para os músculos esqueléticos.
O SNA é formado por: 1) neurônios sensoriais que conduzem informações para o SNC de receptores
sensoriais autônomos localizados nas vísceras (ex: estômago e pulmão), e 2) neurônios motores que conduzem
informações do SNC para o músculo liso, músculo cardíaco e glândulas. Uma vez que a sua resposta motora não
está sob o controle consciente, a ação do SNA é involuntária.
A parte motora do SNA se divide em: SNA simpático e parassimpático. Geralmente, o simpático e
parassimpático tem efeitos antagônicos. Por exemplo, o simpático aumenta o batimento cardíaco e o
parassimpático diminui.
O SNE é involuntário e faz parte do SNA. Ele é composto por 100 milhões de neurônio nos plexos
entéricos que se estendem por quase todo trato gastrointestinal. Muitos funcionam independentemente do SNA e
SNC, embora eles se comunicam com o SNC via neurônios simpáticos e parassimpáticos. Os neurônios sensoriais
do SNE monitoram mudanças químicas dentro do trato gastrointestinal. Neurônios entéricos motores controlam a
contração do músculo liso do trato gastrointestinal para movimentar o alimento, assim como secreções do trato
gastrointestinal como ácido estomacal e células endócrinas.
Acima falamos sobre o sistema nervoso autônomo e a sua divisão em sistema nervoso autônomo
simpático e parassimpático. Aqui vamos descrever de maneira resumida algumas diferenças histológicas e
fisiológicas entre estes dois sistemas.
127

A primeira diferença é na origem, o parassimpático é de origem crânio sacral (tronco cerebral e porção
sacral da medula espinhal) e o simpático é torácico lombar (porção torácica e lombar da medula espinhal).
A segunda diferença é na localização do gânglio. No parassimpático o gânglio está dentro do órgão
visceral ou bem próximo a ele. No simpático o gânglio esta bem próximo ao SNC.
As fibras nervosas pré-ganglionares no parassimpático são pouco ramificadas, enquanto no
simpático existem muitas ramificações.
O tamanho relativo das fibras nervosas pré-ganglionares e pós-ganglionares também difere. No
parassimpático, as fibras pré-ganglionares são longas e as pós-ganglionares são curtas, no simpático as
fibras pré-ganglionares são curtas e as pós-ganglionares são longas.
O papel fisiológico também se diferencia. No parassimpático tem como função conservar e armazenar
energia (descansar), diferentemente o simpático tem função de alarme (lute ou fuja). O que se traduz também em
diferenças nos neurotransmissores. No parassimpático, as fibras pré-ganglionares e pós-ganglionares são
geralmente colinérgicas (acetilcolina) e no simpático as fibras são pré-ganglionares são colinérgicas e as pós-
ganglionares são adrenérgicas (adrenalina).
128
129

8.9 Órgão dos Sentidos.


Nós de maneira consciente detectamos no SNC estímulos associados com cheiro, gosto, visão, audição e
balanço. Estes cinco sentidos são conhecidos como sentidos especiais. Os outros sentidos são denominados de
sentidos gerais, incluindo sentidos somáticos e viscerais. Os sentidos somáticos incluem sensações táteis (toque,
pressão e vibração), sensações térmicas (frio e calor), sensação de dor e sensações proprioceptivo (posição das
articulações e músculos e movimentos dos membros e cabeça). Os sentidos viscerais fornecem informações sobre
130

as condições dos órgãos internos.


A sensação é um estado de atenção consciente ou subconsciente de mudanças no ambiente interno ou
externo. Para que a sensação ocorra 4 condições devem ocorrer:
1- Um estímulo ou mudança no ambiente capaz de ativar neurônios sensoriais.
2- Um receptor sensorial deve converter o estímulo em sinal elétrico, que produz um impulso nervos.
3- Os impulsos nervosos devem ser conduzidos pela via neural até ao cérebro.
4- Uma região do cérebro deve receber e integrar os impulsos nervosos em sensação.
A percepção é a interpretação consciente das sensações que ocorre no córtex cerebral. Você ver com seus
olhos, ouve com os ouvidos são, isto ocorre por que nervos sensoriais trazem impulsos nervosos destes órgãos
para uma região específica do córtex cerebral que então interpreta estes impulsos nervosos.
Uma característica da maioria dos receptores sensoriais é adaptação, que é um decréscimo na força de uma
sensação durante um estímulo prolongado, isto devido a um decréscimo na resposta do receptores sensoriais,
resultando numa percepção da sensação menor até mesmo desaparecer.

8.9.1 Tipos de Receptores sensoriais.


Os receptores sensoriais podem simplesmente terminações nervosas livres, que são dendritos sem
especializações estruturais. São exemplos: receptores para dor, temperatura, cócegas e coceiras. Já receptores
para sensações somáticas e viscerais como toque, pressão e vibração possuem terminações nervosas
encapsuladas (dendritos são envolvidos por uma cápsula de tecido conjuntivo. Outros são formados por células
separadas especializadas que formam sinapses com neurônios sensoriais, como as células pilosa (ciliadas) do
ouvido interno.
131

De acordo com o estímulo que recebem, os receptores podem ser


1- Mecanorreceptores: são sensíveis a estímulos mecânicos como deformação, alongamento ou flexão. Eles
provêm sensações de toque, pressão, vibração, propriocepção, audição e equilíbrio.
2- Termorreceptores: detectam mudanças na temperatura.
3- Nociceptor: detectam dor mediante danos físicos ou químicos aos tecidos.
4- Fotorreceptores: detectam energia luminosa.
5- Quimiorreceptores: detectam substâncias químicas e fluidos como corporais, são exemplos o olfato e o
paladar.
6- Osmorreceptores: detectam pressão osmótica dos fluidos corporais.

8.9.2 As sensações Táteis.


As sensações táteis incluem toque, pressão, vibração que são detectados por mecanorreceptores
encapsulados. Cócegas e coceira são detectados por terminações nervosas livres. Os receptores táteis se localizam
na pele e na camada subcutânea.
A sensação do toque é resultado da estimulação de receptores da pele e da camada subcutânea. Existem 2
tipos de receptores de toque com adaptações rápidas: 1) Corpúsculo de Meissner ou corpúsculo de toque e 2)
terminações nervosas livres ao redor dos pelos. Os corpúsculos de Meissner estão localizados na papila dérmica
de pele sem pelos, são encapsulados e frequentes nas pontas dos dedos, mãos, pálpebras, ponta da língua, lábios,
mamilos, solas dos pés, clitóris e ponta do pênis. As terminações nervosas livres ao redor dos pelos detectam
movimentos na superfície da pele que perturbem os pelos, como por exemplo, um inseto pousando ou
movimentos dos cabelos.
Outros 2 tipos de receptores de toque, mas com adaptações lentas são: 1) receptores de Merkel são
terminações nervosas livres presentes nas pontas dos dedos, mãos, lábios e genitália externa. 2) Os corpúsculos
de Ruffini que são receptores encapsulados localizados profundamento na pele e em ligamentos e tendões.
Presentes nas mãos e solas dos pés, são sensíveis ao alongamento que ocorre a medida que os membros se
movem.
A sensação de pressão é sentida numa grande área profundamente nos tecidos devido à deformação destes
tecidos. Receptores que auxilia nesta sensação são: Corpúsculo de Meissner, Corpúsculo de Merkel e
corpúsculo de Pacini. Este é um receptor encapsulado e adaptam-se rapidamente. Corpúsculo de Pacini se
distribuem por todo o corpo na pele e na camada subcutânea, em tecidos sob as mucosas e serosas; ao redor das
juntas, tendões e músculos; no periósteo; nas glândulas mamárias; genitália externa e certas vísceras como
pâncreas e bexiga.
A vibração é uma sensação detectado pelos corpúsculos de Meissner (vibrações de baixa frequência) e
corpúsculos de Pacini (vibrações de alta frequência). Coceiras são sensações resultantes da estimulação por
terminações nervosas livres. Nas cócegas também se cogita na participação das terminações nervosas livres.
Os termorreceptores são terminações nervosas livres de 2 tipos: Os receptores de frio localizados na
epiderme detectam temperaturas entre 10ºC a 40ºC. Os receptores de calor localizados na derme e detectam
temperaturas entre 32ºC a 48ºC. Temperaturas abaixo de 10ºC e acima de 48ºC são detectados por nociceptores
132

(dor).
A sensação de dor é estimulada nos nociceptores, que são terminações nervosas livres. Os nociceptores
podem ser encontrados em praticamente quase todos os tecidos, exceto o cérebro. Eles respondem a uma série de
estímulos como alongamentos excessivos, contrações musculares prolongadas, fluxo inadequado de sangue para
algum órgão e presença de certas substâncias químicas.
As sensações proprioceptivas nos permite saber onde estão localizados os nossos membros e como eles se
movimentam. Mesmo sem ver podemos andar, digitar e se vestir. A cinestesia é a percepção dos movimentos do
corpo.
Proprioceptores são localizados nos músculos esqueléticos, tendões e ao redor das juntas sinoviais nos
informando o grau de contração dos músculos, a tensão nos tendões e a posição das junturas.
Células pilosas do ouvido interno detectam a posição da cabeça em relação ao solo quando nos
movimentamos. A propriocepção nos permite estimar o peso dos objetos e determinar o quanto de força é
necessária para mover este objeto.

8.9.3 Sentidos Especiais.


Os receptores para os sentidos especiais como de cheiro, gosto, visão, audição e equilíbrio estão abrigados
em órgãos sensoriais especiais como olhos e ouvidos. O sentido do olfato tem de 10 a 100 milhões de receptores
no nariz. Os impulsos nervosos do olfato e do paladar se propagam via sistema límbico e por isso, certos odores e
gostos podem produzir fortes emoções e memórias.
O epitélio olfatório ocupa a porção superior da cavidade nasal e consiste de 3 tipos de células: 1)
receptores olfatórios, 2) células de sustentação e 3) células-tronco basais. Os receptores olfatórios são os
133

primeiros neurônios da via olfatória. Vários cílios chamados de cílios olfatórios se projetam como “botões” nos
receptores olfatórios. Estes cílios respondem as substâncias químicas inaladas. Os axônios dos receptores
olfatórios se estendem do epitélio olfatório ao bulbo olfatório.
As células de sustentação são células epiteliais colunares da membrana da mucosa que forra a cavidade
nasal. Elas fornecem sustentação física, nutrientes e isolamento elétrico aos receptores olfatórios, e também
ajudam desintoxicar substâncias químicas que entrem em contato com o epitélio olfatório.
As células-tronco basais localizadas na base das células de sustentação continuamente sofre divisões
celulares para produzir novos receptores olfatórios, que vivem cerca de um mês. Glândulas olfatórias produzem
muco que umidifica a superfície do epitélio olfatório e serve como solvente para substâncias inaladas.
Os impulsos nervosos criados pelos receptores olfatórios se propagam por seus axônios, que então passam
pela placa cribriforme do osso etmoide e chega até o bulbo olfatório. Estes axônios são coletivamente de
nervos olfatórios esquerdo e direito. Axônios dos neurônios que saem do bulbo olfatório formam o trato
olfatório, que então se projetam para a área olfatória primária no lobo temporal.

A sensação do paladar é mais simples, pois somente 5 paladares primários são identificados
azedo, doce, amargo, salgado e umami ( 旨 味 ). O gosto umami está presente em alimentos que contenham
glutamato. Todos os sabores como de chocolate, pimenta e de café são combinações dos cincos gostos primários.
Odores da comida passam para a cavidade nasal estimulando os receptores olfatórios e porque o olfato é
muito mais sensível do que o paladar quando se está resfriado não se sente muito bem os sabores.
134

Os receptores do paladar estão localizados nos botões gustativos. Estes estão localizados em elevações na
língua chamadas papilas gustativas. A papila circunvalada forma um “V” invertido na parte de trás da língua.
As papilas fungiformes são elevações em forma de cogumelo espalhadas por toda a superfície da língua.
Também se encontram papilas filiformes que possuem receptores de toque, mas não de gosto.
Cada botão gustativo é uma estrutura oval com 3 tipos de células: (1) células de sustentação que sustentam
cerca de 50 receptores gustativos. Um único e longo cílio gustativo se projeta de cada (2) célula receptora
gustativa para o poro gustativo. (3) As células basais são células-tronco que produzem células de sustentação,
que então se desenvolvem em células receptoras gustativas.As células receptoras gustativas não possuem axônios
e, por isso, fazem sinapses com dendritos de neurônios da via gustativa.

O sentido da visão é mediado pelos olhos como órgão que contém os fotorreceptores e processado pelo
córtex visual no cérebro. Os olhos possuem órgãos acessórios como sobrancelhas, pálpebras, músculos que
movem o globo ocular e as glândulas lacrimais.
As sobrancelhas e as pálpebras protegem o globo ocular de objetos estranhos, suor e luz direta do sol. As
pálpebras também auxiliam a espalhar as secreções lubrificantes durante o ato de piscar. Seis músculos cooperam
para mover o globo ocular para direita ou esquerda, para cima ou para baixo e diagonalmente.
As lágrimas são produzidas pelas glândulas lacrimais, que são secretadas pelos ductos lacrimais na
superfície da pálpebra superior, que então passam pela superfície do globo ocular e depois para o nariz via ducto
nasolacrimal. As lágrimas contêm sais, muco e lisozima (substância bactericida). Elas evitam o ressecamento do
globo ocular.
O globo ocular mede 2,5 cm e possui 3 camadas: a túnica fibrosa, a túnica vascular e a retina. A túnica
135

fibrosa é a camada mais externa do globo ocular e consiste de uma córnea anterior e uma esclera posterior. A
córnea é uma camada fibrosa que cobre a íris, sua curvatura ajuda a focalizar a imagem na retina. A esclera é o
branco dos olhos formada por tecido conjuntivo denso que cobre todo o globo ocular, exceto a córnea. As funções
da esclera incluem: dar forma ao globo ocular, fornecer rigidez e proteger suas estruturas internas. Uma camada
epitelial chamada conjuntiva recobre a esclera, excepto a córnea, e forra a superfície interna das pálpebras.
A túnica vascular é camada do meio e é composta pela coróide, corpo ciliar e íris. A coróide é uma
membrana fina que forra internamente a esclera contendo muitos vasos sanguíneos que nutrem a retina. Ela
também possui melanina o que dar a cor castanho escuro a esta camada.
Na parte da frente do olho a coróide se torna o corpo ciliar, que secreta um líquido chamado humor aquoso
e possui os músculos ciliares, um músculo liso que modela a lente para ver mais perto ou mais longe. A íris é a
parte colorida do globo ocular, inclui, ambos, músculos lisos circulares e radiais. No seu centro existe a pupila
que controla a passagem de luz através das lentes.
A terceira e a camada mais interna é a retina. Esta, por sua vez, possui duas camadas: a neural e a
pigmentada. A camada neural é pluriestratificada com a camada fotorreceptora, camada de células bipolares e a
camada de células ganglionares, separadas pela camada sináptica externa e interna. A luz passa através do gânglio
e camada de células bipolares e alcança a camada de fotorreceptores.
Os fotorreceptores são células especializadas em converter luz em impulsos nervosos. Existem 2 tipos: Os
bastonetes e os cones. Os bastonetes permitem enxergar branco e preto, já os cones permitem a visão em cores.
Existem 3 tipos de cones: Os cones azuis, sensíveis a cor azul; os cones verdes que detectam a cor verde; os cones
vermelhos, sensíveis a cor vermelha. Existem cerca de 6 milhões de cones e 120 milhões de bastonetes. Os cones
se concentram numa região chamada fóvea central.
136
137

O sentido da audição e equilíbrio é fornecido pelo ouvido. O ouvido converte vibrações em sinais
elétricos. Além de receptores de som, o ouvido possui receptores de equilíbrio. O ouvido se divide em ouvido
externo (que conduz som para dentro); o ouvido médio que conduz as vibrações sonoras para a janela oval (janela
da cóclea); o ouvido interno que abriga os receptores da audição e equilíbrio.
138

O ouvido externo coleta as ondas sonoras para dentro do ouvido, consiste de orelha, canal auditivo ou
meato acústico externo e a membrana timpânica. A orelha é formada por tecido cartilaginoso que colecta o som e
conduz para o canal auditivo, que é tubo curvo que conduz o som ao tímpano, este canal possui pelos e glândulas
ceruminosas (secretam o cerúmen) para proteger contra objetos estranhos. A membrana timpânica é uma
membrana fina semitransparente que separa o ouvido externo do médio. Os sons externos fazem vibrar a
membrana timpânica.
O ouvido médio é uma câmara ente o ouvido externo e interno. Uma abertura permite a comunicação do
ouvido médio com tuba auditiva, esta por sua vez, comunica-se com a nasofaringe. O ouvido médio possui 3
ossos auditivos: martelo, bigorna e estribo. Este último toca a janela oval do ouvido interno.
O ouvido interno se divide no labirinto ósseo (externo) e no labirinto membranoso (interno). O labirinto
ósseo é uma série de cavidades como: a cóclea, vestíbulo e os canais semicirculares. A cóclea é órgão da audição e
o vestíbulo e canais semicirculares são órgãos do equilíbrio. O labirinto ósseo possui um fluido chamado de
perilinfa.
A perilinfa envolve uma série de sacos e tubos com a mesma forma do labirinto ósseo, o labirinto
membranoso. Este possui um fluido chamado de endolinfa. O vestíbulo é uma parte mediana do labirinto ósseo e
de forma oval. Atrás do vestíbulo estão três canais semicirculares. A porção membranosa do labirinto que forra os
canais semicirculares é chamada de ductos semicirculares.
A cóclea é um canal espiral ósseo que lembra uma concha de moluscos se divide em 3 canais: o ducto
coclear, a rampa do vestíbulo e a rampa do tímpano. O ducto coclear é uma continuação do labirinto membranoso
na cóclea e cheio de endolinfa. Acima do ducto coclear está a rampa do vestíbulo que termina na janela oval.
Abaixo do ducto coclear está a rampa do tímpano que termina na janela coclear.
139

A fisiologia da audição começa com a orelha direcionando as ondas sonoras para o canal auditivo. As
ondas sonoras fazem vibrar o tímpano, que por sua vez faz vibrar sucessivamente o martelo, bigorna e
estribo. Este move a janela oval para a frente e para trás, que então pressiona ondas na perilinfa da cóclea.
Estas ondas são transmitidas para a rampa vestibular e da rampa timpânica e depois a membrana coclear. A
medida que estas ondas deformam as paredes da rampa do vestíbulo e timpânica cria-se uma pressão na endolinfa
no ducto coclear. As ondas de pressão na endolinfa causam a vibração da membrana tectória estimulando as
células pilosas a liberarem neurotransmissores para o nervo vestibulococlear.
Para entender a fisiologia do equilíbrio, primeiro deve-se entender que o existem 2 tipos de equilíbrios: o
equilíbrio estático e dinâmico. O equilíbrio estático se refere a manutenção da posição do corpo relativo a força
da gravidade. O equilíbrio dinâmico é a manutenção da posição do corpo em resposta a uma aceleração e
desaceleração rotacional.
Dentro do utrículo e sáculo da cóclea existem uma pequena região espessa chamada mácula. As duas
máculas são perpendiculares uma a outra, e são receptores do equilíbrio estático e também contribuem para o
equilíbrio dinâmico. As duas máculas possuem 2 tipos de células: as células ciliadas e as células de sustentação.
As células ciliadas se projetam numa substância gelatinosa espessa chamada membrana dos estatacônios.
Uma camada densa de cristais de carbonato de cálcio chamados otólitos cobre toda a membrana dos estatacônios.
Ao mover a cabeça a gravidade puxa a membrana de estatacônios e os otólitos que deslizam sobre os cílios na
mesma direção do movimento.
140

O equilíbrio dinâmico envolve os canais semicirculares, que se dispõem de maneira angular em três
planos diferentes. A porção dilatada de cada canal, as ampolas contém uma elevação chamada de crista ampular.
Cada crista ampular possui células ciliadas e células de sustentação. Cobrindo esta crista existem uma massa
gelatinosa chamada de cúpula ampular. Com o movimento a cúpula e as células ciliadas dos canais
semicirculares se movem fazendo a endolinfa se mover, que por sua vez, fazendo os cílios se moverem. Ambos os
equilíbrios transmitem suas informações via nervo vestibulococlear.
141
142

Referências.
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia. 3ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2009. 1072p.

MARIEB, E. N.; WHIHELM, P.B.; MALLAT J.. Anatomia Humana. 7ª Edição. São Paulo: Pearson. 2014. 912p.

MARTINI, F.H.; TIMMONS, M.J.; TALLITSCH, R.B. Anatomia Humana. 6ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2009. 1100p.

SILVERTHORN, D.U. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 5 ed. Porto Alegre: Artmed. 2010. 989p.

TORTORA, G.J.; DERRICKSON, B. Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 8ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2012. 712p.
143

9 Sistema Endócrino
9.1 Introdução.
O sistema endócrino é formado por diversas glândulas endócrinas e células secretoras de hormônios em
certos órgãos que possuem outras funções além de secretar hormônio. O sistema endócrino libera hormônios no
líquido intersticial (entre as células) que então caem na corrente sanguínea. O sangue circulante entrega
hormônios por todo o corpo e as células que reconhecem um determinado hormônio irão responder.
O sistema nervoso e endócrino, geralmente, trabalham juntos e algumas vezes o impulso nervoso estimula
ou inibe a liberação de hormônios. O sistema endócrino age mais lentamente, mas seu efeito é mais duradouro
até que o hormônio desapareça do sangue.
As glândulas endócrinas produzem hormônios e secretam no fluido intersticial, então se difundem pelos
capilares sanguíneos e o sangue transporta por todo o corpo. As glândulas endócrinas são: a pituitária (hipófise),
tireóide, paratireoide, adrenal e pineal. Outros órgãos que não são glândulas endócrinas, mas tem células
endócrinas produtoras de hormônios são: hipotálamo, timo, pâncreas, ovários, testículos, rins, estômago,
fígado, intestino delgado, pele, coração, tecido adiposo e placenta.

9.2 Ação dos hormônios.


Os hormônios que viajam no sangue somente afetam células alvos específicas. Isto ocorre pela ligação com
um receptor proteico específico. Por exemplo, o TSH (hormônio estimulador da tireoide) se liga a receptores nas
células da tireoide, mas não se liga com as células do ovário, pois este não possui receptores para TSH.
Os hormônios, quimicamente, são lipossolúveis ou hidrossolúveis. Hormônio lipossolúveis incluem os
hormônio esteroides, hormônios da tireoide e óxido nítrico. Hormônios esteroides são derivados de colesterol
como os hormônios tireoidianos T3 e T4. O óxido nítrico funciona como neurotransmissor e hormônio.
Os hormônios hidrossolúveis são derivados de aminoácidos, por exemplo, o aminoácido tirosina é
modificado e forma a epinefrina e norepinefrina. O ADH (hormônio antidiurético) é formado por pequenas
cadeias de aminoácidos, os hormônio peptídicos. Outros como insulina e GH (hormônio do crescimento) são
formados por longas cadeias de aminoácidos, os hormônios proteicos. A ação dos hormônios hidrossolúveis
é diferente das lipossolúveis.
Os hormônios lipossolúveis são transportados no sangue ligados a proteínas transportadoras. Fazendo-os,
temporariamente, hidrossolúveis. Os hormônios lipossolúveis se difundem através da bicamada lipídica da
plasmalema e se ligam a receptores dentro das células-alvo. Todo o processo ocorre da seguinte maneira.
1 Hormônios lipossolúveis de desligam de seus transportadores na corrente sanguínea. Então, os hormônios livres
se difundem no fluido intersticial, depois através da plasmalema para o interior da célula.
2 Os hormônios lipossolúveis se ligam e ativam receptores dentro da célula. O complexo ativado receptor-
hormônio, ligando ou desligando genes específicos.
3 Ocorre a transcrição de RNAm (RNA mensageiro), então a síntese de proteínas.
4 Estas proteínas alteram a atividade da célula e causa a resposta típica do determinado hormônio.
144

Os hormônios hidrossolúveis não se difundem através da bicamada lipídica da plasmalema. Mas, ligam-se
a receptores na plasmalema agindo como primeiro mensageiro. Este causa a produção de um segundo mensageiro
no interior da célula. O AMPc (AMP cíclico) é um segundo mensageiro típico. Todo este processo da seguinte
maneira.
O hormônio hidrossolúvel (primeiro mensageiro) se difunde pelo sangue e se liga a receptores da
membrana celular da célula alvo. Esta ligação induz a produção de AMPc (segundo mensageiro). O AMPc ativa
várias proteínas como enzimas. Proteínas ativadas causam mudanças fisiológicas. Posteriormente, o AMPc é
inativado, desligando a resposta celular.

9.3 Controle das Secreções Hormonais.


A liberação da maioria dos hormônios ocorre em pequenas ondas, com pouca ou nenhuma secreção entre as
ondas. Os hormônios é regulado por 3 sinais: 1) Sinais do sistema nervoso, 2) Mudanças químicas no sangue e 3)
Outros hormônios.
Por exemplo, impulsos nervosos para a medula da adrenal regulam a liberação a epinefrina e
norepinefrina, níveis de cálcio no sangue regula a liberação de hormônios da paratireoide. O hormônio da
hipófise anterior, o ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) é um hormônio trófico. Os hormônios tróficos ou
tropinas são hormônios que agem em outras glândulas ou tecidos para regulam a secreção de outra glândula.
145
146

9.4 Hipotálamo e Glândula Pituitária.


A glândula pituitária ou hipófise já foi considerada a glândula mestre do nosso corpo, uma vez que, produz
hormônio que controlam outras glândulas. Contudo, hoje já se sabe que hipófise possui um mestre, o hipotálamo.
O hipotálamo é a principal ligação entre o sistema nervoso e o sistema endócrino. As células do
hipotálamo sintetizam 9 hormônios e a pituitária sintetiza 7. Juntos, estes hormônios regulam quase todos aspectos
como: crescimento, desenvolvimento, metabolismo e homeostase.
A glândula pituitária é do tamanho de uma uva pequena e possui 2 lobos: um grande, o lobo anterior
(adeno-hipófise) e um menor o lobo posterior (neuro-hipófise). Um pedúnculo em forma de haste liga a
pituitária ao hipotálamo, o infundíbulo. Axônios de neurônios do hipotálamo chamadas de células
neurossecretoras hipotalâmicas terminam próximos aos capilares do hipotálamo, onde liberam hormônios para o
sangue.

Os hormônios da pituitária anterior ou adeno-hipófise regulam várias atividades do corpo. Mas, a sua
147

secreção depende de hormônios liberadores e ou de hormônios inibidores, que são produzidos pelas células
neurossecretoras do hipotálamo e liberados via veias porto-hipofisárias. Esta rota direta permite a ação rápida dos
hormônios liberadores ou inibidores. Os seguintes hormônios são produzidos pela Adeno-Hipófise.
O 1)Hormônio de Crescimento (GH) é o mais abundante da adeno-hipófise. Ele promove a síntese e
secreção de fatores de crescimento semelhante a insulina (IGF) ou somatomedinas. O GH age nas células do
fígado, músculos esqueléticos, cartilagens, osso e outros tecidos, estimulando a secreção de IGFs.
As IGFs estimulam a síntese de proteínas para manter músculo e massa corporal, promovem a cura de
ferimentos e reparação de tecidos. Elas também promovem a quebra de triglicerídeos. Os hormônios
hipotalâmicos, hormônio liberador de GH e hormônio inibidor de GH, regula, respectivamente, a secreção de
GH e a supressão de GH.
O 2) hormônio estimulador da tireóide ou tireofina (TSH) estimula a síntese e secreção de hormônios
da tireoide. O hipotálamo produz o hormônio, hormônio liberador da tireotrofina (TRH) que regula a secreção
de TSH via retroalimentação negativa.
O 3)hormônio folículo estimulante (FSH) e o 4) hormônio luteinizante (LH) agem nos ovários das
mulheres. O FSH estimula o amadurecimento dos folículos ovarianos e o LH estimula a ovulação. Depois da
ovulação o LH estimula a formação do corpo lúteo no ovário. O corpo lúteo secreta progesterona. O FSH estimula
as células foliculares a produzirem estrógenos. Nos homens, o FSH estimula a produção de espermatozoides
nos testículos e o LH estimula os testículos a produzir testosterona. O hormônio liberador das
gonadotrofinas (GnRH) estimulam a liberação de FSH e LH. O GnRH é inibido via retroalimentação negativa
pelo estrogênio nas mulheres, e pela testosterona nos homens.
A 5) prolactina (PRL), junto com outros hormônios, iniciam e mantém a produção de leite pelas glândulas
mamárias. A ejeção de leite das glândulas mamárias depende do hormônio ocitocina, que é liberado pela neuro-
hipófise. Nas mulheres, o hormônio inibidor da prolactina (PIH) suprimi a secreção de prolactina na maior
parte do tempo. Mensalmente, antes de a menstruação começar o nível de PIH diminui é nível de prolactina
aumenta no sangue, mas não o suficiente para estimular a produção do leite. Na gravidez, os altos níveis de
estrógenos promovem a secreção do hormônio liberador da prolactina (PRH).
O6) hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) ou corticotropina controla a produção e secreção dos
hormônios chamados de glicocorticoides pelo córtex da adrenal. O hormônio liberador da corticotropina
(CRH) do hipotálamo estimula a secreção de ACTH. Glicocorticoides causam retroalimentação negativa de CRH
e ACTH.
O hormônio estimulador do melanócito (MSH) existe em pequenas quantidades em humanos. A sua
função exata no corpo humano é desconhecida. Em doses altas por muito tempo, escurece a cor da pele. A
presença de receptores de MSH no cérebro sugerindo certa a influência nas atividades cerebrais. Liberação de
CRH estimula a liberação de MSH e a dopamina inibe.
148

A neuro-hipófise possui axônios e telodendros de mais de 100.000 células neurossecretoras, em que os


corpos celulares estão no hipotálamo. A neuro-hipófise não produz hormônios, mas armazena e libera 2
hormônios. No hipotálamo, a ocitocina e hormônio antidiurético (ADH) são produzidos e empacotados em
vesículas secretórias dentro de corpos celulares das células neurossecretoras, que então são transportados
para a neuro-hipófise.
A ocitocina, durante e depois do parto, age no útero e nas mamas. Durante o parto, a ocitocina estimula a
contração dos músculos da parede do útero. Após o parto, age nas glândulas mamárias em resposta ao estímulo
mecânico de sucção do recém-nascido. Juntos, a produção e a ejeção de leite formam a lactação. Outras funções
incluem: estimula cuidados dos pais para o recém-nascido e parcialmente responsável pelos sentimentos de prazer
sexual.
O hormônio antidiurético (ADH) diminui a produção de urina. Ele causa a retenção de água no corpo,
assim diminuindo o volume da urina. A quantidade de ADH varia de acordo com a pressão osmótica do sangue e
volume sanguíneo. Quando a quantidade de água perdida no sangue é maior do que é reposta, chamamos de
desidratação. O que leva a perda do volume sanguíneo e a pressão osmótica do sangue aumenta. O ADH age da
seguinte maneira:
Pressão osmótica alta, devido a desidratação ou baixa no volume sanguíneo por hemorragia, diarréia ou
suor excessivo estimula osmorreceptores (neurônios no hipotálamo que monitoram a pressão osmótica do sangue).
Osmorreceptores ativam células neurossecretoras que sintetizam e liberam ADH. O ADH é liberado pelo neuro-
hipófise. O ADH age tem 3 alvos: Os rins, glândula sudoríparas e músculo liso dos vasos sanguíneos. Nos rins,
149

ele diminui o volume de urina. Nas glândulas sudoríparas, diminui a perda de água pela transpiração. No músculo
liso, o ADH estimula a contração dos vasos aumentando a pressão sanguínea.
150

9.5 Glândula Tireoide.


A glândula tireoide tem a forma de borboleta, e é localizada abaixo da laringe. Possui 2 lobos, o esquerdo e
o direito, um de cada lado da traqueia. Esta glândula é formada por sacos esféricos chamados de folículos
tireoidianos, que produzem 2 hormônios: a tiroxina ou T4 (possui 4 átomos de iodo) e a tri-iodotironina ou T3
(possui 3 átomos de iodo). T3 e T4 são chamados também de hormônios tireoidianos. T4 ao correr pelo sangue e
entra nas células é convertido em T3 pela remoção de um iodo. Já que T3 é a forma mais potente de hormônio
tireoidiano. As células parafoliculares, que estão entre as células, produzem calcitonina.
A maioria das células do corpo tem receptores para os hormônios tireoidianos, T3 e T4 exercem suas
funções pelo corpo. Hormônios tireoidianos aumentam a taxa de metabolismo basal, a taxa de consumo de
oxigênio sob condições normais (acordado, durante a alimentação, sem alimentação). A taxa de metabolismo basal
aumenta devido ao aumento da síntese de ATP, o que libera calor, por isso, os hormônios tireoidianos tem
importância na manutenção da temperatura corporal.
Os hormônios tireoidianos estimulam a síntese de proteínas, aumentam a utilização de glicose e ácidos
graxos para a produção de ATP, aumentam a quebra de triglicerídeos, e aumentam a excreção de colesterol,
reduzindo o nível de colesterol no sangue. Junto com GH e insulina, os hormônios tireoidianos estimulando o
crescimento corporal, particularmente, o crescimento do sistema nervoso e esquelético. O controle da secreção
dos hormônios tireoidianos ocorre da seguinte maneira:
1) Baixos níveis de hormônios tireoidianos no sangue ou taxa metabólica baixa estimula o hipotálamo a
secretar TRH.
2) TRH estimula a produção de TSH pela adeno-hipófise.
3) TSH estimula a atividade das células foliculares da tireoide, incluindo hormônios tireoidianos e
crescimento de células foliculares.
4) As células foliculares da tireoide liberam hormônios tireoidianos no sangue até o retorno da taxa
metabólica normal.
5) Níveis elevados de hormônios tireoidianos inibem a liberação de TRH e TSH.
A calcitonina (CT) produzida pelas células parafoliculares da tireoide, diminui o nível de cálcio no sangue
inibindo a ação de osteoclastos. A secreção de calcitonina ocorre por retroalimentação negativa.

9.6 Glândulas Paratireoides.


As glândulas paratireoides são pequenas massas arredondadas de tecido glandular que estão parcialmente
embebidos na face posterior da tireoide. Geralmente, uma glândula superior e outra inferior, em cada lobo da
tireoide. Dentro das glândulas paratireoides existem células chefe que liberam o hormônio paratireoidiano
(PTH) ou paratormônio.
O PTH é o principal regulador dos níveis de Cálcio, magnésio e fosfato no sangue. O PTH aumenta a ação
de osteoclastos, que quebram a matriz extracelular liberando cálcio e fosfato no sangue. Também, o PTH produz 3
mudanças nos rins: 1) diminui a taxa de cálcio e magnésio perdido do sangue para urina. 2) Aumenta a perda de
fosfato do sangue para a urina, isto porque mais é perdido na urna do que ganho dos ossos, então PTH diminui os
níveis de fosfato no sangue e aumenta os níveis de cálcio e magnésio no sangue. 3) PTH promove a formação nos
151

rins do hormônio calcitriol, a forma ativa da vitamina D. O calcitriol age no trato gastrointestinal aumentando a
taxa de aborção de cálcio, magnésio e fosfato.

O nível de cálcio no sangue controla a secreção de calcitonina (CT) e hormônios da paratireoide via
retroalimentação negativa e os dois hormônios tem efeitos opostos nos níveis de cálcio no sangue da seguinte
maneira.
1- Um nível alto de cálcio no sangue estimula as células parafoliculares da tireoide a liberar calcitonina (CT).
2- A calcitonina inibe a atividade dos osteoclastos, diminuindo o nível de cálcio.
3- Um nível baixo de cálcio no sangue estimula as células da paratireoide a liberar paratormônio.
4- O paratormônio aumenta o número e atividade dos osteoclastos que desmineralizam os ossos liberando cálcio
no sangue. Ao mesmo tempo, o paratormônio diminui a perda de cálcio na urina. Ambas as ações levam a um
aumento dos níveis de cálcio no sangue.
5- O paratormônio estimula os rins a liberar calcitriol, a forma ativa da vitamina D.
6- O calcitriol estimula a absorção de cálcio dos alimentos pelo trato gastrointestinal, o que ajuda a aumentar o
nível de cálcio no sangue.
152

7 Ilhotas Pancreáticas.
O pâncreas é localizado na curva do duodeno, tem função endócrina e exócrina. A parte endócrina consiste
de um grupo de células chamadas ilhotas pancreáticas ou ilhotas de Langerhans. Algumas células da ilhota, as
células alfa, secretam glucagon. Outras células, as células beta, secretam insulina.
O glucagon aumenta o nível de glicose no sangue, quando o nível baixa além do normal. Este aumento
fornece glicose para a produção de ATP para os neurônios. Diferentemente, a insulina move a glicose do sangue
para as células, principalmente para as fibras do músculo esquelética
O nível de glicose no sangue controla a secreção de insulina e glucagon via retroalimentação negativa da
seguinte maneira:
1) Baixo nível de glicose no sangue (hipoglicemia) estimula a secreção de glucagon.
2) Glucagon age nas células do fígado para promover a quebra do glicogênio (polímero de glicose) em
glicose e a formação de glicose a partir de ácido láctico e certos aminoácidos.
3) Com o fígado liberando glicose para o sangue, o nível de glicose sobe.
4) Ao atingir altos níveis de glicose no sangue(hiperglicemia) o glucagon é inibido por
153

retroalimentação negativa.
5) Ao mesmo tempo, a hiperglicemia estimula a secreção de insulina.
6) A insulina age em várias células do corpo facilitando a entrada de glicose para dentro da célula.
7) Como resultado o nível de glicose no sangue diminui.
8) Quando os níveis de glicose sanguíneo ficam abaixo do normal, este estado inibe a liberação de
insulina por retroalimentação negativa.
Além da insulina afetar o metabolismo da glicose, ela promove a entrada de aminoácidos para As células
do corpo e aumenta a síntese de proteínas e ácidos graxos no interior das células. A insulina é estimulada pelo
SNA parassimpático durante a refeição e o SNA simpático estimula a secreção de glucagon durante um exercício
físico.
154

9. 8 Glândulas Adrenais ou suprarrenais.


As glândulas adrenais são duas, cada uma sobre cada um dos rins. Elas possuem regiões que produzem
hormônios diferentes: a camada mais externa, o córtex adrenal (85%) e a camada mais interna é a camada
medular.
O córtex das adrenais é formado por 3 zonas, cada uma produz e secreta diferentes hormônios esteroides. A
zona mais externa libera hormônios chamados mineralocorticoides. A zona do meio libera hormônios chamados
155

glicocorticoides, e a zona mais interna libera andrógenos.


Os mineralocorticoides incluem principalmente, aldosterona. A aldosterona regula a homeostase de sódio e
potássio. Ele aumenta a reabsorção de sódio e estimula a secreção de potássio do fluido intersticial.
A secreção de aldosterona faz parte da via renina-angiotensina-aldosterona: Desidratação, deficiência de
sódio ou hemorragia diminui o volume e a pressão sanguínea. Pressão sanguínea baixa estimula os rins a secretar
a enzima renina, que no sangue forma a angiotensina I. Angiotensina I é a forma inativa, que ao correr pelo
sangue e chegar no pulmão, uma enzima chamada enzima de conversão da angiotensina (ACE) converte
angiotensina I em angiotensina II. A angiotensina II estimula o córtex da adrenal a produzir aldosterona, esta por
sua vez, age nos rins promovendo o retorno de sódio e água para o sangue, aumentando o volume sanguíneo
e a volta da pressão ao estado normal.
O glicocorticoide mais abundante é o cortisol, este e outros glicocorticoides agem da seguinte maneira:
1) Quebra de Proteína: os glicocorticoides aumentam a taxa de quebra de proteínas, principalmente
nas fibras musculares, aumentando a liberação de aminoácidos na corrente sanguínea. Estes
aminoácidos podem ser utilizados para a síntese de novas proteínas e produção de ATP.
2) Formação de glicose: através da estimulação de glicocorticoide células do fígado a converterem
certos aminoácidos e ácido láctico em glicose.
3) Quebra de triglicerídeos: os glicocorticoides estimulam a quebra de triglicerídeos do tecido
adiposo. Os ácidos graxos liberados pela quebra podem ser utilizados para a produção de ATP.
4) Efeitos antiinflamatórios: glicocorticoides inibem células brancas que participam das respostas
inflamatórias. Contudo, retardam a cura de ferimentos e infecção.
5) Depressão do sistema imune: altas dose de glicocorticoides deprimem o sistema imune
A secreção de cortisol (um tipo de glicocorticoide) é regulada por retroalimentação negativa. Baixos níveis
sanguíneos de cortisol estimulam a secreção do hormônio liberador da corticotropina (CRH) do hipotálamo,
que age na adeno-hipófise e estimula a produção de ACTH, que por sua vez, estimula a secreção de cortisol.
Em ambos homens e mulheres, o córtex da adrenal secreta pequenas quantidades de andrógenos. Na
puberdade dos homens, grandes quantidades de andrógenos são produzidos pelo testículo. Nas mulheres, os
andrógenos das suprarrenais tem papeis importantes como: contribuem para a libido e são convertidos em
estrógenos (hormônios feminizantes). Após a menopausa, os estrógenos ovários cessam, é as suprarrenais se
tornam a sua principal fonte.
Os hormônios da medula das suprarrenais são a epinefrina e norepinefrina. Estas são produzidas em
situações de estresse aumentam os batimentos cardíacos e a pressão sanguínea necessárias para correr, lutar e etc...
156
157

9.9 Glândula Pineal.


A glândula pineal está localizado no teto do terceiro ventrículo cerebral. Um dos hormônios produzidos é a
melatonina, que contribui para o relógio biológico. A produção de melatonina aumenta durante à noite estimulada
pela escuridão. Durante o dia e no claro, diminui a produção de melatonina.

Referências.

MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia. 3ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2009. 1072p.

MARIEB, E. N.; WHIHELM, P.B.; MALLAT J.. Anatomia Humana. 7ª Edição. São Paulo: Pearson. 2014. 912p.

MARTINI, F.H.; TIMMONS, M.J.; TALLITSCH, R.B. Anatomia Humana. 6ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2009. 1100p.

MARTINI, F.H.; OBER, W.C.; BARTHOLOMEW, E.F.; NATH, J.L. Anatomia e Fisiologia Humana: Uma
Abordagem visual. 1ªEdição. São Paulo: Pearson Brasil. 2014. 792p.

SILVERTHORN, D.U. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 5 ed. Porto Alegre: Artmed. 2010. 989p.

TORTORA, G.J.; DERRICKSON, B. Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 8ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2012. 712p.
158

10 Sistema Cardiovascular

10.1 Introdução.
O sistema cardiovascular é formado por 3 componentes: o sangue, o coração e os vasos sanguíneos. Ele
transporta substâncias para dentro e para fora das células do corpo. Para isso, o sangue deve circular o corpo todo.
O coração é uma “bomba” que faz o sangue circular e os vasos sanguíneos transportam o sangue do coração para
o corpo e do corpo para o coração.

10.2 Sangue.
O sangue é um tipo de tecido conjuntivo em que a substância extracelular é abundante. Ele é mais denso
que a água com temperatura de 38ºC, pH em torno de 7,34 a 7,45. Um homem adulto possui de 5 a 6 litros e uma
mulher cerca de 4 a 5 litros. A suas principais funções são: 1) Transporte, no qual o sangue transporte oxigênio
para as células do corpo todo e gás carbônico das células para os pulmões. Também transporte de nutrientes do
trato gastrointestinal para as células, calor e excretas para fora da célula e hormônios para as células-alvo.
2) Regulação: o sangue ajuda a regular o pH dos fluidos corporais, a água retira calor do interior do corpo
para a pele. A pressão osmótica do sangue influencia a quantidade de água das células. 3) Proteção: a coagulação
do sangue protege contra a perda excessiva do sangue. Células brancas de defesa realizam fagocitose e produzem
anticorpos, interferons e do sistema complemento que protegem contra infecções.
O sangue apresenta duas partes: 1) Os elementos figurados como Hemácias ou células vermelhas,
Leucócitos ou células brancas e as plaquetas. 2) A parte líquida é o plasma, que é formado por proteínas, sais
minerais, hormônios. A figura abaixo demonstra a composição do sangue.

10.2.1 Plasma Sanguíneo


O plasma é 91.5 % água, 7% proteínas e 1.5 solutos não proteicos. As proteínas do plasma ou proteínas
plasmáticas são principalmente sintetizadas no fígado. A mais abundante é a albumina, que forma 54% das
proteínas plasmáticas. A albumina ajuda a manter uma pressão osmótica, o que é importante para troca de fluidos
entre os capilares sanguíneos. As globulinas compõem 38% das proteínas do plasma, uma delas é a
imunoglobulina ou anticorpo. O fibrinogênio compõe cerca de 7% das proteínas e é importante para a coagulação
sanguínea. As outras substâncias ou solutos são gases, eletrólitos, nutrientes, enzimas, hormônios, vitaminas e
excretas.

10.2.2 Origem das Células do Sangue


O processo de formação das células do sangue é chamada de Hematopoese. Ela ocorre no período
embrionário e começa no saco vitelino, posteriormente no fígado, baço, timo e linfonodo no feto. Cerce de 3
meses antes do nascimento, a medula óssea vermelha começa a produzir as células sanguíneas e permanece por
toda a vida.
A medula óssea vermelha é um tecido conjuntivo bastante vascularizado e ocupa os espaços entre as
trabéculas do tecido ósseo esponjoso. Entre 0,05 a 0,1 % das células da medula óssea vermelha são células tronco
159

pluripotente, e são capazes de se diferenciar em muitos tipos de células. A partir delas e por estimulação
hormonal se desenvolvem em duas linhagens, a linhagem mieloide e a linhagem linfoide.
A linhagem mieloide origina, na medula óssea vermelha, as hemácias, plaquetas, eosinófilos, basófilos,
neutrófilos e monócitos. Já a linhagem linfoide começa a diferenciação na medula óssea vermelha e termina no
tecido linfoide, originando os linfócitos T, linfócitos B e células NK ou assassinas naturais.
160

10.2.3 Hemácias.
As hemácias ou eritrócitos são os glóbulos (células) vermelhos do sangue, esta coloração é devida a uma
proteína carreadora de oxigênio, a hemoglobina. A hemoglobina também transporta 23 % do gás carbônico. A
hemácia adulta é anuclear (sem núcleo celular), com forma de disco bicôncavo, em que a região central fina e as
margens são espessas. Esta forma permite uma alta flexibilidade para que as hemácias possam se espremer para
passar por capilares muito finos. A hemoglobina é uma proteína complexa com 4 subunidades. Em cada
subunidade existe um grupo Heme, que possui um íon de ferro. Este que forma a ligação com a molécula de
oxigênio ciclo de vida das hemácias é de aproximadamente 120 dias.
1- As células velhas ou danificadas são fagocitadas por macrófagos no baço, fígado e medula óssea vermelha. Isto
separa o grupo heme as globinas da hemoglobina.
2- As proteínas globinas são quebradas em aminoácidos que serão reutilizados para formar outras proteínas.
3- O ferro removido do grupo heme se liga a proteína transferrina que é um transportador.
4- O complexo ferro-transferrina é conduzido a medula óssea vermelha, onde percussores das hemácias utilizam
para sintetizar hemoglobina. A vitamina B12 é necessária para síntese de hemoglobina.
5- A eritropoese produz novas hemácias na medula óssea vermelha que caem na corrente sanguínea.
161

6- O ferro ao ser removido do grupo é convertido nos pigmentos biliverdina (verde) e bilirrubina (amarelo-
alaranjado). A bilirrubina é levado ao fígado via vasos sanguíneos e secretado em forma de bílis..
7- a bilirrubina chega ao intestino grosso e é convertida em urobilinogênio. Deste uma parte retorna ao sangue e
convertido em urobilina que é excretado na urina. Mas a maioria do urobilinogênio é convertido em
estercobilina (marrom).
Normalmente a destruição das hemácias e eritropoese (síntese de novas hemácias) ocorrem ao mesmo
tempo. Contudo, se a destruição seja mais rápida ocorrerá a hipóxia (deficiência de oxigênio), que então é
detectado pelos rins. Estes então secretam o hormônio eritropoietina (EPO) que circula no sangue, chega a medula
óssea vermelha e estimula a eritropoese.
162

10.2.4 Leucócitos
Os leucócitos ou glóbulos brancos são encontrados espalhados pelos tecidos. O que circulam no sangue
são em pequeno número. Os leucócitos têm como funções: defender contra patógenos, remover toxinas, excretas,
células anormais e danificadas. Possuem núcleos com formas e tamanhos diferentes. Existem duas classes de
leucócitos: 1) Leucócitos granulares ou granulócitos e 2) Leucócitos agranulares ou agranulócitos.
Os granulócitos possuem grandes quantidades de grânulos no citoplasma. Existem 3 tipos de granulócitos:
Neutrófilo, eosinófilo e basófilo.
Os neutrófilos possuem grânulos neutros, que são enzimas bactericidas. Possui um núcleo muito denso,
dividido em lobos, chamado polimorfonucleares. Eles são fagócitos ativos especializados em digerir bactérias.
Eosinófilos possuem grânulos acidófilos com núcleo bilobado. Eles são células fagocíticas, aumentam em
infecção parasitária e tem papel na inflamação. Os basófilos possuem grânulos básicos (alcalinos). Eles migram
para tecidos danificados onde liberam grânulos para o fluido intersticial, que possuem histamina (envolvida nos
processos alérgicos) e heparina (evita a coagulação sanguínea), os quais aumentam os processos inflamatórios.
Os agranulócitos são os monócitos e linfócitos. Os monócitos são quase que esféricos e seu núcleo tem a
forma de um rim. Eles são células fagocíticas que quando migram para os tecidos passam a ser chamados de
macrófagos.
Os linfócitos são células com pouco citoplasma com núcleo grande, e são células principais do sistema
linfático. Eles são responsáveis pelo imunidade adaptativa. Existem 3 tipos de linfócitos: As células T, que entram
nos tecidos periféricos e atacam patógenos; As células B, que se diferenciam em plasmócitos, esta então produz
anticorpos; e as células NK (natural killer) responsáveis pela monitoramento imunitário, destruição de células
anormais e atuam na prevenção do câncer. As plaquetas são pedaços de citoplasma de uma célula chamada
megacariócito suas funções incluem: iniciam e controlam a coagulação sanguínea, criam uma barreira para evitar
a perda de água.
163

10.3 Coração.
Para que o sangue chegue a todos os tecidos do corpo, ele deve ser bombeado pelo coração. O coração bate
cerca de 100.000 vezes por dia, e está localizado na cavidade torácica entre os dois pulmões com 2/3 voltado para
o lado esquerdo do corpo. O seu tamanho é do mesmo tamanho de sua mão fechada.
A parte mais afunilada é o ápice do coração, que é formado pela ponta do ventrículo esquerdo. A base
do coração é formado pelos átrios. A membrana que envolve e protege o coração é o pericárdio. Este possui 2
partes: o pericárdio fibroso e o pericárdio seroso. O mais externo é o pericárdio fibroso, que é um tecido
conjuntivo denso não modelado duro e inelástico.
A camada mais interna é o pericárdio seroso, que é mais fina, delicada e formando uma membrana dupla
ao redor do coração. A mais externa é a camada parietal que se funde com o pericárdio fibroso. A mais interna é
a camada visceral ou epicárdio, que se adere firmemente a superfície do coração. Entre a camada parietal e
visceral existem um fluido chamado fluido pericardial, que reduz o atrito entre as membranas. Este fluido está
numa cavidade chamada de cavidade pericardial.
A parede do coração é formada por 3 camadas: o epicárdio (externa), miocárdio Meio, músculo cardíaco) e
endocárdio (interna). O epicárdio já foi descrito acima. O miocárdio é formado pelo tecido muscular cardíaco.
A suas fibras são involuntárias, ramificadas e organizadas em feixes entrelaçados. Cada fibra muscular possui 2
redes separadas, uma atrial e outra ventricular. Cada rede se contrai separadamente, ou seja, o átrio se contrai e o
ventrículo não o faz. O endocárdio é uma fina camada interna formado por tecido epitelial simples pavimentoso
que forra internamente o miocárdio e cobre as válvulas do coração e os tendões aderidos às válvulas.
O coração possui 4 câmaras: 2 átrios e 2 ventrículos. Entre o átrio esquerdo e o átrio direito tem uma
divisão chamada de septo interatrial. Na face anterior de cada átrio existe uma dobra chamada de aurícula. Entre
o ventrículo esquerdo e o direito existe o septo interventricular. As paredes das câmaras variam de acordo com o
volume de sangue que precisam bombear. Os átrios possuem membranas mais finas e os ventrículos mais
espessos. Sendo o ventrículo esquerdo o mais espesso, pois bombeia sangue para todo o corpo.
Chegam e saem grandes vasos no coração. O átrio direito recebe sangue desoxigenado (pouco oxigênio,
rico em gás carbônico) através de 3 veias: 1) a veia superior (traz sangue de partes do corpo acima do coração);
2) veia cava inferior (traz sangue de partes do corpo abaixo do coração); seio coronário (drena sangue da parede
do coração).
O átrio direito bombeia o sangue desoxigenado para o ventrículo direito, que então bombeia para o tronco
pulmonar. Este se divide em artéria pulmonar direita e esquerda, transportando sangue para o pulmão direito e
esquerdo.
Nos pulmões, o sangue desoxigenado descarrega gás carbônico (CO2) e adquiri oxigênio. O sangue agora
oxigenado (rico em oxigênio) entra no átrio esquerdo vias as 4 veias pulmonares. Do átrio esquerdo o sangue
passa para o ventrículo esquerdo, que então é bombeado para artéria aorta e da aorta para o corpo todo.

10.3.1 As válvulas ou valvas do coração.


Cada câmara do coração bombeia sangue para outra câmara ou para os vasos sanguíneos. Para evitar que o
sangue retorne a câmara de origem, o coração tem 4 válvulas formadas por tecido conjuntivo denso cobertos por
164

endotélio. As válvulas abrem ou fecham por mudanças de pressão a medida que o coração contrai ou relaxa.
As válvula atrioventriculares estão entre os átrios e os ventrículos. Ente o átrio direito e o ventrículo
direito está a válvula tricúspide (3 partes), em cada extremidade das partes se projetam para o ventrículo as
cordas tendíneas, que se conectam aos músculos papilares, que são projeções do músculo cardíaco para face
interna do ventrículo. A válvula entre o átrio esquerdo e ventrículo esquerdo é a válvula bicúspide ou mitral com
2 peças.
Próximo a origem do tronco pulmonar e a aorta estão as válvulas semilunares chamadas válvula do tronco
pulmonar e válvula da aorta. A válvula pulmonar se encontra onde o tronco pulmonar no ventrículo direito. A
válvula da aorta se localiza entre o ventrículo esquerdo e artéria aorta.
165
166

10.3.2 Fluxo de sangue e suprimento de sangue para o coração.


O fluxo sangue que corre pelo coração constitui a pequena e a grande circulação. A pequena circulação
começa com sangue desoxigenado no átrio direito, passa para o ventrículo direito, depois para o tronco
pulmonar que se divide em artéria pulmonar direita e esquerda, chegando ao pulmão direito e esquerdo,
respectivamente. |O sangue despeja CO2 nos alvéolos pulmonares e as hemácias absorvem oxigênio que se liga a
hemoglobina. Dos pulmões o sangue retorna ao coração pelas 4 veias pulmonares que chegam no átrio
esquerdo.
A grande circulação começa quando o sangue oxigenado chega no átrio esquerdo que bombeia para o
ventrículo esquerdo, então passa pela artéria aorta. Da aorta passa para outras artérias, arteríolas e capilares.
Nos tecidos, o sangue entrega oxigênio e absorve CO2. O sangue desoxigenado sai dos capilares, vai para vênulas
e veias até chegar pelas veias cavas inferior, veia cava superior e seio coronário que despejam sangue no átrio
direito.
A parede do coração, assim como todos os tecidos, tem seus vasos sanguíneos. O fluxo por numerosos
vasos sanguíneos no miocárdio é chamado de circulação coronária. Os principais vasos coronários são as
artérias coronárias direita e esquerda, que são ramificações da artéria aorta ascendente. Cada uma destas
artérias se ramificam 2 vezes para entregar oxigênio e nutrientes para o músculo cardíaco. Do tecido cardíaco, o
sangue desoxigenado é coletado por uma grande veia na superfície posterior do coração, o seio coronário que
então vai para o átrio direito.
167

10.3.3 Condução do sistema do coração.


Cerca de 1% das fibras musculares cardíacas podem gerar potencial de ação várias vezes num padrão
rítmico. Eles estimulam o coração mesmo quando removido do corpo. Os nervos que chegam ao coração regulam
168

a taxa cardíaca mas não determinam. Estas células têm 2 funções principais: 1) Agem como um marcapasso,
configurando o ritmo do coração inteiro. 2) Sistema de condução que conduz os potenciais de ação por todo
músculo cardíaco. Esta condução assegura que as câmaras sejam estimuladas e contraiam de maneira coordenada.
O potencial de ação acontece da seguinte maneira:
14) Excitação cardíaca começa no nó sinoatrial, localizado no átrio direito logo abaixo da abertura da
veia cava superior. O potencial de ação nasce espontaneamente no nó sinoatrial e é conduzido pelas
fibras cardíacas atriais fazendo os dois átrios contraírem ao mesmo tempo.
15) Condução pelo músculo cardíaco atrial chega ao nó atrioventricular, localizado no septo interatrial
logo acima da abertura do seio coronário. No nó atrioventricular, o potencial de ação diminui muito,
dando tempo para que os átrios se esvaziem de sangue.
16) Do nó atrioventricular, o potencial de ação entra no fascículo atrioventricular (feixe de His) no
septo interventricular. Neste fascículo, é o único local onde o potencial de ação pode ser conduzido
dos átrios para os ventrículos.
17) O fascículo atrioventricular se divide em ramo direito e esquerdo em direção ao ápice do coração.
18) Destes ramos o potencial de ação chega as fibras de Purkinje, onde é rapidamente conduzido para
os ventrículos.

10.3.4 Ciclo cardíaco.


O ciclo cardíaco envolve todos os eventos associado com um batimento cardíaco. Num ciclo normal,
quando os 2 átrios contraem os 2 ventrículos relaxam; então quando os 2 ventrículos contraem os 2 átrios
relaxam. A sístole refere-se a fase de contração e diástole refere-se a fase de relaxamento. O ciclo cardíaco possui
3 fases:
169

Período de relaxamento: este começa com fim do ciclo quando os ventrículos começam a relaxar e todas as
câmaras estão em diástole. A medida que os ventrículos relaxam a pressão dentro deles diminui. Quando a
pressão ventricular se torna mais baixa que a atrial, as válvulas abrem e começa a encher o ventrículo.
Cerca de 75% de enchimento ventricular ocorre depois da abertura das válvulas e antes da
contração atrial.
Sístole atrial: Um potencial de ação do nó sinoatrial causa despolarização atrial. Quando os átrios contraem, eles
empurram pelo menos 25% de sangue nos ventrículos. No final da sístole atrial, cada ventrículo possui
130ml de sangue. As válvulas atrioventricular ainda estão abertas e as semilunares ainda estão fechadas.
Sístole ventricular: Ocorre a despolarização ventricular. A contração dos ventrículos empurram o sangue pelas
válvulas atrioventriculares forçando-as a fecharem. Com o tempo a pressão ventricular sobe. Quando a
pressão do ventrículo direito é maior do que a do tronco pulmonar e quando a pressão do ventrículo
esquerdo é maior que a da artéria aorta, ambas válvulas semilunares se abrem. O volume expelido de
sangue durante a sístole ventricular é cerca de 70ml. Quando os ventrículos começam a relaxar, as válvulas
semilunares fecham e começa um novo período de relaxamento.
170

10.4 Vasos Sanguíneos.


Existem 5 tipos de vasos sanguíneos: artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias. As artérias
transportam sangue do coração para os tecidos. Duas grandes artérias emergem do coração: a aorta e o tronco
pulmonar e se ramificam em artérias de tamanho médio, estas se ramificam em artérias pequenas, que por sua
vez, se dividem em artérias ainda menores, as arteríolas. Estas arteríolas no interior dos órgãos se ramificam em
vasos microscópicos, chamados capilares.
Grupos de capilares dentro dos tecidos se reúnem para formar pequenas veias, as vênulas. Estas se unem a
vasos maiores, as veias. As veias transportam sangue dos tecidos para o coração. As veias podem conter 64% do
volume do sangue corporal, artérias e arteríolas cerca de 13%, capilares cerca de 7% e vasos sanguíneos
pulmonares com 9% e as câmaras cardíacas com 7%. Como as veias possuem um grande volume do sangue, elas
funcionam como reservatórios de sangue.
A parede das artérias possui 3 camadas de tecidos em volta de um espaço oco, o lúmen, pelo qual corre o
sangue. A camada mais interna ou túnica íntima é formada pelo endotélio, um tipo de tecido epitelial simples
pavimentoso, uma membrana basal e um tecido elástico chamada de membrana elástica. Nas grandes
artérias, o tecido conjuntivo está em maior quantidade, e a íntima é mais espessa do que nas pequenas artérias.
A membrana média ou túnica média contém camadas concêntricas de músculo liso numa rede de tecido
conjuntivo frouxo. O músculo liso envolve o lúmen do vaso, estes músculos se contraem diminuindo o diâmetro
do lúmen, a vasoconstrição. O relaxamento tem efeito contrário, aumentando o diâmetro, a vasodilatação.
Artérias tem uma fina camada de fibras elásticas, a membrana elástica externa localizada entre a média e a
adventícia.
A membrana externa ou túnica adventícia é uma camada de tecido conjuntivo ao redor do vaso. Esta
camada é muito espessa, constituída de fibras colágenas com fibras elásticas espalhadas. As fibras da
adventícia se juntam com as dos tecidos ao redor, estabilizando e ancorando os vasos. Nas veias esta camada é
mais espessa do que a média.
As artérias de maior diâmetro (acima de 2,5 cm) possuem uma maior proporção de fibras elásticas em sua
túnica média. Transportam sangue do coração para o corpo como a aorta e o tronco pulmonar. Diferentemente, as
artérias de médio calibre possuem mais fibras de músculo liso do que fibras elásticas. Por isso, são chamadas
de artérias musculares. Estas são capazes de uma grande vasoconstrição e vasodilatação.
As arteríolas são muito pequenas quase microscópicas e passam sangue para os capilares. As menores
arteríolas possuem somente uma única camada de células de endotélio coberta por poucas fibras musculares.
As artérias e as veias se diferenciam histologicamente da seguinte maneira: 1) A parede das artérias são
mais espessas do que as das veias. 2) As paredes das artérias podem se contrair. 3) O endotélio das artérias
não se contraem, quando as artérias se contraem o endotélio se dobra. O endotélio das veias não se dobram.
Os capilares são os menores e mais delicados vasos sanguíneos, e conectam as arteríolas as vênulas. Eles
permitem a troca de gases, nutrientes excretas entre os tecidos e o sangue. A sua estrutura consiste numa camada
de endotélio envolvida por membrana basal. Por ser bastante fina, muitas substancias passam facilmente dos
tecidos para o sangue e do sangue para o líquido intersticial.
171

O fluxo de sangue nos capilares é regulada por fibras de músculo liso nas paredes das arteríolas e pelos
esfíncteres pré-capilares. Estes são anéis de músculo liso nos locais onde os capilares se ramificam das
arteríolas.
As trocas capilares ocorrem de maneira devagar, uma vez que, o fluxo de sangue é mais lento do que nos
vasos maiores. A pressão sanguínea capilar é a pressão do sangue contra as paredes dos capilares, empurrando o
fluido para fora dos capilares para o líquido intersticial. A pressão oposta, a pressão coloidosmótica sanguínea
puxa o fluido para o interior dos capilares.
A pressão sanguínea capilar é maior que a pressão coloidosmótica na metade de um vaso capilar
típico. Portanto, água e solutos fluem do capilar sanguíneo para o líquido intersticial, este movimento é chamado
de filtração.
A medida que o sangue flui no capilar, a pressão sanguínea diminui progressivamente, e na metade do
capilar cai abaixo da pressão coloidosmótica, fazendo a água e os solutos se moverem do líquido intersticial para o
interior do vaso capilar, a chamada reabsorção. Cerca de 85% do líquido filtrado é reabsorvido.
As vênulas são a união de vários capilares, que então drenam o sangue para as veias. Estas
transportam para o coração. A estrutura das vênulas é parecida com as das arteríolas com paredes mais finas
próximo ao capilar e progressivamente engrossa quanto mais se aproxima do coração.
As veias são estruturalmente semelhantes as artérias, mas suas túnicas médias e internas são mais
delgadas (finas). A túnica externa é a mais espessa e o lúmen é mais amplo do que a da artéria. Algumas
veias possuem dobras da túnica interna que formam as válvulas venosas. Estas impedem o refluxo de sangue.
Como as veias retornam o sangue para o coração? De três maneiras: 1) Contrações do coração; 2)
Bomba do músculo esquelético; 3) Bomba respiratória.
As contrações ventriculares criam uma diferença de pressão entre as vênulas e o átrio direito. Contudo,
esta diferença de pressão é somente suficiente para superar a força da gravidade. Mas, é necessário os outros 2
mecanismos para trazer o sangue de volta para o coração.
A bomba do músculo esquelético funciona da seguinte maneira: A medida que você se locomove, como
no caso das pernas, os músculos comprimem as veias empurrando o sangue para cima através das válvulas mais
próximas do coração, a chamada ordenha. Depois do relaxamento muscular, a pressão sanguínea cai e a válvula
se fecha.
A bomba respiratória ocorre da seguinte maneira: Durante a inspiração, o diafragma se move para baixo,
diminuindo a pressão na cavidade torácica e aumentando na cavidade abdominal. Com isso as veias da cavidade
abdominal se comprimem empurrando o sangue para a cavidade torácica e para o átrio direito. Na expiração, a
pressão se inverte, e as válvulas venosas impedem o refluxo de sangue da cavidade torácica para a abdominal.
172
173
174
175

10.5 Pressão sanguínea.


A pressão sanguínea (PS) é pressão exercida pelo sangue na parede dos vasos sanguíneos. A PS é mais alta
na artéria aorta e nas grandes artérias sistêmicas. Em repouso, adultos possuem uma PS de 110 mmHg (milímetros
de mercúrio) durante a sístole e cai para 70 mmHg durante a diástole. Quanto mais longe do ventrículo esquerdo
mais baixa é a pressão sanguínea. Por exemplo, ao chegar nos capilares a PS é de 35 mmHg e no final destes
capilares chega a 16 mmHg. Ao entrar nas vênulas e veias a PS é de 0 mmHg.

Referências

MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia. 3ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2009. 1072p.

MARIEB, E. N.; WHIHELM, P.B.; MALLAT J.. Anatomia Humana. 7ª Edição. São Paulo: Pearson. 2014. 912p.

MARTINI, F.H.; TIMMONS, M.J.; TALLITSCH, R.B. Anatomia Humana. 6ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2009. 1100p.

MARTINI, F.H.; OBER, W.C.; BARTHOLOMEW, E.F.; NATH, J.L. Anatomia e Fisiologia Humana: Uma
Abordagem visual. 1ªEdição. São Paulo: Pearson Brasil. 2014. 792p.

SILVERTHORN, D.U. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 5 ed. Porto Alegre: Artmed. 2010. 989p.

TORTORA, G.J.; DERRICKSON, B. Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 8ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2012. 712p.
176

11 Sistema Linfático e o Sistema Imune


11.1 introdução.
O nosso corpo está exposto a uma variedade de agentes causadores de doenças (patógenos) como bactérias
e vírus. Mas, mesmo assim, a maioria das pessoas se mantém saudável. O corpo suporta cortes e traumas,
exposição a raio ultravioleta, toxinas e queimaduras com um conjunto de estratégias de defesa.
A imunidade significa proteção contra doenças, principalmente doenças infecciosas. As células e
moléculas responsáveis pela imunidade formam o sistema imune ou imunológico. A resposta coletiva e
coordenada a invasão de substâncias estranhas é chamada resposta imune.
A função fisiológica do sistema imunológico é prevenir as infecções e erradicar as infecções estabelecidas.
Mas, também combate tumores cancerosos. A imunidade pode ser classificadas em dois tipos: A imunidade inata
e imunidade adaptativa. O sistema imune se divide, então, em sistema imune inato e sistema imune adaptativo.
A imunidade inata ou natural está presente desde o nascimento, e está preparada para bloquear a entrada
de microrganismo. Não reconhece um microrganismo específico, mas age rapidamente da mesma forma contra
todos os microrganismos que conseguem invadir os tecidos do hospedeiro.
A imunidade adaptativa ou adquirida se refere as todas as defesas que envolvem o reconhecimento
específico seguida de uma resposta específica a um determinado microrganismo, adaptando-se a presença dos
invasores microbianos.
Os 2 tipos de imunidade possuem algumas diferenças. Tais como:
1- Na imunidade inata o tempo de resposta é de minutos ou horas.
2- A especificidade na imunidade inata é restrita as moléculas genéricas de patógenos, e a sua diversidade é
limitada e codificada nas células germinais (herança genética).
3- A memória é capacidade de responder mais eficientemente a uma segunda exposição a um mesmo patógeno.
Na imunidade inata a memória é ausente, mas na imunidade adaptativa é frequente.
A imunidade pode ser induzida por uma infecção ou vacina. Esta imunidade é chamada de imunidade
ativa, pois é produzida pelo próprio organismo. Na imunidade passiva, um indivíduo recebe anticorpos de uma
outra pessoa. Um exemplo de imunidade passiva é transferência de anticorpos da mãe para o feto. Outro e a
transferência através de soros para combater toxinas bacterianas, como a toxina tetânica e botulínica, ou picadas
de cobras e outros animais peçonhentos.
O termo antígeno vem de substâncias ou toxinas que estimulam a produção de anticorpos. Mas, hoje
em dia a melhor definição é que são substâncias que se ligam aos receptores específicos dos linfócitos,
estimulando ou não uma resposta imune. Estritamente falando, substâncias que estimulam a resposta imune
são denominados de imunógenos. O sistema do corpo responsável pela imunidade adaptativa, e alguns aspectos
da imunidade inata, é o sistema linfático.

11.2 Sistema Linfático.


Este sistema consiste de um fluido chamado linfa, vasos linfáticos (transportam a linfa), órgãos
contendo tecido linfático (linfócitos dentro de um tecido filtrante) e a medula óssea vermelha.
As funções do sistema linfático são: 1) Drenar o excesso de fluido intersticial dos tecidos e retornar este
177

excesso ao sangue; 2)Transportam lipídeos e vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) absorvidas pelo trato
gastrointestinal; 3) Realizar as respostas imunes.
Os vasos linfáticos começam como capilares linfáticos. Estes capilares, localizados entre espaços entre
células, são fechados na extremidade. Eles convergem e formam unidades mais largas, os vasos linfáticos. Os
capilares linfáticos possuem permeabilidade maior do que os capilares sanguíneos e podem absorver molécu las
grandes como proteínas e lipídeos. Eles também são mais largos em diâmetro do que os capilares sanguíneos, e
isto permite que o líquido intersticial flui para dentro e não para fora.
O fluido intersticial passa para os capilares linfáticos da seguinte maneira: As extremidades das células
endoteliais que formam a parede do vaso linfático se sobrepõem. Quando a pressão é maior no fluido intersticial
do que na linfa, as células ligeiramente se afastam é o líquido intersticial entra no capilar linfático. Quando
apressão é maior no capilar linfático as células endoteliais se aderem mais e não permitem que a linfa retorne para
o líquido intersticial. Apressão é liberada a medida que a linfa se move no capilar.
Quando ocorre o excesso de fluido intersticial, este se acumula e causa o inchaço do tecido. Então, os
filamentos de ancoragem (fibras proteicas que ligam as células endoteliais do capilar linfático as células
adjacentes) são puxados aumentando a abertura entre as células para que mais fluido intersticial entre no capilar
linfático.
No intestino delgado, capilares linfáticos especializados chamados Lácteos, transportam os lipídeos da
dieta para os vasos linfáticos e finalmente para o sangue. A linfa passa dos capilares linfáticos para vasos linfáticos
e então para os linfonodos.
Os componentes do plasma sanguíneo como nutrientes, gases e hormônios passam livremente pelas paredes dos
capilares sanguíneos formando o líquido intersticial. Mas, quando mais fluido é liberado pelos capilares do que
reabsorvidos. O excesso deste fluido, cerca de 3 litros, é drenado para os vasos linfáticos e se torna a linfa.
As proteínas do plasma são muitos grandes para deixar os vasos sanguíneos, por isso, o fluido intersticial
possui uma pequena quantidade de proteínas. Estas que deixam os vasos sanguíneos não podem voltar aos vasos
sanguíneos contra um gradiente de concentração. Porém, podem se mover livremente para os vasos linfáticos,
estes por sua vez, retornam as proteínas do plasma para a corrente sanguínea.
Os vasos linfáticos contêm válvulas, que assegura o movimento da linfa num única mão. O sistema
linfático não possui um órgão que funcione como uma bomba. Por isso, o sistema linfático utiliza os mesmos
mecanismos que ajudam a retornar o sangue venoso ao coração.
Estes mecanismos são as contrações dos músculos esqueléticos que comprime os vasos linfáticos. O
movimento respiratório muda a pressão durante a inalação de ar e a linfa move da região abdominal, onde a
pressão é maior, para a região torácica, onde a pressão é menor. Durante a exalação de ar a pressão reverte mais as
válvulas impedem o refluxo da linfa. Além disso, vasos linfáticos são embrulhados junto com folhas de tecido
conjuntivo e vasos sanguíneos, e pulsações de artérias vizinhas também promovem o fluxo da linfa.
178
179

11.3 Órgãos e Tecidos Linfoides.


O tecido linfoide é composto de um tipo de tecido conjuntivo frouxo chamado de tecido conjuntivo
reticular, e domina todos os órgãos linfoides, exceto o timo. Os macrófagos (células fagocíticas originárias do
sangue) vivem nas fibras da rede de tecido conjuntivo reticular. Existe, também, grandes quantidades de linfócitos
que se espremem entre as paredes das vênulas e atravessam para esta rede e ocupam temporariamente seus
espaços. A circulação dos linfócitos entre os vasos circulatórios, tecidos linfoides e tecido conjuntivo frouxo
assegura que os linfócitos alcancem os locais infectados ou danificados.
O tecido linfoide pode ser de 2 tipos: Tecido linfoide difuso e folículos linfoides. O tecido linfoide difuso
se caracteriza por ser um arranjo frouxo de células linfoides e algumas fibras reticulares, e é encontrada
virtualmente em qualquer órgão do corpo. Grandes quantidades ocorre na lâmina própria das membranas
mucosas.
Os folículos linfoides são corpos sólidos e esféricos consistindo de células linfoides e fibras reticulares
firmemente empacotados. Estes folículos apresentam uma região de coloração mais clara onde células B em
proliferação domina. Os folículos se formam nos grandes órgãos linfoides como linfonodos. Mas, agregados
isolados de folículos linfoides ocorre na parede intestinal como na Placa de Peyers e no apêndice.
O tecido linfático associados as mucosas (MALT: mucosa-associated limphoid tissues) é um conjunto
de tecido linfoide distribuído e estrategicamente localizado na lâmina própria da membrana das mucosas, que
forram o trato gastrointestinal, urinário, reprodutor e respiratório. O tecido linfoide neste caso são nódulos
linfáticos não envolvidos por cápsula.
Embora muitos nódulos linfáticos são pequenos e solitários, alguns podem ocorrer em grandes agregados
em partes específicas do corpo. Os mais importantes são: as tonsilas, as placas de Peyer no íleo e intestino delgado
e apêndice.
As tonsilas que formam um anel na junção da cavidade oral e orofaringe e na junção da cavidade nasal e
nasofaringe. Elas estão estrategicamente colocadas para participar da resposta imune contra substâncias estranhas
180

ingeridas ou inaladas. As 7 tonsilas são: uma única na parede posterior da nasofaringe, a tonsila faríngea ou
adenóide. Duas na região posterior da cavidade oral, um de cada lado, as tonsilas palatinas. Um par de tonsilas
localizadas na base da língua, as tonsilas linguais. Existe ainda uma pequena tonsila próxima a abertura da tuba
auditiva na faringe

11.5 Órgãos Linfoides.


Os órgãos linfoides são classificados em 2 grupos: Os órgãos linfoides primários e órgãos linfoides
secundários. Os órgãos linfoides primários são os locais de onde as células-tronco se dividem e se tornam
181

imunocompetentes. Isto é, capaz de gerar uma resposta imune. Os órgãos primários são a medula óssea vermelha
e o timo.
Os órgãos linfoides secundários são os locais onde ocorre a maioria da resposta imune. Eles incluem o
linfonodo e o baço. Os nódulos linfáticos não são considerados órgãos e sim tecidos, por que não envolvidos por
uma cápsula de tecido conjuntivo.
A medula óssea é o local de origem da maioria células maduras da corrente sanguínea, incluindo glóbulos
vermelhos, granulócitos e monócitos, e o local de maturação dos linfócitos B. A hematopoese (geração de células
sanguíneas) após o nascimento ocorre em quase todos os ossos do esqueleto. Mas, fica restrito aos ossos chatos na
puberdade.
A medula consiste de uma estrutura reticular semelhante a uma esponja entre longas trabéculas (Projeções
do tecido). Os espaços nesta estrutura contêm uma rede de capilares sinusóides cheios de sangue forrado por
células endoteliais aderidos a uma membrana basal descontínua.
Externamente aos sinusóides, há classes de precursores de células do sangue em vários estágios de
desenvolvimento. As células do sangue amadurecem e migram através da membrana basal do sinusóide e entre as
células endoteliais para entrar na circulação vascular. Quando a medula óssea sofre algum dano ou uma grande
demanda de células de sangue, o fígado e baço tornam locais de hematopoese.
As células vermelhas, granulócitos, células dendríticas, plaquetas, linfócitos T e B e células NK, todas se
originam de uma célula-tronco comum hematopoética. Estas células tronco ao se dividirem em duas. Uma
mantém a s propriedades das células-tronco, e a outra se diferencia numa linhagem particular. Depois estas células
dão origem a duas linhagens multipotentes, a linhagem linfoide e a linhagem mieloide.
A linhagem linfoide origina precursores de células T, células B e células NK. A maioria dos passos de
maturação dos linfócitos B ocorre na medula. Mas, os eventos finais ocorrem após entrarem nos tecidos linfoides
secundários, principalmente no baço. As células T amadurecem inteiramente no timo. As células NK amadurecem
inteiramente na medula óssea.
A linhagem mieloide origina linhagens de células progenitoras megacariocítica, granulocítica e
monocítica, que por sua vez origina glóbulos vermelhos maduros, plaquetas, granulócitos (neutrófilos, eosinófilo,
basófilo) e monócitos. A maioria das células dendríticas se origina da linhagem monocítica.
O timo é um órgão bilobado (dois lobos) localizado no mediastino entre o esterno e a aorta. Uma camada
de tecido conjuntivo mantém os dois lobos unidos. Mas, cada lobo é envolvido pela cápsula de tecido conjuntivo,
separando os dois lobos. Extensões da cápsula, as trabéculas, penetram nos lobos dividindo-os em lóbulos.
Cada lóbulo é formado por uma região mais escura e periférica, o córtex, e uma região mais central mais
clara, a medula. O córtex é composto por uma grande quantidade de células T e células dendríticas, epiteliais e
macrófagos espalhados. Células T imaturas migram da medula óssea vermelha para o córtex, onde proliferam e
começam a amadurecer, e as células dendríticas auxiliam no amadurecimento.
As células epiteliais do córtex possuem prolongamentos que circundam e servem como estrutura para cerca
de 50 células T. Estas células “educam” as pré-células T num processo chamado de seleção positiva. Mais ainda,
elas produzem hormônios do timo que podem estar envolvida na maturação das células T. Somente, 2% das
células do córtex sobrevivem, as restantes morrem via apoptosis. Os macrófagos do timo ajudam a remover as
182

células mortas e células morrendo.


A seleção positiva ocorre quando o amadurecimento ocorre reconhecem antígenos exibidos pelo MHC
(complexo maior de histocompatibilidade) nas células apresentadoras de antígenos (geralmente células
dendríticas). Diferentemente, a seleção negativa ocorre quando células B ou T que são auto-reativas são destruídas
para evitar respostas autoimunes.
A medula do timo consiste de células T maduras espalhadas, células epiteliais, células dendríticas e
macrófagos. Algumas células epiteliais se organizam concentricamente em camadas de células que geram e se
tornam preenchidos de querato-hialina e queratina. Esta estrutura é denominada de Corpúsculo de Hassall.
A função do corpúsculo de Hassall é desconhecida, mas acredita-se servem de locais para morte das células
T na medula. Evidências recentes sugerem que estes corpúsculos estão envolvidos no desenvolvimento de células
T reguladoras, uma classe de linfócitos que previnem repostas autoimunes. As células T que saem do timo via
sangue, migram para os linfonodos, o baço e outros tecidos linfoides. Onde eles colonizam partes destes órgãos e
tecidos.
O tamanho do timo varia de acordo com a idade. Alcança a tamanho máximo antes da puberdade, com peso
de 40g. Depois da puberdade, gradualmente diminui e torna-se rico em gorduras. Aos 50 anos o timo pesa 12g. O
decréscimo gradual no tamanho e nas habilidades secretórias pode fazer com que pessoas de idade tornem-se mais
susceptíveis a doenças.
As diferenças entre o timo e outros órgãos linfoides são: a) O timo não possui folículos, pois não possuem
células B. b) Ele não luta diretamente antígenos, o timo serve somente como sítio de maturação dos precursores de
linfócitos T. Estes precursores devem ser mantidos isolados dos antígenos para prevenir um amadurecimento
prematuro pela barreira hematotímica, que mantém os antígenos do sangue fora do timo. c) O estroma do timo
consiste de células epiteliais em vez de fibras reticulares. As células epiteliais fornecem o ambiente físico e
químico para a maturação dos linfócitos T.
Ao longo dos vasos linfáticos existem cerca de 600 linfonodos. Eles estão espalhados pelo corpo e
geralmente estão em grupos. Os grandes grupos de linfonodos estão próximos as glândulas mamárias, na axila e
na virilha.
Os linfonodos possuem de 1 a 25 mm, cobertos por uma cápsula de tecido conjuntivo denso. A cápsula
forma extensões chamadas trabéculas. As trabéculas dividem o linfonodo em compartimentos, fornecem suporte e
uma rota para os vasos sanguíneos. Internamente a cápsula existe uma rede de fibras reticulares e fibroblastos. A
cápsula, trabécula, fibra reticular e fibroblasto forma o estroma do linfonodo.
O parênquima do linfonodo é dividido num córtex superficial e uma medula interna. O córtex é formado
por um córtex externo e um córtex interno (área paracortical). No córtex externo estão agregados de células B
chamados de nódulos (folículos) linfáticos.
Um folículo linfático consistindo princialmente de células B é chamado de nódulo linfático primário. Um
folículo linfático secundário se forma a partir de um nódulo linfático primário em resposta a um antígeno e são
locais de formação de plasmócitos (células B reconhecem um antógeno e produzem anticorpos) e células B de
memória.
A maioria dos nódulos linfáticos no córtex externo são nódulos linfáticos secundários. O centro dos
183

nódulos linfáticos secundários possui uma região clara nomeada de centro germinal. No centro germinal existem
células B e células dendríticas foliculares e macrófagos. As células dendríticas foliculares apresentam um
antígeno, as células B se desenvolvem em plasmócitos (células produtoras de anticorpos) e células B de memória.
As células B que não se desenvolvem apropriadamente sofrem apoptoses. A região nódulo linfático secundário ao
redor do centro germinal é composta de acumulações densas de células B que migraram para fora do local de
origem.
O córtex interno não contém nódulo linfático. Ele é formado principalmente de células T e células
dendríticas que entram no linfonodo. As células dendríticas apresentam antígenos para células T, causando sua
proliferação.A medula do linfonodo contém células B, plasmócitos que migram do córtex externo e macrófagos.
Estas células estão mergulhadas numa rede de fibras reticulares e células reticulares.
O fluxo da linfa ocorre numa única direção, ela entra pelos vasos linfáticos aferentes, que penetra no
linfonodo. Os vasos linfáticos aferentes contêm válvulas que abrem para o centro do linfonodo.
No interior do linfonodo, a linfa entre nos seios, que são uma rede de canais irregulares com fibras
reticulares, linfócitos e macrófagos. Dos vasos linfáticos aferentes a linfa flui para os seis subcapsulares (logo
abaixo da cápsula), depois para os seios trabeculares e para os seios medulares.
Dos seios medulares a linfa é drenada nos vasos linfáticos eferentes, mais espessos e em maior número do
que os vasos linfáticos aferentes. Os vasos linfáticos eferentes emergem de um lado do linfonodo numa ligeira
depressão chamada de hilo. Vasos sanguíneos entrem e saem do hilo.
Os linfonodos funcionam como um filtro. A linfa entre por uma extremidade, as substâncias estranhas são
os nas fibras reticulares. Então, macrófagos destroem algumas delas por fagocitose e linfócitos destroem os outros
pelas respostas imunes. A linfa filtrada deixa pela outra extremidade.
Desde que existem mais vasos linfáticos aferentes, trazendo a linfa, do que vasos eferentes, transportando
linfa para fora. O fluxo de linfa dentro do linfonodo é lento fornecendo mais temo para a linfa ser filtrada. Além
disso, a linfa passa por vários linfonodos diferentes, expondo-a a vários eventos de filtração antes de retornar ao
sangue.
Uma simples infecção ou ferimento pode levar a um aumento do tamanho do linfonodo, o que se chama
popularmente de íngua. Isto ocorre pelo aumento do número de linfócitos e macrófagos nos linfonodos. O inchaço
crônico do linfonodo é chamado de linfadenopatia. O que pode ocorrer em resposta a uma infecção viral ou
bacterial, distúrbio endócrino ou câncer (Martini, 2012).
O baço é a maior massa de tecido linfoide do corpo com 12 cm, localiza-se entre o estômago e diafragma.
A superfície do baço é lisa e convexa. A inferior é côncava e possui um hilo, onde passa a artéria esplênica, veia
esplênica e vasos linfáticos eferentes.
A cápsula de tecido conjuntivo denso envolve o baço, que é por sua vez, recoberta por uma membrana
serosa, o peritônio visceral. Trabéculas se projetam para dentro da cápsula. A cápsula, trabécula, fibras reticulares
e fibroblastos formam o estroma.
O parênquima é formado por dois tipos de tecidos chamado de polpa branca e polpa vermelha. A polpa
branca é tecido linfoide, consistindo de principalmente de linfócitos e macrófagos organizados ao redor de ramos
da artéria esplênica, chamada de artérias centrais.
184

A polpa vermelha consiste de seios venosos cheios de sangue e cordões esplênicos ou cordões de Billroth.
Os cordões esplênicos consistem de glóbulos vermelhos, macrófagos, linfócitos, plasmócitos e granulócitos. As
veias estão associadas com a polpa vermelha.
O fluxo de sangue entra no baço pela artéria esplênica e passa para as artérias centrais da polpa branca.
Dentro da polpa branca, as células B e T realizam suas funções imunológicas semelhantes aos dos linfonodos.
Na polpa vermelha, o baço realiza 3 funções em relação as células vermelhas. A primeira é a remoção pelos
macrófagos de células rompidas, velhas ou defeituosas, e plaquetas. Segundo, armazena plaquetas, em até um 1/3
do suprimento do corpo. Terceiro, produção de células sanguíneas durante a vida fetal.
185

Referências.

MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia. 3ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2009. 1072p.

MARIEB, E. N.; WHIHELM, P.B.; MALLAT J.. Anatomia Humana. 7ª Edição. São Paulo: Pearson. 2014. 912p.

MARTINI, F.H.; TIMMONS, M.J.; TALLITSCH, R.B. Anatomia Humana. 6ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2009. 1100p.

MARTINI, F.H.; OBER, W.C.; BARTHOLOMEW, E.F.; NATH, J.L. Anatomia e Fisiologia Humana: Uma
Abordagem visual. 1ªEdição. São Paulo: Pearson Brasil. 2014. 792p.

SILVERTHORN, D.U. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 5 ed. Porto Alegre: Artmed. 2010. 989p.

TORTORA, G.J.; DERRICKSON, B. Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 8ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2012. 712p.

TORTORA, G.J.; DERRICKSON, B. Prinicples of Anatomy and Physiology. 14Th Edition. Danvers: John
Wiley & Sons. 2014. 1237p.
186

12 Sistema Respiratório

12.1 Introdução.
As células do corpo precisam de oxigênio (O2) para as reações metabólicas que liberam energia dos
nutrientes e produção de ATP. Estas mesmas reações produzem excesso de dióxido de carbono ou gás carbônico
(CO2) que deve ser eliminado o mais rápido possível, pois é tóxico as células.
O sistema respiratório inclui: nariz, faringe, laringe, traqueia, brônquios e pulmões. Ele fornece a troca
gasosa, que é a absorção de O 2 e a liberação de CO2.. O sistema respiratório ajuda a regula o pH do sangue (muito
CO2 o sangue fica ácido), contém receptores de cheiro, filtra, aquece e umidifica o ar na inspiração, produz sons
(cordas vocais na laringe), libera água e calor durante a expiração.
A troca gasosa que acontece no corpo, chama-se respiração e ocorre em 3 passos básicos: 1) Ventilação
pulmonar, que é o fluxo de ar para dentro e para fora dos pulmões; 2) Respiração externa, que é a troca gasosa
entre os alvéolos pulmonares e o sangue nos capilares pulmonares, sendo que o sangue ganha O 2 e perde CO2; 3)
Transporte dos gases respiratórios, em que o oxigênio é transportado dos pulmões para os tecidos e gás
carbônico é transportado dos tecidos para os pulmões. O sistema responsável neste caso é o sistema
cardiovascular. 4) Respiração interna, onde ocorre a troca gasosa entre o sangue e os capilares dos tecidos. Neste
caso, o oxigênio passa do sangue para os tecidos e gás carbônico passa dos tecidos para o sangue.
O sistema respiratório é responsável pelos dois primeiros e os 2 últimos pelo sistema cardiovascular. Assim,
estes 2 sistemas são muito próximos. A utilização do oxigênio e a produção de gás carbônico ocorrem nas células,
a chamada respiração celular. É através desta que as células retiram energia dos compostos orgânicos.
187

12.2 Órgãos do Sistema Respiratório.


Os órgãos são: nariz, cavidade nasal, seios paranasais, a faringe, a laringe, traquéia, brônquios,
bronquíolos e pulmões. Os pulmões possuem pequenos sacos aéreos, os alvéolos. Funcionalmente, os sistema
respiratório se divide me 2 zonas: 1) Zona respiratória, onde ocorre a troca gasosa formado pelo bronquíolos,
ductos alveolares e alvéolos; 2) A zona condutora formada pelas vias respiratórias. Estas limpam, umidificam e
aquecem o ar, isto faz com que poucos produtos irritantes (poeira, bactéria etc...) cheguem aos pulmões.
O nariz é a única parte externa e visível do sistema respiratório, suas funções são: 1) fornecem uma via de
ar; 2) Umidifica e aquece o ar; 3) Filtra e limpa o ar inspirado; 4) Funciona como uma câmara de ressonância para
a fala; 5) Abriga os receptores olfativos. As estruturas do nariz é dividido em nariz externo e a cavidade nasal
interna.
O nariz externo é a parte visível na face consistindo de ossos e cartilagens cobertas por pele e forradas por
mucosa, e possui duas aberturas, as narinas. O nariz interno se conecta com a garganta por duas aberturas, os
cóanos. Quatro seios paranasais (frontal, esfenoide, maxilar e etmoidal) e os ductos nasolacrimais também
conectam ao nariz interno.
A cavidade dentro do nariz, a cavidade nasal, está abaixo do crânio e acima da boca. Uma membrana
vertical, o septo nasal, divide a cavidade nasal em direita e esquerda. O ar ao entrar pelas narinas e passa por 3
ossos chamados: meatos nasais superior, médio e inferior. Os receptores olfativos estão no meato nasal superior
e no septo adjacente, formando o epitélio olfatório.
A faringe ou garganta, inicia nos cóanos e vai até o pescoço. Está localizada posteriormente as cavidades
nasal e oral e anteriormente a área cervical da coluna vertebral. E composta de músculo esquelético e é forrada de
mucosa. A faringe é uma passagem de ar e comida, fornece câmara de ressonância para fala e abriga as
tonsilas.
A laringe é um tubo cartilaginoso forrado por mucosa que conecta a faringe com a traqueia. A cartilagem
tireoide forma a parede anterior da laringe, mais conhecida como pomo-de-adão. Isto por que nos homens esta
cartilagem é maior devido aos hormônios masculinos. Na laringe, encontra-se a epiglote, que é pedaço de
cartilagem elástica coberta por epitélio. Durante a alimentação, a faringe e a laringe se eleva causando o
fechamento da entrada da laringe pela epiglote.
Na mucosa da laringe está localizada dois pares de dobras: Um mais alto, as pregas vestibulares, e um
mais baixo, as pregas vocais. As pregas vestibulares seguram o fôlego contra uma pressão, como quando se
carrega um objeto pesado. As cordas vocais produzem som quando se fala ou se canta. Elas contém ligamentos
esticados entre 2 peças de cartilagem. Quando os músculos contraem estica as cordas vocais, que em conjunto
com a passagem de ar fazem as cordas vibrarem.
A traqueia é uma passagem tubular localizado anteriormente ao esôfago e inicia logo após a laringe. A
parede da traqueia é forrada por mucosa é ancorada por cartilagem. A mucosa traqueal é composta de epitélio
pseudoestratificado colunar ciliado. A cartilagem da traqueia é formada por 16 a 20 anéis de cartilagem em
forma de “C”.
188

A traqueia se divide em brônquio primário direto e esquerdo. A aua estrutura cartilaginosa é igual a da
traqueia. Ao entrar nos pulmões, o brônquio primário se divide em brônquio secundário para cada lobo do
pulmão. Estes brônquios secundário se dividem em terciários, que então se divide ainda mais em bronquíolos.
Estes se ramificam em bronquíolos menores chamados de bronquíolos terminais.
Os pulmões são dois órgãos cônicos esponjosos na cavidade torácica. Eles estão separados pelo coração e
outras estruturas no mediastino. A membrana pleural é uma membrana serosa dupla que envolve e protege os
pulmões. A camada mais externa é ligada a parede da cavidade torácica e ao diafragma, e é chamada de pleura
parietal. A mais interna, a pleura visceral, é aderida aos pulmões. Entre as duas pleuras existe um pequeno
espaço, a cavidade pleural, que contém um líquido lubrificante. Este líquido reduz o atrito entre as membranas,
permitindo que as duas deslizam durante a respiração.
A parte mais larga de cada pulmão é a base e parte mais estreita é o ápice. O pulmão esquerdo possui uma
depressão, a incisura cardíaca, na qual se localiza o coração. Isto faz com que o pulmão esquerdo seja 10%
menor que o direito.
Fissura dividem os pulmões em lobos. A fissura oblíqua divide o pulmão esquerdo em 2 lobos, o
superior e o inferior. As fissuras oblíqua e horizontal divide o pulmão direito em superior, médio e inferior.
Cada lobo se divide em segmentos menores supridos pelos brônquios terciários. Estes segmentos, então, dividem-
se em compartimentos menores, os lóbulos.
Cada lóbulo possui um vaso linfático, uma arteríola, uma vênula e um brônquio terminal. Os
bronquíolos terminais se dividem em ramos microscópicos chamados de bronquíolos respiratórios. Estes se
subdividem em ductos alveolares. Quando 2 ou mais alvéolos compartilham a mesma abertura de um ducto
alveolar são chamados de sacos alveolares.
Os alvéolos possuem a parede formada por células alveolares delgadas, que são células epiteliais
pavimentosas. Nelas ocorrem a troca gasosa (hematose). Entre estas células, estão espalhadas células secretoras
de surfactante, que secretam o fluido alveolar. Este é uma mistura de fosfolipídio e lipoproteína que reduzem a
tendência dos alvéolos se colapsarem. Macrófagos alveolares são encontrado e removem poeiras e outros debris.

12.3 Ventilação Pulmonar.


A ventilação pulmonar é fluxo de ar entre a atmosfera e o pulmão, e isto ocorre pela diferença de pressão
do ar. Quando inalamos ar ou respiramos, a pressão dentro dos pulmões é menor do que apressão do ar
atmosférico. Quando exalamos ocorre o inverso. A contração e o relaxamento dos músculos esqueléticos criam as
mudanças na pressão do ar.

12.4 Músculos da inspiração e expiração.


Os músculos responsáveis pela inspiração são o diafragma e os intercostais (entre as costelas). O diafragma
se contrai quando recebe impulsos nervosos baixando e se achata causando o aumento do volume dos pulmões.
Da mesma forma os intercostais externos a se contraírem puxam as costelas para cima e para fora causando mais
aumento do volume dos pulmões. Durante uma inspiração profunda, os músculos esternocleidomastoideo elevam
o esterno, o músculo escaleno eleva as 2 primeiras costelas superiores e os músculos peitorais menores elevam da
189

terceiro a quinto par de costelas.


Na expiração, começa com o relaxamento do diafragma e intercostais externos. A expiração ocorre pelo
retorno do volume dos pulmões e da parede do tórax. Contudo, os ductos respiratórios e os alvéolos não colapsam
completamente.
No caso de uma expiração forçada, como no caso de tocar instrumentos musicais ou exercícios. Neste caso
os músculos intercostais internos, oblíquo externo e interno, abdominal transversal e resto abdominal se contraem
para mover as costelas mais inferiores para baixo e comprimindo as vísceras forçando ao diafragma para cima.
190
191
192
193
194
195

Referências.
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia. 3ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2009. 1072p.

MARIEB, E. N.; WHIHELM, P.B.; MALLAT J.. Anatomia Humana. 7ª Edição. São Paulo: Pearson. 2014. 912p.

MARTINI, F.H.; TIMMONS, M.J.; TALLITSCH, R.B. Anatomia Humana. 6ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2009. 1100p.

MARTINI, F.H.; OBER, W.C.; BARTHOLOMEW, E.F.; NATH, J.L. Anatomia e Fisiologia Humana: Uma
Abordagem visual. 1ªEdição. São Paulo: Pearson Brasil. 2014. 792p.

TORTORA, G.J.; DERRICKSON, B. Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 8ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2012. 712p.
196

13 Sistema Digestório.
13.1 Introdução.
Os alimentos que consumimos sofrem vários processos até chegarem ao nível de moléculas. Estas são
absorvidas pelo trato gastrointestinal (GI) e tem 3 destinos básicos: 1) Fornecem energia para manter a vida
como transporte ativo, replicação de DNA, síntese de proteínas, contração muscular, manutenção da temperatura
corpórea e divisão celular; 2) Função estrutural fornecendo as moléculas que serão utilizadas para formar
moléculas complexas, como proteínas musculares, hormônios e enzimas; 3) Armazenadas para utilização
futura como o glicogênio é armazenado no fígado e triglicerídeos são armazenados no tecido adiposo.
Os nutrientes são substâncias químicas dos alimentos que as células utilizam para crescimento,
manutenção e reparo. Os seis tipos principais de nutrientes são carboidratos, lipídios, proteínas, água, minerais e
vitaminas.
Os alimentos são as fontes destes nutrientes. Mas, geralmente estão na forma complexa e muito grandes
para serem absorvidas. Portanto, os alimentos devem ser quebrados em moléculas menores o suficiente para
serem absorvidas, num processo chamado digestão. O conjunto de órgãos que realizam a digestão formam o
sistema digestivo.
O sistema digestivo é formado por dois grupos: O trato gastrointestinal (GI) e os órgãos acessórios. O
trato (GI) é um tubo contínuo que se estende da boca ao ânus, e incluem: boca, faringe, esôfago, estômago,
intestino delgado, intestino grosso e ânus. O trato GI possui de 5 a 7 metros numa pessoas adultas. Os órgãos
acessórios incluem: os dentes, língua, glândulas salivares, fígado, vesícula biliar e pâncreas.
De maneira geral o sistema digestivo realiza seis processos básicos:
1 Ingestão: envolve trazer comida e líquidos a boca.
2 Secreção: o sistema digestivo secreta um total de 7 litros de água, ácidos, tampões e enzimas no lúmen do trato
GI.
3 Mistura e propulsão: os músculos lisos da parede do trato GI se alternam em contração e relaxamento
misturando os alimentos e secreções, e movendo em direção ao ânus.
4 Digestão: processos mecânicos e químicos quebram a comida ingerida em moléculas pequenas. Na digestão
mecânica, os dentes cortam e moemos alimentos antes de serem engolidos, e músculos lisos do estômago e do
intestino delgado os trituram. Isto resulta na mistura dos alimentos com as enzimas digestivas. Na digestão
química, os carboidratos, lipídios, proteínas e ácidos nucleicos são quebradas em moléculas menores pelas
enzimas digestivas.
5 Absorção: É a passagem de água, íons, moléculas pequenas que são produtos da digestão pelas células epiteliais
que forram o trato GI. As moléculas absorvidas passam para o fluido intersticial e então para sangue ou linfa, e
então circulam para células de todo o corpo.
6 Defecação: substâncias não digeridas, bactérias, materiais digeridos mas não absorvidos deixam o trato GI
através do ânus. O material eliminado é chamado de fezes.
197

13.2 Trato Gastrointestinal (GI).


Histologicamente, a parede do trato GI, da parte baixa do esôfago até o canal anal, possui a mesma
estrutura de 4 camadas de tecido, que de dentro para fora são: túnica mucosa, túnica submucosa, túnica
muscular e túnica serosa. A 1-túnica muscosa é formada pelo epitélio que está em contato com os alimentos,
uma camada de tecido conjuntivo frouxo, a lâmina própria e uma camada fina de músculo liso, a lâmina
muscular da muscosa. A contração desta última camada cria dobras que aumentam a área de absorção de
alimentos, as pregas, onde podem ser encontradas as vilosidades. A túnica mucosa apresenta nódulos linfáticos
para proteção contra patógenos.
A túnica submucosa consiste de tecido conjuntivo frouxo que une a túnica mucosa a túnica muscular. Ela
possui vasos sanguíneos e linfáticos, a rede de neurônios do SNE (sistema nervoso entérico) que controla a
secreção dos órgãos do trato GI.
A túnica muscular é uma camada grossa de músculos. Na boca, faringe e na parte superior do esôfago é
formado por músculo esquelético promovendo a deglutição voluntária. No resto do trato GI, esta camada é
formada por músculo liso com uma camada interna de fibras circulares e externa de fibras longitudinais. As
contrações involuntárias ajudam a quebrar fisicamente os alimentos, mistura-os com as secreções do trato GI e
empurram os alimentos ao longo do tubo digestivo. Os neurônios do SNE controlam a frequência e a força das
contrações.
198

A túnica serosa é a camada mais externa formada por tecido epitelial pavimentoso e tecido conjuntivo
frouxo. Ela secreta um fluido aquoso e deslizante que permite o trato GI se mover próximos a outros órgãos. A
serosa também, é chamada de peritônio seroso.
A boca ou cavidade oral é formada pelas bochechas, palatos duro e mole, e a língua. As bochechas
formam as paredes laterais da cavidade oral. Os lábios estão ao redor da abertura da boca. A boca e os lábios são
cobertos externamente pela pele e internamente pela mucosa bucal.
O palato duro consiste da maxila e dos ossos do palato, formando o “céu” da boca. O restante é formado
pelo palato mole muscular. Pendurado no palato mole está a úvula que impede que líquidos e alimentos entrem na
cavidade nasal. Atrás do palato mole, a boca se abre na orofaringe e as tonsilas palatinas estão após a abertura.
A língua forma o “assoalho” da cavidade oral. E um órgão acessório do sistema digestivo constituído por
músculo esquelético envolvido por mucosa. As suas funções incluem: mover a comida para mastigação, modelar a
comida num bolo (bolo alimentar), ajuda a comida a ser engolida e está envolvida na fala. O frênulo da língua é
uma dobra de mucosa na linha mediana da parte de baixo da língua e limita o movimento da língua.
A superfície superior ou dorso e as laterias são cobertas por projeções chamadas papilas e algumas delas
possuem botões gustativos envolvidos na sensação de sabores. Glândulas da língua secretam uma enzima
chamada de lipase lingual que inicia a digestão de triglicerídeos em ácidos graxos, uma vez que estejam no
ambiente ácido do estômago.
Os três pares glândulas salivares secretam a saliva na cavidade oral. As glândulas parótidas estão
localizadas inferior e anteriormente as orelhas entre a pele e o músculo masseter. As submandibulares estão no
assoalho da boca parcialmente inferior à mandíbula. As sublinguais estão debaixo da língua.
A saliva é formada por 99,5% de água e 0,5% de solutos. Um destes solutos é a amilase salivar que digere
carboidratos. A secreção da saliva, a salivação é controlada por sistema nervoso autônomo.
Os dentes estão localizados nos alvéolos dentais da maxila e da mandíbula. Os alvéolos dentais são
cobertos pela mucosa gengival e unidos aos dentes por ligamentos periodontais. A estrutura de um dente consiste
da coroa, a raiz e o colo.
A coroa é a parte visível do dente e acima da gengiva. A raiz são projeções embebidas nos alvéolos dentais
e o colo é a linha de junção entre a raiz e a coroa. Internamente, a dentina forma a maior parte do dente. A dentina
é um tecido conjuntivo calcificado, que na coroa é coberta pelo esmalte. Este é formado basicamente por
carbonato de cálcio e fosfato, e é a substância mais dura do corpo protegendo a dentina contra o desgaste e de
ácidos.
A dentina da raiz é coberta pelo cemento, que conecta a raiz aos ligamentos periodontais. A dentina
envolve a cavidade pulpar, que é preenchido pela polpa. A polpa é um tecido conjunto rico em vasos sanguíneos,
vasos linfáticos e nervos.
Nos seres humanos, pode-se encontrar dois conjuntos de dentes. Os decíduos que aparecem aos seis meses
de idade até atingirem o número de 20 dentes. Estes são perdidos entre 6 e 12 anos de idade. Os dentes
permanentes começam a aparecer aos 6 anos até a idade adulta.
Uma pessoa adulta possui 32 dentes, que se divide em 4 grupos: Os incisivos, próximos a linha mediana
adaptados para cortar; os caninos, próximos aos incisivos com superfície pontiaguda ou cúspides para lacerar e
199

rasgar os alimentos; os pré-molares com duas cúspides para esmagar e triturar e molares com 3 ou mais cúspides
cegas para esmagar e triturar os alimentos.
200
201
202
203

O alimento a ser ingerido passa da boca para a faringe, um tubo em forma de funil composto por músculo
esquelético e forrado por mucosa. Possui 3 partes:a nasofaringe envolvida na respiração; a orofaringe logo após a
boca e a laringofaringe próxima a laringe. O movimento muscular a orofaringe e da laringofaringe ajudam a
mover o alimento em direção ao esôfago.
O esôfago é um tubo muscular forrado por tecido epitelial estratificado escamoso, transporta o alimento
para o estômago e secreta muco. Em cada extremidade do esôfago se forma dois esfíncteres. O esfíncter
esofagiano superior formado por músculo esquelético que controla a passagem de alimento da faringe para o
esôfago. O esfíncter esofagiano inferior formado por músculo liso e controla a passagem do alimento do esôfago
para o estômago.
204

A é o movimento do alimento da boca para o estômago e envolve a boca, faringe e esôfago, sendo
auxiliada pela saliva e muco. A deglutição se divide em 3 estágios: 1) Voluntário, onde o bolo alimentar e forçado
cavidade oral para orofaringe. 2) Faríngea, estágio involuntário que corre quando o bolo alimentar passa pela
orofaringe. 3) esofágica, quando o alimento é empurrado pelo esôfago pela peristalse.

O estômago é um alargamento do trato GI em forma da letra “J”, e conecta o esôfago ao duodeno (primeira
porção do intestino delgado). O estômago armazena os alimentos que posteriormente serão digeridos e absorvidos.
Gradativamente, uma pequena quantidade de comida ingerida é liberada para o duodeno. Ele é dividido em 4
regiões: cardia, fundo, corpo e piloro.
A cárdia cerca a abertura superior do estômago. O estômago se dobra para cima e para esquerda formando
o fundo. Inferiormente ao fundo está a parte central e maior do estômago, o corpo. A porção inferior e mais
estreita é a região pilórica. Esta região consiste o canal pilórico, que se conecta com o corpo. O piloro se conecta
com o duodeno através do músculo esfíncter do piloro.
205

A parede do estômago é composta de 4 camadas básicas assim como todo o resto do trato GI, são elas:
túnica mucosa, túnica submucosa, túnica muscular e túnica serosa. A mucosa gástrica que forra internamente o
estômago forma dobras quando este está vazio, chamadas de pregas gástricas. A superfície da mucosa é formada
por uma camada de células epiteliais simples colunar não ciliada, as células mucosas de superfície.
Na mucosa gástrica, existem as glândulas gástricas que forram canais estreitos, as fovéolas gástricas.
Estas se dividem em 3 tipos de células exócrinas, são elas: as células mucosas do colo que secretam o muco. As
células principais que secretam uma enzima inativa o pepsinogênio. As células parietais que produzem o ácido
clorídrico, que matam muitos microrganismos e ajudam a converter o pepsinogênio em pepsina (forma ativa da
enzima), e também produzem o fator intrínseco, que está envolvido na absorção da vitamina B12.
O conjunto de muco das células mucosas, secreção das células principais e das células parietais forma o
suco gástrico. Um quarto tipo de célula, a célula G secreta um hormônio chamado gastrina, que entra na
corrente sanguínea. A gastrina é liberada quando a comida entra no estômago estimulando a secreção das células
principais e parietais, e promove a estimulação do músculo liso da parede do estômago. O movimento do
estômago mistura os alimentos com o suco gástrico produzindo o quimo.
Do estômago, o quimo passa para o intestino delgado. A digestão química do intestino delgado depende
das atividades do pâncreas, fígado e vesícula biliar. O pâncreas está localizada atrás do estômago. As secreções
passam do pâncreas para o duodeno via ducto pancreático, que se une com o ducto hepático do fígado e da
vesícula biliar, penetrando no duodeno como um ducto único, o ducto colédoco.
O pâncreas é feito de pequenos grupos de células epiteliais glandulares, sendo a maioria dispostas em
grupamento chamados de ácinos. Estes formam a porção exócrina do pâncreas, que então secretam uma mistura
de líquidos e enzimas digestivas, o suco pancreático.
O suco pancreático consiste de água, sais, bicarbonato de sódio e enzimas. O bicarbonato de sódio torna
o suco pancreático ligeiramente alcalino (pH 7.1 a 8.2), que inativa o pepsina. As enzimas do suco pancreático
incluem a amilase pancreática (digere carboidratos), várias enzimas que degradam proteínas (proteases) como
a tripsina, quimiotripsina e carboxipeptidase, a lipase pancreática (digere triglicerídeos), ribonuclease
(digere RNA) e desoxirribonuclease (digere DNA).
206
207

As enzimas que digerem proteínas são produzidas na forma inativa, impedindo de digerir o próprio
pâncreas. Ao chegar no intestino delgado, por exemplo, a tripsina é ativada pela enteroquinase. A tripsina, por
sua vez, ativa as outras proteases pancreáticas.
O fígado, no adulto, pesa 1,4 kg e é o segundo maior órgão do corpo humano. Está localizado abaixo do
diafragma do lado direito do corpo. Uma cápsula de tecido conjuntivo envolve o fígado. Na margem frontal e
inferior do fígado encontra-se a vesícula biliar, um saco em forma de pêra.
A estrutura do fígado consiste de: 1) Hepatócitos, que são as células funcionais do fígado com papéis
metabólicos, secretórias e endócrinas. 2) Canalículos biliares, que são pequenos ductos entre os hepatócitos que
coletam a bílis produzida pelos hepatócitos. Dos canalículos, a bílis passa para o ducto biliar, este se unem e
formam ductos hepáticos direito e esquerdo, que então se unem num ducto hepático comum. O ducto hepático
comum se une ao ducto cístico da vesícula biliar formando o ducto colédoco. 3) Os sinusóides hepáticos são
capilares sanguíneos altamente permeáveis entre as colunas de hepatócitos recebendo sangue oxigenado.
A bile é formada por sais biliares que emulsificam, isto é, quebra as partículas grandes de lipídios numa
suspensão de pequenos glóbulos de lipídios, que então são digeridas rapidamente pela lipase pancreática. O
principal pigmento da bílis é a bilirrubina, derivada do grupo heme. As células vermelhas do sangue aos serem
quebradas liberam ferro, globina e bilirrubina. A globina e o ferro são reciclados. A bilirrubina é excretada na bílis,
quebrada no intestino delgado e um dos seus produtos, a estercobilina, dá as fezes a sua coloração característica.
As funções do fígado são:
1 Metabolismo de carboidratos: O fígado auxilia na homeostase da glicose, quando o nível de glicose no sangue
está baixo, o fígado quebra as moléculas de glicogênio em glicose, que então passa para o sangue. Ele,
também, converte certos aminoácidos e ácido láctico em glicose, e alguns açucares como frutose e
galactose em glicose. Quando o nível de glicose no sangue é alto, ele converte em glicose e triglicerídeos.
2 Metabolismo de Lipídios: hepatócitos armazenam triglicerídeos, que quebrados produzem ATP(adenosina
trifosfato), sintetizam lipoproteínas e colesterol e utilizamo colesterol para fazer sais biliares.
3 Metabolismo de proteínas: hepatócitos removem o grupo amina dos aminoácidos que então são utilizados para
produzir ATP ou convertidos em carboidratos e lipídios. Também convertem a amônia, que é tóxica, em
uréia (menos tóxica) que será excretada pela urina. Hepatócitos sintetizam a maioria das proteínas do
plasma como globulinas, albuminas, protrombinas e fibrinogênio.
4 Processamento de fármacos e hormônios: o fígado destoxifica substâncias como álcool ou secretam como
penicilina, eritromicina e sulfonamidas na bílis. Inativam hormônios da tireoide e esteróides como
estrógenos e aldosterona.
5 Excreção da bilirrubina: produtos da degradação das hemácias são absorvidas pelo fígado e secretam na bílis.
6 Armazenam vitaminas e sais minerais: armazenam vitaminas A, D, E e K e minerais como ferro e cobre.
7 Ativação da Vitamina D: a pele, fígado e rins participam da síntese da forma ativa da vitamina D
208
209

Após 2 a 4 horas de comer o estômago esvazia seu conteúdo no intestino delgado, onde os principais
eventos da digestão e absorção ocorrem. O intestino delgado possui 3 metros de comprimento e se divide em três
partes: o duodeno, jejuno e o íleo.
O duodeno, a primeira porção, é a mais curta com 25 cm e se liga ao piloro do estômago. A próxima é o
jejuno com 1 metro de comprimento. A porção final é o íleo com 2 metros e se liga ao intestino grosso pela papila
ileal ou válvula ileocecal.
A camada epitelial da mucosa do intestino delgado é formado por células epiteliais simples colunar com
muitos tipos celulares como: Células absortivas que liberam enzimas digestivas e possuem microvilosidades que
absorvem nutrientes. As células caliciformes que secretam muco. Além destas, o intestino delgado possui células
endócrinas que secretam hormônios na corrente sanguínea, que são: células S secretam secretina, células CCK
secretam colecistocinina ou CCK e células CK secretam peptídio insulinotrópico glicose dependente ou GIP.
Projeções da mucosa, as vilosidades que aumentam a área de absorção do epitélio intestinal. Dentro das
210

vilosidades encontram-se arteríolas, vênulas, capilares e quilífero (vaso linfático).


O suco entérico secretado pelas glândulas intestinais ligeiramente alcalino (pH 7,6) contendo muco. Junto
com o suco pancreático, o suco entérico forma um meio que auxilia na absorção das substâncias.
A digestão mecânica do intestino delgado é auxiliada pela peristalse. Misturando o quimo com o suco
entérico e suco pancreático. Na digestão química, o quimo contém carboidratos e proteínas parcialmente
digeridos. A digestão se completa no intestino delgado. A digestão, uma vez completada, seus produtos podem ser
absorvidas.
211

O intestino grosso é a porção terminal do sistema digestório. Ele termina a absorção de alguns nutrientes,
produz certas vitaminas, forma e expulsa as fezes. Seu tamanho é de cerca de 1, 5 metros com 6,5 cm de diâmetro,
estende-se do íleo até ao ânus.
Entre o íleo e o intestino grosso se localiza o esfíncter íleocecal. Logo abaixo está o ceco e nele está
aderido o apêndice vermiforme. Acima do ceco surge um tubo grande chamado cólon, que se divide em cólon
ascendente, cólon transverso, cólon descendente, cólon sigmóide. Logo em seguida está o reto com 15 cm,
depois o canal anal com 2-3. A abertura do canal, o ânus, é guardado pelo esfíncter anal interna (músculo liso) e
pelo esfíncter anal externo (músculo esquelético).
O tecido do intestino grosso consiste das 4 camadas típicas do trato GI: mucosa, submucosa, muscular e
serosa. O epitélio que forra o intestino grosso consiste de células absortivas e células caliciformes. As células
absortivas absorvem principalmente água e as células caliciformes liberam muco para lubrificação. A
mucosa do intestino grosso não possui adaptações para aumentar a absorção de nutrientes.
A digestão química no intestino grosso ocorre no cólon pela atividade das bactérias que habitam o
lúmen. Não ocorre a secreção de enzimas. O quimo se forma pela ação de bactérias que fermentam carboidratos e
liberam hidrogênio, dióxido de carbono e metano. Estes gases formam o FLÁTUS no cólon, que rotineiramente é
liberado.
As bactérias também convertem proteínas em aminoácidos e quebram estes aminoácidos em substâncias
mais simples como indol e ácido sulfídrico e ácidos graxos. Estas bactérias decompõem bilirrubina em
pigmentos mais simples, incluindo estercobilina. Ao mesmo tempo, produtos bacterianos são absorvidos pelo
212

cólon como vitaminas B e K.


O intestino grosso absorve via osmose cerca de 800 a 900 ml de cada litro de água que chega. Ele também
absorve íons como sódio e cloro, e algumas vitaminas. Aquilo que não foi absorvido, materiais não digeridos,
bactérias, células mortas da mucosa formam as fezes e são expelidos durante a defecação.
213

Referências.

MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia. 3ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2009. 1072p.

MARIEB, E. N.; WHIHELM, P.B.; MALLAT J.. Anatomia Humana. 7ª Edição. São Paulo: Pearson. 2014. 912p.

MARTINI, F.H.; TIMMONS, M.J.; TALLITSCH, R.B. Anatomia Humana. 6ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2009. 1100p.

MARTINI, F.H.; OBER, W.C.; BARTHOLOMEW, E.F.; NATH, J.L. Anatomia e Fisiologia Humana: Uma
Abordagem visual. 1ªEdição. São Paulo: Pearson Brasil. 2014. 792p.

TORTORA, G.J.; DERRICKSON, B. Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 8ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2012. 712p.
214

14 Sistema Urinário.
14.1 Introdução.
A medida que as células realizam seu metabolismo, elas produzem substâncias desnecessárias e as vezes até
tóxicas ao organismo. Sistema urinário é responsável pela eliminação destas substâncias, as excretas. O
sistema urinário consiste de: dois rins, dois ureteres, uma bexiga urinária e uma uretra. A urina é o produto da
filtração do sangue constituída de água e solutos.

14.2 Órgãos do sistema urinário.


Os rins são os órgãos principais do sistema urinário, as outras partes serve de via como os ureteres e a
uretra, ou servem para armazenamento como a bexiga. As funções dos rins incluem:
1 Regulação dos níveis de íons no sangue principalmente de sódio, potássio, cálcio, cloreto e fosfato.
2 Regulação do volume e pressão sanguínea por meio do retorno da água para o sangue ou eliminado-a pela
urina. Os rins produzem a renina, que ativa a via renina-angiotensina-aldosterona.
3 Regulam o pH do sangue pela eliminação de íons hidrogênios quando o nível está alto no sangue, e também
armazenam íon bicarbonato.
4 Produzem hormônios como o calcitriol, a forma ativa da vitamina D regulando a homeostase de cálcio, e a
eritropoietina que estimula a produção de células vermelhas do sangue.
5 Excreção de resíduos pela formação de urina, os rins ajudam a eliminar os resíduos como amônia e ureia
resultante da quebra de aminoácidos, a bilirrubina resultante da quebra de hemoglobina, creatina resultante da
quebra de fosfato-creatina, ácido úrico resultante da quebra de ácidos nucleicos. Outros resíduos são drogas e
toxinas.
Os rins possuem a forma de feijão e se localizam próximo a coluna vertebral ao nível da décima segunda
vértebra torácica. O rim direito é um pouco mais baixo do que o rim esquerdo devido à presença do fígado.
Externamente, os rins apresentam uma depressão na linha mediana chamada de hilo renal, pelo qual, os ureteres
saem dos rins, e vasos sanguíneos, nervos e vasos linfáticos entrem e saem.
Envolvendo cada rim existe a cápsula renal, que é uma camada formada por tecido conjuntivo que
mantém a forma e protege contra traumas. Tecido adiposo está presente ao redor dos rins servindo como coxim.
Internamente, os rins têm duas regiões: uma externa vermelha clara chamada de córtex renal, e uma interna
vermelha escura a medula renal, Dentro da qual existem estruturas cônicas, as pirâmides renais. Projeções do
córtex renal preenche os espaços entre as pirâmides renais, as chamadas colunas renais.
A urina formada nos rins é drenada para uma cavidade em forma de túnel, a pelve renal. Na margem desta,
existe estruturas em forma de copo chamadas de cálices renais maiores e menores. O fluxo de urina flui de
vários ductos dentro dos rins para os cálices menores e destes para os cálices maiores, então para pelve renal que
se conecta com os ureteres.
Cerca de 1.200 ml de sangue passa nos rins por minuto através das artérias renais direita e esquerda. Estas
se dividem várias em artérias cada vez menores, que eventualmente descarregam sangue nas arteríolas aferentes.
Cada arteríola se divide numa rede enoveladas de capilares chamados de glomérulos. Capilares dos glomérulos se
unem para forma a arteríola eferente formando uma rede ao redor dos túbulos renais, os capilares peritubulares.
215

Estes se unem e formam as veias peritubulares que então forma a veia renal.
Os Néfrons são as unidades funcionais dos rins, chegando a um milhão em cada rim. Eles consistem de
duas partes: Um corpúsculo renal onde o plasma sanguíneo é filtrado, e um túbulo renal no qual passa o líquido
filtrado, chamado de filtrado glomerular. A medida que líquido circula pelos túbulos renais, os resíduos e
excesso de substâncias são adicionadas e os materiais úteis retornam ao sangue.
O corpúsculo renal é formado pelo glomérulo e a cápsula glomerular ou cápsula de Bowman. Esta é
formada por uma camada dupla de células epiteliais. O filtrado glomerular entra na cápsula de Bowman e passa
para os túbulos renais. O fluido passa, respectivamente, nestas três secções dos túbulos renais: túbulo
contorcido proximal, depois para a alça de Henle e túbulo contorcido distal. O glomérulo, a cápsula de
Bowman, o túbulo contorcido próxima e distal ficam no córtex renal e parte da alça de Henle alcança a
medula renal. Os túbulos contorcidos distais de diversos néfrons terminam num único túbulo, o túbulo coletor.
216
217
218

14.3 Funções do Néfron.


Para produzir a urina, os néfrons e os ductos coletores realizam 3 funções: filtração glomerular,
reabsorção tubular e secreção tubular. Na filtração glomerular, a pressão sanguínea força água e solutos do
plasma sanguíneo através da parede das capilares glomerulares formando p filtrado glomerular.
A reabsorção tubular ocorre a medida que o fluido passa pelo túbulos renais e ducto coletor. Estes
retornam cerca de 99% da água e solutos úteis para o sangue via capilares peritubulares. A secreção
tubular também ocorre a medida que o fluido passa pelos túbulos renais e ducto coletor. Estes removem
substâncias como resíduos, drogas e excesso de íons no sangue. Os capilares peritubulares e transportam para o
fluido dos túbulos renais. Estas funções ajudam a manter a homeostase no volume e composição sanguínea.
219

4 Transporte, Armazenamento e Eliminação de Urina.


A urina produzida pelos néfrons chega na pelve renal e é drenada para os ureteres e depois para a
bexiga urinária. Desta, a urina é eliminada para fora do corpo via uretra. Os ureteres passam por de baixo da
bexiga impedindo o refluxo de urina.
A parede dos ureteres é formada por 3 camadas: A mais interna é a mucosa constituída por epitélio de
transição. Este epitélio é capaz de se esticar. Células mucosas produzem muco evitando o contato entre as células
e a urina. A camada do meio é formada por músculo liso, este é responsável pela peristalse. A mais externa é
formada por tecido conjuntivo contendo vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos.
A bexiga urinária é um órgão muscular oco. A sua forma depende da quantidade de urina presente. A bexiga
pode conter de 700 a 800 mL de urina. A parede da bexiga consiste de mucosa com epitélio de transição, a camada
muscular consiste de 3 camadas de músculo liso chamado músculo detrusor.
A uretra é um pequeno tubo que leva a urina da bexiga para fora do corpo. Nas mulheres, a abertura da
uretra ou óstio externo da uretra se localiza entre o clitóris e a entrada da vagina. Nos homens, passa pela
próstata e pelo pênis.
220

Referências.

MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia. 3ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2009. 1072p.

MARIEB, E. N.; WHIHELM, P.B.; MALLAT J.. Anatomia Humana. 7ª Edição. São Paulo: Pearson. 2014. 912p.

TORTORA, G.J.; DERRICKSON, B. Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 8ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2012. 712p.
221

15 Sistema Reprodutor
15.1 Introdução.
A reprodução é o processo de gerar descendentes contendo as características dos progenitores. No ser
humano, primeiramente devem ser produzidas as células germinativas ou gametas. No caso do homem, os
gametas são os espermatozoides e na mulher os óvulos. Estes gametas são produzidos nas nos órgãos sexuais
primários, as gônadas. A fecundação ou fertilização ocorre quando o espermatozoide entra no óvulo
No homem, a gônada é o testículo e na mulher é o ovário. As gônadas são responsáveis pela gametogênese
(produção de gametas) por meio de meiose, e produzem hormônios sexuais. Os órgãos sexuais acessórios ou
secundários incluem: ductos, glândulas e genitálias. As genitálias podem ser internas (dentro do corpo) ou
externas (visíveis).

15.2 Sistema reprodutor masculino.


Os órgãos do sistema reprodutor masculino são: testículos, epidídimo, canal deferente, ducto
ejaculatório e uretra, glândulas sexuais acessórias (vesícula seminal, próstata e glândulas bulbouretrais),
escroto e pênis.
O escroto ou bolsa escrotal é uma bolsa que contém os testículos. É constituído por pele frouxa, fáscia
superficial e músculo liso. Internamente, um septo divide o escroto em dois espaços contendo um testículo em
cada um.
A temperatura ideal para a produção e a sobrevivência dos espermatozoides é de 2 a 3 graus abaixo da
temperatura corporal. Por isso, quando exposto ao frio, músculos esqueléticos movem os testículos para
próximo da cavidade pélvica, absorvendo calor do corpo. Diferentemente, quando expostos ao calor, os
músculos esqueléticos relaxam e afastam os testículos da cavidade pélvica.
Os testículos são um par de glândulas ovais cobertos por uma cápsula fibrosa branca que se estende para
dentro dos testículos, dividindo-os em lóbulos. Em cada um dos 200 ou 300 lóbulos existem de 1 a 3 túbulos
seminíferos altamente espiralados que produzem os espermatozoides num processo chamado espermatogênese.
Os túbulos seminíferos são constituídos por células formadoras de espermatozoide, as células
espermatogênicas. Localizados próximos a membrana basal, estão as espermatogônias. Estas são as precursoras
das células tronco. Em direção ao lúmen do túbulo existem camadas de células de acordo com estágio de
maturação: espermatócitos primários, espermatócitos secundários, espermátides e espermatozoides. Depois
que o espermatozoide está formado ele é liberado para lúmen dos túbulos seminíferos.
Nos túbulos seminíferos e entre as células espermatogênicas estão: as células de Sertoli que sustentam,
protegem, nutrem as células espermatogênicas, fagocitam células em degeneração, secretam fluido para o
transporte dos espermatozoides e liberam o hormônio inibina que regula a produção de espermatozoides.
Entre os túbulos seminíferos existem grupos de células de Leydig, que secretam a testosterona, o
andrógeno mais importante. Andrógenos são hormônios que promovem o desenvolvimento das características
sexuais secundárias. A testosterona é responsável pela libido masculino.
Todo dia um homem produz cerca de 300 milhões de espermatozoide. Uma vez ejaculado, a maioria não
sobrevive mais de 48 horas no trato reprodutivo feminino. O espermatozoide é constituído pela cabeça e pela
222

cauda. A cabeça contém o material genético (DNA) no núcleo celular e um acrossoma, uma vesícula contendo
enzimas que ajudam-no a penetrar nos óvulos.
A cauda é subdividida em 4 partes: O colo, uma região constrita depois da cabeça; a peça intermediária
contém mitocôndrias que fornecem ATP para locomoção; A peça principal que é a parte mais longa da cauda e
peça terminal que se afila.
O epidídimo é um órgão em forma de vírgula localizada em cima dos testículos. Cada epidídimo possui
vários ductos do epidídimo fortemente espiralado. Nestes ductos, ocorre o amadurecimento dos
espermatozoides. Neste processo o espermatozoide adquiri motilidade e a capacidade fecundar um óvulo, o
que ocorre entre 10 a 14 dias. Os ductos dos epidídimos armazenam os espermatozoides e ajudam a propelir
durante a ejaculação por peristalse dos músculos lisos do canal deferente.
O canal deferente está localizado após o epidídimo, penetram no canal inguinal e entram na cavidade
pélvica. Este ducto possui tem uma densa túnica de 3 camadas musculares. Também, armazenam espermatozoides
por vários meses e os movem para uretra via peristalse
O Ducto ejaculatório é a união entre 2 ductos, o canal deferente e ducto da vesícula seminal. A uretra é a
porção terminal dos ductos do sistema reprodutor masculino. Ela serve tanto para o sistema urinário quanto
reprodutor. Nos homens, a uretra passa pelo pênis.
As glândulas sexuais acessórias secretam a maior parte do líquido que forma o esperma. O par de vesícula
seminal localizada na posteriormente a base da bexiga urinária e anteriormente ao reto. Elas produzem fluido
viscoso alcalino que contém frutose, prostaglandinas e proteínas de coagulação.
A natureza alcalina do fluido auxiliam na neutralização da acidez da uretra do homem e da vagina. A
frutose é utilizada para fornecer ATP para o espermatozoide. As prostaglandinas auxiliam na motilidade e
viabilidade do espermatozoide, e possivelmente ajudam na contração muscular do trato reprodutivo feminino.
As proteínas coaguladoras coagulam o esperma depois da ejaculação, O fluido da vesícula seminal constitui
60% do fluido do esperma.
A próstata é única em forma de anel do tamanho de uma bola de golfe. Esta localizada inferiormente a
bexiga. A próstata aumenta de tamanho vagarosamente do nascimento a puberdade, e então aumenta rapidamente.
Ao atinge 30 anos permanece do mesmo tamanho até os 45 anos, e depois começa a crescer novamente. Ela
secreta um fluido leitoso ligeiramente ácido contendo ácido cítrico, que pode ser utilizado para produção de
ATP via ciclo de Krebs; Fosfatase com função desconhecida e proteinase como antígeno prostático específico
(PSA) que compõe 25% do volume do esperma.
O pare de glândulas bulbouretrais são do tamanho de ervilhas. Estão localizadas inferiormente a próstata
em cada lado da uretra. Durante o ato sexual, as glândulas bulbouretrais e secretam uma substancia alcalina na
uretra que protege o esperma neutralizando a acidez da urna na uretra. Ao mesmo tempo, secretam um
muco que lubrifica a extremidade do pênis.
O pênis contém uretra é a passagem do esperma e urina. Tem a forma cilíndrica e consiste de raiz, corpo e
glande do pênis. A raiz do pênis é a porção fixa. Corpo do pênis é composto de 3 massas cilíndricas de tecidos.
Duas massas dorsolaterais chamadas de copros cavernosos e uma massa mediano ventral, o corpo esponjoso que
contém a uretra. Todos são envolvidos por fáscia (camada de tecido conjuntivo fibroso), pele e consistem em
223

tecido erétil permeado por seios sanguíneos.


A porção terminal do corpo esponjoso do pênis se alarga numa região chamada de glande do pênis. Nela
está localiza a abertura da uretra. Cobrindo a glande num pênis não circuncidado está o prepúcio.
224
225
226

15.3 Gametogênese e fecundação.


A maioria dos vertebrados utilizam para a sua reprodução gametas ou células sexuais para fecundação
(penetração do gameta masculino no gameta feminino) que como consequência produz um zigoto. O gameta
masculino é o espermatozoide e o feminino é o óvulo, os quais são produzidos pelas gônadas masculina
(testículo) e feminina (ovário). Obviamente, existe exceções a esta regra, como por exemplo: partenogênese que
227

ocorre em peixes, salamandras e lagartos.


A produção dos gametas é chamada de gametogênese, que por sua divide-se em espermatogênese
(produção de espermatozoides) e ovogênese (produção de óvulos). Quando falamos de gametogênese, na verdade,
estamos falando sobre divisão celular. Existem dois tipos de divisões celulares: a mitose e a meiose.
Na mitose, uma célula-mãe origina duas células-filhas com o mesmo número de cromossomos, ou seja,
uma célula diploide (célula com cromossomos pares, um de origem paterna e outro de origem materna) origina
células diploides. Este tipo de divisão é usada nos vertebrados principalmente para o crescimento celular e para
regeneração de tecidos.
Na meiose, uma célula-mãe pode originar quatro células-filhas com metade do número de cromossomos da
célula-mãe, ou seja, haploide, e é utilizada pelas células germinativas. As células germinativas pertencem a uma
linhagem celular no interior das gônadas, cuja função principal é a produção de gametas. Portanto, a descrição
dos processos que ocorrem durante a meiose é recomendável para entender a gametogênese.
Antes da divisão celular existe um período chamado interfase. Neste período na fase S ocorre a duplicação
do DNA, consequentemente um cromossomo passa ter duas cromátides. Cromátide corresponde a cada um dos
filamentos de um cromossomo duplicado, unidos pelo centrômero.
A meiose é dividida para efeito de estudo em meiose I e meiose II. Porém, nem sempre esta divisão é tal
evidente. A meiose I se divide em fases: Prófase I, Metáfase I, Anáfase I e Telófase I. A prófase I, por sua vez, se
divide nas seguintes subfases: leptóteno, zigóteno, paquíteno, diplóteno e diacinese.
Aqui vamos utilizar a gametogênese humana para efeito de estudo. Primeiro no homem (espermatogênese)
e depois na mulher (ovogênese). A espermatogênese ocorre nos testículos, mais especificamente no interior
nos túbulos seminíferos. Ao nascer o menino possui células germinativas chamadas espermatogônias.
Durante a puberdade ocorre uma fase de multiplicação das espermatogônias, na qual o número destas
células aumenta através de sucessivas mitoses. Ao mesmo tempo o volume destas células aumenta devido a
produção de substancias de reservas para a divisão celular, passando a ser chamadas de espermatócito I.
O espermatócito I passa pela meiose I formando duas células haploides chamadas de espermatócito II,
que por sua vez passa pela meiose II formando quatro células haploides esféricas, as espermátides. Então ocorre
o processo de espermiogênese. Neste processo a espermátides esférica perde a maior parte do citoplasma
tornando-se alongada, o núcleo se condensa e forma-se o acrossoma (vesícula contendo enzimas para ajudar a
penetrar na zona pelúcida do óvulo), a passa a ser chamado de espermatozoide.
Ao final da espermatogênese os espermatozoides penetram na luz do túbulo seminífero e migram para o
epidídimo para amadurecer. Todo o processo desde espermatogônias até espermatozoide madura dura cerca de
sessenta dias. .
Nas mulheres o processo de ovogênese começa no período fetal e termina após a puberdade. A partir
desta fase todo mês a mulher produz um óvulo (ciclo ovariano) e isso ocorre por toda vida reprodutiva da
mulher, exceto na gravidez.
No período fetal, as ovogônias se multiplicam por mitose. Antes do nascimento as ovogônias aumentam de
volume e passam a ser chamadas de ovócitos I. Bem próximo ao nascimento, os ovócitos I iniciam a meiose I.
Mas, param no diplóteno da prófase I, permanecendo assim até a puberdade. Na puberdade, logo após a
228

ovulação, que é liberação do óvulo pelos ovários (conceito mais conhecido pela maioria das pessoas). Mas na
verdade a ovulação é a liberação dos ovócitos I.
O processo da ovulação envolve a formação de uma estrutura chamada folículo ovariano ou folículo de
Graff. A formação do folículo ovariano acontece da seguinte maneira: Células foliculares se multiplicam e
mudam a forma de chatas para cúbicas, chamadas de células granulosas, e formam uma camada estratificada ao
redor do ovócito I, que então passar a ser chamado de folículo primário. Esta camada estratificada é chamada de
corona radiata. As células granulosas e o ovócito secretam uma camada de glicoproteínas na superfície do
ovócito chamada de zona pelúcida.
A partir deste ponto surge espaços cheios de fluido em torno das células, que depois se agregam e formam
uma única cavidade grande contendo líquido folicular chamada antro. Com a formação do antro o folículo
ovariano passar a ser chamado folículo secundário. Nesta fase também o ovócito I se desloca do centro para
periferia e fica rodeado de células foliculares, o cumulus oophorus.
Com o crescimento do folículo, começa a formar uma saliência na superfície do ovário e passa a ser
chamado folículo ovariano maduro. Logo após a ovulação o ovócito I termina a meiose I e produz duas células-
filhas haploides de tamanho desigual.
A primeira contém a maior parte do citoplasma e é chamada de ovócito II e outra é uma célula de tamanho
muito reduzido e que não participa da fecundação, chamada de corpúsculo polar. O ovócito II prosseguirá com
meiose II até a fase de metáfase II onde se interrompe. Após a fertilização pelo espermatozoide a meiose II
termina com um ovócito fertilizado e outro corpúsculo polar que se degenera.
Na fecundação ou fertilização, o espermatozoide se une ao óvulo para produzir um zigoto, que por sua vez,
vai se desenvolver embrião. A fecundação ocorre na tuba uterina. A fecundação se divide em fases, que são:
Primeiramente, o espermatozoide tem que atravessar a corona radiata. Para isso o acrossoma do
espermatozoide produz hialuronidase que em conjunto com enzimas da mucosa da tuba uterina também auxiliam
nesta fase.
Na segunda fase o espermatozoide precisa passar pela zona pelúcida. Para atravessar a zona pelúcida o
espermatozoide primeiro se liga a ela. A zona pelúcida possui três principais glicoproteínas: ZP1, ZP2 e ZP3.
O espermatozoide se liga a ZP3 (receptor) e promove a reação do acrossoma com liberação de enzimas,
principalmente as esterases, acrosina e neuraminidase. Uma vez que o espermatozoide penetra na zona
pelúcida. Ocorre uma mudança nas propriedades da zona pelúcida, tornando-a impermeável a outros
espermatozoides. Estas mudanças incluem quebra do receptor ZP3.
O próximo passo é a fusão das membranas celulares do ovócito, em que a cabeça e a cauda do
espermatozoide entram mas a plasmalema não. Ao mesmo tempo ocorre o término da meiose II e forma-se o pro-
núcleo feminino. No outro lado no espermatozoide o núcleo aumenta de tamanho e a cauda degenera.
Finalmente, as membranas do pro-núcleos se degeneram e os cromossomos se condensam para a divisão
mitótica. O processo de fertilização pode terminar em até 24 horas após a ovulação. A fusão dos pro-núcleos
é chamada de anfimixia.
229
230
231

15. 4 Controle Hormonal dos Testículos.


Na puberdade, células neurosecretórias do hipotálamo aumentam a secreção do hormônio liberado da
gonadotrofinas (GnRH), este, por sua vez, estimula a adeno-hipófise a aumentar a secreção do hormônio
luteinizante (LH) e hormônio folículo estimulante (FSH).
O LH estimula as células de Leydig a secretar a testosterona. Esta é sintetizada a partir do colesterol e
por retroalimentação negativa regula LH via suprimir a secreção de GnRH. Em algumas células alvo como
genitais externos e próstata, uma enzima converte testosterona num outro andrógeno chamado
diidrotestosterona.
O FSH e testosterona agem juntas para estimular a espermatogênese. Quando atingi o nível de
espermatogênese necessária para as funções reprodutivas, as células de Sertoli liberam inibina, que inibe a
secreção de FSH. A testosterona e diidrotestosterona (DHT) se ligam aos mesmos receptores de andrógenos,
tendo vários efeitos:
19) Desenvolvimento pré-natal: antes do nascimento, a testosterona estimula o desenvolvimento dos
ductos do sistema reprodutor masculino e descida dos testículos para a bolsa escrotal. A DHT
estimula a formação da genitália externa.
20) Desenvolvimento das características sexuais secundárias: Na puberdade, a testosterona e a DHT
promovem o aumento dos órgãos sexuais masculinos e o desenvolvimento das características sexuais
secundarias masculinas. O que inclui crescimento muscular e esquelético resultando em ombros
largos e bacia estreita; pelos pubianos, axilares, faciais e peitorais; espessamento da pele; aumento da
secreção das glândulas sebáceas, aumento da laringe com engrossamento da voz.
21) Desenvolvimento da função sexual: andrógenos contribuem para o comportamento sexual,
espermatogênese e libido em, ambos, homens e mulheres. Nas mulheres, a adrenal é a fonte de
andrógenos.
22) Estimulação do anabolismo: andrógenos são hormônios anabólicos, isto é, estimulam a síntese de
proteínas levando a um aumento da massa muscular e óssea.
232

15.5 Sistema Reprodutor Feminino.


Os órgãos do sistema reprodutor feminino são: ovários, tubas uterinas (trompas de Falópio) ou
oviductos, útero, vagina e vulva (genitália externa). As glândulas mamárias são consideradas também como
parte do sistema reprodutor.
O par de ovários são responsáveis pela produção de óvulos e hormônios como progesterona,
estrógenos, inibina e relaxina, e estão localizados na cavidade pélvica. Ele é recoberto por uma cápsula de
epitélio simples. A porção mais externa, o córtex ovariano é formada por tecido conjuntivo onde estão os
folículos ovarianos. O folículo ovariano maduro é chamado de folículo de Graaf, que está pronto para se
romper e expelir o óvulo.
Ao se romper, o folículo de Graaf, deixa um remanescente, chamado de corpo Lúteo ou corpo amarelo.
Este produz os hormônios progesterona, estrógenos, relaxina e inibina até a se degenerar e formar um tecido
fibroso chamado corpo Albicans ou corpo branco. A medula ovariana é a região mais central e consiste de tecido
conjuntivo frouxo com vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos.
As mulheres possuem 2 tubas uterinas que se localizam lateralmente ao útero e transportam o óvulo dos
233

ovários ao útero. A porção alargada em forma de funil é o infundíbulo e situado próximo aos ovários. Ele possui
um projeções digitiformes chamadas fímbrias, que produzem uma corrente para trazer o óvulo para as tubas
uterinas. A fecundação ocorre na tuba uterina, o que ocorre em 24 horas e leva até 7 dias para ser
transportado até ao útero.
O útero é a via de acesso do espermatozoide que vem da vagina em direção a tuba uterina. É nele também
que ocorre a nidação, isto é, a implantação do embrião no útero e o desenvolvimento do feto até ao nascimento.
Quando não ocorre a fecundação o útero é a fonte do fluxo menstrual.
Estruturalmente o útero possui: O fundo do útero que é uma porção em forma de domo; o corpo do útero
que é a porção central afunilada; colo do útero ou cérvix uterino que é a porção estreita que se abre para vagina.
O interior do corpo do útero é a cavidade uterina.
A parede do útero é formada por 3 camadas: A camada mais externa é o perimétrio ou serosa composta de
tecido epitelial. A camada do meio é o miométrio, a camada muscular, formada por músculo liso que durante o
parto produz contrações para expelir o feto. A camada mais interna é o endométrio que é uma mucosa altamente
vascularizada responsável pela nutrição do feto ou parte é eliminada mensalmente pela menstruação.
Vagina é canal tubular que se estende do exterior para o colo do útero. Ela é o receptáculo do pênis durante
o ato sexual, saída do fluxo menstrual e via de passagem do parto. Uma abóbada ou arco circunda o colo uterino,
o fórnix.
A mucosa vaginal contém grandes quantidades de glicogênio que ao se decompor produz ácidos orgânicos
aumentando acidez da vagina. Esta acidez evita que microrganismos cresçam, mas também é prejudicial para o
espermatozoide. A camada muscular de músculo liso se alonga durante o ato sexual e no parto. Existe uma
membrana mucosa que cobre o óstio vaginal (abertura da vagina).
O períneo é uma região losangular entre as coxas e as nádegas, que contém as genitálias externas e o ânus.
A vulva ou pudendo feminino é a genitália externa feminina. Nela podemos encontrar o monte do púbis que é
uma elevação de tecido adiposo recoberto por pelos pubianos. Do monte do púbis surgem duas dobras
longitudinais de pele, os lábios maiores ou grandes lábios. Estes possuem tecido adiposo, glândulas sebáceas e
sudoríparas, e como o púbis é recoberto por pelos.
Medialmente aos lábios maiores existem duas dobras de pele, os lábios menores ou pequenos lábios.
Estes não possuem pelos ou tecido adiposo. Possuem poucas glândulas sudoríparas, mas possuem numerosas
glândulas sebáceas.
O clitóris é uma pequena massa cilíndrica de tecido erétil e nervos. Um prepúcio se forma no ponto de
união entre os pequenos lábios e cobrem o corpo do clitóris. A porção exposta do clitóris é a glande do clitóris,
e como o pênis aumenta de tamanho sob estimulação sexual.
O vestíbulo da vagina é a região entre os pequenos lábios, onde pode-se encontrar o hímen, abertura da
vagina, abertura da uretra. Em cada lado da vagina existem as glândulas vestibulares maiores, que produzem
uma grande quantidade de muco para lubrificação durante o ato sexual.
As glândulas mamárias estão localizadas nas mamas e são glândulas sudoríparas modificadas que
produzem o leite. Em cada mama encontra-se uma projeção pigmentada, a papila mamária ou mamilo com uma
série de aberturas de ductos onde emergem o leite. A área da pele pigmentada ao redor do mamilo é chamada de
234

aréola.
Internamente, cada glândula mamária consiste de 15 a 20 lobos organizados de maneira radial e separados
por tecido adiposo e faixas de tecido conjuntivo chamados de ligamentos suspensórios da mama. Em cada lobo
existem pequenos lóbulos, nos quais se encontram as glândulas secretoras de leite, chamadas de alvéolos.
Ao nascimento as glândulas mamárias não estão desenvolvidas e na puberdade sob a influência de
estrógenos e progesterona se desenvolvem. As função são síntese, secreção e ejeção do leite, a chamada
Lactação. A produção do leite é estimulada pela prolactina em conjunto com estrógenos e progesterona. Já a
ejeção do leite é estimulada pela ocitocina em resposta a sucção dos mamilos pelo bebê.
235
236

15.6 Ciclo reprodutivo feminino e Regulação hormonal do ciclo reprodutivo.


Durante o seu período reprodutivo as mulheres não grávidas exibem mudanças cíclicas nos ovários e útero.
Cada ciclo leva mais ou menos um mês e envolve a ovogênese e a preparação do útero para receber o embrião. Os
ciclos reprodutivos envolvem o ciclo ovariano, que são eventos que ocorrem no ovário e o ciclo uterino que
envolve mudanças no endométrio do útero. Estes ciclos são regulados por hormônios.
O hormônio liberador da gonadotrofina (GnRH) liberado pelo hipotálamo estimula a liberação do
hormônio folículo estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH) pela adeno-hipófise. O FSH estimula o
crescimento folicular e secreção de estrógenos pelos folículos ovarianos. O LH estimula o amadurecimento
dos folículos ovarianos e secreção total dos estrógenos. No meio do ciclo reprodutivo, altos níveis de LH (pico
de LH) estimula a ovulação e promove a formação do corpo lúteo. Este, por sua vez, secretam estrógenos,
progesterona, relaxina e inibina.
Os estrógenos possuem as seguintes funções: 1) promovem o desenvolvimento e manutenção das
estruturas reprodutivas feminina das características sexuais secundárias (crescimento de pelos pubianos, axilares,
desenvolvimento das glândulas mamárias). 2) Estimulam a síntese de proteínas agindo em conjunto com fatores
de crescimento semelhante a insulina, insulina e hormônios da tireoide. 3) Diminuem níveis de colesterol no
sangue.
A progesterona em conjunto com estrógenos a preparar e manter o endométrio para a implantação do
embrião e preparar as glândulas mamárias para secreção do leite. Pequenas quantidades de relaxina, produzidas
pelo corpo lúteo, relaxa o útero inibindo contrações do miométrio. Durante a gravidez, a placenta produz relaxina
e esta aumenta a flexibilidade da sínfise pubiana dilatando o cérvix uterino. Já a inibina é secretada pelos
folículos em crescimento e pelo corpo lúteo depois da ovulação, e inibe a secreção de FSH e em menor efeito
de LH.
237

15.7 Fases do Ciclo Reprodutivo Feminino.


O ciclo reprodutivo feminino varia de 24 a 36 dias, com média de 28 dias e se divide em 4 fases: fase
menstrual, fase pré-ovulatória, ovulação e fase pós-ovulatória. A fase menstrual ou menstruação dura 5 dias e
geralmente a menstruação marca o primeiro dia do ciclo. Nesta fase, os eventos nos ovários incluem o
crescimento e aumento de tamanho dos folículos ovarianos. No útero, o fluxo menstrual consiste de 50 a 150 mL
de sangue e células do endométrio. Esta descarga ocorre pela diminuição dos níveis de progesterona e estrógenos
causando a constrição das artérias uterinas, o que leva a perda de oxigênio pelas células do endométrio.
A fase pré-ovulatória ocorre entre o fim da menstruação e a ovulação. Nesta fase nos ovários, sob a
influência de FSH os folículos continuam a crescer e começam a liberar estrógenos e inibina. Lá pelo sexto dia um
folículo se torna dominante que cresce mais que os outros. Estrógenos e inibina produzidas pelo folículo
dominante diminuem a secreção de FSH, o que causa a parada de crescimento nos folículos não tão
desenvolvidos.
O folículo dominante se torna o folículo de Graaf. Este folículo maduro continua a crescer até a ovulação.
Durante seu crescimento, o folículo continua o aumento da produção de estrógenos sob a influência de aumento
dos níveis de LH. Estes estrógenos causa o espessamento do endométrio.
A ovulação é a ruptura do folículo de Graaf e liberação do ovócito II na cavidade pélvica, o que ocorre
lá pelo 14 dias. Os altos níveis de estrógenos na última parte da fase pré-ovulatória funcionam como uma
retroalimentação positiva, em ambos, LH e GnRH. Os altos níveis de estrógenos estimulam a liberação de GnRH
pelo hipotálamo e adeno-hipófise a produzir mais LH. O aumento súbito de LH (pico de LH) causa a ruptura
do folículo de Graaf.
A fase pós-ovulatória ocorre entre a ovulação e a próxima menstruação e vai do dia 15 até o 28 dia. Nos
ovários, sob o estímulo de LH o folículo resultante da ruptura se desenvolve em corpo lúteo, que então secreta
progesterona, estrógenos, relaxina e inibina (fase lútea). Se o óvulo não for fecundado o corpo lúteo dura 2
semanas, depois do qual a atividade secretória diminui e se degenera formando o corpo albicans.
A medida que os níveis de progesterona, estrógenos e inibina diminuem, liberando GnRH, FSH e LH
aumenta devido a perda de supressão da retroalimentação negativa, levando a volta do crescimento dos folículos
ovarianos.
Contudo, se a fecundação ocorrer o corpo lúteo dura mais de 2 semanas. Ele é resgatado da
degeneração pelo hormônio gonadotropina coriônica humana (hCG), o qual é produzido pelo embrião 8 dia
após da fecundação. O hCG estimula a atividade secretória do corpo lúteo. A presença de hCG no sangue e na
urina é um sinal de gravidez. Progesterona e estrógenos produzidos pelo corpo lúteo promovem o crescimento das
glândulas endometriais, que secretam glicogênio e vascularizam e causam o espessamento do endométrio.
238

Referências.

MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia. 3ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2009. 1072p.

MARIEB, E. N.; WHIHELM, P.B.; MALLAT J.. Anatomia Humana. 7ª Edição. São Paulo: Pearson. 2014. 912p.

MARTINI, F.H.; TIMMONS, M.J.; TALLITSCH, R.B. Anatomia Humana. 6ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2009. 1100p.

MARTINI, F.H.; OBER, W.C.; BARTHOLOMEW, E.F.; NATH, J.L. Anatomia e Fisiologia Humana: Uma
Abordagem visual. 1ªEdição. São Paulo: Pearson Brasil. 2014. 792p.

SILVERTHORN, D.U. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 5 ed. Porto Alegre: Artmed. 2010. 989p.

TORTORA, G.J.; DERRICKSON, B. Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 8ª Edição. Porto Alegre: Artmed.
2012. 712p.

Вам также может понравиться