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A responsabilidade médica tem sido assunto dos mais relevantes, que faz desaguar no
Poder Judiciário milhares de ações buscando indenizações milionárias em face de
médicos, enfermeiras, laboratórios e hospitais.
A questão aqui proposta versa sobre a responsabilidade civil dos hospitais em casos de
demandas judiciais motivadas por supostos erros de médicos, que não sejam seus
prepostos, empregados ou prestadores de serviços, mas tão somente um profissional
autônomo ou credenciado escolhido pelo próprio paciente.
Para que seja esclarecida a questão da extensão da responsabilidade dos hospitais, cabe,
primeiramente, destacar a aplicabilidade do Código de Proteção e Defesa do Consumidor,
que estabelece ser relação de consumo a aquisição de serviço efetuado por fornecedor a
um consumidor (paciente), o qual deverá, obrigatoriamente, ocupar a posição de
destinatário final do mesmo. De tal sorte, os “negócios” concretizados tanto entre o
hospital quanto entre profissional liberal e o paciente caracterizam-se, indubitavelmente,
como relações de consumo.
No entanto, a questão toma prumo diverso quando os médicos não são contratados e não
integram o corpo profissional do hospital. Sobre o ponto, vem o ensinamento do mestre
RUI STOCO (in Responsabilidade Civil e sua interpretação jurisprudencial. RT, 4ª ed.,.
p. 393):
Daí, fica fácil concluir que, não havendo relação contratual estabelecida entre médicos e
hospital, cada qual terá a sua parcela de responsabilidade limitada a sua atuação no caso
concreto.
A obrigação dos médicos autônomos será sempre de meio e sua responsabilidade será
apurada na forma subjetiva, necessitando da comprovação de negligência, imprudência
ou imperícia do doutor, conforme dispõe o artigo 14 § 4º do CPDC.
Já em relação ao hospital, a obrigação será de resultado e a responsabilidade apurada na
forma objetiva de acordo com o artigo 14, caput, do mesmo diploma legal.
Por todo o exposto, conclui-se que, mesmo afirmando a obrigação como sendo de
resultado, com responsabilidade objetiva do hospital, este somente responderá pelas
obrigações assumidas e atos cometidos no seu campo de atuação: a prestação de serviços
de natureza hospitalar, stricto sensu, fornecendo acomodações e instalações de centro
cirúrgico para realização de cirurgias ou serviços de enfermagem etc., mas não o serviço
médico.
Desta forma, em ocorrendo erro médico, não haverá que se imputar qualquer
responsabilidade ao estabelecimento hospitalar por serviços prestados ao paciente, tendo
em vista que sua responsabilidade ficará excluída pela inexistência de defeito na
prestação de seus serviços, não havendo nexo causal que faça prosperar o merecimento
de qualquer indenização.