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A RESPONSABILIDADE DO ESTABELECIMENTO HOSPITALAR PELO ATO

DO PROFISSIONAL MÉDICO NÃO INTEGRANTE DO CORPO MÉDICO

A responsabilidade médica tem sido assunto dos mais relevantes, que faz desaguar no
Poder Judiciário milhares de ações buscando indenizações milionárias em face de
médicos, enfermeiras, laboratórios e hospitais.

A questão aqui proposta versa sobre a responsabilidade civil dos hospitais em casos de
demandas judiciais motivadas por supostos erros de médicos, que não sejam seus
prepostos, empregados ou prestadores de serviços, mas tão somente um profissional
autônomo ou credenciado escolhido pelo próprio paciente.

A questão abordada é de grande valor, tendo inclusive modificado a conduta habitual de


estabelecimentos hospitalares de todo o território dos Estados Unidos da América, onde a
autorização do paciente é consignada por expresso em todos os procedimentos realizados,
tendo em vista a adoção, naquele território, do rigoroso sistema dos punitive damages –
indenização a título de punição.

O Conselho Federal de Medicina classifica os hospitais como entidades abertas a todos os


profissionais capacitados e regularmente inscritos nos Conselhos Regionais de Medicina
e, nessa condição, tornam-se obrigados a atender, indiscriminadamente, qualquer
paciente que para lá seja encaminhado para tratamento pelo seu Médico Assistente,
mesmo que este não pertença ao seu quadro de profissionais.

Relevante, também, é que, a par da obrigação legal de receber qualquer médico


habilitado, os hospitais, no exercício de sua atividade empresarial, necessitam manter
contratos de prestação de serviços com outras entidades de medicina, notadamente os
planos e seguros saúde, franqueando, assim, suas dependências para que sejam utilizadas
pelos diversos profissionais credenciados e oriundos desses convênios..

Para que seja esclarecida a questão da extensão da responsabilidade dos hospitais, cabe,
primeiramente, destacar a aplicabilidade do Código de Proteção e Defesa do Consumidor,
que estabelece ser relação de consumo a aquisição de serviço efetuado por fornecedor a
um consumidor (paciente), o qual deverá, obrigatoriamente, ocupar a posição de
destinatário final do mesmo. De tal sorte, os “negócios” concretizados tanto entre o
hospital quanto entre profissional liberal e o paciente caracterizam-se, indubitavelmente,
como relações de consumo.

O Diploma Consumerista veio facilitar consideravelmente a proteção dos consumidores


em Juízo, adotando, como regra, a responsabilidade objetiva para as relações de
consumo, fazendo com que não haja necessidade de perquirição de culpa do fornecedor
no caso concreto, mas apenas a comprovação de dano e nexo causal.

No caso proposto, a responsabilidade das empresas hospitalares embasa-se no fato de que


todos os atos praticados por seus funcionários são tidos como se do próprio nosocômio
fossem, pois a substituição existente nesses casos prolonga a personalidade do
estabelecimento responsável (regra insculpida no inciso III do artigo 1521 do vetusto
Código Civil, como também no art. 923, III do novo Código)

No entanto, a questão toma prumo diverso quando os médicos não são contratados e não
integram o corpo profissional do hospital. Sobre o ponto, vem o ensinamento do mestre
RUI STOCO (in Responsabilidade Civil e sua interpretação jurisprudencial. RT, 4ª ed.,.
p. 393):

“A questão mais polêmica que surge é a que pertine à seguinte


indagação: quando a responsabilidade deve ser carreada ao médico,
pessoalmente, e quando deve-se atribuí-la ao hospital?
(...)
Mas se o médico não for preposto mas profissional independente que
tenha usado as dependências do nosocômio por interesse ou
conveniência do paciente ou dele próprio, em razão da aparelhagem ou
qualidade das acomodações, ter-se-á de apurar a culpa de cada um.
Desse modo, se o paciente sofreu danos em razão do atuar culposo
exclusivo do profissional que o pensou, apenas este poderá ser
responsabilizado.”

Daí, fica fácil concluir que, não havendo relação contratual estabelecida entre médicos e
hospital, cada qual terá a sua parcela de responsabilidade limitada a sua atuação no caso
concreto.

A obrigação dos médicos autônomos será sempre de meio e sua responsabilidade será
apurada na forma subjetiva, necessitando da comprovação de negligência, imprudência
ou imperícia do doutor, conforme dispõe o artigo 14 § 4º do CPDC.
Já em relação ao hospital, a obrigação será de resultado e a responsabilidade apurada na
forma objetiva de acordo com o artigo 14, caput, do mesmo diploma legal.

Por todo o exposto, conclui-se que, mesmo afirmando a obrigação como sendo de
resultado, com responsabilidade objetiva do hospital, este somente responderá pelas
obrigações assumidas e atos cometidos no seu campo de atuação: a prestação de serviços
de natureza hospitalar, stricto sensu, fornecendo acomodações e instalações de centro
cirúrgico para realização de cirurgias ou serviços de enfermagem etc., mas não o serviço
médico.

Desta forma, em ocorrendo erro médico, não haverá que se imputar qualquer
responsabilidade ao estabelecimento hospitalar por serviços prestados ao paciente, tendo
em vista que sua responsabilidade ficará excluída pela inexistência de defeito na
prestação de seus serviços, não havendo nexo causal que faça prosperar o merecimento
de qualquer indenização.

PAULO MAXIMILIAN WILHELM SCHONBLUM


Mestre em Direito. Professor de graduação e pós-graduação
da Universidade Estácio de Sá. Professor da Escola da Magistratura
do Estado do Rio de Janeiro - EMERJ. Membro do IAB. Advogado
associado ao Chalfin, Goldberg & Vainboim – Advogados Associados.

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