Вы находитесь на странице: 1из 2

Sotaques são padronizados em telejornais

Repórteres e apresentadores são forçados a perder regionalismo, anulando


essa característica dos jornalistas

Renata Mastromauro

De Norte a Sul do País, os telejornais da grande mídia mantêm um padrão.


Não importa se o telejornal é de Santa Catarina, Piauí ou Tocantins: todos os
repórteres e apresentadores usam sempre o mesmo tipo de roupa, de cabelo
e, é claro, utilizam a mesma variação lingüística. Os jornalistas são forçados a
perder o sotaque que têm, fazendo até sessões de fonoaudiologia, tudo em
nome da padronização. Muitos deles defendem que as pessoas devam
prestar atenção na notícia e não em como está sendo pronunciada, por isso,
todos eles devem falar da mesma maneira. Porém, os lingüistas vêem essa
"padronização" de forma não tão inocente. Para eles, é preconceito
lingüístico.

O Brasil é um país de dimensões continentais, é mais que natural que cada


região tenha um (ou vários) sotaque. Ao ouvir a fala de uma pessoa, pode-se
identificar de onde ela é, o grau de instrução e até mesmo a faixa etária.
Porém, ao assistir aos telejornais, todos os jornalistas parecem vir da mesma
parte do Brasil: do eixo Rio " São Paulo.

Mas, por que a variação utilizada nessa região é a considerada "correta" e foi
tomada como modelo? O fato de a maior rede de TV do País ser sediada no
Rio de Janeiro e ter grande parte do time de jornalismo em São Paulo é um
fator decisivo. Porém, não é só isso. São outras questões, econômicas e
políticas, que geram discriminação a certos sotaques. Quem dita regras é
quem detém o poder, e, no Brasil, o poder se concentra nessa região.

Preconceitos e discriminações não são naturais. São criados. Só


consideramos algo bonito, feio, bom ou ruim porque alguém disse que seria
assim. As diferenças causadas pelo sotaque são superficiais e não afetam a
compreensão da notícia. Não há sotaque certo ou errado. O que existe são
relações de poder e a variação lingüística utilizada pela classe dominante
será sempre considerada a mais "bonita" ou a "melhor".
O que acontece aqui com a forma de falar do eixo Rio " São Paulo é o que
acontece no resto do mundo com o Inglês. O mundo todo se viu obrigado a
aprender a Língua Inglesa, porque quem domina o mundo há muito tempo
são os Estados Unidos. Antes do Inglês, era o Francês.

Para uma pessoa ser considerada culta, ela, obrigatoriamente, deveria falar
Francês. Dessa forma, caro leitor, se deseja ser "chique" e falar a língua da
nação dominante nas próximas décadas, comece a estudar Mandarim.

A Língua não é estática. Se assim fosse, o Latim jamais teria se transformado


em Galego-Português, e mais tarde, em Língua Portuguesa. E pode ter
certeza que, o Português que falamos hoje não é o mesmo de Camões. A
Língua é dinâmica, heterogênea e viva, por isso, variações lingüísticas devem
ser conservadas e utilizadas (sem preconceito) também na mídia, pois são o
reflexo vivo da diversidade cultural do nosso país.

Вам также может понравиться