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1 de Abril de 2018

A reforma trabalhista e o benefício da justiça gratuita

O que muda com a Lei 13.467/17?

Rogerio de Vidal Cunha

Juiz de Direito, Professor da Escola da Magistratura do Paraná,


Autor do “Manual da Justiça Gratuita”
Siga no Facebook: @ManualJusticaGratuita

Siga no Youtube: @rogeriocunhaoficial

No âmbito do processo do trabalho a distinção entre justiça


gratuita e assistência judiciária gratuita sempre foi melhor
delineado do que no processo civil, na medida em que regido por
normas distintas, sendo menor a confusão.

A assistência judiciária gratuita é regulada pela Lei 5.584/70


que determina, ordinariamente, que esta seja prestada pelo
sindicato da categoria profissional (CLT, art. 511, § 2º) a que
pertencer o trabalhador (Lei 5.584/70, Art. 14),
independentemente de sua filiação à entidade sindical, que deve
prestar assistência não só aos seus filiados mas à qualquer
trabalhador da categoria (Art. 18), o que, antes da reforma
trabalhista (Lei 13.467/13) era decorrência lógica do fato que todos
os trabalhadores pagavam contribuição sindical obrigatória
(contribuição especial de interesse de categoria profissional –
CRFB, art. 149) equivalente a um dia de trabalho ao ano (CLT, art.
580, I) para o custeio do sistema sindical).

Contudo, após as alterações da CLT, especialmente a nova redação


do art. 579, tal contribuição deixou de ser obrigatória, passando à
facultativa. Mas como não houve qualquer alteração do art. 592, I,
a da CLT, ainda assim, deverão as entidades sindicais,
obrigatoriamente, aplicar essa contribuição, dentre outras, na
prestação de assistência jurídica, inclusive àqueles trabalhadores
não filiados à entidade.

Já o instituto da justiça gratuita está delimitado pelo art. 790, §


3º da Consolidação das Leis do Trabalho- CLT, e como no processo
civil garante aos seus beneficiários a isenção do pagamento das
custas processuais, inclusive traslados e instrumentos. Contudo na
justiça do trabalho, como regra, o benefício será outorgado àqueles
que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta
por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime
Geral de Previdência Social, ou seja, para os trabalhadores que
se enquadrarem nessa faixa de renda há presunção legal de
necessidade, dispensando-se a comprovação de hipossuficiência.

O § 4º do art. 790 da CLT, incluído pela reforma trabalhista (Lei


13.467/17), complementa o § 3º garantindo aqueles que percebam
salário acima de 40% (quarenta por cento) do limite
máximo dos benefícios do RGPS o acesso ao benefício da
justiça gratuita, só que, agora não haverá presunção de
hipossuficiência como no § 3º do art. 790, devendo a parte que
pretender o benefício comprovar a sua efetiva insuficiência de
recursos.

No âmbito do processo do trabalho, o § 3º do art. 790 da


Consolidação das Leis do Trabalho permite aos juízes e tribunais
do trabalho a concessão da justiça gratuita independente de
provocação , regra que tem escopo no princípio da proteção do
trabalhador, uma vez que ausentes custas iniciais naquela justiça
especializada, bem como ante a possibilidade de postulação direta
pela parte (CLT, art. 791), é possível que o trabalhador ajuíze a sua
demanda sem sequer conhecer a existência do benefício, assim,
acaso derrotado, percebendo o juiz do trabalho a situação de
hipossuficiência poderá conceder o benefício que,
excepcionalmente, terá efeitos retroativos. Nesse sentido:
JUSTIÇA GRATUITA. DECLARAÇÃO DE ESTADO DE
NECESSIDADE APOSTA NA PETIÇÃO INICIAL. AUSENTE
ASSISTÊNCIA SINDICAL. DEVIDA O Autor, ao declarar na
exordial a impossibilidade de arcar com as custas processuais
sem prejuízo de sua subsistência e de seus familiares, atendeu à
regra insculpida no art. 4.º da Lei n.º 1.060/50, tendo tal
assertiva presunção de veracidade "juris tantum". Basta a
declaração do estado de necessidade do trabalhador, ainda que
constante apenas na petição inicial, para que o obreiro possa
usufruir dos benefícios estatuídos na Lei n.º 1.060/50, sendo
desnecessária a assistência sindical para a concessão de tal
benesse, o que se exige apenas para o deferimento de
honorários advocatícios. Ressalte-se ainda que a justiça
gratuita pode ser concedida até mesmo de ofício pelo juiz,
conforme § 3º do art. 790 da CLT, razão pela qual resta
rechaçada a necessidade de apresentação de peça autônoma
para declaração de pobreza, o que representaria formalismo
exacerbado. Recurso ordinário da Ré a que se nega provimento,
no particular.(TRT9, RO 1362520096907 PR 13625-2009-6-9-
0-7, Relator: UBIRAJARA CARLOS MENDES, 1A. TURMA,
Data de Publicação: 21/01/2011)

Ante a regra do art. 15 do CPC/15, que determina que o novo


código tem somente aplicação subsidiária na justiça laboral não há
incompatibilidade entre a regra especial (CLT, art. 790, § 3º) e a
regra geral (CPC/15, art. 99).

A inclusão do § 4º no art. 790 da CLT pela Lei 13.467/13 reforça o


entendimento acerca da admissibilidade da concessão da justiça
gratuita às pessoas jurídicas, quando devidamente comprovada a
sua dificuldade econômica . Como já se decidiu:

RECURSO DE REVISTA. JUSTIÇA GRATUITA.


EMPREGADOR. PESSOA JURÍDICA. O regional asseverou que
o benefício da justiça gratuita a empregador será concedido
desde que seja pessoa física, empregador doméstico ou firma
individual, diante da simples declaração de insuficiência
econômica. Circunstâncias as quais não foram preenchidas.
Embora este não seja o entendimento prevalecente no âmbito
desta Corte Superior, de fato, não estão preenchidos os
requisitos para a concessão do pleito. A Lei 1.060/50 estabelece
normas aplicáveis à concessão de assistência jurídica aos
necessitados, ou seja, regra geral, às pessoas naturais que não
dispõem de meios econômicos para praticar os atos de defesa
de seus interesses ou direitos pela via judicial.
Excepcionalmente, porém, a jurisprudência desta Corte vem
admitindo a possibilidade de concessão dos benefícios citados
na Lei 1.060/50 às pessoas jurídicas, sempre que houver prova
inequívoca de dificuldade econômica, quer dizer, de não
poderem arcar com o custo do processo, tais como custas,
honorários e depósitos recursais (este último incluído pela Lei
Complementar 132/2009). Não obstante a ampliação das
hipóteses de isenção abrangidas pela justiça gratuita, pelas
alterações trazidas pela LC 132/2009, a qual inseriu o inciso
VII no art. 3º da Lei 1.060/50, o entendimento desta Corte é no
sentido de a pessoa jurídica não se beneficiar da presunção de
veracidade de hipossuficiência econômica, pois atribuída
apenas à pessoa física. A pessoa jurídica, para ter direito ao
benefício, tem de comprovar que não pode arcar com as
despesas do processo, mesmo em se tratando de pessoa jurídica
sem fins lucrativos. Por fim, destaque-se que a jurisprudência
desta Corte firmou-se no sentido de a concessão e, ainda, de a
concessão só abranger apenas as custas e não o depósito
recursal. No caso concreto não há comprovação de
hipossuficiência econômica. Requerimento indeferido. Assim,
indevida a concessão dos benefícios da justiça gratuita à
reclamada. Recurso de revista não conhecido. ADICIONAL
NOTURNO. A decisão regional está em consonância com a OJ
388 da SDI-1 do TST, pois o que consta nos autos é que o
reclamante laborava em escala 12x36, das 19 às 07 horas.
Recurso de revista não conhecido. (TST - RR:
1537003820085150045, Relator: Augusto César Leite de
Carvalho, Data de Julgamento: 10/12/2014, 6ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 12/12/2014)

O regramento da justiça gratuita da CLT, mesmo após a reforma


trabalhista, se manteve é excessivamente simplificado motivo pelo
qual será necessária a constante aplicação do art. 15 do CPC/15
com a aplicação subsidiária e supletiva do regime dos artigos 98 e
99 do CPC/15. Como leciona Teresa Arruda Alvin Wanbier (1) :
Aplicação subsidiária x aplicação supletiva. Não se
trata somente de aplicar as normas processuais aos
processos administrativos, trabalhistas e eleitorais
quando não houver normas, nestes ramos do direito,
que resolvam a situação. 1.1. Aplicação subsidiária
ocorre também em situações nas quais não há
omissão. Trata-se, como sugere a expressão
“subsidiária”, de uma possibilidade de
enriquecimento, de leitura de um dispositivo sob outro
viés, de extrair-se da norma processual eleitoral,
trabalhista ou administrativa um sentido diferente,
iluminado pelos princípios fundamentais do processo
civil. 1.2. Aplicação supletiva é que ocorre apenas
quando há omissão. Aliás, o legislador, deixando de
lado a preocupação com a própria expressão, precisão
de linguagem, serve-se de duas expressões. Não deve
ter suposto que significam a mesma coisa, senão, não
teria usado as duas, mas como empregou também a
mais rica, mais abrangente, deve o intérprete entender
que é disso que se trata.

Questões como a possibilidade de modulação da justiça gratuita,


bem como a irrelevância da representação por advogado particular
para fins de concessão da justiça gratuita (CPC/15, art. 99, § 4º) ou
a suspensão do preparo do recurso quando pendente recurso onde
se postula a concessão do benefício (CPC, art. 101, § 1º) são
plenamente compatíveis com as normas processuais trabalhistas e
devem ser aplicadas de forma supletiva, como é o caso do inciso
VIIIdo § 1º do artigo 98 do CPC de forma que mesmo o depósito
recursal (CLT, art. 899), ainda que tenha natureza de garantia da
execução, encontra-se coberto pela concessão do benefício da
justiça gratuita. Conforme recentemente decidiu o TST:
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. 1.
DESERÇÃO DO RECURSO DE REVISTA DECLARADA NO
EXAME PRÉVIO DE ADMISSIBILIDADE. JUSTIÇA
GRATUITA. PESSOA JURÍDICA. COMPROVAÇÃO DA
INSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. EXTENSÃO DO BENEFÍCIO
AO DEPÓSITO RECURSAL. ARTIGO 98, § 1º, VIII, DO
CPC/2015. Tendo em vista o reconhecimento do direito da
reclamada à justiça gratuita e a extensão desse benefício ao
depósito recursal, não subsiste a deserção aplicada ao recurso
de revista em juízo prévio de admissibilidade, razão pela qual
prossegue-se na análise dos pressupostos intrínsecos
remanescentes do recurso de revista, nos termos da OJ nº 282
da SDI-1 deste Tribunal Superior. 2. RECURSO ORDINÁRIO
NÃO CONHECIDO. DESERÇÃO. JUSTIÇA GRATUITA. PESSOA
JURÍDICA. COMPROVAÇÃO DA INSUFICIÊNCIA
ECONÔMICA. EXTENSÃO DO BENEFÍCIO AO DEPÓSITO
RECURSAL. ARTIGO 98, § 1º, VIII, DO CPC/2015. Ante a
demonstração de possível violação do art. 98, § 1º, VIII, do
CPC/2015, merece processamento o recurso de revista. Agravo
de instrumento conhecido e provido. B) RECURSO DE
REVISTA. RECURSO ORDINÁRIO NÃO CONHECIDO.
DESERÇÃO. JUSTIÇA GRATUITA. PESSOA JURÍDICA.
COMPROVAÇÃO DA INSUFICIÊNCIA ECONÔMICA.
EXTENSÃO DO BENEFÍCIO AO DEPÓSITO RECURSAL.
ARTIGO 98, § 1º, VIII, DO CPC/2015. 1. A jurisprudência desta
Corte é pacífica quanto à possibilidade de concessão da justiça
gratuita à pessoa jurídica, desde que comprovada a
insuficiência econômica, hipótese dos autos. 2. No tocante à
extensão do benefício, o inciso VIIIdo § 1º do artigo 98 do
CPC/2015 é expresso ao assegurar que a gratuidade da justiça
compreende "os depósitos previsto em lei para interposição de
recurso, para propositura de ação e para a prática de outros
atos processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do
contraditório", sendo este preceito perfeitamente aplicável ao
processo do trabalho, por força do comando inserto no art. 769
da CLT c/c o art. 15 do CPC/2015, tendo em vista a inexistência
de disciplina específica acerca da concessão da assistência
judiciária gratuita e sua extensão na Norma Consolidada. 3. A
norma em referência não faz nenhuma ressalva ou distinção no
tocante à natureza jurídica do depósito previsto em lei para
interposição de recurso, de modo que não há como afastar a
abrangência da gratuidade de justiça ao depósito recursal
fixado no artigo 899, § 1º, da CLT, ainda que possua natureza
jurídica de garantia do juízo. Inteligência do aforismo jurídico
ubi lex non distinguit, nec nos distinguere debemus. 4. Acresça-
se que a ilação ora exposta tem o escopo precípuo de assegurar
o pleno exercício da ampla defesa e do contraditório, em
homenagem à garantia constitucional inserta no inciso LV do
artigo 5º da Carta Magna. 5. Nesse contexto, na linha da
sistemática processual contemporânea e do ordenamento
jurídico constitucional, a gratuidade de justiça deve
compreender a isenção do recolhimento do depósito recursal.
Recurso de revista conhecido e provido. (TST, Processo: RR -
230-15.2015.5.06.0102 Data de Julgamento: 07/06/2017,
Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 09/06/2017.)

Essa natureza supletiva do Código de Processo Civil deve ser


aplicada ao instituto da justiça gratuita no processo do trabalho,
com a extensão àquela justiça dos institutos trazidos pela nova
codificação naquilo que não for incompatível com a sistemática
específica do processo laboral.

(01) WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. DE MELLO. Rogério


Licastro Torres. RIBEIRO. Leonardo Ferres da Silva e
CONCEIÇÃO. Maria Lúcia Lins. Primeiros Comentários ao Novo
Código de Processo Civil: Artigo por Artigo. Ed. RT. 1ª. Ed. versão
digital

Disponível em: http://rogeriovcunha.jusbrasil.com.br/artigos/503564320/a-reforma-


trabalhista-e-o-beneFcio-da-justica-gratuita

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