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Um exemplo disso é o sistema Yona, no qual o usuário criava sua própria casa
com o auxílio do computador. Analisado por Nicholas Negroponte e Guy
Weinzapfel em Architecture by Yourself, o sistema permitia ao usuário articular
digitalmente as conexões dos espaços internos e externos da casa e o computador
checava possíveis incompatibilidades considerando parâmetros de circulação,
ventilação e iluminação, e posteriormente sugeria uma forma de agrupamento
dos espaços.
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O VIRTUAL NA ARQUITETURA
Virtual e digital não são sinônimos, embora o termo virtual seja bastante usado
para qualquer coisa digital. Virtual não é necessariamente digital, embora possa
ser. E o digital, na maioria das vezes, não é virtual. Autores de diferentes áreas,
como Bergson, Deleuze, Guattari, Lévy, Latour, Kwinter, e outros, vêm
trabalhando uma noção de virtual que é particularmente interessante para a
arquitetura, como em Architectures of Time: Towards a Theory of the Event in
Modernist Culture, de Sanford Kwinter. Em O que é o virtual?, Pierre Lévy
sintetiza num sistema quádruplo uma espécie de inserção do virtual no mundo.
Para Lévy, existem duas ordens para as coisas: uma da substância, em que estão
situados o potencial e o real, e uma do evento, onde estão situados o virtual e o
atual. Porém, ambas as ordens permeiam todas as coisas, se concordamos que
essas existem em suas relações com o mundo e não como objetos absolutos.
Assim, podemos identificar as duas ordens atuando também na arquitetura.
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outro, como no caso de Clark, espectadores são partes vivas necessárias para
completar a obra temporariamente, dando seqüência a ela. Pode-se dizer que nos
sistemas de realidade virtual, como o de Sutherland, o foco volta-se para a
substância, ou seja, para o potencial digital pré-programado a ser realizado,
enquanto a obra de Clark tem como cerne o virtual a ser atualizado pelo
espectador. Assim, o sistema de Sutherland, apesar da tecnologia digital, não
pode ser considerado virtual no sentido exposto acima, sendo na verdade apenas
reprodução digital de uma possível realidade, enquanto a obra de Clark
prenuncia uma realidade virtual de fato virtual, ainda que sem usar tecnologia
digital.
Esse projeto é baseado nas características latentes do evento, tendo por objetivo
a liberdade sem que esta seja reproduzida formalmente, mas criando uma forma
onde tal liberdade possa ser temporariamente manifesta quando do uso do
espaço. O uso do Familistério segundo seu projeto social, assegurando a
continuidade entre projeto e uso, faz com que se destaquem suas características
virtuais e garante a almejada liberdade. Mas se o espaço é encarado como um
edifício qualquer, como acontece hoje (tornou-se uma espécie de museu-hotel),
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Assim, podemos concluir que grande parte dos projetos e arquiteturas produzidos
a partir de tecnologias digitais não devem ser chamados de virtuais se levarmos
em conta o conceito de virtual apresentado antes. Uma arquitetura realmente
virtual não é necessariamente digital, como exemplifica o Familistério de Godin.
Contudo, o digital facilita a arquitetura virtual por permitir a flexibilidade, a
lógica de rede, a integração e abertura do sistema, a emergência do ambiente em
tempo real, além do estabelecimento de continuidade entre projeto e uso. Dessa
forma, o digital pode ser tanto ferramenta quanto ambiente ideal para o
desenvolvimento da arquitetura virtual.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Osthoff, S., Lygia Clark and Hélio Oiticica: a legacy of interactivity and
participation for a telematic future, in: Leonardo: journal for the international
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http://perso.wanadoo.fr/familistere.godin/index.html [25-01-2003]
Castells, M., A Sociedade em Rede: A Era da Informação - Economia,
Sociedade e Cultura (vol. 1), Paz e Terra, São Paulo, 2003.
Spuybroek, L., FreshH2O eXPO, in: Beckmann, J., ed., The virtual dimension:
architecture, representation, and crash culture, Princeton Architectural Press,
New York, 1998, 264-267.
Ana Paula Baltazar dos Santos é arquiteta, mestre em arquietura pela UFMG,
doutoranda na Bartlett School of Architecture em Londres, membro fundador do
IBPA (Instituto Brasileiro de Performance Arquitetura) e atualmente atua como
pesquisadora na Escola de Arquitetura da UFMG no grupo de pesquisa MOM
(Morar de Outras Maneiras) e no Lagear no projeto HBH (Habitar Belo
Horizonte: ocupando o centro), onde colabora no desenvolvimento de interfaces
digitais e na criação de ambiente virtual de imersão para projetos participativos.
ana.santos@ucl.ac.uk
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