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PATO BRANCO
2017
CLAYTON HENRIQUE STEPHANI REGIS DOS SANTOS
PATO BRANCO
2017
Projeto de componente mecânico – trem de engrenagem de redução dupla
1. Introdução
O presente projeto tem como objetivo o dimensionamento de um trem de engrenagem
de redução dupla mostrado abaixo:
O projeto prevê uma entrada de torque de 10 N*m por meio de um motor elétrico
vinculado por um acoplamento flexível atado ao eixo “a” com velocidade angular de 1200
rpm. Há a necessidade de que o torque de saída no eixo “c” seja de 260 N*m. Com base
nisso, dimensionou-se as engrenagens e sua forma de fixação, bem como os eixos e
mancais de apoio do sistema.
Para que se tenha uma ideia da razão de engrenamento em cada um dos pares de
engrenagens (mg), pode-se extrair a raiz quadrada da razão global, visto que existem 2 pares
de engrenagem. Ou seja:
Como o número de dentes de cada engrenagem deve ser inteiro, deve-se aproximar
para o valor inteiro logo acima do calculado. Com isso define-se o número de dentes
corrigido para as engrenagens com base no número de dentes do pinhão:
Percebe-se que o torque de saída definido através da razão global de trem é pouco
superior ao necessário, o que é aceitável, visto que a razão de engrenamento necessária
para o torque de saída seja de exatos 260 N*m não promove valores inteiros de dentes para
o pinhão e a engrenagem, simultaneamente. Vale lembrar que preferiu-se por usar os dois
pares de engrenagens idênticos, com o objetivo de facilitar o dimensionamento do sistema
mecânico.
Agora, pode-se dar início ao cálculo dos esforços no sistema, através da definição da
geometria da engrenagem helicoidal, determinando o passo diametral (pd), passo diametral
tangencial (pt), passo diametral normal (pn) e o passo diametral axial (px) do pinhão:
No caso do engrenamento 3-4, precisa-se definir o torque no qual o eixo “b” está
submetido. Logo:
A razão de contato transversal (mp) pode ser definida da mesma forma que para
engrenagens de dentes retos, porém o ângulo de hélice introduz outra razão chamada de
razão de contato axial (mf). Para o cálculo das razões de contato necessita-se do adendo
para a engrenagem (ag) e para o pinhão (ap), além da distância nominal entre os centros da
engrenagem e pinhão (C). Logo:
Além disso, o comprimento de ação deve ser definido. Logo:
Perceba que a razão de contato possui valor superior a 1, o que é desejável, visto
que para valores igual a 1 o dente estará deixando o contato justamente quando o próximo
estiver em contato. Para razões maiores que 1, existe a possibilidade de divisão de carga
entre os dentes.
No caso da razão de contato axial (mf), o valor deve ser superior a 1,15. Assim como
a razão de contato transversal maior do que 1 promove a divisão de carga entre os dentes,
uma maior largura de face para um dado ângulo de hélice aumentará o entrelaçamento dos
dentes, assim promovendo a divisão de carga.
A escolha de uma largura de face intermediária entre o intervalo recomendado é
tomado inicialmente para que seja analisado os níveis de tensão. Caso estejam acima do
valor aceitável, deve-se aumentar a largura de face (F). Assim:
Para o cálculo das tensões de flexão AGMA, é necessário definir o fator geométrico
de flexão com base na combinação de ângulo de hélice e ângulo de pressão definidos no
projeto. Portanto:
Finalmente, o fator dinâmico Kv pode ser calculado para cada par de engrenagens:
A determinação do fator de distribuição de carga (Km) levou em consideração a
largura de face das engrenagens:
Com as considerações feitas até aqui, pode-se determinar o raio de curvatura dos
dentes do pinhão, bem como o raio de curvatura dos dentes da engrenagem. Logo:
Perceba que a parte fracional da razão de contato axial (na) é maior que o resíduo da
parte fracional da razão de contato transversal (nr). Logo o comprimento mínimo das linhas
de contato pode ser dado por:
Assim, com base na figura abaixo, encontra-se a equação para que o fator de vida do
componente seja calculado. Vale lembrar que utilizou-se a equação mais crítica, para
que o fator torne-se mais conservador.
e
O fator de vida para a superfície pode ser dado pela seguinte equação, assumindo a
condição mais crítica para o número de ciclos, como pode ser comprovado pela figura 7:
O fator de razão de dureza assumido foi igual a 1, como pode ser observado abaixo,
visto que o material é o mesmo para o pinhão e a engrenagem.
Vale lembrar que para determinação das reações, considerou-se que o esforço axial
total devido ao engrenamento helicoidal estava sendo suportado apenas no mancal E.
Assim:
Após determinar todas as forças nas quais o eixo superior está submetido, utilizou-se
do Software Autodesk Inventor Professional 2016 para que os diagramas de força cisalhante
e momento fletor fossem plotados. Para que tal processo fosse facilitado, transformou-se a
força axial devido ao engrenamento 3-4 em um momento concentrado no ponto de encontro
entre a linha de centro do eixo e a linha de ação da força radial. Tal momento foi calculado
da seguinte forma:
A partir desse ponto, aplicou-se as condições na qual o eixo está submetido para que
a simulação no software fosse realizada e tais gráficos foram gerados:
Determinação dos diagramas de esforços para o plano xy
Considerando que o eixo rotativo esteja sujeito a um momento fletor transversal fixo,
este experimentará um estado de tensões completamente alternado, onde a variação de sua
magnitude ao longo do tempo está representada na figura abaixo:
Além disso, o torque no qual o eixo está submetido é constante ao longo do seu
período de utilização, ou seja:
Para a confecção do eixo, considerou-se que seria utilizado aço SAE 1030 temperado
e revenido à 800 °F, onde suas propriedades estão descritas abaixo:
Como o material escolhido possui limite de resistência à tração igual a 731 MPa, que
é menor que 1400 MPa, têm-se que a resistência à fadiga não corrigida do aço 1030 é:
Para determinação do fator de correção para o tamanho, visto que o eixo possui
dimensões inferiores ao corpo de prova normalizado para ensaio de flexão rotativa, utilizou-
se das seguintes relações abaixo:
Para que tal fator seja determinado, deve-se admitir um diâmetro para a maior seção
(Dadmitido) e para a menor seção (dadmitido) do eixo a ser projetado. Assim:
Finalmente, utilizando a relação que melhor se encaixa para cada um dos casos, tem-
se que:
O próximo passo foi definir os fatores de concentração de tensão em fadiga para cada
local potencialmente crítico. Os locais considerados como críticos foram:
a) Rebaixo entre o diâmetro maior e menor do eixo;
b) Rasgo da chaveta;
Para o efeito da flexão no eixo, foi considerado um raio de arredondamento igual a 1
milímetro e a determinação do fator de concentração de tensão seguiu os passos abaixo:
Assim:
Da mesma forma, determinou-se o fator geométrico para o eixo sob torção, tomando
como base o gráfico abaixo:
Para que fosse determinado o fator de sensibilidade ao entalhe para o aço utilizado
no projeto dos eixos, utilizou-se como base para o processo de interpolação linear o seguinte
quadro:
Definido assim todas as variáveis para cálculo da tensão máxima de von – Misses em
cada caso, o próximo passo é encontrar tais valores e determinar a região mais solicitada:
Perceba que a maior solicitação foi encontrada na chaveta. Com isso, deve-se
considerar as características dessa localidade para que seja determinado o diâmetro crítico
do eixo para o fator de projeto requerido. Além disso, é necessário calcular o coeficiente de
segurança para falha estática no primeiro ciclo na região mais solicitada do eixo, ou seja:
Como o coeficiente de segurança foi maior que o fator de projeto considerado, pode-
se dar continuidade ao dimensionamento.
O próximo passo que foi seguido diz respeito a determinação do diâmetro crítico para
as seções, levando em consideração o critério de falha ASME – Elíptico e o fator de projeto
escolhido, além da região mais crítica do eixo. Assim:
Vale lembrar que o diâmetro para o rebaixo deve ser definido de modo que haja
mancais de rolamento comercializados com as mesmas dimensões. Devido a isso, o
diâmetro comercial de rolamento imediatamente superior ao diâmetro crítico do rebaixo é de
25 mm. Assim, o fator de projeto para essa região foi recalculado e definido como:
4. Dimensionamento da chaveta:
Para o acoplamento entre as engrenagens e pinhões e o eixo, foi utilizada uma
chaveta paralela com dimensões padronizadas pela AGMA, onde suas dimensões seguem
o seguinte esquemático:
Vale lembrar que as chavetas são iguais para todas as posições de acoplamento entre
o eixo e as engrenagens para transferência de torque. Tomando isso como base, deve-se
considerar o projeto para o pior caso e, posteriormente, definir os coeficientes de segurança
para falha em tal componente.
Tomando como base o diâmetro da maior seção do eixo, as dimensões da chaveta
padronizada pela AGMA para tal condição pode ser determinada seguindo as condições da
figura abaixo:
Antes do cálculo das forças na qual a chaveta está submetida, é importante relembrar
a magnitude do torque que está sendo aplicado no eixo mais solicitado (eixo “c”). Assim:
Após determinadas as forças, a única variável restante para que seja definida a
tensão na qual a chaveta está submetida são as áreas de esmagamento e cisalhamento.
Logo:
O material utilizado para a produção da chaveta foi o aço ASTM SAE 1020 laminado
à quente:
Perceba que um dos coeficientes de segurança para falha da chaveta é menor que o
coeficiente de segurança para o eixo. Assim, caso ocorra uma sobrecarga no mecanismo, a
chaveta irá atuar como uma trava de segurança e irá se romper antes que os componentes
mais caros sejam danificados.
Considerando que apenas o anel interno do mancal interno esteja rodando, pode-se
assumir:
Tomando como base uma reação equivalente radial pura no mancal de rolamento
mais solicitado, a magnitude de tal força pode ser dada pela equação abaixo, retirada da
pág. 331 do livro “Fundamentos do projeto de componentes de maquinas– Juvinall”:
Além disso, a confiabilidade do projeto já foi definida como sendo 90%, ou seja:
Para que a carga equivalente na qual o mancal está submetido seja calculada, deve-
se definir os parâmetros, tomando como base a seguinte relação:
Perceba que o valor dado por tal relação no mancal de apoio E é maior do que o
máximo fator e na qual os mancais de esfera estão classificados, diferentemente do mancal
de apoio F. Assim, deve-se realizar o dimensionamento dos mancais de rolamento tomando
como base o apoio E. Caso o rolamento suporte as solicitações em tal região, as demais
não causarão falha no componente.
Com isso, deve-se definir o valor dos fatores radial (X) e axial (Y) para determinação
da carga equivalente. Para isso, calculou-se a seguinte expressão:
Ou seja, o mancal com a menor vida em fadiga suportará 120,801 milhões de ciclos.
6. Deflexões transversais e inclinação do eixo
Ou seja, há 3,333 dentes por centímetro. Com isso, define-se na tabela abaixo que a
deflexão transversal máxima admissível para tal mecanismo é 0,25 mm
Para o caso dos mancais de rolamento, como utilizou-se mancais radiais de esferas,
o ângulo de inclinação máximo admissível é 0,052 rad.
Com isso, verifica-se que a deflexação nas engrenagens e as inclinações nos mancais
de rolamento determinadas pelo projeto do mecanismo satisfazem os limites recomendados
segundo a figura 29.
Finalmente, pode-se afirmar que o projeto está terminado!
Determinação dos diagramas de inclinação e deflexão para o plano xy