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ARISTÓTELES. A Política. (tradução: Nestor Silveira chaves), são Paulo. Ed.: Escala. p. 13- 262
Fundamentando a sua ideia ele afirma que: "... aquele que não pode viver em sociedade, ou
que de nada precisa por bastar-se a si próprio, não faz parte do estado; é um bruto ou um
deus..." a formação da cidade ou estado político é produto de uma necessidade natural do
homem de se associarem em vista de superar as adversidades (pag. 16)
Esse processo de formação das cidades ao longo da história deu-se de maneira lenta e gradual.
A primeira forma de sociedade foi à família que era constituída de indivíduos que visavam
suprir suas necessidades cotidianas; a associação dessas famílias ao longo da história deu
origem ao burgo, uma espécie de colônia de famílias que tinham relações sejam elas políticas
ou econômicas, por fim, a associação desses burgos deu origem à cidade. (pag. 14-15)
O pensamento aristotélico não admitia a igualdade social entre os homens, pois na sua
concepção a própria natureza se encarrega de diferenciar os seres humanos.
Para Aristóteles é inconcebível que aqueles que foram por natureza destinada a obedecer,
venham a governar. Ele diz, por exemplo, que: "alguns seres, ao nascer, se vêem destinados a
obedecer; outros, a mandar" (pag. 18). A natureza se encarrega de diferenciar os homens na
própria composição corpórea; os que são mais fortes e aptos fisicamente são destinados a
trabalhos forçados, no caso os escravos.
Na visão aristotélica o que formava a cidade era a diversidade de funções exercidas pelos seus
cidadãos como também a desigualdade entre os homens, ou seja, a unidade das funções e a
igualdade entre os indivíduos representavam a morte de uma cidade.
Por causa dessa ideia de diversidade e desigualdade Aristóteles vai dizer: "... não é possível
que todos exerçam a autoridade ao mesmo tempo (...) melhor seria também que os mesmos
homens ficassem sempre no poder se isso fosse possível." (pg. 38) para mostrar que a
desigualdade entre os homens impossibilitava-os de todos exercerem, a autoridade
governamental.
Aristóteles no seu livro faz críticas severas à república de Platão, pois este defendia a
existência da comunidade das mulheres e o cuidado dos filhos pelo estado, ou seja, tornava-os
bens comuns.
Para platão as mulheres não deveriam pertencer a um homem, mas a todos os homens a fim
de investirem na procriação, da mesma forma os filhos não deveriam ter um pai, mas vários.
Platão como percebe era favorável a uma espécie de "poligamia", já Aristóteles achava ridícula
tal ideia, pois em sua opinião o homem só tende a valorizar aquilo que lhe é de interesse
pessoal. (pag. 39)
Aristóteles,opondo-se a seu mestre vai dizer: "... há duas coisas que inspiram no homem o
interesse e o amor: a propriedade e a afabilidade; ora, uma e outra são impossíveis na
republica de Platão" (pg. 41) a comunidade das mulheres e os cuidados dos filhos pelo estado
destroem esses princípios, principalmente de afabilidade.
"... o terreno deve ser de acesso difícil aos inimigos, e apresentar uma porta fácil para os seus
habitantes. Além disso, assim como a massa da população, conforme dissemos, ele deve ser
fácil de vigiar. A facilidade da vigilância do território faz a facilidade da defesa. Quanto à
posição da cidade, se quer que ela ofereça todas as vantagens que se podem desejar, convém
que seja favorável do lado do mar e do lado da terra." (pg. 122)
O território da cidade deve ser dividido em duas partes uma pública e a outra particular. Elas
deveram ser cultivadas pelos escravos, aqueles que cultivarem as propriedades particulares
pertencerão aos proprietários, já os que cultivarem as terras públicas pertencerão ao estado.
Aristóteles adverte a importância de se utilizar escravos estrangeiros e que sejam covardes, a
fim de evitar possíveis motins ou revoltas. (pag. 130)
"... o limite da faculdade de ter filhos, para os homens, aos setenta anos quando muito, e aos
cinqüenta para as mulheres (...) convém, pois fixar o casamento das mulheres nos dezoito
anos, e o dos homens nos trinta e sete, ou pouco menos." (pg. 142).
Ele fixa um limite de idade entre homens e mulheres, em vista da procriação e do casamento,
a fim de evitar complicações na gravidez e favorecer a concepção de filhos evitando problemas
de má formação nos bebês. As crianças mal ? formadas, segundo o filósofo, não poderão ter a
proteção do estado, pois apenas os sadios merecem ter a proteção do estado.
A educação dos jovens deveria ser prioridade de todos os legisladores, a fim de garantir a
unidade dos costumes entre os cidadãos, por isso Aristóteles é contra qualquer forma de
educação privada, pois defende que o estado deveria ser o responsável pela educação dos
filhos dos cidadãos. (pag. 149)
Ele estabelece uma grade curricular que devia ser seguido por todos os legisladores,
compondo-se das seguintes partes: "... a gramática, a ginástica e a musica, a elas se
acrescentando às vezes o desenho." (pg. 150) ? ele adverte que a ginástica deveria ser
praticada em ritmo moderado até a fase da adolescência, sendo em seguida substituída pelos
estudos da gramática e da música.
A música deveria ser ensinada aos jovens, sendo proibido o uso de flautas ou de qualquer
instrumento de sopro, já que impediam o uso da palavra. (pag. 159)
A democracia tem por base a igualdade, ou seja, nela tanto o pobre quanto o rico se
encontram no mesmo patamar, já a oligarquia tem por fundamento a desigualdade, nela
quem manda são os ricos, cabendo aos pobres obedecerem e serem oprimidos.(pag. 175- 177)
Os governantes devem estar atentos aos seus cidadãos, pois estes podem revoltar-se com o
tipo de governo e acabarem querendo mudança. (pag. 225)
"revoltam-se os que aspiram a igualdade, quando imaginam que, apesar da igualdade dos
direitos, eles são inferiores a uma certa classe de privilégios; e os partidários da desigualdade e
dos privilégios perturbam a paz, quando imaginam que só possuem uma parte igual ou menor
de poder." (pg. 227)
Esse desejo geralmente parte dos pobres em relação aos ricos, ou dos ricos em relação a
outros ricos, quando percebem que outros possuem privilégios a mais.
Muitos estados conservam a sua integridade por manterem-se afastadas das causas das
revoltas, como de prevenirem-se contra possíveis revoltas. Entre as prevenções temos o
controle do limite de fortuna de cada cidadão, a fim de evitar que algum se torne mais
poderoso do que o estado. (pag. 242- 243)
Aristóteles em vista de amenizar conflitos entre grupos sócias defende que a classe media
deveria superar seus extremos, por isso estimula a todos os legisladores a investirem nesta
classe. (pag. 185)
Conclusão
Portanto Aristóteles estabelece diversos tipos de governo, como de orientação para que os
magistrados e governadores governem com tranqüilidade sua cidade, a fim de favorecer a
unidade dos costumes entre seus cidadãos e o progresso do estado.
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