(1918-1929) Fragilidade da estrutura hegemônico inglesa: economia de mercado, livre comércio, Estado liberal e padrão ouro. Primeira fase de reconstrução das sociedades num contexto complexo de destruição física e humana, de desorganização do mercado mundial, de endividamento público e inflação. Segunda fase, meados dos anos 1920, de recuperação, expansão econômica e reorganização das antigas estruturas econômicas. A partir de 1929 a grande transformação (Polanyi). Reconstrução e reparações de Guerra: Europa (1919-1925). Em 1920 a maior parte dos países não havia recuperado os níveis de produção industrial de 1913: A Russia em 1920 tinha 13% menos do que na produção de 1913. França, Bélgica, Alemanha, Áustria, Hungria, Polônia, Tchecoslováquia, Bulgária, e Romênia tinham, em 1920, um produto industrial 30% menor do que em 1913. Apenas Grã-Bretanha e Itália haviam recuperado os níveis do pre-guerra. A Europa presentava capacidade ociosa em certos ramos industriais (principalmente bélico). Reconstrução e reparações de Guerra: Europa (1919-1925). Nos anos posteriores à guerra EUA diminuiria sua importação da Europa em 50%, reduzindo a receita europeia de exportações. Era de esperar a redução do ritmo da atividade econômica no pós-guerra, mas por exemplo os Estados Unidos, de maio de 1919 a janeiro de 1920 a atividade industrial cresceu 19%. Qual a explicação desse forte impulso? A demanda represada por 4 anos foi liberada em 1919 e gerou o impulso para a expansão da economia de alguns países. O Impacto também foi uma abrupta elevação dos preços, alimentada pelas políticas expansionistas. Reconstrução e reparações de Guerra: Europa (1919-1925). Nos EUA: para 1921 houve uma deflação de 43%, uma redução da produção industrial de 29%; e 5 milhões de desempregados. Na Grã-Bretanha: deflação de preços para e redução do índice de produção em 1921; Na Alemanha, Áustria, Tchecoslováquia e Polônia houve crescimento da produção industrial, contudo não foram debelados os dados da inflação, é possível falar de um “estimulo artificial para a atividade econômica”. Como se explica a reversão de um período de expansão-inflação para um período recessão-deflação? 1. Conforme à rápida expansão da produção que atingiu a demanda, os pretextos para a elevação de preços e contínuo investimento na produção cessaram. 2. Próprio crescimento exagerado dos preços como um inibidor econômico, na medida em que os salários não acompanhavam a inflação, crescendo a resistência para o consumo. (expectativas). 3. O papel dos governos para frear o processo inflacionário: políticas fiscáis e monetárias restritivas promovidas nos EUA e na Grã-Bretanha, debelar a inflação, frear a expansão econômica e reduzir os fluxos de crédito. Protecionismo econômico é reforçado. Primeiros passos à industrialização das periferias, defesa da indústria nascente na Índia, Japão, Austrália, Brasil, México e Argentina. Na própria Inglaterra: novas tarifas alfandegarias, restrições de importações, quotas de produtos e licenças de importação. A reconstrução se tornaria ainda mais difícil pela condução dos tratados de paz (Tratado de Versalhes 1919) que impôs pesadas penas e dívidas para os países perdedores. Foi criada a Liga das Nações e o Tratado de Versalhes em 1919. Os EUA sob o mandato do Presidente Wilson abandona as negociações e não ratificou o acordo de paz. A paz punitiva determinava que Alemanha era culpável pela guerra, e por isso devia perder todas as colônias, sendo divididas entre França e a Grã Bretanha. Além disso, precisava entregar sua frota naval para GB, não poderia ter mais força aérea e seu exército seria reduzido para apenas 100mil homens. E finalmente era responsável de todas as dívidas da guerra. 40 Bilhões de U$ seria a indenização a pagar pela Alemanha, as condições para este pagamento eram inexistentes. Keynes advertiu nas Consequências econômicas da paz os perversos resultados que poderia trazer tal imposição à Alemanha. Dado o déficit comercial da Alemanha, o país estava sem condições para a reconstrução do país e para o pagamento da dívida da guerra. Cresceram os gastos governamentais e o endividamento, gerando uma forte pressão inflacionária que teve ecos também na Áustria, Polônia e Hungria: Preços multiplicados 14.000 vezes na Áustria, 23.000 vezes na Hungria, 2.500.000 na Polônia, e um bilhão de vezes na Alemanha. Hiperinflação da Alemanha motivada pelo colapso industrial. Exemplo ilustrativo: o caso do congresista americano A.P. Andrew, quem trocou 7 dólares por 4 bilhões de marcos, e pagou 1.5 bilhões de marcos por uma refeição. O plano Rentenmark estabilizou relativamente a situação monetária da Alemanha para fins de 1923. Ainda para saldar a dívida com os Aliados, dois planos foram desenvolvidos com os EUA: Plano Dawes 1924, estabelecimento de novos valores da dívida, considerando quanto a Alemanha poderia pagar realmente. Houve ingresso de capital externo, e financiamento por parte dos EUA. Plano Young 1929, que ampliou ainda as facilidades do proprio plano Dawes, até a Grande Depresão do 29. Até que em 1933 Hitler suspendeu os pagamentos da dívida. EXPANSÃO ECONÔMICA DOS EUA 1920:
O território dos EUA não foi campo de batalha; puderam
apoiar a reconstrução por meio da exportação dada a enorme dimensão do seu setor produtivo. Ganharam mercados que eram anteriormente supridos pela Europa, em especial América Latina. De 1926-1929 tinham o 42,2% de toda a produção industrial mundial. Na década do 20 se torna a maior economia industrial e financeira no mundo. Dois fatores determinaram: seu isolacionismo, e o peso da sua economia no plano mundial. A acumulação de reservas de ouro fortaleceu o centro financeiro de Nova-Iorque, a partir de 1919 detém mais do 40% do total mundial. EXPANSÃO ECONÔMICA DOS EUA 1920: Em 1924 se reduz a média anual de migração de 1milhão para cem mil. Entre 1920-1921 um total de 9 Bilhões de US$ foram diminuídos das despesas federais. O auxílio aos Aliados foi diminuido de bilhões para US$ 175 milhões, e a arrecadação de impostos cresceu U$ 525 milhões. No final de 1922 a economia norte-americana retomou o crescimento até a crise do 29. Houve reduções na taxa de juros, pemitindo a expansão do crédito. Houve aumentos dos salários reais, alimentando a expensão da demanda agregada. Entre 1925 e 1929 o número de estabelecimentos industriais ampliou-se de 183.900 para 206.700. Em 1929 EUA produziu 4,5 milhões de vehiculos, enquanto a França 211mil, Inglaterra 182mil, Alemanha 117mil. Esse foi o advento do Fordismo (em 1924) ver Landes para mais detalhes. EXPANSÃO ECONÔMICA DOS EUA 1920: As expectativas tiveram um papel fundamental. A própria euforia garantiu para os EUA a condição de líder na década de 1920. Sendo o maior comerciante e credor, os EUA superaram a Europa como importador de materias-primas e como exportador de produtos industrializados. Nova-Iorque se destacava pelo volume de empréstimos e negócios com o auxílio do governo federal. Dependiam do seu mercado interno, ainda sendo o principal exportador do mundo, mantinham barreiras tarifárias para importações de manufaturados, impedindo que países devedores pagarem suas contas. Realizava empréstimos para a reconstrução europeia, mas ante qualquer sinal de instabilidade aumentava a taxa de juros, atraindo os capitais para Nova Iorque e endividando ainda mais os países financiados. Essa instabilidade incidiria na fragilidade da economia mundial principalmente com a chegada da crise de 1929.