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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................6
2 PARTE GERAL .............................................................................................................................................................6
2.1 Da pessoa natural ...............................................................................................................................................6
2.2 Capacidade civil ..................................................................................................................................................6
2.3 Da pessoa jurídica ...............................................................................................................................................7
2.4 Fatos, atos e negócios jurídicos ..........................................................................................................................7
2.4.1 Dos defeitos do negócio jurídico .....................................................................................................................8
2.4.2 Da nulidade e da anulabilidade do negócio jurídico .......................................................................................8
3 NOÇÕES DE DIREITO DAS COISAS ..............................................................................................................................8
3.1 Da posse..............................................................................................................................................................8
3.2 Da propriedade ...................................................................................................................................................9
3.3 Direitos Reais ....................................................................................................................................................10
3.4 Direitos de vizinhança.......................................................................................................................................10
4 NOÇÕES DE DIREITO DE FAMÍLIA ............................................................................................................................10
4.1 Divórcio .............................................................................................................................................................11
4.2 Relações de Parentesco ....................................................................................................................................11
4.2.1 Graus de parentesco......................................................................................................................................11
4.3 Filiação ..............................................................................................................................................................12
4.4 Poder familiar ...................................................................................................................................................12
4.5 Regimes de bens entre os cônjuges .................................................................................................................12
4.6 Alimentos ..........................................................................................................................................................12
4.7 Concubinato e União Estável ............................................................................................................................13
4.8 Tutela e Curatela...............................................................................................................................................13
5 NOÇÕES DE DIREITO DAS SUCESSÕES .....................................................................................................................13
5.1 Transmissão da herança ...................................................................................................................................13
5.2 Vocação hereditária..........................................................................................................................................13
5.3 Herdeiros necessários.......................................................................................................................................14
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................................................14
ANEXO.........................................................................................................................................................................14
Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP/CE
Curso de Formação Profissional Para a Carreira de Praças
Policiais Militares do Ceará - CFPCP/PM
FUNDAMENTOS DO DIREITO CIVIL

GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ

CAMILO Sobreira de SANTANA


GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ

SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL - SSPDS

ANDRÉ Santos COSTA


SECRETÁRIO DA SSPDS

POLÍCIA MILITAR DO CEARÁ - PMCE


Ronaldo Mota VIANA - Cel PM
COMANDANTE-GERAL DA PMCE

ACADEMIA ESTADUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA DO CEARÁ – AESP|CE

José Herlínio DUTRA – Cel PM


DIRETOR-GERAL DA AESP|CE

LUCIO Ponte Torres - DPC


SECRETÁRIO EXECUTIVO DA AESP|CE

Antônio CLAIRTON Alves de Abreu – Ten Cel PM


COORDENADOR GERAL DE ENSINO E INSTRUÇÃO DA AESP|CE

Amarílio LOPES Rebouças – Cel BM


COORDENADOR ACADÊMICO PEDAGÓGICO

Everton MAVIGNIER Guimarães


CÉLULA DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL AESP/CE

Francisca ADEIRLA MENESES da Silva – Cap PM


SECRETARIA ACADÊMICA DA AESP/CE

CURSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL PARA A CARREIRA DE PRAÇAS


POLICIAIS MILITARES DO CEARÁ – CFPCPM

DISCIPLINA
Fundamentos do Direito Civil

CONTEUDISTA(S)
André Luis Soares – Maj PM
Tertuliano da Costa Nobre – Maj PM

REVISÃO DE COERÊNCIA DIDÁTICA


José Walter de Andrade Junior

FORMATAÇÃO
JOELSON Pimentel da Silva

• 2017•
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1 INTRODUÇÃO 2 PARTE GERAL

Ao compreendermos o Direito como o sistema 2.1 Da pessoa natural


de normas de conduta que coordenam e regulam as
relações de convivência de uma comunidade humana, Pessoa natural é o ser humano, a criatura que
e que se caracteriza por um poder de obrigatoriedade provenha da concepção natural (da mulher). É o ente
igualmente extensivo ao grupo e aos indivíduos que o suscetível de direitos e obrigações, sendo sinônimo de
formam, podemos também defini-lo como a sujeito de direito. Em outras palavras, é aquele sujeito
autorização da norma jurídica para o exercício de uma de um dever ou de uma pretensão jurídica, que nada
pretensão. mais é senão o poder de fazer valer, através de uma
No primeiro caso, estamos nos referindo ao ação, o não-cumprimento do dever jurídico alheio.
direito objetivo, ou seja, a norma impositiva da ação A personalidade civil começa do nascimento com
humana. No segundo, tratamos de uma prerrogativa vida e termina com a morte, podendo esta ser
ou faculdade conferida ao indivíduo de invocar a presumida por sentença judicial.
norma em seu favor, ou seja, o direito subjetivo.
Enquanto o Direito Público destina-se a 2.2 Capacidade civil
disciplinar os interesses gerais da coletividade,
competindo-lhe a organização do Estado, a distribuição É a aptidão da pessoa para exercer direitos e
da justiça, a disciplina da atividade estatal para a assumir obrigações. Todo ser humano, desde o seu
consecução de seus objetivos, a repressão dos delitos, nascimento até a sua morte, tem capacidade para ser
dentre outros, o Direito Privado regula as relações que titular de direitos. Isto, contudo, não se significa que
orbitam em torno do interesse particular dos tais direitos possam ser exercidos pelo próprio titular.
indivíduos no que se refere ao patrimônio, às Necessário, portanto, distinguir capacidade de direito e
obrigações contratuais e às relações familiares. capacidade de fato (ou de exercício). A primeira diz
O ramo do Direito eminentemente privado é o respeito à aptidão conferida por lei para ser titular de
Direito Civil, o qual se divide em 02 (duas) grandes direitos, enquanto a última refere-se à possibilidade de
partes: a geral e a especial. A parte geral subdivide-se atuar, direta e pessoalmente, na defesa desses
em 03 (três) livros que tratam, respectivamente, das direitos.
pessoas (natural e jurídica), dos bens e dos fatos A incapacidade é a restrição legal ao exercício
jurídicos. A parte especial subdivide-se em 05 (cinco) dos atos da vida civil, tornando-se, portanto, uma
livros, os quais cuidam, respectivamente, do direito das exceção à regra, que é a da capacidade. Advém sempre
obrigações (contratos, créditos, pagamentos, da LEI, em sentido estrito.
indenizações, etc.), do direito das empresas, do direito Será absoluta quando houver proibição total do
das coisas (posse, propriedade, direitos reais, etc.), do exercício do direito pelo incapaz, acarretando, em caso
direito de família (casamento, poder familiar, de violação, a nulidade do ato, de tal sorte que os
patrimônio, alimentos, adoção, etc.) e, finalmente, do absolutamente incapazes têm direitos, porém, não
direito das sucessões (herança, testamentos, poderão exercê-los direta ou pessoalmente, devendo
inventários, etc.). ser representados.
Não pretendemos, no decorrer da disciplina de Por seu turno, a incapacidade relativa diz
Fundamentos de Direito Civil, explorar por completo o respeito àqueles que podem praticar por si certos atos
vastíssimo conteúdo da matéria. Contudo, objetivamos da vida civil, desde que assistidos por alguém de tal fim
apresentar ao candidato noções teóricas suficientes encarregado, em razão de parentesco, de relação de
para basilar sua conduta profissional em ordem civil ou de designação judicial. Uma vez violada
procedimentos que envolvam aspectos conceituais no esta norma e praticado o ato sem a devida assistência,
campo do Direito Civil de modo a induzir suas deflagrar-se-á sua anulabilidade, dependendo da
respostas atitudinais sob a égide da cientificidade. iniciativa do lesado, haja vista que, em certas
Desse modo, foram criteriosamente hipóteses, o ato poderá ser confirmado ou ratificado.
selecionados, dentro das partes geral e especial do Por outras bandas, estes têm capacidade de praticar,
Direito Civil, aspectos que guardem nexo com o livremente, determinados atos.
desempenho da missão policial militar, os quais serão Observe-se que os pródigos são aqueles que,
desenvolvidos sempre sob o enfoque prático- desordenadamente, dilapidam os seus bens, fazendo
operacional. gastos excessivos e anormais. Por tal motivo, são-lhes
proibidos apenas os atos que possam comprometer
seu patrimônio, não podendo (sem a devida

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assistência), assim, alienar, emprestar, dar quitação, apenas se o postulante demonstrar a culpa da pessoa
transigir, hipotecar, agir em juízo, dentre outros, jurídica.
podendo, todavia, praticar todos os demais atos da Extingue-se a pessoa jurídica no caso de
vida civil. dissolução (por deliberação de seus membros ou por
força de lei) ou na hipótese de cassação da autorização
2.3 Da pessoa jurídica para seu funcionamento. Em ambos os casos, far-se-á a
averbação da dissolução no mesmo local onde se acha
Pessoa jurídica é, segundo Gonçalves (1955) , a inscrita a pessoa jurídica. Somente após sua liquidação
unidade de pessoas naturais ou de patrimônios que será providenciado o cancelamento da inscrição.
visa à consecução de certos fins, reconhecida pela
ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações. 2.4 Fatos, atos e negócios jurídicos
São de direito público (interno ou externo) e de direito
privado. Fatos jurídicos são todos os eventos, provindos
da atividade humana ou decorrentes de fatos naturais,
São pessoas jurídicas de direito público interno: capazes de ter influência na órbita do Direito, por
• a União; criarem, transferirem, conservarem, modificarem ou
• os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; extinguirem relações jurídicas.
• os Municípios; Quando decorre da ação humana, denominam-
• as autarquias, inclusive as se atos jurídicos, os quais se subdividem em ato
jurídico lícitos e ilícitos. Estes, por se contraporem à lei,
associações públicas; produzem efeitos jurídicos não desejados pelo agente,
• as demais entidades de caráter público
pois, praticados em desacordo com a ordem jurídica,
criadas por lei (fundações públicas, p.ex.).
violam direito subjetivo individual, causam dano a
outrem e, em consequência, criam o dever de reparar
São pessoas jurídicas de direito público externo
o prejuízo1. Aqueles, por outro lado, dividem-se em
os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem
atos jurídicos meramente lícitos e em negócios
regidas pelo direito internacional público (ONU, OEA,
jurídicos.
OTAN, etc).
Atos jurídicos meramente lícitos são aqueles
Enquanto a pessoa natural surge com o fato
delineados por lei em sua forma, termos e efeitos, com
biológico (nascimento), a pessoa jurídica tem seu
quase nenhuma margem de deliberação (ex.:
início, em regra, com um ato jurídico ou com normas.
descoberta de tesouro, reconhecimento de
As pessoas jurídicas de direito público iniciam-se em
paternidade, etc.). Já os negócios jurídicos, de modo
razão de fatos históricos, de criação constitucional, de
diverso, é ato de autonomia privada, com o qual o
leis especiais ou de tratados internacionais.
particular regula por si os próprios interesses. Logo, a
sua essência é a “auto-regulamentação” dos interesses
São pessoas jurídicas de direito privado:
particulares reconhecida pelo ordenamento jurídico.
• as sociedades civis ou comerciais;
• as associações;
- Fatos Naturais (alheios à vontade humana) Fatos jurídicos em sentido estrito
• as organizações religiosas;
Fatos Jurídicos - Lícitos - meramente lícitos
• os partidos políticos; - Atos Jurídicos (humanos) - negócios jurídicos
- Ilícitos
• as fundações privadas;
• entidades estatais (empresas públicas e
sociedades de economia mista). A validade do negócio jurídico requer (art. 104
do Código Civil):
Quanto à responsabilidade pelos atos praticados
pelas pessoas jurídicas, há, basicamente duas regras: I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou
a) As pessoas jurídicas de direito público interno determinável;
são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes III - forma prescrita ou não defesa em lei.
que nessa qualidade causem danos a terceiros,
1
ressalvado direito regressivo contra os causadores do
dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo; Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
b) As pessoas jurídicas de direito privado serão imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito. (Código Civil, art. 186)
responsabilizadas por atos de seus representantes

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O direito real se projeta sobre coisa própria ou


2.4.1 Dos defeitos do negócio jurídico sobre coisa alheia. Aquele que recai sobre coisa própria
é a propriedade, ou seja, o título de dono, de
Erro ou ignorância: ocorre quando o autor da dominador. É o único direito real que pode ser
declaração de vontade a emitiu inspirado num engano, ilimitado, conferindo a seu titular os poderes de uso,
ou na ignorância da realidade. É a falsa noção sobre gozo, posse, reivindicação e disposição. Pode, contudo,
alguma coisa; ser eventualmente limitado.
Todos os outros direitos reais, além da
Dolo: ocorre quando esse engano não é propriedade, são limitados e se projetam apenas sobre
espontâneo, mas provocado pelo comportamento coisas alheias, ou seja, das quais o titular não é dono.
malicioso da outra parte contratante ou de terceiros. É
um artifício usado para enganar alguém; 3.1 Da posse

Coação: a concordância é decorrente de uma Segundo Savigny apud Diniz (2012), a posse é “o
ameaça, de modo que lhe falta a espontaneidade, poder imediato que tem a pessoa de dispor
condição essencial. É a violência física ou moral que fisicamente de um bem com a intenção de tê-lo para si
impede alguém de decidir livremente; e de defendê-lo contra a agressão de quem quer que
seja”. Para Ihering apud Monteiro (2012), posse é a
Estado de perigo: ocorre quando alguém assume “exteriorização do domínio, ou seja, a relação exterior
obrigação excessivamente onerosa para salvar-se, ou à intencional, existente, normalmente, entre o
pessoa de sua família, ou a outrem, de dano grave; proprietário e sua coisa.” É o animus domini. São
efeitos da posse:
Fraude contra credores: ocorre quando, • Invocar interditos possessórios: ação de
deliberada e conscientemente, o devedor diminui manutenção da posse (face à turbação), ação de
maliciosamente seu patrimônio com o objetivo de reintegração da posse (face ao esbulho), interdito
prejudicar seus credores, onerando ou alienando bens, proibitório (ante à ameaça de turbação ou esbulho),
subtraindo-os à garantia comum. ação de nunciação de obra nova (diante de prejuízo na
posse em virtude de obra nova em prédio contíguo),
2.4.2 Da nulidade e da anulabilidade do negócio ação de dano infecto (na hipótese de ruína, demolição
jurídico ou vício de construção em prédio vizinho causa dano à
posse), ação de imissão de posse (visa aquisição da
A nulidade pode ser absoluta ou relativa posse por via judicial), etc;
(anulabilidade). Aquela se caracteriza pela ausência de • Direito à percepção dos frutos;
algum elemento substancial do negócio jurídico, quais • Direito à indenização das benfeitorias e
sejam: livre manifestação de vontade, agente capaz, direito de retenção;
objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei. Já • Responsabilidade pela deterioração e perda
esta decorre da incapacidade relativa do agente ou por da coisa;
vício resultante de erro, dolo, coação, estado de • A posse conduz ao usucapião;
perigo, lesão ou fraude contra credores. • O ônus da prova compete ao adversário do
A nulidade absoluta é questão de ordem pública possuidor, quando for contestado o direito deste;
e pode ser arguida a qualquer tempo, por qualquer • O possuidor goza, processualmente, de
pessoa, não sendo passível de convalidação ou posição mais favorável.
ratificação. Por outro lado, a nulidade relativa somente
pode ser questionada pelo interessado direto, bem Perde-se a posse quando cessa, embora contra a
como admite convalidação ou ratificação. vontade do possuidor, o poder sobre o bem. Só se
considera perdida a posse para quem não presenciou o
3 NOÇÕES DE DIREITO DAS COISAS esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de
retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é
O direito das coisas cuida das regras que violentamente repelido.
constituem faculdades de pessoas (naturais ou
jurídicas) sobre bens materiais ou imateriais
(propriedade literária, científica ou artística, marcas,
patentes, etc.). Também chamado de direito real (Do
latim res = coisa).

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3.2 Da propriedade IV – Pelo direito hereditário (art. 1.784 e ss. do


Código Civil).
Propriedade é o direito que a pessoa física ou
jurídica tem, dentro dos limites normativos, de usar, • Modalidades de aquisição da propriedade
gozar e dispor de um bem, corpóreo ou incorpóreo, móvel:
bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o I – Pela tradição: É a entrega da coisa móvel ao
detenha. adquirente com a intenção de lhe transferir o domínio,
Há algumas distinções entre as modalidades de em razão do título translativo da propriedade. Há
aquisição da propriedade de coisas móveis e imóveis. também o constituto possessório, que nada mais é que
uma espécie de tradição ficta, operada por contrato,
• Modalidades de aquisição da propriedade em que o proprietário aliena a coisa, mas continua na
imóvel: posse direta da mesma, a outro título.
III – Pela ocupação: É o modo aquisitivo
I – Pelo registro do título: Estão sujeitos à originário de coisa móvel ou semovente, sem dono,
transcrição no respectivo registro os títulos translativos por não ter sido ainda apropriada ou por ter sido
da propriedade imóvel por ato inter vivos, onerosos ou abandonada, não sendo essa apropriação defesa por
gratuitos, porque os negócios jurídicos não são hábeis lei.
para transferir o domínio de bem imóvel, sendo III – Pela confusão, comistão e adjunção: Quando
necessária a participação do Estado por intermédio do coisas pertencentes a pessoas diversas se mesclarem
serventuário, que faz esse registro público, sem o qual de tal forma que seria impossível separá-las, tem-se: a
não há transferência de propriedade. confusão, se a mistura ocorrer entre coisas líquidas; a
II – Pela acessão: É o modo originário de comistão, quando se der entre coisas sólidas. Quando
adquirir, em virtude do qual fica pertencendo ao houver, apenas, uma justaposição de uma coisa a
proprietário tudo quanto se une ou se incorpora ao seu outra, que não mais permita destacar a acessória da
bem. Requer a conjunção entre duas coisas até então principal, dá-se a adjunção.
separadas e o caráter acessório de uma dessas coisas, IV – Pela especificação: É o modo de adquirir a
em confronto com a outra. Pode ser artificial (operada propriedade mediante transformação de coisa móvel
pelo homem, como as construções e as plantações) ou em espécie nova, em virtude do trabalho ou de
natural (formação de ilhas, aluvião2, avulsão3 ou indústria do especificador, desde que não seja possível
abandono de álveo4). reduzi-la à sua forma primitiva (a pintura em relação à
III – Pelo usucapião: Modo de aquisição de tela ou a escultura em relação à pedra, por exemplo).
propriedade e de outros direitos reais (usufruto, uso, V – Pelo usucapião.
habitação, servidões) pela posse mansa, pacífica e VI – Pelo casamento.
prolongada da coisa com a observância dos requisitos VII – Pelo direito hereditário.
legais. Visa a garantir a estabilidade e segurança da Além das causas consideradas no Código Civil,
propriedade, fixando um prazo além do qual não se perde-se a propriedade: voluntariamente, pela
pode mais levantar dúvidas ou contestações a respeito, alienação, pela renúncia e pelo abandono, ou
e sanar a ausência de título do possuidor, bem como os involuntariamente, pelo perecimento da coisa ou pela
vícios intrínsecos do título que esse mesmo possuidor desapropriação.
tiver.
• Alienação: É a forma de extinção subjetiva do
domínio em que o titular do direito, por vontade
própria, transmite a outrem seu direito sobre a coisa.
2
• Renúncia: É o ato unilateral, pelo qual o
Ocorre quando há acréscimo paulatino de terra às margens de proprietário declara expressamente o seu intuito de
um rio, mediante lentos e imperceptíveis depósitos ou aterros abrir mão do seu direito sobre a coisa.
naturais ou desvio das águas, acréscimo esse que importa em
aquisição de propriedade por parte do dono do imóvel a que se • Abandono: É o ato unilateral em que o titular
aderem essas terras. do direito se desfaz voluntariamente do seu bem
3 porque não quer continuar sendo, por vários motivos,
Dá-se pelo repentino deslocamento de uma porção de terra
por força natural violenta, desprendendo-se de um prédio para se seu dono.
juntar a outro (deslocamento de morros ou dunas, por exemplo). • Perecimento da coisa: Como não há direito
4
Ocorre quando um rio seca ou se desvia de seu leito em sem objeto, com o perecimento do bem, extingue-se o
virtude de fenômeno natural. direito. Esse perecimento pode decorrer de ato

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involuntário, se resultante de acontecimentos naturais, auferir os frutos e rendimentos, até o montante da


como terremoto, raios, incêndios, etc; ou de ato dívida ser paga.
voluntário do titular do domínio, como no caso de
destruição. 3.4 Direitos de vizinhança
• Desapropriação: Instituto do direito público
pelo qual um sujeito previamente indenizado, de modo São limitações impostas por normas jurídicas a
justo, pode ser privado do direito de propriedade que propriedades individuais, com o escopo de conciliar
tem sobre uma coisa, a favor de outro sujeito, quando interesses de proprietários vizinhos, reduzindo os
isto lhe seja exigido por motivos de interesse público. poderes inerentes ao domínio e de modo a regular a
convivência social.
3.3 Direitos Reais • Uso anormal da propriedade – O uso abusivo
da propriedade consiste em ofensas à segurança
a) Servidão predial: São direitos reais de gozo pessoal ou dos bens (todos os atos que comprometem
sobre imóveis que, em virtude de lei ou vontade das a estabilidade de um prédio e a incolumidade de seus
partes, se impõem sobre o prédio serviente em moradores), ao sossego (ruídos excessivos que tiram a
benefício do dominante, tendo como finalidade tranqüilidade dos habitantes do prédio confinante) e à
proporcionar uma valorização deste, tornando-o mais saúde.
útil, agradável ou cômodo (a passagem de gado para • Árvores limítrofes – Caso a árvore tenha seu
pastar ou beber ou ainda transitar em terra alheia, tronco na linha divisória, esta pertence, de modo
p.ex.). Extingue-se pela renúncia, pela confusão ou comum, aos proprietários dos prédios confinantes. Se
pelo não uso por dez anos. pendentes os frutos, pertencem eles ao dono da
b) Usufruto: Direito real conferido a alguém de árvore e se, ao se desprenderem, tombarem em
retirar, temporariamente, da coisa alheia, os frutos e terreno contíguo, passarão a ser do dono do solo em
utilidades que ela produz, sem alterar-lhe a substância. que caírem naturalmente. Caso as raízes e ramos da
Atribui ao usufrutuário a administração da coisa. árvore ultrapassem a divisa da propriedade vizinha,
c) Uso: Direito real que, a título gratuito ou causando-lhe incômodo, é permitido seu corte, até o
oneroso, autoriza uma pessoa a retirar, plano vertical divisório, por parte do proprietário
temporariamente, de coisa alheia, todas as utilidades invadido.
para atender às suas próprias necessidades e às de sua • Passagem forçada e de cabos e tubulações –
família. Distingue-se do usufruto pela intensidade do Consiste no direito que tem o proprietário de prédio
direito, pois enquanto o usufrutuário retira toda a rústico ou urbano, que se encontra encravado em
utilização e exercita a administração do bem frutuário, outro, sem saída para a via pública, fonte ou porto, de
o usuário só pode utilizá-lo limitado às suas reclamar do vizinho que lhe deixe passagem, fixando-
necessidades e às de sua família. se a esta judicialmente o rumo, quando necessário,
d) Habitação: É o direito real limitado, desde que o proprietário do prédio por onde se
temporário, personalíssimo, indivisível e gratuito de estabeleça a passagem receba uma indenização. O
ocupar gratuitamente casa alheia, para morada do mesmo vale para a passagem de cabos e tubulações.
titular e de sua família.
e) Direitos reais de garantia sobre coisas alheias: 4 NOÇÕES DE DIREITO DE FAMÍLIA

• Penhor – Consiste na tradição de uma coisa Segundo Clóvis Beviláqua5, o Direito de Família
móvel ou imobilizável, suscetível de alienação, constitui o complexo de normas que regulam a
realizada pelo devedor ou por terceiro ao credor, a fim celebração do casamento, sua validade e os efeitos
de garantir o pagamento do débito. que dele resultam, as relações pessoais econômicas da
• Hipoteca – Grava coisa imóvel ou bem que a sociedade conjugal, a dissolução desta, as relações
lei entende por hipotecável, pertencente ao devedor entre pais e filhos, o vínculo do parentesco e os
ou terceiro, sem transmissão de posse ao credor, institutos complementares da tutela, curatela e da
conferindo a este o direito de promover a sua venda ausência.
judicial, pagando-se preferentemente, se inadimplente Dessa lição se extrai, portanto, que o casamento
o devedor. estabelece a comunhão plena de vida baseada na
• Anticrese – Nessa modalidade, o devedor igualdade de direitos entre os consortes. O Código
entrega ao credor um imóvel, cedendo-lhe o direito de Civil, em seus artigos 1.511 a 1.570, estabelece as

5
In Código Civil Comentado, 1. ed., 1954, v. 2, p. 6.

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formalidades preliminares, os impedimentos, as causas • Parentesco por afinidade – É a relação social


suspensivas, as provas, a invalidade e a eficácia do que une uma pessoa aos parentes hereditários do seu
casamento, além da capacidade dos nubentes para cônjuge. Exemplo: sogro, genro, nora, cunhado.
contrair o matrimônio. • Parentesco civil – É aquele criado pela
adoção; consiste no vínculo pessoal que se estabelece
4.1 Divórcio entre o pai adotante e o filho adotado.

Desde que válido, o vínculo conjugal somente 4.2.1 Graus de parentesco


termina com a morte ou por meio do divórcio. Na
hipótese do casamento conter algum defeito que o Na contagem dos graus de parentesco é
invalide, esse vínculo deverá (quando nulo) ou poderá necessário distinguirmos os parentes em linha reta dos
(quando anulável) ser desfeito mediante anulação. parentes em linha colateral.
Em 13 de julho de 2010, a Emenda à • Parentes em linha reta: as pessoas
Constituição Federal N.° 66 deu nova redação ao § 6° descendem umas das outras. Exemplo: avô, filho, neto,
do art. 226 da Carta Magna, de sorte que o divórcio, bisneto etc. O Código Civil (art. 1.591) define os
por si só e diretamente, é instrumento hábil para parentes em linha reta como as pessoas que estão
dissolver o casamento. umas para as outras na relação ascendentes e
O divórcio pode ser formalizado pela via judicial, descendestes.
a pedido de apenas um dos cônjuges (unilateral) ou de • Parentes em linha colateral ou transversal: as
ambos (consensual). Há, também, a possibilidade de se pessoas não descendem umas das outras, mas
formalizar o divórcio pela via extrajudicial, mediante possuem um tronco ancestral comum. Exemplo:
escritura pública, quando não houver filhos menores irmãos, tios, sobrinhos, primos etc. O Código Civil (art.
ou incapazes, nos termos do art. 1.124-A do Código de 1.592) define os parentes colaterais ou transversais
Processo Civil. como as pessoas, até o quarto grau, que provêm de
Tanto a sentença prolatada na ação judicial de um só tronco, sem descender uma da outra.
divórcio deverá se reportar à guarda dos filhos Nos parentes em linha reta, o grau de
menores ou incapazes, alimentos para os filhos e/ou parentesco é contado pelo número de gerações. Desta
entre os cônjuges, divisão de bens e abandono do uso maneira, podemos dizer que você é parente de 1º grau
de nome eventualmente adotado no casamento. Na de seu pai, em 2º grau do seu avô, em 3º grau de seu
hipótese de escritura pública de divórcio constarão as bisavô e assim por diante. Observe o esquema: cada
mesmas disposições, à exceção da guarda de filhos geração equivale a um grau.
menores ou incapazes.
Quanto à separação judicial e à separação de
corpos, há de ser ressaltado que estas não são
suficientes para dissolver o casamento. A primeira põe
fim à sociedade conjugal, ou seja, encerra o regime de
bens e libera os consortes dos deveres de coabitação e Nos parentes colaterais o grau de parentesco
fidelidade recíprocas, mas, ao manter o vínculo também é contado pelo número de gerações, subindo,
matrimonial, é causa impeditiva para se contrair novo porém, de um dos parentes até ao ascendente comum,
casamento. Já a última constitui medida judicial e descendo, depois, até encontrar o outro parente. Por
cautelar, preparatória de uma ação principal (anulação meio dos esquemas seguintes você compreenderá
de casamento, divórcio, dissolução de união estável), melhor como se procede a contagem entre parentes
quando se verifica a possibilidade eminente de colaterais.
agressão física ou moral entre os cônjuges. a) Grau de parentesco entre você e seu tio: 3º
grau.
4.2 Relações de Parentesco

Entende-se por parentesco o vínculo que une


pessoas pela hereditariedade, pela afinidade ou pela
adoção.
• Parentesco hereditário – É o vínculo que une
pessoas descendentes umas das outras, ou de um
tronco ancestral comum. Exemplo: pai, avô, tio, irmão.

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b) Grau de parentesco entre você e seu irmão: 4.5 Regimes de bens entre os cônjuges
2º grau.
Os nubentes poderão, no processo de
habilitação, optar por qualquer dos regimes de bens
que o Código Civil regula. Caso o regime escolhido seja
a comunhão parcial, essa opção será simplesmente
reduzida a termo. Já se a escolha recair nos regimes de
comunhão universal ou de separação de bens, deverá
ser celebrado o pacto antenupcial por escritura
c) Grau de parentesco entre você e seu primo: 4º pública. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou
grau. ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o
regime da comunhão parcial.
• Comunhão parcial – Segundo Sílvio Rodrigues
(2007), é aquele que inclui na comunhão apenas os
bens adquiridos posteriormente à celebração do
casamento, excluindo aqueles que os consortes
possuem ao casar ou que venham a adquirir por causa
anterior e alheia ao casamento, a saber:
(a) os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e
4.3 Filiação os que lhe sobrevierem, na constância do casamento,
por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu
Antes da Constituição Federal de 1988, havia lugar;
uma distinção entre algumas espécies de filhos, que (b) os bens adquiridos com valores
podiam ser legítimos (havidos do casamento), exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em
ilegítimos naturais (quando não havia impedimento sub-rogação dos bens particulares;
para o casamento dos pais), ilegítimos espúrios (c) as obrigações anteriores ao casamento;
(quando havia impedimento absoluto para o (d) as obrigações provenientes de atos ilícitos,
casamento dos pais, como o adultério ou o incesto) e salvo reversão em proveito do casal;
os adotivos. Ocorre que o § 6° do art. 227 da Carta (e) os bens de uso pessoal, os livros e
Magna aboliu por completo todas e quaisquer instrumentos de profissão;
diferenças em relação aos filhos ao dispor que “os (f) os proventos do trabalho pessoal de cada
filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por cônjuge; e
adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, (g) as pensões, meios-soldos, montepios e outras
proibidas quaisquer designações discriminatórias rendas semelhantes.
relativas à filiação.” • Comunhão universal – É aquele em que todos
os bens dos cônjuges, presentes ou futuros, adquiridos
4.4 Poder familiar antes ou depois do casamento, tornam-se comuns,
constituindo uma só massa, tendo cada cônjuge o
Anteriormente denominado pátrio poder, trata- direito à metade ideal do patrimônio comum, havendo
se do rol de direitos e obrigações estabelecidas entre comunicação do ativo e do passivo, instaurando-se
pais e filhos para a salvaguarda dos filhos menores. Na uma verdadeira sociedade.
constância do casamento ou da união estável recaí • Separação de bens – É aquele em que cada
indistintamente sobre a mãe e o pai. Caso haja consorte conserva, com exclusividade, o domínio, a
discordância entre ambos, compete ao Poder Judiciário posse e a administração de seus bens presentes e
dirimi-la. Na ausência de um deles, o remanescente o futuros e a responsabilidade pelos débitos anteriores e
exercerá de modo exclusivo. posteriores ao casamento.
O exercício do poder familiar implica a
administração e o usufruto dos bens dos filhos e se 4.6 Alimentos
extingue, nos termos do art. 1.635 do Código Civil, pela
morte dos pais ou do filho, pela emancipação, pela São prestações para a satisfação das
maioridade, pela adoção ou por decisão judicial. necessidades vitais de quem não pode provê-las por si.
Têm por finalidade fornecer a um parente (pais e
filhos, ascendentes e descendentes, irmãos e cônjuges
ou companheiros) aquilo que lhe é necessário à

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manutenção, assegurando-lhe meios de subsistência, judiciais que lhes reconheçam a existência ou a


se ele, em razão de idade avançada, enfermidade ou dissolução, bem como elucide questões envolvendo
incapacidade, estiver impossibilitado de produzir divisão de bens, alimentos e guarda de filhos menores.
recursos materiais com o próprio esforço. Baseiam-se
no binômio necessidade versus possibilidade, ou seja, 4.8 Tutela e Curatela
devem-se na proporção das necessidades do
alimentando e das possibilidades do alimentante. • Tutela – É um complexo de direitos e
obrigações, conferidos pela lei, a um terceiro, para que
4.7 Concubinato e União Estável proteja a pessoa de um menor, que não se acha sobre
o PODER FAMILIAR, E ADMINISTRE SEUS BENS.
Do relacionamento genérico entre homem e
mulher não casados entre si derivam duas espécies de • Curatela – É o encargo público, cometido, por
institutos jurídicos: o concubinato e a união estável, lei, a alguém, para reger e defender a pessoa e
esta sempre evoluindo daquele. administrar os bens de maiores, que, por si sós, não
O concubinato possui três classificações: estão em condições de fazê-lo, EM VIRTUDE DE
simples, qualificado por sociedade de fato e qualificado CAUSA TRANSITÓRIA OU PERMANENTE QUE
por união estável. O primeiro diz respeito à IMPEÇAM DE EXPRIMIR SUA VONTADE, OS ÉBRIOS
modalidade instituída pelo Código Civil, que, em seu HABITUAIS E VICIADOS EM TÓXICO E OS PRÓDIGOS.
art. 1.727, dispõe como “as relações não eventuais •
entre o homem e a mulher, impedidos de casar.” É
indiferente para o Direito. Já aquele qualificado por 5 NOÇÕES DE DIREITO DAS SUCESSÕES
sociedade de fato baseia-se numa construção
jurisprudencial dominante nos tribunais superiores6, Trata-se do conjunto de normas que disciplinam
resultante da convivência prolongada de um homem e a transferência do patrimônio (ativo e passivo) de
uma mulher, igualmente impedidos de casar, cuja alguém, após a sua morte, ao herdeiro, por força de lei
dissolução tem implicações jurídicas, tais como a ou testamento.
partilha do patrimônio adquirido por esforço conjunto.
Por outro lado, a união estável – que é 5.1 Transmissão da herança
decorrente e qualifica o concubinato – configura-se na
convivência pública, contínua e duradoura e Tão logo ocorre o evento morte, todo o
estabelecida com o objetivo de constituição de família. patrimônio do “decujus”, aí incluídos bens, valores e
Caso existam os impedimentos capitulados no art. dívidas, são transmitidas ao(s) herdeiro(s). Contudo, há
1.521 do Código Civil (casamento entre ascendentes, de se fazer um inventário do patrimônio a ser
descendentes, afins em linha, irmãos, etc.), não se transmitido.
trata de união estável, mas de concubinato simples ou Na hipótese da pessoa falecida ser casada, a
sociedade de fato. Do mesmo modo, não cabem no sociedade conjugal é dissolvida pela morte. Nesse
conceito de união estável as relações adulterinas, momento, verifica-se a meação do cônjuge
incestuosas, múltiplas, recentes ou transitórias. Na sobrevivente, deferindo-se a herança aos herdeiros.
hipótese do convivente se encontrar separado Morrendo a pessoa sem testamento, a herança
judicialmente, não se caracteriza impedimento para a caberá aos herdeiros legítimos. Havendo herdeiros
união estável. necessários, o testador só poderá dispor da metade da
Os conviventes devem deveres recíprocos de herança.
lealdade, respeito, assistência, guarda, sustento e • Herdeiros legítimos – instituídos por lei e
educação dos filhos, além de possuírem direitos relacionados numa ordem de preferência.
sucessórios, vigorando entre eles, salvo contrato
• Herdeiros necessários – ascendentes,
escrito, o regime de comunhão parcial de bens.
descendentes e cônjuge (conforme o caso).
A dissolução da união estável ocorre acordo
• Herdeiros testamentários – incluídos pelo
(verbal ou escrito) entre os conviventes, o qual pode
falecido por testamento.
ou não ser homologado judicialmente. Comumente as
partes recorrem a ações objetivando provimentos
5.2 Vocação hereditária

6
“Comprovada a existência de sociedade de fato entre os Se a pessoa faleceu sem testamento, se este
concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do caducou ou é ineficaz, opera-se a chamada sucessão
patrimônio adquirido pelo esforço comum.” (STF. Súmula N.° 380)

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legítima, deferida por lei. Para tanto, esta mesma lei ANEXO
estabeleceu uma relação preferencial das pessoas que ANEXO
são chamadas a suceder ao finado. A esse rol dá-se o
nome de ordem de vocação hereditária. GRUPOS DE VERBALIZAÇÃO E DE OBSERVAÇÃO
A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte
(art. 1.829/CC): 1ª Etapa: a turma deverá ser dividida em 06 (seis) grupos de
I - aos descendentes, em concorrência com o 05 (cinco) candidatos cada, sendo 03 (três) de verbalização
cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o (GV) e 03 (três) de observação (GO). Cada GO observará e
falecido no regime da comunhão universal, ou no da analisará a dramatização e a exposição do tema por parte de
um GV.
separação obrigatória de bens; ou se, no regime da
comunhão parcial, o autor da herança não houver 2ª Etapa: Cada GV receberá um caso prático para resolver à
deixado bens particulares; luz dos novos conhecimentos civilistas e na condição de
II - aos ascendentes, em concorrência com o policial integrante do programa “Ronda do Quarteirão”. O
cônjuge; GV deverá encenar a ocorrência policial, incluindo
III - ao cônjuge sobrevivente; solicitantes, vítimas, testemunhas, policiais, etc.
IV - aos colaterais.
3ª Etapa: Encerrada a encenação, o GO previamente
5.3 Herdeiros necessários designado tecerá seus comentários sobre a adequação ou
não da solução apresentada pelo GV.
São herdeiros necessários os descendentes, os
1º Caso: A equipe do “Ronda do Quarteirão” percebe que
ascendentes e o cônjuge, se for o caso. A eles dois vizinhos estão travando uma acirrada discussão
pertence, de pleno direito, a metade dos bens da defronte suas residências. Ao abordarem os cidadãos
herança, à qual se dá o nome de herança legítima. descobrem que o motivo da contenda diz respeito a uma
Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, árvore cujo tronco nasce no quintal de um, mas os galhos
da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para projetam-se sobre o quintal do outro. Um reclama que as
depois de sua morte. A herança legítima dos herdeiros folhas e frutos caídos em sua propriedade têm provocado
necessários, todavia, não poderá ser incluída no muito aborrecimento e exige que o vizinho corte a árvore. O
testamento. outro argumenta que a planta é sua e que não tem intenção
de cortá-la, além de não estar em condições financeiras de
fazê-lo. Ambos fazem ameaças recíprocas de invasão de
domicílio e agressão.
REFERÊNCIAS
2º Caso: A viatura do “Ronda do Quarteirão” é acionada por
• DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil um cidadão que se diz bastante preocupado com as
Brasileiro. São Paulo: Ed. Saraiva, 29 ed., 7 volumes, constantes brigas na casa vizinha envolvendo os pais e um
2012. casal de filhos adolescentes. A animosidade vem
• GONÇALVES, Luiz da Cunha. Tratado de Direito aumentando e está na iminência de transformar-se em
Civil. São Paulo: Ed. Max Limonad, 1 ed., v. 1, t. 1, agressões físicas. Segundo o solicitante, todo o problema
1955. gira em torno da rebeldia dos jovens, os quais resistem às
ordens dos pais, que, por outro lado, têm exigido que os
• MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de
filhos, ainda menores de dezesseis anos, trabalhem pesado e
Direito Civil. São Paulo: Ed. Saraiva, 42 ed., v. 3, no período noturno para ajudar nas despesas domésticas.
2012.
• RODRIGUES, Silvio. Direito Civil. São Paulo: Ed. 3º Caso: A guarnição do “Ronda do Quarteirão”, ao passar
Saraiva, 30 ed., 7 volumes, 2007. pela mercearia do Sr. Nonato, tradicional comerciante do
bairro, o encontra irritado e fazendo ameaças contra um
cliente. Abordando-os, os policiais descobrem que, sem sua
autorização, o filho do tal cliente, de apenas doze anos, fez
uma “conta” no estabelecimento e seu pai relutava em
pagar a dívida alegando que não tinha autorizado o
fornecimento de quaisquer produtos a seu filho. O
comerciante, por sua vez, exigia o pagamento ou, pelo
menos, uma garantia de receber a dívida, a qual poderia ser,
segundo ele, a hipoteca da motocicleta do devedor.

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