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GEDPU - RETA FINAL - RODADA 4

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Professores

Dr. Pedro Coelho


Defensor Público Federal desde 2011. Graduado em direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Especialista em Direito Criminal. Professor de
Direito Processual Penal da EBEJI. Aprovado em Concursos de Defensoria Pública (DPE/AL).

Dr. Gleiton Barbosa


Advogado da União desde janeiro de 2017. Ex-Analista Judiciário, Área Judiciária no Superior Tribunal de Justiça. Ex-Servidor do Tribunal Superior Eleitoral; Ex-
Servidor da Procuradoria Geral do Distrito Federal; Ex-Servidor da Secretaria de Gestão Administrativa do Distrito Federal; Ex-Servidor do Ministério da Educação;
Ex-Colaborador da Defensoria Pública do Distrito Federal e Territórios. Especialista em Direito Penal e Processual Penal.

Dr. Danilo Mota


Defensor Público Federal. Ex-Analista do Ministério Público Federal. Aprovado no Concurso para Promotor de Justiça do MPDFT, dentre outros. Pós
Graduado em Direito Público.

Dr. João Paulo Cachate


Defensor Público Federal. Defensor Público-Chefe da DPU em Alagoas. Especialista em Direito Público. Professor de Direito Administrativo e de Princípios
Institucionais da Defensoria Pública na EBEJI. Foi Defensor Público-Chefe da DPU/RR. Foi intercambista do Bloco de Defensores Públicos Oficiais do Mercosul -
BLODEPM. Ex-Analista do MPU. Aprovado nos concursos de Analista do TRF 5ª Região e INSS.

Hitala Mayara
Advogada da União

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Questão 1
Direito Civil

Para o STF, a paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o reconhecimento do vínculo de filiação
concomitante baseado na origem biológica, com os efeitos jurídicos próprios.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: CORRETA

Justificativa:
Trata-se de importantíssimo precedente do STF julgado no ano passado (RE 898060/SC, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 21 e 22.9.2016).

No Recurso Extraordinário, o STF encarou a suposta prevalência da paternidade socioafetiva sobre a biológica.

Na oportunidade, “o Supremo Tribunal Federal afirmou que o sobreprincípio da dignidade humana, na sua dimensão de tutela da felicidade e realização
pessoal dos indivíduos a partir de suas próprias configurações existenciais, impõe o reconhecimento, pelo ordenamento jurídico, de modelos familiares
diversos da concepção tradicional”.

O espectro legal, na visão do Tribunal Constitucional, “deve acolher tanto vínculos de filiação construídos pela relação afetiva entre os envolvidos quanto
aqueles originados da ascendência biológica, por imposição do princípio da paternidade responsável, enunciado expressamente no art. 226, § 7º, da CF”.

Ficou consignado que não caberia ao Poder Judiciário decidir entre a filiação afetiva e a biológica, sobretudo quando “o melhor interesse do descendente é o
reconhecimento jurídico de ambos os vínculos”.

Professor, que instituto dá nome para esse fenômeno de vários vínculos de filiação?

Trata-se da MULTIPARENTALIDADE/PLURIPARENTALIDADE. O professor Rodrigo da Cunha Pereira nos fornece uma bela síntese do seu conceito:

“É o parentesco constituído por múltiplos pais, isto é, quando um filho estabelece uma relação de paternidade/maternidade com mais de um pai e/ou mais de uma
mãe. Os casos mais comuns são os padrastos e madrastas que também se tornam pais/mães pelo exercício das funções paternas e maternas, ou em substituição
a eles”.

No aresto do Tribunal Constitucional, percebe-se que os efeitos da pluriparentalidade não se restringem ao direito das famílias, mas extravasam seu âmbito,
desaguando também no direito das sucessões.

Professor, podemos sistematizar o julgado do STF? Com certeza!

Teses do RE 898060/SC:

i) É possível o reconhecimento simultâneo da paternidade socioafetiva com a paternidade biológica;

ii) A multiparentalidade assenta-se no sobreprincípio da dignidade da pessoa humana, na sua dimensão de tutela da felicidade e realização pessoal do
indivíduo;

iii) O princípio da paternidade responsável impõe o duplo reconhecimento da filiação, tudo visando a atender o melhor interesse do descendente;

iv) Os efeitos da multiparentalidade não se limitam ao direito das famílias, expandindo suas consequências para o direito sucessório;

v) O parentesco socioafetivo NÃO afasta o parentesco jurídico daqueles que detém apenas vínculo biológico; (ATENÇÃO: O Min. Edson Fachin, vencido,
propôs que vínculo socioafetivo se impõe perante o vínculo biológico).

Mais uma vez, reitero, trata-se de importante precedente, com possibilidades concretas de ser cobrado no concurso que se aproxima.

Questão 2
Direito Civil

Segundo o STJ, a cobrança de juros capitalizados nos contratos de mútuo é permitida quando houver expressa pactuação.

Correta

Errada

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Sem Resposta

GABARITO: CORRETA

Justificativa:
Trata-se do entendimento reafirmado pelo STJ em sede de Recursos Repetitivos (REsp 1388972-SC, julgado em 08/02/2017).

Os juros capitalizados (conhecido também como juros compostos, capitalização de juros, juros sobre juros, juros frugíferos ou anatocismo) é uma prática mediante
a qual “os juros se incorporam ao capital ao final de cada período de contagem”.

Carlos Roberto Gonçalves explica:

“O anatocismo consiste na prática de somar os juros ao capital para contagem de novos juros. Há, no caso, capitalização composta, que é aquela em que a taxa
de juros incide sobre o capital inicial, acrescido dos juros acumulados até o período anterior. Em resumo, pois, o chamado ‘anatocismo’ é a incorporação dos
juros ao valor principal da dívida, sobre a qual incidem novos encargos.” (Direito Civil Brasileiro. 8ª ed., São Paulo: Saraiva, 2011, p. 409).

Os juros sobre juros são permitidos pelo nosso ordenamento jurídico?

Sim, desde que haja norma permissiva. Entretanto, apesar desse requisito ser necessário e imprescindível para a cobrança do encargo capitalizado, ele não é
suficiente/bastante para existir, uma vez que ele deve estar SEMPRE EXPRESSO no ajuste entre as partes contratantes¸principalmente em virtude dos
princípios da liberdade de contratar, da boa-fé e da adequada informação.

A despeito, inclusive, há Súmula do STJ nesse sentido:

Súmula 539: “É permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior à anual em contratos celebrados com instituições integrantes do Sistema Financeiro
Nacional a partir de 31/03/2000 (MP n. 1963-17/2000), desde que expressamente pactuada”.

Professor, o que continha nessa Medida Provisória?

Art. 5º da MP nº 1.963-17/2000: Nas operações realizadas pelas instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional, é admissível a capitalização de juros
com periodicidade inferior a um ano.

Vale anotar que o STF, em 04/02/2015, assentou que o dispositivo da referida medida provisória permitindo a capitalização mensal de juros no sistema
financeiro, é constitucional (RE 592.377).

E nosso Código Civil, como trata a matéria?

Ele também admite os juros sobre juros!

Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art.
406, permitida a capitalização anual.

Pois bem. Todas essas questões estão bem delineadas no excelente voto do Min. Marco Buzzi.

Para efeito de tese, que pode ser cobrada no próximo exame (visto que a DPU habilitou-se como amicus curiae no caso), vale transcrever as seguintes
passagens:

“(...) é inegável que a capitalização, seja em periodicidade anual ou ainda com incidência inferior à ânua - cuja necessidade de pactuação, aliás, é firme
na jurisprudência desta Casa -, não pode ser cobrada sem que tenham as partes contratantes, de forma prévia e tomando por base os princípios
basilares dos contratos em geral, assim acordado, pois a ninguém será dado negar o caráter essencial da vontade como elemento do negócio jurídico, ainda
que nos contratos de adesão, uma vez que a ciência prévia dos encargos estipulados decorre da aplicação dos princípios afetos ao dirigismo contratual. De fato,
sendo pacífico o entendimento de que a capitalização inferior à anual depende de pactuação, outra não pode ser a conclusão em relação àquela em periodicidade
ânua, sob pena de ser a única modalidade (periodicidade) do encargo a incidir de maneira automática no sistema financeiro, embora inexistente qualquer
determinação legal nesse sentido, pois o artigo 591 do Código Civil apenas permite a capitalização anual e não determina a sua aplicação
automaticamente.”

“(...) tendo em vista que nos contratos bancários é aplicável o Código de Defesa do Consumidor (súmula 297/STJ), a incidência da capitalização de juros, em
qualquer periodicidade - na hipótese, a anual - não é automática, devendo ser expressamente pactuada, visto que, ante o princípio da boa-fé
contratual e a hipossuficiência do consumidor, esse não pode ser cobrado por encargo sequer previsto contratualmente”.

Por todo o exposto, o item encontra-se correto.

Questão 3
Direito Empresarial

João constituiu sociedade simples, tendo como sócios José e Paulo. Atolada em várias dívidas, a sociedade enfrenta grandes
dificuldades e acumula uma quantia significativa de passivos. Mesmo nessa situação, Alberto decide ingressar na sociedade, acreditando
que pode mudar o quadro deficitário. Consultando seu advogado, a respeito da sua responsabilidade em relação às dívidas consolidadas,
Alberto é informado que ele não responderá pelas dívidas sociais anteriores ao seu ingresso. Considerando o caso em apreço, a
informação repassada a Alberto é errada, uma vez que, mesmo sendo admitido após a consolidação daqueles débitos, ele também será
responsável por todas as dívidas sociais anteriores a sua admissão.

Correta

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Errada

Sem Resposta

GABARITO: CORRETA

Justificativa:
A questão trata do tema “Obrigações dos Sócios” que, rotineiramente, vem sendo cobrado pelo CESPE. Aliás, vale rememorar que as provas de Direito
Empresarial, em sua grande maioria, têm se restringindo a descrever situações casuísticas cujas respostas, fatalmente, estarão na LEI.

O estudo dos arts. 966 a 1.195 do CC⁄2002 (Direito de Empresa), não custa reiterar, é absolutamente importante.

O item proposto encontra sua resposta no art. 1.025 do Código Civil:

Art. 1.025. O sócio, admitido em sociedade já constituída, NÃO se exime das dívidas sociais anteriores à admissão.

A princípio, devemos lembrar que na sociedade simples é o patrimônio da própria sociedade que responde pelas obrigações sociais, dada a autonomia
patrimonial inerente às pessoas jurídicas (Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de
executados os bens sociais).

Professor, que seria a sociedade simples mesmo?

Sociedade simples é aquela que tem por objeto o exercício de atividade econômica NÃO empresarial.

Vale dizer que ela pode assumir a forma de um dos tipos societários destinados às sociedades empresárias previstos no Código Civil de 2002, quais sejam, (i)
sociedade em nome coletivo, (ii) sociedade em comandita simples e (iii) sociedade limitada.

E se ela não optar por nenhum desses tipos?

Nesse caso, sujeitar-se-á a regras peculiares às sociedades simples (arts. 997 a 1.038 do CC⁄2002). Podendo, eventualmente, adotar a forma de cooperativa.

Feita essa breve revisão e retornando para a responsabilidade dos sócios, o art. 1.023 do Código Civil estabelece que “Se os bens da sociedade não lhe
cobrirem as dívidas, respondem os sócios pelo saldo, na proporção em que participem das perdas sociais, salvo cláusula de responsabilidade
solidária”.

Na opinião da doutrina majoritária, nas sociedades simples são os sócios que definem a responsabilidade, aplicando-se o art. 1.023 do CC apenas no silêncio do
contrato.

Desse modo, conforme André Luiz Santa Cruz Ramos, “se o contrato for omisso, valem as regras gerais dos arts. 1.023 e 1.024, ou seja, a responsabilidade dos
sócios da sociedade simples pura será subsidiária e ilimitada”.

Nesse sentido, tem-se dois Enunciados das Jornadas do CJF:

- Enunciado 479 da Jornada de Direito Civil: “Na sociedade simples pura (art. 983, parte final, do CC⁄2002, a responsabilidade dos sócios depende de previsão
contratual. Em caso de omissão, será ilimitada e subsidiária, conforme o disposto nos arts. 1.023 e 1.024 do CC⁄2002”;

- Enunciado 10 da Jornada de Direito Comercial: “Nas sociedades simples, os sócios podem limitar suas responsabilidades entre si, à proporção da participação
no capital social, ressalvadas às disposições específicas”.

Na nossa questão, não houve discussão a respeito da previsão contratual em torno da responsabilidade dos sócios, de modo que se impõe a aplicação do art.
1.025 do CC⁄2002, ou seja, Alberto responderá pelas dívidas sociais anteriores a sua admissão.

Questão 4
Direito Empresarial

Julgue o próximo item:


É incontroverso que a empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI) só poderá ser constituída por uma única pessoa natural.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:
O Código Civil prevê a figura da EIRELI no art. 980-A:

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Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente
integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País.

Do dispositivo, podemos extrair os requisitos da EIRELI:

REQUISITOS DA “EIRELI”:

1. Formada por uma única pessoa física (Instruções Normativas DREI 10⁄2013 e 26⁄2014);

2. Capital social devidamente integralizado e não inferior a 100 vezes o salário mínimo;

3. Pessoa não pode constituir mais de uma EIRELI (§ 2º do art. 980-A);

4. Nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão “EIRELI” após a firma ou denominação social (§ 1º do art. 980-A).

Atente-se que o caput do art. 980-A se refere à “única pessoa titular”, não dispondo se é pessoa natural ou jurídica.

O projeto de lei (PL 4.605/2009) que resultou neste artigo continha a expressão “única pessoa natural”, mas acabou caindo. Considerável parte da doutrina
interpreta como indicativo que as pessoas jurídicas poderiam ser titulares da EIRELI, mesmo que a Instrução Normativa do Departamento de Registro Empresarial
e Integração – DREI citada, ao aprovar o manual de registro da empresa individual, tenha limitado apenas às pessoas naturais.

Se a lei não o fez limitar, muito menos uma instrução normativa poderia ter feito. Neste sentido é o magistério dos professores Tarcisio Teixeira e Fábio
Ulhoa Coelho.

Apesar das fortes discussões, o que torna a matéria CONTROVERSA e a questão errada, temos ainda o Enunciado 468 das Jornadas de Direito Civil do CJF,
concluindo que:

Enunciado 468: “A empresa individual de responsabilidade limitada só poderá ser constituída por pessoa natural”.

Por todo o exposto, o item encontra-se incorreto.

Questão 5
Direito do Consumidor

Nos termos da jurisprudência do STJ, julgue o próximo item:


Embora consagre o critério finalista para interpretação do conceito de consumidor, a jurisprudência do STJ também reconhece a
necessidade de, em situações específicas, abrandar o rigor desse critério para admitir a aplicabilidade do CDC nas relações entre
fornecedores e sociedades empresárias em que, mesmo a sociedade empresária utilizando os bens ou serviços para suas atividades
econômicas, fique evidenciado que ela apresenta vulnerabilidade frente ao fornecedor. Diz-se que isso é a teoria finalista aprofundada.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: CORRETA

Justificativa:
O art. 2º, caput, do CDC, indica uma definição para o consumidor standard:

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

Embora o Código estabeleça tal conceito, muito imbróglio jurisprudencial e doutrinário surgiu em torno da expressão “destinatário final”, a qual representa o
elemento finalístico da relação de consumo. Três teorias, sobretudo, buscam explicar o conteúdo e a extensão de tal elemento. Vejamos:

1. TEORIA MAXIMALISTA OU OBJETIVA: Identifica como consumidor a pessoa física ou jurídica que adquire o produto ou utiliza o serviço na condição de
destinatário final, não importando se haverá uso particular ou profissional do bem, tampouco se terá ou não a finalidade de lucro, desde que não haja
repasse ou reutilização do mesmo. No âmbito do STJ essa teoria prevaleceu até 2003;

2. TEORIA FINALISTA, SUBJETIVA OU TELEOLÓGICA: Identifica como consumidor a pessoa física ou jurídica que retira definitivamente de circulação o
produto ou serviço do mercado, utilizando o bem de consumo para suprir uma necessidade ou satisfação pessoal, e não para o desenvolvimento de
outra atividade de cunho profissional ou empresarial. Para tal teoria, a aquisição ou o uso de um produto ou serviço para o exercício de atividade econômica,
civil ou empresária descaracterizaria a relação de consumo tutelada pelo CDC. As 4ª e 6ª Turmas do STJ possuem orientação consolidada no finalismo. Vale
anotar que o STJ distingue relação de consumo de atividade de consumo intermediária. Esta estaria incluída dentro das cadeias de produção e de distribuição do
produto ou serviço;

3. TEORIA MISTA, HÍBRIDA, FINALISMO APROFUNDADO OU MITIGADO: Fruto do trabalho doutrinário de Cláudia Lima Marques, esta teoria estabelece uma
visão equilibrada do conceito de consumidor. Este modelo entende que a relação de consumo não se caracteriza pela simples presença de um fornecedor e
um consumidor destinatário final de um bem de consumo, mas pela presença de um sujeito que, além de destinatário, deve ser, necessariamente,
VULNERÁVEL.

No âmbito do STJ, tal teoria começou a ser ventilada com maior força a partir de 2012, nos termos do Informativo 510, cujas linhas tangenciam o enunciado da
nossa questão. Vejamos:

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“Em regra, somente pode ser considerado consumidor, para fins de aplicação do CDC, o destinatário fático e econômico do bem ou serviço, seja ele pessoa física
ou jurídica. Com isso, em regra, fica excluído da proteção do CDC o consumo intermediário, assim entendido como aquele cujo produto retorna para as cadeias de
produção e distribuição, compondo o custo (e, portanto, o preço final) de um novo bem ou serviço. Embora consagre o critério finalista para interpretação do
conceito de consumidor, a jurisprudência do STJ também reconhece a necessidade de, em situações específicas, abrandar o rigor desse critério para
admitir a aplicabilidade do CDC nas relações entre fornecedores e sociedades empresárias em que, mesmo a sociedade empresária utilizando os bens
ou serviços para suas atividades econômicas, fique evidenciado que ela apresenta vulnerabilidade frente ao fornecedor. Diz-se que isso é a TEORIA
FINALISTA MITIGADA, ABRANDADA OU APROFUNDADA”. STJ. 3ª Turma. REsp 1.195.642-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/11/2012 (Info 510 STJ).

Essa é mesma inteligência consolidada na Edição n. 39 do Jurisprudência em Teses do STJ:

“O Superior Tribunal de Justiça admite a mitigação da teoria finalista para autorizar a incidência do Código de Defesa do Consumidor nas hipóteses em que a
parte (pessoa física ou jurídica), apesar de não ser destinatária final do produto ou serviço, apresenta-se em situação de vulnerabilidade”.

Por tudo, o item encontra-se correto.

Questão 6
Direito Ambiental

A Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981) previu, como um dos seus instrumentos, a Avaliação de Impactos Ambientais
(AIA), que é um conjunto de estudos de avaliação dos possíveis impactos que serão causados ao meio ambiente. Dentre os estudos
ambientais, o mais referenciado mecanismo de avaliação ambiental no sistema jurídico brasileiro é o Estudo Prévio de Impacto Ambiental
(EIA), com reconhecimento implícito na Constituição Federal de 1988, e que possui natureza jurídica de ato do Poder Executivo
decorrente do poder de polícia.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:
O Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA) possui reconhecimento EXPRESSO na Constituição Federal de 1988, que, no inciso IV do § 1º do art. 225, incumbiu
o Poder Público de “exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo
prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade”. Daí a primeira incorreção da questão.

A regulamentação do Estudo Prévio de Impacto Ambiental encontra-se na Resolução nº 01/1986, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Vale dizer
que a referida Resolução é espécie normativa que foi plenamente recepcionada pela Constituição Federal, ante sua compatibilidade.

A doutrina conceitua o EIA como um instrumento de análise antecipatória dos possíveis impactos ambientais de uma obra, atividade ou empreendimento
potencialmente causadores de significativa degradação do meio ambiente. O estudo, em suma, elenca os pontos positivos e negativos de um empreendimento ou
atividade, que subsidiarão a decisão do órgão ambiental responsável pelo licenciamento do projeto proposto.

Professor, qual a principal função do EIA?

Sem dúvida, podemos apontar a (i) prevenção e o (ii) monitoramento dos impactos ambientais. Significa dizer, então, que o EIA materializa o princípio da
prevenção?

Com toda certeza, mas não só, uma vez que – em alguns casos – o princípio da precaução também será instrumentalizado, pois a incerteza científica
(característica deste último princípio) não é aplicável a todas as atividades e empreendimentos.

E a natureza jurídica do Estudo Prévio de Impacto Ambiental?

Para a maior parte da doutrina, enquanto instituto de índole constitucional, a sua natureza jurídica é de instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente.
Aqui, muita atenção! Há autores que digam que seria natureza jurídica de ato administrativo.

Entretanto, o CESPE já cobrou essa questão em prova para Juiz Federal em 2011 (TRF 2ª Região). Uma das alternativas, que fora considerada errada, tinha o
seguinte conteúdo: “O estudo de impacto ambiental tem natureza jurídica de ato administrativo ambiental”. Errado!

Comentando a assertiva, Frederico Amado esclarece que “o EIA é elaborado por uma equipe técnica multidisciplinar contratada pelo proponente do projeto. Logo,
não se cuida de ato administrativo, pois não é praticado pela Administração Pública ou por qualquer delegatário”.

A parte final do enunciado, portanto, também está errada.

Avançando: o pressuposto do EIA, como podemos perceber da leitura do texto constitucional, é a significativa degradação do meio ambiente. Assim, somente
empreendimentos, atividades e obras efetiva ou potencialmente causadores de significativa degradação ambiental se submetem ao estudo, que é realizado
previamente.

Tal tema é reiteradamente cobrado pelo CESPE nas primeiras fases de Concursos Federais. Vejamos alguns exemplos:

- (CESPE – 2013 – TRF 5ª REGIÃO – Juiz Federal) A elaboração de estudo prévio de impacto ambiental, expressamente exigida na CF,

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(A) pode ser substituída pela realização de relatório de viabilidade ambiental.

(B) pode ser dispensada mediante disposição expressa em Constituição estadual.

(C) deve anteceder, necessariamente, a implantação da obra ou a realização da atividade.

(D) deve ser feita concomitantemente à implantação da obra ou à realização da atividade.

(E) pode ser dispensada mediante disposição expressa em lei federal.

Gabarito: Letra C.

- (CESPE – 2010 – AGU – Procurador) Os estudos de impacto ambiental são exigidos, na forma da lei, nos casos de significativa degradação ambiental.

Gabarito: Certo.

- (CESPE – 2012 – AGU – Advogado) A concessão de licenciamento para desenvolvimento de atividade potencialmente danosa ao meio ambiente constitui ato do
poder de polícia, sendo a análise dos EIAs atividade própria do Poder Executivo.

Questão 7
Direito Ambiental

Para o STJ, em determinadas situações, há direito adquirido à poluição ou degradação do meio ambiente, sobretudo quando o
proprietário ou posseiro de empreendimento – antes de legislações restritivas – já explorava atividade econômica florestal em área
posteriormente vedada.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:
A jurisprudência do STJ NÃO ADMITE a invocação de direito adquirido à poluição ou degradação do meio ambiente, nem tampouco a alegação da teoria do
fato consumado.

Para ilustrar a questão, imagine a seguinte situação: Tício explora determinada atividade que polui o meio ambiente há mais de 40 anos. Em 2017, após explorar
sua empresa continuamente, instaura-se uma nova vedação legal que o impede de continuar seu empreendimento tal qual vinha desempenhando. Nesse caso,
Tício poderá alegar direito adquirido à poluição ou teoria do fato consumado? Não!

Segundo reiterados precedentes do STJ, temos as seguintes teses:

1. “Não há direito adquirido a poluir ou degradar o meio ambiente, não existindo permissão ao proprietário ou posseiro para a continuidade de práticas
vedadas pelo legislador”.

2. “Em tema de direito ambiental, não se admite a incidência da teoria do fato consumado”.

3. “A incidência imediata das novas restrições ambientais a situações pretéritas em andamento não é tratamento absurdo, pela inexistência de um direito
adquirido de poluir, cabendo o prosseguimento da instrução criminal para definição da consciência do ilícito e do elemento subjetivo”.

4. “A garantia do direito adquirido não pode ser invocada para mitigar o dever de salvaguarda ambiental, não servindo para justificar o desmatamento da
flora nativa, a ocupação de espaços especialmente protegidos pela legislação, tampouco para autorizar a continuidade de conduta potencialmente lesiva ao meio
ambiente. O dever de assegurá-lo, por seu turno, não se limita à proibição da atividade degradatória, abrangendo a obrigatoriedade de se conservar e regenerar
os processos ecológicos”.

As sobreditas teses foram pinçadas dos seguintes precedentes: (i) REsp 1172553/PR, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, Julgado em
27/05/2014, Dje 04/06/2014; (ii) Agrg no REsp 1367968/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, Julgado em 17/12/2013, Dje 12/03/2014; (iii) Edcl
Nos Edcl No Ag 1323337/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, Julgado em 22/11/2011, Dje 01/12/2011 (iv) REsp 948921/SP, Rel.
Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, Julgado em 23/10/2007, Dje 11/11/2009.

Sobre o tema, vale o magistério de Édis Milaré:

“Por sua vez, cumpre ressaltar que as normas editadas com o escopo de defender o meio ambiente, por serem de ordem pública, têm aplicação imediata, vale
dizer, aplicam-se não apenas aos fatos ocorridos sob sua vigência, como também às consequências e aos efeitos dos fatos ocorridos sob a égide da Lei anterior
(facta pendentia)”

Por todo o exposto, o item encontra-se incorreto.

Questão 8

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Direito Processual Civil

De acordo com o sistema de isolamento dos atos processuais, cada ato deve ser considerado isoladamente, devendo ser regido pela lei
em vigor no momento de sua prática. Por esse sistema, portanto, não importa em que fase se encontre o processo, o ato processual deve
atender aos termos da lei em vigor no momento de sua prática.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: CORRETA

Justificativa:
Assunto tranquilo, mas importante, que de quando em vez atrapalha bons candidatos.

Em tempos de NCPC, o direito intertemporal é matéria que seguramente será cobrada nos próximos concursos, de modo que absolutamente prudente uma
revisão detalhada.

Pelo sistema de isolamento dos atos processuais, não é possível a lei nova retroagir para alcançar ato já praticado ou efeito dele decorrente; a lei nova só
alcança os próximos atos a serem praticados no processo.

Professor, quais são os fundamentos constitucionais para tal sistema?

Especialmente, podemos dizer, o (i) princípio da segurança jurídica e a (ii) regra da irretroatividade das leis.

Enquanto a segurança jurídica exige o conhecimento prévio de quais serão as consequências jurídicas dos atos a serem praticados, a irretroatividade das leis
proíbe a restrição do ato jurídico perfeito, do direito adquirido e da coisa julgada (art. 5º, XXXVI, CF). A norma constitucional, podemos dizer, adianta que a lei nova
não poderá ter efeitos retroativos (critério objetivo) nem violar direitos adquiridos (critério subjetivo).

Avançando, é entendimento consagrado no âmbito do STF que não há direito adquirido a regime jurídico. A doutrina interpreta a tese no sentido de que “não
há direito adquirido à manutenção do regime jurídico”. Ou seja: adquirido o direito, deverá ser aplicado o regime jurídico em vigor no momento em que vier
a ser exercido.

Professor, de que forma podemos visualizar a aplicação concreta dessa situação com a égide do NCPC?

Imagine o seguinte contexto: proposta uma determinada demanda, o réu adquire o direito a defender-se, mas a forma de sua defesa será exercida de
acordo com o regime jurídico em vigor no momento em que apresentada. No CPC-1973, a alegação de incompetência relativa era feita em exceção de
incompetência, a reconvenção em peça avulsa, a impugnação ao valor da causa em petição própria e a impugnação à gratuidade também em petição própria.

Então, o réu, durante a vigência daquele Código, poderia apresentar contestação, reconvenção, exceção de incompetência, impugnação ao valor da causa e
impugnação à gratuidade da justiça, cada uma numa peça própria e específica. Já no CPC-2015, tudo isso deve constar da contestação; a contestação contém
todas essas alegações.

Perceba que para solucionar eventuais conflitos de lei no tempo, devemos atentar para dois tempos processuais: (i) quando surge o direito e (ii) quando se
exerce aquele direito. Como assim?

Imagine que uma demanda foi proposta sob a égide do CPC-1973. O réu adquiriu o direito a defender-se naquele regime jurídico. Entretanto, o prazo para
defender-se somente se iniciou na vigência do CPC-2015.

Nesse caso, o réu deverá exercer seu direito submetendo-se às exigências do novo regime jurídico (CPC-2015). Da mesma forma, se o prazo teve início na
vigência do Código revogado, mas findou já sob a égide do novo, vindo o ato a ser praticado nesse segundo período, deve igualmente se submeter ao novo regime
jurídico.

Irá contestar e, na própria contestação, alegar incompetência relativa, reconvir, impugnar o valor da causa e a gratuidade da justiça. Isso porque não há direito
adquirido à manutenção de regime jurídico. O regime jurídico foi alterado e deve ser observado, respeitado o direito adquirido à defesa. (CUNHA,
Leonardo Carneiro da. Direito Intertemporal e o Novo Código de Processo Civil. Método, 2016, p. 17).

Verticalizando um pouco mais, podemos imaginar a seguinte situação: o juiz profere determinada decisão sob a égide do CPC antigo. Tal decisão é impugnável
pelo recurso X. No momento da decisão, nasce o direito para o recorrente. Entretanto, o CPC de 2015 extingue o recurso X. Nesse caso, de um lado nós temos o
direito de recorrer e, do outro, temos a extinção do regime jurídico do dito recurso. A solução apontada pela doutrina, em virtude do direito adquirido, é aplicar o
regime antigo, que fora revogado.

Professor, o sistema de isolamento dos atos processuais é previsto no CPC de 2015? Sem dúvida; temos duas disposições que lhe dão sustentáculo:

Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações
jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada.

Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo aos processos pendentes, ficando revogada a Lei nº 5.869, de 11 de janeiro
de 1973.

Por todo o exposto, o item encontra-se correto.

Reitero que o tema é muito importante. Vale dedicar uma atenção especial.

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Questão 9
Direito Processual Civil

O STF possui entendimento de que após a entrada em vigor do NCPC, dia 18⁄03⁄2016, não é possível condenar a parte sucumbente em
honorários advocatícios na hipótese de o recurso de embargos de declaração, interposto perante Tribunal, não atender os requisitos
previstos em lei nem tampouco se enquadrar em situações excepcionais que autorizem a concessão de efeitos infringentes.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:
Jurisprudência sobre o NCPC é matéria de conhecimento obrigatório. Apesar da recentíssima vigência do neonato CPC, já temos algumas decisões dos Tribunais
Superiores.

A nossa questão aborda, precisamente, caso julgado pelo STF em 07⁄06⁄2016. Trata-se do RE 929925 AgR-ED⁄RS, Rel. Min. Luiz Fux.

O NCPC prevê os Embargos de Declaração no art. 1.022:

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:

I- esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;

II- suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;

III- corrigir erro material.

Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:

I- deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;

II- incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1.

Da leitura do dispositivo já se percebe uma mudança significativa: o cabimento de embargos de declaração contra QUALQUER DECISÃO JUDICIAL. Sob a
égide do CPC de 1973 havia quem defendesse sua impossibilidade diante de decisão interlocutória.

Outra mudança é a previsão da correção de erro material que, embora admitida pela jurisprudência, agora encontra expressa previsão legal.

Pois bem. O § 11 do art. 85 do novo Código dispõe que:

§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal,
observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2o a 6o, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor,
ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2o e 3o para a fase de conhecimento.

O novel artigo instituiu a sucumbência recursal, cujo propósito é possibilitar a (i) remuneração do advogado por seu trabalho adicional. Além dessa função
primária, os honorários de sucumbência recursal têm função secundária, que é (ii) desestimular a interposição de recursos infundados, protelatórios.

Professor, no julgamento de qualquer recurso será possível a fixação de honorários de sucumbência recursal? Aqui está a controvérsia!

Para grande parte da doutrina não seria possível a fixação de honorários recursais em determinados recursos. Nesse sentido, por exemplo, Luiz Henrique Volpe
Camargo. Para o autor, só haveria a possibilidade de honorários recursais nos recursos em que fosse admissível condenação em honorários advocatícios de
sucumbência na primeira instância. Possuem o mesmo entendimento Fredie Didier Jr e Leonardo Carneiro da Cunha.

Não obstante isso, o STF decidiu que era possível o arbitramento de honorários de sucumbência recursal no julgamento de Embargos de Declaração. Eis o resumo
do precedente:

“Após 18 de março de 2016, data do início da vigência do Novo Código de Processo Civil, é possível condenar a parte sucumbente em honorários
advocatícios na hipótese de o recurso de embargos de declaração não atender os requisitos previstos no art. 1.022 do referido diploma e tampouco se
enquadrar em situações excepcionais que autorizem a concessão de efeitos infringentes. Com base nessa orientação, a Primeira Turma desproveu os
embargos de declaração e, por maioria, condenou a parte sucumbente ao pagamento de honorários. Afirmou que a razão de ser da sucumbência recursal seria
dissuadir manobras protelatórias. Vencido o Ministro Marco Aurélio, que afastava a condenação no caso concreto. Pontuava que os embargos de declaração
serviriam para esclarecer ou integrar o julgamento realizado anteriormente. No entanto, o recurso que motivara os embargos de declaração teria sido interposto
sob a regência do Código pretérito. Portanto, não seria possível condenar a parte sucumbente com base no Novo Código de Processo Civil”.

Desse modo, o item encontra-se incorreto.

Vale anotar outros precedentes que envolvem a matéria:

- Os honorários recursais são indevidos em processos cujos ritos expressamente excluam a condenação em honorários sucumbenciais, a exemplo do
mandado de segurança (STF, 1ª Turma. AgR no ARE 961.571, rel. Min. Marco Aurélio, j. 30.08.2016, DJe 07.10.2016);

- São também, segundo o Superior Tribunal de Justiça, indevidos em casos de novos recursos para o mesmo grau de jurisdição (STJ, 2ª Turma. EDcl no
AgRg nos EDcl nos EDcl no REsp 1.461.914/SC, rel. Min. Humberto Martins, j. 02.08.2016, DJe 10.08.2016);

- Os honorários sucumbenciais, por outro lado, pressupõem a existência de trabalho adicional pelo advogado. Assim, por exemplo, se não houve a apresentação

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de contrarrazões, o desprovimento do recurso não implica aumento dos honorários (STF, 2ª Turma. AgR no ARE 950.008, rel. Min. Celso de Mello, j.
16.09.2016, DJe 11.10.2016). ATENÇÃO! A 1ª Turma do STF tem entendimento diferente: no Informativo 841, o Supremo entendeu que “é cabível a fixação de
honorários recursais, prevista no art. 85, § 11, do novo Código de Processo Civil, mesmo quando NÃO APRESENTADAS CONTRARRAZÕES OU
CONTRAMINUTA PELO ADVOGADO”. (STF. 1ª Turma. AI 864689 AgR/MS e ARE 951257 AgR/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin,
julgado em 27/09/2016).

Questão 10
Direito Processual Civil

O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou
do Supremo Tribunal Federal.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:
A redação da questão é, exatamente, o texto do revogado parágrafo primeiro do art. 518 do CPC⁄73 que tratava da “súmula impeditiva de recursos”.

O NCPC não prevê a súmula impeditiva de recursos como requisito específico de admissibilidade da apelação, até porque o juízo de primeiro grau não
faz mais juízo de admissibilidade da apelação.

É essa a conclusão que decorre da leitura do art. 1.010:

Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá:

I- os nomes e a qualificação das partes;

II- a exposição do fato e do direito;

III- as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;

IV- o pedido de nova decisão.

§ 1o O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias.

§ 2o Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para apresentar contrarrazões.

§ 3o Após as formalidades previstas nos §§ 1o e 2o, os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.

Mas, professor, e se o recurso realmente contrair súmula do STF e do STJ?

Nesse caso, caberá ao relator decidir monocraticamente pela negativa do recurso, nos termos do inciso IV do art. 932:

Art. 932. Incumbe ao relator:

(...)

IV- negar provimento a recurso que for contrário a:

a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;

b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;

c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;

Por todo o exposto, a questão está incorreta.

Questão 11
Direito Tributário

O protesto da Certidão de Dívida Ativa pelo Fisco constitui sanção política imposta de forma indireta ao contribuinte para pressioná-lo a
quitar seu débito tributário, de modo que o STF o considera mecanismo inconstitucional e ilegítimo, pois restringe de forma
desproporcional os direitos fundamentais garantidos aos contribuintes.

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Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:
No julgamento da ADI 5135/DF/2016, o STF assentou que:

“O protesto das Certidões de Dívida Ativa (CDA) constitui mecanismo constitucional e legítimo, por não restringir de forma desproporcional quaisquer
direitos fundamentais garantidos aos contribuintes e, assim, não constituir sanção política”.

A ideia sustentada na referida ADI era de que o protesto da Certidão de Dívida Ativa pelo Fisco constituiria “sanção política” – pois seria uma medida extrajudicial
que restringiria de forma desproporcional os direitos fundamentais dos contribuintes ao devido processo legal, à livre iniciativa e ao livre exercício profissional –
imposta, de forma indireta, para pressioná-los a quitar seus débitos tributários.

A tese, todavia, não foi acolhida pelo Supremo.

Entre os argumentos sustentados pelo Autor da ação, sobreleva-se a ideia de que o mecanismo supostamente próprio para cobrança judicial da Dívida Ativa seria
a execução fiscal (art. 38, Lei 6.830/1980) e não o protesto.

Apesar da reflexão, o STF deixou consignado que “a cobrança da Dívida Ativa em sede judicial, não exclui a possibilidade de instituição e manejo de
mecanismos extrajudiciais de cobrança”.

Aliás, na própria Lei 9.492/1997, há previsão legal específica sobre o protesto:

Art. 1º Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida.

Parágrafo único. Incluem-se entre os títulos sujeitos a protesto as certidões de dívida ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e
das respectivas autarquias e fundações públicas. (Incluído pela Lei nº 12.767, de 2012)

Desse modo, conforme defendido pelo Supremo, “não se vislumbra fundamento constitucional ou legal que impeça o Poder Público de estabelecer, por via de lei, o
protesto como modalidade extrajudicial e alternativa de cobrança de créditos tributários. Portanto, o protesto de Certidões da Dívida Ativa não importa em
qualquer restrição ao devido processo legal”.

Ademais, a remessa da Certidão da Dívida Ativa a protesto representa, na visão do STF, instrumento apto a conferir maior publicidade ao descumprimento das
obrigações tributárias, bem como mecanismo importante para estimular a adimplência, incrementar a arrecadação e promover a justiça fiscal.

Perceba, portanto, a incorreção da questão. A tese do STF é diametralmente oposta à indicada no enunciado acima. O protesto da Certidão de Dívida Ativa não
configura “sanção política”, já que não constitui medida coercitiva indireta que restrinja, de modo irrazoável ou desproporcional, direitos fundamentais dos
contribuintes.

O protesto é, enquanto instrumento de cobrança da Dívida Ativa, constitucional!

Apesar da tese, cabe apontarmos que o julgamento não foi unânime. Os ministros Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio entenderam que o
protesto, nesse caso, seria sanção política.

Julgo o referido precedente, em direito tributário, como o mais importante do ano passado. Portanto, muita atenção.

Questão 12
Direito Tributário

Nos termos da jurisprudência do STJ, julgue o próximo item:


A decretação da indisponibilidade de bens e direitos, prevista na Lei de Execução Fiscal, pressupõe o exaurimento das diligências na
busca por bens penhoráveis, o qual fica caracterizado quando infrutíferos o pedido de constrição sobre ativos financeiros e a expedição
de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado, bem como ao Denatram ou Detran.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: CORRETA

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Justificativa:
Trata-se da Súmula 560 do STJ:

“A decretação da indisponibilidade de bens e direitos, na forma do art. 185-A do CTN, pressupõe o exaurimento das diligências na busca por bens
penhoráveis, o qual fica caracterizado quando infrutíferos (1) o pedido de constrição sobre ativos financeiros e (2) a expedição de ofícios aos registros
públicos do domicílio do executado, ao Denatran ou Detran”. (Súmula 560, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/12/2015, DJ 15/12/2015).

A redação da súmula, como se vê, se comunica com o art. 185-A do Código Tributário Nacional, que aduz:

Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, (1) devidamente citado, (2) não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal (3) e não forem
encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico,
aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado
bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial.

Preliminarmente, a fim de destrincharmos o enunciado sumular, vale anotar que o art. 185-A do CTN não se aplica na execução fiscal para a cobrança de
dívida fiscal de natureza não tributária.

Perceba que o art. 185-A apenas faz referência ao devedor tributário. (AgRg no AREsp 800.294/ES, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma,
julgado em 01/03/2016, DJe 14/03/2016). O tema é pacífico no STJ.

Dito isto, podemos avançar. O art. 185-A do CTN estabelece requisitos cumulativos para que o magistrado possa decretar a indisponibilidade de bens e direitos.

Requisitos para a Decretação da Indisponibilidade de Bens e Direitos (Art. 185-A, CTN):

1. Citação do Executado;

2. Inexistência de pagamento ou de oferecimento de bens à penhora no prazo legal; e

3. Não forem encontrados bens penhoráveis.

De 2006 até 2014, no âmbito do STJ, tinha-se o seguinte entendimento: era desnecessário que o credor comprovasse o esgotamento de todas as vias
extrajudiciais para localizar o bem do executado, para só então requerer a penhora online.

Entretanto, essa orientação foi sendo mudada. Em 2014, em importante precedente sobre o tema, o STJ assim se pronunciou:

EMENTA: (...) 3. As disposições do art. 185A do CTN abrangerão todo e qualquer bem ou direito do devedor, observado como limite o valor do crédito tributário, e
dependerão do preenchimento dos seguintes requisitos: (i) citação do executado; (ii) inexistência de pagamento ou de oferecimento de bens à penhora no prazo
legal; e, por fim, (iii) não forem encontrados bens penhoráveis. 4. A aplicação da referida prerrogativa da Fazenda Pu?blica pressupõe a comprovação de que, em
relação ao último requisito, houve o esgotamento das diligências para localização de bens do devedor. 5. Resta saber, apenas, se as diligências realizadas
pela exequente e infrutíferas para o que se destinavam podem ser consideradas suficientes a permitir que se afirme, com segurança, que não foram encontrados
bens penhoráveis, e, por consequência, determinar a indisponibilidade de bens. (...) 7. A análise razoável dos instrumentos que se encontram à disposição da
Fazenda permite concluir que houve o esgotamento das diligências quando demonstradas as seguintes medidas: (i) acionamento do Bacen Jud; e (ii)
expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado e ao Departamento Nacional ou Estadual de Tra?nsito – DENATRAN ou
DETRAN. (...)” (REsp 1.377.507/SP, rel. Min. Og Fernandes, 1a T., j. em 26 11 2014).

A partir, sobretudo, desse julgado, o STJ – em 09 de dezembro de 2015 – lapidou a súmula 560. Desse modo, afora os três requisitos estabelecidos no art.
185-A, o último deles – não forem encontrados bens do devedor – caracteriza-se quando:

Caracterização do Esgotamento das Diligências para Localização de Bens do Devedor:

1. Acionamento do Bacen Jud pelo exequente; e

2. Expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado e ao Departamento Nacional ou Estadual de Tra?nsito – DENATRAN ou DETRAN.

Só com esses requisitos é que o Exequente poderá pleitear a indisponibilidade de bens e direitos do Executado.

Questão 13
Direito Penal e Criminologia

Segundo a teoria do labelling approach, o crime remete a um processo de reação social, o qual discrimina indivíduos em face de
comportamentos considerados desviados pela sociedade. Tal processo, contudo, estigmatiza indivíduos, gerando consequências
negativas para a pessoa humana, as quais não são o real escopo da persecução penal.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: CORRETA

Justificativa:

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De início, relembre-se que a Resolução 118/2015 do CSDPU previu a disciplina Criminologia como integrante das futuras provas de concursos públicos promovidos
pela DPU, motivo pela qual ela deve estar presente no próximo certame.

Dito isso, o enunciado está plenamente correto. A teoria do labelling approach ou etiquetamento social defende que os interesses sociais demandam a
atuação de agências estatais no sentido de criminalização de certas condutas (comportamentos desviantes). Aqui, deixa-se de lado a concepção do
crime como ocorrência meramente pré-jurídica.

No que tange às consequências da imputação criminosa, entende-se que o rótulo conferido pelo Estado reforça o papel do indivíduo como criminoso na
sociedade, em vez de proceder à desejada prevenção e repressão. A partir dessa rotulação, o indivíduo se torna estigmatizado pela sociedade.

Veja-se escólio de Nestor Sampaio filho:

“Por meio dessa teoria ou enfoque, a criminalidade não é uma qualidade da conduta humana, mas a consequência de um processo em que se atribui tal
“qualidade” (estigmatização). Assim, o criminoso apenas se diferencia do homem comum em razão do estigma que sofre e do rótulo que recebe. Por isso, o tema
central desse enfoque é o processo de interação em que o indivíduo é chamado de criminoso. A sociedade define o que entende por “conduta desviante”, isto é,
todo comportamento considerado perigoso, constrangedor, impondo sanções àqueles que se comportarem dessa forma. Destarte, condutas desviantes são
aquelas que as pessoas de uma sociedade rotulam às outras que as praticam. A teoria da rotulação de criminosos cria um processo de estigma para os
condenados, funcionando a pena como geradora de desigualdades. O sujeito acaba sofrendo reação da família, amigos, conhecidos, colegas, o que acarreta
a marginalização no trabalho, na escola. Sustenta-se que a criminalização primária produz a etiqueta ou rótulo, que por sua vez produz a criminalização
secundária (reincidência). A etiqueta ou rótulo (materializados em atestado de antecedentes, folha corrida criminal, divulgação de jornais
sensacionalistas etc.) acaba por impregnar o indivíduo, causando a expectativa social de que a conduta venha a ser praticada, perpetuando o
comportamento delinquente e aproximando os indivíduos rotulados uns dos outros. Uma vez condenado, o indivíduo ingressa numa “instituição” (presídio),
que gerará um processo institucionalizador, com seu afastamento da sociedade, rotinas do cárcere etc. Uma versão mais radical dessa teoria anota que a
criminalidade é apenas a etiqueta aplicada por policiais, promotores, juízes criminais, isto é, pelas instâncias formais de controle social. Outros, menos radicais,
entendem que o etiquetamento não se acha apenas na instância formal de controle, mas também no controle informal, no interacionismo simbólico na família e
escola (“irmão ovelha negra”, “estudante rebelde” etc.).”

Questão 14
Direito Penal e Criminologia

Segundo o STJ, o roubo praticado contra vítimas diferentes em um único contexto configura crime único e não concurso formal, tendo em
vista que, nesses casos, o escopo do agente é apenas a subtração de patrimônio.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:
O enunciado está em desconformidade com a jurisprudência do STJ, o qual entende que a pluralidade de patrimônios atingidos resulta na configuração do
concurso formal:

PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 157, § 2.°, I E II, (POR TRÊS VEZES) C.C. ART. 70, DO CÓDIGO PENAL. (1) WRIT SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL.
INVIABILIDADE. VIA INADEQUADA. (2) AUSÊNCIA DE APREENSÃO DA ARMA DE FOGO UTILIZADA. IRRELEVÂNCIA. (3) MAJORANTES. QUANTUM DE
ACRÉSCIMO. SÚMULA Nº 443 DESTA CORTE. ILEGALIDADE MANIFESTA. (4) CRIME COMETIDO MEDIANTE UMA SÓ AÇÃO. PATRIMÔNIOS DIVERSOS.
CRIME ÚNICO. IMPOSSIBILIDADE. CONCURSO FORMAL. (5) REGIME INICIAL FECHADO. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE. (6) NÃO
CONHECIMENTO. ORDEM DE OFÍCIO. 1. (...). 2. A Terceira Seção pacificou o entendimento no sentido da desnecessidade de apreensão e perícia da arma de
fogo para que seja configurada a causa de aumento prevista no art. 157, § 2º, I, do Código Penal, desde que os demais elementos probatórios demonstrem sua
utilização na prática do delito. Ressalva de entendimento da relatora. 3. Em se tratando de roubo com a presença de mais de uma causa de aumento, o acréscimo
requer devida fundamentação, com referência a circunstâncias concretas que justifiquem um aumento mais expressivo, não sendo suficiente a simples menção ao
número de majorantes presentes. Súmula n.º 443 desta Corte. Ilegalidade flagrante. 4. É assente neste Tribunal Superior que, praticado o crime de roubo
mediante uma só ação, contra vítimas diferentes, não há se falar em crime único, mas sim em concurso formal, visto que violados patrimônios
distintos. Precedentes.(...). (HC 275.122/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 27/06/2014, DJe 04/08/2014).

O posicionamento, inclusive, está expressamente consignado na seção “jurisprudência em teses” do sítio da Corte Superior. Vejamos:

EDIÇÃO N. 23: CONCURSO FORMAL

(1) O roubo praticado contra vítimas diferentes em um único contexto configura o concurso formal e não crime único, ante a pluralidade de bens
jurídicos ofendidos.

Acórdãos:

HC 275122/SP,Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,Julgado em 27/06/2014,DJE 04/08/2014; AgRg no AREsp 389861/MG,Rel.
Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA,Julgado em 18/06/2014,DJE 27/06/2014; HC 194624/RJ,Rel. Ministra MARILZA MAYNARD
(DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE), SEXTA TURMA,Julgado em 20/02/2014,DJE 15/04/2014; HC 282202/SP,Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA
TURMA,Julgado em 06/02/2014,DJE 14/02/2014; HC 213571/MG,Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, Julgado em 22/10/2013,DJE 05/11/2013; REsp

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1409943/TO,Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, Julgado em 15/10/2013,DJE 28/10/2013; HC 167812/SP,Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS
JÚNIOR, SEXTA TURMA, Julgado em 21/03/2013,DJE 10/04/2013; REsp 297432/PI,Rel. Ministro CASTRO FILHO, TERCEIRA TURMA, Julgado em 21/02/2002,DJ
11/03/2002.

Decisões Monocráticas:

HC 297432/SP,Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, Julgado em 25/06/2014, Publicado em 01/08/2014; HC 278208/SP,Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, QUINTA
TURMA, Julgado em 09/06/2014,Publicado em 11/06/2014; REsp 1431246/SP,Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, QUINTA TURMA, Julgado em 28/02/2014,Publicado
em 11/03/2014.

Contudo, importante frisar que há precedentes do STJ no sentido de que, se a posse dos bens for exercida por uma única pessoa, será hipótese de
crime único, não obstante a existência de patrimônios distintos.

Aliás, antes de analisarmos julgados nesse sentido, é frequente (inclusive foi utilizado em uma das minhas peças recentemente na DPU) a utilização
desse entendimento em casos concretos. Posso citar como exemplo de utilização no dia a dia do Defensor um roubo perpetrado contra agente da
polícia federal em função, em que fora subtraído (i) dinheiro de sua propriedade e (ii) a arma – sendo essa pertencente ao Departamento de Polícia. Em
tese, se aplicarmos a jurisprudência “tradicional”, haveria concurso formal de crime patrimonial, já que havia patrimônios de titularidades distintas.
Contudo, sendo o exercício da posse efetivado por uma só pessoa, deve-se invocar o crime único, afastando o concurso formal, certo?

Vide julgado nesse sentido:

HABEAS CORPUS. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. AFASTAMENTO DO CONCURSO FORMAL. RECONHECIMENTO DE CRIME ÚNICO. PROCEDÊNCIA. POSSE
EXERCIDA POR ÚNICA PESSOA. 1. Ainda que atingidos patrimônios distintos, não há falar em concurso formal de crimes, mas em crime único de roubo,
se a violência ou grave ameaça se voltou contra uma pessoa que, sozinha, exercia a posse de bens de sua propriedade e de terceiros. 2. No caso,
embora o caminhão subtraído pertencesse à empresa transportadora, foi o motorista, que se encontrava na posse do veículo, quem sofreu as ameaças
e teve a liberdade cerceada. 3. Conquanto dois tenham sido os patrimônios malferidos, isto é, o da empresa transportadora - proprietária do caminhão -, e o do
caminhoneiro - dono dos oitenta e oito reais subtraídos -, a vítima do roubo foi uma só, isto é, o motorista, que sobre os bens exercia a posse direta. 4. Ordem
concedida. (HC 204.316/RS, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 06/09/2011, DJe 19/09/2011).

Item do edital do V Concurso: 6.1 Concurso de pessoas

Questão 15
Direito Penal e Criminologia

O art. 71 do CP, que dispõe sobre a continuidade delitiva, prevê como elementos configuradores do instituto as condições de tempo,
lugar e maneira de execução. Dessa forma, segundo a jurisprudência dominante, uma vez preenchidos tais elementos, é desnecessário
perquirir o ânimo do agente. A análise acerca da aplicação do crime continuado é feita, portanto, sob um enfoque objetivo.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:
De fato, a redação do art. 71 do CP não menciona, expressamente, qualquer fator acerca do ânimo do agente delitivo:

Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira
de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou
a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.

Contudo, o STJ tem entendido que a configuração da continuidade delitiva se dá mediante o preenchimento de elementos objetivos (condições de
tempo, lugar e maneira de execução) e SUBJETIVOS (ânimo do agente):

PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ROUBO QUALIFICADO. CONTINUIDADE DELITIVA.
INVERSÃO DO JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.

1. De acordo com a Teoria Mista, adotada pelo Código Penal, mostra-se imprescindível, para a aplicação da regra do crime continuado, o
preenchimento de requisitos não apenas de ordem objetiva - mesmas condições de tempo, lugar e forma de execução - como também de ordem
subjetiva - unidade de desígnios ou vínculo subjetivo entre os eventos. 2. Indeferido o pedido de unificação das penas por não haver liame lógico entre
os delitos, mas sim a habitualidade delitiva, a pretensão de reconhecimento do crime continuado implica a revisão do conjunto fático-probatório, o que encontra
óbice na Súmula 7/STJ. 3. Agravo regimental improvido. (AgInt no AREsp 898.845/ES, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 06/12/2016, DJe
16/12/2016)

Destarte, segundo a Corte Superior, o CP adotou a TEORIA MISTA ou TEORIA OBJETIVO-SUBJETIVA.

Esta teoria exige, além das mesmas condições de tempo, lugar e forma de execução semelhantes, o vínculo subjetivo entre os eventos delitivos.

Em contrapartida, parcela da doutrina defende a aplicação da teoria objetiva ou objetiva pura, pela qual a continuidade delitiva se dá apenas com o preenchimento

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de requisitos objetivos, sendo desnecessário analisar o elemento subjetivo.

Veja-se escólio de Cleber Masson sobre o assunto:

Há duas teorias no que diz respeito à necessidade de o crime continuado ser praticado pelo agente com unidade de desígnio (...).

1ª Teoria objetivo-subjetiva: Não basta a presença dos requisitos objetivos previstos no art. 71, caput, do CP. Reclama-se também a unidade de desígnio, isto é,
os vários crimes resultam de plano previamente elaborado pelo agente. É a posição adotada, entre outros, por Eugenio Raúl Zaffaroni, Magalhães Noronha e
Damásio E. de Jesus, e amplamente dominante no âmbito jurisprudencial. Esta teoria permite a diferenciação entre a continuidade delitiva e a habitualidade
criminosa.

2ª Teoria objetiva pura ou puramente objetiva: Basta a presença dos requisitos objetivos elencados pelo art. 71, caput, do CP. Sustenta ainda que, como o
citado dispositivo legal apresenta apenas requisitos objetivos, as “outras semelhantes” condições ali admitidas devem ser de natureza objetiva, exclusivamente.
Traz ainda o argumento arrolado pelo item 59 da Exposição de Motivos da Nova Parte Geral do CP: “O critério da teoria puramente objetiva não revelou na
prática maiores inconvenientes, a despeito das objeções formuladas pelos partidários da teoria objetivo-subjetiva. Em suma, dispensa-se a intenção do agente de
praticar os crimes em continuidade. É suficiente a presença das semelhantes condições de índole objetiva. É a posição, na doutrina, de Roberto Lyra, Nélson
Hungria e José Frederico Marques.”

Item do edital do V Concurso: 6.2 Concurso de crimes

Questão 16
Direito Penal e Criminologia

Admitindo-se a pena como uma medida que ultrapassa o viés meramente retributivo, conclui-se pela existência de critérios de prevenção
nela embutidos. A prevenção pode ser geral, se voltada para o indivíduo, e especial, se voltada para a sociedade.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:
Primeiramente, é imperioso que se faça um breve resumo sobre as teorias da pena, as quais têm por escopo explicar a real finalidade da sanção penal.

Em um primeiro momento, surgiu a TEORIA ABSOLUTA, a qual pregava que a pena detém caráter meramente retributivo, sendo apenas uma forma de
vingança estatal contra o mal perpetrado pelo agente.

Posteriormente, veio à tona a TEORIA RELATIVA, a qual entendeu que o desiderato da pena não é a retribuição em si, mas a prevenção, de forma a obstar
o cometimento de novos delitos.

Nesse contexto, a prevenção pode ser geral, voltada para a sociedade, e especial, voltada para o indivíduo. A prevenção geral, por sua vez, divide-se em
positiva e negativa. A positiva tem o condão de reafirmar o ordenamento jurídico, ou seja, transmitir a mensagem de que a lei está em vigor e será cumprida. Já a
prevenção negativa tem função intimidadora, fazendo com que os demais membros da sociedade se sintam desestimulados a praticar determinada conduta.

A prevenção especial pode ser, também, positiva ou negativa. O caráter positivo diz respeito à ressocialização do indivíduo. A negativa remete à neutralização
do criminoso, de forma a desestimular o indivíduo e obstar que prossiga cometendo delitos.

Posteriormente, sobreveio a TEORIA MISTA ou UNIFICADORA, a qual defende que a pena tem tanto o caráter de repressão quanto o de prevenção, nos moldes
das teorias mencionadas acima.

A doutrina entende que o CP adotou a teoria mista, em face da redação do artigo 59:

Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do
crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.

O enunciado está errado por trocar os conceitos de prevenção geral e especial.

Sobre o assunto, veja os ensinamentos de Cleber Masson:

“Teorias e finalidades: O estudo das teorias das penas relaciona-se intimamente com as suas finalidades. Na verdade, as teorias inerentes aos fins da pena
vinculam-se com a própria origem do Direito Penal. Nas palavras de Jorge de Figueiredo Dias: “O problema dos fins (rectius, das finalidades) da pena criminal é tão
velho quanto a própria história do direito penal; e, no decurso desta já longa história, ele tem sido discutido, vivamente e sem soluções de continuidade, pela
filosofia (tanto pela filosofia geral, como pela filosofia do direito), pela doutrina do Estado e pela ciência (global) do direito penal. A razão de um tal interesse e da
sua persistência ao longo dos tempos está em que, à sombra dos problemas dos fins das penas, é no fundo toda a teoria do direito penal que se discute e, com
particular incidência, as questões fulcrais da legitimação, fundamentação, justificação e função da intervenção penal estatal. Por isso se pode dizer, sem exagero,
que a questão dos fins da pena constitui, no fundo, a questão do destino do direito penal e, na plena acepção do termo, do seu paradigma”.

– Teoria absoluta e finalidade retributiva: De acordo com esta teoria, a pena desponta como a retribuição estatal justa ao mal injusto provocado pelo
condenado, consistente na prática de um crime ou de uma contravenção penal (punitur quia peccatum est). Não tem finalidade prática, pois não se preocupa com
a readaptação social do infrator da lei penal. Pune-se simplesmente como retribuição à prática do ilícito penal. A pena atua como instrumento de vingança do
Estado contra o criminoso, com a finalidade única de castigá-lo, fator esse que proporciona a justificação moral do condenado e o restabelecimento da ordem

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jurídica. A teoria absoluta e a finalidade retributiva da pena ganharam destaque com os estudos de Georg Wilhelm Friedrich Hegel e de Immanuel Kant.

– Teoria relativa e finalidades preventivas: Para essa variante, a finalidade da pena consiste em prevenir, isto é, evitar a prática de novas infrações penais
(punitur ne peccetur). É irrelevante a imposição de castigo ao condenado. Adota-se uma posição absolutamente contrária à teoria absoluta. Destarte, a pena não
está destinada à realização da justiça sobre a terra, servindo apenas para a proteção da sociedade. A pena não se esgota em si mesma, despontando como meio
cuja finalidade é evitar futuras ações puníveis. A prevenção de novas infrações penais atende a um aspecto dúplice: geral e especial. A prevenção geral é
destinada ao controle da violência, na medida em que busca diminuí-la e evitá-la. Pode ser negativa ou positiva.

A prevenção geral negativa, idealizada por J. P. Anselm Feuerbach com arrimo em sua teoria da coação psicológica, tem o propósito de criar no espírito dos
potenciais criminosos um contraestímulo suficientemente forte para afastá-los da prática do crime. Atualmente, a finalidade de prevenção geral negativa manifesta-
se rotineiramente pelo direito penal do terror.

Instrumentaliza-se o condenado, na medida em que serve ele de exemplo para coagir outras pessoas do corpo social com a ameaça de uma pena grave,
implacável e da qual não se pode escapar. Em verdade, o ponto de partida da prevenção geral possui normalmente uma tendência para o terror estatal. Quem
pretende intimidar mediante a pena, tenderá a reforçar esse efeito, castigando tão duramente quanto possível. Prevenção geral positiva, de outro lado, consiste
em demonstrar e reafirmar a existência, a validade e a eficiência do Direito Penal. Almeja-se demonstrar a vigência da lei penal. O efeito buscado com a pena é
romper com a ideia de vigência de uma “lei particular” que permite a prática criminosa, demonstrando que a lei geral – que impede tal prática e a compreende
como conduta indesejada – está em vigor. Em suma, o aspecto positivo da prevenção geral repousa na conservação e no reforço da confiança na firmeza e poder
de execução do ordenamento jurídico.

A pena tem a missão de demonstrar a inviolabilidade do Direito diante da comunidade jurídica e reforçar a confiança jurídica do povo.11 Mas não para por aí. A
pena ainda é dotada de prevenção especial, direcionada exclusivamente à pessoa do condenado. Subdivide-se também a prevenção especial em
negativa e positiva.

Para a prevenção especial negativa, o importante é intimidar o condenado para que ele não torne a ofender a lei penal. Busca, portanto, evitar a reincidência. A
prevenção especial positiva preocupa-se com a ressocialização do condenado, para que no futuro possa ele, com o integral cumprimento da pena, ou, se
presentes os requisitos legais, com a obtenção do livramento condicional, retornar ao convívio social preparado para respeitar as regras a todos impostas pelo
Direito. A pena é legítima somente quando é capaz de promover a ressocialização do criminoso. E, como tem se sustentado atualmente, antes de ser
socializadora, a execução da pena de prisão deve ser não dessocializadora. Isto, num duplo sentido: por um lado, não se deve amputar o recluso dos direitos que
a sua qualidade de cidadão lhe assegura; por outro lado, deve-se reduzir ao mínimo a marginalização de fato que a reclusão implica e os efeitos criminógenos que
lhe estão associados. Só a incorporação da não dessocialização no conceito de socialização permitirá cumprir a Constituição e dissolver o paradoxo de se
pretender preparar a reinserção social em um contexto, por definição, antissocial.

Teoria mista ou unificadora e dupla finalidade – retribuição e prevenção: A pena deve, simultaneamente, castigar o condenado pelo mal praticado e evitar a
prática de novos crimes, tanto em relação ao criminoso como no tocante à sociedade. Em síntese, fundem-se as teorias e finalidades anteriores. A pena assume
um tríplice aspecto: retribuição, prevenção geral e prevenção especial. Foi a teoria acolhida pelo art. 59, caput, do CP, quando dispõe que a pena será
estabelecida pelo juiz “conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime”. É também chamada de teoria eclética, intermediária,
conciliatória ou unitária. E, se não bastasse, o direito penal brasileiro aponta, em diversos dispositivos, a sua opção pela teoria mista ou unificadora. De fato, o
CP aponta o acolhimento da finalidade retributiva nos arts. 121, § 5º, e 129, § 8º, quando institui o perdão judicial para os crimes de homicídio culposo e lesões
corporais culposas. Nesses casos, é possível a extinção da punibilidade quando as “consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que
a sanção penal se torne desnecessária”.

Fica claro, pois, ser cabível o perdão judicial quando o agente já foi punido, quando já foi castigado pelas consequências do crime por ele praticado. Já houve,
portanto, a retribuição. Por sua vez, em diversos dispositivos a Lei 7.210/1984 – Lei de Execução Penal – dá ênfase à finalidade preventiva da pena, em suas duas
vertentes, geral e especial. Nesse sentido, estabelece o seu art. 10, caput: “A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e
orientar o retorno à convivência em sociedade”. E, ainda, o art. 22: “A assistência social tem por finalidade amparar o preso e o internado e prepará-los para o
retorno à liberdade”. O trabalho do preso tem finalidade educativa (art. 28).

E, finalmente, a Convenção Americana de Direitos Humanos, de 1969, conhecida como Pacto de San José da Costa Rica, incorporada ao direito pátrio pelo
Decreto 678/1992, estatui em seu art. 5º, item “6”, no tocante ao direito à integridade pessoal, que “as penas privativas de liberdade devem ter por finalidade
essencial a reforma e a readaptação social dos condenados”. No sistema penal brasileiro as finalidades da pena devem ser buscadas pelo condenado e pelo
Estado, com igual ênfase à retribuição e à prevenção.”

Item do edital do V Concurso: 7 Penas.

Questão 17
Direito Processual Penal

Segundo entendimento recente do STJ, caso determinado policial efetue prisão em flagrante, poderá, além de apreender o telefone
celular do indivíduo abordado, proceder à verificação das mensagens armazenadas no aparelho telefônico, tendo em vista que estas não
são protegidas por sigilo telefônico.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:

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O STJ vem entendendo que as mensagens armazenadas nos aparelhos telefônicos estão amparadas pela reserva de jurisdição relativa ao sigilo
telefônico, ou seja, só podem ser analisadas mediante ordem judicial:

TEMA

Crime de tráfico de drogas. Situação de flagrância. Extração de provas advindas de troca de mensagens por aparelho de telefone celular. Ausência de
autorização judicial. Desconsideração das provas obtidas.

DESTAQUE

Na ocorrência de autuação de crime em flagrante, ainda que seja dispensável ordem judicial para a apreensão de telefone celular, as mensagens
armazenadas no aparelho estão protegidas pelo sigilo telefônico, que compreende igualmente a transmissão, recepção ou emissão de símbolos,
caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza, por meio de telefonia fixa ou móvel ou, ainda, por meio de sistemas
de informática e telemática.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

A temática do especial, entre outras questões, cuidou de avaliar a licitude do acesso pela autoridade policial, por ocasião da prisão em flagrante, dos dados
armazenados no aparelho celular da pessoa detida, sem a obtenção de autorização judicial prévia. O art. 6º do CPP estabelece que a autoridade policial, logo
que tiver conhecimento da prática da infração penal, deve apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais
e colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias. Por outro lado, a Lei n. 9.294/1996 preleciona: "Art. 1º A
interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o
disposto nesta lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça. Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se
à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática”. Por seu turno, a Lei n. 9.472/1997, que versa sobre a organização
dos serviços de telecomunicações, dispõe: "Art. 3º O usuário de serviços de telecomunicações tem direito: [...] V - à inviolabilidade e ao segredo de
sua comunicação, salvo nas hipóteses e condições constitucional e legalmente previstas". A Lei n. 12.965/2014, ao estabelecer os princípios, garantias
e deveres para o uso da internet no Brasil, prevê: "Art. 7º O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e ao usuário são assegurados os
seguintes direitos: I - inviolabilidade da intimidade e da vida privada, sua proteção e indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação; II - inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas comunicações pela internet, salvo por ordem judicial, na forma da lei; III - inviolabilidade e sigilo
de suas comunicações privadas armazenadas, salvo por ordem judicial.” Ademais, o art. 5º da Constituição Federal garante a inviolabilidade do sigilo
telefônico, da correspondência, das comunicações telegráficas e telemáticas e de dados bancários e fiscais, devendo a mitigação de tal preceito, para
fins de investigação ou instrução criminal, ser precedida de autorização judicial, em decisão motivada e emanada por juízo competente (Teoria do
Juízo Aparente), sob pena de nulidade. Nesse contexto, embora seja despicienda ordem judicial para a apreensão dos celulares, ainda que verificada a
situação de flagrância, as mensagens armazenadas no aparelho estão protegidas pelo sigilo telefônico, que deve abranger igualmente a transmissão,
recepção ou emissão de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza, por meio de telefonia fixa ou
móvel ou, ainda, através de sistemas de informática e telemática. Logo, a fim de proteger tanto o direito individual à intimidade quanto o direito difuso à
segurança pública, deve a autoridade policial, após a apreensão do telefone, requerer judicialmente a quebra do sigilo dos dados nele armazenados. Além disso,
somente é admitida a quebra do sigilo quando houve indício razoável da autoria ou participação em infração penal; se a prova não puder ser obtida por outro meio
disponível, em atendimento ao princípio da proibição de excesso; e se o fato investigado constituir infração penal punido com pena de reclusão.

Item do edital do V Concurso: 4 Prova: conceito, princípios básicos, objeto, meios, ônus, limitações constitucionais das provas, sistemas de apreciação.

Questão 18
Direito Processual Penal

A prática de atos infracionais durante a adolescência não pode servir de motivação para a decretação de prisão preventiva, tendo em
vista que, durante a prática de tais atos, o agente sequer é imputável, conforme vedação contida no art. 228 da CF.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:
Após alguma oscilação, a jurisprudência do STJ se firmou no sentido da POSSIBILIDADE de utilização de atos infracionais como substrato para a
decretação da prisão preventiva:

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. NÃO CABIMENTO. LATROCÍNIO. PRISÃO PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO
CONCRETA. PERICULOSIDADE DO AGENTE. MODUS OPERANDI. REITERAÇÃO DELITIVA. PRÁTICA ANTERIOR DE ATOS INFRACIONAIS.
NECESSIDADE DE GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA. INAPLICABILIDADE DE MEDIDA
CAUTELAR ALTERNATIVA. FLAGRANTE ILEGALIDADE NÃO EVIDENCIADA. ORDEM NÃO CONHECIDA. 1. Por se tratar de habeas corpus substitutivo de
recurso próprio, a impetração não deve ser conhecida, segundo a atual orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal e do próprio Superior
Tribunal de Justiça. Contudo, considerando as alegações expostas na inicial, razoável a análise do feito para verificar a existência de eventual constrangimento
ilegal. 2. Em vista da natureza excepcional da prisão preventiva, somente se verifica a possibilidade da sua imposição quando evidenciado, de forma
fundamentada e com base em dados concretos, o preenchimento dos pressupostos e requisitos previstos no art. 312 do Código de Processo Penal.
Devendo, ainda, ser mantida a prisão antecipada apenas quando não for possível a aplicação de medida cautelar diversa, nos termos do previsto no art. 319

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do CPP. No caso dos autos, a prisão preventiva foi adequadamente motivada, tendo sido demonstrada, com base em elementos concretos, a gravidade da
conduta e a periculosidade do agente, ante o modus operandi - roubo realizado por dois agentes, com o uso de arma de fogo, no momento em que a vítima
manobrava seu carro para sair da garagem de casa, com luta corporal com uma das vítimas, a qual foi alvejada por mais de um tiro, o que ocasionou sua morte
-, bem como diante da reiteração de condutas ilícitas, já que o paciente praticou, enquanto menor, vários atos infracionais, o que demonstra a
necessidade de garantia da ordem pública. Precedentes. 3. É firme o entendimento na egrégia Terceira Seção desta Corte Superior de Justiça no sentido
de que a prática de atos infracionais não podem ser utilizados para fins de reincidência ou maus antecedentes, por não serem considerados
crimes, MAS PODEM SER CONSIDERADOS PARA A MANUTENÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA, LEVANDO-SE EM CONTA A ANÁLISE DA PERSONALIDADE
DO AGENTE. 4. A presença de condições pessoais favoráveis do agente, como primariedade, domicílio certo e emprego lícito, não representa óbice, por
si só, à decretação da prisão preventiva, quando identificados os requisitos legais da cautela. 5. São inaplicáveis quaisquer medidas cautelares alternativas
previstas no art. 319 do CPP, uma vez que as circunstâncias do delito evidenciam a insuficiência das providências menos gravosas. Habeas corpus não
conhecido. (HC 377.420/SP, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 16/02/2017, DJe 24/02/2017)

Frise-se que o colegiado do STF ainda não se manifestou sobre o assunto, mas há decisão monocrática do Min. Luiz Fux (RHC 134.121 MC / DF -
DISTRITO FEDERAL MEDIDA CAUTELAR NO RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS), seguindo esse entendimento, conforme demonstra o trecho
a seguir:

“O Magistrado de primeiro grau determinou a prisão preventiva do paciente nestes termos:

“No que se refere ao investigado José Richeim Mayck Balbino de Souza Carneiro, vê-se de seus registros no banco de dados da Secretaria de Defesa Social e do
Judwin que o mesmo respondeu por diversos atos infracionais (fls. Retro), inclusive com aplicação de medidas socio-educativas, conforme pesquisa no sistema
Judwin. Tais práticas (de atos infracionais anteriores) evidenciam o elevado risco de reiteração criminosa, devendo-se salientar que estes não caracterizam maus
antecedentes, mas apenas servem de parâmetro para estabelecer risco concreto da prática de novos delitos.” A prevalecer o argumento de que a prática de
atos infracionais na menoridade não se comunica com a vida criminal adulta, ter-se-á que admitir o absurdo de que o agente poderá reiterar na prática
criminosa logo após adquirir a maioridade, sem que se lhe recaia a possibilidade de ser preso preventivamente. A possibilidade real de reiteração
delituosa constitui, fora de dúvida, base empírica subsumível à hipótese legal da garantia da ordem pública.”

Item do edital do V Concurso: 6 Prisão, liberdade provisória e medidas cautelares alternativas à prisão.

Questão 19
Direito Processual Penal

Segundo entendimento jurisprudencial mais atual do STJ, caso preso preventivamente, o advogado suspenso dos quadros da OAB perde
o direito de ser recolhido em sala de Estado Maior.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: CORRETA

Justificativa:
O STJ entendeu que do teor do art. 37, §1º, do Estatuto da OAB, se extrai a interdição dos direitos do advogado em caso de suspensão. Vide o artigo
mencionado:

Art. 37. A suspensão é aplicável nos casos de:

I- infrações definidas nos incisos XVII a XXV do art. 34;

II- reincidência em infração disciplinar.

§ 1º A suspensão acarreta ao infrator a interdição do exercício profissional, em todo o território nacional, pelo prazo de trinta dias a doze meses, de acordo com os
critérios de individualização previstos neste capítulo.

Segue julgado do STJ nesse sentido:

DIREITO PROCESSUAL PENAL. IMPOSSIBILIDADE DE RECOLHIMENTO EM SALA DE ESTADO MAIOR A ADVOGADO SUSPENSO DO EXERCÍCIO DA
ATIVIDADE.

Decretada a prisão preventiva de advogado, este não fará jus ao recolhimento provisório em sala de Estado Maior caso esteja suspenso dos quadros
da OAB. Segundo previsão do art. 7º, V, da Lei n. 8.906/1994 (EOAB), o advogado tem direito de ser recolhido provisoriamente em sala de Estado Maior,
o que, por certo, não se conserva diante da suspensão do exercício profissional, ex vi da dicção do art. 37, § 1º, do EOAB, a qual pressupõe a
interdição dos direitos decorrentes da atuação profissional. HC 368.393-MG, Rel. Min. Maria Thereza De Assis Moura, julgado em 20/9/2016, DJe 30/9/2016.

Item do edital do V Concurso: 6 Prisão, liberdade provisória e medidas cautelares alternativas à prisão.

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Questão 20
Direito Penal Militar

No âmbito do Direito Penal militar, a pena de prisão pode ser eventualmente cumulada com multa, a depender do delito perpetrado.
Seguindo a linha do CP, a pena de multa é aplicada em delitos de caráter patrimonial.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:
O Código Penal Militar não prevê a pena de multa. O CPM dispõe, em seus arts. 55 e 98, respectivamente, as penas principais e acessórias:

Art. 55. As penas principais são:

a) morte;

b) reclusão;

c) detenção;

d) prisão;

e) impedimento;

f) suspensão do exercício do pôsto, graduação, cargo ou função;

g) reforma.

(...)

Art. 98. São penas acessórias:

I- a perda de posto e patente;

II- a indignidade para o oficialato;

III- a incompatibilidade com o oficialato;

IV- a exclusão das forças armadas;

V- a perda da função pública, ainda que eletiva;

VI- a inabilitação para o exercício de função pública;

VII- a suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela;

VIII- a suspensão dos direitos políticos.

No que tange à pena de morte, relembre-se que a sua aplicação na seara militar é uma exceção de sede constitucional:

XLVII - não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;

Segundo o CPM, a pena de morte será realizada por meio de fuzilamento:

Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento.

Item do edital do V Concurso: 5. Penas

Questão 21
Direito Penal Militar

As penas de perda de posto e patente, indignidade e incompatibilidade para o oficialato, da forma como dispostas no CPM, não foram
recepcionadas pela CF/88. Isso porque o CPM as prevê como penas acessórias, aplicáveis como consequência de outras sanções,
enquanto a CF trouxe a necessidade de julgamento por Tribunal Militar para que tais reprimendas sejam impostas.

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Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: CORRETA

Justificativa:
As sanções mencionadas no enunciado, conforme o CPM, são acessórias. Isso significa dizer que são aplicadas em decorrência da aplicação de outras penas:

Art. 99. A perda de posto e patente resulta da condenação a pena privativa de liberdade por tempo superior a dois anos, e importa a perda das condecorações.

Art. 100. Fica sujeito à declaração de indignidade para o oficialato o militar condenado, qualquer que seja a pena, nos crimes de traição, espionagem ou cobardia,
ou em qualquer dos definidos nos arts. 161, 235, 240, 242, 243, 244, 245, 251, 252, 303, 304, 311 e 312.

Art. 101. Fica sujeito à declaração de incompatibilidade com o oficialato o militar condenado nos crimes dos arts. 141 e 142.

Todavia, a CF/88 trouxe disposição específica sobre o assunto, submetendo a imposição desses tipos de pena a julgamento de Tribunal Militar:

Art. 142, §3º:

(...)

VI- o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente,
em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra;

VII- o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será submetido ao
julgamento previsto no inciso anterior;

Vide comentário de Guilherme Nucci sobre esse ponto:

“Perda de posto e patente como pena acessória: não recepcionada pela Constituição Federal de 1988. Dispõe o art. 142, § 3.º, VI: “o oficial só perderá o posto
e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal
especial, em tempo de guerra”.

Na sequência, o inciso VII: “o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em julgado,
será submetido ao julgamento previsto no inciso anterior”.

Desse modo, cabe sempre ao tribunal militar a decisão acerca da perda de posto ou patente. No caso de oficial das Forças Armadas é o Superior Tribunal
Militar. Os oficiais da Polícia Militar e Bombeiros devem ser julgados pelo Tribunal de Justiça Militar, quanto houver, ou pelo Tribunal de Justiça do Estado. Este
último aspecto vem consolidado pelo art. 125, § 4.º, da Constituição Federal (“cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos
oficiais e da graduação das praças”).

Quando houver julgamento pelo Tribunal do Júri (homicídio cometido contra civil), segundo nos parece, ainda assim, cabe ao Tribunal de Justiça Militar (ou
Tribunal de Justiça), embora o STF tenha decisão no sentido de competir ao próprio Júri tal mister (conforme citação feita por Célio Lobão, Comentários ao Código
Penal Militar, p. 272).

Indignidade para o oficialato como pena acessória: não recepcionada pela Constituição Federal de 1988. Vide a nota anterior.

Incompatibilidade com o oficialato como pena acessória: não recepcionada pela Constituição Federal de 1988. Vide a nota anterior.”

Item do edital do V Concurso: 5. Penas

Questão 22
Direito Processual Penal Militar

No âmbito do processo penal militar, o processamento pelos crimes contra a honra ocorre mediante a apresentação de queixa. Isso
porque, mesmo na seara militar, se entende que essa espécie de delito não lesiona bem jurídico que reclame ação penal pública.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:

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Inexiste previsão de ação penal privada no âmbito do CPPM, como pode se depreender dos seguintes artigos:

Art. 29. A ação penal é pública e somente pode ser promovida por denúncia do Ministério Público Militar.

Art. 34. O direito de ação é exercido pelo Ministério Público, como representante da lei e fiscal da sua execução, e o de defesa pelo acusado, cabendo ao juiz
exercer o poder de jurisdição, em nome do Estado.

Dessa forma, mesmo em crimes contra a honra, o processamento se dará mediante ação penal pública. Atente-se para a existência de ação penal pública
condicionada à requisição ministerial, necessária para o processamento dos crimes contra a segurança externa do país, conforme o art.122 do CPM:

Art. 122. Nos crimes previstos nos arts. 136 a 141, a ação penal, quando o agente for militar ou assemelhado, depende da requisição do Ministério Militar a que
aquele estiver subordinado; no caso do art. 141, quando o agente for civil e não houver coautor militar, a requisição será do Ministério da Justiça.

Todavia, imperioso ressaltar que a grande maioria da doutrina defende a POSSIBILIDADE de ação penal privada subsidiária da pública no âmbito do
processo penal militar. Relembre-se que o dispositivo que prevê a ação penal privada subsidiária da pública tem sede no art. 5º da CF, ou seja, está inserida
entre os direitos e garantias fundamentais:

LIX- será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;

Item do edital do V Concurso: 4 Ação penal militar e seu exercício.

Questão 23
Direito Processual Penal Militar

Segundo o CPPM, o juiz dar-se-á por suspeito se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, de um ou de outro, estiver respondendo
a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia. Nesse ponto, o Código prevê que suspeição entre adotante e
adotado será considerada nos mesmos termos da resultante entre ascendente e descendente, mas não se estenderá aos respectivos
parentes e cessará no caso de se dissolver o vínculo da adoção.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: CORRETA

Justificativa:
A primeira frase do enunciado consubstancia uma das hipóteses de suspeição do juiz:

Art. 38. O juiz dar-se-á por suspeito e, se o não fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes:

a) se for amigo íntimo ou inimigo de qualquer delas;

b) se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, de um ou de outro, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso
haja controvérsia;

c) se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim até o segundo grau inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por
qualquer das partes;

d) se ele, seu cônjuge, ou parente, a que alude a alínea anterior, sustentar demanda contra qualquer das partes ou tiver sido procurador de qualquer delas;

e) se tiver dado parte oficial do crime;

f) se tiver aconselhado qualquer das partes;

g) se ele ou seu cônjuge for herdeiro presuntivo, donatário ou usufrutuário de bens ou empregador de qualquer das partes;

h) se for presidente, diretor ou administrador de sociedade interessada no processo;

i) se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes.

Quando à segunda parte, de fato, o CPPM contém disposição expressa acerca da suspeição entre adotante e adotado:

Art. 39. A suspeição entre adotante e adotado será considerada nos mesmos termos da resultante entre ascendente e descendente, mas não se estenderá aos
respectivos parentes e cessará no caso de se dissolver o vínculo da adoção.

Destarte, como o enunciado cobra diretamente o que consta no Código (como, por vezes, faz o CESPE), a informação está correta. Diferente seria se a
questão não afirmasse cabalmente que se trata da previsão do Código. Nesse caso, seria necessário fazer uma reflexão acerca do quadro normativo como um
todo.

Relembre-se que esse dispositivo do CPPM data de 1969, anterior à CF e ao ECA. Levando-se em consideração que o ECA trouxe a irrevogabilidade da adoção, a
parte final do artigo foi esvaziada. Mais que isso, a própria impossibilidade de extensão da suspeição aos parentes esbarra, ao menos em tese, na vedação à
diferenciação entre filhos biológicos e adotados, conforme o §6º do art. 227 da CF:

§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias

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relativas à filiação.

Veja-se escólio de Guilherme Nucci sobre esse ponto específico:

“Adoção indissolúvel: a redação deste dispositivo levou em consideração a anterior regra acerca da adoção, admitindo-se hipóteses de dissolução. Atualmente, a
adoção é irrevogável (art. 39, § 1.º, Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente). Portanto, a suspeição entre adotante e adotado não cessa jamais. Por
outro lado, ao contrário do disposto neste artigo, deve estender-se aos parentes, pois inexiste qualquer espécie de discriminação no tocante aos laços de família.”

Item do edital do V Concurso: 6 Juiz, auxiliares e partes do processo.

Questão 24
Direito Eleitoral

Segundo o entendimento vigente, é possível que determinado indivíduo se aliste como eleitor em município no qual não reside, mas com
o qual mantenha vínculos sociais, econômicos e políticos.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: CORRETA

Justificativa:
De acordo com o art. 42, p. único, do Código Eleitoral, o domicílio eleitoral, para efeito de inscrição, é o lugar de residência ou moradia do requerente:

Art. 42. O alistamento se faz mediante a qualificação e inscrição do eleitor.

Parágrafo único. Para o efeito da inscrição, é domicílio eleitoral o lugar de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o alistando mais de uma,
considerar-se-á domicílio qualquer delas.

Contudo, o TSE tem jurisprudência consolidada no sentido de que o domicílio eleitoral não se confunde com o domicílio civil, de forma que o eleitor
pode se alistar em município diferente do qual reside, a depender da demonstração de vínculo.

É o chamado DOMICÍLIO ELEITORAL AFETIVO. Vide trecho explicativo de texto publicado no sítio do TSE, oriundo da Escola Judiciaria Eleitoral:

“A jurisprudência tem sido bastante flexível ao considerar quais elementos podem vincular eleitoralmente o cidadão, veja: “Para o Código Eleitoral, domicílio é o
lugar em que a pessoa mantém vínculos políticos, sociais e econômicos.”4, “Admite-se o domicílio eleitoral em localidade onde o eleitor mantenha vínculo
patrimonial.”5, “Provada a filiação, além de outros vínculos com o município, é de se deferir a inscrição do eleitor no município onde tem domicílio seu genitor.”6 e
“Não se pode negar tais vínculos políticos, sociais e afetivos do candidato com o município no qual, nas eleições imediatamente anteriores, teve ele mais da
metade dos votos para o posto pelo qual disputava.”7

Enfim, verifica-se possível ter domicílio eleitoral em local diverso do qual efetivamente reside, por exemplo, onde se encontrem membros da família (familiar), onde
se promovam projetos beneficentes (social ou comunitário), onde seja proprietário de empresa ou de investimentos relevantes (patrimonial, negocial ou
econômico), onde exerça advocacia, consultoria ou mantenha contrato de trabalho (profissional), onde já tenha sido candidato ou tenha participado de atividade
política (político) etc.”

Contudo, importante frisar que a possibilidade de escolha não quer dizer que o indivíduo possa ter mais de um domicílio eleitoral.

Item do edital do V Concurso: 3 Domicílio eleitoral.

Questão 25
Direito Administrativo

Acerca da desapropriação, analise o item seguinte:


No caso de tredestinação, os Tribunais têm entendido que há desvio de finalidade se o bem for aplicado para algum outro fim público,
ainda que diverso do alegado na desapropriação, o que caracteriza uma mudança de finalidade não autorizada pelo ordenamento
jurídico.

Correta

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Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:
DESAPROPRIAÇÃO

Conceito: trata-se de forma de aquisição originária da propriedade – não depende de título anterior. Implica a transferência compulsória, mediante indenização,
para satisfazer o interesse público; afeta o caráter perpétuo e irrevogável do direito de propriedade.

Elementos: a) aspecto formal – procedimento administrativo; b) sujeito ativo – Poder Público ou seus delegados (concessionária); c) pressupostos – necessidade,
utilidade pública e interesse social; d) objeto – perda de um bem (transferência compulsória); e) reposição do patrimônio do expropriado por meio de justa
indenização.

Competência: para legislar é da União (art. 22, II, CF) enquanto a competência para desapropriar, competência material, depende do campo de atuação e do
fundamento da desapropriação. Em regra, quem realiza são os entes políticos, que têm competência incondicionada para declarar e executar a desapropriação.
De outro lado, a Administração Indireta e os delegados gozam de competência limitada, porque somente realizam a fase executiva da desapropriação.

Objeto: móvel ou imóvel; corpóreo ou incorpóreo; público ou privado; espaço aéreo; subsolo. Não se admitem: direito da personalidade, direito autoral, vida,
imagem e alimentos. Para patrimônio público, deve-se respeitar a ordem do art. 2o, § 2o, do Decreto-Lei no 3.365/41.

Procedimento:

a) fase declaratória: Momento em que o Poder Público manifesta sua vontade na futura desapropriação. Caracteriza-se pela declaração de utilidade ou interesse
social, com a indicação do bem expropriado e a especificação de sua destinação. O instrumento adequado é o decreto expropriatório, ato típico do Poder Executivo
(art. 6 o do Decreto-Lei no 3.365/41). Trata-se de um ato administrativo discricionário, em que o administrador, conforme a conveniência e oportunidade do
interesse público, decide quanto à necessidade da medida e a escolha do bem, só sendo vinculada a decisão no tocante à fundamentação, que ficará restrita às
hipóteses legais. Como os demais atos administrativos, tal decreto depende de motivação. Para a decretação realizada pelo Poder Legislativo, o instrumento
apontado pelo Decreto-Lei é a lei de efeitos concretos, que significa um ato com formato de lei mas com características de ato administrativo, por exemplo, o fato
de ser concreto e individual (art. 8o, Decreto-Lei no 3.365/41). Alguns autores criticam esse instrumento por ele depender da sanção e veto do Poder Executivo, a
cuja vontade fica de qualquer forma condicionado, defendendo o Decreto Legislativo como instrumento ideal já que não exige essa participação. O fato é que o
Legislativo só poderá declarar a desapropriação, ficando as demais providências por conta do chefe do Executivo. O ato de declaração não retira a propriedade,
mas cria para o expropriante o direito subjetivo, de em determinado prazo, adquirir a propriedade, consumando a desapropriação. Para o expropriado, apesar de
continuar dono da propriedade, esse fato deixa de ser pleno e passa a ser sob condição, podendo a propriedade ser retirada a qualquer tempo, com a
consumação do ato. Quanto à legalidade do ato de decretação, o particular poderá recorrer à via judicial através de ação ordinária ou até de mandado de
segurança, conforme o caso. Poderíamos apontar um vício de legalidade, por exemplo, se a hipótese escolhida pelo Administrador não estiver prevista em lei, ou
ainda, quando se tratar de opção que ofenda os princípios constitucionais, tais como a razoabilidade, a proporcionalidade e outros. O Decreto expropriatório ou a
lei de efeitos concretos deverá ter como conteúdo obrigatório, conforme entendimento majoritário da doutrina, já que não existe previsão legal para tanto.
Publicado o decreto, ele produzirá alguns efeitos: o bem expropriado se submete à força do Estado o que decorre de certo controle que ele exerce sobre o bem. O
Poder Público também passa a ter direito de entrar no bem, com moderação e sem excessos, só para medição e verificação. Se o proprietário não concordar, o
Administrador terá que recorrer à via judicial, em razão do direito à inviolabilidade de domicílio, previsto no art. 5 o , XI, sendo vedada a entrada compulsória. Nesse
caso, os abusos garantem ao proprietário direito à indenização por perdas e danos, além do cabimento de ação penal. A decretação da desapropriação também
representa um grande marco para as benfeitorias e para o prazo de caducidade. Quanto às benfeitorias realizadas após a declaração, só se indenizam as
necessárias, ou as úteis quando previamente autorizadas pelo expropriante, conforme regra do art. 26, § 1 o , do Decreto-Lei. No que tange ao prazo de
caducidade, esse corresponde ao prazo entre a decretação e o acordo final ou a interposição da ação judicial, quando não for possível a composição. Esse prazo
busca proteger o proprietário que, tendo a sua propriedade sofrido inúmeras restrições, aguarda a indenização e a perda definitiva do bem, o que só acontece na
fase seguinte, a executiva, impedindo que ele fique no prejuízo por muitos anos. Esse intervalo é diferente em cada modalidade.

b) Fase executiva: Esta fase, também denominada pela doutrina como fase executória, consiste no momento em que o Poder Público adota as providências para
consumar a transferência do bem. Para a integração do bem ao patrimônio público, é necessária a prévia indenização, o que na prática acontece em um só
momento. Essa fase pode ser amigável, quando houver acordo quanto ao valor da indenização; e judicial, quando inexistir composição ou se o proprietário for
desconhecido.

Tredestinação: Há certa divergência quanto à conceituação do instituto da tredestinação, mas, segundo a maioria, significa a realização de um ato administrativo
com destinação desconforme com o plano inicialmente previsto. Considera-se tredestinação lícita quando, apesar da mudança, persistir uma razão de interesse
público para justificar o ato. Sendo assim, o bem expropriado deve ser aplicado para os fins previstos na desapropriação, sob pena de retrocessão, ou de nulidade,
por desvio de finalidade. Os Tribunais têm entendido que não há desvio de finalidade se o bem foi aplicado para algum outro fim público, ainda que
diverso do alegado na desapropriação, o que caracteriza uma mudança de finalidade autorizada pelo ordenamento jurídico.

Retrocessão: Para definição deste direito, a doutrina divide-se em três correntes. Parte da doutrina diz tratar-se de um direito real, seguindo, assim, todas as
regras e consequências de um direito dessa natureza. De outro lado, alguns doutrinadores defendem a natureza de direito pessoal, em razão da previsão do art.
519 do novo Código Civil que define esse instituto no capítulo dos direitos das obrigações, estabelecendo que: “Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou
utilidade pública, ou por interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado
direito de preferência, pelo preço atual da coisa.” Para o terceiro grupo da doutrina, a sua natureza será mista, em partes direito real, e em outras, pessoal,
cabendo ao expropriado escolher entre a ação de preferência de natureza real e a ação de perdas e danos, entendimento defendido por Maria Sylvia Zanella Di
Pietro.

Adentrando à questão, no caso de tredestinação, os Tribunais têm entendido que não há desvio de finalidade se o bem foi aplicado para algum outro
fim público, ainda que diverso do alegado na desapropriação, o que caracteriza uma mudança de finalidade autorizada pelo ordenamento jurídico.
Sendo assim, errada.

Fonte: http://www.marinela.ma/tipo-de-arquivo/cadernos-de-aula/

Ponto do edital do V Concurso: 10 Desapropriação

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Questão 26
Direito Administrativo

A Limitação Administrativa impõe obrigações de caráter geral a proprietários indeterminados, em benefício do interesse geral
abstratamente considerado, afetando o caráter absoluto do direito de propriedade.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: CORRETA

Justificativa:
INTERVENÇÃO NA PROPRIEDADE:

- Direito de propriedade – direito individual que assegura a seu titular uma série de poderes cujo conteúdo constitui objeto do direito civil. Compreende os poderes
de usar, gozar, usufruir, dispor e reaver um bem, de modo absoluto, exclusivo e perpétuo (art. 5 o , XXII e XXIII, CF).

– Intervenção na propriedade – excepcionalmente o Estado intervirá na propriedade, restringindo-lhe seu caráter absoluto, exclusivo ou perpétuo. Há duas formas
de intervenção: a restritiva (limitação administrativa, servidão administrativa, requisição, ocupação temporária e tombamento) e a supressiva (desapropriação).

– Fundamento - a supremacia do interesse público sobre o interesse particular e a prática de ilegalidade.

– Poder de Polícia - quando entendido este poder em sentido amplo – incluindo obrigações de fazer, de não fazer e de impor o dever de utilizar o bem – este poder
está presente em todas as modalidades de intervenção do Estado sobre a propriedade privada, exceto na desapropriação porque não é mera limitação, já que
transfere a propriedade.

LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA:

Conceito: impõe obrigações de caráter geral a proprietários indeterminados, em benefício do interesse geral abstratamente considerado, afetando o caráter
absoluto do direito de propriedade

Características: imposta por normas gerais e abstratas; representa exercício do poder de polícia; restrições visando conciliar o direito público e o privado (bem-
estar social); poderá estar ligado a: segurança, salubridade, estética, defesa nacional ou qualquer outro fim em que o interesse da coletividade se sobreponha. Não
está sujeita a controle, salvo ato ilegal.

Indenização: em regra não se indeniza.

Ponto do edital do V Concurso: 9 Limitações administrativas da propriedade.

Questão 27
Direito do Trabalho

De acordo com a CLT, o empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário por até 2 (dois) dias para
acompanhar consultas médicas e exames complementares durante o período de gravidez de sua esposa ou companheira e para
acompanhar filho de até 6 (seis) anos em consulta médica.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:

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Tema caro à DPU é o que diz respeito ao trabalho da mulher. Na prova do V Concurso, houve questionamento na prova subjetiva e oral...

Para facilitar a leitura, segue o trecho da CLT sobre o tema:

CAPÍTULO III

DA PROTEÇÃO DO TRABALHO DA MULHER

SEÇÃO I

DA DURAÇÃO, CONDIÇÕES DO TRABALHO E DA DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER


(Redação dada pela Lei nº 9.799, de 26.5.1999)

Art. 372 - Os preceitos que regulam o trabalho masculino são aplicáveis ao trabalho feminino, naquilo em que não colidirem com a proteção especial instituída por
este Capítulo.

Parágrafo único - Não é regido pelos dispositivos a que se refere este artigo o trabalho nas oficinas em que sirvam exclusivamente pessoas da família da mulher e
esteja esta sob a direção do esposo, do pai, da mãe, do tutor ou do filho.

Art. 373 - A duração normal de trabalho da mulher será de 8 (oito) horas diárias, exceto nos casos para os quais for fixada duração inferior.

Art. 373-A. Ressalvadas as disposições legais destinadas a corrigir as distorções que afetam o acesso da mulher ao mercado de trabalho e certas especificidades
estabelecidas nos acordos trabalhistas, é vedado: (Incluído pela Lei nº 9.799, de 26.5.1999)

I- publicar ou fazer publicar anúncio de emprego no qual haja referência ao sexo, à idade, à cor ou situação familiar, salvo quando a natureza da atividade a ser
exercida, pública e notoriamente, assim o exigir; (Incluído pela Lei nº 9.799, de 26.5.1999)

II- recusar emprego, promoção ou motivar a dispensa do trabalho em razão de sexo, idade, cor, situação familiar ou estado de gravidez, salvo quando a natureza
da atividade seja notória e publicamente incompatível; (Incluído pela Lei nº 9.799, de 26.5.1999)

III- considerar o sexo, a idade, a cor ou situação familiar como variável determinante para fins de remuneração, formação profissional e oportunidades de ascensão
profissional; (Incluído pela Lei nº 9.799, de 26.5.1999)

IV- exigir atestado ou exame, de qualquer natureza, para comprovação de esterilidade ou gravidez, na admissão ou permanência no emprego; (Incluído pela Lei nº
9.799, de 26.5.1999)

V- impedir o acesso ou adotar critérios subjetivos para deferimento de inscrição ou aprovação em concursos, em empresas privadas, em razão de sexo, idade, cor,
situação familiar ou estado de gravidez; (Incluído pela Lei nº 9.799, de 26.5.1999)

VI- proceder o empregador ou preposto a revistas íntimas nas empregadas ou funcionárias. (Incluído pela Lei nº 9.799, de 26.5.1999)

Parágrafo único. O disposto neste artigo não obsta a adoção de medidas temporárias que visem ao estabelecimento das políticas de igualdade entre homens e
mulheres, em particular as que se destinam a corrigir as distorções que afetam a formação profissional, o acesso ao emprego e as condições gerais de trabalho da
mulher. (Incluído pela Lei nº 9.799, de 26.5.1999)

Art. 374 e 375. (Revogados pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)

Art. 376 - (Revogado pela Lei nº 10.244, de 2001)

Art. 377 - A adoção de medidas de proteção ao trabalho das mulheres é considerada de ordem pública, não justificando, em hipótese alguma, a redução de salário.

Art. 378. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)

SEÇÃO II

DO TRABALHO NOTURNO

Art. 379 e 380 (Revogados pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)

Art. 381 - O trabalho noturno das mulheres terá salário superior ao diurno.

§ 1º - Para os fins desse artigo, os salários serão acrescidos duma percentagem adicional de 20% (vinte por cento) no mínimo.

§ 2º - Cada hora do período noturno de trabalho das mulheres terá 52 (cinqüenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos.

SEÇÃO III

DOS PERÍODOS DE DESCANSO

Art. 382- Entre 2 (duas) jornadas de trabalho, haverá um intervalo de 11(onze) horas consecutivas, no mínimo, destinado ao repouso.

Art. 383- Durante a jornada de trabalho, será concedido à empregada um período para refeição e repouso não inferior a 1 (uma) hora nem superior a 2 (duas)
horas salvo a hipótese prevista no art. 71, § 3º.

Art. 384- Em caso de prorrogação do horário normal, será obrigatório um descanso de 15 (quinze) minutos no mínimo, antes do início do período extraordinário do
trabalho.

Art. 385- O descanso semanal será de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas e coincidirá no todo ou em parte com o domingo, salvo motivo de conveniência
pública ou necessidade imperiosa de serviço, a juízo da autoridade competente, na forma das disposições gerais, caso em que recairá em outro dia.

Parágrafo único - Observar-se-ão, igualmente, os preceitos da legislação geral sobre a proibição de trabalho nos feriados civis e religiosos.

Art. 386- Havendo trabalho aos domingos, será organizada uma escala de revezamento quinzenal, que favoreça o repouso dominical.

SEÇÃO IV

DOS MÉTODOS E LOCAIS DE TRABALHO

Art. 387- (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)

Art. 388 - Em virtude de exame e parecer da autoridade competente, o Ministro do Trabalho, Industria e Comercio poderá estabelecer derrogações totais ou
parciais às proibições a que alude o artigo anterior, quando tiver desaparecido, nos serviços considerados perigosos ou insalubres, todo e qualquer caráter
perigoso ou prejudicial mediante a aplicação de novos métodos de trabalho ou pelo emprego de medidas de ordem preventiva.

Art. 389 - Toda empresa é obrigada: (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

I- a prover os estabelecimentos de medidas concernentes à higienização dos métodos e locais de trabalho, tais como ventilação e iluminação e outros que se
fizerem necessários à segurança e ao conforto das mulheres, a critério da autoridade competente; (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

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II- a instalar bebedouros, lavatórios, aparelhos sanitários; dispor de cadeiras ou bancos, em número suficiente, que permitam às mulheres trabalhar sem grande
esgotamento físico; (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

III- a instalar vestiários com armários individuais privativos das mulheres, exceto os estabelecimentos comerciais, escritórios, bancos e atividades afins, em que não
seja exigida a troca de roupa e outros, a critério da autoridade competente em matéria de segurança e higiene do trabalho, admitindo-se como suficientes as
gavetas ou escaninhos, onde possam as empregadas guardar seus pertences; (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

IV- a fornecer, gratuitamente, a juízo da autoridade competente, os recursos de proteção individual, tais como óculos, máscaras, luvas e roupas especiais, para a
defesa dos olhos, do aparelho respiratório e da pele, de acordo com a natureza do trabalho. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

§ 1º- Os estabelecimentos em que trabalharem pelo menos 30 (trinta) mulheres com mais de 16 (dezesseis) anos de idade terão local apropriado onde seja
permitido às empregadas guardar sob vigilância e assistência os seus filhos no período da amamentação. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

§ 2º- A exigência do § 1º poderá ser suprida por meio de creches distritais mantidas, diretamente ou mediante convênios, com outras entidades públicas ou
privadas, pelas próprias empresas, em regime comunitário, ou a cargo do SESI, do SESC, da LBA ou de entidades sindicais. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de
28.2.1967)

Art. 390 - Ao empregador é vedado empregar a mulher em serviço que demande o emprego de força muscular superior a 20 (vinte) quilos para o trabalho
continuo, ou 25 (vinte e cinco) quilos para o trabalho ocasional.

Parágrafo único - Não está compreendida na determinação deste artigo a remoção de material feita por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos, de carros
de mão ou quaisquer aparelhos mecânicos.

Art. 390-A. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 9.799, de 1999)

Art. 390-B. As vagas dos cursos de formação de mão-de-obra, ministrados por instituições governamentais, pelos próprios empregadores ou por qualquer órgão de
ensino profissionalizante, serão oferecidas aos empregados de ambos os sexos.(Incluído pela Lei nº 9.799, de 1999)

Art. 390-C. As empresas com mais de cem empregados, de ambos os sexos, deverão manter programas especiais de incentivos e aperfeiçoamento profissional da
mão-de-obra. (Incluído pela Lei nº 9.799, de 1999)

Art. 390-D. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 9.799, de 1999)

Art. 390-E. A pessoa jurídica poderá associar-se a entidade de formação profissional, sociedades civis, sociedades cooperativas, órgãos e entidades públicas ou
entidades sindicais, bem como firmar convênios para o desenvolvimento de ações conjuntas, visando à execução de projetos relativos ao incentivo ao trabalho da
mulher. (Incluído pela Lei nº 9.799, de 1999)

SEÇÃO V

DA PROTEÇÃO À MATERNIDADE

Art. 391 - Não constitui justo motivo para a rescisão do contrato de trabalho da mulher o fato de haver contraído matrimônio ou de encontrar-se em estado de
gravidez.

Parágrafo único - Não serão permitidos em regulamentos de qualquer natureza contratos coletivos ou individuais de trabalho, restrições ao direito da mulher ao seu
emprego, por motivo de casamento ou de gravidez.

Art. 391-A. A confirmação do estado de gravidez advindo no curso do contrato de trabalho, ainda que durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou indenizado,
garante à empregada gestante a estabilidade provisória prevista na alínea b do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. (Incluído
pela Lei nº 12.812, de 2013)

Art. 392. A empregada gestante tem direito à licença-maternidade de 120 (cento e vinte) dias, sem prejuízo do emprego e do salário. (Redação dada pela Lei nº
10.421, 15.4.2002)

§ 1o A empregada deve, mediante atestado médico, notificar o seu empregador da data do início do afastamento do emprego, que poderá ocorrer entre o 28º
(vigésimo oitavo) dia antes do parto e ocorrência deste. (Redação dada pela Lei nº 10.421, 15.4.2002)

§ 2o Os períodos de repouso, antes e depois do parto, poderão ser aumentados de 2 (duas) semanas cada um, mediante atestado médico.(Redação dada pela
Lei nº 10.421, 15.4.2002)

§ 3o Em caso de parto antecipado, a mulher terá direito aos 120 (cento e vinte) dias previstos neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 10.421, 15.4.2002)

§ 4o É garantido à empregada, durante a gravidez, sem prejuízo do salário e demais direitos:(Redação dada pela Lei nº 9.799, de 26.5.1999)

I- transferência de função, quando as condições de saúde o exigirem, assegurada a retomada da função anteriormente exercida, logo após o retorno ao
trabalho; (Incluído pela Lei nº 9.799, de 26.5.1999)

II- dispensa do horário de trabalho pelo tempo necessário para a realização de, no mínimo, seis consultas médicas e demais exames complementares. (Incluído
pela Lei nº 9.799, de 26.5.1999)

§ 5o (VETADO) (incluído pela Lei nº 10.421, de 2002)

Art. 392-A. À empregada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança será concedida licença-maternidade nos termos do art.
392. (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013)

§ 1o (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

§ 2o (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

§ 3o (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

§ 4o A licença-maternidade só será concedida mediante apresentação do termo judicial de guarda à adotante ou guardiã.(Incluído pela Lei nº 10.421, 15.4.2002)

5o A adoção ou guarda judicial conjunta ensejará a concessão de licença-maternidade a apenas um dos adotantes ou guardiães empregado ou
empregada.(Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013)

Art. 392-B. Em caso de morte da genitora, é assegurado ao cônjuge ou companheiro empregado o gozo de licença por todo o período da licença-maternidade ou
pelo tempo restante a que teria direito a mãe, exceto no caso de falecimento do filho ou de seu abandono. (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência)

Art. 392-C. Aplica-se, no que couber, o disposto no art. 392-A e 392-B ao empregado que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção.(Incluído pela Lei nº
12.873, de 2013)

Art. 393 - Durante o período a que se refere o art. 392, a mulher terá direito ao salário integral e, quando variável, calculado de acordo com a média dos 6 (seis)
últimos meses de trabalho, bem como os direitos e vantagens adquiridos, sendo-lhe ainda facultado reverter à função que anteriormente ocupava. (Redação dada

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pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

Art. 394 - Mediante atestado médico, à mulher grávida é facultado romper o compromisso resultante de qualquer contrato de trabalho, desde que este seja
prejudicial à gestação.

Art. 394-A. A empregada gestante ou lactante será afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, de quaisquer atividades, operações ou locais insalubres,
devendo exercer suas atividades em local salubre.(Incluído pela Lei nº 13.287, de 2016)

Parágrafo único. (VETADO).(Incluído pela Lei nº 13.287, de 2016)

Art. 395 - Em caso de aborto não criminoso, comprovado por atestado médico oficial, a mulher terá um repouso remunerado de 2 (duas) semanas, ficando-lhe
assegurado o direito de retornar à função que ocupava antes de seu afastamento.

Art. 396 - Para amamentar o próprio filho, até que este complete 6 (seis) meses de idade, a mulher terá direito, durante a jornada de trabalho, a 2 (dois) descansos
especiais, de meia hora cada um.

Parágrafo único - Quando o exigir a saúde do filho, o período de 6 (seis) meses poderá ser dilatado, a critério da autoridade competente.

Art. 397 - O SESI, o SESC, a LBA e outras entidades públicas destinadas à assistência à infância manterão ou subvencionarão, de acordo com suas possibilidades
financeiras, escolas maternais e jardins de infância, distribuídos nas zonas de maior densidade de trabalhadores, destinados especialmente aos filhos das
mulheres empregadas.(Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

Art. 398- (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.2.1967)

Art. 399- O Ministro do Trabalho, Industria e Comercio conferirá diploma de benemerência aos empregadores que se distinguirem pela organização e manutenção
de creches e de instituições de proteção aos menores em idade pré-escolar, desde que tais serviços se recomendem por sua generosidade e pela eficiência das
respectivas instalações.

Art. 400 - Os locais destinados à guarda dos filhos das operárias durante o período da amamentação deverão possuir, no mínimo, um berçário, uma saleta de
amamentação, uma cozinha dietética e uma instalação sanitária.

SEÇÃO VI

DAS PENALIDADES

Art. 401 - Pela infração de qualquer dispositivo deste Capítulo, será imposta ao empregador a multa de cem a mil cruzeiros, aplicada, nesta Capital, pela autoridade
competente de 1ª instância do Departamento Nacional do Trabalho, e, nos Estados e Território do Acre, pelas autoridades competentes do Ministério do Trabalho,
Industria e Comercio ou por aquelas que exerçam funções delegadas.

§ 1º - A penalidade será sempre aplicada no grau máximo:

a) se ficar apurado o emprego de artifício ou simulação para fraudar a aplicação dos dispositivos deste Capítulo;

b) nos casos de reincidência.

§ 2º - O processo na verificação das infrações, bem como na aplicação e cobrança das multas, será o previsto no título "Do Processo de Multas Administrativas",
observadas as disposições deste artigo.

Art. 401A. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.799, de 1999)

Art. 401B. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.799, de 1999)

Por fim, destaco recentes alterações relacionadas ao tema:

Art. 473 - O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário:

X- até 2 (dois) dias para acompanhar consultas médicas e exames complementares durante o período de gravidez de sua esposa ou companheira;(Incluído dada
pela Lei nº 13.257, de 2016)

XI- por 1 (um) dia por ano para acompanhar filho de até 6 (seis) anos em consulta médica.(Incluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016)

Adentrando a questão, observamos que está ERRADA, pois de acordo com a CLT, o empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do
salário por até 2 (dois) dias para acompanhar consultas médicas e exames complementares durante o período de gravidez de sua esposa ou companheira e por 1
(um) dia para acompanhar filho de até 6 (seis) anos em consulta médica.

Ponto do edital do V Concurso: 25 Trabalho da mulher.

Questão 28
Direito do Trabalho

Segundo a CLT, a comprovação da escolaridade de aprendiz com deficiência deve considerar, sobretudo, as habilidades e competências
relacionadas com a profissionalização. Além disso, para o aprendiz com deficiência em idade de 18 (dezoito) anos ou mais, a validade
do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na CTPS e matrícula e frequência em programa de aprendizagem desenvolvido sob
orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional metódica.

Correta

Errada

Sem Resposta

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GABARITO: CORRETA

Justificativa:
Outro tema que merece nossa atenção é o “trabalho do menor”.

Compilei o que a CLT fala sobre o tema:

CAPÍTULO IV

DA PROTEÇÃO DO TRABALHO DO MENOR

SEÇÃO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 402. Considera-se menor para os efeitos desta Consolidação o trabalhador de quatorze até dezoito anos.(Redação dada pela Lei nº 10.097, de 19.12.2000)

Parágrafo único - O trabalho do menor reger-se-á pelas disposições do presente Capítulo, exceto no serviço em oficinas em que trabalhem exclusivamente
pessoas da família do menor e esteja este sob a direção do pai, mãe ou tutor, observado, entretanto, o disposto nos arts. 404, 405 e na Seção II. (Redação dada
pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

Art. 403. É proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos quatorze anos.(Redação dada pela Lei nº
10.097, de 2000)

Parágrafo único. O trabalho do menor não poderá ser realizado em locais prejudiciais à sua formação, ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social e em
horários e locais que não permitam a freqüência à escola.(Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000)

a) revogada;(Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000)

b) revogada.(Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000)

Art. 404 - Ao menor de 18 (dezoito) anos é vedado o trabalho noturno, considerado este o que for executado no período compreendido entre as 22 (vinte e duas) e
as 5 (cinco) horas.

Art. 405 - Ao menor não será permitido o trabalho: (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

I- nos locais e serviços perigosos ou insalubres, constantes de quadro para êsse fim aprovado pelo Diretor Geral do Departamento de Segurança e Higiene do
Trabalho; (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

II- em locais ou serviços prejudiciais à sua moralidade. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

§ 1º (Revogado pela Lei 10.097, de 2000)

§ 2º O trabalho exercido nas ruas, praças e outros logradouros dependerá de prévia autorização do Juiz de Menores, ao qual cabe verificar se a ocupação é
indispensável à sua própria subsistência ou à de seus pais, avós ou irmãos e se dessa ocupação não poderá advir prejuízo à sua formação moral. (Redação dada
pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

§ 3º Considera-se prejudicial à moralidade do menor o trabalho: (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

a) prestado de qualquer modo, em teatros de revista, cinemas, buates, cassinos, cabarés, dancings e estabelecimentos análogos;(Incluída pelo Decreto-lei nº 229,
de 28.2.1967)

b) em emprêsas circenses, em funções de acróbata, saltimbanco, ginasta e outras semelhantes; (Incluída pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

c) de produção, composição, entrega ou venda de escritos, impressos, cartazes, desenhos, gravuras, pinturas, emblemas, imagens e quaisquer outros objetos que
possam, a juízo da autoridade competente, prejudicar sua formação moral;(Incluída pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

d) consistente na venda, a varejo, de bebidas alcoólicas. (Incluída pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

§ 4º Nas localidades em que existirem, oficialmente reconhecidas, instituições destinadas ao amparo dos menores jornaleiros, só aos que se encontrem sob o
patrocínio dessas entidades será outorgada a autorização do trabalho a que alude o § 2º. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

§ 5º Aplica-se ao menor o disposto no art. 390 e seu parágrafo único. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

Art. 406 - O Juiz de Menores poderá autorizar ao menor o trabalho a que se referem as letras "a" e "b" do § 3º do art. 405: (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229,
de 28.2.1967)

I- desde que a representação tenha fim educativo ou a peça de que participe não possa ser prejudicial à sua formação moral; (Redação dada pelo Decreto-lei nº
229, de 28.2.1967)

II- desde que se certifique ser a ocupação do menor indispensável à própria subsistência ou à de seus pais, avós ou irmãos e não advir nenhum prejuízo à sua
formação moral.(Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

Art. 407 - Verificado pela autoridade competente que o trabalho executado pelo menor é prejudicial à sua saúde, ao seu desenvolvimento físico ou a sua
moralidade, poderá ela obrigá-lo a abandonar o serviço, devendo a respectiva empresa, quando for o caso, proporcionar ao menor todas as facilidades para mudar
de funções.(Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

Parágrafo único - Quando a empresa não tomar as medidas possíveis e recomendadas pela autoridade competente para que o menor mude de função, configurar-
se-á a rescisão do contrato de trabalho, na forma do art. 483. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

Art. 408 - Ao responsável legal do menor é facultado pleitear a extinção do contrato de trabalho, desde que o serviço possa acarretar para ele prejuízos de ordem
física ou moral. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

Art. 409 - Para maior segurança do trabalho e garantia da saúde dos menores, a autoridade fiscalizadora poderá proibir-lhes o gozo dos períodos de repouso nos
locais de trabalho.

Art. 410 - O Ministro do Trabalho, Industria e Comercio poderá derrogar qualquer proibição decorrente do quadro a que se refere a alínea "a" do art. 405 quando
se certificar haver desaparecido, parcial ou totalmente, o caráter perigoso ou insalubre, que determinou a proibição.

SEÇÃO II

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DA DURAÇÃO DO TRABALHO

Art. 411 - A duração do trabalho do menor regular-se-á pelas disposições legais relativas à duração do trabalho em geral, com as restrições estabelecidas neste
Capítulo.

Art. 412 - Após cada período de trabalho efetivo, quer contínuo, quer dividido em 2 (dois) turnos, haverá um intervalo de repouso, não inferior a 11(onze) horas.

Art. 413 - É vedado prorrogar a duração normal diária do trabalho do menor, salvo: (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

I- até mais 2 (duas) horas, independentemente de acréscimo salarial, mediante convenção ou acôrdo coletivo nos têrmos do Título VI desta Consolidação, desde
que o excesso de horas em um dia seja compensado pela diminuição em outro, de modo a ser observado o limite máximo de 48 (quarenta e oito) horas semanais
ou outro inferior legalmente fixada; (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

II- excepcionalmente, por motivo de fôrça maior, até o máximo de 12 (doze) horas, com acréscimo salarial de, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) sôbre a
hora normal e desde que o trabalho do menor seja imprescindível ao funcionamento do estabelecimento. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

Parágrafo único. Aplica-se à prorrogação do trabalho do menor o disposto no art. 375, no parágrafo único do art. 376, no art. 378 e no art. 384 desta
Consolidação. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

Art. 414 - Quando o menor de 18 (dezoito) anos for empregado em mais de um estabelecimento, as horas de trabalho em cada um serão totalizadas.

SEÇÃO III

DA ADMISSÃO EM EMPREGO E DA CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL

Art. 415 - Haverá a Carteira de Trabalho e Previdência Social para todos os menores de 18 anos, sem distinção do sexo, empregados em empresas ou
estabelecimentos de fins econômicos e daqueles que lhes forem equiparados. (vide Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969)

Parágrafo único. A carteira obedecerá ao modelo que o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio adotar e será emitida no Distrito Federal, pelo Departamento
Nacional, do Trabalho e, nos Estados, pelas Delegacias Regionais do referido Ministério. (vide Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969)

Art. 416 - Os menores de 18 anos só poderão ser admitidos, como empregados, nas empresas ou estabelecimentos de fins econômicos e naqueles que lhes forem
equiparados, quando possuidores da carteira a que se refere o artigo anterior, salvo a hipótese do art. 422. (vide Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969)

Art. 417 - A emissão da carteira será feita o pedido do menor, mediante a exibição dos seguintes documentos: (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de
28.2.1967) (vide Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969)

I- certidão de idade ou documento legal que a substitua; (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) (vide Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969)

II- autorização do pai, mãe ou responsável legal; (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) (vide Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969)

III- autorização do Juiz de Menores, nos casos dos artigos 405, § 2º, e 406;(Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) (vide Decreto-lei nº 926, de
10.10.1969)

IV- atestado médico de capacidade física e mental; (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) (vide Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969)

V- atestado de vacinação; (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) (vide Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969)

VI- prova de saber ler, escrever e contar; (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) (vide Decreto-lei nº 926, de 10.10.1969)

VII- duas fotografias de frente, com as dimensões de 0,04m x 0,03m. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) (vide Decreto-lei nº 926, de
10.10.1969)

Parágrafo único. Os documentos exigidos por êste artigo serão fornecidos gratuitamente. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) (vide Decreto-lei nº
926, de 10.10.1969)

Art. 418. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)

Art. 419 - A prova de saber ler, escrever e contar, a que se refere a alínea "f" do art. 417 será feita mediante certificado de conclusão de curso primário. Na falta
deste, a autoridade incumbida de verificar a validade dos documentos submeterá o menor ou mandará submetê-lo, por pessoa idônea, a exame elementar que
constará de leitura de quinze linhas, com explicação do sentido, de ditado, nunca excedente de dez linhas, e cálculo sobre as quatro operações fundamentais de
aritmética. Verificada a alfabetização do menor, será emitida a carteira. (Vide Lei nº 5.686, de 1971)

§ 1º Se o menor for analfabeto ou não estiver devidamente alfabetizado, a carteira só será emitida pelo prazo de um ano, mediante a apresentação de um
certificado ou atestado de matrícula e frequência em escola primária. (Vide Lei nº 5.686, de 1971)

§ 2º A autoridade fiscalizadora, na hipótese do parágrafo anterior, poderá renovar o prazo nele fixado, cabendo-lhe, em caso de não renovar tal prazo, cassar a
carteira expedida. (Vide Lei nº 5.686, de 1971)

§ 3º Dispensar-se-á a prova de saber ler, escrever e contar, se não houver escola primária dentro do raio de dois quilômetros da sede do estabelecimento em que
trabalhe o menor e não ocorrer a hipótese prevista no parágrafo único do art. 427. Instalada que seja a escola, proceder-se-á como nos parágrafos
anteriores. (Vide Lei nº 5.686, de 1971)

Art. 420 - A carteira, devidamente anotada, permanecerá em poder do menor, devendo, entretanto, constar do Registro de empregados os dados
correspondentes.(Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) (Vide Lei nº 5.686, de 1971)

Parágrafo único. Ocorrendo falta de anotação por parte da emprêsa, independentemente do procedimento fiscal previsto so § 2º do art. 29, cabe ao
representante legal do menor, ao agente da inspeção do trabalho, ao órgão do Ministério Público do Trabalho ou ao Sindicato, dar início ao processo de
reclamação, de acôrdo com o estabelecido no Título II, Capítulo I, Seção V. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) (Vide Lei nº 5.686, de 1971)

Art. 421. A carteira será emitida, gratuitamente, aplicando-se à emissão de novas vias o disposto nos artigos 21 e seus parágrafos e no artigo 22. (Redação dada
pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) (Vide Lei nº 5.686, de 1971)

Art. 422 - Nas localidades em que não houver serviço de emissão de carteiras poderão os empregadores admitir menores como empregados, independentemente
de apresentação de carteiras, desde que exibam os documentos referidos nas alíneas "a", "d" e "f" do art. 417. Esses documentos ficarão em poder do
empregador e, instalado o serviço de emissão de carteiras, serão entregues à repartição emissora, para os efeitos do § 2º do referido artigo. (Vide Lei nº 5.686, de
1971)

Art. 423 - O empregador não poderá fazer outras anotações na carteira de trabalho e previdência social além das referentes ao salário, data da admissão, férias e
saída. (Vide Lei nº 5.686, de 1971)

SEÇÃO IV

DOS DEVERES DOS RESPONSÁVEIS LEGAIS DE MENORES E DOS EMPREGADORES DA APRENDIZAGEM

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Art. 424 - É dever dos responsáveis legais de menores, pais, mães, ou tutores, afastá-los de empregos que diminuam consideravelmente o seu tempo de estudo,
reduzam o tempo de repouso necessário à sua saúde e constituição física, ou prejudiquem a sua educação moral.

Art. 425 - Os empregadores de menores de 18 (dezoito) anos são obrigados a velar pela observância, nos seus estabelecimentos ou empresas, dos bons
costumes e da decência pública, bem como das regras da segurança e da medicina do trabalho.

Art. 426 - É dever do empregador, na hipótese do art. 407, proporcionar ao menor todas as facilidades para mudar de serviço.

Art. 427 - O empregador, cuja empresa ou estabelecimento ocupar menores, será obrigado a conceder-lhes o tempo que for necessário para a freqüência às
aulas.

Parágrafo único - Os estabelecimentos situados em lugar onde a escola estiver a maior distância que 2 (dois) quilômetros, e que ocuparem, permanentemente,
mais de 30 (trinta) menores analfabetos, de 14 (quatorze) a 18 (dezoito) anos, serão obrigados a manter local apropriado em que lhes seja ministrada a instrução
primária.

Art. 428. Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a
assegurar ao maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos inscrito em programa de aprendizagem formação técnico-profissional metódica,
compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa
formação. (Redação dada pela Lei nº 11.180, de 2005)

§ 1o A validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, matrícula e freqüência do aprendiz na escola,
caso não haja concluído o ensino médio, e inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido sob orientação de entidade qualificada em formação técnico-
profissional metódica. (Redação dada pela Lei nº 11.788, de 2008)

§ 2o Ao menor aprendiz, salvo condição mais favorável, será garantido o salário mínimo hora.. (Incluído pela Lei nº 10.097, de 2000)

§ 3o O contrato de aprendizagem não poderá ser estipulado por mais de 2 (dois) anos, exceto quando se tratar de aprendiz portador de deficiência. (Redação
dada pela Lei nº 11.788, de 2008)

§ 4o A formação técnico-profissional a que se refere o caput deste artigo caracteriza-se por atividades teóricas e práticas, metodicamente organizadas em tarefas
de complexidade progressiva desenvolvidas no ambiente de trabalho.. (Incluído pela Lei nº 10.097, de 2000)

§ 5o A idade máxima prevista no caput deste artigo não se aplica a aprendizes portadores de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.180, de 2005)

§ 6o Para os fins do contrato de aprendizagem, a comprovação da escolaridade de aprendiz com deficiência deve considerar, sobretudo, as
habilidades e competências relacionadas com a profissionalização. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

§ 7o Nas localidades onde não houver oferta de ensino médio para o cumprimento do disposto no § 1o deste artigo, a contratação do aprendiz poderá ocorrer
sem a freqüência à escola, desde que ele já tenha concluído o ensino fundamental. (Incluído pela Lei nº 11.788, de 2008)

§ 8o Para o aprendiz com deficiência com 18 (dezoito) anos ou mais, a validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na CTPS e matrícula
e frequência em programa de aprendizagem desenvolvido sob orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional metódica.(Incluído
pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

Art. 429. Os estabelecimentos de qualquer natureza são obrigados a empregar e matricular nos cursos dos Serviços Nacionais de Aprendizagem número de
aprendizes equivalente a cinco por cento, no mínimo, e quinze por cento, no máximo, dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento, cujas funções
demandem formação profissional.(Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000)

a) revogada; (Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000)

b) revogada. (Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000)

§ 1o-A. O limite fixado neste artigo não se aplica quando o empregador for entidade sem fins lucrativos, que tenha por objetivo a educação profissional. (Incluído
pela Lei nº 10.097, de 2000)

§ 1o As frações de unidade, no cálculo da percentagem de que trata o caput, darão lugar à admissão de um aprendiz. (Incluído pela Lei nº 10.097, de 2000)

§ 2o Os estabelecimentos de que trata o caput ofertarão vagas de aprendizes a adolescentes usuários do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
(Sinase) nas condições a serem dispostas em instrumentos de cooperação celebrados entre os estabelecimentos e os gestores dos Sistemas de Atendimento
Socioeducativo locais. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)

Art. 430. Na hipótese de os Serviços Nacionais de Aprendizagem não oferecerem cursos ou vagas suficientes para atender à demanda dos estabelecimentos, esta
poderá ser suprida por outras entidades qualificadas em formação técnico-profissional metódica, a saber: (Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000)

I– Escolas Técnicas de Educação; (Incluído pela Lei nº 10.097, de 2000)

II– entidades sem fins lucrativos, que tenham por objetivo a assistência ao adolescente e à educação profissional, registradas no Conselho Municipal dos Direitos
da Criança e do Adolescente.(Incluído pela Lei nº 10.097, de 2000)

§ 1o As entidades mencionadas neste artigo deverão contar com estrutura adequada ao desenvolvimento dos programas de aprendizagem, de forma a manter a
qualidade do processo de ensino, bem como acompanhar e avaliar os resultados.(Incluído pela Lei nº 10.097, de 2000)

§ 2o Aos aprendizes que concluírem os cursos de aprendizagem, com aproveitamento, será concedido certificado de qualificação profissional.(Incluído pela Lei nº
10.097, de 2000)

§ 3o O Ministério do Trabalho e Emprego fixará normas para avaliação da competência das entidades mencionadas no inciso II deste artigo.(Incluído pela Lei nº
10.097, de 2000)

Art. 431. A contratação do aprendiz poderá ser efetivada pela empresa onde se realizará a aprendizagem ou pelas entidades mencionadas no inciso II do art. 430,
caso em que não gera vínculo de emprego com a empresa tomadora dos serviços. Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000)

a) revogada; Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000)

b) revogada; Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000)

c) revogada. Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000)

Parágrafo único. Aos candidatos rejeitados pela seleção profissional deverá ser dada, tanto quanto possível, orientação profissional para ingresso em atividade
mais adequada às qualidades e aptidões que tiverem demonstrado.

Art. 432. A duração do trabalho do aprendiz não excederá de seis horas diárias, sendo vedadas a prorrogação e a compensação de jornada. Redação dada pela
Lei nº 10.097, de 2000)

§ 1o O limite previsto neste artigo poderá ser de até oito horas diárias para os aprendizes que já tiverem completado o ensino fundamental, se nelas forem

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computadas as horas destinadas à aprendizagem teórica. Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000)

§ 2o Revogado. Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000)

Art. 433. O contrato de aprendizagem extinguir-se-á no seu termo ou quando o aprendiz completar 24 (vinte e quatro) anos, ressalvada a hipótese prevista no §
5o do art. 428 desta Consolidação, ou ainda antecipadamente nas seguintes hipóteses: (Redação dada pela Lei nº 11.180, de 2005)

a) revogada; Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000)

b) revogada .Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000)

I- desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz, salvo para o aprendiz com deficiência quando desprovido de recursos de acessibilidade, de tecnologias
assistivas e de apoio necessário ao desempenho de suas atividades; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

II– falta disciplinar grave; (Incluído pela Lei nº 10.097, de 2000)

III– ausência injustificada à escola que implique perda do ano letivo; ou (Incluído pela Lei nº 10.097, de 2000)

IV– a pedido do aprendiz. (Incluído pela Lei nº 10.097, de 2000)

Parágrafo único. Revogado. (Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000)

§ 2o Não se aplica o disposto nos arts. 479 e 480 desta Consolidação às hipóteses de extinção do contrato mencionadas neste artigo. (Incluído pela Lei nº 10.097,
de 2000)

SEÇÃO V

DAS PENALIDADES

Art. 434 - Os infratores das disposições dêste Capítulo ficam sujeitos à multa de valor igual a 1 (um) salário mínimo regional, aplicada tantas vêzes quantos forem
os menores empregados em desacôrdo com a lei, não podendo, todavia, a soma das multas exceder a 5 (cinco) vêzes o salário-mínimo, salvo no caso de
reincidência em que êsse total poderá ser elevado ao dôbro. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

Art. 435 - Fica sujeita à multa de valor igual a 1 (um) salário-mínimo regional e ao pagamento da emissão de nova via a emprêsa que fizer na Carteira de Trabalho
e Previdência Social anotação não prevista em lei. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

Art. 436. e 437 (Revogado pela Lei 10.097, de 2000)

Art. 438 - São competentes para impor as penalidades previstas neste Capítulo:

a) no Distrito Federal, a autoridade de 1ª instância do Departamento Nacional do Trabalho;

b) nos Estados e Território do Acre, os delegados regionais do Ministério do Trabalho, Industria e Comercio ou os funcionários por eles designados para tal fim.

Parágrafo único - O processo, na verificação das infrações, bem como na aplicação e cobrança das multas, será o previsto no título "Do Processo de Multas
Administrativas", observadas as disposições deste artigo.

SEÇÃO VI

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 439 - É lícito ao menor firmar recibo pelo pagamento dos salários. Tratando-se, porém, de rescisão do contrato de trabalho, é vedado ao menor de 18 (dezoito)
anos dar, sem assistência dos seus responsáveis legais, quitação ao empregador pelo recebimento da indenização que lhe for devida.

Art. 440 - Contra os menores de 18 (dezoito) anos não corre nenhum prazo de prescrição.

Art. 441 - O quadro a que se refere o item I do art. 405 será revisto bienalmente. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

Adentrando a questão, de fato está correta.

Segundo a CLT, art. 428, § 6º e 8º, a comprovação da escolaridade de aprendiz com deficiência deve considerar, sobretudo, as habilidades e competências
relacionadas com a profissionalização.

Além disso, para o aprendiz com deficiência com 18 (dezoito) anos ou mais, a validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na CTPS e matrícula e
frequência em programa de aprendizagem desenvolvido sob orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional metódica.

Ponto do edital do V Concurso: 26 Trabalho do menor

Questão 29
Direito Processual do Trabalho

De acordo com a CLT, as nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deverão argui-las à primeira
vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos. Diante disso, o juiz ou Tribunal que pronunciar a nulidade declarará os atos a
que ela se estende.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: CORRETA

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Justificativa:
Tema interessante para cair diz respeito às nulidades no processo do trabalho...Vejamos o que a CLT fala sobre o tema:

SEÇÃO V

DAS NULIDADES

Art. 794 - Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes
litigantes.

Art. 795 - As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deverão argui-las à primeira vez em que tiverem de falar
em audiência ou nos autos.

§ 1º - Deverá, entretanto, ser declarada ex officio a nulidade fundada em incompetência de foro. Nesse caso, serão considerados nulos os atos decisórios.

§ 2º - O juiz ou Tribunal que se julgar incompetente determinará, na mesma ocasião, que se faça remessa do processo, com urgência, à autoridade competente,
fundamentando sua decisão.

Art. 796 - A nulidade não será pronunciada:

a) quando for possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato;

b) quando argüida por quem lhe tiver dado causa.

Art. 797 - O juiz ou Tribunal que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende.

Art. 798 - A nulidade do ato não prejudicará senão os posteriores que dele dependam ou sejam conseqüência.

Questão simples de resolver não? Pois é! Saiba que você encontrará questões assim no VI Concurso. Portanto, não menospreze a “lei seca”...

Do que lemos acima, correta a questão!

Ponto do edital do V Concurso: 5 Nulidades no processo trabalhista.

Questão 30
Direito Processual do Trabalho

Caso hipotético: Fulano da Silva propôs reclamatória trabalhista contra a empresa Calote Nois Dá Sem Dó Ltda. Na primeira audiência,
restou frustrada a conciliação entre as partes, razão pela qual o processo seguiu seu curso normal. Algum tempo depois, a Empresa
Calote Nois Dá Sem Dó Ltda propôs acordo com Fulano da Silva, o qual aceitou de pronto. Diante disso juntaram nos autos a intenção de
acordo e o pedido de designação de nova audiência de conciliação. Porém, como o processo já estava concluso para sentença, o
Magistrado indeferiu o pleito de audiência de conciliação e em sequência sentenciou nos autos.
Conclusão: A decisão do Magistrado é acertada, tendo em vista que o processo já estava pronto para sentença e qualquer marcação de
audiência de conciliação atrasaria a rápida solução do caso.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:
De acordo com a CLT, a conciliação é o carro-chefe no processo trabalhista. Mesmo que tardiamente, o NCPC trouxe essa visão conciliadora (art. 3º, § 3º, do
NCPC).

Vejamos o que diz a CLT sobre o tema:

Art. 764 - Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação.

§ 1º - Para os efeitos deste artigo, os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão sempre os seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória
dos conflitos.

§ 2º - Não havendo acordo, o juízo conciliatório converter-se-á obrigatoriamente em arbitral, proferindo decisão na forma prescrita neste Título.

§ 3º - É lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo, ainda mesmo depois de encerrado o juízo conciliatório.

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Adentrando ao caso, a decisão do Magistrado, em tese, contraria o art. 764, § 3º, da CLT, pois o espírito conciliador deve estar sempre presente na
Justiça do Trabalho. Além disso, o argumento utilizado é frágil e desarrazoado, pois privilegiou-se uma pretensa celeridade (sentença pronta, mas que
é passível de recurso e atraso maior no deslinde do caso) em detrimento de uma solução conciliadora e definitiva nos autos.

Sendo assim, errada a questão!

Ponto do edital do V Concurso: 2 Princípios gerais que informam o processo trabalhista.

Questão 31
Direito Previdenciário e da Assistência Social

De acordo com a Lei n.º 8.213, são segurados obrigatórios da Previdência Social, na qualidade de contribuinte individual, o brasileiro civil
que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda
que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:
Seção I
Dos Segurados

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:(Redação dada pela Lei nº 8.647, de 1993)

I- como empregado:(Redação dada pela Lei nº 8.647, de 1993)

a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua su “bordinação e mediante remuneração, inclusive como
diretor empregado;

b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação específica, presta serviço para atender a necessidade transitória de
substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas;

c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior;

d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas
missões e repartições, excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva
missão diplomática ou repartição consular;

e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá
domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio;

f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante
pertença a empresa brasileira de capital nacional;

g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Públicas
Federais.(Incluída pela Lei nº 8.647, de 1993)

h) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social ;(Incluída pela Lei nº 9.506, de
1997)

i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência
social;(Incluída pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social;(Incluído pela Lei nº 10.887, de
2004)

II- como empregado doméstico: aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos;

III- (Revogado pela Lei nº 9.876, de 26.11.1999)

IV- (Revogado pela Lei nº 9.876, de 26.11.1999)


a) ;(Revogado pela Lei nº 9.876, de 26.11.1999)
b) (Revogado pela Lei nº 9.876, de 26.11.1999)

V- como contribuinte individual:(Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou temporário, em área superior a 4 (quatro)

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módulos fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou atividade pesqueira, com auxílio de empregados ou por intermédio de
prepostos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 9o e 10 deste artigo; (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)

b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral - garimpo, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio
de prepostos, com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa; (Redação dada pela Lei nº 10.403, de
8.1.2002)

d)(Revogado pela Lei nº 9.876, de 26.11.1999)

e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo
quando coberto por regime próprio de previdência social; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de conselho de administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio
de indústria, o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo
de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de
direção condominial, desde que recebam remuneração; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego;(Incluído pela Lei nº 9.876, de
26.11.99)

h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não;(Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

VI- como trabalhador avulso: quem presta, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, serviço de natureza urbana ou rural definidos no Regulamento;

VII– como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de
economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de:(Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)

a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore
atividade:(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais;(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do caput do art. 2o da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça
dessas atividades o principal meio de vida;(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso,
que, comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar respectivo.(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

§ 1o Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao
desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados
permanentes.(Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)

§ 2º Todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de uma atividade remunerada sujeita ao Regime Geral de Previdência Social é obrigatoriamente filiado em
relação a cada uma delas.

§ 3º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social–RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado
obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata a Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, para fins de custeio da Seguridade
Social.(Incluído pela Lei nº 9.032, de 1995)

§ 4º O dirigente sindical mantém, durante o exercício do mandato eletivo, o mesmo enquadramento no Regime Geral de Previdência Social-RGPS de antes da
investidura.(Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)

§ 5o Aplica-se o disposto na alínea g do inciso I do caput ao ocupante de cargo de Ministro de Estado, de Secretário Estadual, Distrital ou Municipal, sem vínculo
efetivo com a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, ainda que em regime especial, e fundações.(Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

$ 6o Para serem considerados segurados especiais, o cônjuge ou companheiro e os filhos maiores de 16 (dezesseis) anos ou os a estes equiparados deverão ter
participação ativa nas atividades rurais do grupo familiar.(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

§ 7o O grupo familiar poderá utilizar-se de empregados contratados por prazo determinado ou de trabalhador de que trata a alínea g do inciso V do caput, à razão
de no máximo 120 (cento e vinte) pessoas por dia no ano civil, em períodos corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de trabalho, não
sendo computado nesse prazo o período de afastamento em decorrência da percepção de auxílio-doença.(Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013)

§ 8o Não descaracteriza a condição de segurado especial:(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

I– a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, meação ou comodato, de até 50% (cinqüenta por cento) de imóvel rural cuja área total não seja superior a 4
(quatro) módulos fiscais, desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a respectiva atividade, individualmente ou em regime de economia familiar;
(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

II– a exploração da atividade turística da propriedade rural, inclusive com hospedagem, por não mais de 120 (cento e vinte) dias ao ano; (Incluído pela Lei nº
11.718, de 2008)

III– a participação em plano de previdência complementar instituído por entidade classista a que seja associado em razão da condição de trabalhador rural ou de
produtor rural em regime de economia familiar; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

IV– ser beneficiário ou fazer parte de grupo familiar que tem algum componente que seja beneficiário de programa assistencial oficial de governo;(Incluído pela Lei
nº 11.718, de 2008)

V – a utilização pelo próprio grupo familiar, na exploração da atividade, de processo de beneficiamento ou industrialização artesanal, na forma do § 11 do art. 25 da
Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

VI - a associação em cooperativa agropecuária ou de crédito rural; e (Redação dada pela Lei nº 13.183, de 2015)

VII - a incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados - IPI sobre o produto das atividades desenvolvidas nos termos do § 12.(Incluído pela Lei nº 12.873, de
2013) (Produção de efeito)

§ 9o Não é segurado especial o membro de grupo familiar que possuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrente de:(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

I– benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício de prestação continuada da Previdência
Social; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

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II– benefício previdenciário pela participação em plano de previdência complementar instituído nos termos do inciso IV do § 8o deste artigo;(Incluído pela Lei nº
11.718, de 2008)

III- exercício de atividade remunerada em período não superior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou intercalados, no ano civil, observado o disposto no § 13 do
art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991;(Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013)

IV– exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de organização da categoria de trabalhadores rurais;(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

V– exercício de mandato de vereador do Município em que desenvolve a atividade rural ou de dirigente de cooperativa rural constituída, exclusivamente, por
segurados especiais, observado o disposto no § 13 do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991;(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

VI– parceria ou meação outorgada na forma e condições estabelecidas no inciso I do § 8o deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

VII– atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima produzida pelo respectivo grupo familiar, podendo ser utilizada matéria-prima de outra origem, desde que
a renda mensal obtida na atividade não exceda ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

VIII– atividade artística, desde que em valor mensal inferior ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social.(Incluído pela Lei nº 11.718, de
2008)

§ 10. O segurado especial fica excluído dessa categoria:(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

I– a contar do primeiro dia do mês em que:(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

a) deixar de satisfazer as condições estabelecidas no inciso VII do caput deste artigo, sem prejuízo do disposto no art. 15 desta Lei, ou exceder qualquer dos
limites estabelecidos no inciso I do § 8o deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

b) enquadrar-se em qualquer outra categoria de segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência Social, ressalvado o disposto nos incisos III, V, VII e VIII do
§ 9o e no § 12, sem prejuízo do disposto no art. 15;(Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013)

c) tornar-se segurado obrigatório de outro regime previdenciário; e (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013)

d) participar de sociedade empresária, de sociedade simples, como empresário individual ou como titular de empresa individual de responsabilidade limitada em
desacordo com as limitações impostas pelo § 12;(Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Produção de efeito)

II– a contar do primeiro dia do mês subseqüente ao da ocorrência, quando o grupo familiar a que pertence exceder o limite de:(Incluído pela Lei nº 11.718, de
2008)

a) utilização de terceiros na exploração da atividade a que se refere o § 7o deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

b) dias em atividade remunerada estabelecidos no inciso III do § 9o deste artigo; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

c) dias de hospedagem a que se refere o inciso II do § 8o deste artigo.(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

§ 11.Aplica-se o disposto na alínea a do inciso V do caput deste artigo ao cônjuge ou companheiro do produtor que participe da atividade rural por este
explorada. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

§ 12.A participação do segurado especial em sociedade empresária, em sociedade simples, como empresário individual ou como titular de empresa individual de
responsabilidade limitada de objeto ou âmbito agrícola, agroindustrial ou agroturístico, considerada microempresa nos termos da Lei Complementar no 123, de 14
de dezembro de 2006, não o exclui de tal categoria previdenciária, desde que, mantido o exercício da sua atividade rural na forma do inciso VII do caput e do § 1o,
a pessoa jurídica componha-se apenas de segurados de igual natureza e sedie-se no mesmo Município ou em Município limítrofe àquele em que eles
desenvolvam suas atividades.(Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Produção de efeito)

§ 13(VETADO).(Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Produção de efeito)

Art. 12. O servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, bem como o das respectivas autarquias
e fundações, são excluídos do Regime Geral de Previdência Social consubstanciado nesta Lei, desde que amparados por regime próprio de previdência
social.(Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

$ 1o Caso o servidor ou o militar venham a exercer, concomitantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo Regime Geral de Previdência Social, tornar-se-ão
segurados obrigatórios em relação a essas atividades.(Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

§ 2o Caso o servidor ou o militar, amparados por regime próprio de previdência social, sejam requisitados para outro órgão ou entidade cujo regime previdenciário
não permita a filiação, nessa condição, permanecerão vinculados ao regime de origem, obedecidas as regras que cada ente estabeleça acerca de sua
contribuição.(Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

Art.13. É segurado facultativo o maior de 14 (quatorze) anos que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social, mediante contribuição, desde que não incluído
nas disposições do art. 11.

Art.14. Consideram-se:

I- empresa - a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e
entidades da administração pública direta, indireta ou fundacional;

II- empregador doméstico - a pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico.

Parágrafo único. Equiparam-se a empresa, para os efeitos desta Lei, o contribuinte individual e a pessoa física na condição de proprietário ou dono de obra de
construção civil, em relação a segurado que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão
diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras. (Redação dada pela Lei nº 13.202, de 2015)

Adentrando a questão, de acordo com a Lei n.º 8.213 (art. 11, I, “e”), são segurados obrigatórios da Previdência Social, na qualidade de empregado (E
NÃO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL!), o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos
quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio.

Do exposto, errada a questão!

Ponto do edital do V Concurso: 2.1 Os beneficiários. 2.1.1 Segurado.

Questão 32

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Direito Previdenciário e da Assistência Social

Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições, até 6 (seis) meses após o licenciamento, o segurado
incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:
Sobre o tema manutenção da qualidade de segurado, vejamos o que diz a Lei n.º 8.213:

Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições:

I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício;

II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver
suspenso ou licenciado sem remuneração;

III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segregação compulsória;

IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso;

V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar;

VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo.

§ 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem
interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado.

§ 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no
órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social.

§ 3º Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência Social.

§ 4º A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da
contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos.

Do que se expôs, vê-se claramente que houve afronta ao art. 15, V, da Lei n.º 8.213. Sendo assim, errada!

Ponto do edital do V Concurso: 2.1.1.1 Perda da condição de segurado. 2.1.1.2 O período de graça.

Questão 33
Direito Previdenciário e da Assistência Social

De acordo com a Lei 8213, são beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado, o irmão
não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou
deficiência grave. Segundo essa mesma lei, tal dependente presume-se economicamente vinculado ao segurado, razão pela qual a lei
fala em “presunção de dependência”, não havendo necessidade de provas.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:

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Seção II
Dos Dependentes

Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado:

I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência
intelectual ou mental ou deficiência grave; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)(Vigência)

II - os pais;

III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência
grave; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

IV - (Revogada pela Lei nº 9.032, de 1995)

§ 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às prestações os das classes seguintes.

§ 2º .O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma
estabelecida no Regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)

§ 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º
do art. 226 da Constituição Federal.

§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada.

De acordo com a Lei 8213, somente o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e
um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave, é que presume-se economicamente vinculado ao segurado,
razão pela qual a lei fala em “presunção de dependência”, não havendo necessidade de provas.

Os demais terão que provar documentalmente a dependência econômica.

Sendo assim, errada a questão!

Ponto do edital do V Concurso: 2.1.2 Dependentes.

Questão 34
Princípios Institucionais da Defensoria Pública

Quanto à assistência jurídica prestada pela Defensoria Pública, podemos dizer que está prevista no art. 5º, LXXIV, da CF/1988, sendo
deferida por um Defensor Público no bojo de um procedimento administrativo aos que comprovarem insuficiência de recursos.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: CORRETA

Justificativa:
Até 1988, as Constituições diziam que a assistência judiciária aos necessitados seria concedida pelo Estado. A Lei n.º 1.060/1950, que regulou a justiça gratuita e
traçou parâmetros para a assistência judiciária, referia-se ao termo benefício. A Constituição de 1988, por sua vez, preceitua que o Estado prestará assistência
jurídica integral e gratuita (art. 5º, LXXIV).

A imposição a que o Estado preste assistência jurídica enfatiza a ideia de que a assistência jurídica não se constitui em uma dádiva, a ser concedida como um ato
de caridade. A assistência jurídica exprime um direito individual, notadamente por estar inserida no capítulo I do título II da CF/1988.

Por força do art. 5º, LXXIV, a assistência jurídica integral e gratuita prestada pelo Estado pode ser desfrutada por todos aqueles que comprovarem insuficiência de
recursos. O seu único requisito é a demonstração de necessidade. Logo, presente este pressuposto, surge o direito do indivíduo de ser assistido integral e
gratuitamente, na esfera jurídica, pelo Estado.

Do que se expôs, podemos dizer que a assistência jurídica integral e gratuita é um direito público subjetivo (direito fundamental social). Ou, em outras palavras,
direito fundamental social de cunho prestacional. Compõe a segunda dimensão dos direitos fundamentais, colimando corrigir a desigualdade material (concreta e
fática) que é resultado da carência de recursos. Proporciona ao sujeito materialmente incapaz o usufruto das mesmas benesses jurídicas que um cidadão
abastado, equilibrando pela via jurídica a desigualdade fatual existente.

Além disso, os direitos fundamentais sociais exprimem prestação de cunho material, ou seja, são direitos que reclamam do Estado a realização de ações fáticas a
serem cumpridas no intuito de concretizar o princípio da isonomia material. Daí porque também podem ser designados como direitos a prestações.

Como direito fundamental social, a assistência jurídica integral e gratuita visa a contrabalançar a desigualdade que afeta os hipossuficientes. A intenção do
constituinte é assegurar a real e concreta igualdade de todos, no campo factual, e não apenas no âmbito das normas jurídicas (igualdade meramente formal).

Portanto, a assistência jurídica integral e gratuita se assenta nos seguintes pilares: promover a igualdade material (art. 5º, I, da CF) e construir uma sociedade
justa, livre e solidária (art. 3º, I, da CF).

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A Constituição de 1988, além de ampliar para o campo jurídico a atribuição de assistência aos necessitados, impôs, em contrapartida, como requisito para a sua
concessão, a necessidade de se demonstrar a insuficiência de recursos.

Ao contrário do que preceituava a lei n.º 1.060/1950, que reclamava para a justiça gratuita apenas a afirmação de hipossuficiência financeira, a assistência jurídica
integral e gratuita (art. 5º, LXXIV, da CF/1988), prestada pela Defensoria Pública (art. 134 da CF/1988), pressupõe algo a mais. Não se mostra suficiente a mera
afirmação ou a simples declaração de inaptidão financeira. O texto constitucional vai adiante, exigindo que se comprove a incapacidade.

A atribuição de verificar a incapacidade financeira e de deferir a fruição do direito à assistência jurídica integral e gratuita pertence à Defensoria Pública, pois a ela
se outorgou a missão de desempenhar esta atividade.

A assistência jurídica integral e gratuita jamais poderia ser deferida pelo Poder Judiciário. Não só porque se trata de serviço público prestado exclusivamente pela
Defensoria Pública, mas também pela circunstância de que a sua concretização não depende, muitas vezes, de intervenção judicial.

O que o Poder Judiciário se encarrega de analisar e deferir é o direito à justiça gratuita, instituto consagrado no art. 98 do NCPC e que possibilita à parte
hipossuficiente isentar-se do pagamento antecipado das despesas processuais.

Do que se disse, a assistência jurídica: a-) está prevista no art. 5º, LXXIV, da CF/1988; b-) é deferida por um Defensor Público; c-) no bojo de um procedimento
administrativo; d-) aos que comprovarem insuficiência de recursos.

Portanto, correta a questão.

Fonte:

- LIMA, Frederico Rodrigues Viana de. Defensoria Pública. 4ª Edição. Editora Juspodivm, 2015.

- Roger, Franklin. Princípios institucionais da defensoria pública: De acordo com a EC 74/2013 (Defensoria Pública da União) / Franklin Roger, Diogo
Esteves. – Rio de Janeiro : Forense, 2014.

Ponto do edital do V Concurso: 1.1 Direito à assistência jurídica gratuita.

Questão 35
Princípios Institucionais da Defensoria Pública

Acerca da gratuidade de justiça, analise o item a seguir:


A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os
honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na
petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. Se superveniente à primeira
manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, porém
suspenderá seu curso.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:
O tema “gratuidade de justiça” passou a ser “praticamente” regido pelo NCPC:

Seção IV

Da Gratuidade da Justiça

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários
advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.

§ 1o A gratuidade da justiça compreende:

I - as taxas ou as custas judiciais;

II - os selos postais;

III - as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a publicação em outros meios;

IV - a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá do empregador salário integral, como se em serviço estivesse;

V - as despesas com a realização de exame de código genético - DNA e de outros exames considerados essenciais;

VI - os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou do tradutor nomeado para apresentação de versão em português de documento
redigido em língua estrangeira;

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VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para instauração da execução;

VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para propositura de ação e para a prática de outros atos processuais inerentes ao exercício da
ampla defesa e do contraditório;

IX - os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da prática de registro, averbação ou qualquer outro ato notarial necessário à efetivação
de decisão judicial ou à continuidade de processo judicial no qual o benefício tenha sido concedido.

§ 2o A concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade do beneficiário pelas despesas processuais e pelos honorários advocatícios decorrentes de sua
sucumbência.

§ 3o Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas
se, nos 5 (cinco) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.

§ 4o A concessão de gratuidade não afasta o dever de o beneficiário pagar, ao final, as multas processuais que lhe sejam impostas.

§ 5o A gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou a todos os atos processuais, ou consistir na redução percentual de despesas processuais que o
beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento.

§ 6o Conforme o caso, o juiz poderá conceder direito ao parcelamento de despesas processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento.

§ 7o Aplica-se o disposto no art. 95, §§ 3o a 5o, ao custeio dos emolumentos previstos no § 1o, inciso IX, do presente artigo, observada a tabela e as condições da
lei estadual ou distrital respectiva.

§ 8o Na hipótese do § 1o, inciso IX, havendo dúvida fundada quanto ao preenchimento atual dos pressupostos para a concessão de gratuidade, o notário ou
registrador, após praticar o ato, pode requerer, ao juízo competente para decidir questões notariais ou registrais, a revogação total ou parcial do benefício ou a sua
substituição pelo parcelamento de que trata o § 6o deste artigo, caso em que o beneficiário será citado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se sobre esse
requerimento.

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.

§ 1o Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e não
suspenderá seu curso.

§ 2o O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade,
devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.

§ 3o Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural.

§ 4o A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça.

§ 5o Na hipótese do § 4o, o recurso que verse exclusivamente sobre valor de honorários de sucumbência fixados em favor do advogado de beneficiário estará
sujeito a preparo, salvo se o próprio advogado demonstrar que tem direito à gratuidade.

§ 6o O direito à gratuidade da justiça é pessoal, não se estendendo a litisconsorte ou a sucessor do beneficiário, salvo requerimento e deferimento expressos.

§ 7o Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o recorrente estará dispensado de comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao relator,
neste caso, apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do recolhimento.

Art. 100. Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer impugnação na contestação, na réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido
superveniente ou formulado por terceiro, por meio de petição simples, a ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos do próprio processo, sem
suspensão de seu curso.

Parágrafo único. Revogado o benefício, a parte arcará com as despesas processuais que tiver deixado de adiantar e pagará, em caso de má-fé, até o décuplo de
seu valor a título de multa, que será revertida em benefício da Fazenda Pública estadual ou federal e poderá ser inscrita em dívida ativa.

Art. 101. Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua revogação caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for
resolvida na sentença, contra a qual caberá apelação.

§ 1o O recorrente estará dispensado do recolhimento de custas até decisão do relator sobre a questão, preliminarmente ao julgamento do recurso.

§ 2o Confirmada a denegação ou a revogação da gratuidade, o relator ou o órgão colegiado determinará ao recorrente o recolhimento das custas processuais, no
prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de não conhecimento do recurso.

Art. 102. Sobrevindo o trânsito em julgado de decisão que revoga a gratuidade, a parte deverá efetuar o recolhimento de todas as despesas de cujo adiantamento
foi dispensada, inclusive as relativas ao recurso interposto, se houver, no prazo fixado pelo juiz, sem prejuízo de aplicação das sanções previstas em lei.

Parágrafo único. Não efetuado o recolhimento, o processo será extinto sem resolução de mérito, tratando-se do autor, e, nos demais casos, não poderá ser
deferida a realização de nenhum ato ou diligência requerida pela parte enquanto não efetuado o depósito.

Voltando à questão, quase toda ela está correta, ao não ser o finalzinho...

De acordo com o art. 99, § 1º, do NCPC, se o pedido de gratuidade de justiça for superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido
poderá ser formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e NÃO SUSPENDERÁ seu curso.

Ponto do edital do V Concurso: 3 A Lei nº 1.060/1950

Questão 36
Princípios Institucionais da Defensoria Pública

Acerca da gratuidade de justiça, e com base no novo CPC de 2015, analise o item seguinte:
O CPC de 2015 previu tão somente que a pessoa natural, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas,
as despesas processuais e os honorários advocatícios, teria direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.

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Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:
Resposta está no art. 98 do NCPC:

A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios
tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.

Errada, portanto.

Ponto do edital do V Concurso: 3 A Lei nº 1.060/1950

Questão 37
Direito Constitucional

O mínimo existencial, parâmetro que deve nortear o poder público em suas escolhas, está ligado à ideia de indivisibilidade dos direitos
humanos e significa um conjunto de prestações materiais mínimas sem as quais se poderá afirmar que o indivíduo se encontra em
situação de indignidade. Ademais, a doutrina considera que o princípio encontra-se previsto na Declaração Universal de Direitos
Humanos.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: CORRETA

Justificativa:
Segundo André de Carvalho Ramos, a doutrina defende que o núcleo essencial do princípio da dignidade da pessoa humana é composto pelo mínimo existencial,
que consiste em um conjunto de prestações materiais mínimas sem as quais se poderá afirmar que o indivíduo se encontra em situação de indignidade.

Para compor esse mínimo existencial indispensável à promoção da dignidade humana, é necessário levar em consideração a implementação dos direitos à
educação básica, à saúde, à assistência social e acesso à justiça (com a prestação da assistência jurídica gratuita integral).

Ademais, segundo o doutrinador, o mínimo existencial está ligado à ideia de indivisibilidade, característica inerente aos direitos humanos, que consiste no
reconhecimento de que todos os direitos humanos possuem a mesma proteção jurídica, uma vez que são essenciais para uma vida digna.

O objetivo do reconhecimento da indivisibilidade seria exigir que o Estado também invista – tal qual investe na promoção dos direitos de primeira geração – nos
direitos sociais, zelando pelo chamado mínimo existencial, ou seja, as ditas condições materiais mínimas de sobrevivência digna do indivíduo.

Por fim, entre os direitos sociais previstos na Declaração Universal de Direitos Humanos em sentido amplo constam o direito à segurança social, ao trabalho, o
direito à livre escolha da profissão e o direito à educação, bem como o direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar,
inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis (artigo XXV). Tal previsão consubstancia, no texto da
declaração, o mínimo existencial.

Fonte: André de Carvalho Ramos, Curso de Direitos Humanos.

Questão 38
Direito Constitucional

Tendo em vista a separação de poderes, o princípio democrático e reserva do possível, não é licito ao poder judiciário determinar, em

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nenhuma hipótese, ao poder executivo medidas ou a execução de obras emergenciais em estabelecimentos prisionais.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:
Em 2014 o STF julgou, sob a sistemática da Repercussão Geral, a possibilidade do poder judiciário impor ao poder executivo a obrigação de realizar obras
emergenciais em presídios.

No julgado ficou assentado que é lícito ao Judiciário impor à Administração Pública obrigação de fazer, consistente em medidas ou execução de obras
emergenciais em presídios para dar efetividade ao postulado da dignidade da pessoa humana e do mínimo existencial e assegurar aos detentos o respeito à sua
integridade física e moral, nos termos do art. 5º, XLIX, da CF, não sendo oponível à decisão o argumento da reserva do possível nem o princípio da separação dos
poderes.

No caso concreto o estabelecimento prisional possuía condições estruturais atentatórias à integridade física e moral dos detentos. E, diante do caráter de
ressocialização da pena, concluiu-se que impor ao condenado condições sub-humanas atentaria contra esse objetivo.

Ademais, diante da situação geral dos presídios, concluiu-se que a sujeição de presos a penas a ultrapassar mera privação de liberdade prevista na lei e na
sentença seria um ato ilegal do Estado, e retiraria da sanção qualquer potencial de ressocialização. De forma que haveria uma violação de normas constitucionais,
infraconstitucionais e internacionais. Caberia, portanto, ao Judiciário intervir para que o conteúdo do sistema constitucional fosse assegurado a qualquer
jurisdicionado, de acordo com o postulado da inafastabilidade da jurisdição.

Logo, a utilização da separação dos poderes para afastar a intervenção estatal acarretaria uma subversão do princípio que foi criado como forma de garantia
contra abusos de detentores do próprio estado.

Por outro lado, os direitos fundamentais em discussão não seriam normas meramente programáticas, sequer se trataria de hipótese em que o Judiciário
estaria ingressando indevidamente em campo reservado à Administração.

No julgado, foram traçados alguns parâmetros para a atuação judicial em políticas públicas:

(1) Não cabe ao Judiciário intervir, de ofício, em todas as situações em que direitos fundamentais sejam ameaçados e não cabe ao magistrado agir sem
provocação, transmudando-se em administrador público;

(2) A intervenção pode ocorrer nas situações em que se evidenciasse um “não fazer” comissivo ou omissivo por parte das autoridades estatais que colocasse em
risco, de maneira grave e iminente, os direitos dos jurisdicionados.

Por fim, a denominada cláusula da reserva do possível só é oponível se objetivamente verificado o justo motivo suscitado pelo poder público para não realizar o
mandamento constitucional.

Assim, tratando-se de direito essencial, incluso no conceito de mínimo existencial, inexistirá empecilho jurídico para que o Judiciário estabeleça a
inclusão de determinada política pública nos planos orçamentários do ente político, mormente quando não houver comprovação objetiva da
incapacidade econômico-financeira da pessoa estatal.

Logo, quanto à reserva do possível, é preciso ter em mente que o direito alemão construiu essa teoria no sentido de que o indivíduo só pode requerer do Estado
uma prestação que se dê nos limites do razoável, ou seja, na qual o peticionante atenda aos requisitos objetivos para sua fruição.

Os direitos sociais prestacionais estão sujeitos à reserva do possível no sentido daquilo que o indivíduo, de maneira racional, pode esperar da sociedade. Ocorre
que não se podem importar preceitos do direito comparado sem atentar para Estado brasileiro.

Na Alemanha, os cidadãos já dispõem de um mínimo de prestações materiais capazes de assegurar existência digna. Por esse motivo, o indivíduo não pode
exigir do Estado prestações supérfluas, pois isso escaparia do limite do razoável, não sendo exigível que a sociedade arque com esse ônus.

É por isso que o princípio da reserva do possível não pode ser oposto ao princípio do mínimo existencial. Desse modo, somente depois de atingido esse
mínimo existencial é que se poderá discutir, relativamente aos recursos remanescentes, em quais outros projetos se deve investir.

Assim, o princípio da reserva do possível não pode ser utilizado de forma indiscriminada pelo poder público como salvaguarda para ineficiência na prestação do
mínimo existencial.

Fonte: informativos 543 do STJ e 794 do STF

Questão 39
Direito Constitucional

A liberdade de expressão consiste no direito de manifestar, sob qualquer forma, ideias e informações de qualquer natureza abrangendo
as atividades de comunicação. Por tal motivo, o STF entende que o Estado não pode predeterminar horários de exibição de programas
de rádio ou televisão.

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Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: CORRETA

Justificativa:
A liberdade de expressão é garantida nos artigos 5º, IV, IX e, no que diz respeito à comunicação social, no art. 220 da Constituição:

“Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição,
observado o disposto nesta Constituição”.

Segundo André de Carvalho Ramos a liberdade de expressão consiste no direito de manifestar, sob qualquer forma, ideias e informações de qualquer natureza.
Por isso, abrange a produção intelectual, artística, científica e de comunicação de quaisquer ideias ou valores.

No informativo 837 consta notícia de julgamento de ADI na qual se analisou a colisão entre liberdade de expressão nos meios de comunicação como a proteção
da criança e do adolescente que, segundo a corte, são axiomas de envergadura constitucional.

A norma objeto da ADI foi o artigo 254 da Lei 8069/90 (ECA) que prevê infração administrativa punível com multa e suspensão da programação em do caso do
veículo de informação “Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificação ”.

Segundo o STF a liberdade de programação é uma das dimensões da liberdade de expressão em sentido amplo, essencial para construir e consolidar uma
esfera de discurso público qualificada.

Por outro lado, a criança e o adolescente, pela posição de fragilidade em que se colocam na sociedade, devem ser destinatários de normas e ações protetivas
voltadas ao seu desenvolvimento pleno e à preservação contra situações potencialmente danosas a sua formação física, moral e mental.

A compatibilização da defesa da criança e do adolescente contra a exposição a conteúdos inapropriados veiculados em diversões públicas e programas de rádio e
de televisão, de um lado, e a garantia constitucional da liberdade de expressão, de outro, deve observar o art. 21, XVI, da CF (“Art. 21. Compete à União: ... XVI -
exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e televisão”), bem como o art. 220, § 3º, I e II, do mesmo diploma.

Assim, a Constituição estabeleceu mecanismo apto a oferecer aos telespectadores das diversões públicas e de programas de rádio e televisão as
indicações, as informações e as recomendações necessárias acerca do conteúdo veiculado.

Logo, o sistema de classificação indicativa é ponto de equilíbrio adotado pela Constituição para compatibilizar os dois postulados, a fim de velar pela integridade
das crianças e dos adolescentes sem deixar de lado a preocupação com a garantia da liberdade de expressão.

A competência da União para exercer a classificação indicativa somente se legitima por expressa disposição constitucional. Mas essa incumbência não se
confunde com autorização, e sequer poderia servir de anteparo para que se aplicassem sanções de natureza administrativa.

Desse modo, o Estado não pode determinar que a exibição da programação somente se desse em horários determinados, o que caracterizaria
imposição, e NÃO RECOMENDAÇÃO.

Logo, o artigo 254, ao utilizar a expressão “em horário diverso do autorizado”’ converteu a classificação indicativa em obrigatória.

Assim, o termo implica censura prévia, acompanhada de previsão de punição. Dessa forma, haveria afronta aos artigos 5º, IX; 21, XVI; e 220, § 3º, I, todos da CF.

Ademais, sempre é possível a responsabilização judicial das emissoras de radiodifusão por abusos ou danos à integridade de crianças e adolescentes, tendo em
conta, inclusive, a recomendação em relação aos horários em que determinada programação seria adequada.

Fonte: informativo 837 do STF e André de Carvalho Ramos, Curso de Direitos Humanos.

Questão 40
Direito Constitucional

O STF entende que a requisição direta das autoridades fiscais às instituições financeiras de movimentações bancárias do contribuinte
não caracterizam quebra de sigilo bancário, mas sim mera transferência de sigilos.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: CORRETA

Justificativa:

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Segundo Gilmar Mendes, o sigilo bancário consiste na obrigação imposta aos bancos e a seus funcionários de discrição, a respeito de negócios, presentes e
passados, de pessoas com que lidaram, abrangendo dados sobre a abertura e o fechamento de contas e a sua movimentação.

O direito ao sigilo bancário, entretanto, não é absoluto, nem ilimitado. Havendo tensão entre o interesse do indivíduo e o interesse da coletividade, em torno do
conhecimento de informações relevantes para determinado contexto social, o controle sobre os dados pertinentes não há de ficar submetido ao exclusivo arbítrio
do indivíduo.

Sobre o tema, questão controversa, era a previsão dos Artigos 5º e 6º da Lei Complementar nº 105/2001 que previa o fornecimento, pelas instituições
financeiras, de informações bancárias de contribuintes à administração tributária.

Entretanto, ao julgar quatro ADIs sobre o tema o STF entendeu que não há, nos artigos 5º e 6º da LC 105/2001, violação a direito fundamental, notadamente de
ofensa à intimidade pois não haveria “quebra de sigilo bancário”, mas, ao contrário, a afirmação desse direito.

Outrossim, seria clara a confluência entre os deveres do contribuinte — o dever fundamental de pagar tributos — e os deveres do Fisco — o dever de bem tributar
e fiscalizar.

O que ocorreria não seria propriamente a quebra de sigilo, mas a “TRANSFERÊNCIA DE SIGILO” dos bancos ao Fisco. Nessa transmutação, inexistiria qualquer
distinção entre uma e outra espécie de sigilo que pudesse apontar para uma menor seriedade do sigilo fiscal em face do bancário.

Ademais, as normas impugnadas não ofendem o direito ao sigilo bancário, porque realizam a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da
capacidade contributiva, bem como estabelecem requisitos objetivos e a transferência do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal.

Vejamos a ementa do julgado (parte foi suprimida – o inteiro teor pode ser encontrado no site do STF através do seguinte link:
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?
s1=%28ADI%24%2ESCLA%2E+E+2390%2ENUME%2E%29+OU+%28ADI%2EACMS%2E+ADJ2+2390%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/bf2wcle):

EMENTA Ação direta de inconstitucionalidade. Julgamento conjunto das ADI nº 2.390, 2.386, 2.397 e 2.859. Normas federais relativas ao sigilo das operações de
instituições financeiras. Decreto nº 4.545/2002. Exaurimento da eficácia. Perda parcial do objeto da ação direta nº 2.859. Expressão “do inquérito ou”, constante no
§ 4º do art. 1º, da Lei Complementar nº 105/2001. Acesso ao sigilo bancário nos autos do inquérito policial. Possibilidade. Precedentes. Art. 5º e 6º da Lei
Complementar nº 105/2001 e seus decretos regulamentadores. Ausência de quebra de sigilo e de ofensa a direito fundamental. Confluência entre os deveres do
contribuinte (o dever fundamental de pagar tributos) e os deveres do Fisco (o dever de bem tributar e fiscalizar). Compromissos internacionais assumidos pelo
Brasil em matéria de compartilhamento de informações bancárias. Art. 1º da Lei Complementar nº 104/2001. Ausência de quebra de sigilo. Art. 3º, § 3º, da LC
105/2001. Informações necessárias à defesa judicial da atuação do Fisco. Constitucionalidade dos preceitos impugnados. ADI nº 2.859. Ação que se conhece em
parte e, na parte conhecida, é julgada improcedente. ADI nº 2.390, 2.386, 2.397. Ações conhecidas e julgadas improcedentes.

(....)

4. Os artigos 5º e 6º da Lei Complementar nº 105/2001 e seus decretos regulamentares (Decretos nº 3.724, de 10 de janeiro de 2001, e nº 4.489, de 28 de
novembro de 2009) consagram, de modo expresso, a permanência do sigilo das informações bancárias obtidas com espeque em seus comandos, não havendo
neles autorização para a exposição ou circulação daqueles dados. Trata-se de uma transferência de dados sigilosos de um determinado portador, que tem o dever
de sigilo, para outro, que mantém a obrigação de sigilo, permanecendo resguardadas a intimidade e a vida privada do correntista, exatamente como determina o
art. 145, § 1º, da Constituição Federal. 5. A ordem constitucional instaurada em 1988 estabeleceu, dentre os objetivos da República Federativa do Brasil, a
construção de uma sociedade livre, justa e solidária, a erradicação da pobreza e a marginalização e a redução das desigualdades sociais e regionais. Para tanto, a
Carta foi generosa na previsão de direitos individuais, sociais, econômicos e culturais para o cidadão. Ocorre que, correlatos a esses direitos, existem também
deveres, cujo atendimento é, também, condição sine qua non para a realização do projeto de sociedade esculpido na Carta Federal. Dentre esses deveres, consta
o dever fundamental de pagar tributos, visto que são eles que, majoritariamente, financiam as ações estatais voltadas à concretização dos direitos do cidadão.
Nesse quadro, é preciso que se adotem mecanismos efetivos de combate à sonegação fiscal, sendo o instrumento fiscalizatório instituído nos arts. 5º e 6º da Lei
Complementar nº 105/ 2001 de extrema significância nessa tarefa. 6. O Brasil se comprometeu, perante o G20 e o Fórum Global sobre Transparência e
Intercâmbio de Informações para Fins Tributários (Global Forum on Transparency and Exchange of Information for Tax Purposes), a cumprir os padrões
internacionais de transparência e de troca de informações bancárias, estabelecidos com o fito de evitar o descumprimento de normas tributárias, assim como
combater práticas criminosas. Não deve o Estado brasileiro prescindir do acesso automático aos dados bancários dos contribuintes por sua administração
tributária, sob pena de descumprimento de seus compromissos internacionais. 7. O art. 1º da Lei Complementar 104/2001, no ponto em que insere o § 1º, inciso II,
e o § 2º ao art. 198 do CTN, não determina quebra de sigilo, mas transferência de informações sigilosas no âmbito da Administração Pública. Outrossim, a previsão
vai ao encontro de outros comandos legais já amplamente consolidados em nosso ordenamento jurídico que permitem o acesso da Administração Pública à
relação de bens, renda e patrimônio de determinados indivíduos.
(....). (ADI 2859, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 24/02/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-225 DIVULG 20-10-2016 PUBLIC 21-10-
2016).

Fonte: Curso de Direito Constitucional/ Gilmar Ferreira Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco e Informativo 815 do STF.

Questão 41
Direito Constitucional

Direitos fundamentais, diante de sua carga normativa e hierarquia constitucional, detêm as características de serem absolutos e
universais, atributos aos quais a doutrina não traz qualquer ressalva.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

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Justificativa:
Em que pese a carga normativa em torno dos direitos fundamentais, a doutrina afirma que o traço da universalidade e o caráter absoluto dos direitos fundamentais
devem ser vistos com ponderação.

Quanto à universalidade no polo ativo, segundo Gilmar Mendes, todas as pessoas são titulares de direitos fundamentais e a qualidade de ser humano constitui
condição suficiente para a titularidade de vários desses direitos.

Entretanto, alguns direitos fundamentais específicos não se ligam a toda e qualquer pessoa. Assim, na lista dos direitos fundamentais previstos na Constituição, há
direitos de todos os homens (ex.: direito à vida), mas há também direitos pertencem a apenas alguns grupos (trabalhadores, por exemplo).

Dessa forma, o constituinte optou por privilegiar certos bens que vêm satisfazer necessidades de alguns homens em posições sociais específicas. Assim, a
previsão no rol de direitos fundamentais de alguns direitos implica reconhecer que determinados objetivos vitais de algumas pessoas têm tanta importância como
os objetivos básicos do conjunto dos indivíduos.

Quanto ao polo passivo das relações jurídicas também não se pode falar sempre em universalidade quando se fala em direito fundamental. Há casos em que se
discute se os direitos fundamentais têm por obrigados não só os Poderes Públicos como também os particulares; em outros casos, há direitos que, por sua
natureza, apenas podem ter por obrigado o Estado (ex.: direito de petição aos órgãos públicos).

Pode-se ouvir, ainda, que os direitos fundamentais são absolutos, no sentido de se situarem no patamar máximo de hierarquia jurídica e de não
tolerarem restrição.

Tal ideia tem premissa no pressuposto jusnaturalista de que o Estado existe para proteger direitos naturais, como a vida, a liberdade e a propriedade, que, de outro
modo, estariam ameaçados.

Se é assim, todo poder aparece limitado por esses direitos e nenhum objetivo estatal ou social teria como prevalecer sobre eles. Os direitos fundamentais gozariam
de prioridade absoluta sobre qualquer interesse coletivo.

Entretanto, a doutrina majoritária admit que os direitos fundamentais podem ser objeto de limitações, não sendo, pois, absolutos.

Tornou-se pacífico que os direitos fundamentais podem sofrer limitações, quando enfrentam outros valores de ordem constitucional, inclusive outros direitos
fundamentais.

Igualmente no âmbito internacional, as declarações de direitos humanos admitem expressamente limitações, conforme artigo 12 do Pacto Internacional sobre
Direitos Civis e Políticos que permite restrições “previstas em lei e no intuito de proteger a segurança nacional e a ordem, a saúde ou a moral pública, bem
como os direitos e liberdades das demais pessoas, e que sejam compatíveis com os outros direitos reconhecidos no presente Pacto”.

A leitura da Constituição brasileira mostra que essas limitações são, às vezes, expressamente previstas no Texto. Até o direito à vida tem limitação explícita no
inciso XLVII, a, do art. 59., em que se contempla a pena de morte em caso de guerra formalmente declarada

Não há, portanto, em princípio, que falar, entre nós, em direitos absolutos. Tanto outros direitos fundamentais como outros valores com sede constitucional podem
limitá-los.

Fonte: Curso de Direito Constitucional/ Gilmar Ferreira Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco e André de Carvalho Ramos, Curso de Direitos Humanos.

Questão 42
Direito Internacional

O protocolo de Las Lenãs garante aos cidadãos dos países signatários o livre acesso à jurisdição do estado em que ocorrerá o ato, em
condições de igualdade aos cidadãos deste estado. Ademais, o protocolo dispensa o denominado cautio judicatum solvi.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: CORRETA

Justificativa:
O artigo 3º do Protocolo de Las Leñas, firmado entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, prevê o livre acesso à jurisdição para a defesa de direitos e interesses
dos cidadãos e residentes permanentes de um dos Estados Partes (incluído pessoas jurídicas constituídas, autorizadas ou registradas conforme as leis de
qualquer dos Estados Partes), perante o sistema judiciário dos outros estados participantes. Tal acesso deve ocorre em condições de igualdade aos cidadãos do
estado onde praticado o ato.

Artigo 3 - Os cidadãos e os residentes permanentes de um dos Estados Partes gozarão, nas mesmas condições dos cidadãos e residentes permanentes do outro
Estado Parte, do livre acesso à jurisdição desse Estado para a defesa de seus direitos e interesses.

O parágrafo anterior aplicar-se-á às pessoas jurídicas constituídas, autorizadas ou registradas conforme as leis de qualquer dos Estados Partes.

Ademais, o Protocolo de Las Leñas estabelece, em seu art. 4º, que nenhuma caução ou depósito, qualquer que seja sua denominação, poderá ser imposto em
razão da qualidade de cidadão ou residente permanente de outro Estado Parte, o que se aplicará também às pessoas jurídicas constituídas.

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Assim, garante-se o Direito de propugnar em juízo, assegurando-se o livre e fácil acesso aos tribunais, com o mesmo tratamento recebido por um nacional,
incluindo-se aí isenção de cautio judicatum solvi.

Importe, para a correta compreensão, analisar o conceito de cautio judicatum solvi.

O ordenamento processual brasileiro, excepcionalmente e em determinadas situações, condiciona o exercício legítimo da demanda à prestação de uma caução –
ou outra prestação.

Nesses casos, cabe ao autor comprovar que caucionou o juízo no momento de propositura da ação, instruindo a petição inicial com os documentos comprobatórios
adequados. Na ausência de tal comprovação, deverá o juiz de ofício determinar que o autor emende a petição inicial no prazo de quinze dias, sob “pena”
de indeferimento da petição inicial.

Em tais situações temos a denominada cautio judicatum solvi, ou seja, trata-se de caução judicial. O CPC traz as hipóteses nos artigos 83; 486, §2º e 968, II.

Por fim, o art. 83, §1º, I, do NCPC prevê que não se exigirá a caução quando houver dispensa prevista em acordo ou tratado internacional de que o Brasil
faz parte:

Art. 83. O autor, brasileiro ou estrangeiro, que residir fora do Brasil ou deixar de residir no país ao longo da tramitação de processo prestará caução suficiente ao
pagamento das custas e dos honorários de advogado da parte contrária nas ações que propuser, se não tiver no Brasil bens imóveis que lhes assegurem o
pagamento.

§ 1o Não se exigirá a caução de que trata o caput:

I - quando houver dispensa prevista em acordo ou tratado internacional de que o Brasil faz parte;

II - na execução fundada em título extrajudicial e no cumprimento de sentença;

III - na reconvenção.

§ 2o Verificando-se no trâmite do processo que se desfalcou a garantia, poderá o interessado exigir reforço da caução, justificando seu pedido com a indicação da
depreciação do bem dado em garantia e a importância do reforço que pretende obter.

Questão 43
Direito Internacional

O protocolo de Las Lenãs regula o reconhecimento e execução de sentenças e laudos arbitrais em matéria civil, comercial, trabalhista e
administrativa, devendo o pedido de reconhecimento e execução de laudos arbitrais tramitar por meio de cartas rogatórias que, na
normatização do protocolo, podem ser de duas espécies.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: CORRETA

Justificativa:
O Protocolo de Las Leñas é principal documento de cooperação jurídica internacional do MERCOSUL e tem por objetivos:

(1) Acordar soluções jurídicas comuns com o objetivo de fortalecer o processo de integração;

(2) Promover e intensificar a cooperação jurisdicional em matéria civil, comercial, trabalhista e administrativa;

(3) Promover o tratamento equitativo dos nacionais, cidadãos e residentes permanentes ou habituais dos Estados Partes do MERCOSUL;

(4) Facilitar o livre acesso à jurisdição nos Estados para a defesa dos direitos e interesses dos cidadão; e

(5) Adoção de instrumentos comuns que consolidem a segurança jurídica.

O pedido de reconhecimento e execução de sentenças e laudos arbitrais deve tramitar por meio de cartas rogatórias e por intermédio de uma autoridade
central de cada estado parte.

Com relação às cartas rogatórias o capítulo IV do Protocolo de Las Lenãs dispõe que há dois tipos de cartas rogatórias: A) as de simples trâmite; B) as
probatórias.

Artigo 5

Cada Estado Parte deverá enviar às autoridades jurisdicionais do outro Estado, segundo o previsto no artigo 2, carta rogatória em matéria civil, comercial,
trabalhista ou administrativa, quando tenha por objeto:

a) diligências de simples trâmite, tais como citações, intimações, citações com prazo definido, notificações ou outras semelhantes;

b) recebimento ou obtenção de provas.

Assim, as rogatórias de simples trâmite são aquelas que solicitam citação, intimação, notificação para atos que, via de regra, ocorrerão nos estados
rogantes.

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Já as probatórias são aquelas que solicitam a produção de algum tipo de prova no território do estado rogado.

Por fim, o artigo 7 do protocolo prevê requisitos específicos para o caso de cartas rogatórias probatórias que se somam aos requisitos gerais previstos no artigo 6:

Artigo 6

As cartas rogatórias devem conter:

a) denominação e domicílio do órgão jurisdicional requerente;

b) individualização do expediente, com especificação do objeto e natureza do juízo e do nome e domicílio das partes;

c) cópia da petição inicial e transcrição da decisão que determina a expedição da carta rogatória;

d) nome e domicílio do procurador da parte solicitante no Estado requerido, se houver;

e) indicação do objeto da carta rogatória, com o nome e o domicílio do destinatário da medida;

f) informação sobre o prazo de que dispõe a pessoa afetada pela medida para cumprí-la;

g) descrição das formas ou procedimentos especiais com que haverá de cumprir-se a cooperação solicitada;

h) qualquer outra informação que facilite o cumprimento da carta rogatória.

Artigo 7

No caso de ser solicitado o recebimento de provas, a carta rogatória deve também conter:

a) descrição do assunto que facilite a diligência probatória;

b) nome e domicílio de testemunhas ou outras pessoas ou instituições que devam intervir;

c) textos dos interrogatórios e documentos necessários.

Fonte: Direito Internacional Público e Privado, Paulo Henrique Gonçalves Portela e texto “seco” do tratado.

Questão 44
Direito Internacional

Caso uma criança tenha sido retida ilicitamente no Brasil por sua genitora, haverá conflito de competência entre o juízo federal no qual
tramita ação de busca e apreensão da criança ajuizada pelo genitor com fundamento na Convenção de Haia sobre os Aspectos Civis do
Sequestro Internacional de Crianças e o juízo estadual de vara de família que aprecia ação, ajuizada pela genitora, na qual se discuta o
fundo do direito de guarda e a regulamentação de visitas à criança.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:
O combate ao problema da transferência e da retenção ilícita de crianças em outro país, violando o direito de guarda, é objeto da Convenção de Haia sobre
os aspectos civis do Sequestro Internacional de Crianças. Trata-se de documento IMPRESCINDÍVEL para a prova da DPU, ok?

O objetivo da Convenção é repor à criança seu status quo, preservando o foro do país de sua residência habitual como o competente para julgar pedido
de guarda, por configurar o juízo natural onde se pressupõe sejam melhor discutidas as questões a ela referentes e mais fácil a colheita de provas (art. 1° da
convenção).

Assim, a Convenção de Haia consagra o princípio do melhor interesse da criança.

A convenção prevê expressamente medidas administrativas ou judiciais, voltadas a promover a restituição de crianças ilicitamente transferidas do país de
residência habitual para outro país.

Caso frustradas as medidas administrativas deverá ser promovida ação judicial para assegurar o retorno da criança ao país de origem. Tal ação judicial
tramitará na justiça federal tendo em vista que o ajuizamento será providenciado pela União.

Questão interessante ocorre quando tramitam concomitantemente ação de busca e apreensão que tramita na Justiça Federal e ação de guarda e
regulamentação de visitas proposta na Justiça Estadual pelo genitor responsável pela retirada indevida da criança do estado de origem.

Nesses casos, o STJ tem decidido que NÃO HAVERÁ conflito de competência entre o juízo federal no qual tramite ação tão somente de busca e apreensão da
criança ajuizada pelo genitor com fundamento na Convenção de Haia sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças e o juízo estadual de vara
de família que aprecie ação, ajuizada pela genitora, na qual se discuta o fundo do direito de guarda e a regulamentação de visitas à criança; verificando-se
apenas prejudicialidade externa à ação ajuizada na Justiça Estadual, a recomendar a SUSPENSÃO deste processo até a solução final da demanda
ajuizada na Justiça Federal.

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Isso decorre do fato da guarda e regulamentação do direito de visitas não ser objeto da ação de busca e apreensão de criança retida ilicitamente no território
nacional.

Vejamos a ementa do julgado:

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO PROPOSTA NA JUSTIÇA FEDERAL COM BASE NA CONVENÇÃO DE HAIA SOBRE ASPECTOS
CIVIS DO SEQUESTRO INTERNACIONAL DE CRIANÇAS. AÇÃO DE GUARDA E REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS PROPOSTA NA JUSTIÇA ESTADUAL.
INEXISTÊNCIA DE DECISÕES CONFLITANTES. INEXISTÊNCIA DE CONEXÃO. HIPÓTESE DE PREJUDICIALIDADE EXTERNA.

1. Na ação de busca e apreensão em curso na Justiça Federal, cinge-se o julgador ao exame da ocorrência de transferência e retenção ilícitas de criança e de
eventual motivo para a recusa da restituição. 2. A decisão sobre o fundo do direito de guarda e visitação é do juiz de família.3. A cooperação internacional
estabelecida pela Convenção de Haia tem por escopo repor à criança seu statu quo, preservando o juiz natural, assim entendido o juiz do local de sua residência
habitual, para decidir sobre a guarda e regulamentação de visitas. 4. Inexiste conexão entre a ação de busca e apreensão e a ação de guarda e
regulamentação de visitas, senão, apenas, prejudicialidade externa, a recomendar a suspensão desta última. 5. Conflito de competência não conhecido.
(CC 132.100/BA, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 25/02/2015, DJe 14/04/2015).

Fonte: informativo 559 do STJ e Direito Internacional Público e Privado, Paulo Henrique Gonçalves Portela.

Questão 45
Direito Internacional

A Convenção de Haia sobre Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças elenca, com base no princípio do melhor interesse da
criança, hipóteses em que não ocorrerá o retorno da criança ao país de origem. Tais hipóteses podem ser interpretadas ampliativamente,
tendo em vista o citado princípio.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:
De fato, a convenção de Haia traz algumas exceções à regra do retorno.

A primeira hipótese prevê dois requisitos CUMULATIVOS para impedir o retorno:

(a) Ter decorrido mais de um ano entre a data da transferência ou retenção indevidas e a data do início do processo no Estado em que localiza a criança;

(b) Ter ocorrido a Integração da criança no seu novo meio.

Artigo 12

Quando uma criança tiver sido ilicitamente transferida ou retida nos termos do Artigo 3 e tenha decorrido um período de menos de 1 ano entre a data da
transferência ou da retenção indevidas e a data do início do processo perante a autoridade judicial ou administrativa do Estado Contratante onde a criança se
encontrar, a autoridade respectiva deverá ordenar o retomo imediato da criança.

A autoridade judicial ou administrativa respectiva, mesmo após expirado o período de uma ano referido no parágrafo anterior, deverá ordenar o retorno da criança,
salvo quando for provado que a criança já se encontra integrada no seu novo meio.

Quando a autoridade judicial ou administrativa do Estado requerido tiver razões para crer que a criança tenha sido levada para outro Estado, poderá suspender o
processo ou rejeitar o pedido para o retomo da criança.

Já o artigo 13 prevê exceção consubstanciada na inefetividade do direito de guarda ou consentimento com a transferência ou retenção.

Artigo 13

Sem prejuízo das disposições contidas no Artigo anterior, a autoridade judicial ou administrativa do Estado requerido não é obrigada a ordenar o retomo da criança
se a pessoa, instituição ou organismo que se oponha a seu retomo provar:

a) que a pessoa, instituição ou organismo que tinha a seu cuidado a pessoa da criança não exercia efetivamente o direito de guarda na época da transferência ou
da retenção, ou que havia consentido ou concordado posteriormente com esta transferência ou retenção; ou

Ainda no artigo 13, há previsão de não retorno quando comprovado que há risco da criança ficar sujeita a perigos físicos ou psíquicos ou numa situação intolerável
com o retorno.

Artigo 13

(...)

b) que existe um risco grave de a criança, no seu retorno, ficar sujeita a perigos de ordem física ou psíquica, ou, de qualquer outro modo, ficar numa situação
intolerável.

O mesmo artigo 13 prevê a possibilidade de recusa quando a criança, tendo idade e grau de maturidade suficientes para decidir, se opuser ao retorno.

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Artigo 13

(...)

A autoridade judicial ou administrativa pode também recusar-se a ordenar o e retorno da criança se verificar que esta se opõe a ele e que a criança atingiu já idade
e grau de maturidade tais que seja apropriado levar em consideração as suas opiniões sobre o assunto.

Ao apreciar as circunstâncias referidas neste Artigo, as autoridades judiciais ou administrativas deverão tomar em consideração as informações relativas à situação
social da criança fornecidas pela Autoridade Central ou por qualquer outra autoridade competente do Estado de residência habitual da criança.

Por fim, o artigo 20 traz a hipótese em que é possível negar o retorno quando há incompatibilidade com os princípios fundamentais do Estado requerido
relacionados à proteção dos direitos humanos e liberdades fundamentais.

Artigo 20

O retomo da criança de acordo com as disposições contidas no Artigo 12° poderá ser recusado quando não for compatível com os princípios fundamentais do
Estado requerido com relação à proteção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais.

Todas as exceções levam em conta o princípio do melhor interesse da criança.

Entretanto, segundo Paulo Henrique Gonçalves Portela as exceções à regra da devolução DEVEM SER INTERPRETADAS RESTRITIVAMENTE, sob pena de a
Convenção se tornar letra morta e admitir-se o estímulo à remoção ilícita, na medida em que a divergência entre os pais seria transferida ilegalmente para
apreciação na jurisdição à qual a criança foi sequestrada, provavelmente o país do sequestrador.

Assim, as exceções devem ser entendidas em caráter humanitário, visando evitar que a criança seja enviada a uma família perigosa ou abusiva, a um ambiente
social ou nacional perigoso, como um país em plena convulsão.

Fonte: Paulo Henrique Gonçalves Portela e letra “seca” da convenção.

Questão 46
Direitos Humanos

A Convenção Americana de Direitos Humanos possui procedimento bifásico de promoção dos direitos protegidos. Em uma primeira
etapa, perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, é possível a apresentação de petições individuais e interestatais
contendo alegações de violações de direitos humanos. A segunda e eventual etapa ocorre perante a Corte Interamericana de Direitos
Humanos.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: CORRETA

Justificativa:
O sistema interamericano é administrado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) e, dentre seus órgãos, destacam-se a Comissão Interamericana de
Direitos Humanos (Comissão IDH) e a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) como mecanismos de proteção do sistema interamericano.

A Convenção Americana de Direitos Humanos consagrou um procedimento bifásico de promoção dos direitos protegidos: há uma etapa, indispensável,
perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (Comissão IDH) e uma eventual segunda etapa perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos
(Corte IDH).

A Comissão pode receber petições individuais e interestatais contendo alegações de violações de direitos humanos. O procedimento individual é
considerado de adesão obrigatória e o interestatal é facultativo.

Assim, qualquer pessoa pode peticionar à Comissão, alegando violação de direitos humanos de terceiros. Aqui é importante ressaltar que a comissão pode ser
provocada: a) pela própria vítima, b) por terceiros, incluindo organizações não governamentais, c) por outro Estado.

Já a Corte Interamericana só pode ser acionada pelos Estados contratantes e pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que exerce a função
similar à do Ministério Público brasileiro. ATENÇÃO!

A vítima (ou seus representantes) possui somente o direito de petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

A Comissão analisa tanto a admissibilidade da demanda (há requisitos de admissibilidade, entre eles, o esgotamento prévio dos recursos internos) quanto seu
mérito.

Caso a Comissão arquive o caso (demanda inadmissível, ou quanto ao mérito, infundada) não há recurso disponível à vítima.

Outra hipótese de ser o caso apreciado pela Corte ocorre se algum Estado, no exercício de uma verdadeira ação popular, ingressar com a ação contra o Estado
violador. Mesmo nesse caso, o procedimento perante a Comissão é obrigatório.

Fonte: André de Carvalho Ramos, Curso de Direitos Humanos.

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Questão 47
Direitos Humanos

As petições dirigidas à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (Comissão IDH) devem apontar os fatos que comprovem a
violação de direitos humanos denunciada e estão sujeitas a condições de admissibilidade, dentre as quais pode ser citada o esgotamento
dos recursos locais, que não pode ser dispensado.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: ERRADA

Justificativa:
Na petição internacional, o representante deve apontar os fatos que comprovem a violação de direitos humanos denunciada, assinalando, se possível, o nome da
vítima e de qualquer autoridade que tenha tido conhecimento da situação.

As condições de admissibilidade da petição individual à Comissão IDH estão previstas no artigo 46 da Convenção Americana Sobre Direitos Humanos, quais sejam:

(a) o esgotamento dos recursos locais; (b) ausência do decurso do prazo de seis meses, contados do esgotamento dos recursos internos, para a apresentação da
petição; (c) ausência de litispendência internacional, o que impede o uso simultâneo de dois mecanismos internacionais de proteção de direitos humanos; e (d)
ausência de coisa julgada internacional, o que impede o uso sucessivo de dois mecanismos internacionais de proteção de direitos humanos.

O esgotamento dos recursos internos exige que o peticionante prove que tenha esgotado os mecanismos internos de reparação, quer administrativos, quer
judiciais, antes que sua controvérsia possa ser apreciada perante o Direito Internacional e objetiva respeitar a soberania estatal ao se enfatizar o caráter
subsidiário da jurisdição internacional, que só é acionada após o esgotamento dos recursos internos.

Entretanto, caso o estado seja ineficiente em prover recursos internos aptos a reparar os danos causados aos indivíduos haverá uma dupla violação a
direitos humanos passiveis de responsabilização: pela violação ensejadora do dano e pela própria ineficiência em prover recursos internos
adequados.

Ademais, há situações, também previstas no artigo 46, em que a Corte pode ser acionada mesmo sem o prévio esgotamento interno:

(a) Ausência de devido processo legal no direito interno para a proteção do direito violado;

(b) Óbice ao acesso aos recursos da jurisdição interna;

(c) Houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos;

(d) O recurso disponível não for apto a reparar o dano;

(e) Faltar defensores ou haver barreiras de acesso à justiça.

Por fim, ressalte-se que o Estado supostamente violador deve alegar a exceção de admissibilidade por ausência de esgotamento dos recursos internos no
procedimento perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

Logo, para a Corte IDH subentende-se que houve desistência tácita da objeção se não alegada naquele momento, sob pena de afronta ao princípio do
non concedit venire contra factum proprium.

Fonte: André de Carvalho Ramos, Curso de Direitos Humanos.

Questão 48
Direitos Humanos

No Caso Damião Ximenes Lopes o Estado Brasileiro foi condenado por uma série de violações a direitos previstos na Convenção
Americana, não tendo sido aceitas pela Corte IDH alegações relacionadas à divisão de competências estabelecida pelo federalismo
brasileiro e pela separação de poderes.

Correta

Errada

Sem Resposta

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GABARITO: CORRETA

Justificativa:
Damião Ximenes Lopes, pessoa portadora de doença mental, foi assassinado cruelmente em 1999 na casa de repouso onde internado no estado do Ceará. A
demora na prestação jurisdicional civil e criminal levou a família a peticionar à Comissão IDH alegando violações aos seguintes artigos da Convenção Americana
de Direitos Humanos: artigo 4º (direito à vida), artigo 5º (direito à integridade pessoal), artigo 8º (garantias judiciais) e artigo 25 (proteção judicial) da Convenção
Americana.

O Brasil, em exceção preliminar, argumentou o não esgotamento dos recursos. A exceção não foi aceita, tendo em vista que a Corte considera, acerca do
esgotamento dos recursos internos, a necessidade de que tais recursos sejam adequados e efetivos.

Ademais, o Brasil reconheceu as violações aos artigos 4º (direito à vida) e 5º (direito à integridade pessoal). Mas não reconheceu a responsabilidade
internacional pela violação do artigo 8º (garantias judiciais) e 25º (proteção judicial).

Na sentença de mérito da Corte, foi reconhecida a violação aos artigos 4º, 5º, 8º e 25 da Convenção Americana, tendo sido fixadas reparações de cunho
material e moral e obrigação de uma adequada investigação criminal sobre os fatos.

Também ficaram estabelecidos deveres do Estado de elaboração de política antimanicomial.

Ademais, o caso mostra que o Brasil pode ser condenado por ato de ente federado ou por ato do Poder Judiciário, não sendo aceitas alegações como
“respeito ao federalismo” ou “respeito à separação de poderes”.

Assim, o Estado Brasileiro é responsável por atos ocorridos em seu território, mesmo que a competência legislativa, administrativa ou para investigação pertença a
ente da federação.

Ademais, o caso mostra que a responsabilidade estatal por violação de direitos humanos pode decorrer tanto de ações ou omissões atribuíveis ao Estado ou seus
agentes. Por fim, mesmo a ação privada, que esteja autorizada a atuar com capacidade estatal, se enquadra na hipótese de responsabilidade por fatos
diretamente imputáveis ao Estado.

Fonte: André de Carvalho Ramos, Curso de Direitos Humanos.

Questão 49
Filosofia do Direito, Noções de Sociologia Jurídica e Noções de Ciência Política

Os escritores políticos da literatura antipartidária não estabeleciam distinção entre partido político e facção. Contudo, essa distinção vem
sendo realizada atualmente no estudo da Ciência Política.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: CORRETA

Justificativa:
O item está correto. Senão vejamos os ensinamentos de Paulo Bonavides (Ciência Política, 10 ed., Malheiros, p. 453):

“De início, os escritores políticos da literatura antipartidária não estabeleciam distinção entre partido político e facção (séculos XVII e XVIII). Madison, no Federalista
emprega indiferentemente as duas expressões. De modo que é um progresso para o reconhecimento da importância dos partidos políticos aparecerem eles
separados das facções. Quando os dois conceitos se empregam da maneira distinta, o partido é o lado positivo, a facção o lado negativo da
participação política organizada. “A facção é a caricatura do partido” — escreve Bluntschli, que seguidamente afirma serem as facções sempre desnecessárias e
prejudiciais. Galgam o poder quando a sociedade está enferma. E toda vez que no Estado há sintomas de degeneração e ruína se mostram elas prodigiosamente
ativas”.

Paulo Bonavides assinala que, para alguns pensadores contemporâneos, algumas facções ainda subsistem dentro dos partidos políticos.

Questão 50
Filosofia do Direito, Noções de Sociologia Jurídica e Noções de Ciência Política

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A dimensão objetiva dos direitos fundamentais é aquela onde tais direitos se mostram como princípios conformadores do modo como o
Estado que os consagra deve organizar-se e atuar.

Correta

Errada

Sem Resposta

GABARITO: CORRETA

Justificativa:
O item está correto.

Trata-se de adaptação de trecho da seguinte lição do doutrinador Willis Santiago Guerra Filho:

A dimensão objetiva é aquela onde os direitos fundamentais se mostram como princípios conformadores do modo como o Estado que os consagra deve organizar-
se e atuar” (Guerra Filho, Willis Santiago. Direitos fundamentais, processo e princípio da proporcionalidade. In: Guerra Filho, Willis Santiago. Dos direitos humanos
aos direitos fundamentais. Porto Alegre: Livraria dos Advogados, 1997, p.13)

Na esteira de tal pensamento, os direitos fundamentais não devem ser entendidos como uma mera posição jurídica conferida a seu titular, mas também como um
conjunto de regras impositivas de comportamentos ao Estado. Assim, de um lado os direitos fundamentais formam uma categoria especial de direitos subjetivos, já
que são direitos ligados à condição de pessoa humana e de patamar constitucional, de outro, os direitos fundamentais são partes integrantes do direito objetivo,
com estrutura de princípio.

Neste sentido, cumpre colacionar o entendimento de Daniel Sarmento:

Reconhece a doutrina contemporânea a existência de uma dupla dimensão dos direitos fundamentais, porque estes constituem, simultaneamente, fonte de direitos
subjetivos que podem ser reclamados em juízo e as bases fundamentais da ordem jurídica, que se expandem para todo o direito positivo. Abrem-se, desta feita,
novos caminhos e potencialidades para a proteção e promoção dos ideais humanitários que alicerçam os direitos fundamentais, os quais serão enriquecidos com o
reconhecimento da sua dimensão objetiva. Sob este prisma, passa-se a entender que não basta que os poderes públicos se abstenham de violar tais direitos,
exigindo-se que eles os protejam ativamente contra agressões e ameaças provindas de terceiros. Além disso, caberá também ao Estado assegurar no mundo da
vida as condições materiais mínimas para o exercício efetivo das liberdades constitucionais, sem as quais tais direitos, para os despossuídos, não passariam de
promessas vãs. (SARMENTO, Daniel. Direitos Fundamentais e Relações Privadas. RJ: Lumen Juris, 2ª ed., 2006, p. 107).

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