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Salvador
2014
ADONIRAN DA SILVA SANTOS
Salvador
2014
S237 Santos, Adoniran da Silva.
Entre o público e o privado: Praça Luiz Sande e Camarote Salvador /
Adoniran da Silva Santos. 2014.
108 f. : il.
CDU: 712.253(813.8)
ADONIRAN DA SILVA SANTOS
(in memoriam)
AGRADECIMENTOS
À Monica, pelo carinho de dividir com este trabalho, parte da minha vida.
Aos professores Urpi Uriarte, Angelo Serpa e Sérgio Abrahão pelas provocações
nas qualificações.
RESUMO
As relações sociais, nos grandes centros urbanos, deterioram-se, não por uma
vocação, mas por uma inércia no trato do que é público e deveria ser o lugar de uma
transformação qualitativa dessas mesmas relações. É preciso atinar para a
deterioração dos espaços públicos urbanos e para os novos usos que o capitalismo
enxerga em toda porção de território que dê margem a uma nova expressão, seja
ela arquitetônica, econômica, artística, pois, muitas vezes, esses processos chegam
como formas de desconstruir um cotidiano de usos e práticas sedimentados por
parcelas da coletividade que permaneceram muito tempo naqueles locais e neles
perpetuaram essas mesmas expressões em formas e escalas diferenciadas. Em
outras situações, os usos são substituídos ou suprimidos, tornando os espaços
públicos locais desarticulados das práticas e dos usos coletivos, para que possam
atender ao consumo ou à especulação, enfraquecendo os conceitos de coletivo e
público, em favor de uma privatização sistemática do espaço urbano coletivo. As
praças se constituem em um elemento universal nas estruturas urbanas,
independentemente da escala que essas estruturas urbanas apresentam. As praças
são espaços coletivos, públicos, que proporcionam diversas das condições
necessárias às interações entre os seus usuários, mas também podem ser
transformadas em espaços de segregação, a partir de interferências e dos usos aos
quais sejam direcionadas. Este trabalho busca discutir o uso privado de um espaço
público, a Praça Luiz Sande, que se transforma conforme as diferentes formas de
uso coletivo.
ABSTRACT
In large urban centers, social relations deteriorate, not by vocation, but due to inertia
in addressing what is public and should be the place for qualitative transformation of
those relations. Thus, it is necessary to comprehend the deterioration of urban public
spaces and interpret new uses that capitalism identifies in every portion of territory,
permitting either new architectural, economic or artistic expression, often, because
these processes occur as forms that deconstruct part of collectivity’s everyday uses
and sedimented practices that have remained over a long in those places and
perpetuated the same expressions in different forms and scales. In other situations,
the uses are replaced or deleted, turning public spaces into places that are disjointed
from collective practices uses, in order to comply with consumption or speculation,
weakening the concepts of collective and public in favor of a systematic privatization
of urban collective space. Squares constitute a universal element in urban structures,
regardless of the scale, which these urban structures present. The squares are
collective and public spaces, which provide many of the necessary conditions for the
interactions among their users, but can also be transformed into spaces of
segregation, corresponding to interferences and uses to which they are directed. This
work aims to discuss the private use of a public space, the Luiz Sande Square, which
transforms itself according to the different forms of collective use.
MP Ministério Público
PL Projeto de Lei
Introdução........................................................................................................................................... 15
1. Coletivo, público e privado ....................................................................................................... 18
1.1. Usos cotidianos .................................................................................................................. 21
1.2. Níveis e dimensões ........................................................................................................... 31
2. As ocupações em Ondina: Praça Luiz Sande da lona ao camarote .................................. 37
2.1. O Bairro de Ondina............................................................................................................ 39
2.2. Programas de Remanejamento da Orla Marítima ........................................................ 45
2.3. A praça, entre a ordem e a (des)ordem. ......................................................................... 58
2.4. Políticas Públicas de desenvolvimento ........................................................................... 70
3. A Praça e a Cidade ................................................................................................................... 77
3.1. Perspectiva dos usos na Praça Luiz Sande................................................................... 77
3.2. Escalas de apropriação da Praça.................................................................................... 89
3.3. Uma Paisagem Midiatizada .............................................................................................. 94
3.4. Coletivo, usuários e consumidores ................................................................................. 95
Considerações Finais ..................................................................................................................... 101
Referencial ....................................................................................................................................... 104
Introdução
Este trabalho traz uma reflexão sobre os conflitos que se estabelecem hoje
nos espaços públicos no Brasil, mais detidamente na Bahia e, especificamente, na
cidade de Salvador, onde se processa uma transformação das relações entre o
Estado, o capital e a sociedade no que se refere aos espaços públicos, como âmbito
do coletivo. Esses processos atingem, de modo geral, a gestão, mas também a
conceituação e a teorização do que passaremos a chamar de “estatutos” de público
e privado, para efeito deste texto.
17
1. Coletivo1, público e privado
Coletivo é uma noção que se associa a uma ideia de todo, conjunto dos
entes. Ao falarmos de urbano, pode ser o conjunto dos cidadãos, dos moradores de
um bairro, uma associação de moradores. Além disso, coletivo não tem grau, é
comum a todos com a mesma intensidade, mesmo quando delimitamos parte
desses entes em certas categorias, em certos contextos, essas delimitações não os
desarticulam da noção de coletivo.
1
Nesse texto, coletivo não pode ser admitido como sinônimo de público, conforme o verbete – público – do
minidicionário de sinônimos e antônimos, Edições Melhoramentos, 1994, p. 504.
2
Certeau, Michel de, 2013, p.160 e 161.
18
nele, denominados conforme uma realidade prévia em relação aos conceitos sociais,
que coexistem dentro do urbano; num contexto histórico; num processo hegemônico;
no imaginário de certo grupo ou na sociedade como um todo, que busca definir esse
limite entre público e privado, conforme suas necessidades.
3
Escóssia, Liliana da; Kastrup, Virgínia, 2005, p. 295.
4
Ibidem.
19
pessoa. O termo privado, por sua vez, está relacionado à intimidade, à região
protegida da vida, da família, dos amigos. Visões do senso comum que ele nos
apresenta, claro, de forma introdutória à discussão, mais fáceis de acatar por
intentar o consenso.
Entre esses dois contextos surgem ações dos indivíduos que intentam o uso
do coletivo, mas nem como público, nem com tutela do Estado, tampouco como
privado, limitados por sua incapacidade de dispor do espaço urbano como
propriedade privada. E isso marca também certa relação de valor, em que o senso
comum é de que o que é privado, por ter um proprietário, passa a tem um valor e o
que é público não teria um valor, pois não é de ninguém. Esse contexto beneficiaria
um crescimento pela busca do privado e pelo desconhecimento do público como
instância de uma vida pública.
5
Santos, Milton, 1996, p. 270
20
permanente, na qual forças díspares se enfrentam, mas também pode ser entendido
como um campo, em que se disputa por expansão e contração, como se
estivéssemos numa bolha, um pequeno limite pessoal de domínio de um espaço
material e simbólico.
6
Habermas, Jürgen, 2003, p. 180.
21
espaço urbano passam a ser balizados por regras e princípios que se coadunem
com as demandas do privado.
Se, por outro lado, pensarmos a cidade como fixo no espaço, mas não no
tempo, podemos considerar que essa mobilidade é temporal e nela a ausência de
dinâmicas das estruturas podem promover necessidade em se estabelecer
dinâmicas nas estruturas. Nessa relação, o espaço público é o espaço
“desocupado”, livre para o uso, onde se construíram menos funções materiais e
onde elas podem ser alteradas, sem grandes constrangimentos, onde se pode
ocupar com diferentes formas de expressão do viver e do conviver; possível espaço
do hibridizar, numa ação contínua e fluída. Ligações e caminhos possíveis aos que
trocam usos, sem lhes atribuir valores restritivos e determinantes. Espaço de
proximidades.
22
Pensado a partir dos conceitos ordem e desordem, publico e privado, coletivo
e os usos múltiplos apropriados, buscamos questionar: são os usos que definem as
noções de espaço? Essas noções podem e devem ser dinâmicas? Caso sejam,
cabem como prática tanto no espaço público como privatização quanto no privado
como publicização? Questões conduzidas ao ambiente em estudo.
7
Nelson Popini Vaz in: http://soniaa.arq.prof.ufsc.br/arq5605/Espacospublicos.htm
8
Nelson Popini Vaz in: http://soniaa.arq.prof.ufsc.br/arq5605/Espacospublicos.htm
23
da privatização do espaço público e ainda da publicização de espaços privados a
exemplo dos shoppings, centros comerciais, mercados, etc.
9
Macedo, Sílvio Soares, 1995, p.16.
10
Lefebvre, Henri, A Produção do Espaço – Tradução de Doralice Barros e Sérgio Martins (do original: La
production de l’espace, 4 ed. Paris Editions Anthropos, 2001, primeira versão início – fev.2006)
24
que, para Lefebvre, é descrito como desvio que, mesmo ao passar de uso comercial
para residencial, não ocorre modificação da natureza, mas, na função.
No caso da Praça Luiz Sande, ela irá conter as duas formas, tendo sua
cronologia dividida entre os meses de ocupação pelo camarote, em que seu uso é
restrito, e o resto do ano quando permanece acessível a todos os cidadãos.
Hoje, a convivência urbana nos traz pequenos dilemas diários que estão
marcados nos conflitos entre nossos espaços privados e os espaços públicos, cada
vez mais intensos e variados em seus usos. Há uma disputa crescente pelo espaço
externo aos nossos espaços privados, evidente na quebra do silêncio, nos usos
comerciais em áreas residenciais, na invasão de calçadas e ruas, que também se
estabelece na privatização de espaços públicos por condomínios e residências.
Arendt (2007) estabelece dois sentidos para público, o que se relaciona com
este texto é aquele em que,
11
Sennett, Richard, 1998, p. 120.
12
Silva, Breno e Ganz, Louise, 2009, p.10
26
o termo <<público>> significa o próprio mundo, na medida em que é comum
a todos nós e diferente do lugar que nos cabe dentro dele. Este mundo,
contudo, não é idêntico à terra ou à natureza como espaço limitado para o
movimento dos homens e condição geral da vida orgânica. Antes, tem a ver
com o artefato humano, com o produto de mãos humanas, com os negócios
realizados entre os que, juntos, habitam o mundo feito pelo homem. [...] A
esfera pública, enquanto mundo comum, reúne-nos na companhia uns dos
outros e contudo evita que colidamos uns com os outros, por assim dizer13.
Para Arendt, a natureza das relações público e privado ecoa desde os gregos,
até nossos dias, reverberando conceitos, podendo ser percebida como definitiva
para as estruturas espaciais das relações humanas. O homem necessita definir seus
espaços, pois essa compartimentalização faz parte de sua concepção de mundo e
da realidade contida nele. “Todas as atividades humanas são condicionadas pelo
fato que os homens vivem juntos; mas a ação é a única que não pode sequer ser
imaginada fora da sociedade dos homens.”14. Essas ações passam a ser
dinamizadas e condicionadas pela construção de uma estrutura de informação que
permite definir, para a maioria, o modo e a forma de viver, com a globalização
tornando esses processos um verdadeiro fetiche global.
Podemos inferir que essa ação, que decorre da sociedade dos homens, tem
um domínio espacial que deve ser definido, ou como no caso dos estados de
exceção, rechaçado. Além disso, percebemos que na construção do espaço urbano
se faz necessária a existência de um domínio em que o político se encontre com o
coletivo, e esse se torne político, estabelecendo as bases para a ação, que de outro
modo irá se constituir clandestina, pois é inerente ao ser humano e aos processos
sociais.
13
Arendt, Hannah, 2007, p.62
14
Ibidem, p.31
27
bastante expressiva: “Não é permitido procurar e dar a conhecer o que se
passa na casa de um particular”. Todavia, e é isso que marca bem o termo
particular, em seu sentido primeiro, mais direto, mais comum, o privado se
opõe ao público. Assim, no Littré, estas duas citações, uma Vauvenargues:
“Aqueles que governam cometem mais faltas que os homens privados”; e
outra de Massillon: “Nada é privado na vida dos grandes, tudo pertence ao
público”.
Eis-me então remetido à palavra público. Definição de Littré: “o que
pertence a todo um povo, o que concerne a todo um povo, o que emana do
povo”. Portanto, a autoridade e as instituições que sustentam essa
autoridade, o estado. Esse primeiro sentido evolui para uma significação
paralela: diz-se público o que é comum, para uso de todos, o que não
constituindo objeto de apropriação particular, está aberto, distribuído,
resultando a derivação no substantivo o público, que designa o conjunto
daqueles que se beneficiam dessa abertura e dessa distribuição. Muito
naturalmente, o deslocamento do sentido prossegue: é dito público o
ostensivo, o manifesto. Assim, o termo vem opor-se, de um lado, a próprio
(o que pertence a tal ou qual), do outro, a oculto, secreto, reservado (o que
é subtraído).15
15
Duby, Georges, 2009, p. 18-19.
16
Habermas, Jürgen, 2003, p. 170-171.
17
Serpa, Angelo, 2007, p.17.
28
[...] a um ‘intercâmbio de gostos e preferências’ e são determinadas
grupalmente. Em geral a família, o grupo das pessoas com a mesma idade,
os conhecidos no local de trabalho e na vizinhança – com as suas
estruturas específicas de orientação da opinião e de prestigio da opinião,
assegurando a natureza coercitiva das opiniões grupais – são o focus para
essa camada de opiniões movidas de fora18.
18
Habermas, Jürgen, 2003, p. 285.
19
Santos, Milton, 1993, p.59.
20
(...) a territorialidade é definida por Sack como “a tentativa, por um indivíduo ou grupo, de atingir/afetar,
influenciar ou controlar pessoas, fenômenos e relacionamentos pela delimitação e afirmação do controle sobre
uma área geográfica. Esta área será chamada território” (1986:6). Enquanto isso Raffestin, numa visão bem mais
ampla, considera territorialidade “o conjunto de relações estabelecidas pelo homem enquanto pertencente a uma
sociedade, com a exterioridade e a alteridade através do auxílio de mediadores ou instrumentos” (1988:265)
(Haesbaert, Rodrigo, 2011, p. 86 e 87).
29
finalmente na supressão da rua”21. Essa supressão não tem sentido num contexto
urbano capitalista contemporâneo, pois nele ocorre definição de ruas para certos
grupos, espaços mediados por um valor de troca e não de uso, em que o consumo
multiplica a produção de novos usos, que multiplicam o consumo.
21
Córtes, José Miguel G., 2008, p.86.
22
Córtes, José Miguel G., 2008, p.86 e 87.
23
Silva Pinto, Renata. 2011, p. 244.
24
Silva Pinto, Renata. 2011, p. 244.
30
1.2. Níveis e dimensões
Os vínculos nas estruturas urbanas estão para os corpos de tal forma que
qualquer intervenção que os desloca da realidade cotidiana, já predeterminada e
aliada ao desejo de vencer a todo custo os obstáculos e de cumprir nossas rotinas,
os faz cair num espiral, num fluxo descendente condicionado à invisibilidade, em que
qualquer interação é rarefeita. Assim ocorreria naqueles espaços esquecidos do
comportamento individualizado e disperso dos projetos hegemônicos de controle e
padronização. Se por um lado podem existir esses comportamentos individuais de
dispersão, por outro existem estruturas e estratégias de formação e consolidação de
uma prisão dos corpos.
25
Lefebvre, Henri, (Tradução de Doralice Barros e Sergio Martins do original: La production de l’espace, 4 ed.
Paris Editions Anthropos, 2001, primeira versão início – fev.2006)
31
deliberado ato de indisciplina, até as ações institucionais que definem o direito dos
cidadãos em certos locais da cidade.
26
Lefebvre, Henri, (Tradução de Doralice Barros e Sérgio Martins do original: La production de l’espace, 4 ed.
Paris Editions Anthropos, 2001, primeira versão início – fev.2006)
27
Certeau, Michel de, 1998, p. 100.
32
das ações momentâneas e fugazes daqueles que não podem materializar de forma
definitiva novos processos ou sustentá-los, diante das limitações ao uso ou à
permanência em espaços públicos ou coletivos - o que seria possível de analisar a
partir da confrontação entre o edificado e o não edificado do nível misto.
[...] persiste sob olhar da reflexão conserva uma forma relacionada com o
sítio (o meio imediato) e com a situação (o meio distante, condições globais)
Esse conjunto especificamente urbano apresenta a unidade característica
do “real” social, o agrupamento: formas-funções-estruturas28.
28
Lefebvre, Henri, 1999, p. 80.
33
não participam de programas ou projetos do Estado, resultando da iniciativa das
comunidades, lideranças e particulares.
Gomes ressalta que uma concepção do espaço público que, além da ideia
de liberdade e igualdade, tenha como base a separação do privado ou a
delimitação jurídica, ou mesmo a garantia do acesso livre, é insuficiente
para definir o caráter fundamentalmente político de seu significado. Para
Gomes, “os atributos de um espaço público são aqueles que têm relação
com a vida pública [...] E, para que esse lugar opere uma atividade pública,
29
Lefebvre, Henri, 1999, p. 80.
30
Ibidem.
34
é necessário que se estabeleça, em primeiro lugar, uma copresença de
indivíduos”31.
Pensando dessa forma, poder-se-ia concluir que teríamos de ter espaços tão
variados quanto os diversos grupos que povoam nossas cidades e que esses
espaços exigiriam uma proximidade aos diversos grupos que não só seria afetada
31
Alex, Sun, 2011, p. 19.
32
Ibidem, p. 25
35
pelas diferenças sociais, mas, contudo pela dimensão que alcançaram as cidades,
sendo necessários espaços diferenciados para comunidades diferentes.
36
2. As ocupações em Ondina: Praça Luiz Sande da lona ao camarote
33
Antes Avenida Presidente Vargas, aberta ainda no período de J.J. Seabra.
37
urbano do cidadão europeu, que em média visita um centro comercial [shopping] 17
vezes por ano, ou seja, aproximadamente de 3 em 3 semanas [...] sendo visível o
peso destes espaços enquanto estrutura de divertimento e lazer”. A nossa realidade
não deixa de se assemelhar e, desde meados da década de 1970, os shoppings
centers fazem parte do imaginário baiano, com o emblemático empreendimento do
Shopping Center Iguatemi - até a atualidade, um dos maiores da cidade e também
dos mais representativos do país, com médias de mais de 130 mil visitantes diários.
(2) Os dados referentes a Número de Lojas, Salas de Cinema e Empregos foram calculados com base em uma
amostra de shoppings e não terão atualização mensal;
(3) Alguns dados referentes a 2009 foram revistos com base nos resultados do Censo do Setor, da Price
Waterhouse Coopers;
Fonte: ABRASCE - As s oci a çã o Bra s i l ei ra de Shoppi ng Centers
38
metros quadrados. Nesse mesmo período, o tráfego de pessoas nessas unidades
teve um crescimento superior a 100%, passando de 203 para 415 milhões mensais.
39
Na urbanização de Ondina, é relevante o registro da implantação do
loteamento Cidade Balneária de Ondina34, que ocorre em 1932, realizado pela
construtora Magalhães e Cia, numa área de quase 190 mil metros quadrados, na
Avenida Adhemar de Barros, onde foram delimitados 156 lotes, com uma média de
600 m2. Para os lotes foi definida uma taxa de ocupação de 40%. O loteamento que
consta do Decreto 1029/52 da Prefeitura Municipal localiza-se numa área quase em
frente à Praça.
34
PLANDURB, Inventário de Loteamentos, 1976, p. 35.
40
superior à demanda efetiva de espaço para moradia e outros usos, mesmo
considerando o significativo contingente de excluídos desse mercado
imobiliário em função das limitações de renda da maioria da população
local.35
35
SEDHAM, 2009, p.45
36
SEDHAM, 2009, p.47 e 48
41
Foto 1 - Loteamento cidade Balneária de Ondina - 1972 - Fonte Fundação Gregório de Matos
37
Apesar de não considerar a ocupação popular em Ondina, uma invasão, para efeitos de referencia aos fatos da
época, seguiremos utilizando esse termo.
38
Lefebvre, Henri, (Tradução de Doralice Barros e Sérgio Martins do original: La production de l’espace, 4 ed.
Paris Editions Anthropos, 2001, primeira versão início – fev.2006)
42
automotores, tornou-se objetivo principal dos planos urbanísticos para dotar a cidade
de uma rede de circulação que desafogasse o centro antigo e o ligasse a partir das
avenidas de vale, como o Vale do Canela, Av. Garibaldi, Mario Leal Ferreira, dentre
outras, a outros pontos da urbe.
Foto 2 - Ocupação popular em Ondina - retirada em 1969 – Fonte Fundação Gregório de Mattos
39
http://www.denatran.gov.br/
43
espaços abertos). Veja-se que um posto de abastecimento de gasolina já se
encontrava instalado no local, favorecendo tal interpretação.
Foto 3 - Visão geral da orla de Ondina – 1972 – Fonte Fundação Gregório de Mattos
40
Vasconcelos, Pedro, 2011, p. 358.
44
No que se refere à valorização e uso do solo a partir da facilidade de acesso e
localização, muito presente no planejamento urbano e na especulação imobiliária,
conforme uma releitura pormenorizada e guardada as devidas proporções e
períodos temporais, que distinguem políticas e ações urbanísticas de cada época,
concordamos com Scheinowitz ao afirmar que com a “densificação da malha urbana
e consequente valorização dos terrenos localizados perto das grandes
concentrações demográficas e de fácil acesso, houve uma transformação de uso do
solo que ainda está em curso”.
41
Scheinowitz, A.S., 1998, p. 80.
45
No caso de Ondina, a requalificação da orla marítima, compreendendo o
trecho Barra/Pituba, já se encontrava bem servido de infraestruturas, estando a
circulação de veículos definida e interligada por avenidas de vale ao novo sistema
viário. Por outro lado, verificado o fortalecimento turístico da época, especialmente a
partir de 1990, observa-se, como afirmado por Silva (2004), que
42
Silva, Maria da Gloria Lanci, 2004, p. 21.
43
CORREIO DA BAHIA, 19/03/1981.
46
Figura 3 - Limites do bairro de Ondina – Fonte Google Earth
47
Foto 4 - Lanchonete SPEED e Banca de Revistas que atendem na Praça 24 horas – Acervo Pessoal
44
Falas do proprietário da lanchonete existente na praça desde 1983.
48
Foto 5 - Quiosques que comercializam coco e bebidas – Acervo Pessoal
Essa ocupação pode ser traduzida como mais um uso privado não
relacionado a usos tradicionais nas praias do litoral Atlântico de Salvador (barracas,
ambulantes, etc.). Posteriormente, o uso da arena da praça se transfere ao Circo
Picolino, uma escola de artes circenses que propõe disseminar a arte do picadeiro e
atender menores em situação de risco, até sua desocupação em 1988 quando “O
Circo Troca de Segredo foi ao chão. Junto com a lona, desabou também um dos
espaços culturais mais badalados da cidade e toda uma história de grandes ideias e
programação criativa.”45.
45
TRIBUNA DA BAHIA, 28/08/1988.
49
Figura 4 - Lona do Circo Troca de Segredos no Bairro de Ondina – Reprodução do Correio da Bahia
Veja-se que o lugar (Ondina) teve suas funções e paisagem alteradas a partir
do planejamento urbano. Sua fruição foi gradativamente suplantada; público e
privado em conflito pelo espaço, na praça; o descortinamento da natureza e, ao
mesmo tempo, na edificação de hotéis, o encobrimento da paisagem, em parte
desse bairro, a partir de um dos segmentos que fomentou as condições de
desenvolvimento do turismo, da habitação de alto padrão - que no mercado, juntos,
favorecem novas maneiras de uso e vivencia na cidade e trazem o paradoxo da
atividade que destrói sua base de edificação.
46
Santos, Milton, 1996, p. 258
47
Essas heterotopias não estão orientadas para o eterno; bem pelo contrário, são de uma absoluta cronicidade, são
temporais. É o que encontramos nas feiras e nos circos, sítios vazios colocados nos limites da cidade que duas
vezes por ano, pululam com barraquinhas, montras, objetos heteróclitos, lutadores, mulheres serpentes, pessoas
que leem o futuro nas mãos, entre muitos outros. De outros espaços – conferência proferida por Michel Foucault
no Cercie d’Études architecturales, 14 de março de 1967 (publicado igualmente em Architeture, Movement,
Continuité, 5, 1984)
48
Entenda-se que esta liberdade é característica do empreendimento circense, neste caso a atividade é fixa,
definitiva até a queda da lona, mas ele tem a qualidade itinerante, pois sua estrutura, provisória, pode ser
transferida a qualquer momento por não ser edificação fixa.
51
em sua característica mobilidade; porém sobrevive aos determinismos do capital,
amealhando a prata do povo, no espaço que privatizou. Naquele momento, uso e
consumo dividiram o mesmo suporte. Sob a lona e no picadeiro esses processos
foram instantâneos.
Nesse espaço, uma nova discussão ocorre em 2012, agora pautada pela
ocupação de camarote na mesma praça. Num processo licitatório, a Prefeitura de
Salvador, através da Superintendência de Controle do Ordenamento e Uso do Solo
– SUCOM-, concedeu à empresa Premium Entretenimento, por cessão de uso,
direito a requalificar a área de 9.837m² do antigo Parque de Ondina. Dentre as
condições dessa Parceria Publico Privada51, a empresa ocuparia a praça por período
de cinco anos, durante o carnaval. A empresa, para retribuir essa cessão de uso,
passa a ser responsável pelo projeto e execução de requalificação, obras,
49
Lefebvre, Henri, (Tradução de Doralice Barros e Sérgio Martins do original: La production de l’espace, 4 ed.
Paris Editions Anthropos, 2001, primeira versão início – fev.2006)
50
Certeau, Michel de, 1998, p. 41.
51
De acordo com Mukai (2006), a regulamentação das parcerias público-privadas pela Lei federal no 11.079, de
30.12.2004, veio contribuir com suas disposições para ampliar as discussões e alimentar o fogo em que são
aquecidos os ingredientes que fazem da mistura interesse público e interesse privado material antagônico de alta
combustão. Se durante séculos foram antagonistas, já há algum tempo vêm vivendo um processo de
aproximação, inevitável, mercê do crescimento das necessidades do Estado.
52
manutenção e pagamento de uma taxa anual no valor de R$250.000,00 em
contrapartida ao uso da praça e construção de uma estrutura de camarote durante o
carnaval52.
52
As informações acima constam do Diário Oficial do Município de Salvador, 16/09/2011.
53
O Movimento surge a partir da ocupação da Praça de Ondina pelo luxuoso Camarote Salvador, com o aval do
poder público ante pagamento de R$250 mil por ano (uma esmola diante do faturamento de cerca de R$66
milhões previstos) e uma reforma na Praça. Pouco tempo depois de ter finalizado a reforma, a empresa fechou a
Praça com tapumes para a “obra do Camarote Salvador”, quase três meses antes do carnaval.
Fonte: http://movimentodesocupa.wordpress.com/historico/
53
todos os demais cidadãos. A área utilizada deveria estar disponível à
população de baixa renda, que disputa espaços no Carnaval da Bahia”,
concluiu o defensor54.
Nesse ínterim, a empresa concessionária da Prefeitura, conseguiu articular
ação judicial que produziu efeitos de proibições e sanções a indivíduos e
organizações da sociedade civil que exerciam seus direitos de manifestar e de ir e
vir, com a obstrução de qualquer ato público na região de Ondina, na Av. Oceânica,
em frente ao camarote. A partir de então, as ações perpetradas pela sociedade civil
organizada e por órgãos de defesa do patrimônio público foram caracterizadas como
atos contra o Carnaval de Salvador.
54
DPU/BAHIA.
55
Em Geografia conceitos e temas, Correa utiliza também a definição de Lefebvre em que o espaço é o lócus de
reprodução das relações sociais e de produção.
54
artísticos (esculturas, fontes) em decorrência de interesses adversos, imobiliários,
turísticos, como é possível perceber a partir de matérias de jornal, em propaganda
acerca das ações do município, pois “O predomínio do Global, do lógico e do
estratégico, ainda faz parte do “mundo invertido” que é preciso reinverter”56.
56
Lefebvre, Henri, 1999, p. 83 e 84.
57
O carnaval constitui evento de grande monta que abarca em seu conjunto investimentos e resultados
expressivos ao turismo, geração de emprego e renda e da imagem da cidade destacando a cidade no cenário
mundial nessa categoria.
55
que se faz em shoppings centers, na expectativa de prever e atender o desejo e as
necessidades de um determinado público consumidor.
58
Expressão da propaganda que designa grupos de consumidores
59
Oliveira, Márcio Pinon, 2011, p.178 (In: A Produção do Espaço Urbano)
60
Oliveira, Márcio Pinon, 2011, p.178 (In: A Produção do Espaço Urbano.)
56
ou ainda, ao propagar os “monstros” dessa mitologia urbana presentes na violência
e na segregação socioespacial que distancia os habitantes.
61
http://bahiatododia.com.br/index.php?artigo=10751
57
2.3. A praça, entre a ordem e a (des)ordem.
62
Jr Lopes, Aury – in: http://atualidadesdodireito.com.br/aurylopesjr/ 2014/01/20/sobre-os-rolezinhos-os-concentos-
de-ordem-desordem-e-pureza/
63
Bauman, Zigmunt, 1999, p. 16.
58
problemas da urbe. Era preciso promover a funcionalidade, principalmente da rua,
que se transformava em espaço de circulação da produção, como da salubridade da
cidade.
64
Pechman, Robert Moses, 1993, p. 31.
65
Gille, Didier (apud Pechman, Robert Moses, 1993, p. 32.)
66
Caldeira, Júnia Marques, 2007, p. 197.
67
Pechman, Robert Moses, 1993, p. 32.
68
Macedo, Sílvio Soares, 1995, p. 39.
59
em cada lugar uma coisa, evitando os aglomerados por um lado e os
perigos do vazio por outro69.
Espaços Livres – muitas são as acepções que podem ser dadas a este
conjunto de palavras, que são utilizadas indistintamente pelos mais diversos
grupos sociais para se referir ora a ruas, ora a jardins ou até mesmo e
exclusivamente às áreas de lazer. Podemos, de um modo preciso, definir
espaços livres como aqueles não contidos entre as paredes e tetos dos
edifícios construídos pela sociedade para sua moradia e trabalho70.
Assim, a praça se torna “um espaço livre público cuja principal função é o
lazer”71. Ela possibilita as dinâmicas do uso e acata a possibilidade do diverso, do
diferente, sem, contudo, promover a quebra de continuidade. Jane Jacobs72
descreveu essa descontinuidade nos parques urbanos de Nova York, onde, ao se
ordenar os usos, afastaram-se os usuários das ruas e comportamentos habituais,
que ficaram restritos aos parques.
69
Pechman, Robert Moses, 1993, p.33
70
Macedo, Sílvio Soares, 1995, p. 19.
71
Loboda, Carlos R.; De Angelis, Bruno Luiz D, 2005, p.133.
72
Jacobs, Jane, 1961 (apud. Choay, Françoise, 2003, p. 297.)
73
Choay, Françoise, 2003, p. 297.
60
os parques urbanos não conseguem de maneira alguma substituir a
diversidade urbana plena. Os que têm sucesso nunca funcionam como
barreira ou obstáculo ao funcionamento complexo da cidade que os rodeia.
Ao contrário, ajudam a alinhavar as atividades vizinhas diversificadas,
proporcionando-lhes um local de confluência agradável; ao mesmo tempo,
somam-se à diversidade como um elemento novo e valorizado e prestam
um serviço ao entorno, como a Rittenhouse Square e qualquer outro bom
parque74.
O Estado tem uma visão prática quanto aos espaços públicos, relacionados
com o nível global que, segundo Lefebvre, constitui representação e vontade
daqueles que se utilizam do poder para impor uma ideologia espacial hegemônica,
provavelmente uma visão subjetiva que se agrega ao pensamento comum. Na
concepção do uso e estruturação desses ambientes, eles podem sofrer influência
desse ordenamento em sua forma, orientação vocacional, localização, etc., mas no
caso da praça, ainda lhe cabe certa flexibilidade conforme a possibilidade de
múltiplos usos e relações identitárias, como as existentes no âmbito do habitar
enquanto forma criativa como destacado por Lefebvre.
Delgado, ainda em relação aos usos, ressalva que a apropriação dos espaços
públicos provém das necessidades e desejos, razão pela qual enfatiza “que el
espacio público es escenario de situaciones altamente ritualizadas pero
impredecibles, protocolos espontâneos”75, e que, na praça, essas necessidades e
desejos ocorrem a partir de apropriação e representação, quando alguém lê seu
jornal, crianças ou adolescentes brincam, pessoas se exercitam, dentre outros usos,
em que a interação ocorre em função de um fio condutor que os relaciona com o
espaço.
74
Jacobs, Jane, 2001, p. 110.
75
Delgado, Manuel, 1999, p. 119.
61
ainda, ser essa, essencialmente, um espaço que guarda certa ancestralidade de
espaço público, contemporânea ao urbanismo.
76
Macedo, Sílvio Soares, 2001, p.159.
77
Bairro é a porção do território que reúne pessoas que usam o mesmo equipamento, que mantém, relações de
vizinhança e que reconhecem seus limites pelo mesmo nome.
78
Serpa, Angelo, 2001, p. 28.
79
Esse se deve à impossibilidade de uso dos banheiros públicos edificados na parte posterior da praça que,
segundo relatos, permanece a maior parte do tempo sob o controle de moradores de rua.
62
Nesse mesmo caminho, matéria recente80 versa sobre o esvaziamento dos
bairros de classe média da orla atlântica de Salvador com o cair da noite, e segue:
“Cultura? Medo da violência? Falta de transporte, opções de lazer e serviços? Fato é
que, depois que o sol se vai, a Salvador que poderia vibrar nos espaços públicos se
torna uma cidade fantasma”, condição que, segundo reportagem, dada a
insegurança e criminalidade que propicia, conforme Souza, e “medo generalizado”
que se apresenta em diversas cidades, afasta as pessoas das ruas e as aproxima
de lugares fechados como shoppings e condomínios fechados.
80
Correio da Bahia 27/10/2013.
81
Macedo, Sílvio Soares, 1995, p.49.
63
essas práticas consistem numa mimetização dos conceitos do condomínio fechado,
em alguns casos, incorporando áreas públicas e trechos de ruas, em substituição a
espaços públicos que não favorecem uma fruição ou à inexistência deles.
82
DaMatta, Roberto, 1991, p. 49 e 50.
83
Concentración en temas críticos – La planificación estratégica supone una concentración de esfuerzos e las
atividades y los problemas clave de la ciudad, donde las actuaciones tienem más potencial de alcazar objetivos.
Así, um plan estratégico oferece la opoertunidad de observar más allá de las preocupaciones cotidianas, y
distingue entre las decisiones verdadeiramente importantes y las que presentan impacto meramente coynuntural.
(Guell, José Miguel Fernández, 2006, p. 57.)
84
Macedo, Sílvio Soares, 1995, p. 48.
64
reivindicações aconteceram em contraposição aos desígnios do Estado, numa clara
reivindicação da manutenção de direitos.
86
Córtes, José Miguel G., 2008, p. 42.
66
Pituba e nas Praças do Comércio. Nessa época não estão presentes as barracas de
praia, suprimidas pelo reordenamento da orla atlântica, definido por sentença
judicial.
Figura 5 - Praça Luiz Sande entre 1981 e 2010 – Fonte Google Earth
Conforme Scheinowitz:
87
Scheinowitz, A.S., 1998, p.87
67
Foto 5 - Praia de Ondina – 1978 – Autor Desconhecido
88
Scheinowitz, A.S., 1998, p.87.
70
ou com vocação para expansão imobiliária. Conforme Santos (2007), “a orla de
Salvador é considerada no PL apenas como área destinada às atividades voltadas
ao turismo, priorizando a hotelaria, além de promover a especulação imobiliária”89.
Este posicionamento é reforçado por Scheinowitz ao comentar sobre o plano
urbanístico da orla de 1973, que em sua visão, dada a imprecisão e insuficiência dos
gabaritos, impede a consolidação de imagem turística urbana.
89
Santos, Jonas Dantas dos - Análise do projeto de Lei N.°216/2007 Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
do Município do Salvador – PDDU – CREA-BA, 2007, p. 13.
90
A ideia de se criar uma nova Barcelona a partir da criação e intervenção em espaços públicos era tese do
arquiteto Oriol Bohigas, aceleradas em sua passagem pela Diretoria de Planejamento de Barcelona no período de
entre 1980 e 1984, e que foi abraçada pelo geografo e sociólogo Jordi Borja durante sua passagem pela prefeitura
de Barcelona no período de 1983 a 1995. Há em Jordi forte convicção que o espaço público é um instrumento
urbanístico fundamental para o resgate da cidade democrática contemporânea, seriamente ameaçada pela
dissolução, fragmentação e privatização de seus espaços. Abrahão, Sérgio Luis, 2008, p. 45.
91
Macedo, Silvio Soares, 2001, p. 145.
92
Serpa, Angelo, 2007, p. 51.
71
Os programas de adoção de espaços públicos, decreto: 11.579–11/04/97 –
Programa Municipal de Adoção de Praças, Áreas Verdes, Monumentos e Espaços
Livres, iniciado em 1997, compreende, dentre tantas alternativas, a manutenção
destes espaços. Em que,
93
Jornal A tarde 22/08/1999
72
agregar valor a estas comunidades, propiciando a descentralização do uso e do
consumo.
94
Macedo, Silvio Soares, 2001, p. 166.
73
Dentre os programas e políticas aplicadas aos espaços públicos, surgem
projetos que tendem a privilegiar certos usos, transformando-os, por vezes, em
áreas com maior carga estética que funcional, pois não apresentam equipamentos
que favoreçam a permanência prolongada a exemplo de abrigos, bancos, condição
que limita sua utilização, talvez consistindo em estratégia de segregação espacial,
tornando-os insípidos e em certas condições hostis aos usuários.
95
Serpa, Angelo, 2007, p. 21.
96
Ibidem. p. 21.
97
Ibidem, p. 69.
98
Lefebvre, Henri, 1999, p. 79.
74
espacial da metrópole”99, o que privilegia certas regiões da cidade em detrimento de
outras. Esta condição configura uma perspectiva política de valorização de
potenciais turísticos e imobiliários que caminha na contramão dos critérios
democratizantes para instituição de espaços livres e de valorização, presentes na
articulação do espaço urbano a partir do fim de 1960, em Salvador, como na maioria
das grandes cidades,
99
Serpa, Angelo, 2007, p. 90.
100
Macedo, Silvio Soares, 2001, p. 149.
101
Serpa, Angelo, 2007, p. 26.
102
São Thomé de Paripe, Tubarão, Ribeira, Barra, Jardim de Alah/Armação, Rio Vermelho, Boca do Rio, Piatã e
Itapuã. Neles com um investimento de pouco mais de 110 milhões, serão implantados 50 mil m² de novas
calçadas, 16 mil m² de espaço compartilhado entre pedestres e carros, seis quilômetros de ciclovias, 10 km com
nova iluminação pública, além de quadras, praças e restaurantes. Essas informações fazem parte do vídeo
publicado no site Youtube pela Prefeitura Municipal de Salvador, em junho de 2013.
75
que se implantam. Outra questão relevante é que eles não refletem um cotidiano
para o qual, em certos casos, trarão mudanças sensíveis. Toda carga simbólica e
identidade preexistentes nesses locais são descartadas em prol do projeto. Disso
pode nascer uma precariedade dos espaços de uso coletivo.
Ondina, apesar de não fazer parte desse projeto, conta hoje com a
implantação de mais um espaço público, o Bosque das Aroeiras, fruto de um acordo
entre a Prefeitura Municipal de Salvador e a Construtora Ondina Lodge, responsável
pela obra do empreendimento Costa Espanha, que irá arcar com os custos da
urbanização e requalificação da área em frente à Prefeitura da Aeronaútica, como
parte de um TAC – Termo de Acordo e Compromisso – com o Ministério da
Aeronaútica, somado à concessão do habite-se do Costa Espanha.
A lei estabelece que não haja impedimento para a fruição dos bens comuns,
“os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças”103
pertencem a todos os cidadãos, este direito esta assegurado, cabe aos gestores
públicos, proporcionar as garantias para que se faça esse uso, com segurança,
higiene e mobilidade, de forma a preservar o cidadão e sua família. Criar espaços de
uso coletivo, não significa simplesmente implantar praças, parques e outros
equipamentos, mas na adoção de políticas integradas de lazer, mobilidade,
segurança e saúde pública, dentro de um planejamento urbano que articule o
Estado, as comunidades e os parceiros privados, no intuito de produzir ações de
curto, médio e longo prazo.
103
Art. 99 do Código Civil
76
3. A Praça e a Cidade
104
Lei 7400/2008 Dispõe sobre o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município do Salvador – PDDU
2007.
105
Correspondente a área pública urbanizada destinada ao convívio social, ao lazer, à prática de esportes e à
recreação ativa ou contemplativa da população, correspondendo aos parques de recreação, às praças, largos,
mirantes e outros equipamentos públicos de recreação e lazer.
77
inclusive promover a inclusão em muitos sentidos, principalmente se observada do
ponto de vista da consolidação dos percursos e não só da sua produção.
106
Área de contato ou proximidade com o mar, que define a silhueta da Cidade, representada pela faixa de terra
entre as águas e os limites por trás da primeira linha de colinas ou maciços topográficos que se postam no
continente.
78
poliesportiva, estacionamento, lanchonete, quadras de futebol, sanitários, boxes e
quiosques destinados ao comércio de coco, tendo ainda vegetação composta por
coqueiral. O acesso à praia pode ser realizado por rampa lateral ou pela própria
praça, que se estabelece em níveis diversos até a areia, como é percebido na
imagem a seguir.
79
Foto 8 - Estrutura metálica do camarote Salvador montada na Avenida Oceânica – Acervo Pessoal
Figura 9 - Vista interior do camarote Salvador – Fonte Premium Empreendimentos – Site da Empresa
81
conforme “qualquer possibilidade de identificação ou reconhecimento por parte de
seus habitantes”108.
Figura 10 - Visão geral da praça e limite do camarote na cor vermelha – Google Earth
108
Abrahão, Sérgio Luis, 2008, p. 51.
109
Ibidem, p. 55.
110
(diminutivo de rolê ou rolé, em linguagem informal, significa "fazer um pequeno passeio" ou "dar uma
volta") é um neologismo para definir um tipo de flash mob ou coordenação de encontros simultâneos de centenas
de pessoas em locais como praças, parques públicos e shoppings. Os encontros são marcados pela internet, quase
sempre por meio de redes sociais como o Facebook.
82
a momentânea alteração da natureza de uso, de coletivo público para coletivo
privado, que deve ser observada. Apesar de atribuído pelas práticas e operações de
seus usuários costumeiros, o caráter público de um lugar, que poderia ser
considerado como garantia de efetivação dos usos futuros, cede sob pressões
exercidas por novos usos, alterando os usos futuros num horizonte mais distante,
porém não menos possível de serem alcançados.
83
A (des)(re)territorialização pode ser entendida como a incapacidade do grupo
excluído de se representar perante a sociedade, pode ser resultado de interesses ou
bem coletivo, justificados pelos “benefícios” a uma coletividade já segregada em sua
espacialidade, e em sua capacidade de resiliência. Hoje, as audiências públicas que
se fazem por conta de projetos que, inevitavelmente alterarão territórios e cotidianos,
independente dos seus resultados ou de possíveis mitigações, representam bem
essa condição.
Não se quer dizer, com isso, que desterritorializar não signifique excluir e que
aqueles retirados de suas casas, mesmo em troca de novos lotes e promessas de
uma nova condição de vida, não estejam, em última instância, sofrendo uma ação
negativa sob o aspecto de suas relações individuais e coletivas, considerando que
não foi efetivada nenhuma proposta de reurbanização para os relocados.
111
Haesbaert, Rogério, 2011, p. 312.
112
Abrahão, Sérgio Luis, 2008, p. 115 e 116.
84
Em seu texto dissertativo, Carlos Nelson descreve o desenvolvimentismo
brasileiro como um modelo que, para os grandes centros urbanos, criou forte
atração de mão de obra, sem, contudo, haver a devida contrapartida de recursos e
projetos de inclusão para essas pessoas, e sinaliza seu surgimento e evolução a
partir da industrialização. Ele também entendia que o momento histórico
proporcionava ao autoritarismo recursos e mecanismos que apoiavam um poder
ilimitado e anulava oposições. E, se considerarmos ainda a condição da cidade, “[...]
sempre política, ela constitui o meio mais favorável à constituição de um poder
autoritário”113 que, invariavelmente, age por um grupo ou grupos de poder e força
com o intuito de manutenção da hegemonia, que, numa associação público privada,
pode significar a alienação de parte dos conceitos associados a um dos estatutos.
Abrahão, por sua vez, argumenta acerca da importância que tem o espaço
público enquanto espaço político e de representação, que serve à problematização
coletiva das questões cotidianas e à hierarquização das necessidades de todos, no
sentido de estabelecer prioridades comuns e auxiliar a composição de uma unidade
de interesses e ações que promove a articulação de indivíduos e grupos. Ele afirma
que,
113
Lefebvre, Henri, 1999, p. 89.
114
Eulálio, Marcelo Martins, 2009, p. 47.
115
Abrahão, Sérgio Luis, 2008, p. 23.
85
O totalitarismo, contudo, não parece ser a única via para promover essa
desolação. Ela ganhou outros contornos e se modificou, assumiu uma condição
mais ardilosa e, assim como talvez não sejamos tolos ao ponto de nos deixar
dominar, talvez não sejamos hábeis ao ponto de nos mantermos livres de suas
influências.
Veja que, já nos anos 80 do século XX, intensificava-se uma discussão sobre
a vida pública e os espaços para sua fruição. Abrahão traz a referência dos textos de
Brill (1989) e Rivlin (1992): o primeiro, para o qual pesam o zoneamento e legislação
como depreciadores da vida pública e, a segunda, que definiu uma confluência de
forças sociais, funcionais e simbólicas como modeladoras desses espaços. Para
Brill, a transferência dos espaços públicos, para o que ele “identificou genericamente
86
como ‘canais de comunicação’: internet, jornais locais, programas de tevê, etc.” 116
recrudescia a vida pública americana.
E por que não o teatro? Por que justamente naquele período, Salvador
passava por mais uma etapa de urbanização [...] “Foram as duas primeiras
praças da orla. No Bico de Ferro, teve até resistência e algumas casas
foram derrubadas com trator. Lá, passou a se chamar Jardim dos
Namorados, e aqui em Ondina, pouca gente sabe, mas a praça recebeu o
nome de Jardim da Paquera”, conta com memória de menino o vendedor de
água-de-coco Luiz Fernando Souza de Brito, 47. [...] A reforma transformou
o chão que abrigava os barracos da Areia Preta em quadras de futebol e
patinação, e criou ainda uma arena com arquibancada de cimento,
destinada a abrigar eventos culturais. Na época, ninguém sabia, mas era ali
que o circo Troca de Segredos seria instalado118.
Arte, música, teatro, grandes públicos e uma intensa relação com movimentos
de renovação do cenário artístico baiano marcaram a presença do circo na praça.
Passados 30 anos, ainda se comenta essa presença e a repercussão desse espaço
na vida cultural do bairro de Ondina e da cidade. A ocupação pelo circo é a
apropriação da praça e do espaço público por uma forma de exploração privada que,
por seis anos, produziu um valor de troca, mas proporcionou um valor de uso
coletivo, sem, contudo, evitar outras formas de utilização da Praça Luiz Sande.
A Praça, em sua configuração mais recente, foi fruto da PPP entre Prefeitura
Municipal de Salvador – PMS - e a empresa Premium Entretenimentos. O objetivo foi
requalificar e promover sua manutenção. Entretanto, a discussão que se faz sobre
os elementos conceituais e práticos referentes ao espaço urbano de uso coletivo e a
aderência dos conceitos de público e privado, presentes e efetivos nessa relação, é
116
Abrahão, Sérgio Luis, 2008, p. 146.
117
Sennett, Richard, 1988, p. 362.
118
Jornal Correio da Bahia, 19/03/2006, p. 04 – Arena Urbana.
87
que se fazem relevantes. Justificar a ocupação por 3 meses da totalidade da praça
em contrapartida aos 9 meses de espaço liberado e conservado, parece não ser
entendido como um pacto perfeito por alguns, mas se conforma como um arranjo
satisfatório que agrada e atende a outros.
O que Lefebvre trata por apropriar e pela relação do individuo com a natureza,
do homem com a terra, é o costume, a tradição, e não implica intermediações.
Talvez possa ser entendido como uma condição de privado, não no sentido
individualizado que perturba as relações, mas no sentido de guardar uma condição
natural, de guardar permanências, para as quais o público seria o desenvolvimento
da cultura, conhecimento, mediação, transformação em função de uma
superestrutura.
119
Sennett, Richard, 1995, p. 275.
120
Sennett, Richard, 1995, p. 275.
121
Ibidem, 1995, p. 276
88
3.2. Escalas de apropriação da Praça
122
Correa, Roberto Lobato, 2011, p. 41.
89
como suporte às atividades e ao funcionamento da praça como equipamento
público.
Uma vez que o município não tem como prover tais serviços, a partir de sua
própria estrutura, essa concessão apresenta natureza de parceria entre o Estado,
limitado por seus estatutos, e o concessionário, que é autorizado, naquele espaço
público, por sua capacidade particular de mobilização e manutenção de um
empreendimento e da atividade que dele decorre, a suprir a necessidade da
sociedade. Assim, o módulo faz parte do contexto dessa praça.
De certa forma, o módulo está para a praça como a praça está para a cidade,
numa gradação dos valores de uso contidos no cerne dessa relação, que não ferem
o processo socioespacial, pois o uso do equipamento não subordina o uso do
espaço.
Nesse caso, a frequência do circo não se fazia em função da praça, e sim foi
constituída uma polarização entre praça e circo, exemplo disso é o depoimento do
proprietário da lanchonete Speed: “Nos dias de maior movimento no circo, as
vendas chegavam a ser cinco vezes maiores que o normal”124. Apesar da polarização
e dos usos concorrentes entre os frequentadores da praça e do circo, ainda assim,
123
Informação prestada por frequentador do circo, em entrevista.
124
Jornal Correio da Bahia, 19/03/2006, p. 07 – Arena Urbana
90
havia convívio entre formas diversas de uso e sua característica de espaço coletivo
público era simultânea ao espaço coletivo privado do circo.
Figura 11 - Acesso ao Circo Troca de Segredos em dia de show – Reprodução Correio da Bahia
91
cidade como sistema de serviços públicos se enfraquece, tende a se privatizar, com
tudo o que isso pode significar de negação da cidadania e conversão em um fator de
ruptura da estrutura social”125.
Figura 12 - Interior do Circo Troca de Segredos em dia de show. Lazo Matumbe – Reprodução
Correio da Bahia
125
Córtes, José Miguel G., 2008, p. 98.
92
Sem o polo público a privatização urbana havia se tornado um instrumento
de autonomização das pessoas, ou ainda, de uma vida privada mais livre,
onde a sociabilidade se resumia em alguns casos a mero encontro de
massa (metrô, por exemplo), e em outros a uma sociabilidade do espetáculo
e do divertimento126.
126
Abrahão, Sergio Luis, 2008, p. 148.
127
Equipamentos Urbanos - Todos os bens públicos ou privados, de utilidade pública, destinados à prestação de
serviços necessários ao funcionamento da cidade, implantados mediante autorização do poder público, em
espaços públicos ou privados (NBR 9284).
128
Equipamentos urbanos – instalações públicas ou privadas destinadas ao apoio às necessidades da comunidade
atendida localizada dentro de uma área urbana (PDDU Salvador).
93
utilização racional do espaço-tempo, visando assegurar eficácia econômica
à administração dos investimentos129.
Desse modo, é essa eficaz administração dos recursos, inclusive aqueles que
pertencem à coletividade, mas estão disponíveis de modo sazonal, e estão ao
alcance da argúcia do capitalista e de suas estruturas de exploração, que deve
prevalecer e não uma visão preocupada “com todas as formas de existência”, pois é
possível a essa administração, cada vez mais, produzir o tempo necessário à sua
ação no espaço pela necessidade de garantir o lucro. O Camarote, que no primeiro
Carnaval, em 2011, demandou quatro meses entre montagem e desmontagem,
demorou pouco mais de dois meses no Carnaval de 2014, economia alcançada pelo
uso de técnicas, materiais e equipamentos diferenciados.
A noção de coletivo que perpassa o uso do espaço público não se altera pela
natureza desses usos e dos usuários, contudo, não se comporta da mesma forma
sob o aspecto daqueles que sejam usuários/consumidores. Isso por que os
consumidores requerem relações complexas de consumo que são inerentes ao
capitalismo e conformam sua estrutura formal. Diante disso, é possível entender, ao
menos para efeito do espaço público de uso coletivo, todo consumidor sendo
usuário, mas nem todo usuário sendo consumidor, o que pode ou não se aplicar ao
95
espaço privado de uso coletivo, por ocasião das práticas que ali ocorram, apesar da
tendência atual de massificação do consumo nesses espaços.
Pessoas passam pela calçada; outras param para tomar água de coco; umas
descem até a praia; outras ainda praticam esportes nas quadras, na areia; algumas
fazem refeições na lanchonete; compram jornais ou simplesmente, param seus
carros no estacionamento, sem nem notar a paisagem ou a praça. Todas essas
situações, que também podem ocorrer de forma simultânea para algumas desas
pessoas, podem ser práticas diárias para muitas.
A praia de Ondina foi point na década de 1990, sofreu um déficit em sua estrutura de
atendimento, na areia praia, com a remoção das barracas de praia, mas continua
atraindo banhistas, esportistas de fim de semana, praticantes de corridas matinais,
geralmente moradores das proximidades, jovens, turistas, um público muito
diversificado, composto por pessoas que vêm das comunidades do entorno, em
momentos distintos do dia.
96
mineral, parando-o no estacionamento da praça. Mesmo aposentado, ele completa o
salário com sua atividade na praia, para pagar as contas e sustentar a família.
- Venho todos os dias a quase sete anos, só não venho se chover, mas se
estiver só nublado eu venho.
- Vendo umas cervejas, refrigerantes, trago tudo no isopor... depois comecei
a trazer os banquinhos, tenho alguns clientes de todo dia.
- Os malandros me respeitam e quando estou aqui eles evitam encostar.
- Não consigo ficar em casa, ai venho para a praia vender minha
mercadoria130.
130
Falas do Sr. José Andrade, aposentado do serviço público estadual e ambulante na Praça Luiz Sande.
97
handebol, através do projeto “Salvador Esporte e Cidadania”131. As atividades
acontecem nas quadras de Ondina em dias alternados de segunda a sexta, pela
manhã e pela tarde em turno contrário ao da frequência do aluno à escola.
131
Lançado no 2º semestre de 2013, o projeto Salvador Esporte e Cidadania atua nas comunidades de São
Lázaro, Alto de Ondina e Calabar, em Salvador (BA), oferecendo aulas de futsal e handebol a dezenas de
crianças. Com atividades orientadas por profissionais de Educação Física, o projeto atende a 100 crianças e
adolescentes de 7 a 17 anos que estejam matriculados em escola regular. Ainda, a iniciativa beneficia 100
adultos, entre pais e acompanhantes, com aulas de alongamento, caminhada e corrida de rua.
98
Foto 11 - Coordenador do projeto passa instruções aos alunos – Acervo Pessoal
99
Foto 12 - Vista dos sanitários da Praça Luiz Sande – Acervo Pessoal
100
Considerações Finais
101
destino dos espaços coletivos de Ondina. Não é possível afirmar, mas, ao menos
sob certo aspecto, teríamos uma preservação mais ampla da paisagem costeira.
102
consumo, o que pode implicar em segregação, como a que ocorre com o Camarote
Salvador na Praça Luiz Sande.
103
Referencial
CARVALHO, Inaiá M. Moreira de; PEREIRA, Gilberto Corso (Orgs.) – Como anda
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