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CDD: 149.7
Resumo: O artigo apresenta uma análise do significado da definição de eternidade proposta por Espinosa
na primeira parte da Ética (EI def.VIII), com o intuito de defender a legitimidade da aplicação unívoca
dessa noção a Deus e aos modos. Para tal, o artigo procura mostrar como a formulação dessa definição
autoriza uma distinção entre o que é eterno em virtude de sua própria essência e o que é eterno em virtude
de sua causa eterna, e que essa distinção, por sua vez, não remete a dois tipos distintos de eternidade, mas
antes a duas causas ou razões distintas para a atribuição de um só e mesmo tipo de eternidade a coisas
distintas. Para esclarecer esse ponto crucial, o artigo se baseia no exame da articulação existente entre o
conceito de eternidade e o de existência necessária, procurando evidenciar como a teoria da eternidade ganha
inteligibilidade à luz de sua articulação com o necessitarismo defendido por Espinosa.
Abstract: The paper offers an analysis of Spinoza’s definition of eternity proposed in the first part of the
Ethics (EI def. VIII), trying to establish the legitimacy of its univocal application to God and its modes.
For that purpose, the paper tries to show how the formulation of that definition authorizes a distinction
between what is eternal in virtue of its own essence and what is eternal in virtue of its eternal cause, showing
also that this distinction does not concern two distinct kinds of eternity, but just two distinct causes or
reasons for the attribution of one and the same kind of eternity to different things. To clarify this crucial
point, the paper deals with the connections existing between the concept of eternity and that of necessary
existence, trying to show how Spinoza’s theory of eternity can be illuminated by its articulation with his
necessitarianism.
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1. Introdução
A teoria da eternidade da mente, formulada por Espinosa no pon-
to culminante de sua Ética demonstrada à maneira dos geômetras, constitui o
fundamento da concepção de beatitude que Espinosa propõe em substi-
tuição às concepções metafísicas e religiosas tradicionais, concepções
estas que repousam sobre as crenças na imortalidade pessoal e na exis-
tência de um Deus pessoal. Embora essa teoria tenha sido amadurecida
ao longo de todo o percurso reflexivo de Espinosa e forneça a resposta
final à demanda de eternidade que se manifestava desde a primeira for-
mulação de seu projeto filosófico 1 , as múltiplas e complexas dificuldades
interpretativas que ela suscita continuam ainda hoje alimentando intensas
controvérsias entre os principais comentadores. Essas dificuldades dizem
respeito a aspectos centrais da teoria, dentre os quais cabe destacar os
seguintes: (1) o significado da própria definição de eternidade e a deter-
minação de seu âmbito legítimo de aplicação; (2) a compatibilidade entre
a prova da existência de uma parte eterna da mente, a saber, o intelecto, e
a tese de que a mente é a idéia do corpo existente em ato 2 ; (3) a possibili-
dade de caracterizar a parte eterna da mente como dotada de algum tipo
de individualidade que não se confunde com a identidade pessoal baseada
na memória 3 ; (4) a possibilidade de uma ampliação progressiva do conte-
1 Cf. T.R.E. §1: “resolvi, enfim, indagar se existia algo que fosse o bem
verdadeiro, e pelo qual unicamente, rejeitado tudo o mais, o ânimo fosse afeta-
do; mais ainda, se existia algo que, achado e adquirido, me desse pela eternida-
de [in aeternum] o gozo de uma alegria contínua e suprema”.
2 Trata-se do problema de compatibilizar a teoria da eternidade da mente
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údo da parte eterna da mente e sua correlação com o aumento das apti-
dões corporais ao longo da duração 4 ; (5) a natureza peculiar dos afetos
ativos (o contentamento interior e o amor intelectual de Deus) que, por
serem engendrados a partir da parte eterna da mente, não parecem poder
ser dotados da natureza transitiva que define os afetos na Ética III 5 ; (6) a
explicitação da forma como a consciência de nossa eternidade e seus efei-
tos afetivos nos reconcilia durante a vida com nossa condição mortal. 6
Essa seqüência de dificuldades se articula segundo uma ordem de
dependência unilateral, de modo que qualquer tentativa de formular uma
interpretação global para a teoria da eternidade da mente precisa enfren-
tá-las sucessivamente. Com o intuito de avançar na direção dessa inter-
pretação global, pretendo, nesse artigo, me limitar exclusivamente ao e-
xame de alguns aspectos da primeira dificuldade. Mais precisamente, pre-
tendo apresentar uma análise da definição de eternidade formulada por
pensa menos que na morte, e sua sabedoria não é meditação da morte, mas da
vida” (EIVP67). Essa tese é derivada do fato de que a atividade racional só
pode engendrar afetos ativos, e estes são necessariamente alegres. Assim, o
homem racional, enquanto racional, não tem jamais sua conduta motivada pelo
medo. No entanto, apesar da sabedoria ser meditação da vida, o tema da morte
reaparece nas proposições 38, 39 e 40 da parte final da Ética. Como exatamen-
te é preciso interpretar o retorno deste tema e o significado ético dessas de-
monstrações à luz da concepção espinosista da eternidade?
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pria essência, sendo, por isso mesmo, causa sui. 8 Dessa leitura restritiva da
definição segue-se imediatamente que a atribuição da eternidade aos mo-
dos (infinitos e finitos) efetuada por Espinosa na Ética torna-se extrema-
mente problemática, e ela convida a formular um tipo geral de interpreta-
ção segundo a qual a eternidade que os modos seriam capazes de adquirir
como efeitos imanentes da substância divina deveria ser caracterizada, na
melhor das hipóteses, como um tipo fraco de eternidade em que esta se
manifestaria sob a forma degradada da sempiternidade. 9 Assim, para dar
conta da atribuição da eternidade aos modos seríamos obrigados a distin-
guir entre diferentes tipos de eternidade e a negar que Espinosa faça um
uso unívoco dessa noção em sua aplicação à Natureza Naturante (a subs-
tância constituída pelos infinitos atributos) e à Natureza Naturada (o con-
junto dos modos infinitos e finitos).
Esse tipo geral de interpretação da eternidade dos modos não é e-
videntemente desprovido de apoio textual. Em especial, ele parece suge-
rido pelos seguintes fatores:
(1) A plausibilidade inicial da leitura restritiva da definição VIII mencio-
nada acima.
(2) O uso que Espinosa faz de certas expressões para qualificar a atribui-
ção da eternidade aos modos, tais como: sub specie aeternitatis e sub quadam
specie aeternitatis.
(3) O uso de expressões temporais em certas passagens para referir-se à
eternidade dos modos infinitos e finitos, dentre as quais destacamos as
seguintes:
8 Por causa de si (causa sui) Espinosa entende “aquilo cuja essência envolve
a existência, ou seja, aquilo cuja natureza não pode ser concebida senão como
existente” (EI def. I). Para a demonstração de que a substância é causa de si,
cf. EIP7 e EIP11.
9 Esse tipo geral de interpretação é adotado, com variações e nuances par-
ticulares, por comentadores tão diversos quanto Martial Gueroult (1968), Ber-
nard Rousset (1968) e Martha Kneale (1979).
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de Deus deve ter existido sempre e ser infinito [semper et infinita existere debuerunt], ou,
por outras palavras, é eterno e infinito pelo mesmo atributo” (grifo meu).
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não há quando, nem antes, nem depois, segue-se daqui […] que Deus não exis-
te anteriormente às suas decisões nem sem elas pode existir”. Essa insistência
no caráter atemporal da eternidade divina é importante, pois, ainda que de
forma extremamente rara, Espinosa usa excepcionalmente formulações tem-
porais para referir-se a eternidade de Deus. É o que ocorre na seguinte passa-
gem da EIP17S: “Mas penso ter demonstrado, de forma bastante clara (veja-se
a EIP16) que, da mesma maneira que da natureza do triângulo se segue, desde
a eternidade e por toda a eternidade, que a soma dos seus três ângulos é igual a
dois retos, da suprema potência de Deus, ou seja, de sua natureza infinita, ne-
cessariamente se seguiram – ou melhor, se seguem sempre com a mesma ne-
cessidade – infinitas coisas, de infinitas maneiras, isto é, tudo. Portanto, a oni-
potência de Deus tem existido em ato, desde a eternidade, e assim permanece-
rá eternamente”.
12 Em relação à mente humana, cf., especialmente, a E5P23S (“não pode
suceder que nos recordemos de ter existido antes do corpo, visto que não po-
de haver no corpo nenhum vestígio disso, nem a eternidade pode ser definida
pelo tempo, nem pode ter nenhuma relação com o tempo”) e a E5P34S (os
homens “têm consciência da eternidade da sua mente, mas a confundem com
a duração [...]).
13 Evidentemente, esta consideração terminológica não pretende ser uma
prova da distinção radical entre essas duas teorias, prova que precisa ser esta-
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nidade (um forte e outro fraco), mas a duas causas ou razões distintas de
um só e mesmo tipo. Para esclarecer esse último ponto pretendo exami-
ná-lo à luz do conceito de necessidade, o que se justifica tanto pelo fato
da definição de eternidade remeter à noção de existência necessária quan-
to pelo fato de Espinosa estabelecer igualmente uma distinção entre o
que é necessário em virtude de sua própria essência e o que é necessário
em virtude de sua causa (EIP33S1). Assim, a teoria da eternidade ganha
maior inteligibilidade à luz de sua articulação com o necessitarismo de-
fendido por Espinosa.
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a eternidade, a rigor, não poderia pertencer ao modo, que existe por um ou-
tro”.
17 Ibidem, p.309.
18 Ibidem, p. 81-82. A análise dessa articulação o leva a propor uma carac-
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24 Cf. EII def.II: “Digo pertencer à essência de uma certa coisa aquilo que,
cia ou pela sua causa próxima. Se uma coisa existe em si ou, como se diz co-
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mumente, é causa de si mesma, ela deverá ser entendida só pela sua essência;
se, porém ela não existe em si, mas requer uma causa para existir, então deve
ser compreendida pela sua causa próxima. Pois na verdade o conhecimento do
efeito nada mais é que adquirir um conhecimento mais perfeito da causa”.
26 A nota de Espinosa ao §92 deixa claro que nada na Natureza, isto é, ne-
nhum modo, pode ser compreendido sem que ao mesmo tempo “tornemos
mais amplo o conhecimento da causa primeira, isto é, Deus”.
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festo pelo uso positivo que ele confere à expressão “causa sui” para designar
precisamente aquilo que é necessário em virtude de sua própria essência, isto é,
aquilo cuja essência é a causa ou razão interna (causa sive ratio) de sua existência
necessária.
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bastante amplo para designar tudo o que pode ser afirmado de algo, qualquer
que seja a natureza do que é afirmado e a forma da afirmação. Nesse sentido
bastante amplo, os atributos divinos, que, segundo Espinosa, são irredutíveis a
meros adjetivos e possuem uma natureza simultaneamente substantiva e ver-
bal, podem ser caracterizados como propriedades essenciais da substância.
Com efeito, para os objetivos desse artigo não é necessário entrar na difícil
discussão acerca da natureza específica dos atributos divinos e da forma de sua
atribuição à substância. O fundamental aqui é reconhecer que eles são afirma-
dos verdadeiramente da substância como elementos constitutivos de sua es-
sência.
33 Essa interpretação também foi defendida recentemente por Jarrett
(2009), p.131-132.
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4. Conclusão
Se as análises acima desenvolvidas estão corretas, Espinosa não
cometeu nenhum pecado contra o rigor terminológico ao atribuir a eter-
nidade aos modos, pois a análise da definição VIII mostra que ela é per-
feitamente passível de uma interpretação não-restritiva que legitima essa
atribuição ao distinguir entre o que é eterno por si e o que é eterno em
virtude de sua causa eterna. Além disso, o exame da articulação entre os
conceitos de eternidade e de existência necessária permitiu esclarecer o
significado dessa distinção, iluminando o caráter unívoco da atribuição da
eternidade à substância divina e aos modos. Por fim, a aplicação da tese
deleuziana da compatibilidade entre univocidade, imanência e distinção
de essência ao caso de propriedades não essenciais como a eternidade
permitiu reforçar a interpretação, proposta por Jaquet, da eternidade co-
mo uma propriedade comum universal igualmente presente na substância
e nos modos. A principal conseqüência dessa leitura é que a eternidade
que os modos são passíveis de possuir deve ser ter um significado tão
atemporal quanto a da substância, de forma que a sempiternidade que
lhes é atribuída pelas leituras de inspiração neoplatônica deve ser descar-
tada. No entanto, vimos que Espinosa utiliza expressões temporais para
se referir à eternidade dos modos. Assim, partindo do resultado alcança-
do em nossa análise será preciso formular uma interpretação do signifi-
cado dessas expressões que não reintroduza sub-repticiamente as leituras
36 Cf. Jaquet (1997), p. 93-94. Jaquet defende essa interpretação para o caso
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