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Grupo I
4. Este poema de Ana Luísa Amaral evoca um poema conhecido de Fernando Pessoa,
subvertendo o seu sentido.
1 Portugal é o tema favorito dos portugueses. Somos caso único no mundo: outros povos
preocupam-se com as suas vidas públicas ou privadas. Assuntos banais em existências banais. Nós,
os portugueses, vivemos obcecados com temas mais metafísicos. A nossa alma. A nossa identidade.
O nosso destino comum. Portugal é a nossa amante. A nossa neurose. E alguns sábios, confrontados
5 com o cenário, afirmam seriamente que é tudo um problema de autoestima: os portugueses são
melancólicos como o seu fado e olham medrosamente para o espelho, só para confirmarem que
ainda existem.
Por favor, não acreditem numa só palavra. O problema dos portugueses não é a falta de
autoestima. É o excesso. Só por excesso de autoestima se compreende o namoro constante de
10 Portugal consigo próprio.
A culpa é do passado. A história portuguesa, por necessidade ou vocação, foi uma história de
megalomania. E de grandeza. Pior: de insólita grandeza. Como é possível ser um pequeno país no
extremo ocidental da Europa e ter dividido o mundo com Espanha no século XV? Como foi possível
ter dominado partes de África, da Ásia e do Brasil? Meu Deus: é como convidar um anão para jogar
15 na NBA. E ele encestar. Portugal foi esse aristocrata improvável. E hoje, depois de perdido o
Império, o aristocrata arruinado gosta de deambular pelos corredores envelhecidos do palácio. Não
temos dinheiro para mandar consertar os candelabros. Mas ainda os temos. Nós, portugueses,
gostamos intimamente desse masoquismo vaidoso.
Visitar Portugal é visitar esse palácio envelhecido. É visitar Lisboa, cidade sonolenta sob um sol
20 divino, que desce como um gato até ao rio. Ou o Porto, cidade pétrea que emerge sob uma bruma
matinal, como acontece em alguns contos de fadas ou elfos. Se passarem pelas duas cidades,
estejam atentos aos contrastes: os lisboetas, mais festivos e calorosos nos seus temperamentos
mediterrânicos; os portuenses, mais reservados, de carácter tipicamente atlântico; mas ambos
orgulhosos das suas joias.
25 Lisboa é a cidade dos poetas: aqueles que cantaram o Tejo, como Camões; as sete colinas,
como Cesário; o Chiado, como Pessoa. O Porto é a cidade dos burgueses: aqueles que vendem o
vinho com o mesmo nome; que se passeiam pela Foz durante o dia; e que mergulham na velha
Ribeira quando a noite cai. Mas Portugal não se reduz a duas cidades. Portugal é sobretudo uma
língua de terra que se abre para o oceano. As praias, de onde partiam os barcos para o mundo, são
30 hoje o porto de férias para o mundo que aqui vemos chegar. E a mesa portuguesa é o resultado
perfeito dessa junção perfeita entre o trabalho do homem e os frutos do mar. (…)
1. No primeiro parágrafo, depois da tese que introduz o tema do artigo (primeira frase), o autor serve-
se de…
A. argumentos (ll.1-3) e exemplos (ll.4-7)
B. juízos de valor (ll.3-4) e argumentos (ll.4-7)
C. exemplos (ll.3-4) e um contra-argumento (ll.4-7)
D. contra-argumentos (ll.1-4) e exemplos (ll.4-7)
5. Os processos de formação das palavras “megalomania” (l.12) e “NBA” (l.15) são, respetivamente,
A. composição e acrónimo.
B. amálgama e sigla.
C. derivação e truncação
D. composição e sigla.
8. Os constituintes “a cidade dos poetas” (l.25) e “a cidade dos burgueses” (l. 26) desempenham a
função sintática de…
A. predicativo do sujeito.
B. complemento direto.
C. modificador do grupo verbal.
D. complemento oblíquo.
Grupo III
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando
esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente
dos algarismos que o constituam (ex.: /2014/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de cento e oitenta e um máximo de duzentas e vinte
palavras –, há que atender ao seguinte: − um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5
pontos) do texto produzido; − um texto com extensão inferior a cem palavras é classificado com zero pontos.
Bom trabalho!