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Esboço da proposta de pós-doutoramento:

A dialética romântica, realista, naturalista e pré-modernista na percepção dos


desfavorecidos em obras de Aluísio Azevedo e Lima Barreto.
por
Anderson F. Brandão

Resumo do Currículo Lattes.

Possui graduação em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1993),


licenciatura (UFRJ) (1997), mestrado em Literatura Comparada (Ciência da Literatura)
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1999) e doutorado em Literatura
Comparada (Ciência da Literatura) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2006).
É professor de Literatura Brasileira da Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado
do Rio de Janeiro por concurso público, onde obteve primeiro lugar em sua disciplina.
Atuou como professor de Ensino Básico (Prefeitura do Rio de Janeiro); Ensino Médio
(Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro), UFRJ (Professor Substituto
aprovado em Concurso Público); UERJ (Professor Substituto); Uniabeu (Professor
Titular da Cadeira de Literatura Brasileira). Tem larga experiência no Ensino de Língua
Portuguesa e Literatura para o Ensino Médio (18 anos) e para a Graduação de Faculdade
de Letras (16 anos), nos quais atuou em Literatura Brasileira, Literatura Comparada,
Teoria da Literatura, Literatura Portuguesa, Literatura Infanto-juvenil, Técnicas de
Contação de Histórias, Língua Portuguesa e Metodologia da Pesquisa para diversas
graduações e pós-graduações. Ensaísta, tem trabalhos publicados em livros e periódicos,
com destaque para O teatro desagradável de Nelson Rodrigues, publicado em 2014. Seu
trabalho teórico aborda as áreas de Literatura e Sociedade, Realismo e Música Popular
Brasileira. Contista, tem concentrado as suas publicações na revista Renovarte, da União
Brasileira de Escritores (RJ), entidade que lhe conferiu a "Medalha Jorge Amado", no ano
de 2008. Como editor e apoiador de publicações acadêmicas, faz parte da Comissão
Editorial da Revista Uniabeu e foi editor da Revista Alumni, além de ter trabalhado como
avaliador Ad Hoc. Foi Coordenador Institucional do Pibid/Uniabeu entre os anos de 2014
e 2016.

A dialética entre as estéticas.

Este preâmbulo de uma proposta de Pós-doutoramento parte de uma pesquisa de


Iniciação Científica que orientei na UNIABEU, intitulada A Estética Realista e a
Representação Histórica e Social dos Desfavorecidos: embates ideológicos nos séculos
XIX, XX e XXI, na qual eu busquei traçar um panorama das diferentes representações de
personagens menos favorecidos em momentos previamente selecionados ao longo dos
séculos XIX e XX. Estudamos romances do século XIX e início do século XX (quando
analisamos as obras de Aluísio Azevedo, Euclides da Cunha e Lima Barreto ), a música
popular dos anos 30 do século XX (nos aprofundamos no estudo das músicas de Noel
Rosa), romances dos anos 30 (onde estudamos obras de Graciliano Ramos), o romance
de 45 (onde estudamos a obra de Clarice Lispector e Jorge Amado), o romance da década
de 70 (onde estudamos obras de Ignácio de Loyola Brandão) e fechamos com a análise
dos romances Cidade de Deus, de Paulo Lins e Inferno, de Patrícia Melo. Dessa forma,
de maneira não sistemática, mas pontual, busquei mostrar aos meus pesquisadores as
diferentes representações artísticas dos desfavorecidos em momentos diversos da história
do Brasil, indo desde o olhar sobre os escravos recém libertos no século XIX até o retrato
das comunidades no Rio de Janeiro recente.
Durante a pesquisa, a partir, principalmente, da leitura das obras de György
Lukács e Michael Löwy, percebi que as formulações romântica, realista e naturalista,
estendendo suas características ao pré-modernismo de Lima Barreto, não eram apenas
elementos da construção puramente estética do texto, mas poderiam ser percebidas como
fórmulas ideológicas específicas para abordar as diversas questões sociais tratadas nas
obras. O fenômeno estético não estava relacionado somente à inter-relação entre as
diversas escolas literárias, mas correspondia a uma série de conteúdos sobre o tipo de
percepção do cenário social retratado, os problemas e as questões mais importantes
sugeridas e aprofundadas, o horizonte de percepção possível para a representação dos
fenômenos sociais, assim como os tipos de problemas retratados.
Além disso, a partir do confronto entre opostos fundamentais como o idealismo
romântico e o objetivismo realista, por exemplo, seria possível compreender os
fenômenos estéticos como processos de construção de sínteses que ora aproximavam-se
mais de um ou de outro parâmetro com um efeito estético e ideológico variado, onde a
aproximação e o afastamento correspondiam a uma oscilação ideológica que ora buscava
afastar o objeto para o âmbito da idealização, ora o aproximava para a percepção mais
objetiva do fenômenos sociais.
Esse é o caso, por exemplo, da obra de Aluísio Azevedo, que começou a sua lavra
a partir de um romance intitulado Uma lágrima de mulher, uma obra na qual a presença
do idealismo romântico criou uma atmosfera quase onírica, base para o desenvolvimento
do problema da queda moral ligada ao enriquecimento financeiro.
Sob a ótica do Naturalismo, O cortiço retratou o mesmo problema. Agora, a
atmosfera onírica deixou de existir para dar lugar a personagens concretos, com
problemas e desafios oriundos dos fenômenos sociais. A diferença de abordagem é clara
e corresponde à oposição entre as abordagens romântica e naturalista, mas uma coisa une
os dois personagens aparentemente diversos – ambos Maffei (Uma lágrima de mulher) e
João Romão (O cortiço) trazem suas características fundamentais inalteradas ao longo
das suas narrativas. Ou seja, são ambos essencialmente transgressores.
Além disso, percebemos que as obras ora oscilavam entre os dois parâmetros, o
idealismo e o objetivismo. Ainda sobre a obra de Aluísio Azevedo, percebemos em vários
momentos de O mulato, cenas em que a estética romântica era usada para descrever e
movimentar o relacionamento entre os personagens Raimundo e Ana Rosa, embora esse
romance fosse pertencente à escola Realista/ Naturalista. Ou seja, a construção do
naturalismo de Aluísio Azevedo teve que passar por uma dialética na qual o idealismo
romântico estava presente mesmo na fatura de seus textos.
Da mesma maneira, traços do idealismo romântico podiam ser percebidos no
último romance de Lima Barreto, pertencente à escola pré-modernista, no qual a
personagem principal Clara dos Anjos realizava o seu percurso da inocência para a
percepção de sua real condição de vida a partir do momento em que engravidou e foi
abandonada pelo personagem oriundo da classe média, Cassi Jones.
Ou seja, a leitura desses romances deixou transparecer que as estéticas não eram
apenas linguagens estanque que norteavam as obras, mas recursos através dos quais os
autores realizavam diferentes objetivos em suas obras, oriundos mesmo de sínteses que
ora se aproximam e ora se afastam das escolas literárias tradicionais em que os romances
estavam catalogados.

O olhar sobre os desfavorecidos.


De uma forma geral, os desfavorecidos começam a aparecer sistematicamente nos
romances brasileiros a partir das obras de Aluísio Azevedo. Esse fato ocorre por
influência do Naturalismo de Émile Zola.
No entanto, existe uma diferença clara entre as abordagens de Aluísio e de Lima
Barreto. O primeiro usa o determinismo científico para se afastar do objeto estudado. A
frieza com que ele trata os personagens faz com que o leitor creia estar diante de uma
lâmina em um microscópio a observar os diversos fenômenos sociais retratados.
Por outro lado, a escrita de Lima Barreto possui uma aproximação bem maior com
o quotidiano dos desfavorecidos. Ele é o primeiro romancista a retratar de forma clara a
vida do subúrbio carioca, com a composição de personagens que estavam muito mais
próximos dos problemas enfrentados pela população.
O Naturalismo de Aluísio Azevedo estava próximo da perspectiva dos primeiros
republicanos, influenciados pelas leituras de uma ciência positiva, na qual a pobreza, o
atraso, a mestiçagem eram aspectos de um mesmo fenômeno social que se desejava
estudar para posteriormente extirpar de nosso contexto social.
O pré-modernismo de Lima Barreto desejava um aprofundamento crítico na
realidade dos desfavorecidos, cujos problemas não estavam naturalizados em
perspectivas deterministas, mas eram oriundos das desigualdades sociais e mesmo da
diferenciação de tratamento dado pelo Estado às populações da periferia.
Dessa forma, as nossas leituras puderam revelar que os padrões estéticos do
Naturalismo e do Pré-modernismo correspondiam a percepções diferenciadas dos
fenômenos sociais, principalmente levando-se em conta os desfavorecidos. Não era
somente uma estética, mas uma forma ideologicamente fundamentada e que servia a
perspectivas bem marcadas no início do período republicano no Brasil.
Dessa forma, o movimento dialético entre as estéticas de Aluísio Azevedo e Lima
Barreto pode nos mostrar a construção de pensamentos distintos sobre os primeiros anos
da República no Brasil.

Esboço de uma proposta de pós-doutoramento.

O objetivo desta pesquisa é estudar as obras de Aluísio Azevedo(1875-1913) e


Lima Barreto (1881-1922) tendo como meta compreender a dialética entre as estéticas
romântica, realista, naturalista e pré-modernista na construção de um olhar sobre os
desfavorecidos retratados em suas obras. Com isso, pretendemos traçar o perfil de
tipologias de pensamento sobre as classes populares nos primeiros anos do regime
republicano no Brasil.
Bibliografia Resumida.
AZEVEDO, A. Aluísio Azevedo: ficção completa em dois volumes. Rio de Janeiro (RJ):
Nova Aguilar, 2005.

BARRETO, J. De L. Lima Barreto: prosa seleta. Rio de Janeiro (RJ): Nova Aguilar,
2001.

LÖWY, M.; SAYRE, R. Revolta e melancolia. São Paulo (SP): Boitempo, 2015.

LUKÁCS, G. Arte e sociedade: escritos estéticos 1932-1967. Rio de Janeiro. Ed. UFRJ,
2009.

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