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CONTABILIDADE

Demonstrações financeiras
consolidadas no contexto do SNC
Este artigo evidencia aspectos conceptuais inerentes ao processo de consolidação
de demonstrações financeiras, com base no SNC. A aplicação deste, embora
perceptível, envolve alguma complexidade.

Por Ana Isabel Lopes* e Pedro Santos Trabucho**

O
Decreto-Lei (DL) n.º 158/ informação para os stakeholders preenchem todos os requisitos
/2009 aprovou o Sistema e mercados onde estas entidades para se enquadrarem no regime
de Normalização Conta- operam e se financiam. de obrigatoriedade de prepara-
bilística (SNC), caracterizando-o O diploma que aprovou o SNC ção e divulgação de demonstra-
como um corpo de normas coe- sublinha os requisitos relativos à ções financeiras consolidadas.
rente com as normas internacio- obrigatoriedade de certas empre- Assim, ainda que económica e
nais de contabilidade e as nor- sas prepararem e apresentarem juridicamente se possa identi-
mas internacionais e de relato demonstrações financeiras con- ficar um grupo constituído por
financeiro (IAS/IFRS) em vigor solidadas, bem como as regras empresa-mãe e suas subsidiá-
na União Europeia, bem como relativas à sua dispensa e exclu- rias, contabilisticamente pode a
com as actuais versões das quar- são, pelo que se afigura oportuno empresa-mãe estar dispensada
ta e sétima directivas comuni- abordar este assunto na perspec- de apresentar as demonstrações
tárias sobre contas, respectiva- tiva da sua aplicação prática. financeiras do grupo como se de
mente, de entidades individuais Relativamente à dispensa e ex- uma única entidade se tratasse.
e de grupos de sociedades. clusão na consolidação de contas, Por outro lado, a exclusão não
Este artigo incide sobre os gru- cabe, desde já, apontar que se tra- se aplica à empresa-mãe, mas
pos de sociedades em Portugal e, tam de dois conceitos diferentes às suas subsidiárias, identifi-
em particular, sobre a produção e que urgem ser esclarecidos. cando aquela(s) que, embora
apresentação de demonstrações A dispensa aplica-se às empre- participada(s) económica e ju-
financeiras consolidadas, dada sas-mãe que, embora controlan- ridicamente pela empresa-mãe,
a significativa importância desta do um grupo de sociedades, não contabilisticamente possa(m) não

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ser incluída(s) no seu perímetro destacam-se as condições para lidadas, independentemente da


de consolidação, por não existir a dispensa de apresentação de titularidade do capital, é obri-
um controlo efectivo (de facto). DFC e as possíveis exclusões de gatória desde que exista controlo
Como consequência, o investi- subsidiárias nas DFC, respecti- ou desde que as duas entidades,
mento financeiro que a empre- vamente; evidencia-se, depois, empresa-mãe e subsidiária, se-
sa-mãe detém, em termos indi- a importância de uma adequada jam geridas como se constituís-
viduais, numa subsidiária, será preparação das DFC (tendo por sem uma única entidade.
mensurado, no âmbito do SNC, base os procedimentos de con- O conceito de controlo, que ganha
pelo método de equivalência pa- solidação) para a interpretação assim relevância adicional, pode
trimonial, não sendo eliminado e análise dos montantes em base ser definido, conforme art.º 2 do
por contrapartida da fracção do consolidada e individual para referido DL, como o poder de ge-
capital próprio detido, mecanis- efeitos de tomada de decisão. rir as políticas financeiras e ope-
mo primordial de um processo racionais de uma entidade ou de
de consolidação de contas. uma actividade económica(2) a fim
Pelo exposto, quando se preten-
A elaboração de obter benefícios da mesma.(3)
de verificar qual a empresa-mãe de demonstrações Estes benefícios são esperados
que lidera um grupo e se esta financeiras para a empresa-mãe através da
entidade deverá apresentar de- definição de políticas comuns,
monstrações financeiras con- consolidadas (...) é do aproveitamento de sinergias
solidadas, analisam-se os re- obrigatória desde de actuação, da geração de eco-
quisitos de obrigatoriedade e de que exista controlo nomias de escalas ou por via de
dispensa desse procedimento. outros factores estratégicos que
Caso a empresa-mãe prepare ou desde que as consubstanciam, a prazo, au-
demonstrações financeiras con- duas entidades, mento de cash-flow.
solidadas, por obrigação ou por Refira-se que o controlo é exerci-
empresa-mãe e
opção, terá de identificar todas do por uma única entidade ou, a
as suas subsidiárias, incluindo- subsidiária, sejam título mais excepcional, é exer-
as ou excluindo-as do processo geridas como se cido em conjunto, remetendo-se,
de consolidação, de acordo com nesse caso, para figura do contro-
determinados requisitos que
constituíssem uma
lo conjunto e para os respectivos
possibilitam ou não a exclusão. única entidade. métodos aplicáveis (consolidação
Ao abrigo do SNC, o que muda proporcional ou equivalência pa-
relativamente ao que estava defi- Obrigatoriedade de trimonial). Dado o carácter mais
nido sob a alçada do Plano Oficial elaboração de demonstrações excepcional do controlo conjun-
de Contabilidade (POC) não são financeiras consolidadas to(4) e da consolidação propor-
os conceitos de obrigatoriedade, Decorre do art.º 6.º do DL cional e a similitude de procedi-
dispensa e exclusão, de per si, 158/2009 que é sobre as empre- mentos desta com a consolidação
mas sim os novos requisitos para sas-mãe sujeitas ao direito na- integral, não se desenvolve neste
tal, bem como o próprio nor- cional que incide a obrigação de artigo essa questão.
mativo base em que se suporta elaborar demonstrações finan- A maior dificuldade de determi-
a preparação de demonstrações ceiras consolidadas do grupo nação do controlo poderá derivar
financeiras consolidadas(1). constituído por ela e por todas as da titularidade do capital e, es-
O presente artigo apresenta a suas subsidiárias. pecificamente, do apuramento
seguinte estrutura: começa por A noção fundamental a reter, do número de direitos de voto(5)
realçar os casos em que a pre- quanto à relação entre a empre- que confere esse controlo e que
paração das demonstrações fi- sa-mãe e as suas subsidiárias, pode divergir da percentagem de
nanceiras consolidadas (DFC) respeita ao controlo. capital detida.
é obrigatória, bem como ques- De facto, destaque-se, antes de Conciliando estes factores, a ta-
tões relacionadas com o exercí- mais, que a elaboração de de- bela 1 resume os critérios de iden-
cio do controlo; seguidamente monstrações financeiras conso- tificação de um grupo constituído

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Tabela 1 - Identificação das subsidiárias


Critérios alternativos  a subsidiária é aquela sobre a qual a empresa-mãe:

Possa exercer, ou exerça efectivamente, influência dominante ou controlo;


Independentemente
da titularidade do
capital Exerça a gestão como se as duas constituíssem uma única entidade;

Contagem dos direitos


Critérios alternativos  a subsidiária é aquela de voto e/ou direitos
sobre a qual a empresa-mãe: de designação ou
destituição
a) Tenha a maioria dos direitos de voto, excepto se for demonstrado que
(1) + (2) - (3) - (4) - (5)
esses direitos não conferem o controlo;
b) Tenha o direito de designar ou de destituir a maioria dos titulares do
órgão de gestão de uma entidade com poderes para gerir as políticas (1) + (2) - (3) - (4)
financeiras e operacionais dessa entidade;
c) Exerça uma influência dominante sobre uma entidade, por força de um
contrato celebrado com esta ou de uma outra cláusula do contrato social Não aplicável
desta;
Com titularidade
d) Detenha pelo menos 20 por cento dos direitos de voto e a maioria dos
do capital
titulares do órgão de gestão de uma entidade com poderes para gerir as
políticas financeiras e operacionais dessa entidade, que tenham estado
em funções durante o exercício a que se reportam as demonstrações (1) + (2) - (3) - (4) - (5)
financeiras consolidadas, bem como, no exercício precedente e até ao
momento em que estas sejam elaboradas, tenham sido exclusivamente
designados como consequência do exercício dos seus direitos de voto;
e) Disponha, por si só ou por força de um acordo com outros titulares do
capital desta entidade, da maioria dos direitos de voto dos titulares do (1) + (2) - (3) - (4) - (5)
capital da mesma.
Indicadores para contagem dos direitos de voto:
(1) Direitos de voto, de designação e de destituição, detidos pela empresa-mãe.
(2) Direitos de voto detidos por qualquer subsidiária e os das subsidiárias desta, bem como os de qualquer pessoa agindo em
seu próprio nome, mas por conta da empresa-mãe ou de qualquer outra subsidiária.
(3) Partes de capital detidas por conta de uma entidade que não a empresa-mãe ou uma subsidiária.
(4) Partes de capital detidas como garantia, desde que os direitos em causa sejam exercidos em conformidade com as
instruções recebidas ou que a posse destas partes seja para a entidade detentora uma operação decorrente das suas
actividades normais, em matéria de empréstimos, com a condição de que os direitos de voto sejam exercidos no interesse
do prestador da garantia.
(5) Direitos de voto relativos às partes de capital detidas pelas subsidiárias, por uma subsidiária desta ou por uma pessoa que
actue no seu próprio nome, mas por conta destas entidades.

Fonte: Elaboração própria a partir da análise do DL 158/2009

por uma empresa-mãe que con- dos os factos e circunstâncias que não apresentam qualquer exem-
trola subsidiárias, quer aquela te- afectem esses mesmos direitos de plo prático que sirva de orienta-
nha ou não a titularidade do seu voto, efectivos e potenciais (de- ção ao cálculo dos direitos de voto
capital, de acordo com o referido signados como direitos de exercer potenciais, matéria que ganha
no DL que aprovou o SNC. ou converter (6)). importância devido à complexi-
Esta análise deve ser complemen- Tal aferição, no que respeita dade dos instrumentos financei-
tada com a aplicação da NCRF 15 aos direitos de voto potenciais ros a que as empresas portugue-
- Investimentos em subsidiárias e é, contudo, independente da sas actualmente têm acesso.
consolidação, que refere, explici- intenção do órgão de gestão e Nesse sentido, a tabela 2 apresenta
tamente, que para avaliar se uma da capacidade financeira de os um sumário da análise a efectuar
entidade tem o controlo, é neces- exercer ou converter.(7) tendo por base o guia de imple-
sário aferir da existência de po- Sublinhe-se, no entanto, que ao mentação da IAS 27 - Consolidated
tenciais direitos de voto e de to- contrário das IAS/IFRS, as NCRF and separate financial statements.

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Tabela 2: Direitos de voto potenciais

Situação a analisar Conclusão final

Exemplo 1: opções de compra (mesmo que estejam out of the money(8))

As entidades “A” e “B” detêm 80 e 20 por cento, respectivamente, Apesar das opções de compra estarem out of the money, são
das acções ordinárias com direito a voto da entidade “C”. A correntemente exercíveis, e conferem à entidade “A” o poder
entidade “A” vende metade da sua participação à entidade “D” e de continuar a gerir as políticas operacionais e financeiras da
adquire opções de compra à entidade “D”, que são exercíveis a entidade “C”. Estes direitos potenciais são determinantes para
qualquer momento com um prémio sobre o valor de mercado e, considerar que quem controla a entidade “C” é a “A”, de acordo
se exercidas, conferem à entidade “A” manter os 80 por cento com a IAS 27 e, por analogia, com a NCRF 15.
que detinha antes desta transacção.

Exemplo 2: possibilidade de exercício ou de conversão

As entidades “A”, “B” e “C” detêm 40, 30 e 30 por cento, Se as opções forem exercidas, a entidade “A” terá controlo sobre
respectivamente, das acções ordinárias com direito a voto na mais de metade dos direitos de voto. A existência destes direitos
entidade “E”. A entidade “A” também detém opções de compra potenciais é determinante para considerar que quem controla a
que são exercíveis em qualquer momento ao justo valor do entidade “E” é a “A”, de acordo com a IAS 27 e, por analogia, com
activo subjacente e, se exercidas, conferirão, mais 20 por cento a NCRF 15.
das acções com direito a voto na entidade “E”, reduzindo as
participações de “B” e “C” para 20 por cento cada.

Exemplo 3: Outros elementos que têm o potencial de aumentar ou reduzir o poder de voto de uma entidade

As entidades “A”, “B” e “C” detêm 25, 35 e 40 por cento, Apesar dos warrants sobre acções não estarem na posse de
respectivamente, das acções ordinárias com direito a voto da “A”, são consideradas como acessíveis ao seu controlo uma vez
entidade “D”. As entidades “B” e “C” também possuem warrants que são exercíveis por “B” e “C”. Normalmente, se é necessário
sobre acções exercíveis a qualquer momento a um preço fixo e uma intervenção (compra ou exercício de direito) para que uma
que facultam direitos de voto. A entidade “A” possui opção de entidade passe a ter um direito potencial, esse direito potencial
compra que lhe permite adquirir estes warrants sobre acções, não é considerado como estando na posse da entidade. No
a qualquer momento, ao valor nominal. Se a opção de compra entanto, os warrants sobre acções são, em substância, detidas
for exercida, a entidade “A” terá o potencial de aumentar a sua por “A”, dado os termos em que foi negociada a opção de compra
participação no capital, e nos direitos de voto, da entidade “D” garantir a posição de controlo de “A”. A combinação da opção de
para 51 por cento (diluindo a participação de “B” para 23 por compra com os warrants sobre acções confere à entidade “A”
cento e a de “C” para 26 por cento). o poder de gerir as políticas financeiras e operacionais de “D”,
sendo esta que controla a entidade “D” (e não a entidade “B” ou
“C”), de acordo com a IAS 27 e, por analogia, com a NCRF 15.

Exemplo 4: Intenção da gestão

As entidades “A”, “B” e “C” detêm, cada, 33 por cento das acções A existência destes direitos potenciais são considerados e
com direito a voto na entidade “D”. Cada uma delas tem direito garante que é a entidade “A” que controla a entidade “D”. A
a nomear dois administradores da entidade “D”. A entidade “A” intenção da gestão não tem qualquer influência para esta
também possui opções de compra que são exercíveis a um preço conclusão, de acordo com a IAS 27 e, por analogia, com a
fixo a qualquer momento e que lhe garantem a totalidade dos NCRF 15.
direitos de voto da entidade “D”. O conselho de administração da
entidade “A” não tem a intenção de exercer as opções de compra
mesmo que as entidades “B” e “C” não votem as decisões de
gestão da mesma forma que a “A”.

Exemplo 5: Capacidade financeira para exercer ou converter

As entidades “A” e “B” detêm 55 e 45 por cento, respectivamente, Apesar dos instrumentos de dívida serem convertíveis a
das acções com direito a voto na entidade “C”. A entidade um preço substancial, eles são exercíveis e o processo
“B” detém também instrumentos de dívida (por exemplo, de conversão atribuiria à entidade “B” o poder de gerir
obrigações) convertíveis em acções ordinárias sobre a entidade as políticas financeiras e operacionais da entidade “C”.
“C”. A conversão será feita a um preço substancial, se comparado A existência destes direitos potenciais é considerada e garante
com os activos líquidos de “B”, a qualquer momento, e, se forem que é a entidade “B” que controla a entidade “C”. A capacidade
convertíveis, a entidade “B” terá de se financiar para efectuar a financeira não tem qualquer influência para esta conclusão, de
conversão. Se os instrumentos de dívida forem convertidos, a acordo com a IAS 27 e, por analogia, com a NCRF 15.
entidade “B” ficará com direitos de voto de 70 por cento e os de
“A” serão reduzidos para 30 por cento.
Fonte: Adaptado de Implementation Guide da IAS 27 (2009).

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Acresce referir que, por via da consistentes com a política euro- de participações financeiras, ou
norma interpretativa 1 (enti- peia de apresentação de demons- seja, por via directa, indirecta e
dades de finalidades especiais trações financeiras consolida- cruzada, de forma piramidal.
(EFE)(9) deverá, também, ser in- das, não se aplicam caso uma das Nomeadamente, embora obri-
cluída no perímetro de consoli- entidades a consolidar (empre- gada pela ultrapassagem dos li-
dação de uma empresa-mãe(10) sa-mãe ou subsidiária) seja uma mites indicados na tabela 2, a
patrocinadora da constituição de sociedade com títulos admitidos, empresa-mãe pode estar dispen-
uma EFE, essa própria EFE, sem- ou em processo de admissão, à sada de apresentar demonstra-
pre que a substância do relaciona- negociação num mercado re- ções financeiras consolidadas,
mento seja indiciadora de controlo gulamentado de qualquer Esta- se ela própria for, igualmente,
da empresa-mãe sobre a EFE. do membro da União Europeia. subsidiária de outra empresa-
As EFE são entidades criadas para Nestes casos, a empresa-mãe mãe e, desde que essa entidade
cumprir um objectivo específico, terá sempre de apresentar DFC. esteja subordinada à legislação
como titularização de activos, lo- Não havendo qualquer entidade de um Estado membro e seja ti-
cação ou pesquisa e desenvolvi- nas condições anteriores, então, tular de todas as partes de capi-
mento, podendo tomar diferente quando, na data a que se refere tal da entidade dispensada(11) ou
forma jurídica, sendo que o pa- o balanço de um empresa-mãe, detenha pelo menos 90 por cen-
trocinador retém, normalmente, o conjunto das entidades a con- to das partes de capital da enti-
interesse de esperado benefício solidar, com base nas últimas dade dispensada da obrigação e
significativo, na actividade do contas aprovadas, não ultra- os restantes titulares do capital
EFE, apesar de deter reduzida ou passar o limite de dois de entre desta entidade tenham aprovado
nenhuma participação no capital três indicadores definidos no DL a dispensa.
próprio dessa entidade. 158/2009 durante dois exercícios • Esta dispensa implica, ain-
Mais uma vez está-se na presença anuais consecutivos, essa em- da assim, que se verifiquem
da noção de controlo que, neste presa está dispensada de apre- cumulativamente três con-
caso, pode ser atingido por via de, sentar demonstrações financei- dições:
em substância, a empresa-mãe: ras consolidadas. • A entidade dispensada, bem
• Conduzir as actividades da EFE, Os limites actualmente aprova- como todas as suas subsidiá-
de acordo com as suas necessi- dos são consistentes com os que rias, serem consolidadas nas
dades específicas de negócio e estavam em vigor à luz do ante- demonstrações financeiras
de forma a obter benefícios do rior normativo POC, como pode de um conjunto mais vasto
funcionamento da EFE; ser observado na tabela 3. de entidades cuja empresa-
• Deter os poderes de tomada de mãe esteja sujeita à legisla-
decisão para obter a maioria Tabela 3: Limites quantitativos
ção de um Estado membro
para a dispensa de consolidação de
dos benefícios das actividades contas da empresa-mãe (SNC e POC) da União Europeia;
da EFE; • Essas demonstrações finan-
Indicadores Limites
• Deter direitos para obter a maio- ceiras, bem como o relató-
Total do balanço 7 500 000 €
ria dos benefícios da EFE, po- rio consolidado de gestão do
Total das vendas
dendo estar exposta a riscos ine- líquidas e outros 15 000 000 € conjunto mais vasto de enti-
rentes à actividade da EFE; ou rendimentos dades, serem elaborados pela
• Reter a maioria dos riscos resi- Número de empresa-mãe deste conjunto
duais ou de propriedade relati- trabalhadores, em
média, durante os
250 e sujeitos a revisão legal se-
vos à EFE ou aos seus activos, a exercícios gundo a legislação do Estado
fim de obter benefícios das suas membro a que ela esteja su-
actividades. Ainda assim, há distintas si- jeita, adaptada à sétima di-
tuações de dispensa e que têm rectiva da União Europeia;
Dispensa relevância, principalmente, na • As demonstrações financei-
de consolidação no SNC presença de estruturas organi- ras consolidadas, o relatório
Saliente-se que, à partida, as dis- zacionais em que o capital está consolidado de gestão e o
pensas previstas no DL 158/2009, disperso por vários patamares documento de revisão legal

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dessas contas, serem objec- sobre a qual o juízo profissional sibilidade de exclusão do perí-
to de publicidade por parte da gestão e do TOC será de im- metro de consolidação), que já
da empresa dispensada, em portância crucial. estavam contempladas no ante-
língua portuguesa. Há mais duas condições que per- rior normativo nacional (por via
mitem, mas não obrigam, uma do DL 238/91) e não estão consa-
Exclusões entidade ser excluída do proces- gradas no normativo internacio-
da consolidação no SNC so de consolidação das suas con- nal (desde 2003), deixam a porta
Não estando a empresa-mãe dis- tas na empresa-mãe: aberta à manutenção de alguma
pensada de elaborar demonstra- possível discricionariedade(12) e
ções financeiras consolidadas, não contribuem para a compa-
deverá analisar quais as subsi- A empresa-mãe rabilidade das demonstrações fi-
diárias a incluir. Atente-se que pode estar nanceiras entre entidades sujeitas
o SNC permite, mas não obriga ao SNC e as entidades sujeitas às
a que haja subsidiárias excluídas
dispensada
IAS/IFRS.
do perímetro de consolidação. de apresentar
Nesse processo deve ser tido em demonstrações NCRF aplicável aos investi-
linha de conta que, ao contrário mentos em subsidiárias
do que sucedeu em legislação an-
financeiras e consolidação (NCRF 15)
terior, uma subsidiária não é actu- consolidadas, se ela Objectivo e âmbito da NCRF 15 -
almente excluída da consolidação for subsidiária de O objectivo e o âmbito da NCRF
apenas porque as suas actividades 15 remetem para a sua dupla
empresariais possam ser disse- outra empresa-mãe aplicação, especificamente:
melhantes das actividades das • Nas demonstrações financei-
outras entidades do grupo. Aliás, a) Na presença de situações em ras individuais, estabelecendo
a tendência para a uniformização que percentagem de capital e di- quais as regras de mensuração
de políticas contabilísticas, prin- reitos de voto respectivo possam dos investimentos financeiros
cípios e regras de mensuração, parecer que conferem o controlo em subsidiárias;
entre vários sectores de activida- à empresa-mãe, mas o objectivo • Nas demonstrações financei-
des, justifica que assim seja. da detentora é apenas obter um ras consolidadas de um grupo
Uma entidade pode, no entan- rendimento quase imediato, es- de entidades sob o controlo
to, ser excluída da consolidação tando nestas condições as par- de uma empresa-mãe, esta-
quando não seja materialmente tes de capital adquiridas exclu- belecendo orientação prática
relevante para a realização do sivamente tendo em vista a sua quanto aos procedimentos de
objectivo de as demonstrações cessão posterior, e enquanto se consolidação.
financeiras darem uma ima- mantenham classificadas como No que respeita às demonstra-
gem verdadeira e apropriada da detidas para venda; ções financeiras individuais, a
posição financeira do conjunto b) Na presença de situações em NCRF privilegia a aplicação do
das entidades compreendidas na que se identifique a existência de método da equivalência patri-
consolidação. Ainda assim, se, controlo, mas nas quais existam monial às partes de capital deti-
isoladamente, duas ou mais en- restrições severas e duradouras das em subsidiárias, remetendo
tidades forem excluídas da con- que prejudiquem substancial- para os procedimentos práticos
solidação, a materialidade deve mente o exercício pela empre- constantes na NCRF 13 — In-
ser analisada em conjunto. sa-mãe dos seus direitos sobre teresses em empreendimentos
Este conceito de materialidade o património ou sobre a gestão conjuntos e investimentos em
tem um carácter subjectivo, já dessa entidade, como é o caso, associadas, matéria que não é
que não há qualquer indicação por exemplo, da localização de alvo de discussão neste artigo.
no SNC sobre o nível, ou mon- determinadas subsidiárias em Adequada preparação de de-
tante, a partir do qual essa ma- países de substancial risco polí- monstrações financeiras con-
terialidade passa a ser relevante, tico e/ou económico. solidadas - O SNC não adaptou,
sendo mais uma das matérias Estas situações de excepção (pos- nem adoptou, o conceito de «de-

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monstrações financeiras sepa- requererem determinados proce- Ainda que, à luz da NCRF 15, o
radas» previsto na IAS 27, o qual dimentos de consolidação (ainda método da equivalência patri-
não pode, nem deve, ser con- que nas demonstrações finan- monial obrigue à anulação, pela
fundido com as «demonstrações ceiras não consolidadas) que, se parte correspondente ao inte-
financeiras individuais.» bem aplicados(13), proporcionam resse, dos resultados não rea-
De facto, existem diferenças nos resultados do período e capital lizados entre empresas do gru-
objectivos da elaboração de «de- próprio total iguais nas contas po e associadas e que estejam
monstrações financeiras sepa- individuais aos que se apurariam incluídos no valor dos activos,
radas» e de «demonstrações se se preparassem demonstrações distingue-se de um processo de
financeiras individuais», nome- financeiras consolidadas. consolidação completo.
adamente no tipo de informação De facto, enquanto nas demons-
que visam divulgar e na importân- trações financeiras individuais
cia para a tomada de decisão, razão O normativo os investimentos financeiros em
pela qual o método de equivalên- nacional (SNC) subsidiárias serão mensurados
cia patrimonial, embora exigido como um único elemento do ac-
pelo normativo internacional na
privilegia a tivo, nas consolidadas serão eli-
valorização de algumas tipologias aplicação do método minados e substituídos pelo justo
de participações de capital, não é da equivalência valor dos activos, passivos e pas-
de aplicação permitida aquando sivos contingentes da subsidiária.
da presença de «demonstrações
patrimonial em Esta diferença condiciona, con-
financeiras separadas» sob a égide qualquer conjunto sequentemente, a forma como o
deste normativo. de demonstrações utilizador analisa a informação
Não significa que o método da e como o mercado de capitais
equivalência tenha sido abo- financeiras reage à divulgação de demons-
lido ou eliminado das normas trações financeiras diferentes
internacionais, mas sim que a No âmbito do SNC, e ao contrário apresentadas por um mesmo
sua aplicação será condicionada do normativo internacional, a conjunto de entidades.
consoante se esteja perante uma igualdade do resultado do perí- As demonstrações financeiras
entidade que prepara, ou não odo e do total de capital próprio consolidadas tendem a espelhar,
prepara, demonstrações finan- atribuído a uma empresa-mãe, de facto, de forma mais relevan-
ceiras consolidadas. em base individual e consolida- te, a real situação do grupo, tendo
O normativo nacional (SNC), por da, poderá, sem a devida cau- utilidade acrescida para os prin-
seu lado, privilegia a aplicação tela, enviesar análises sobre o cipais stakeholders (investidores
do método da equivalência pa- desempenho financeiro e opera- e credores), face às contas indi-
trimonial em qualquer conjunto cional de um grupo económico. viduais, sendo tal directamente
de demonstrações financeiras Não se deve entender que o mé- percepcionado nos indicadores
(consolidadas ou não) podendo todo da equivalência patrimo- operacionais e financeiros obtidos
lesar, de alguma forma, por esta nial será um bom “substituto” tendo por base as contas indivi-
via, o valor acrescentado trazido da consolidação (Elliot e Elliot, duais ou as contas consolidadas.
pela existência de demonstrações 2005), uma vez que omite: Procedimentos de consolidação
financeiras individuais (não con- • Informação detalhada sobre - Os procedimentos de consoli-
solidadas) quando na presença de rendimentos e gastos na de- dação descritos na NCRF 15 são
demonstrações financeiras con- monstração dos resultados, no- mais claros que os do anterior
solidadas da mesma entidade. meadamente de carácter ope- normativo baseado no POC, e
Na verdade, uma substancial di- racional; têm por base, igualmente, a IAS/
ferença entre a aplicação do mé- • Significativos activos e passi- /IFRS sobre este assunto. No en-
todo da equivalência patrimonial vos no balanço; e tanto, a actual IAS 27 já foi re-
na forma como estava previsto no • Expressivos pagamentos e re- vista pelo International Acounting
POC e como é agora descrito no cebimentos da demonstração Standards Board (IASB), durante
SNC, reside de, neste último, se dos fluxos de caixa. 2009 e ainda antes da publica-

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CONTABILIDADE

ção do DL que aprovou o SNC e de propriedade (percentagem de Existem aspectos adicionais a


da publicação oficial das NCRF capital, e não de direitos de voto) considerar no processo de pre-
e, entretanto, endossada pela presente, não reflectindo o pos- paração de demonstrações fi-
União Europeia e publicada em sível exercício ou conversão de nanceiras consolidadas, que
«Jornal Oficial».(14) potenciais direitos de voto. podem contribuir para uma
Assim, apesar da NCRF 15 ter Os procedimentos de consoli- complexidade acrescida, de que
sido publicada em Aviso no «Di- dação descritos na tabela 3 são são bons exemplos os seguintes:
ário da República», em momento aplicados, pelo menos, em dois • Deverá ser analisado se, entre
posterior ao endosso pela União momentos: dois momentos, deixa de ha-
Europeia da última versão da ver controlo sobre uma sub-
IAS 27 (por via do Regulamen- sidiária por via, por exemplo,
to 494/2009, de 3 de Junho) ba- Uma subsidiária da venda de uma parcela do
seia-se na norma internacional não é actualmente investimento financeiro e, em
que consta do Regulamento 1 caso afirmativo, deverá essa
excluída da participação passar a ser reco-
126/2008, de 3 de Novembro.
Esta NCRF, por se fundamentar consolidação nhecida como uma associada
numa norma internacional de- apenas porque as (NCRF 13), empreendimento
sactualizada, pode ferir, em de- conjunto (NCRF 13) ou instru-
terminados pontos, a comparabi-
suas actividades mento financeiro (NCRF 27) e
lidade da informação financeira empresariais mensurada inicialmente pela
das empresas portuguesas, cren- possam ser quantia escriturada do inves-
do-se, contudo, que deva ser alvo timento à data em que deixe de
de uma actualização num breve
dissemelhantes ser subsidiária;
período de tempo, principalmen- das actividades • Deverá ser analisado se uma
te no que respeita a aquisições e das outras entidades subsidiária tem acções prefe-
alienações de partes de capital renciais cumulativas em cir-
aos accionistas minoritários, às do grupo. culação que sejam detidas por
aquisições de controlo por fases e interesses minoritários e clas-
ao impacto que pode resultar no • O momento da preparação das sificadas como capital próprio,
capital próprio da empresa ad- primeiras demonstrações fi- sendo que nesse caso a empre-
quirente/vendedora.(15) nanceiras consolidadas, na sa-mãe calcula a sua parte dos
Os procedimentos de consolidação data da aquisição ou concen- resultados apenas depois de
podem ser resumidos na tabela 3, tração de empresas (em que fazer ajustamentos para os di-
onde se procura identificar cada apenas não é aplicado o proce- videndos de tais acções, quer
procedimento e interligar com o dimento 4.2. e pode não haver os dividendos tenham ou não
objectivo subjacente, simplifican- necessidade de aplicação do 5 sido declarados.
do a análise de um processo que, por inexistência de operações • Por fim, uma palavra para
pela sua natureza, é complexo. dessa natureza); dois importantes elementos
Não obstante a existência de di- • O(s) momento(s) posterior(es) que constam (apenas(20)) das
reitos potenciais que interferem à data de aquisição, geralmen- demonstrações financeiras
na avaliação da existência, ou te na data de elaboração das consolidadas, interesses mi-
não, de uma relação de grupo contas, em que todos os proce- noritários e goodwill, com alte-
(controlo) e na inclusão de sub- dimentos são utilizados, tendo rações significativas no reco-
sidiárias no processo de con- por base de referência a data de nhecimento e mensuração no
solidação, as proporções de re- aquisição/concentração origi- âmbito do SNC face ao anterior
sultados e alterações no capital nal (3.1, 3.2, 3.3 e 4.1), a data de normativo nacional:
próprio imputadas à empresa- elaboração das demonstrações • Os interesses minoritários, ou
mãe e aos interesses minoritá- financeiras em cada momento seja, partes de capital das sub-
rios são determinadas na base na (1, 2, 4.2) e o tempo decorrido sidiárias detidas por accionis-
participação efectiva em termos entre estas duas datas (5). tas que não pertencem ao gru-

MAIO 2010 53
CONTABILIDADE

Tabela 3 – Procedimentos de consolidação

Procedimento Finalidade e metodologia

Combinação (soma linha-a-linha) Agregar, somando, numa única DF (balanço, demonstração dos resultados,
dos elementos das demonstrações demonstração de fluxos de caixa, demonstração das alterações do capital próprio),
1
financeiras da empresa-mãe e as DF individuais de todas as entidades incluídas na consolidação, como se de uma
suas subsidiárias única se tratasse.

Efectuar ajustamentos referentes


Garantir a homogeneidade e comparabilidade no tempo e no espaço. Todas as
a harmonia temporal, políticas
entidades têm de utilizar as mesmas bases de mensuração que a empresa-mãe, e
2 contabilísticas e conversão/
as demonstrações financeiras agregadas têm que se referir à mesma data, sendo
/transposição de demonstrações
permitido um desfasamento temporal de três meses.
financeiras em moeda estrangeira

Eliminar duplicação de elementos. As subsidiárias estão reflectivas nos


investimentos financeiros nas contas individuais da empresa-mãe. Ao consolidar
Eliminação das participações as mesmas subsidiárias, há que garantir que o investimento financeiro nas contas
financeiras da empresa-mãe individuais seja eliminado. Também ao agregar as subsidiárias, se somamos activos e
3
nas subsidiárias incluídas na passivos, indirectamente estamos a somar o capital próprio (por dedução), pelo que
consolidação há que eliminar a soma linha-a-linha desse capital próprio. Assim, este procedimento
consiste em eliminar a quantia (ao custo) do investimento da empresa-mãe em cada
subsidiária e a parte da empresa-mãe do capital próprio de cada subsidiária.

O procedimento anterior deve ser feito sempre tendo como base a data em que a
Identificação e tratamento da subsidiária é incluída pela primeira vez. Como o investimento estava mensurado ao
3.1
diferença de aquisição custo e o capital próprio ao valor contabilístico, poderá resultar uma diferença, que
será tratada de acordo com os procedimentos 3.2 e 3.3 desta tabela.

Parte dessa diferença será imputável, ou seja, reconhecida e afecta aos activos
e passivos identificáveis da subsidiária. É quantificada pela parte proporcional
Diferença imputável a activos e
3.2 (percentagem do capital detida) na diferença entre o valor contabilístico e o justo
passivos identificáveis(16)
valor dos activos e passivos identificáveis no momento do cálculo do procedimento
3.1.

Se o remanescente em 3.1 após o procedimento 3.2 for:


Tratamento contabilístico do
- Positivo  reconhecimento de goodwill, consistente com o previsto na NCRF 14
3.3 goodwill positivo ou da diferença
(activo intangível de vida útil indeterminada, sujeito a testes anuais de imparidade);
negativa
- Negativo  reconhecimento de um rendimento imediato e total.

Após efectuar o terceiro procedimento e no caso de as subsidiárias não serem detidas


Identificação dos interesses
a 100 por cento pela empresa-mãe, subsiste uma parte do seu capital próprio ainda
4. minoritários nos activos líquidos
não eliminado e que é atribuível aos interesses minoritários separado em duas
das subsidiárias consolidadas
componentes, conforme 4.1 e 4.2.

O valor a reconhecer como interesses minoritários será:


- A quantia calculada de acordo com a NCRF 14, ou seja, a parte proporcional dos
Nos activos líquidos das interesses minoritários no justo valor dos activos e passivos identificáveis, na data da
4.1
subsidiárias consolidadas aquisição original; (17)
- Adicionado da quantia na parte minoritária das alterações no capital próprio desde
a data da aquisição.

Em cada período de relato, identificar a parte do resultado do período gerado pelas


Nos resultados das subsidiárias subsidiárias que é atribuível aos accionistas minoritários dessas entidades, ou
4.2
consolidadas seja, quantia na parte minoritária das alterações no capital próprio desde a data da
aquisição/concentração (ou desde a data do último reconhecimento).

Para que as DFC evidenciem apenas as operações de um grupo (que reúne várias
entidades dentro do perímetro) com entidades fora do grupo (fora do perímetro), há
que:
- Eliminar por inteiro os saldos, transacções, rendimentos e ganhos e gastos e perdas,
Anulação dos saldos resultantes
5 incluindo dividendos, intra-grupo;
de operações intra-grupo(18)
- Eliminar, por inteiro, os resultados (ganhos) obtidos em transacções intra-grupo e
que estejam incluídos nos activos (nomeadamente em inventários e activos fixos) (19),
aplicando a NCRF 25 - Impostos sobre o rendimento, às diferenças temporárias daí
resultantes.
Fonte: Elaboração própria, a partir da leitura e sistematização da NCRF 15.

54 TOC 122
CONTABILIDADE

po (por não serem accionistas tivos e passivos identificáveis Em qualquer momento as de-
da empresa-mãe) passam a ser adquiridos sobre o custo de um monstrações financeiras consoli-
apresentados no balanço con- negócio, será imediatamente dadas pretendem evidenciar a si-
solidado dentro do capital pró- reconhecida pela totalidade em tuação do grupo entendido como
prio (e não no passivo), embora rendimentos do período (ao in- um todo, ou seja, entendido como
em linhas separadas dos ac- vés de ser diferida ou eliminada uma única entidade, do qual e
cionistas da empresa-mãe; proporcionalmente a parte dos para o qual se estabelecem opera-
• A quantia no reconhecimento activos não monetários). ções com o exterior, sendo os seus
inicial dos interesses minoritá- efeitos (e não os das operações
rios inclui a sua parte no justo Notas finais internas) reconhecidos, mensu-
valor (e não apenas no capital Pretendeu-se com este artigo rados e apresentados nas diversas
próprio) dos activos e passivos evidenciar aspectos conceptuais peças que compõem um conjunto
identificáveis das subsidiárias inerentes ao processo de conso- completo de demonstrações fi-
no momento da aquisição; lidação de demonstrações finan- nanceiras consolidadas.
• Os resultados gerados pelo ceiras, com base no SNC. É, também, nessa perspectiva
grupo devem ser apresentados A aplicação do SNC neste domí- que o utilizador das demons-
pela totalidade (e não apenas nio, embora perceptível, envolve trações financeiras consolida-
do da empresa-mãe), sendo alguma complexidade que deri- das se deve colocar, procurando
depois segregados em duas va, também, do facto de exis- interpretar, de forma correcta,
parcelas, a parte atribuível aos tirem grupos de sociedades em a informação que lhe é posta à
accionistas da empresa-mãe que existem muitas participa- disposição pela entidade (grupo)
e a parte atribuível aos mino- ções directas, indirectas e recí- para tomada de racionais deci-
ritários, pelo que esta última procas, que dificultam, à parti- sões económicas.
não é considerada nem rendi- da, o início de qualquer processo Os princípios e procedimentos
mento nem gasto; de consolidação de contas: a que se podem deduzir à luz dos
• É considerado a totalidade do identificação da percentagem de normativos mais recentes são
justo valor dos activos e passi- participação (interesse) e a con- tanto mais correctamente aplica-
vos identificáveis (adquiridos tagem dos direitos de voto. dos e interpretados quanto mais
à subsidiária), o que significa Ultrapassada esta fase pream- o preparador e o utilizador da
que inclui a parcela atribuível bular, e analisando eventu- informação financeira entende-
aos interesses minoritários e ais situações de dispensa (da rem que as demonstrações finan-
não apenas a parte atribuível empresa-mãe) ou de exclusão ceiras, na versão consolidada,
à empresa-mãe (ao contrário (das subsidiárias), é essencial devem tratar e olhar a empresa-
do anterior normativo), man- a existência de um sistema de mãe e as suas subsidiárias como
tendo-se, contudo, a forma de informação que permita que os se fossem uma e uma só na sua
mensuração inicial do goodwill; posteriores procedimentos de relação com o exterior ao grupo,
• Subsequentemente, o goodwill, consolidação, característicos do na premissa de que (Baker et al,
definido como um activo in- processo, sejam executados de 2005) «you can’t own yourself; you
tangível com vida útil indeter- forma concreta, objectiva, di- can’t owe yourself money; you can’t
minada, passa, no âmbito do recta e consistente. make money selling to yourself.»
SNC, a estar sujeito a um teste Há que perceber, igualmente,
anual à sua imparidade, ao in- que após o reconhecimento ini- (A rtigo recebido em M arço de 2010)
vés de um sistema de amorti- cial de uma operação de aquisi-
zação sistemática como estava ção de empresas, os momentos * Docente do ISCTE - IUL
anteriormente previsto; posteriores terão como ponto de Mestre em Contabilidade e Finanças
• No caso de obtenção do ante- partida não apenas a data em que Empresariais
riormente denominado «goo- se está novamente a apresentar
dwill negativo», expressão que DF, mas também a data daquela ** Economista (UCP)
foi eliminada, e que representa operação inicial (e não a da últi- Pós-graduado em Finanças (ISCTE)
o excesso do justo valor dos ac- ma consolidação efectuada). Mestre em Contabilidade (ISCTE)

MAIO 2010 55
CONTABILIDADE

Notas terceira entidade relativamente às po- sas portuguesas que se regem pelo
(1)
Realce-se que, se as demonstrações líticas financeiras e operacionais da en- normativo do IASB.
financeiras forem preparadas de acordo tidade relativamente à qual podem ser (15)
Relembre-se, a este propósito, situ-
com as normas internacionais de con- exercidos ou convertidos os potenciais ações que até recentemente induziram
tabilidade (IAS/IFRS), será esse o nor- direitos de voto. A existência e o efeito impactos até ao nível da Demonstração
mativo seguido para efeito de análise de de potenciais direitos de voto que se- dos resultados, de que é exemplo a po-
obrigatoriedade, dispensa e exclusão de jam correntemente exercíveis ou con- lémica recentemente gerada aquando
consolidação. No entanto, neste artigo, vertíveis, incluindo potenciais direitos da publicação das DFC de 2008 do grupo
pretende evidenciar-se estas regras no de voto detidos por terceira entidade, EDP por via do reconhecimento como
âmbito do SNC, normativo aplicável à são tidos em consideração quando se resultado (e não directamente no capital
generalidade das restantes empresas avaliar se uma entidade tem o poder próprio) da valorização da participação
portuguesas. de gerir as políticas financeiras e ope- da EDP Renováveis na sequência do seu
(2)
Conceptualmente, uma subsidiária racionais de uma outra entidade. Os IPO (initial public offer).
pode não ser constituída sob a forma de potenciais direitos de voto não são cor- (16)
Procedimento que, apesar de já con-
sociedade. rentemente exercíveis ou convertíveis templado POC (e melhorar explicitado
(3)
O DL 158/2009, ao contrário do efec- quando, por exemplo, não puderem ser na DC1), nem sempre tem sido seguido
tuado no que respeita ao conceito de exercidos ou convertido. pelas empresas nacionais que, nalguns
«controlo» que, a par com outras de- (7)
Conforme exemplos 4 e 5 da tabela 2. casos, o omitem, passando directa-
finições, é claramente explicitado no (8)
As opções de compra estarem out of mente para o procedimento apontado
artigo 2.º, não define «influência do- the money significa que o preço de exer- em 3.3.
minante», sendo que estes dois con- cício da opção é superior à cotação no (17)
Procedimento diferente do consa-
ceitos tendem a ter o mesmo significa- mercado à vista do activo subjacente. grado no anterior POC (e DC1) e que
do prático ao longo do articulado. Este (9)
Norma interpretativa que decorre da resulta da aproximação à óptica da en-
último conceito não deve, no entanto, SIC 12 – Consolidation: special purpose tidade, a qual, de forma resumida, se
ser confundido com «influência signi- entities. pode identificar como uma lógica de
ficativa» (significant influence), o qual (10)
A expressão «empresa-mãe» é aqui tratar os interesses minoritários como
conduz a uma entidade associada à em- utilizada de forma a manter a termi- accionistas de um grupo, e não como
presa-mãe, mas não controlada por esta nologia relativa à entidade responsável credores da empresa-mãe, passando
sendo, consequentemente, reconhecida pela apresentação de demonstrações fi- a ser incluídos dentro (e não fora) do
nas demonstrações financeiras consoli- nanceiras consolidadas. capital próprio, com as necessárias al-
dadas pelo método da equivalência pa- (11)
Não sendo tidas em consideração as terações à forma como se reconhecem
trimonial. partes de capital desta entidade detidas contabilisticamente as transacções
(4)
O controlo conjunto pode ser relati- por membro dos seus órgãos de admi- entre accionistas (maioritários e mi-
vo a operações, activos ou entidades, nistração, de direcção, de gerência ou noritários).
requerendo sempre que duas ou mais de fiscalização, por força de uma obri- (18)
Procedimento de primordial impor-
entidades estão ligadas por um acordo gação legal ou de cláusulas do contrato tância no que respeita à apresentação do
contratual e o acordo contratual esta- de sociedade. desempenho operacional e económico
belece o controlo conjunto. (12)
A título de exemplo, a dificuldade de do grupo, contribuindo nomeadamen-
(5)
Em alguns casos direitos de designar repatriamento de cash-flow gerado em te para diferenciar, de forma determi-
ou de destituir os titulares do órgão de subsidiárias instaladas fora de Portu- nante, a demonstração de resultados
gestão. gal tem sido utilizada por algumas em- consolidada de um simples agregação
(6)
De acordo com a NCRF 15, estes po- presas-mãe como critério de exclusão, de dados de várias demonstrações de
tenciais direitos de voto existem se uma sendo que outras empresas-mãe consa- resultados individuais sem grande sig-
entidade for proprietária de warrants gram no seu perímetro de consolidação nificado económico.
sobre acções, opções de compra de ac- subsidiárias desses mesmos países. (19)
Resultados gerados entre empresas
ções, instrumentos de dívida ou de ca- (13)
Caso da anulação, pela respectiva do grupo mas não realizados para fora
pital próprio que sejam convertíveis em proporção, dos resultados gerados entre do grupo.
acções ordinárias, ou de outros instru- a empresa-mãe e a associada. (20)
Na verdade, o goodwill pode ser um
mentos semelhantes que tenham a ca- (14)
Estando, assim, esta norma inter- elemento das demonstrações financei-
pacidade, se exercidos ou convertidos, nacional, na sua nova versão, já em ras individuais no caso de uma fusão da
de conceder à entidade o poder de voto vigor no espaço da UE e, consequen- qual não resulte uma relação detentora-
ou de reduzir o poder de voto de uma temente, a ser aplicada pelas empre- subsidiária.

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