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PADRE ANTÔNIO HENRIQUE PEREIRA DA SILVA NETO

Pelo Aviso nº 320, de 2 de julho de 1970, o general Carlos Alberto da


Fontoura, chefe do Serviço Nacional de Informações – SNI -, em caráter
confidencial, encaminha ao Ministro da Justiça, Alfredo Buzaid, a
Informação nº 685/1970, de 30 de junho, versando “o assassínio do Padre
Antônio Henrique”.

A informação destaca que:


- o processo está com vistas ao Ministério Público estadual para
alegações finais, objetivando a pronúncia dos réus;
- “o crime não foi obra de toxicômanos, sim de jovens radicais de
direita em co-autoria com investigadores da Polícia Civil de
Pernambuco, que usaram veículo pertencente à polícia civil no
sequestro e assassínio do padre”;
- nos autos, há indícios veementes de favorecimento pessoal por
parte do doutor JOSÉ BARTOLOMEU LEMOS GIBSON, Promotor
Público, exercendo em comissão o cargo de Diretor do Departamento de
Investigação da Secretaria de Segurança Pública, que tem um parente,
menor de 17 anos, implicado no processo”;
- os autores do delito, “segundo os autos do processo” são
JERÔNIMO GIBSON DUARTE RODRIGUES, ROGÉRIO MATOS DO
NASCIMENTO, RIVEL ROCHA, investigador de polícia, e HUMBERTO
SERRANO DE SOUZA, também investigador de polícia;
- o Promotor JOSÉ IVENS PEIXOTO, quem assinará as alegações
finais, mostra-se muito preocupado com “os rumos tomados por esse
processo”, por isso que “expôs a situação à ARE”.
- as razões que o Ministério Público apresentará, “segundo as provas
dos autos, forçosamente, irão implicar elementos da polícia civil do Estado,
dando nova feição ao rumoroso caso.”

Conclui, assim, a avaliação da situação a agência central do SNI:


“São imprevisíveis as conseqüências maléficas que
certamente advirão, devido ao fato de serem implicados

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elementos da polícia civil no assassínio do padre, haja
vista que os opositores do governo irão explorar o fato
ao máximo, talvez mesmo no âmbito internacional.”

Aos 6 de agosto, quatro ( 4 ) dias após, Alfredo Buzaid, pela Portaria


nº 114-B, designa Leonardo Greco, consultor jurídico do Ministério da
Justiça, e Haroldo Ferreira, assessor, para “procederem à investigação
relacionada com o assunto.”

No dia 11 de agosto, Leonardo Greco e Haroldo Ferreira chegam a


Recife, ficando até o dia 14, e Leonardo Greco, no dia 19, subsequente, pelo
parecer confidencial nº 144/1970, após ter mantido “entrevistas” e colhido
“elemento”, concluiu que “a família do Padre, instigada pelo grupo de D.
Helder, e a defesa dos acusados ROGÉRIO NASCIMENTO e JORGE
TAVARES”, tudo arquitetaram, malevolamente, por isso e
“Para implementar o desastroso desenlace do processo,
tomei a iniciativa de adotar duas providências: a) obtive do
Promotor Público José Ivens, depois de ter-lhe revelado o
nosso ponto de vista sobre o caso, o compromisso de não
concluir suas alegações sem receber expressa orientação
do Ministério da Justiça, sobre o rumo que deve imprimir
ao processo; nosso trabalho deverá ser encaminhado
através do Dr. JÚLIO FREIRE RIVORÊDO, Delegado
Regional do D.P.F. em Pernambuco; b) encarreguei o Dr.
JÚLIO FREIRE RIVORÊDO, Delegado Regional do
D.P.F. de estabelecer o entrosamento entre a Secretaria da
Segurança do Estado e o Promotor Público JOSÉ IVENS,
para que a este sejam fornecidos todos os elementos
necessários para desfazer o equívoco a que estava sendo
conduzido pela perniciosa atuação da família da vítima e da
defesa dos acusados.
Com essas medidas, acreditamos que o processo relativo ao
crime do Padre Henrique chegue a bom termo, com a
responsabilização dos seus reais autores, e sem que se
tenha prestado mais uma vez à exploração por parte de
grupos interessados na subversão da ordem e da
autoridade públicas.”
( fls. 28 do parecer de Leonardo Greco ).

No contexto do parecer produzido, Leonardo Greco assentou que:


- o general ASCENDINO BEZERRA DE ARAÚJO LINS, chefe da
agência do S.N.I. em Pernambuco “confirmou ter fornecido os elementos
para a elaboração da Informação nº 685/1970, produzida pela agência
central do S.N.I;
- que ele, Greco, na companhia do general Ascendino, foram à casa
do Promotor José Ivens, e o Promotor assim explicou-se:

“De início, estava convencido de que o crime tinha sido obra de


jovens viciados, com os quais o Padre Henrique vivia. Baseado em
meros indícios, ofereceu aditamento de denúncia contra outros

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toxicômanos (MAURICE OCH, PEDRO JORGE e JORGE
TAVARES).
Todavia, as insistentes afirmações da mãe do Padre, Dona
ISAIRAS PEREIRA DA SILVA, de que seu filho fora vítima de
elementos radicais de direita, tendo sofrido ameaças de membros
do “C.C.C.” por seu apostolado, foram corroboradas por outros
indícios no curso da instrução. Os depoimentos de RISOLETA
CAVALCANTI PEREIRA DE SOUZA, do Tenente Coronel
reformado da Aeronáutica AGENOR RODRIGUES DA SILVA,
do Diretor do Colégio Marista Irmão ORLANDO CUNHA LIMA,
revelariam o motivo político do crime.
A inquirição de IVENS JOSÉ SIQUEIRA MAIA pelo Dr.
BARTOLOMEU GIBSON, gravada em fita magnética ( fls. 574-
588 ) revelaria que veículo com placa provável da polícia teria
participado do crime. Sobre este fato, a Secretaria de
Segurança Pública não forneceu explicações satisfatórias.
Esses novos indícios incriminariam RIVEL ROCHA e
HUMBERTO SERRANO DE SOUZA, investigadores, como co-
autores do homicídio do Padre Henrique. Está convencido, agora,
de que os co-réus MAURICE OCH, PEDRO JORGE e JORGE
TAVARES são inocentes. Por isso, concordou com a revogação de
sua prisão preventiva.
Temendo que a revelação da nova versão do crime do Padre
Henrique, pudesse ser explorada no País e no Exterior em
desprestígio da autoridade constituída, procurou a Agência do
S.N.I., transmitindo sua preocupação e aguardando orientação.”
( fls. 17/18 do parecer de Leonardo Greco ).

Leonardo Greco registrou, ainda, no parecer, e referindo-se ao


Promotor Jose Ivens:
“Conseguimos de Sua Excelência o compromisso de que não
concluirá o seu trabalho antes de receber nossas instruções
expressas de como proceder.”
( fls. 18 do parecer de Leonardo Greco ).

Na sua brevíssima estada em Pernambuco – 3 ( três ) dias não completos -,


quando entrevistou-se com 8 ( oito ) pessoas – Julio Rivoredo ( delegado regional do
Departamento de Polícia Federal ); general Ascendino Lins ( chefe da agência
pernambucana do S.N.I. ); José Ivens ( promotor público ); Francisco Evandro (
secretário estadual de Justiça ); coronel do exército Gabriel Ribeiro ( comandante da
polícia militar de Pernambuco ), general Ednardo D’Ávila Melo ( comandante da 7ª
R.M. ); coronel do exército Ivo ( ex-chefe da 2ª Seção da 7ª R.M. ) e Armando Samico
( secretário estadual de segurança pública ) e manuseou o processo-crime, que ele
mesmo registrou como: “apesar de sua vastidão ( 9 volumes )”, no parecer a fls, 18, o
consultor jurídico do Ministério da Justiça, Leonardo Greco, singela e

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simplificadamente, atribui a possíveis toxicômanos o brutal assassinato do padre
Antônio Henrique, confortando-se em que:

“Com essas medidas, acreditamos que o processo relativo ao


crime do padre Henrique chegue a bom termo, com a
responsabilização dos seus reais autores, e sem que se tenha
prestado mais uma vez a exploração por parte de grupos
interessados na subversão da ordem e da autoridade
políticas.”
( fls. 28 do parecer de Leonardo Greco ).

O consultor jurídico Leonardo Greco não cuidou sequer de tentar esclarecer


dois ( 2 ) tópicos, mencionados, simplesmente, no seu parecer. O primeiro a registrar
que : “O ofício do Juiz que dirige o processo pedindo explicações sobre a
movimentação da veículos da Secretaria de Segurança no dia do crime, não foi
respondido porque o antigo Secretário da Segurança, Coronel Gastão, se revoltou
por ter sido o ofício encaminhado diretamente ao Chefe da Garagem da
Secretaria.” ( fls. 25 do parecer de Leonardo Greco ); e o segundo: “AGENOR
RODRIGUES DA SILVA, apontado por D. ISAIRAS por ter presenciado ameaça do
menor JERÔNIMO GIBSON DUARTE RODRIGUES à mãe do padre, declara não
saber explicar se as expressões do jovem tiveram intento intimidativo.” ( fls. 27 do
parecer de Leonardo Greco ).

Prontamente, todavia, deixa por intocável que:


“O envolvimento por D. ISAIRAS do Diretor do Departamento
de Investigações BARTOLOMEU GIBSON, pessoa de ilibada
reputação na vida pública de Pernambuco, contra o qual não se
levantara a mais leve suspeita na fase policial, leva-nos a
acreditar em manobra para desmoralizá-lo, e, através dele, o
Ministro do Exterior Mario Gibson Barboza, que consta ser
seu primo.”
( fls. 27 do parecer de Leonardo Greco ).

Tudo assim apresentado, é indubitável que o Estado Ditatorial militar


oficialmente realiza intervenção, abrupta e avassaladora, em qualquer unidade
estadual da Federação, avocando para si qualquer assunto, mesmo que circunscrito ao
interesse local, sempre que, e a sua exclusiva decisão, o regime possa ser contestado,
a tanto valendo-se de mecanismos hábeis a tornar verdade, a mentira.

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