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DEFINIÇÃO
É a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do
seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno
e externo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o
corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.
É sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o
intelecto e o afeto.
Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado
para uma concepção de movimento organizado e integrado, em
função das experiências vividas pelo sujeito, cuja ação é resultan-
te de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.
O Psicomotricista. É o profissional da área de Saúde
e Educação que pesquisa, avalia, previne e trata do Homem na
aquisição, no desenvolvimento e nos transtornos da integração
52
somato-psíquica e da retrogênese.
Quais são suas áreas de atuação? Educação, Clínica,
Consultoria, Supervisão, e Pesquisa.
Qual a clientela atendida? Crianças em fase de desenvol-
vimento; bebês de alto risco; crianças com dificuldades/atrasos
no desenvolvimento global; pessoas portadoras de necessidades
especiais: deficiências sensoriais, motoras, mentais e psíquicas;
família e a 3ª idade.
Mercado de trabalho: creches, escolas, escolas especiais,
clínicas multidisciplinares, consultórios, clínicas geriátricas, pos-
tos de saúde, hospitais, e empresas.
(extraído de: http://www.psicomotricidade.com.br/asociedade.htm, em 09.10.2011)
53
si e ao outro, na relação. (A Psicomotricidade na Educação In-
fantil, paper extraído de: http://www.psicomotricidade.com.
br/artigos/psicomotricidade_educacao.htm, em 09.10.2011).
54
alunos. (ALBUQUERQUE, 2010, pág. 47)
55
e a função de transmissão do conhecimento.
Vejamos o que dizem especialistas sobre o assunto.
Atente caro leitor, para a linguagem do especialista...
56
ser, o que exige a compreensão psicológica a partir de uma
consciência vivida e refletida, tendo assim um comporta-
mento significativo, intencional e consciente, e não um puro
processo corporal; assim, todo o seu aparato neuropsíquico
funcional está em prontidão e manutenção. (Vânia Ramos
– Psicomotricista e Psicopedagoga; Professora de Educação Fí-
sica e Artística – PUC/SP).
3.2
ELEMENTOS HISTÓRICO-EDUCACIONAIS
DA PSICOMOTRICIDADE
57
gem – e as demandas socioeconômicas correspondentes - que
definirá o perfil da área e os fundamentos teóricos que lhes ser-
vem de sustentação.
Merecem registro os antecedentes históricos listados
por Ricardo Martins Porto Lussac, no interessante trabalho:
Psicomotricidade: história, desenvolvimento, conceitos, defi-
nições e intervenção profissional, que podem contribuir para
o enriquecimento da questão. Para efeito de aprofundarmos a
dialogicidade com os autores, com o intuito de fazermos uma
aproximação consistente com as diversas teorias que informam
a área, transcrevemos passagem interessante de Lussac, a seguir:
58
sas que dão origem ao campo psicomotor correspondem a um
enfoque eminentemente neurológico (SBP, 2003).
A Psicomotricidade no Brasil foi norteada pela escola
francesa. Durante as primeiras décadas do século XX, época
da primeira guerra mundial, quando as mulheres adentraram
firmemente no trabalho formal, enquanto suas crianças fica-
vam nas creches, a escola francesa também influenciou mun-
dialmente a Psiquiatria Infantil, a Psicologia e a Pedagogia. Em
1909, a figura de Dupré, neuropsiquiatra, é de fundamental
importância para o âmbito psicomotor, já que é ele quem afir-
ma a independência da debilidade motora, antecedente do sin-
toma psicomotor, de um possível correlato neurológico. Nes-
te período, o tônus axial começava a ser estudado por André
Thomas e Saint-Anné Dargassie. Em 1925, Henry Wallon, mé-
dico psicólogo, ocupa-se do movimento humano dando-lhe
uma categoria fundante como instrumento na construção do
psiquismo. Esta diferença permite a Wallon relacionar o mo-
vimento ao afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos
do indivíduo, e discursar sobre o tônus e o relaxamento. Em
1935, Edouard Guilmain, neurologista, desenvolve um exame
psicomotor para fins de diagnóstico, de indicação da terapêuti-
ca e de prognóstico. Em 1947, Julian de Ajuriaguerra, psiquia-
tra, redefine o conceito de debilidade motora, considerando-
-a como uma síndrome com suas próprias particularidades. É
ele quem delimita com clareza os transtornos psicomotores
que oscilam entre o neurológico e o psiquiátrico. Ajuriaguerra
aproveitou os subsídios de Wallon em relação ao tônus ao es-
tudar o diálogo tônico. A relaxação psicotônica foi abordada
por Giselle Soubiran (SBP, 2003) e (ISPE-GAE, 2007).”
(http://www.efdeportes.com/efd126/psicomotricidade-historia-e-intervencao-
profissional.htm, em 10.10.2011)
59
O que podemos deduzir do breve texto acima, é que:
3.3
PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO
ESPECIAL: UMA RELAÇÃO PROMISSORA
EM PRIMEIRO LUGAR:
O QUE SIGNIFICA “NORMALIDADE”?
Vivemos em um contexto socioeconômico no qual vigora o
“pensamento único”, que afirma inevitabilidade das atuais re-
lações sociais, econômicas e culturais, nas quais predominam
os princípios:
a) do mercado como regulador social;
60
b) do estímulo exacerbado à individualidade do ser humano.
Os dois aspectos citados, apenas para nos atermos a
eles, estabelecem o padrão de “normalidade”, que se espera dos
indivíduos socialmente e psicologicamente saudáveis. O que
abre uma nova linha de investigação para os educadores:
• Como podemos definir, em termos absolutos, o que é “normal”?
• Como é produzida historicamente a ideia de “anormalidade”?
• Qual o impacto que o uso desses conceitos pode provocar no
contexto educacional?
Como afirma ALBUQUERQUE (op. cit. pág. 51): a
“Educação Especial adquire este componente de atendimento às
excepcionalidades e configura-se como a vertente por excelência
da análise psicomotora e das intervenções psicopedagógicas”.
Ou seja, a Educação Especial trata de temas específicos
que, não raras vezes, situam-se além da ação pedagógica que se
desenvolve dentro das escolas, o que explica, segundo Elisane
Maria RAMPELOTTO, pesquisadora da Universidade Federal
de Santa Maria, o fato de que a Educação Especial: “ainda hoje
é tratada como tópico subteorizado e como um espaço especia-
lizado da Educação”.
61
lizar-se uma forma especial de atender determinados sujei-
tos, por intermédio de uma maneira própria de educar? Em
que contexto surge a ideia de “normalidade” e o seu corres-
pondente antagônico “anormalidade”? Enfim, pretende-se,
para esses sujeitos “especiais” realizar um processo educacio-
nal ou uma intervenção terapêutica? (ALBUQUERQUE,
op. cit. pág. 52)
3.4
A EDUCAÇÃO ESPECIAL SOB
UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA
62
(e morte) às bruxas, apenas porque contrariavam os cânones
cristãos da época.
63
dá-se, historicamente, pela incorporação do padrão de vida eu-
ropeu, já no século XVII, segundo RAMPELOTTO, a Educa-
ção especializada começa no Brasil Colônia com o “Deficiente
Físico”, sendo assim considerado aquele que possuísse qualquer
tipo de deficiência, inclusive a surdez.
A Constituição Política do Império do Brasil, de 25 de
março de 1824, no artigo 8º, item 1º, excluía o adulto deficiente
afirmando: “suspende-se o exercício dos direitos políticos: por
incapacidade física ou moral”.
Com o surgimento da escola pública obrigatória, no
final do século XIX, com o propósito de tornar-se um “espa-
ço de civilização da criança operária”, e talvez por isso mesmo,
agravam-se as dificuldades das crianças em acompanhar os con-
teúdos escolares, daí surge a necessidade de criarem-se locais
e saberes onde se possa controlar, disciplinar e ortopedizar o
diferente – esse outro que deve ser normalizado.
O termo “normalização” tem uma conotação bastante
importante no contexto original da Educação Especial. Informa
o sentido de “tornar normal”, dentro da média, regularizar a
convivência entre os “normais”, “recuperar” o deficiente, o que
implica participar das instituições (escolares, por exemplo) e da
vida social de maneira geral.
Posteriormente, o termo “normalização” foi substitu-
ído por “integração”, que passou a ser utilizado no sentido de
ter-se acesso ao sistema de ensino e não exclusivamente ao en-
sino regular. Hoje, utiliza-se, em lugar de “integração”, “inclu-
são”, que pressupõe o acesso ao ensino regular mantendo-se os
serviços de apoio à Educação Especial.
64
3.5
A IMPORTÂNCIA DA ABORDAGEM
PSICOMOTORA PARA O
PROCESSO EDUCACIONAL
65
tuído, poderá apresentar problemas na escrita, na leitura,
na direção gráfica, na distinção de letras (ex: b/d), na or-
denação de sílabas, no pensamento abstrato (matemática),
na análise gramatical, dentre outra. (http://psicologiaeedu-
cacao.wordpress.com/2009/05/11/a-importancia-da-psico-
motricidade-no-processo-da-aprendizagem/).
66
CATEGORIAS FUNDAMENTAIS DA PSICOMOTRICIDADE
“O esquema corporal é a organização das sensações relativas a
o seu próprio corpo em relação com os dados do mundo exterior”.
Jean LeBouch
67
• Esquema corporal;
• Lateralidade;
• Estruturação espacial;
• Estruturação temporal;
• Discriminação visual e auditiva.
A seguir, faremos uma breve descrição de cada uma
das categorias:
No estudo da Coordenação Global, observa-se a pos-
tura e a locomoção, isto é, a integração sistêmica do movimento
do corpo com os estímulos ambientais. Sobre o assunto, ver
interessante aula em: http://www.slideshare.net/kellisonbl/
coordenaes-globais-presentation (Psicologia/UFAL)
Toda pessoa precisa saber movimentar-se no espaço
com desenvoltura, habilidade e equilíbrio e ter o domínio do
gesto e do instrumento (coordenação motora fina).
A Coordenação Global (ou motora ampla) diz respeito
à atividade dos grandes músculos, o que depende da capacidade
de equilíbrio postural do indivíduo.
É importante observar que, quanto maior o equilíbrio,
mais econômica será a atividade do sujeito e mais coordenadas
serão as suas ações.
A coordenação global e a experimentação levam a
criança a adquirir a dissociação de movimentos. Isso se expressa
pelas condições de realizar múltiplos movimentos ao mesmo
tempo (tocar um instrumento, por exemplo).
Em síntese, a Coordenação Motora Global trabalha o
controle de movimentos amplos do corpo, como: andar, correr,
saltar, saltitar, rastejar, engatinhar, entre outros (aula citada).
Importante: a experimentação do corpo, o desenvol-
vimento da coordenação motora global, o aprimoramento das
posturas corporais, levam à obtenção do esquema corporal, uma
das categorias básicas da psicomotricidade.
68
Vejamos algumas atividades que levam à conscientiza-
ção global do corpo:
• Andar: ato neuromuscular que requer equilíbrio e coordenação;
• Correr: requer resistência e força muscular;
• Saltar;
• Nadar.
Saltar, rolar, pular, lançar-pegar, arrastar-se. São
atividades que contribuem para o desenvolvimento corporal e,
consequentemente, do ser humano no seu sentido global.
69
po favorece a independência dos membros – braços, ombros,
mãos e dedos.
A escrita necessita desta independência para que possa
processar-se de maneira econômica (tonicidade muscular).
Por exemplo: brincadeiras de lançar-pegar facilitam a
fixação da atividade entre o campo visual e a motricidade fina
das mãos e dos dedos, provocando maior coordenação óculo-
-manual. Isto pode favorecer o desenvolvimento da escrita.
ESQUEMA CORPORAL
• O desenvolvimento de uma criança é o resultado da interação
de seu corpo com os objetos de seu meio, com as pessoas com
quem convive e com o mundo no qual estabelece ligações afe-
tivas e emocionais.
Todo e qualquer movimento está em estreita relação
com a conduta e a personalidade, o que implica afirmar que a
toda atividade física (movimento) corresponde (produz e é pro-
duzida por) uma relação psicológica.
Neste sentido, o corpo não pode ser entendido exclusi-
vamente em sua perspectiva anátomo-fisiológica, mas, também,
como uma fonte que expressa emoções e estados interiores.
Curiosidade
• A expressão “esquema corporal” nasceu em 1911 com o neu-
rologista Henry Head. Para ele, o córtex cerebral recebe infor-
mações das vísceras, das sensações e percepções táteis, térmicas,
visuais, auditivas e de imagens motrizes, o que facilitaria a ob-
tenção de uma noção, um modelo e um esquema de seu corpo
e de suas posturas.
• O “conceito de corpo” envolve um conhecimento intelectual
e consciente do corpo e também da função de seus órgãos. Per-
gunta para reflexão: como se dá o “conhecimento intelectual e
70
consciente” do corpo?
LATERALIDADE
• É a propensão que o ser humano possui de utilizar preferen-
cialmente mais de um lado do corpo do que o outro em três
níveis: mão, olho e pé.
Isto significa que existe um predomínio motor, uma do-
minância de um dos lados. O lado dominante apresenta maior
força muscular, mais precisão e mais rapidez.
ESTRUTURAÇÃO ESPACIAL
• A tomada de consciência da situação de seu próprio corpo em
um meio ambiente, isto é, do lugar e da orientação que pode ter
em relação às pessoas e às coisas.
Podemos entender esta característica como sendo a
possibilidade, para o sujeito, de organizar-se perante o mundo
que o cerca, de organizar as coisas entre si, de colocá-las em um
lugar, de movimentá-las.
ESTRUTURAÇÃO TEMPORAL
Não podemos conceber a ideia de espaço sem abordarmos a
noção de tempo. Elas são indissociáveis. Para Piaget, o tempo é
a coordenação dos movimentos: quer trate-se dos deslocamen-
tos físicos ou movimentos no espaço, quer trate-se destes mo-
vimentos internos que são as ações simplesmente esboçadas,
antecipadas ou reconstituídas pela memória, mas cujo desfecho
e objetivo final, também, são espacial. Em síntese, as noções de
corpo, espaço e tempo têm que estar intimamente ligadas, se
quisermos entender o movimento humano.
71
1. Pode apresentar confusão na ordenação e sucessão dos ele-
mentos de uma sílaba.
2. Pode não perceber os intervalos de tempo, o que vai mais
depressa ou mais devagar.
3. Apresenta falta de padrão rítmico constante, o que provocará
descoordenação na realização de movimentos.
4. Apresenta dificuldade na organização do tempo (nunca “tem
tempo”) para terminar uma tarefa.
5. Compromete a noção de fileira e coluna.
72
EXERCÍCIOS
INTRODUÇÃO
Esses espaços virtuais de aprendizagem oferecem condições
para a interação (síncrona e assíncrona) permanente entre
os seus usuários. A hipertextualidade facilita a propagação de
atitudes de cooperação entre os seus participantes, para fins
de aprendizagem. A conectividade garante o acesso rápido à
informação e à comunicação interpessoal, em qualquer tem-
po e lugar, sustentando o desenvolvimento de projetos em
colaboração e a coordenação das atividades. Essas três carac-
terísticas - interatividade, hipertextualidade e conectividade
- já garantem o diferencial dos ambientes virtuais para a
aprendizagem individual e grupal. (KENSKI, 2005, pág. 6)
79
INTERATIVIDADE
Tanto nos contextos tradicionais de Educação, principalmen-
te, na Educação presencial, como no âmbito da Educação a
distância, existe sempre um processo de interação entre pro-
fessor e aluno(s), entre professor e professor (es), e entre alu-
no e aluno(s). É nesta interatividade que ocorrem os processos
de avaliação e retroalimentação (feedback) do processo educa-
cional, ou seja, é quando existe o contato direto entre os par-
ticipantes que a Educação efetiva-se e consolida-se a aquisição
de conhecimentos planejados para determinada fase.
Essa afirmativa é tanto mais essencial quando se trata
de Educação presencial, uma vez que, nessa forma, o único
momento de possibilidades de interação dá-se, exatamente,
quando os seus participantes estão fisicamente próximos, o
que vai permitir o debate em torno das atividades propostas,
a aplicação de avaliações, a correção das produções e, como
decorrência, a continuidade dos estudos em um nível mais ele-
vado (conceitualmente) de aprofundamento. Podemos afirmar
tratar-se de uma interação síncrona, que é aquela que acontece
“em tempo real” entre os dois elementos básicos do processo
educacional: professor e aluno.
Em síntese: existe uma “lacuna” de interatividade
que é o tempo decorrente entre o último encontro professor/
aluno(s) e o próximo, para a continuidade dos trabalhos. O
problema daí decorrente é que o acompanhamento dos tra-
balhos e a sua consequente avaliação dão-se “depois” que a
atividade foi realizada: o professor avalia os resultados da pro-
dução finalizada.
Nesse caso, “perde-se” um precioso tempo que con-
siste no próprio processo de produção da atividade selecionada
e, consequentemente, um importante momento de elaboração
cognitiva do aluno, que se realiza em “fazer” a tarefa solicita-
80
da. Este é um momento rico de aprendizagem, que ocorre no
desenvolvimento dos processos cognitivos do aprendiz, nas
formas de estudo que ele realiza para resolver o problema, nas
fontes de informação utilizadas e no “método” filosófico que
ele usa para “pensar” a problemática levantada.
Como subproduto dessa situação, a avaliação deixa de
ser processual e passa a ser uma “avaliação de resultados”.
Imagine, caro leitor, quantos momentos importantes
para o processo educacional são “perdidos”, como forma de
subsidiar a apreciação de professores e alunos sobre o anda-
mento da sua aprendizagem!!!
Na Educação a distância, em especial aquela que uti-
liza as Tecnologias da Informação e da Comunicação e Am-
bientes Virtuais de Aprendizagem, a interatividade prescinde
da exclusiva presença física dos participantes, posto que a re-
lação entre os participantes do processo “continua”, por in-
termédio de uma plataforma tecnológica (AVA) que permite
interações síncronas e assíncronas entre professor e aluno(s).
Nesse caso, não existe uma “ruptura temporal” (lacu-
na) no processo de aprendizagem, uma vez que o diálogo pode
continuar, entre a definição da problemática a ser solucionada
e a apresentação do resultado final, incorporando-se à relação
a processualidade do ato de realizar a tarefa, permitindo, por-
tanto, ao professor, interferir no ato mesmo de construção do
conhecimento por parte do aluno.
Essa possibilidade, inegavelmente, tornará os proces-
sos de ensinar e de aprender muito mais ricos, pois incorpora-
rão ao processo momentos cognitivos essenciais, perdidos em
uma condição de ensino presencial.
Esta é uma diferença crucial, entre o ensino presencial
e a modalidade EAD, que precisa ser assimilada pelos educa-
dores. Evidentemente, exigirá de todos nós maior capacidade
81
de intervenção, sagacidade e senso de oportunidade, para a
intervenção essencial, no momento indispensável.
HIPERTEXTUALIDADE
Esta tem sido uma das características marcantes das produções
midiáticas modernas: jornais eletrônicos, revistas de circulação
nacional, bem como enciclopédias atualizadas, páginas de em-
presas e Blogs pessoais, utilizam fartamente a hipertextualida-
de para a leitura dos seus usuários. Pode-se afirmar tratar-se
de um elemento de leitura e pesquisa que redefine as formas
clássicas de apropriação do conhecimento, aquelas que apren-
demos nos bancos escolares: a leitura linear de textos, livros e
revistas, ou seja, aprendemos a ler, primeiro, a página 1, depois
a 2, a 3, até acabarmos o livro, sem sair do roteiro previamente
traçado pelo autor do assunto.
Sobre o assunto, recomendamos o acesso ao Blog:
http://eadhipertextualidade.blogspot.com/, do qual extraí-
mos a seguinte conceituação:
O termo hipertexto foi definido em primeira mão por Ted Nel-
son, no início dos anos 60, significando uma leitura não sequen-
cial, não linear. Um texto com vários caminhos, que permite
aos leitores fazer escolhas, e que são bem mais lidos numa tela
interativa. Popularmente, são concebidos como uma série de
pedaços de textos conectados por link que quer dizer “atalho”,
“caminho” ou “ligação”. Através dos links é possível produzir
documentos não lineares interconectados com outros documen-
tos ou arquivos a partir de palavras, imagens ou outros objetos.
Também, conhecidos em português por hiperligações, que ofe-
recem ao leitor diferentes trilhas. O ato de navegar ou surfar
na Internet possibilita o acesso a uma sequência de links. Estes
agregam interatividade ao documento. Ao leitor, torna-se possí-
82
vel localizar, rapidamente, conteúdo sobre assuntos específicos.
O sistema de hipertexto mais conhecido, atualmente, é a World
Wide Web, no entanto a Internet não é o único suporte, onde
este modelo de organização da informação e produção textual
manifesta-se. (Extraído de: http://eadhipertextualidade.blogs-
pot.com/)
83
remetem à temática do título.
Vejamos outro grande exemplo de hipertextualidade,
no campo do jornalismo:
84
CONECTIVIDADE
Sob o ângulo estritamente tecnológico, a conectividade significa:
Sf. (conectivo+i+dade) Inform.: Capacidade de um dispositivo
de conectar-se com outros dispositivos e transferir informação.
(Extraído de: http://www.dicio.com.br/conectividade/)
Do ponto de vista pedagógico, a conectividade significa
a possibilidade de alunos e professores manterem permanen-
te interação, por meios eletrônicos, com professores, alunos e
fontes primárias e secundárias de conhecimento, de forma que
o processo educacional extrapola o âmbito restrito das salas de
aula e penetra no “ciberespaço” (assunto da próxima aula), tor-
nando o aprendizado uma atividade continuada, prazerosa e rica
em experiências cognitivas.
Em síntese, as três características, vistas acima de for-
ma breve, constituem o pano de fundo das novas metodologias
adotadas para a Educação, que utiliza o potencial das Tecnolo-
gias da Informação e da Comunicação no processo educacional.
Resta-nos, porém, uma indagação pertinente:
O QUE É METODOLOGIA?
Em primeiro lugar, é importante reconhecer que o termo “Me-
todologia” possui uma variabilidade semântica que implica con-
cepções diversas da palavra.
Veja o que diz o dicionário: http://www.dicio.com.br,
sobre “Semântica”: s.f. - faculdade que tem uma palavra de apre-
sentar diferentes sentidos.
O Professor Gilberto Teixeira (FEA/USP) faz interes-
sante abordagem sobre o tema, que transcrevemos parcialmen-
te, para melhor apreciação do assunto:
85
ca, os quais respondem o como fazê-la de forma eficiente.
A Metodologia é uma disciplina normativa definida como o es-
tudo sistemático e lógico dos princípios que dirigem a pesquisa
científica, desde suposições básicas até técnicas de indagação. Não
deve ser confundida com a teoria, pois só se interessa pela vali-
dade e não pelo conteúdo, nem pelos procedimentos (métodos e
técnicas), à medida que o interesse e o valor destes estão na capa-
cidade de fornecer certos conhecimentos. Nesse contexto teórico,
há, de um lado, quadros teóricos de referência (o conhecimento
acadêmico) por sua validade e, de outro, embasamentos empíri-
cos. Assim, a Metodologia, mais do que uma descrição formal de
técnicas e métodos a serem utilizados na pesquisa científica, indi-
ca a opção que o pesquisador fez do quadro teórico para determi-
nada situação prática do problema objeto de pesquisa. (extraído
de: http://www.serprofessoruniversitario.pro.br/)
86
todologia”, bem como seu correlato “Método”, adquirem signi-
ficados diferentes para o mesmo fenômeno. Ilustraremos esse
fato com a exposição de algumas “metodologias” adotadas por
instituições educacionais que oferecem formação continuada
baseada na EAD.
Conceito
O desenvolvimento tecnológico tem permitido criar estra-
tégias diferenciadas de ensino e aprendizagem. Diante desse
contexto, a FURB vem desenvolvendo atividades nos cursos
presenciais e oferecendo cursos a distância. Desse modo, pro-
move-se uma inovação como modalidade de ensino e apren-
87
dizagem em que aluno e professor desenvolvem atividades em
lugares ou tempos diferentes.
É por isso que a FURB concebe a Educação a Distância
(EAD) como uma modalidade de ensino, na qual a mediação di-
dático-pedagógica pauta-se pelo uso das tecnologias da informa-
ção e comunicação, o que amplia os tempos e espaços de ensinar
e aprender. Na FURB, a EAD tem como princípios a autonomia
do sujeito, a construção do conhecimento e a interação.
A partir dessa concepção, a FURB promove o ensino su-
perior direcionado à competência de gerar conhecimento e preo-
cupada com a contínua modernização do ensino. (Grifos nossos)
88
3. Portal EducaOnline
(http://www.latec.ufrj.br)
89
te a distância. Esse formato de transição (semipresencial) não
entra em choque com o modelo tradicional, apenas incorpora
elementos novos ao modelo com que professores e alunos estão
acostumados, facilitando a introdução das novas tecnologias.
O desenvolvimento de materiais didáticos para uso
em Ambientes Virtuais de Aprendizagem exige conhecimen-
tos de diversos campos, como informática, programação visu-
al, psicologia da aprendizagem e o conteúdo específico a ser
ensinado, o que pressupõe a existência de uma equipe transdis-
ciplinar. Esse novo formato de trabalho leva o professor a uma
reformulação de suas práticas e métodos de ensino, de forma
a obter uma mudança de qualidade significativa no processo
ensino-aprendizagem.
É fundamental fornecer suporte na preparação do pro-
fessor para exercer suas funções neste novo ambiente, apro-
veitando ao máximo os recursos oferecidos pela plataforma.
É de vital importância que o professor esteja preparado para
relacionar-se com seus alunos através da interface computacio-
nal e para isso precisa dominar as ferramentas disponíveis. Uma
barreira a ser ultrapassada é a visão tradicional do professor so-
bre o ensino. A aplicação da tecnologia na Educação, o que para
muitos professores é vista como um risco, não substitui nenhum
dos elementos envolvidos com o ensino presencial tradicional.
O ensino semipresencial mantém ainda as principais referências
do ensino presencial. Desta forma, tanto alunos quanto profes-
sores, podem realizar uma transição suave para o novo contexto
e os professores podem concentrar-se na adaptação e utilização
das estratégias mais adequadas ao novo ambiente de ensino.
Acreditamos que o uso de Ambientes Virtuais de
Aprendizagem é mais uma alternativa para dinamizar o ensi-
no e tornar as aulas presenciais mais agradáveis e interessantes.
Porém, sua adoção como suporte ao ensino presencial, depen-
90
de fortemente da existência de uma infraestrutura adequada e
de uma proposta pedagógica eficiente, fatores primordiais na
promoção de uma melhoria significativa do processo ensino-
-aprendizagem. Professores e alunos precisam ser alfabetizados
em relação às possibilidades das novas tecnologias, de modo que
os desníveis de conhecimento tornem-se cada vez menores. A
curiosidade e o interesse, tanto dos alunos quanto dos profes-
sores por novidades tecnológicas, pode contribuir muito para o
avanço da Educação, apoiada pelas Novas Tecnologias da Infor-
mação e da Comunicação (NTICs).”
91
em PDF.
• O sistema possibilita que o aluno compareça ao polo somente
nas avaliações, uma vez que todo o conteúdo está disponível em
videoaulas e são complementadas pelos Livros em PDF dispo-
níveis para download.
• O Portal AVA possui fórum, chat, suporte acadêmico, mural
de recados e orientadores para auxiliar na elaboração do traba-
lho de conclusão de curso.
• Encontro presencial para a troca de experiências e discussão dos
conteúdos, possibilitando que os alunos tirem as suas dúvidas.
• Flexibilidade de horário para pessoas que não possuem dispo-
nibilidade para realizar cursos presenciais.
• Transmissões de teleaulas via satélite para Polos de Apoio Pre-
sencial, ao vivo, uma vez por semana, e pelo Ambiente Virtual
de Aprendizagem (AVA), que funciona via Internet.
Observe caro aluno, que o conceito de Metodologia
subjacente a essas propostas associa-se, fundamentalmente, à
organização estrutural dos cursos oferecidos, características de
funcionalidade ou da forma como o curso será “operado” a dis-
tância. Questões como: flexibilidade de horário, disponibilidade
de material, quantidade de aulas presenciais e a distância, ferra-
mentas oferecidas para a interação professor/aluno, autonomia
do sujeito etc., compõem um conjunto de itens a que se denomi-
na de “Metodologia”. No entanto, na perspectiva teórica dessa
disciplina, falta-nos identificar – e explorar – outra vertente de
metodologia que nos parece relegada a plano secundário pela
academia e que pode representar, significativamente, a consis-
tente “Metodologia” que procuramos, para além dos aspectos
meramente funcionalistas das propostas contemporâneas.
92
4.2
PROCESSOS DE ENSINAR E APRENDER NA
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Como estamos falando de processos diferenciados de educar,
em virtude das exigências técnicas dos AVAs, e estes estão orien-
tados para o atendimento às novas demandas sociais, é preciso,
em primeiro lugar, identificarmos o contexto político, econômi-
co e social em que estamos vivendo, como forma de estabelecer
uma “base” referencial para a análise que se segue.
É ponto pacífico entre os educadores que vivemos uma
época (Modernidade) de profundas transformações sociais, em
todos os níveis da nossa existência. Porém, apenas afirmarmos
isso não nos dá condições de “enxergarmos” realmente o que
de fato acontece à nossa volta, que é determinante para o desen-
volvimento da nossa personalidade, para a definição de políticas
públicas e para a “alimentação” do nosso patrimônio simbólico.
Identifiquemos, pois, os elementos essenciais das trans-
formações citadas:
a) Os avanços tecnológicos – sem dúvida, após a II Guerra
Mundial, a humanidade experimentou (e tem experimentado)
um crescimento no campo da ciência e tecnologia que não
encontra precedentes em nenhum momento anterior da sua
história. A velocidade com que os conhecimentos estão atu-
alizando-se, modificando e mesmo mudando, é vertiginosa, o
que exige grande adaptabilidade do Homem às tecnologias,
que surgem a cada período. É óbvio que devemos ter uma res-
posta a essa “característica” da atualidade, no campo teórico-
-metodológico da Educação.
93
A título de curiosidade histórica - Marx definiu a
modernidade em uma frase antológica que resume qualquer ex-
planação sobre a sociedade contemporânea: “Tudo que é sólido
desmancha no ar.” Reflita sobre isso!!!
b) Reestruturação dos sistemas de produção – é comum ouvir-
mos, no campo da produção, que o trabalhador de hoje deve
ser “flexível” e “polivalente”, o que significa que os processos
de ensinar e aprender devem assimilar o desenvolvimento, nos
educandos, de novas habilidades cognitivas e novas competên-
cias sociais e pessoais. Isto exige adequações de ordem meto-
dológica, para os processos educacionais. Afinal, ainda persiste,
nos meios acadêmicos, políticos e econômicos, a ideia de que as
finalidades da escola devem estar compatíveis com os interesses
do mercado. (Será esse o papel exclusivo da escola?)
c) O papel do Estado – tema sempre atual – e, curiosamente,
ainda não resolvido – o papel do Estado sempre é objeto de
controvérsias entre convicções ideológicas antagônicas. A histó-
ria político-econômica da humanidade, principalmente a partir
do século XX, encontra sempre este embate entre concepções
privatistas (liberais) de um lado e, do outro, posições estatizantes
ou que defendem uma participação maior do Estado nas deci-
sões que interessam à sociedade. Belo embate teórico-político
que tende a manter-se indefinidamente, se não adotarmos posi-
ções claras e decisivas sobre o assunto.
d) Modificações no sistema financeiro – novos atores econô-
micos entrando em cena, crises econômicas cíclicas, a inserção
de países em desenvolvimento (caso do Brasil) e outras afins,
provocam modificações profundas nas relações econômicas
internacionais; consequentemente redimensionando as rela-
ções entre os países, redesenhando o mapa político das rela-
ções internacionais.
e) Modificações na organização do trabalho – a variabilidade
94
nas formas de trabalho, tanto em termos de novas atividades
e profissões, como nas novas maneiras de realizar as mesmas
tarefas, representa um dos marcos desse período, posto que isso
signifique a ampliação de conhecimentos técnicos e científicos,
o que vai impactar na elaboração de projetos de formação. For-
mar em quê? Quem formar?
Ao conjunto dos itens acima citados corresponde uma
gama de fatores econômicos, sociais, políticos e culturais que
expressam o espírito da época: processo de integração e de re-
estruturação capitalista. O que também pode ser denominado
como “Globalização”.
É o caso de perguntarmo-nos: como esse conjunto de
fatores pode afetar os processos educacionais?
Além dos elementos citados anteriormente – a bus-
ca de um trabalhador flexível e polivalente, que exige novas
habilidades cognitivas e competências sociais e pessoais e as
finalidades da escola compatíveis com os interesses do merca-
do – podemos encontrar pelo menos mais três aspectos que
estão na origem do ato de ensinar e aprender: ocorrem mo-
dificações nos objetivos e nas finalidades das instituições de
ensino, de acordo com a sua orientação político-pedagógica;
as práticas “escolares” precisam ser revistas à luz do desen-
volvimento tecnológico das Tecnologias da Informação e da
Comunicação; e, por fim, o professor mesmo precisa rever –
urgentemente – a sua prática docente, para adequar-se às no-
vas demandas socioeconômicas do grupo a que pertence.
Porque, nesse “novo” contexto: a) os espaços de
aprendizagem são enormemente ampliados (principalmente
se considerarmos os “espaços digitais” do mundo virtual) e
b) a escola (academia) já não é o único meio de socialização
dos conhecimentos técnico-científicos e de desenvolvimento
de habilidades cognitivas e de competências sociais requeridas
95
para a vida prática.
Nesse sentido, identificamos uma busca dos profissio-
nais que atuam na área, no sentido de estabelecer parâmetros
de “comportamento educacional” para professores e alunos,
com o objetivo de maximizar e qualificar os processos de en-
sino e de aprendizagem. BELLONI (2009), por exemplo, a
respeito do “novo papel” do professor nesse contexto, afirma
categoricamente:
96
de estudos, currículos e programas; seleciona conteúdos, elabora
textos de base para unidades de cursos (disciplinas); esta função
– didática – corresponde à função didática, isto é, à transmissão
do conhecimento realizada em sala de aula, geralmente através de
aulas magistrais, pelo professor do ensino presencial.
• Professor pesquisador: pesquisa e atualiza-se em sua disciplina
específica, em teorias e metodologias de ensino/aprendizagem,
reflete sobre sua prática pedagógica e orienta e participa da pes-
quisa de seus alunos.
• Professor tutor: orienta o aluno em seus estudos relativos à
disciplina pela qual é responsável, esclarece dúvidas e explica
questões relativas aos conteúdos da disciplina; em geral partici-
pa das atividades de avaliação.
• Tecnólogo educacional: [...] é responsável pela organização pe-
dagógica dos conteúdos e por sua adequação aos suportes téc-
nicos a serem utilizados na produção dos materiais; sua função
é assegurar a qualidade pedagógica e comunicacional dos mate-
riais de curso, e sua tarefa mais difícil é assegurar a integração
das equipes pedagógicas e técnicas (pág. 83).
Como afirma a própria autora, a lista de funções não
é “exaustiva e muito menos definitiva”, posto que, além de ser
uma atuação bastante recente no mercado educacional, as suas
funções ainda estão em fase de “desenho”, pelas circunstâncias
históricas que engendraram a modalidade. O que significa que
você, caro aluno, pode incluir novas atuações nessa lista, atuali-
zando-a, conforme as demandas do seu contexto social.
Importa reiterar, aqui, que as funções do professor em
EaD acima apontadas, de forma genérica, sintetizam, com mui-
ta propriedade, aquilo que se espera dos novos ingressantes.
Quanto aos alunos da modalidade, pode-se perceber
claramente que a sua postura não poderá ser de um receptor
passivo, meramente “respondedor” das questões levantadas
97
pelo professor, conforme o ensino clássico que tem caracteriza-
do a Educação presencial.
O aluno, nesse contexto, exercerá uma função de pes-
quisador e produtor de conhecimento e deverá utilizar-se de um
elemento que será, provavelmente, o maior desafio para o seu
exercício: dedicar-se ao autoestudo, ou seja, será o grande res-
ponsável pela regularidade do processo, pelo acesso aos ambien-
tes virtuais de aprendizagem, pelo encaminhamento das tarefas
solicitadas e pelo contato com o professor, em caso de dúvidas
sobre os assuntos pesquisados.
Por isso mesmo, reconhece-se a “função psicossocial”
do professor, sugerida por BELLONI, uma vez que a retroali-
mentação realizada pelo professor é que manterá os altos níveis
de motivação do aluno, o que garantirá o sucesso das disciplinas
e, consequentemente, do curso. Mesmo assim, com as funções
de professor e aluno devidamente estabelecidas e compreendi-
das; com as questões estruturais dos cursos amplamente deline-
adas, ainda existe uma lacuna, a nosso ver, que deverá ser preen-
chida, nesta Unidade Temática, que é de ordem epistemológica.
Trata-se do conceito de Metodologia à luz da Filosofia,
para que possamos entender o “Método” não apenas no seu
sentido estrutural-funcionalista, porém, na sua acepção verda-
deiramente histórico-etimológica. Só aí, “fecharemos” a disci-
plina com uma reflexão incisiva sobre este tema que, reiteramos,
tem sido relegado a plano secundário nos bancos acadêmicos,
causando grande perda aos processos educacionais, porque os
circunscreve aos limites do ativismo pedagógico e da moderni-
zação da base tecnológica.
Passemos, portanto, à próxima seção, para tentarmos
uma “aproximação” do Método como fundamento epistemoló-
gico de análise da realidade.
98
4.3
METODOLOGIA: EM BUSCA DO
“MÉTODO IDEAL” - EDUCAÇÃO
PRESENCIAL OU A DISTÂNCIA?
INTRODUÇÃO
Nesta Seção 4.3, faremos, de início, uma “provocação cogniti-
va”, esboçada ao final da Seção anterior. Partiremos da seguinte
afirmativa: “as formas de conceber as “Metodologias” de ensi-
no e aprendizagem, que fundamentam a Educação a Distância,
99
por vincularem-se estreitamente a uma forma “operacional” de
desenvolver a EaD, não abarcam satisfatoriamente o fenômeno
pedagógico das Educações Presencial e a Distância.
Há, no contexto educacional contemporâneo, uma “la-
cuna” epistemológica que se traduz pela inexistência, generali-
zada, de uma visão de “Método” com base nas epistemologias
subjacentes às diversas concepções de mundo, que orientam os
comportamentos coletivos.
Ou seja, torna-se imprescindível trazermos, para o pal-
co das discussões educacionais, a visão de “Metodologia” como
uma ferramenta de análise da realidade e não, apenas, como um
aglomerado de ferramentas, de ações e de funções determinadas
dos atores do processo.
Façamos, pois, uma retomada do conceito de Meto-
dologia utilizado nessa aula e realizemos uma “desmontagem
epistemológica” do seu significado, na tentativa de ampliar nos-
sa capacidade de análise do assunto e percebermos outras ver-
tentes possíveis e importantes do conceito. Afirma o professor
Gilberto Teixeira (FEA/USP), no início da Seção 4.1:
100
Em primeiro lugar, podemos perceber que a Metodo-
logia é um estudo dos “caminhos” (em grego significa: “cami-
nho para chegar-se a algum lugar”) para chegarmos ao conheci-
mento. Os instrumentos usados para fazer-se pesquisa científica
não se resumem, aqui, a instrumentos tecnológicos (ferramen-
tas), que auxiliam o processo de construção do conhecimento.
Referem-se, em especial, aos instrumentos teóricos (teorias e
ou categorias), que dispomos para apreendermos a realidade,
aquilo a que o professor referiu-se como quadro teórico para a
apropriação (conceitual) do objeto de pesquisa.
Em segundo lugar, porém, não menos importante, a
Metodologia deve ser compreendida, também, como o estu-
do dos princípios, que dirigem a análise da realidade (pesquisa
científica). Ora, quando estudamos criticamente os princípios
que regem determinada busca de compreensão do mundo (co-
nhecimento da realidade) estamos, na verdade, adotando uma
postura epistemológica, posto que Epistemologia tenha o sig-
nificado preciso de:
101
vras (categorias) que expressam satisfatoriamente, para nós, o
significado daquele objeto de estudo (a realidade). Dessa forma,
supomos termos nos apropriado integralmente do conhecimen-
to que buscávamos ao depararmo-nos com o objeto.
Acontece que as palavras são produções históricas,
criações culturais e ideológicas que expressam, elas próprias, de-
terminadas concepções de mundo do seu emissor (ser humano),
ou seja, “escolhemos” as palavras que queremos utilizar para
descrever a realidade.
Isso explica, por exemplo, a heterogeneidade de concepções
de mundo presentes na sociedade contemporânea - impulsio-
nadora de conflitos políticos e bélicos - intolerâncias religiosas,
agressões verbais ou mesmo afinidades ideológicas, organizan-
do os grupos sociais de acordo com suas identidades políticas,
econômicas, sociais e culturais.
Quer dizer, a Epistemologia é um estudo crítico da rea-
lidade, uma visão “totalizante” que busca compreender o mun-
do em todas as suas dimensões e configura-se em “teorias”, que
tentam explicar essa realidade para os outros.
Pelo que vimos até agora, podemos compreender que
uma “Metodologia” como caminho a percorrer em direção ao
conhecimento, só pode efetivar-se, se houver, como pano de fun-
do, um “lastro epistemológico”, uma teoria geral que suporte a
busca da realidade. É o caso de perguntar-se: E quais são essas
Epistemologias que podem auxiliar-nos no fazer metodológico???
EPISTEMOLOGIAS PRESENTES
NA CONTEMPORANEIDADE
Uma Epistemologia, ao ser utilizada como “ferramenta” teóri-
ca para explicação do mundo, torna-se um “paradigma”, palavra
bastante conhecida de todos nós, porém, pouco discutida no seu
significado e importância epistemológica. Em primeiro lugar, ve-
102
jamos o conceito de paradigma:
103
os tempos, tendo constituído o ponto de partida da astronomia
moderna. A teoria copernicana permitiu também a emancipa-
ção da cosmologia da teologia. (Wikipédia)
A figura abaixo demonstra a teoria (paradigma) domi-
nante em todo o período medieval (séc. V ao séc. XV). Observe
a Terra como um planeta em torno do qual giram os planetas,
paradigma que vigorou durante toda a era medieval e repre-
sentou uma determinada concepção de universo, sobre a qual
se construiu a hegemonia da aristocracia e, principalmente, da
Igreja Católica, no comando da vida social europeia.
http://media.photobucket.com/image/geocentrismo+/jplacebo/Outras/geocentrismo.jpg
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/galileu-galilei/galileu-galilei-1.php
104
O que significava profunda ruptura com a teoria domi-
nante, que tinha sua origem nas interpretações de Aristóteles e
Ptolomeu, acerca da conformação do universo.
A Segunda “Ferida” foi protagonizada por Charles
Darwin, naturalista britânico que viveu entre 1809 e 1882, que
propôs à comunidade científica a ideia da evolução e elaborou
uma teoria para explicar como a evolução acontece por meio da
seleção natural e sexual.
Em seu livro de 1859, A Origem das Espécies (do
original, em inglês, On the Origin of Species by Means of
Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races in
the Struggle for Life), introduziu a ideia de evolução a partir
de um ancestral comum, por meio de seleção natural. Esta se
tornou a explicação científica dominante para a diversidade de
espécies na natureza.
Charles Darwin formula a doutrina evolucionista, segun-
do a qual as espécies procedem umas das outras por evolução.
Em virtude da seleção natural, sobrevivem os indi-
víduos e as espécies melhor adaptados. Estas ideias revolu-
cionam as concepções biológicas da sua época. A esta obra,
segue-se A Origem do Homem, em que aprofunda a sua teoria
sobre a descendência do homem e do macaco de um antepas-
sado comum. Por formular estas ideias, vê-se violentamente
combatido pelas mais diversas correntes religiosas, que veem
no homem a imagem de Deus.
(http://www.vidaslusofonas.pt/charles_darwin.htm)
A Terceira Contundente
Ruptura provocada pela Ciência
moderna acontece com o anterior-
mente citado Sigmund Freud, ao
demonstrar, com a Psicanálise, que
a consciência é a menor parte e a
mais fraca de nossa vida psíquica. (imagem: http://criacionismoouevolu-
cionismo.blogspot.com/2011/05/criacionismo-vs-evolucionismo.html)
105
Para Freud: “a vida psíquica é constituída por três ins-
tâncias, duas delas inconscientes e apenas uma consciente: o id,
o superego e o ego. Os dois primeiros são inconscientes; o ter-
ceiro, consciente.” (CHAUÍ, op. cit.)
A figura, a seguir, representa graficamente o paradigma
Freudiano de “vida psíquica”, o que pode ser considerado uma
das grandes revoluções no pensamento da sociedade moderna.
(imagem: http://maniap-
sicologia.webnode.com/a-
-psicanalise-de-freud/)
AS EPISTEMOLOGIAS HEGEMÔNICAS
NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
Atualmente, podemos referir-nos a, pelo menos, quatro grandes
Epistemologias que “iluminam” a produção teórica acadêmica.
106
São elas:
• O Materialismo Histórico;
• O Positivismo;
• O Estruturalismo;
• O Existencialismo.
Para efeito de elucidar a problemática epistemológica,
faremos uma análise resumida das duas grandes Epistemologias
hegemônicas na sociedade, a partir do século XX – Materialis-
mo Histórico e Positivismo - como forma de contribuir para
a construção de uma “Metodologia”, que contemple todas as
possibilidades técnicas e pedagógicas da Educação Presencial e
a Distância, e suas respectivas contribuições para a existência de
“massa crítica”, na área em questão.
É importante lembrar que a compreensão das ideias
centrais das Epistemologias que serão apresentadas aqui, apare-
ce como uma questão fundamental para a formação continuada
de professores e alunos, uma vez que, o teor das referidas cor-
rentes de pensamento representa, do ponto de vista filosófico, a
verdadeira “Metodologia”, que devemos adotar para conhecer-
mos o mundo em que vivemos.
Vejamos, a seguir, as principais Epistemologias que
subsidiam boa parte de educadores do mundo contemporâneo.
A seguir você verá as ideias centrais das duas Episte-
mologias escolhidas como “estudo de caso” do nosso traba-
lho. Considerando, porém, que o presente texto não comporta
maiores detalhamentos dos temas em questão, é imprescindí-
vel que você busque maiores referências sobre o assunto em
pauta em leituras especializadas, para a consolidação do pen-
samento epistemológico e sua relevância na análise do mundo
em que vivemos.
107
O POSITIVISMO
“Auguste Comte (Isidore - Auguste - Marie - François - Xavier
Comte), nasceu em Montpellier, França, a 19 de janeiro de
1798, filho de um fiscal de impostos. Aos 16 anos, ingressou na
Escola Politécnica de Paris, que teria grande influência em seu
pensamento. Desenvolveu uma obra filosófica e sociológica de
imensa repercussão e influência na Europa e nos países coloni-
zados, inclusive no Brasil. Faleceu em 5 de setembro de1857.
Comte elaborou uma teoria, na qual conciliava o pensamento
filosófico com uma visão cientificista da sociedade, à qual deu
o nome de Positivismo.” (ALBUQUERQUE, op. cit., pág. 50)
108
– enquanto não lesar a liberdade alheia – sustenta também
a livre concorrência econômica através da lida mecânica,
do conflito material das forças econômicas.
(http://www.mundodosfilosofos.com.br/comte.htm).
109
Conclusão: o Positivismo tem exercido poderosa influ-
ência nos meios acadêmicos, por tratar-se de uma vertente epis-
temológica que se preocupa apenas com as leis gerais que regem
os fenômenos, não importando as relações de causalidade, as
causas primeiras, destes fenômenos.
Não seria errado afirmarmos que a produção acadêmi-
ca (monografias, dissertações e teses) hegemônica no mundo
contemporâneo aborda a realidade em uma perspectiva positi-
vista, preocupando-se mais em “descrever” os fatos observados
do que “compreender” os condicionantes históricos que deter-
minaram a sua existência.
Sugerimos as páginas: www.consciencia.org e http://
www.mundodosfilosofos.com.br/comte.htm, para o aprofun-
damento dos estudos sobre o Positivismo.
O MATERIALISMO HISTÓRICO
Idealizador de uma sociedade com uma distribuição de renda
justa e equilibrada, o economista, cientista social e revolucioná-
rio socialista alemão Karl Heinrich Marx, nasceu na data de 05
de maio de 1818, cursou Filosofia, Direito e História nas Uni-
versidades de Bonn e Berlim.
Para desenvolver as suas especulações filosóficas e so-
ciológicas, Marx direcionou a sua atenção para três elementos
(correntes de pensamento) que estavam presentes naquele mo-
mento histórico: o capitalismo inglês, o socialismo utópico fran-
cês e a filosofia alemã.
É com base nessa trilogia que Marx estabelece as bases
teóricas do que viria a ser chamado de “materialismo histórico”.
Na teoria marxista, o Materialismo Histórico pretende
a explicação da história das sociedades humanas, em todas as
épocas, através dos fatos materiais, essencialmente econômicos
e técnicos. Ou seja, são as relações sociais e econômicas concre-
110
tas (a base material de existência), que determinam as condições
de existência dos homens e, consequentemente, as suas repre-
sentações sobre o mundo.
Para o Materialismo Histórico a sociedade é comparada
a um edifício, no qual as fundações, a infraestrutura, seriam re-
presentadas pelas forças econômicas, enquanto o edifício em si,
a superestrutura, representaria as ideias, costumes, instituições
(políticas, religiosas, jurídicas etc).
Na economia marxista, forças produtivas são os ele-
mentos que exercem na sociedade uma influência para modi-
ficar ou transformar uma natureza, bem como a produção dos
bens materiais, e que compreendem os meios de produção e os
homens, que deles utiliza-se a força de trabalho.
O mérito da análise marxista consistiu em demonstrar à
sociedade a inversão de valores promovida pela economia polí-
tica ortodoxa.
Observe, caro aluno, a “ruptura de paradigma” provo-
cada por MARX, no século XIX, em sua análise da sociedade.
PARADIGMAS VIGENTES DA
ECONOMIA LIBERAL-BURGUESA
• Os interesses dos indivíduos, grupos e classes, são harmônicos
(ou, se não são harmônicos, são pelo menos conciliáveis);
• Existem – e afirmam-se em longo prazo – tendências para o
equilíbrio;
• A mudança realiza-se e continuará a realizar-se sob a forma de
uma adaptação gradual.
Observando as relações concretas que ocorrem no (e
sob o) Capitalismo, Marx deduziu exatamente o contrário do
que afirma a economia clássica:
• ao invés de encontrar harmonia entre as classes, percebeu o
conflito;
111
• as tendências para o equilíbrio, constituem-se, na verdade, em
um grande desequilíbrio;
• e, por último, mas não menos importante, à forma gradual de
mudança, encontrou a descontinuidade qualitativa.
Imagine o impacto que essa teoria (Epistemologia) causou
à sociedade burguesa ascendente da Europa. Isso explica o fato de
as teorias Marxistas terem sido praticamente banidas das acade-
mias, ou, pelo menos, tenha adquirido uma sobrevivência marginal
e clandestina, em que pese o acerto inegável das suas teses.
O Materialismo Histórico propõe uma modificação
profunda nas relações de produção e nas formas de proprieda-
de, o que, no fundo, representa uma nova forma de produção,
pondo abaixo a hegemonia da burguesia.
Marx utilizou, ainda, certas “categorias” sociológicas
que contribuem para a análise da sociedade capitalista, como
por exemplo: Totalidade, Mais-valia, Estrutura e Superestrutura,
Relações de Produção, Meios de Produção, categorias essas que,
segundo Bordieu (“A nova bíblia do Tio Sam”, 2001) estão sen-
do “esquecidas”, no âmbito do imperialismo cultural.
Essas são, em síntese, as ideias centrais, tanto do Po-
sitivismo como do Materialismo Histórico. Resolvemos trazê-
-las ao estudo em virtude de as considerarmos essenciais para o
debate educacional, uma vez que, não é suficiente a adoção de
“novas’ e “revolucionárias” Metodologias de ensino e aprendi-
zagem, se continuamos apegados a paradigmas arcaicos e ultra-
passados pela roda da história.
Ou seja, não é importante apenas dotarmos a Educação
das melhores tecnologias disponíveis no mercado, se a nossa
concepção de mundo sugere a continuidade da nossa subordi-
nação aos países economicamente hegemônicos do mundo.
Pense nisso! É fundamental para a qualificação do nos-
so ato de ensinar.
112
EXERCÍCIOS