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Karl Marx nasceu em Trèves, capital da província alemã do Reno (Renânia), parte da
Prússia, próxima à fronteira com a França, em 5 de maio de 1818. Filho do casal judeu Hirschel
e Henriqueta Pressburg. O pai abandonou o judaísmo, batizando-se com o nome de Heinrich;
sua mãe, a despeito de ser descendente de rabino não exerceu nenhuma forte influência
doutrinária sobre sua vida.
Iniciou a vida acadêmica estudando Direito, em Berlim, onde entrou em contato com os
escritos de Hegel, cujos seguidores dividiam-se em hegelianos de direita e hegelianos de
esquerda. Os primeiros afirmavam os traços mais conservadores da obra de Hegel (o Espírito
Absoluto, criador da realidade – visão teleológica da história); os outros afirmavam o papel
crítico da filosofia de Hegel. Marx posicionou-se entre estes últimos. Com o passar dos tempos
foi gradativamente deixando o Direito, rumando para a História e para a Filosofia. Doutorou-se
pela Universidade de Lena. A sua tese de doutorado versava sobre a Diferença da Filosofia da
Natureza em Demócrito e Epícuro.
Foi um dos diretores pioneiros da Revista Anais Franco-Alemães, que não foi além da
publicação do primeiro número (1844). Nessa única publicação, Marx participou com dois
importantes trabalhos: Introdução a uma Crítica da Filosofia do Direito de Hegel e A Questão
Judaica. O encontro com Friedrich Engels, deu-se porque nesse número único dos Anais
Franco-Alemãs, este publicou um artigo sobre Esboço de uma Crítica da Economia Política .
Diversos aspectos identificavam o pensamento de Marx com o de Engels; em vista disto, logo
iniciaram uma produção teórica comum. A primeira obra conjunta dos dois autores foi: A
Sagrada Família, em cujo conteúdo criticavam as posturas políticas dos neo-hegelianistas, os
irmãos Bruno, Edgard e Egbert Bauer. O livro O Capital foi a mais importante obra publicada
por Karl Marx. Após a morte de Marx (1883), suas teses deram forma ao marxismo.
A produção da vida material é o motor que determina o curso da história humana. Não
são as idéias, como diria Hegel, mas o modo como os indivíduos se organizam para produzirem
as condições reais de sua existência:
Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a
fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam
diretamente, legadas e transmitidas pelo passado “ (1985:1).
Os agentes da contradição são duas classes sociais rivais, tendo de um lado os
proprietários privados dos meios de produção, e de outro, os não proprietários ou
trabalhadores. A constituição da sociedade como uma configuração de classes coexistentes é o
produto de formações históricas com base em conflitos sociais; estes determinam os modos de
organização da produção e os interesses do Estado.
Marx não distingue sociedade e Estado como sendo áreas de interesse particulares;
antes, pelo contrário,
Diferentemente do que pensava o discurso teológico que via no Estado uma expressão da
vontade divina, e, ainda, diferentemente do pensamento “contratualista” que, segundo Hobbes
e Rousseau, via o Estado como o resultado de um pacto entre todos os homens de uma
sociedade; para Marx, o Estado é uma imposição de classe, mediante o qual os setores
dominantes preservam as garantias políticas de seus interesses econômicos.
Segundo a teoria de Marx todos os setores da vida social estão diretamente relacionados
com a ideologia da classe dominante. Isto porque não é possível excluir a realidade das
dimensões sociais e não seria também possível excluir estas do contexto das relações
produtivas.
“Segundo o que foi dito anteriormente, está claro que a verdadeira riqueza
intelectual do indivíduo depende inteiramente da riqueza de suas relações reais. É
só desta maneira que cada indivíduo em particular será libertado das diversas
limitações nacionais e locais que encontra, sendo colocado em relações práticas
com a produção do mundo inteiro (inclusive a produção intelectual) e posto em
condições de adquirir a capacidade de desfrutar a produção do mundo inteiro em
todos os seus domínios - criação dos homens.” (1989:35).
“A classe que dispõe dos meios de produção material dispõe também dos meios de
produção intelectual, de tal modo que o pensamento daqueles aos quais são
negados os meios de produção intelectual está submetido também à classe
dominante. Os pensamentos dominantes nada mais são do que a expressão ideal
das relações materiais dominantes; eles são essas relações materiais dominantes
consideradas sob forma de idéias, portanto a expressão das relações que fazem de
uma classe a classe dominante; em outras palavras são as idéias de sua
dominação” (1989:47).
A classe dominante
Quem são os indivíduos que constituem a classe dominante? Os tais não possuem apenas
os meios de produção, possuem também uma consciência e consequentemente pensam. Do
que se conclui que a dominação de classe não é só dominação material, mas também
espiritual:
“...na medida em que dominam como classe e determinam uma época histórica em
toda a sua extensão, é evidente que esses indivíduos dominam em todos os
sentidos e que têm uma posição dominante, entre outras coisas também como
seres pensantes, como produtores de idéias, que regulamentam a produção e a
distribuição dos pensamentos da sua época; suas idéias são portanto as idéias
dominantes de sua época” (1989:47).
Adiantando-se nessa análise, Marx chega aos ideólogos ativos da classe dominante: são
intelectuais, cuja função é teorizar as ideologias da classe detentora do poder. Na verdade está
em jogo a questão séria do capital do saber submetido aos caprichos dos grupos econômicos
poderosos. Os capitalistas são pessoas ativas e bastante ocupadas; não lhes resta tempo para
“alimentar suas ilusões e idéias sobri si próprios ”. Esse papel é executado por intelectuais
contratados que colocam seu pensamento à serviço dos interesses da classe.
BIBLIOGRAFIA
MARX, Karl, ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã. SP, Martins Fontes, 1989
MARX, Karl, Manuscritos Econômicos – Filosóficos e outros textos, SP, Nova
Cultural, 1991.
MARX, Karl, ENGELS, Friedrich. O Dezoito Brumário de Luís Bonaparte, SP, Abril
Cultural – Os Pensadores, 1985.