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O paradigma do mal, civilidade e o pecado original

Ainda hoje, é comum vermos debates a cerca da existência do mal, e da sua contradição
frente a bondade e onipotência de Deus, “Se Deus é bom e todo poderoso, porque o mal existe? Ou
Deus não é bondoso, ou Deus não é onipotente”, houve-se sempre. De fato parece um problema
consistente, mas apenas quando considerado na dialética maniqueísta, tendo bem e mal como forças
opostas e antagonistas.
Contudo, essa oposição já fora superada há mais de mil anos por Santo Agostinho ao
escrever sobre a questão do mal. De maneira sucinta, podemos entender a bondade, a força de Deus,
como uma emanação tal qual a luz do Sol. A maldade, as trevas, habitam os lugares aonde a luz não
consegue chegar. Não existe uma “bateria de escuridão”, a maldade não é uma força por si, é
ausência do bem.
Seguindo com minhas próprias interpretações, entender isso compreende o trabalho de a
todo momento manter-se perto do caminho de Deus, do caminho correto. Um esforço contínuo que
admite que seguir os instintos, as vontades mais superficiais, o caminho que surge espontaneamente
e sem controle como um problema. Isso pois admite a bondade, como uma emanação externa ao
indivíduo, e não como algo interno e natural.
O bem, a boa conduta, se aproxima muito então do processo civilizatório. O que a primeiro
momento pode se parecer com o discurso hobbesiano, e um tanto eurocêntrico, mas algumas
considerações devem ser feitas a fim de afastá-los. Primeiramente, rejeita-se a preposição de um
indivíduo (um rei, um ditador, um sacerdote) orientado divinamente capaz de civilizar os homens e
colocá-los a par do caminho correto, é um processo externo e compartilhado por todos os indivíduos
de uma sociedade. E por outro lado, o conceito de civilidade foi muito utilizado a fim de
condicionar culturas não europeias a inferioridade, como primitivas. A civilidade é algo que existe
para TODOS os agrupamentos humanos ao longo da história, não cabendo juízos de valores de
superioridade externos. Dizem respeito a uma busca coletiva e autônoma da cada grupo pelas
melhores condutas a serem praticadas. Diversas são as questões que abordam a evolução dessas
culturas e suas relações umas com as outras, que não cabem a esse texto.
Mas mais importante, pode-se pensar que então tudo que é natural é ruim, tendo a ação
humana como a grande representante da vontade de Deus no mundo. E isso, com certeza é um
equívoco, o bem e mal não dizem respeito a natureza, são conceitos que não cabem em seu
funcionamento. Plantas, animais e bactérias, vivem conforme suas próprias questões, que não são a
dos seres humanos. Apenas os seres humanos comeram do fruto proibido, apenas eles são dotados
do conhecimento do bem e mal. Entender a queda do paraíso como nosso afastamento da natureza
pelos conhecimento que dotamos, é essencial para entender o que nos separa dos demais animais, e
nossa responsabilidade no planeta.
Erramos, sabemos que erramos, e somos os únicos capazes de nos cobrar por isso. Mas não
sozinhos, o que existe no reino humano, que se distingue dos demais reinos, é o reconhecimento de
quais ações são banhadas pela emanação divina, e quais se afastam dela. E fazemos isso em
conjunto, debruçando sobre o mundo para entender a vontade de Deus, e debatendo sobre tal com
nossos semelhantes, pois são os únicos que podemos contar para tal tarefa. Uma tarefa árdua, que
vêm nos consumindo a milênios, mas imprescindível, desde o instante que optamos descer das
árvores e nos aventurar sobre os dois pés no mundo, desde o instante que decidimos provar do fruto
do probido.

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