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OFICINA “ELEMENTOS DA ESTÉTICA DE J. R. R.

TOLKIEN”
André Luiz Rodriguez Modesto Pereira
Aula 6: 23/09/2010

O Senhor dos Anéis: fusão de gêneros literários


“Pois não seremos nós, mas os que vierem
depois que farão as lendas de nossa época.” -
Aragorn.

• Publicado entre 1954 e 1955 em três volumes: A Sociedade do Anel, As Duas Torres e O
Retorno do Rei. Divisão por questões editoriais – preço do papel na Inglaterra pós-Guerra.
Os três volumes constituem uma obra única.
• Peça mais elaborada dentre os escritos sobre a Terra-média: extensão, conteúdo e forma.

1. O que é O Senhor dos Anéis


• “Em grande parte, este livro trata de hobbits, e através de suas páginas o leitor pode
descobrir muito da personalidade deles e um pouco de sua história” (p. 1)
• Livro Vermelho do Marco Ocidental: O Hobbit + O Senhor dos Anéis = relatos de Bilbo,
Frodo, Sam...

Meu Diário. Minha Viagem Inesperada. Lá e de Volta Outra Vez. E o Que Aconteceu
Depois.
Aventuras de Cinco Hobbits. A História do Grande Anel, compilada por Bilbo Bolseiro a
partir de suas próprias observações e dos relatos de seus amigos. O que fizemos na Guerra do
Anel.

Aqui terminava a letra de Bilbo e Frodo havia escrito:

A QUEDA
DO
SENHOR DOS ANÉIS
EO
RETORNO DO REI

(segundo as Pessoas Pequenas; contendo as memórias de Bilbo e Frodo do Condado, suplementadas


pelos relatos de seus amigos e pelos ensinamentos dos Sábios)
Juntamente com excertos de Livros da Tradição traduzidos por Bilbo em Valfenda.
(p. 1088)

• Indícios de várias versões do Livro Vermelho:

“[…] Evidentemente isso [o relato de como Bilbo conseguiu o Anel] ainda


constava no Livro Vermelho original, da mesma forma que em várias cópias e
resumos. Mas muitas cópias contêm a história verdadeira (como uma alternativa),
derivada sem dúvida das notas de Frodo ou Samwise; ambos souberam a verdade,
embora não parecessem dispostos a apagar qualquer coisa já escrita pelo velho
hobbit.” (p.13)

• Prólogo, Nota sobre Os Registros do Condado: observações sobre as várias versões do texto.
• Relato histórico, diário, compêndio erudito (lendas, poemas etc.): já sugerem a mistura de
gêneros do texto.
• Tradução e estabelecimento de um texto baseado nas diferentes versões: trabalho filológico.

2. Gêneros básicos
• Épico: narrativo.
• Lírico: canções, poemas etc.
• Dramático: Conselho de Elrond, encontro com Théoden e Denethor etc.

3. Formas Simples (André Jolles)


• Uma determinada disposição mental dá origem a determinadas formas literárias.
• Saga: universo organizado em torno da ideia de família, vínculo sanguíneo;
• Mito: resposta a uma pergunta;
• Märchen (contos de fadas): o mundo como deveria ser; desejabilidade; fantasia.

4. Kunstmärchen (Contos de fadas artístico)


• Romantismo:

O conto de fadas artístico busca a originalidade na abordagem e profundidade do


tema, na elaboração do estilo, na variedade do conteúdo etc. Caracteriza-se, em
geral, pelo emprego esteticamente mais elaborado dos elementos mágicos (que
adquirem muitas vezes um sentido alegórico, podendo ser uma camuflagem para a
exposição de um conteúdo realístico, por vezes de acentuado teor satírico); mostra
preferência pelo aspecto individualizante (em detrimento da universalidade) através
da complexidade psicológica dos personagens e da presença de indicadores de
época e lugar onde se passa a ação; emprega maior profusão de detalhes (em
oposição ao econômico estilo do conto popular, que se limita ao estritamente
necessário), apresenta versatilidade na composição de sua estrutura; e explora um
leque maior de possibilidades de significação. (VOLOBUEF, 1993, p.105)
• “Sobre histórias de fadas”: “concorda” com a disposição mental proposta por Jolles; mas, O
Senhor dos Anéis é evidentemente um texto mais elaborado;

4. Fantasia vs. Realismo


• Modelo de Todorov:

Estranho puro Fantástico-estranho Fantástico-maravilhoso Maravilhoso puro

• Christine Brooke-Roose (A Rethoric of the Unreal, 1981): O Senhor dos Anéis pertenceria
ao “Maravilhoso puro”, mas conteria elementos típicos do realismo:

1. excesso de descrições, megatext;


2. redundância e previsibilidade;
3. história paralela;
4. desfocalização do herói.

• Mistura de elementos realistas e maravilhosos enfraquece o texto? Altera o gênero?


• A exigência do leitor moderno é diferente da dos tempos de Spenser, Milton ou Malory.
• John D. Rateliff em “'A Kind of Elvish Craft': Tolkien as Literary Craftsman” (Tolkien
Studies, v.6): “ele frequentemente descreve uma cena, não como você a experimentaria, mas
como se lembraria dela depois.”
• Texto mais “aberto”, transparente.

5. “Teoria dos Modos” de Northrop Frye


• Gênero definido pela personagem central:

Nas ficções literárias o enredo consiste em alguém fazer alguma coisa. O alguém,
se indivíduo, é o herói, e a alguma coisa que ele faz ou deixa de fazer é o que ele
pode fazer ou podia ter feito, no plano dos pressupostos estabelecidos, para ele,
pelo autor, e das conseqüentes expectativas da audiência. As ficções, portanto,
podem ser classificadas, não moralmente, mas pela força do herói, que pode ser
maior do que a nossa, menor ou mais ou menos a mesma. (FRYE, 1973, p. 39)

Assim, Frye propõe cinco categorias de herói:

(1) – O herói como um ser divino, superior em condição aos outros


homens e ao meio em que esses homens habitam. A história sobre esse
herói será considerada um mito;
(2) – O herói é superior em grau ao meio e aos outros homens, contudo,
ainda é identificado como humano. Este é o herói da história romanesca,
que habita um mundo onde as leis da natureza são ligeiramente suspensas e
podemos encontrar armas encantadas, bruxas, talismãs, animais falantes
etc. Esse é o herói que participa da lenda, do conto popular, do Märchen e
derivados literários;
(3) – O herói é superior em grau a outros homens, mas não à natureza,
possuindo, freqüentemente a qualidade de líder. Este é o modo imitativo
elevado, típico das tragédias e das epopéias gregas;
(4) – O herói não é superior nem ao seu meio nem a outros homens,
sendo muito semelhante ao homem comum. É o modo imitativo baixo,
típico da comédia e da ficção realística.
(5) – O herói é inferior em inteligência e poder ao homem comum,
pertencendo ao modo irônico.

• Modos trágico e cômico: exclusão ou inclusão da personagem em seu meio.


• Principais personagens (heróis)
• Frodo;
• Sam, Merry, Pippin;
• Aragorn;
• Gandalf.

• Frodo, Aragorn e Gandalf: trajetórias semelhantes e opostas:


“Morte Ritual” Resultado
Gandalf Luta com o Balrog, queda em Moria. Retorna como Mago Branco.
Aragorn Travessia da Senda dos Mortos. Reconhecimento como rei.
Frodo Túnel e ataque de Laracna (Shelob). Preso. Não resiste ao Anel. Não
é reconhecido no Condado.

• Frodo, Sam, Merry e Pippin: romance de formação (Bildungsroman)


• Aprendizado: há sempre um guia (Tom Bombadil, Aragorn, Gandalf, Barbárvore,
Gollum); sem os guias não há evolução.
• Bildungsroman (Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister – Goethe): busca de
participação/integração na sociedade.
• Frodo: personagem que se afasta da sociedade (típico do romance).
• Sam, Merry e Pippin: personagens que se integram à sociedade (épicos).
6. Romance de Fantasia
• Lin Carter, O Senhor do Senhor dos Anéis: trajetória dos elementos fantásticos desde os
clássicos greco-latinos, novelas de cavalaria etc.
• A fantasia está presente na obra de vários grandes autores: Homero, Milton, Goethe etc.
• Começa a se define como gênero no século XIX, através das obras de William Morris, Lord
Dunsany e Eric Rücker Eddison.
• William Morris é um dos poucos autores de quem Tolkien admite influência.
• O que diferencia o Romance de Fantasia no século XIX é o (re)conhecimento de que o
conteúdo retratado não existe no Mundo Primário.

7. Forma enciclopédica
• Mistura de gêneros e modos: mítico e irônico, trágico e cômico, épico e romance.
• “A epopéia diverge da narrativa pelo alcance enciclopédico de seu tema, do céu ao mundo
subterrâneo e através da enorme massa de conhecimento tradicional” (FRYE, 1973, p.312):
poemas, lendas, geografia, línguas, costumes, referências etc.
• Ritmos da epopéia clássica: “a vida e a morte do indivíduo, e o ritmo social mais lento que
no curso dos anos [...], leva cidades e impérios a sua ascensão e ruína” (1973, p.312).
• Fusão do romance, da confissão (relato autobiográfico), da anatomia (sátira menipeia –
análise social, elemento fantasioso) e da história romanesca.

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