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• § 3º: a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico é equiparada à coisa
móvel.
• § 4º: hipóteses de “furto qualificado”.
• § 5º: qualificadora para as hipóteses em que a subtração for de veículo automotor que
venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
• § 6º: qualificadora para furto de semoventes domesticáveis de produção.
A Lei nº 13.654/2018 acrescentou o § 4º-A ao art. 155 do Código Penal prevendo uma
nova QUALIFICADORA para o crime de furto. Veja a redação do parágrafo inserido:
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego
de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
Objetivo
O objetivo declarado desse novo parágrafo foi o de punir com mais rigor os furtos
realizados em caixas eletrônicos localizados em agências bancárias ou em
estabelecimentos comerciais (ex: drogarias, postos de gasolina etc.).
Isso porque tem sido cada vez mais comum que grupos criminosos, durante a noite,
explodam caixas eletrônicos para dali retirar o dinheiro depositado.
Dessa forma, o objetivo da lei foi o de, em tese, punir mais severamente o réu.
Antes da Lei nº 13.654/2018, o agente respondia por qual delito?
O entendimento que prevalecia era o de que o agente respondia por furto qualificado pelo
rompimento de obstáculo à subtração da coisa, nos termos do art. 155, § 4º do CP em
concurso formal impróprio com o crime de explosão majorada (art. 251, § 2º do CP):
Art. 155 (...)
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
Art. 251. Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante
explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de
efeitos análogos:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
(...)
§ 2º - As penas aumentam-se de um terço, se ocorre qualquer das hipóteses previstas no
§ 1º, I, do artigo anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas enumeradas no nº II
do mesmo parágrafo.
Desse modo, perceba o contrassenso: o objetivo do legislador ao criar o novo § 4º-A foi o
de aumentar a pena dos agentes que praticam furto mediante explosão de caixas
eletrônicos. No entanto, o que a Lei fez foi tornar mais branda a situação dos réus. Vamos
comparar:
O agente respondia pelo art. 155, § 4º, I c/c o art. 251, O agente responde apenas pelo art. 155, §
§ 2º do CP. 4º-A do CP.
Pena mínima: 6 anos. Pena mínima: 4 anos.
Com a previsão específica do art. 155, § 4º-A não se pode mais falar em concurso porque
seria bis in idem. Logo, por mais absurdo que pareça, a Lei 13.654/2018 melhorou a
situação penal dos indivíduos que praticam ou que praticaram furto a bancos mediante
explosão dos caixas eletrônicos.
Vale ressaltar, inclusive, que os réus que, antes da Lei nº 13.654/2018, foram condenados
por furto qualificado (art. 155, § 4º, I) em concurso formal com explosão majorada (art. 251,
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§ 2º) poderão pedir a redução da pena imposta, nos termos do art. 2º, parágrafo único do
CP:
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos
fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
O que é explosivo?
Se o agente, durante a noite, explode o caixa eletrônico para furtar o numerário, ele
também responderá pela causa de aumento do repouso noturno (art. 155, § 1º)? É
possível aplicar o art. 155, § 4º-A e mais a causa de aumento do art. 155, § 1º?
SIM. É legítima a incidência da causa de aumento de pena por crime cometido durante o
repouso noturno (art. 155, § 1º) no caso de furto praticado na forma qualificada (art. 155, §
4º ou § 4º-A do CP).
Não existe nenhuma incompatibilidade entre a majorante prevista no § 1º e as
qualificadoras do § 4º ou do § 4º-A. São circunstâncias diversas, que incidem em
momentos diferentes da aplicação da pena.
Assim, é possível que o agente seja condenado por furto qualificado e, na terceira fase da
dosimetria, o juiz aumente a pena em 1/3 se a subtração ocorreu durante o repouso
noturno.
A posição topográfica do § 1º (vem antes dos §§ 4º e 4º-A) não é fator que impede a sua
aplicação para as situações de furto qualificado.
STF. 2ª Turma. HC 130952/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/12/2016 (Info 851).
STJ. 6ª Turma. HC 306.450-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
4/12/2014 (Info 554).
O § 2º do art. 157, por sua vez, prevê causas de aumento de pena para o roubo.
Desse modo, se ocorre alguma dessas hipóteses, tem-se o chamado “roubo
circunstanciado” (também conhecido como “roubo agravado” ou “roubo majorado”).
O aumento se justificava por “haver maior risco à integridade física e à vida do ofendido e
de outras pessoas e pela facilitação na execução do crime” (MASSON, Cleber. ob. cit., p.
644).
O que podia ser considerado “arma” para os fins do art. 157, § 2º, I, do CP?
A jurisprudência possuía uma interpretação ampla sobre o tema.
Assim, poderiam ser incluídos no conceito de arma:
• a arma de fogo;
• a arma branca (considerada arma imprópria), como faca, facão, canivete;
• e quaisquer outros “artefatos” capazes de causar dano à integridade física do ser humano
ou de coisas, como por exemplo uma garrafa de vidro quebrada, um garfo, um espeto de
churrasco, uma chave de fenda etc.
Novatio legis in mellius para roubo com emprego de arma que não seja de fogo
Como vimos, o roubo “com emprego de arma” deixou de ser uma hipótese de roubo
circunstanciado no art. 157, § 2º.
O roubo com emprego de arma de fogo continua sendo punido como roubo
circunstanciado no art. 157, § 2º-A, inciso I:
Art. 157 (...)
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;
Ocorre que o roubo com o emprego de arma “branca” não é mais punido como roubo
circunstanciado. Trata-se, em princípio, de roubo simples (art. 157, caput).
Assim, a Lei nº 13.654/2018 deixou de punir com mais rigor o agente que pratica o roubo
com arma branca. Pode-se, portanto, dizer que a Lei nº 13.654/2018, neste ponto, é mais
benéfica. Isso significa que ela, neste tema, irá retroagir para atingir todos os roubos
praticados mediante arma branca.
Exemplo: em 2017, João, usando um canivete, ameaçou a vítima, subtraindo dela o
telefone celular. O juiz, na 1ª fase da dosimetria, fixou a pena-base em 4 anos. Não havia
agravantes ou atenuantes (2ª fase). Na 3ª fase (causas de aumento ou de diminuição), o
magistrado aumentou a pena em 1/3 pelo fato de o crime ter sido cometido com emprego
de arma branca (canivete), nos termos do art. 157, § 2º, I, do CP. 1/3 de 4 anos é igual a 1
ano e 4 meses. Logo, João foi condenado a uma pena final de 5 anos e 4 meses (pena-
base mais 1/3). O processo transitou em julgado e João está cumprindo pena. A defesa de
João pode pedir ao juízo das execuções penais (Súmula 611-STF) que aplique a Lei nº
13.654/2018 e que a sua pena seja diminuída em 1 ano e 4 meses em virtude do fato de
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que o emprego de arma branca na prática do roubo ter deixado de ser causa de aumento
de pena.
Tabelas comparativas
Tanto a arma de fogo como a arma branca eram causas Apenas o emprego de arma de fogo é
de aumento de pena. causa de aumento de pena.
O emprego de arma branca não é causa
de aumento de pena.
O emprego de arma (seja de fogo, seja branca) era O emprego de arma de fogo é punido
punido com um aumento de 1/3 a 1/2 da pena. com um aumento de 2/3 da pena.
Como fica a dosimetria da pena em caso de roubo com emprego de arma de fogo
(art. 157, § 2º-A, I) em caso de também incidir alguma majorante do § 2º do art. 157?
Imagine a seguinte situação: João e Pedro, com o emprego de arma de fogo, subtraem os
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pertences da vítima. Vale ressaltar que os dois combinaram juntos e que nenhum deles
pode ser considerado líder.
A conduta dos agentes amolda-se tanto na majorante do inciso II do § 2º como na causa
de aumento do inciso I do § 2º-A do art. 157:
Art. 157 (...)
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
(...)
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;
O que fazer?
O tema é tratado no art. 68, parágrafo único, do CP:
Art. 68 (...)
Parágrafo único. No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte
especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo,
todavia, a causa que mais aumente ou diminua.
2ª) Aplicar as duas causas de aumento de pena. Neste caso, o segundo aumento irá
incidir sobre a pena já aumentada pela primeira causa. Ex: o juiz fixa a pena-base em 4
anos; depois aumenta 1/3 por força do inciso I do § 2º, chegando a uma pena de 5 anos e
4 meses; sobre esse resultado, aumenta mais 2/3, totalizando 8 anos, 10 meses e 20 dias.
Essa faculdade judicial de escolher uma das duas opções acima é criticada por vários
doutrinadores, mas já foi acolhida pelo STF:
(...) 4. Na espécie, o paciente teve sua pena majorada duas vezes ante a incidência
concomitante dos incisos I e II do art. 226 do Código Penal, uma vez que, além de ser
padastro da criança abusada sexualmente, consumou o crime mediante concurso de
agentes. Inexistência de arbitrariedade ou excesso que justifique a intervenção corretiva
do Supremo Tribunal Federal. 5. É que art. 68, parágrafo único, do Código Penal,
estabelece, sob o ângulo literal, apenas uma possibilidade (e não um dever) de o
magistrado, na hipótese de concurso de causas de aumento de pena previstas na parte
especial, limitar-se a um só aumento, sendo certo que é válida a incidência concomitante
das majorantes, sobretudo nas hipóteses em que sua previsão é desde já arbitrada em
patamar fixo pelo legislador, como ocorre com o art. 226, I e II, do CP, que não comporta
margem para a extensão judicial do quantum exasperado. (...)
STF. 1ª Turma. HC 110960, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 19/08/2014.
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4) ROUBO CIRCUNSTANCIADO EM CASO DE SUBTRAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS
EXPLOSIVAS OU DE ACESSÓRIOS
Conforme já explicado, o § 2º do art. 157 prevê causas de aumento de pena para o roubo.
Desse modo, se ocorre alguma dessas hipóteses, tem-se o chamado “roubo
circunstanciado” (também conhecido como “roubo agravado” ou “roubo majorado”).
A Lei nº 13.654/2018 acrescentou uma nova hipótese de roubo majorado no inciso VI.
Veja:
Art. 157 (...)
§ 2º A pena aumenta-se de um terço até metade:
(...)
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
Inciso I
O inciso I já foi analisado acima. O destaque para o inciso I é, repetindo, o fato de que
agora, para haver roubo circunstanciado pelo emprego de arma, é necessário que seja
arma de fogo. Arma branca, arma imprópria não é mais suficiente para caracterizar causa
de aumento de pena no roubo.
Inciso II
O inciso II traz uma hipótese nova.
Para que se caracterize esta causa de aumento de pena é necessário o preenchimento de
dois requisitos:
a) o roubo resultou em destruição ou rompimento de obstáculo;
b) essa destruição ou rompimento foi causado pelo fato de o agente ter utilizado explosivo
ou artefato análogo que cause perigo comum.
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Concomitância das situações dos incisos I e II
Vale ressaltar que, como o § 2º-A do art. 157, por se tratar de roubo, exige
obrigatoriamente violência ou grave ameaça à pessoa, na grande maioria dos casos essa
violência ou grave ameaça será feita mediante emprego de arma de fogo. Isso porque não
é crível imaginar que uma organização criminosa que irá utilizar explosivos para abrir um
caixa eletrônico cometa o roubo sem utilizar arma de fogo. Assim, o emprego da arma de
fogo já seria suficiente para aumentar a pena em 2/3, sendo “desnecessário” o inciso II
para os fins do § 2º-A do art. 157.
Vou dar um exemplo sobre o que estou tentando dizer: João e seus comparsas entram em
uma drogaria e, portando arma de fogo, rendem os funcionários e clientes e os trancam em
uma sala. Com a utilização de uma dinamite, explodem o caixa eletrônico para dali subtrair
o dinheiro.
Neste exemplo, os agentes já responderiam pelo roubo com pena aumentada em 2/3 pelo
simples fato de empregarem arma de fogo (inciso I do § 2º-A do art. 157 do CP).
Diante disso, a circunstância narrada no inciso II (destruição ou rompimento de obstáculo
mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum) será
utilizada como agravante, nos termos do art. 61, II, “d”, do CP:
Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime:
(...)
II - ter o agente cometido o crime:
(...)
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de
que podia resultar perigo comum;
Confira:
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Art. 157 (...) Art. 157 (...)
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de § 3º Se da violência resulta:
reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a I – lesão corporal grave, a
reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. pena é de reclusão de 7 (sete)
a 18 (dezoito) anos, e multa;
II – morte, a pena é de
reclusão de 20 (vinte) a 30
(trinta) anos, e multa.
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§ 2º Será obrigatória a instalação de placa de alerta, que deverá ser afixada de forma
visível no caixa eletrônico, bem como na entrada da instituição bancária que possua caixa
eletrônico em seu interior, informando a existência do referido dispositivo e seu
funcionamento.
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De quem é a competência para julgar os crimes de furto e roubo envolvendo a
explosão de caixas eletrônicos?
• Regra: Justiça Estadual.
• Exceção: será da Justiça Federal se o caixa eletrônico for da Caixa Econômica,
considerando que se trata de empresa pública federal (art. 109, IV, da CF/88).
VIGÊNCIA
A Lei nº 13.654/2018 não possui vacatio legis, de forma que entrou em vigor ontem
(24/04/2018), dia de sua publicação.
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