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RESUMO iac joint. The result obtained is more suitable to the clinical
and functional discrepancy observed in the patient, showing
Os laudos radiográficos são, muitas vezes, incompatí-
that distortions in evaluations of leg length discrepancies
veis com a discrepância clínica dos membros inferiores,
can be avoided.
por tomar-se como referencial proximal o extremo mais
cranial do fêmur. O equívoco é mais freqüente nas afec- Key words – Leg length discrepancies; scannometrics; equaliza-
ções em que existe comprometimento da relação femo- tion
roacetabular. Os autores propõem que, nessas eventuali-
dades, o balizamento escanométrico proximal se faça a INTRODUÇÃO
partir dos limites inferiores das articulações sacroilíacas.
A diferença de comprimento entre os membros inferiores
O resultado obtido é muito mais condizente com a dife-
é situação relativamente comum na clínica ortopédica diá-
rença clínica e funcional observada no paciente, demons-
ria(3,12). Muitas vezes, sua correta avaliação é uma das difi-
trando, assim, que podem ser evitadas as distorções mais
culdades, quando se objetiva sua compensação clínica ou,
comuns nas avaliações das discrepâncias dos membros
então, sua equalização, mediante procedimentos operatórios.
inferiores.
Na literatura há poucos trabalhos que se destinam ao as-
Unitermos – Discrepâncias dos membros inferiores; escanome- sunto(8) e, quando o fazem, descrevem, na maior parte das
tria; equalização vezes, a metodologia das técnicas empregadas(3,5,6,8-10,13,15), ou
então, comparam a acuidade dos diferentes métodos(1-3,7,8,10,
13,15)
SUMMARY .
Na prática, o que mais se utiliza nessas avaliações são as
Evaluation of leg length discrepancies
mensurações com fitas métricas(3,14). Embora existam méto-
Radiographic measurements in special situations are not dos seguramente mais fidedignos para a medição real dos
compatible with clinical measurements in cases of leg length membros, como as muitas variações radiográficas ou tomo-
discrepancy. This happens because the proximal reference gráficas, há diferentes problemas que interferem na acurá-
point is the most cranial part of the femur. Whenever the cia(1,2,4-7,9,10,15) e, por isso, com freqüência, a maneira prática e
relationship between the proximal femur and the acetabulum mais compatível com a dismetria funcional é o nivelamento
is affected, these measurements are more difficult to be done. clínico da pelve, mediante a colocação de compensações
The authors suggest a mark for the proximal reference of the milimetradas de madeira, sob a região plantar do membro
scanography to be used from the inferior limit of the sacroil- inferior mais curto(1,3,10,14).
Nas afecções que comprometem a relação entre o fêmur
proximal e a cavidade acetabular, como nas luxações congê-
nitas, seqüelas de pioartrite e formas mais graves de fêmur
* Trab. realiz. no Grupo de Ortop. Pediatr. do Dep. de Ortop. e Traumatol. curto congênito, a mensuração radiográfica será enganosa se
da Fac. de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Brasil (Diretor:
Prof. Dr. José Soares Hungria Neto).
tomarmos como parâmetro proximal a porção mais cranial
1. Prof. Doutor e Chefe do Grupo de Ortopedia Pediátrica. do fêmur. O resultado desse equívoco é que grandes discre-
2. Médico Assistente do Grupo de Ortopedia Pediátrica. pâncias de membros são laudadas como diferenças mínimas
3. Pós-Graduando do Dep. de Ortopedia e Traumatologia. ou quase insignificantes (fig. 1), não correspondendo à dis-
4. Prof. Consultor e Livre-Docente do Grupo e do Departamento. crepância funcional observada no paciente.
Rev Bras Ortop _ Vol. 33, Nº 1 – Janeiro, 1998 41
C. SANTILI, G. WAISBERG, M. AKKARI, T. FÁVARO & J.C.L. PRADO
A B A B
MÉTODOS
2 – a compensação da desigualdade com blocos milime-
Os métodos mais freqüentemente empregados nas avalia- trados de madeira, sob a região plantar do membro inferior
ções das dismetrias dos membros inferiores são: mais curto, até o nivelamento clínico da pelve, que é avalia-
A) Clínicos: do mediante a palpação das apófises ilíacas. Paciente na po-
1 – mediante o uso de fitas métricas, realizando-se a men- sição funcional ortostática (posição de carga – fig. 3).
suração externa de uma a outra região anatômica, que sejam B) Radiográficos:
facilmente identificáveis (paciente deitado com os membros 1 – escanografia (panorâmica): incidência radiográfica de
estendidos). Podem ser de dois tipos (fig. 2): a) aparente: da todo o membro inferior incluindo as articulações da bacia,
cicatriz umbilical ao maléolo medial ou superfície plantar; joelhos e tornozelos. Tem a vantagem da visibilização de
b) real: das espinhas ilíacas anteriores e inferiores até o ma- todo o esqueleto dos membros inferiores e, ainda, de não
léolo medial ou a superfície plantar. magnificar a imagem(8).
42 Rev Bras Ortop _ Vol. 33, Nº 1 – Janeiro, 1998
AVALIAÇÃO DAS DISCREPÂNCIAS DE COMPRIMENTO DOS MEMBROS INFERIORES
A B
dade nos meios de fixação externa têm alavancado a aspira- funcional. Assim procedendo é possível, também, contabili-
ção dos pacientes e a eficiência dos médicos, no intuito de zar ao tamanho real do membro a caudalização obtida após
conseguir equalizações de grandes discrepâncias dos mem- uma cirurgia de Salter(11).
bros inferiores, mediante o alongamento ósseo(3,8,12,14). Concluindo, propomos que as ortometrias de pacientes por-
No entanto, para a conquista desse objetivo, existem pré- tadores de alterações femoroacetabulares sejam realizadas
requisitos(12) que condicionam a possibilidade de obtê-lo, na posição ortostática e que se tomem os limites radiográfi-
mediante a aplicação de uma ou outra técnica, o que não cos distais das articulações sacroilíacas como parâmetros para
dispensa apreciação mais acurada da desigualdade, visando o balizamento proximal.
mais correção terapêutica(2,3,14).
Embora a mensuração clínica possa ser considerada mais REFERÊNCIAS
exata que muitos métodos radiográficos(10), há, por vezes, 1. Aaron, A., Weinstein, D., Thickman, D. et al: Comparison of orthoroent-
dificuldades em sua execução por falta de precisão na identi- genography and computed tomography in the measurement of limb-
ficação das regiões anatômicas básicas para essas medi- length discrepancy. J Bone Joint Surg [Am] 74: 897-902, 1992.
ções(1,3). 2. Aitken, A.G.F., Flodmark, O., Newman, D.G. et al.: Leg length determi-
nation by CT digital radiography. AJR 144: 613-615, 1985.
Por outro lado, de maneira geral, a simples colocação de
3. Beaty, J.H.: “Anomalias congênitas da extremidade inferior”, in Cirur-
blocos de madeira sob a região plantar do membro mais cur- gia ortopédica de Campbell, 8ª ed., São Paulo, Editora Manole Ltda.,
to até o completo nivelamento clínico da bacia é a maneira 1996. Vol. III, p. 2278-2280.
mais prática de compensar e, portanto, de conhecer a dife- 4. Carey, R.P.L., Campo, J.F. & Menelaus, M.B.: Measurement of leg length
rença funcional do comprimento dos membros(3,4,10,12,14). by computerised tomography scanography: brief report. J Bone Joint
Surg [Br] 69: 846-847, 1987.
Porém, o que se verifica muitas vezes é a incompatibilida-
5. Cunha, L.A.M., Pauleto, A.C., Oliva Filho, A.L. et al: Influência do posi-
de muito grande entre esse valor obtido clinicamente e aque-
cionamento osteoarticular e dos possíveis erros técnicos nos valores
le impresso no laudo radiográfico. obtidos em escanometrias. Rev Bras Ortop 31: 240-245, 1996.
Essa imprecisão nas mensurações é comum(12), não impor- 6. Green, W.T., Wyatt, G.M. & Anderson, M.: Orthoroentgenography as a
tando os meios de que se dispõe, quer sejam simples medi- method of measuring the bones of the lower extremities. J Bone Joint
das clínicas com fitas métricas, ou sofisticados, como as to- Surg 28: 60-65, 1946.
mografias. 7. Helms, C.A. & McCarthy, S.: CT scanograms for measuring leg length
discrepancy. Radiology 51: 802, 1984.
Nossa opinião é de que a causa do erro não é técnica(5) e
8. Horsfield, D. & Jones, S.N.: Assessment of inequality in length of the
nem postural, como argumenta a maioria dos autores(1-8,10,12, lower limb. Radiography 52: 223-227, 1986.
14,15), mas, sim, o inadequado balizamento proximal, não con-
9. Merrill, O.E.: A method for the roentgen measurement of the long bones.
siderando para a mensuração do membro a relação entre o AJR 48: 405-406, 1942.
fêmur proximal e o acetábulo(11). 10. Saleh, M. & Milne, A.: Weight-bearing parallel-beam scanography for
Aitken et al.(2) corroboram com essa prática genérica equi- the measurement of leg length and joint alignment. J Bone Joint Surg
[Br] 76: 156-157, 1994.
vocada, ao afirmar que “no quadril é usada a tangente ao
11. Santili, C.: Tratamento da subluxação e luxação congênitas do quadril
ponto mais proximal da epífise femoral...”. pelo método associado da operação de Salter com o encurtamento ósseo
As articulações sacroilíacas são os parâmetros anátomo- femoral: análise dos resultados a longo prazo, São Paulo, Tese de Dou-
radiográficos mais próximos e proximais à articulação do torado, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo,
1996.
quadril. São facilmente identificáveis mesmo à radiografia
12. Santin, R.A.L. & Mercadante, M.T.: “Desigualdade de comprimento dos
simples, localizam-se simetricamente em relação à linha
membros inferiores”, in Hebert, S. & Xavier, R.: Ortopedia e traumato-
média, possibilitando a equiparação bilateral e são suscetí- logia: princípios e prática, Porto Alegre, RS, Artes Médicas, 1995. Vol.
veis às inclinações pélvicas. E, ainda, são raramente acome- 1. p. 259-269.
tidos por afecções que as inviabilizem como referências ra- 13. Stein, J.A.: X-ray imaging with a scanning beam. Work in Progress 117:
diográficas. 713-716, 1975.
Nos quadris subluxados ou luxados, quando tomadas as 14. Tachdjian, M.O.: “Discrepância no comprimento do membro”, in Tachd-
jian, M.O.: Ortopedia pediátrica, 2ª ed., Chicago, Illinois, Ed. Manole
sacroilíacas como parâmetros radiográficos proximais, pro- Ltda., 1995, Vol. 1, p. 27-33.
porcionam valores de discrepâncias muito mais próximos 15. Wilson, A.J. & Ramsby, G.R.: Skeletal measurements using a flying spot
daqueles verificados na compensação clínica da diferença digital imaging. AJR 149: 339-343, 1987.