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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

DEPARTAMENTO DOS CURSOS DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA


PROGRAMA DE MBA EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS

MARCOS ANTONIO RIPPEL

PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE


MANUTENÇÃO EM USINAS HIDRELÉTRICAS

Curitiba
01/2018
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
DEPARTAMENTO DOS CURSOS DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
PROGRAMA DE MBA EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS

MARCOS ANTONIO RIPPEL

PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE


MANUTENÇÃO EM USINAS HIDRELÉTRICAS

Trabalho apresentado ao Curso de MBA


em Gerenciamento Internacional de
Projetos, Pós-Graduação lato sensu, da
Fundação Getúlio Vargas como requisito
parcial para a obtenção do Grau de
Especialista em Gerenciamento de
Projetos.

ORIENTADOR: Prof. Henrique Rocha

Curitiba
01/2018
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
DEPARTAMENTO DOS CURSOS DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
PROGRAMA DE MBA EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Trabalho de Conclusão de Curso

Projeto de Implantação de Sistema de Gerenciamento de Manutenção em


Usinas Hidrelétricas

Elaborado por Marcos Antonio Rippel

E aprovado pela Coordenação Acadêmica do Curso de MBA em


Gerenciamento Internacional de Projetos, foi aceito como requisito parcial para a
obtenção do certificado do curso de pós-graduação, nível de especialização do
Programa FGV Online.

Curitiba, 26 de janeiro de 2018.

____________________________
André Baptista Barcaui
Coordenador do MBA em Gestão de Projetos

__________________________
Henrique Rocha
Professor Orientador
TERMO DE COMPROMISSO

O aluno Marcos Antônio Rippel, abaixo assinado, do curso de MBA em


Gerenciamento Internacional de Projetos, Turma TCC-1017-7_8 do Programa FGV
Online, realizado no período de 26 de novembro de 2016 a 2 de fevereiro de 2018,
declara que o conteúdo do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado Projeto de
Implantação de Sistema de Gerenciamento de Manutenção em Usinas Hidrelétricas
é autêntico, original e de sua autoria exclusiva.

Curitiba, 26 de janeiro 2018.

____________________________________

Marcos Antônio Rippel


Dedico este trabalho a minha família que
me apoio neste período.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos os mestres que ensinaram durante todos esses anos, cada
ensinamento auxiliou na colocação de tijolos que permitiram a construção de todo o
conhecimento que detenho hoje. Como um mestre nos falava: “podem nos tirar tudo
menos o conhecimento adquirido”.
RESUMO

Usinas hidrelétricas precisam fornecer altos índices de disponibilidade, frente a isso


a gestão da manutenção não pode prescindir de uma ferramenta gestão atual e
eficaz. O processo de implementação de um sistema de gerenciamento da
manutenção em usinas hidrelétricas envolve diversas áreas de conhecimento,
portanto somente a integração do conhecimento dessas diversas áreas permitirá
elaborar um planejamento adequado para sua implantação. O referido sistema será
essencial para que os profissionais envolvidos possam coletar informações para
planejar, controlar e executar as atividades de manutenção de forma eficiente. Para
tanto não basta implantar um determinado sistema e aguardar que o mesmo irá
fornecer todas as informações desejadas, é preciso na verdade identificar
primeiramente o que se deseja para então buscar no mercado um sistema que
possa atender as expectativas da equipe. É preponderante entender que o
desempenho que se espera do sistema de gerenciamento de manutenção passa
pela correta implantação e ajustes iniciais realizados no mesmo, pois a partir da
inserção das informações será possível coletar os dados necessários para as
equipes de gerenciamento de manutenção possam efetuar as ações necessárias ao
melhor desempenho da manutenção. Os dados coletados a partir do sistema
permitirão melhorar o desempenho da manutenção nos seguintes aspectos:
diminuição dos custos, seja das intervenções, seja pela melhor gestão de estoque,
melhoria dos índices de desempenho da manutenção, identificar as necessidades de
melhorias futuras e verificar pontos de melhoria das equipes de manutenção, gerir e
controlar os riscos relativos a segurança do trabalho e fazer a interface de
comunicação entre operação e manutenção.

Palavras-Chave: Usina hidrelétrica, gestão da manutenção, sistema de


gerenciamento da manutenção.
ABSTRACT

Hydropower plants need to provide high availability rates, in the face of this
maintenance management cannot fail to have a current and effective management
tool. The process of implementing a maintenance management system in
hydroelectric power plants involves several areas of knowledge, so only the
integration of knowledge in these different areas will allow the elaboration of
adequate planning for its implementation. This system will be essential for the
professionals involved to collect information to efficiently plan, control and perform
maintenance activities. For so, it is not enough to implant a certain system and wait
that it’ll provide all the desired information, it is necessary to firstly identify what that it
is desired to then search in the market systems that meets the expectations of the
team. It is preponderant to understand that the expected performance of the
maintenance management system includes the correct implementation and initial
adjustments made in the same, since from the insertion of the information it will be
possible to collect the data necessary for the maintenance management teams to
perform the actions necessary for the best maintenance performance. Data collected
from the system will allow improving maintenance performance in the following
aspects: decrease of costs, either of the interventions or better inventory
management, improvement of maintenance performance indicators, identification of
future improvement needs and verification of improvement points of the maintenance
teams, managing and controlling the risks related to work safety and making the
communication interface between operation and maintenance.

Keywords: Hydropower plant, maintenance management, maintenance


management system.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................10
1.1 Justificativa.............................................................................................10
1.2 Problematização....................................................................................11
1.3 Objetivo geral.........................................................................................12
1.4 Objetivo especifico.................................................................................12
1.5 Delimitação do estudo...........................................................................12
2. REFERENCIAL TEÓRICO.........................................................................14
2.1 Usinas Hidrelétricas....................................................................................14
2.2 Gerenciamento da manutenção.................................................................16
2.3 Gestão de projetos.....................................................................................19
2.4 Sistema de Gerenciamento da Manutenção..............................................22
3. RELAÇÃO DA TEORIA COM A PRÁTICA.................................................24
4. PROJETO DE IMPLANTAÇÃO..................................................................25
4.1 Gestão de projetos para implantação........................................................25
4.1.1 Fase de
definições..................................................................................26
4.1.2 Fase de
planejamento............................................................................26
4.1.3 Fase de
execução...................................................................................27
4.1.4Fase de monitoramento e
controle..........................................................27
4.1.5Fase de
encerramento............................................................................27
4.2 Características do sistema de gerenciamento...........................................28
4.2.1 Levantamento das necessidades........................................................28
4.2.2 Seleção do sistema de gerenciamento...............................................29
4.2.3 Parametrização e cadastro...................................................................32
4.2.4 Operacionalização do sistema.............................................................34
4.3 Sistema de gestão e melhoria continua.....................................................34
4.4 Resultados esperados................................................................................37
CONCLUSÃO...................................................................................................40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................42
1. INTRODUÇÃO

O sistema elétrico brasileiro em virtude das suas peculiaridades, matriz


energética principal dependente da afluência dos rios, insegurança jurídicas e
políticas, tem apresentado uma variação constante nos preços de energia, deixando
as empresas de energia mais incautas a mercê dos preços altos.
Neste cenário a manutenção das usinas hidrelétricas são instadas a fornecer
altos índices de disponibilidade dos equipamentos de geração, em clara visão de
curto prazo que pode provocar o desgaste prematuro ou até mesmo levar ao
colapso dos equipamentos por falta de planejamento adequado das intervenções de
manutenção.
Quando nos deparamos com investidores e não empresas que tem uma
ampla história no setor elétrico, os problemas se exacerbam, pois os mesmos
investiram altas somas durante a construção e querem ter um retorno rápido. Sem o
conhecimento adequado acabam por exercer pressões demasiadas sobre as
equipes de operação e manutenção principalmente.
Para fazer frente a essas cobranças a equipe de manutenção, mais
precisamente a de gestão de manutenção, precisa estar embasada de forma a
contrapor através de informações claras e precisas sobre o andamento e ações que
estão sendo efetuadas pela equipe para deixar os índices de disponibilidade de
geração dentro dos patamares exigidos na legislação do setor.

1.1 Justificativa

Da mesma forma que ocorre a evolução dos equipamentos de produção de


energia, ocorre a evolução das técnicas de manutenção, ferramentas e instrumentos
para execução e gestão da manutenção. Ao olharmos para o passado onde não
haviam computadores (não são muitos anos) e as informações quando muito, eram
anotadas a mão em cadernos para consulta posterior verificamos a quantidade de
informações que conseguimos coletar atualmente. Há um abismo, pois não só se
coleta novas informações que não eram coletadas antigamente, como também
novos acessórios e testes permitiram um incremento nas mesmas.

11
Atualmente pela grande quantidade é comum interpretarmos erroneamente
determinadas informações coletadas dos equipamentos, mas logicamente este
excesso é ótimo principalmente quando os responsáveis pela gestão têm
conhecimento e experiência suficiente para filtrar os dados disponíveis e transformá-
los em informações que permitam as lideranças tomar a decisão financeira e técnica
ou vice-versa mais adequada para a usina hidrelétrica.
Apesar do pessoal da área técnica (engenheiros e técnicos de manutenção)
muitas vezes olhar de uma forma mais lógica (até pela formação dos mesmos), a
manutenção é bastante subjetiva. Pois precisamos ter o equilíbrio entre a solução
técnica e financeira, sendo que nenhuma, nem outra (olhando do presente para o
passado) é a mais adequada as vezes. São comuns as rixas entre os
departamentos com acusações mutuas de obtusidade, mas é essencial o
entendimento de ambas as partes pois o todo é muito mais eficiente.
Logicamente que para termos uma conversa de alto nível entre ambas as
partes é preciso que os mesmos possuam as ferramentas adequadas (informações
detalhadas dentro de uma linguagem entendível para a outra parte), informações
essas que podem ser obtidas por ambos em um sistema de gerenciamento da
manutenção. Com o referido sistema é possível levantar dados, seja por meio de
relatórios, planilhas, índices, gráficos dos mais variados tipos e cores, bem como
números que permitam aos envolvidos analisar e acordar sobre o melhor caminho a
ser seguido.

1.2 Problematização

O uso das ferramentas adequadas, seja esta ferramenta um sistema de


gestão, precisa ser devidamente trabalhada ou melhor dizendo implementada
mediante o uso de técnicas apropriadas e sob conceitos já consolidados sendo a
gestão de projetos um desses, para não incorrermos em erros que possam ser
difíceis de serem reparados futuramente, até porque o retrabalho irá incorrer em
custos e perda de informação valiosa acerca dos ativos que compõe a geração.
Não é o suficiente a existência de um sistema de gestão da manutenção, mas
sim necessário que consigamos retirar do mesmo a informação que permitirá tornar
mais eficiente a manutenção. Mas para que um sistema de gerenciamento nos
forneça informações de qualidade é imprescindível, não apenas um sistema
12
funcional, mas que as informações inseridas ao longo do tempo (período de
operação da usina hidrelétrica) sejam também informações com conteúdo relevante
frente aos dados que se deseja obter do mesmo.

1.3 Objetivo geral

Dentro da visão das necessidades e peculiaridades necessárias para um


sistema de gestão de manutenção especifico para usinas hidrelétricas é o objetivo
deste trabalho propor as funcionalidades que devem ter tal sistema de forma que
permita ao mesmo disponibilizar dados para a tomada de decisão da gestão da
manutenção. Sistema este que deve ter a abrangência exigida frente as tecnologias
atuais, mas também com uma visão de longo prazo para que possa atender toda a
vida útil dos equipamentos que serão acompanhados através do mesmo.

1.4 Objetivo especifico

Para que um sistema de gerenciamento da manutenção de usinas


hidrelétricas seja realmente útil como ferramenta de apoio aos profissionais de
manutenção alguns objetivos específicos precisam ser alcançados:
- Planejamento de contratação, implementação e gestão do sistema de
gerenciamento da manutenção;
- Balizar os profissionais envolvidos acerca das necessidades relativas a
todas as etapas;
- Fornecer critérios de uso do sistema, bem como dos dados extraíveis;
- Alertar sobre problemas recorrentes relativos a contratação, implementação,
uso e gestão do sistema de gerenciamento de manutenção de usinas hidrelétricas.

1.5 Delimitação do estudo

O conteúdo hora desenvolvido neste trabalho tem por base as experiências


adquiridas tanto na execução e controle da manutenção, implementação e controle
de sistema de gerenciamento da manutenção, bem como nos estudos teóricos
realizados no decorrer dos anos.

13
As propostas que serão apresentadas visam embasar profissionais da área
de geração de usinas hidrelétricas, mais propriamente os profissionais envolvidos
diretamente com a manutenção, sobre a contratação, implementação e gestão de
um sistema de gerenciamento da manutenção.
Apesar de recomendável e salutar o envolvimento de outras áreas
(suprimentos, operação, segurança e meio ambiente) o foco principal é manutenção,
pois é a área que mais fará uso da ferramenta.

14
2. REFERENCIAL TEÓRICO

O presente trabalho envolve três áreas de estudo distintas, mas que


interagem entre si, usinas hidrelétricas, gerenciamento de manutenção e gestão de
projetos, pelo fato de estarmos tratando de um projeto de implantação de um
sistema informatizado de gerenciamento de manutenção em usinas hidrelétricas e
seus desdobramentos.
O projeto se embasa em casos similares de implantação de sistemas
informatizados de gestão da manutenção, seus benefícios e prejuízos decorrentes,
focando nos erros e acertos para a partir de então referenciar a implantação do
sistema de gerenciamento da manutenção em usinas hidrelétricas, que entende-se
trará benefícios a longo prazo em termos de qualidade da manutenção o que
automaticamente terá impacto nos custos para a empresa.

2.1 Usinas Hidrelétricas

O sistema elétrico brasileiro é abastecido por uma variada quantidade de


fontes de energia (hidráulica, gás natural, petróleo, carvão, nuclear, biomassa,
eólica, solar, entre outras), sendo a principal delas a energia hidráulica, as quais são
chamadas de centrais hidrelétricas. No Brasil as centrais hidrelétricas são
enquadradas em: centrais geradoras hidrelétricas (CGH), pequenas centrais
hidrelétricas (PCH) e usinas hidrelétricas (UHE) (SOUZA, 2009). Apesar da
importância de todas as fontes para o sistema elétrico brasileiro, no presente estudo
iremos nos ater as usinas hidrelétricas independentemente da sua classificação,
pois apesar de diferir em tamanho, potência, são muito similares no aspecto da
composição de equipamentos.
Considerando as profundas mudanças em curso no mercado de energia
hidráulica nos últimos anos, em que o investimento na construção e posterior
operação e manutenção está pulverizado por diversas empresas e
consequentemente a entrada de novos investidores que estão em busca das
possibilidades de lucro. Esses investidores por não terem um profundo
conhecimento do assunto e/ou por ser muito oneroso a implantação de uma equipe
15
de engenharia de manutenção, tem comumentemente buscado a terceirização
destes serviços para outras empresas o que nem sempre é uma decisão que tem se
provado acertada, pois da mesma forma que há empresas que fazem isso com
qualidade há outras que deixam muito a desejar neste aspecto.
Um empreendimento hidrelétrico desde a sua concepção até a sua fase de
implantação e consequente operação e manutenção, envolve as seguintes etapas:
estimativa do potencial hidrelétrico, estudo de inventário hidrelétrico, estudo de
viabilidade, projeto básico, projeto executivo e execução do empreendimento
(SOUZA, 2009), fases essas que o empreendedor estará desembolsando dinheiro,
somente após este período é que a usina hidrelétrica irá efetivamente começar a
produzir energia, e portanto irá começar a ter retorno financeiro. Aparentemente a
fase inicial pode ser considerada mais complexa pois envolve fases mais dinâmicas
e que envolvem maior volume de pessoas e empresas na sua concepção. A fase de
operação e manutenção é a fase que é mais rotineira e envolve menos pessoas,
mas considerando que uma usina hidrelétrica normalmente possui um contrato de
concessão de longo prazo, o descaso com a manutenção dos equipamentos pode
drenar todo o lucro previsto com a exploração da mesma, sem contar a possibilidade
de lucro cessante por indisponibilidade dos equipamentos.
Basicamente existem três tipos de arranjos dos sistemas que compõe uma
central hidrelétrica: central hidrelétrica de represamento, central hidrelétrica de
desvio, central hidrelétrica de derivação (SOUZA, 2009), entretanto a maioria dos
sistemas e equipamentos são bastante similares. Podemos considerar a barragem o
primeiro sistema, pois através do represamento da água irá formar o que
denominamos reservatório. A partir da barragem podemos ter um canal de
aproximação que irá se unir a casa de força, ou podemos ter uma casa de força
conjugada com a barragem de acordo com os estudos realizados e consequente
viabilidade financeira de cada projeto. A casa de força é onde ficam os
equipamentos, turbina, gerador, regulador de velocidade e demais equipamentos
auxiliares (sistema de refrigeração, sistema de ar comprimido, serviços auxiliares,
sistema de drenagem, sistema de esgotamento, sistema de emergência, sistema de
elevação, sistema de combate a incêndio) que variam de acordo com cada
instalação podendo haver menor ou maior redundância, ou seja, conforme cada
projeto.

16
O avanço tecnológico aumentou a automação dos sistemas, como exemplo
podemos citar a questão dos sistemas supervisórios que permitem a operação
remota de centrais hidrelétricas, ou seja, a partir de grandes centros, ficando a
mesma totalmente desassistida no período noturno, finais de semana e feriados.
Outro exemplo é o aumento da instalação de equipamentos que permitem a
manutenção preditiva (trabalho de acompanhamento e monitoração das condições
da máquina/equipamento, de seus parâmetros operacionais e sua eventual
degradação (BRANCO FILHO, 2008), podemos citar: análise de vibração, análise de
óleo isolante, análise de óleo lubrificante, termovisão, entre outros. Toda essa gama
de informações são para diminuir as intervenções e aumentar a vida útil do
equipamento, apesar de onerosos inicialmente se pagam no longo prazo pelas
informações fornecidas.
O avanço da conscientização ambiental e consequente legislação ambiental
advinda, as centrais hidrelétricas passaram a incluir a questão ambiental como uma
premissa importante, pois as multas são um fator relevante. Portanto é
imprescindível que antes de gerar, não agrida o meio ambiente: contaminação da
água com óleo, não dificulte a procriação e/ou cause a morte de peixes. Quando
falamos de legislação não podemos deixar de citar os avanços em termos de
segurança do trabalho com seus ônus e bônus e associado a isso a complexidade
da legislação trabalhista.
Esses avanços tecnológicos, mudanças de legislação tornam o
gerenciamento de manutenção a cada dia mais complexo, exigindo dos profissionais
envolvidos com manutenção de usinas hidrelétricas ferramentas capazes balizá-los,
mantê-los organizados de forma tomar as decisões mais assertivas no tocante à
manutenção.

2.2 Gerenciamento da manutenção

A evolução da manutenção pode ser dividida em cinco gerações: primeira,


segunda, terceira, quarta e quinta geração (KARDEC, 2015), para efeitos dos
nossos estudos iremos abordar a atual geração. A quinta geração o enfoque é nos
resultados empresariais, necessário para a sobrevivência da empresa, sendo obtido

17
pelo esforço conjunto em todas as áreas coordenadas pela sistemática da Gestão
de Ativos (KARDEC, 2015)
A gestão de ativos compreende que os ativos devem produzir sua capacidade
máxima, sem falhas imprevistas, de forma a obter o melhor retorno sobre os
investimentos (KARDEC, 2015). O objetivo da empresa é obter lucro para os
investidores, portanto a ação coordenada de todas as áreas é imprescindível para o
alcance do mesmo. Em termos de manutenção a quinta geração apresenta:
aumento da manutenção preditiva, participação efetiva em todas as etapas
(implantação, operação e manutenção), monitoramento de performance, constante
implementação de melhorias, aumento do relacionamento entre todas as áreas da
empresa, excelência em engenharia, consolidação da boa pratica gerencial e
contratação por resultados (KARDEC, 2015).
O planejamento da manutenção quando feito da forma adequada,
proporcionará um aumento da disponibilidade dos equipamentos, maior vida útil e
menor custo especifico (BRANCO FILHO, 2008), que vai de encontro com o objetivo
da empresa que é gerar lucro para os investidores.
A manutenção passa a ter papel estratégico, portanto precisa estar voltada
para os resultados empresariais, ser eficaz, ou seja, manter a função do
equipamento disponível para a operação, reduzindo a probabilidade de uma parada
não planejada (KARDEC, 2015). Neste cenário o gerenciamento da manutenção é
primordial para o aprimoramento contínuo do processo da manutenção, envolve o
que comumente chamamos de planejamento e controle da manutenção, que nada
mais é que um conjunto de ações para preparar, programar, verificar o resultado da
execução da manutenção (BRANCO FILHO, 2008). A manutenção realizada nas
gerações anteriores já não tem espaço mediante os desafios de competitividade das
empresas, reparar sem descobrir a causa fundamental é inadmissível, evolução
contínua não apenas em termos de equipamentos, mas também evolução dos
recursos humanos da manutenção e demais departamentos.
Muito é falado sobre a questão de clientes, clientes internos, clientes
externos. O cliente da manutenção é a operação e o produto que a mesma entrega
é a disponibilidade (KARDEC, 2015), equipamento em condições de operar sem
apresentar restrições em termos operacionais. Quando tratamos disso em termos de
energia torna-se ainda mais relevante para o caso de usinas hidrelétricas operadas

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centralizadamente pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), pois no caso o que
conta em termos de remuneração para a empresa detentora da concessão não é a
energia efetivamente produzida, mas a disponibilidade da central hidrelétrica. Como
exemplo, uma usina hipotética com capacidade de produzir 100MW de energia por
hora, sendo que o Operador Nacional do Sistema autorize apenas a produção de
metade deste valor (50MW/h), pois o sistema não tem necessidade de mais energia
naquele momento, entretanto a usina irá ser remunerada pelo montante de
100MW/h pois era o que estava disponível.
A entrega produto disponibilidade envolve diversas áreas e processos de uma
usina hidrelétrica, tais como: recursos humanos, suprimentos, transporte, meio
ambiente, segurança do trabalho, operação, entre outros. Para harmonizar todos os
processos que interagem com a manutenção é fundamental a existência de um
sistema de controle da manutenção, que permitirá identificar os serviços que serão
feitos e suas datas, os recursos necessários, custos entre outros (KARDEC, 2015),
pois com base nessas informações será possível verificar as ações futuras para
aperfeiçoamento contínuo da manutenção.
Quando olhamos para uma concessão de usina hidrelétrica a longo prazo,
podemos prever uma troca normal das equipes de manutenção, o que gera uma
perda de capital intelectual, que nem sempre é possível de ser reposta de forma
adequada. Essa perda de capital intelectual pode ser minimizada com a implantação
de um sistema adequado de gerenciamento de manutenção, pois todos os históricos
de intervenções ficam armazenados de forma organizada e segura e, portanto, de
fácil consulta. Outro fator relevante na questão de um sistema de gestão da
manutenção é no que concerne ao controle e centralização da informação, pois
deixa-se de trabalhar com planilhas obsoletas e passa-se a trabalhar com um
sistema que se comunica com diversas outras bases de dados, agilizando os
processos e facilitando o controle. O sistema deve ter disponível uma integração
com sistemas de áreas, como materiais, financeiros e recursos humanos (PEREIRA,
2009), há também atualmente no mercado softwares que congregam praticamente
todas as áreas da empresa.
Com o aumento da automação e equipamentos de monitoramento do
desempenho dos equipamentos essenciais um grande volume de dados precisa ser
manuseado, sendo o uso de software a ferramenta adequada que permitirá a

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agilidade e eficiência no uso dos recursos humanos, financeiros e materiais da
empresa (BRANCO FILHO, 2008).
O sistema de gestão é uma ferramenta imprescindível e permite aos
profissionais de manutenção manterem o foco nas suas atividades, sem ter que lidar
com uma quantidade enorme de documentos e planilhas, ao mesmo tempo que dará
condições ao gestor o acesso a informação confiável e rápida da atuação da
manutenção, pois terá a mesma diretamente do sistema sem a necessidade de
exigir relatórios específicos. A partir de um sistema informatizado devidamente
implementado é fácil produzir relatórios padrões adequados a necessidade dos
profissionais de manutenção, sem necessidade de trabalhar os dados para geração
de dados estatísticos (PEREIRA, 2009).
A grande maioria dos softwares comerciais atuais tem incorporados como
funcionalidade a emissão de dados estatísticos específicos para uso da
manutenção, entre os mesmos podemos citar: taxas de falhas, distribuição
hiperexponencial, distribuição exponencial negativa, distribuição de Poisson,
distribuição normal, distribuição de Weibull (PEREIRA, 2009). Ficando a critério da
empresa o uso daqueles que lhe interessam para definir as ações a serem
implementadas quanto a melhoria da manutenção.
Quando consideramos que uma usina hidrelétrica normalmente tem um
tempo de concessão de 30 anos, mas que a sua vida útil pode ser estendida por
muitos anos mediante a reforma de alguns equipamentos, faz sentido a implantação
adequada de um sistema de gerenciamento de manutenção capaz de atender
durante todo o período. Portanto deve ser devidamente planejado e cuidadosamente
parametrizado para atender a demanda de todas as pessoas e áreas da usina
hidrelétrica, nada melhor que a aplicação da gestão de projetos na implementação
do software de gerenciamento da manutenção.

2.3 Gestão de projetos

Projeto é um esforço temporário para criar um produto, serviço ou resultado


único (PMI, 2015), mesmo sendo algo único (cada empresa adota o seu modelo) há
similaridades entre cada usina e o presente trabalho proposto poderá servir como

20
parâmetro da implantação de sistema de gerenciamento de manutenção. O
gerenciamento de projetos é feito através da aplicação integração de 47 processos,
agrupados em cinco grupos: iniciação, planejamento, execução, monitoramento e
controle (PMI, 2015), de forma a que um projeto tenha maiores chances de sucesso,
ou seja, sejam atingidos seus objetivos com qualidade, custos e prazos adequados.
O grupo de processo de iniciação abrange a definição do projeto, onde são
definidos o escopo, os recursos financeiros que deverão ser alocados, as partes
interessadas que vão interagir no projeto e definição do gerente do gerente do
projeto, sendo que estas informações irão constar no termo de abertura do projeto
(PMI, 2015). O processo de iniciação basicamente vai definir o que queremos
alcançar de uma forma geral com aquele projeto.
O Grupo de processos de planejamento incorpora todos os processos que
são realizados para estabelecer o escopo total do esforço, definir e refinar os
objetivos e estabelecer a ação necessária (PMI, 2015). O fato de estabelecer o
escopo não necessariamente significa que isso é imutável, pelo contrário é um
processo que deverá ser alterado à medida que novas informações surgirem. O
processo de planejamento tem como principal benefício é delinear a estratégia e a
tática, e também o caminho para alcançar os objetivos do projeto (PMI, 2015).
O plano de gerenciamento do projeto e demais documentos de saídas do
grupo de processos de planejamento irão explorar escopo, tempo, qualidade,
comunicações, recursos humanos, riscos, aquisições e gerenciamento das partes
interessadas (PMI, 2015). O plano de gerenciamento de projeto nada mais é do que
a definição, preparação, coordenação dos planos auxiliares e sua integração,
tornando-se o documento central e base de todo o trabalho a ser executado. Sendo
as entradas: termo de abertura do projeto, saídas de outros processos, fatores
ambientais e ativos de processos organizacionais (PMI, 2015).
A base de todo o gerenciamento do projeto compõe-se da linha base do
escopo, linha base do cronograma e linha base dos custos. Sendo que os planos
auxiliares principais são: plano de gerenciamento do escopo, plano de
gerenciamento dos requisitos, plano de gerenciamento do cronograma, plano de
gerenciamento dos custos, plano de gerenciamento da qualidade, plano de
melhorias do processo, plano de gerenciamento dos recursos humanos, plano de
gerenciamento das comunicações, plano de gerenciamento dos riscos, plano de

21
gerenciamento das aquisições, plano de gerenciamento das partes interessadas,
entre outros (PMI, 2015).
Todos os planos de gerenciamento estão intimamente ligados, tomemos como
exemplo o plano de gerenciamento do cronograma, que é onde são definidas as
atividades a serem executadas, as pessoas que irão executar, os recursos materiais
necessários, o tempo necessário para cada atividade, verificação da interligação ou
não dessas atividades. A partir destes dados é criado o cronograma, onde supõem-
se que o projeto será executado no menor tempo possível otimizando os recursos
materiais, humanos e financeiros
A abrangência do plano de gerenciamento deve ser completa e irrestrita, pois
irá delinear as fases seguintes de implantação do sistema de gerenciamento da
manutenção fornecendo todo o embasamento para os envolvidos na execução.
Tomemos por exemplo o plano de gerenciamento do cronograma da implantação do
sistema, o atraso de alguns dias no cumprimento da entrega do mesmo poderá
impactar negativamente ou negativamente no projeto.
Tendo estabelecido a forma de atuação, no caso como será delineado a
implementação do sistema de gerenciamento de manutenção de uma usina
hidrelétrica, a partir da efetiva execução o planejamento poderá e será alterado de
acordo com os problemas e/ou novas ideias de otimização do projeto forem
surgindo, essas alterações somente são possíveis mediante a interação constante
de todas as partes interessadas.
O grupo de processos de execução consiste das ações para efetivamente
realizar o que foi definido no plano de gerenciamento do projeto, de forma a cumprir
o que foi especificado no projeto (PMI, 2015). Nesta fase como observado acima
poderão surgir alterações no plano inicial, bem como ajustes nos valores orçados
para o projeto.
O grupo de processos de monitoramento e controle consiste dos processos
para acompanhar, analisar e organizar o progresso e o desempenho do projeto
(PMI, 2015). É o acompanhamento do projeto em todas as suas etapas de execução
de forma a ter uma visão do todo, o que permitirá efetuar ações corretivas de forma
antecipada buscando evitar ou minimizar problemas de qualidade, custos e prazo do
projeto. No próprio plano de gerenciamento do projeto deverá ser estabelecida a
forma como o projeto será monitorado e controlado, inclusive a periodicidade do

22
monitoramento, pois o quanto mais cedo for detectado um desvio no andamento do
projeto, mais efetivas serão as ações preventivas e corretivas para o projeto em
questão.
O Grupo de processos de encerramento abrange os processos executados
para concluir as atividades de todos os grupos de processos de gerenciamento do
projeto (PMI, 2015). Basicamente é a formalização do encerramento, independente
do sucesso ou não do projeto. Podem ocorrer as seguintes atividades: documento
de aceite do cliente (interno ou externo), revisão pós projeto, registro de impactos,
registro de lições aprendidas, aplicação de atualizações, arquivamento do histórico,
encerrar as aquisições, avaliação da equipe participante (PMI, 2015). Os dados
históricos são extremamente importantes como forma aprimoramento na execução
de outros projetos, de forma a evitar a repetição de erros. O aceite do cliente é a
formalização de que o projeto foi entregue, podendo não ser da forma que o cliente
gostaria (inclusão de ressalvas), mas que foi efetivamente concluído e repassado
para o mesmo.

2.4 Sistema de Gerenciamento da Manutenção

Os primeiros sistemas de gerenciamento da manutenção surgiram na década


de 80 e enfatizavam principalmente a questão de emissão de ordens de serviço,
com o passar dos anos foram sendo aperfeiçoados e passaram a agregar funções
de controle dos indicadores, nivelamento dos recursos e compartilhamento de banco
de dados (KARDEC, 2015). Atualmente há uma variedade muito grande de
softwares de manutenção, alguns mais voltados para determinadas industrias,
especificamente para usinas hidrelétricas há alguns que são mais usuais, mas
também há softwares desenvolvidos internamente pela empresa e que, portanto,
não é um software comercial.
Apesar de cada empresa optar por um determinado modelo, ou mesmo
personalização do software, há alguns critérios a serem observados na seleção para
aquisição, sendo os principais: existência de suporte técnico, sistema multiusuário,
interface com outros sistemas de banco de dados, programação automática a partir
de agendamento, possibilidade de nivelamento de recursos, interface com outros
aplicativos (office principalmente), possibilidade de inserção de fotos, vídeos e
23
documentos, controle dos materiais do almoxarifado, emissão de relatórios, controle
de mão de obra, controle de custos, entre outros (KARDEC, 2015). Um fator muito
importante é a aderência aos diversos níveis da empresa, mas de forma
imprescindível com o pessoal de campo que são os executores da manutenção, pois
os mesmos serão os responsáveis por inserir as informações mais relevantes para o
gerenciamento da manutenção, que são: descrição detalhada e pormenorizada do
que foi executado, materiais e quantidade exata de materiais efetivamente utilizados
e tempo de execução.
Dentro deste contexto entende-se que o software somente é útil se realizar
uma função desejada ou fornecer um serviço necessário, portanto faz sentido a
busca junto as partes interessadas para entender e resolver o problema e as
necessidades de cada departamento no momento da implantação (PFLEEGER,
2004).

24
3. RELAÇÃO DA TEORIA COM A PRÁTICA

Através da análise qualitativa iremos abordar sobre a necessidade e


importância da utilização de um sistema de gerenciamento de manutenção em
usinas hidrelétricas e os resultados esperados após a implantação, implantação
essa que é a base de todo o sistema, portanto precisa ser calcada em bases sólidas
para se sustentar no decorrer dos anos de operacionalização.
No processo de implantação reitera-se a importância da aplicação da
metodologia de gerenciamento de projetos, como forma de maximizar os resultados
da implantação.
Toda a base prática anteriormente adquirida através de anos de vivência em
ambiente de manutenção de usinas hidrelétricas, se juntam a base teoria de gestão
de projetos para compor este trabalho. Contribui para enriquece-lo os demais
conhecimentos adquiridos em outras áreas acadêmicas, vivência em empresas de
outras áreas, conhecimento vários sistemas de gerenciamento de manutenção,
conhecimento sobre o mesmo sistema implantados/parametrizados de forma
diferente, informações em literatura técnica e troca de experiências com colegas.
Esse conjunto de informações aqui representadas está longe de ser algo
definitivo, pelo contrário, ainda carece de mais experiência e informação. Até pela
própria construção do nosso conhecimento que é algo contínuo e ao mesmo tempo
inalcançável.

25
4. PROJETO DE IMPLANTAÇÃO

O projeto de implantação de um sistema de gerenciamento de manutenção de


uma usina hidrelétrica precisa estar calcado nas necessidades de todos que irão
usufruir das informações disponíveis após a sua implementação e uso. Atender as
demandas de um determinado nível hierárquico da usina, corpo técnico da empresa
por exemplo, já é uma tarefa árdua, estão imaginemos atender todos os níveis da
empresa e demais partes interessadas, cada qual com uma demanda de
informações diferentes.
A assertividade no levantamento e ajustes das necessidades não é uma
ciência exata, até porque atender a todos, ou melhor satisfazer a todos, podemos
dizer que é quase impossível, vai necessitar de muita habilidade de negociação do
responsável do projeto. Fazer a implementação apenas através das ideias de uma
pessoa ou um grupo hierárquico não é uma boa ideia, pois vai gerar insatisfação nos
demais e má vontade no uso da ferramenta, que tem consequências nas
informações futuras que se pretende obter.
O planejamento inicial deve ser acurado, principalmente a fase de definição
do sistema a ser implantado pois é algo que será usado por todo o período de
concessão da usina, ou assim espera-se que seja. Apesar da definição de marcos
para operacionalizar o sistema ser algo muito importante, para que não se prolongue
em demasia e se perca o foco, temos que ter atenção para o longo prazo pois o
impacto de uma definição apressada impacta em todo o período de uso do sistema.
Portanto devemos flexibilizar o período de seleção do sistema, e ser rígidos nos
prazos de parametrização e cadastro do sistema de gerenciamento de manutenção.

4.1 Gestão de projetos para implantação

Como todo o projeto que se deseja uma alta assertividade em termos de


prazos custos e qualidade, devemos proceder a um acurado planejamento desde o
seu início até a sua finalização. Mesmo considerando que o referido projeto não
tenha exatamente um ponto final, pois após a sua implementação ainda demandará
constantes ajustes de forma a melhorar continuamente, iremos considerar o projeto
concluído após a entrega para uso das equipes da usina hidrelétrica.
26
Para tanto definimos o projeto em 5 fases distintas, permitindo detalhar cada
uma delas de forma mais eficiente:

4.1.1 Fase de definições


Onde irá ocorrer o passo inicial da implantação do sistema do gerenciamento
de manutenção, com as definições do escopo, aprovisionamento dos recursos
financeiros, identificação das partes interessadas, designação do gerente do projeto
e são gerados o termo de abertura e registro das partes interessadas.
As definições do escopo vão determinar os limites do sistema, podendo ser
um sistema mais complexo que envolva todos os departamentos da usina ou apenas
manutenção. Por vezes o escopo fica limitado pelos recursos financeiros
disponibilizados inicialmente (normalmente previstos no orçamento anual).
Entretanto a definição da delimitação do sistema a ser utilizado carece do
envolvimento do gerente de projetos e as partes interessadas que foram
identificadas, podendo neste processo mediante argumentação solicitar um aporte
financeiro para ajustar o escopo do projeto dentro das necessidades identificadas
por todos.

4.1.2 Fase de planejamento


Nesta fase serão refinados o escopo do sistema e definidos os objetivos para
implantação e operacionalização do sistema. Com a coleta de informações é
executado o planejamento para execução de onde sairão a definição do sistema que
será adquirido, bem como a discussão acerca do cronograma de implantação,
recursos humanos necessários, gerenciamento das partes interessados, requisitos
da qualidade e riscos envolvidos em cada etapa.
É na etapa de planejamento que o formato do sistema que se deseja
implementar deve ser alinhado, não deixando muita margem para modificações
futuras. Até porque após a aquisição, a empresa fornecedora do sistema será
responsável por moldar de acordo com as personalizações e parametrizações
definidas. O planejamento interno da usina fica atrelado a entrega do fornecedor,
sendo necessário prever a análise do que foi entregue. A sugestão válida seria
conseguir alinhar com o fornecedor a presença de um colaborador de tecnologia da
informação da usina hidrelétrica, para acompanhar a implantação de

27
personalizações e parametrizações, o mesmo colaborador seria posteriormente o
suporte de nível um na usina.
O planejamento de cadastro, período de testes e início da operacionalização
deve contemplar os prazos, os recursos humanos necessários bem como suas
responsabilidades quanto aos prazos, delimitações sobre o que fazer e qualidade
dos cadastros realizados.

4.1.3 Fase de execução


Consiste na execução do planejamento alinhado anteriormente, sendo que o
gestor do projeto deve fazer a integração entre os vários executores, bem como
acompanhar a execução para resolver eventuais imprevistos que possam surgir de
forma a evitar retrabalhos e/ou atrasos na implementação.
Por vezes é interessante nesta fase de execução dos cadastros, fazer o
treinamento do uso do sistema em paralelo. O suporte técnico precisa estar
acompanhando proximamente pois a ocorrência de falhas no sistema nesta fase é
corriqueira.

4.1.4 Fase de monitoramento e controle


O monitoramento e controle deverá acompanhar desde a entrega do sistema
as eventuais falhas, dificuldades que os usuários possam estar tendo quanto ao uso,
registrando todos esses dados e quando necessário definindo modificações. Da
mesma forma os diversos cadastros devem ser monitorados, pois desvios do padrão
estabelecidos identificados rapidamente evitam retrabalho, que automaticamente
interfere no cronograma do projeto de implantação do sistema.
Cadastros mais sensíveis (materiais e equipamentos) é importante que seja
previsto uma validação antes da inserção final dos dados no sistema. Por exemplo,
os dados de um equipamento coletados em campo devem ser avaliados por uma
pessoa designada para este fim (preferencialmente com conhecimento técnico do
equipamento), e então liberados para cadastramento.

4.1.5 Fase de encerramento


Processo que irá finalizar, ou dar por encerrada o processo de implantação do
sistema de gerenciamento de manutenção.

28
Engloba a verificação das obrigações contratuais do fornecedor e se as
mesmas foram completamente atendidas em relação a entrega do sistema, ficando
ainda uma relação contratual no que tange ao fornecimento de assistência técnica
do mesmo (atendimentos em virtude de falhas, ajustes, atualizações, entre outras
atividades que venham a constar em contrato.
Quanto a entrega das atividades internas, em primeiro momento o
encerramento poderia ser considerado algo simples, mas em virtude do
relacionamento mais próximo entre os colaboradores por vezes podem ficar
pendências em aberto por longo tempo (até porque os colaboradores entendem que
haverá um prosseguimento natural do sistema de gerenciamento e que os cadastros
mesmo que esporádicos irão ser necessários), o que não é desejável. Quando ainda
constarem pendências por ocasião do início do processo de operacionalização, as
mesmas devem ser listadas, com prazos determinados e o registro dos
responsáveis.

4.2 Características do sistema de gerenciamento

No item anterior tratamos das fases de implantação, agora iremos nos


aprofundar no aspecto das características inerentes a usinas hidrelétricas e suas
peculiaridades. Tratando dos detalhes que consideramos importantes no sistema de
gerenciamento da manutenção de usinas hidrelétricas e suas consequências
futuras.
Para detalhar de forma mais didática separamos em quatro tópicos:
levantamento das necessidades, seleção do sistema de gerenciamento,
parametrização e cadastro e operacionalização do sistema.

4.2.1 Levantamento das necessidades


Etapa imediatamente após a decisão da implantação de um sistema de
gerenciamento da manutenção e tem como intuito verificar com todos os envolvidos
o que esperam e desejam que o sistema ofereça. Apesar de todas as incoerências
que possam surgir, servirão de parâmetro para a busca no mercado de um sistema
que contemple as necessidades levantadas internamente.

29
Apesar de muitas vezes determinados usuários não terem muita noção das
suas necessidades, por outro lado há vários que poderão acrescentar sugestões
pertinentes em decorrência de suas experiências ou informações que obtiveram em
artigos, livros e até mesmo conversa com colegas.

4.2.2 Seleção do sistema de gerenciamento


No mercado brasileiro há inúmeras empresas que comercializam sistemas de
gerenciamento de manutenção, sendo que as funcionalidades existentes são muito
similares, entretanto há algumas questões importantes que precisam ser observadas
por ocasião da seleção:
- Custo das licenças e suporte técnico;
- Interface precisa ser amigável aos usuários;
- Empresa precisa ser sólida o suficiente para se manter no mercado por
longo tempo (trinta anos ou mais);
- Possibilidade de personalização da ferramenta de acordo com as
necessidades;
- Atendimento do suporte técnico (agilidade e presteza);
- Preferencialmente ser um sistema que já esteja sendo aplicado em outras
usinas hidrelétricas, permitindo assim buscar informações sobre as vantagens e
desvantagens do mesmo.
Tendo selecionado algumas empresas, segue-se o processo de apresentação
das necessidades e consequente envio pelas empresas das propostas técnicas e
comerciais para serem avaliadas.
Antes da escolha de determinada empresa é fundamental buscar no mercado
empresas que se utilizam dos referidos sistemas e mandar alguns colaboradores
(áreas heterogêneas) para visitar e buscar informações sobre o funcionamento,
principais vantagens e desvantagens do referido sistema.
A escolha precisa ser um trabalho conjunto de todas as áreas para chegar-se
em um denominador comum, certamente a escolha não será a preferida de todos,
mas sugere-se a que possuir menor rejeição. Na avaliação não devem ser levadas
em consideração funcionalidades pelo aspecto, mas sim as que serão úteis e/ou que
serão usadas no dia a dia da empresa. Outra armadilha comum é a escolha recair
na vontade de quem tem mais poder, sendo que essa pessoa é a que normalmente
menos se utilizará do sistema. Uma avaliação sobre o uso mais constante do
30
sistema mostrará de forma clara quem deveria ter mais peso na seleção do sistema
de gerenciamento de manutenção, ou seja, a equipe de manutenção que será
responsável por executar as atividades e posteriormente abastecer o sistema com
as informações dessas atividades. Serão esses técnicos que necessitarão consultar
o banco de dados em busca do histórico de atividades anteriormente realizadas.
As funcionalidades sugeridas para um sistema de gerenciamento de
manutenção para usinas hidrelétricas são:
- Cadastro de usuários, possibilitando definição de perfis de acesso
diferenciados, ou seja, restringindo ou limitando o acesso de determinados usuários;
- Cadastro de custo da mão de obra, seja mão de obra própria ou de empresa
terceirizada;
- Possibilidade de emissão de solicitação de serviço por parte de qualquer
usuário;
- Emissão de ordem de serviço com os seguintes campos:
aprovação/liberação, inserção de materiais, equipamentos de segurança
necessários, ferramentas e instrumentos a serem utilizados, bloqueios e manobras
do equipamento que está sob manutenção, responsável pela atividade, data de
início e conclusão, possibilidade de inclusão de fotos, documentos e vídeos na
ordem de serviço, campo para descrição do que deverá ser executado, campo para
inserção do que foi realizado, cargo dos executantes, prioridade, tipo de
manutenção, causa e/ou motivo da manutenção, assinatura digital, entre outras
funcionalidades que possam ser consideradas relevantes de acordo com os
envolvidos na implantação.
- Juntamente com a emissão da ordem de serviço o sistema deverá emitir as
documentações obrigatórias de segurança do trabalho, liberação/aprovação da
realização do serviço, análise preliminar de risco à ser preenchida antes da
execução e documentação ambiental quando necessárias e/ou definidas pela
empresa;
- Possibilidade de assinar digitalmente os documentos criados, tendo o
cuidado em atender a legislação trabalhista;
- Possibilidade de avisar ou bloquear a atividade de colaborador que não
possua a habilitação e/ou esteja com a habilitação vencida no que tange à
atividades em áreas de risco que exijam curso especifico;

31
- Cadastro de planos de manutenção á serem executados de acordo com a
periodicidade previamente estabelecida;
- Cadastro de bloqueios e manobras que precisam ser executados antes da
intervenção no equipamento e ou sistemas próximos para que seja possível garantir
a segurança e saúde dos envolvidos na atividade;
- Cadastro de equipamentos de segurança, ferramentas e materiais que
deverão ser aprisionados antes da execução da atividade;
- Cadastro de todos os equipamentos existentes na usina hidrelétrica, sendo
que para cada um deverá ser gerado uma codificação única. No cadastro do
equipamento deverá constar as principais características, tais como: modelo,
número de série, fabricante e/ou fornecedor, data da instalação, proprietário, centro
de custo, origem (nacional ou internacional), localização, custo de compra, data de
garantia, tempo operacional médio, número de patrimônio e necessidade de
calibração. Além destes deverá ser possível a inserção de fotos, observações
(quando necessário) e manuais e projetos do equipamento;
- Cadastro de todos os materiais existentes no almoxarifado e/ou outro local
da usina, sendo que cada material deverá ter um código único associado. No
cadastro do material deverá constar fornecedor(es), custo da última aquisição,
quantidade em estoque, forma de armazenamento (ambiente desumidificado,
embalagem plástica, local coberto, etc.), localização (especificado por exemplo o
vão da prateleira onde pode ser encontrado), unidade, estoque mínimo, estoque
máximo, procedência (nacional ou internacional), validade (quando for o caso), tipo
de material (consumo, sobressalente, sobressalente imobilizado, uso geral),
possibilidade de inserção de fotos e desenhos do material, fabricante, entre outros
dados;
- Cadastro/inserção de projetos dos equipamentos e instalações,
preferencialmente sendo possível associar aos respectivos cadastros de
equipamentos;
- Cadastro de ocorrências e causas de forma a balizar e padronizar os
serviços executados pela equipe de manutenção;
- Possibilidade de programação de atividades;
- Possibilidade de reserva de materiais, equipamentos, ferramentas,
instrumentos e mão de obra;

32
- Possibilidade de cada material em estoque possuir um código de barras
associado ao mesmo, de forma que com um simples leitor de código de barras se
faça a atualização do estoque;
- Emissão de alertas relativos a atraso de manutenções periódicas, atraso no
fechamento de ordens de serviço, alerta de vencimento de calibração, alertas de
alocação de materiais, equipamentos e mão de obra;
- Emissão de aviso de compra para materiais que atingiram o estoque mínimo
e aviso prazos de validade de materiais;
- Emissão de relatórios diversos, tais como: tipos de manutenção executadas,
situação das ordens de serviço, relação de estoque, custo de execução da
manutenção por atividade, bem como gráficos que permitam uma fácil visualização
das informações;
- Calculo e emissão de índices de manutenção (os principais utilizados) e/ou
possibilidade de parametrização de índices de acordo com a necessidade da usina
hidrelétrica.
Logicamente que todas as funcionalidades acima citadas devem ser passiveis
de integração, ou seja os diversos cadastros se comunicarem instantaneamente, por
exemplo, um determinado material que tenha sido reservado para alguma atividade
ficará imediatamente indisponível no cadastro de materiais.

4.2.3 Parametrização e cadastro


Após definição do sistema e instalação do mesmo, devemos providenciar as
parametrizações de acordo com o que foi definido pelo gestor do projeto de
implantação, bem como teste e implementação das personalizações que foram
acordadas por ocasião da contratação e definição dos parâmetros de funcionamento
do sistema de gerenciamento.
Este é o melhor momento para definir a forma que o sistema irá funcionar,
bem como o que se pretende obter a partir do mesmo, sempre com um pensamento
de longo prazo. Tentar visualizar como irá ocorrer a operacionalização ao longo dos
anos, capacidade do banco de dados, novos formatos de arquivos, acréscimo ou
decréscimo de usuários, novos tipos de manutenção e assim por diante. Sugere-se
não restringir muito o sistema, deixando possibilidades de alterações futuras pois é
inevitável o surgimento de novas demandas, sejam estas no decorrer do uso ou
devido a avanços tecnológicos.
33
Um cuidado que devemos ter é quanto as permissões e restrições do sistema
para como os usuários, muito restrito irá restringir a criatividade e tende a criar uma
aversão ao mesmo, pois todos gostam de imprimir a sua marca, sendo possível um
bom gestor incentivar a criatividade e criar um ambiente de competitividade na
equipe. Por outro lado, uma demasiada permissividade irá dificultar a reunião das
informações quando necessário, por exemplo, liberar acesso de todos funcionários
para o cadastro de materiais irá provavelmente inundar o cadastro com materiais
semelhantes e nomes diferentes, portanto necessitando de um controle maior sobre
o sistema de gerenciamento para que os desvios do padrão não ocorram.
Outro fator preponderante é a quantidade de pessoas que irão usar o sistema,
quanto maior mais necessidade de controle é necessário, pois a comunicação e
interação entre os usuários é menor.
O cadastro inicial de usuários, equipamentos, instrumentos, materiais e
ferramentas pertinentes à usina hidrelétrica tem um volume muito grande na fase
inicial, sendo que posteriormente o cadastro se torna mais esporádico. Entretanto é
importante montar uma matriz para estabelecer o padrão de cadastro (ordem, tipo,
tamanho da letra, letra minúscula e/ou maiúscula, número de caracteres permitidos,
entre outros). Um exemplo que podemos citar é o caso de materiais como
parafusos, onde a descrição completa do mesmo demanda muitos caracteres e é
importante que seja efetuada de forma ordenada para facilitar a sua localização,
bem como o nome e a ordem serem similares aos adotados pelas empresas
fornecedoras.
Tanto o cadastro inicial como os subsequentes deverão ficar a cargo de
poucas pessoas, no mínimo 2 e no máximo 3 pessoas, sendo que uma
característica interessante é que essas pessoas sejam metódicas.
Os equipamentos e instrumentos que necessitam calibração periódica devem
possuir um campo apropriado no cadastro dos mesmos que permita o
acompanhamento e controle da validade de calibração, o mesmo valendo para
materiais com data de validade.

4.2.4 Operacionalização do sistema


Concluídas as parametrizações e todos os cadastros, devemos iniciar o
treinamento de uso da ferramenta com todos os colaboradores, inicialmente um
treinamento geral dos usuários onde são apresentadas as suas funcionalidades
34
integradas de forma que todos tenham a visão do todo e entendam de forma clara e
objetiva a importância de cada um na operacionalidade do sistema de
gerenciamento, posteriormente divide-se os treinamentos por perfil de uso para
refinar o seu uso.
Após o período de treinamento o sistema deve ser liberado para uso em
testes. Considerando-se que o responsável por implantar/operacionalizar e o
responsável por gerenciar o sistema sejam pessoas distintas, considera-se
importante que os mesmos façam um acompanhamento conjunto por no mínimo
quinze dias de forma que eventuais dúvidas, demandas possam ser solucionadas,
até porque comumentemente são necessários pequenos ajustes.
Necessário salientar que na fase inicial as dificuldades de uso e/ou falhas no
sistema devem ser imediatamente atendidas, pois como se trata de algo novo pode
cair em descrédito muito rapidamente e criar uma aversão ao uso do sistema de
gerenciamento da manutenção.

4.3 Sistema de gestão e melhoria continua

Como citado acima, é fundamental que se tenha um responsável por


gerenciar o sistema como um todo, preferencialmente muito próximo dos usuários
que executam a manutenção e que lançam as informações no sistema. Esse
coordenador por assim dizer, antes de tudo é um apoiador e solucionador de
problemas, mas também um direcionador de forma a ajustar os detalhes que não
estejam sendo corretamente executados, suas principais funções são descritas
abaixo:
- Fazer a integração do sistema com as diversas áreas;
- Coletar as informações (emissão de relatórios) e validar para posterior envio
as gerências;
- Periodicamente verificar se as boas práticas estabelecidas por ocasião dos
treinamentos estão sendo seguidas, desvios deverão ser analisados e quando assim
entender reuniões e/ou treinamentos deverão ser realizados;
- Concentrar as demandas das diversas áreas e direcioná-las para a área
responsável;

35
- Gerenciar e acompanhar as demandas solicitadas ao suporte técnico da
empresa fornecedora do sistema e quando necessário intervir para que sejam
cumpridas as obrigações contratuais;
- Ser o responsável por aprovar e validar eventuais modificações e/ou novas
personalizações a serem inseridas no sistema;
- Aprovar a modificação de planos de manutenção bem como inclusão de
novos;
- Zelar pela segurança dos dados contidos no sistema, verificando
periodicamente a execução e integridade dos backups.
O sistema de gerenciamento da manutenção além de auxiliar na gestão da
equipe, gestão de almoxarifado, gestão de custos da manutenção e análise de
falhas, com o decorrer do tempo se torna um imenso banco de dados de
informações históricas dos equipamentos. Entretanto para isso acontecer ele precisa
ser abastecido com informações, não informações vagas como: o serviço foi
executado de forma satisfatória, os testes realizados comprovaram a eficácia da
intervenção. Convenhamos, que para efeito de histórico futuro pouco interessam
essas informações, pois as respostas aos seguintes questionamentos não foram
inseridas: Qual serviço? Em qual equipamento? Qual a situação do equipamento?
Quem executou? Em quanto tempo? Quais as ferramentas e instrumentos que
foram utilizados? Quais os materiais utilizados? Qual a quantidade desses
materiais? Quais as dificuldades encontradas? Quais ajustes foram efetuados?
Quais testes foram realizados? Quais os valores encontrados e quais foram
deixados após a intervenção? Houve registro em vídeo e/ou fotográfico? Qual o
custo do serviço? Outras perguntas mais poderiam ser feitas de forma a clarificar e
embasar futuramente uma nova intervenção, pois informações vagas não possuem
valor algum e apenas ocupam espaço no banco de dados, por isso a importância
das informações inseridas sejam relevantes e entendíveis aos usuários futuros
daquela informação.
Os planos de manutenção periódicas são um exemplo claro de necessidade
de melhoria contínua. Os planos inicialmente inseridos no sistema normalmente têm
como base os desenhos construtivos, desenhos de montagem, manuais de
operação e manutenção dos equipamentos e experiência do responsável por
elaborar o plano. Pressupõe-se que um bom plano de manutenção conste as
atividades a serem executadas no equipamento, bloqueios e manobras necessárias,
36
equipamentos de proteção necessários, instrumentos, ferramentas e materiais
necessários, quantidade de pessoas e suas respectivas qualificações, informações a
serem coletadas, quantidade de horas prevista para execução, inspeções e ensaios
a serem efetuados, valores de referência, ajustes necessários entre outros.
Entretanto sempre alguns detalhes podem escapar e é muito comum, mesmo com
toda essa gama de informações os responsáveis pela execução se depararem com
informações imprecisas ou incorretas. Da mesma forma com o decorrer das
inspeções os executores dos planos verificam a necessidade de alterações e
melhorias, tais como:
- Correção de erros relativos à implementação do plano de manutenção
periódico;
- Modificação da periodicidade de intervenção, pois eventualmente devido a
problemas é necessário fazer a intervenção em intervalos mais regulares que os
estabelecidos, ou em virtude de sucessivas intervenções não se identificar
problemas, levando a fazer a intervenção em intervalos mais longos;
- Inclusão de novas técnicas de manutenção e/ou novos procedimentos;
- Exclusão de determinados ensaios em virtude de obsolescência ou inclusão
de novos;
- Alterações no equipamento podem necessitar a revisão completa do plano,
com mudanças de procedimentos e/ou materiais e ferramentas.
Resumidamente é um esforço para melhorar continuamente os planos de
manutenção, que por um lado demanda que os envolvidos com a manutenção se
mantenham ativamente atualizados, quer por meio de artigos técnicos, livros,
informações de fabricantes e/ou informações coletadas de outras equipes de
manutenção de usinas hidrelétricas, mas tem um reflexo considerável no tempo de
execução e qualidade das atividades executadas.
Não apenas os planos de manutenção, mas a melhoria contínua vale também
para os cadastros, pois essa retroalimentação ajuda a refinar o sistema. A evolução
constante, tanto da qualidade das informações coletadas, como melhorias efetuadas
através de personalizações é essencial para a maximização de resultados da
manutenção, principalmente no que tange ao planejamento da manutenção.

4.4 Resultados esperados

37
Quando partimos de um modelo teórico para o um prático é comum
esbarrarmos em dificuldades não citadas por autores, ou não comentadas por
outrem. Isso deriva de que nenhum projeto é similar ao outro, seja por questões
culturais, pessoas envolvidas e temporalidade, portanto situações novas são
corriqueiras e até mesmo salutares, fazendo parte do processo de aprendizagem e
amadurecimento profissional.
É improvável, até diria impossível que se consiga implementar um sistema de
gerenciamento isento de defeitos, inclusive é muito comum após algum tempo
verificarmos que determinadas questões poderiam ser aprimoradas, mas mesmo
que possamos fazer em outro projeto novas possibilidades de melhoria surgirão e
assim sucessivamente.
Se o sistema não for bem planejado e não houver um treinamento adequado
poderão surgir dificuldades na implantação de rotinas e até rejeição ao uso do
mesmo (BRANCO FILHO, 2008). A rejeição dos usuários pode inclusive inviabilizar o
sistema, pois sem as informações das equipes que executam a manutenção não
haverá dados a serem utilizados.
Para os usuários e gestores do sistema, independente dos defeitos que
possam ter sido cometidos, é preciso olhar para frente e utilizar a ferramenta
disponível da melhor forma possível. Tendo-se escolhido um sistema de
gerenciamento dentro das premissas estabelecidas pela empresa (colaboradores
e/ou consultores) e implantado o mesmo de forma adequada, espera-se que o
mesmo possa fornecer as seguintes informações primordiais para a gestão da
manutenção:
- Gestão de atividades executadas: independentemente do tipo de
manutenção, corretiva, preventiva, preditiva ou novos serviços é essencial que as
ordens de serviço tenham sido preenchidas de forma adequada, para permitir a
qualquer tempo acessar os dados históricos, ou seja uma forma de coletar
informações para no futuro tomar ações no sentido de otimizar manutenções
semelhantes, buscar informações sobre ajustes e/ou implantação de melhorias.
- Gestão manutenções periódicas: possibilitar controlar e gerenciar as
manutenções por meio de intervalo de tempo, deixando de usar planilhas obsoletas
para fazer uso de um sistema integrado e fácil visualização das próximas
manutenções a serem efetuadas.
38
- Gestão de materiais: por meio do uso integrado com ordens de serviço
controlar a entrada e saída de materiais do almoxarifado, estabelecer estoques
mínimos e máximos de materiais, emitir avisos de compra de materiais, controle de
validade de materiais perecíveis, histórico de uso de materiais e controle de
equipamento em que o material deve ser aplicado.
- Gestão de custos: mostrar os custos com manutenção, seja total, individual
ou tipo de manutenção, custo de mão de obra, custos de manutenção por
equipamento, custo dos materiais em estoque, sejam materiais de consumo ou
sobressalentes e custo das ferramentas utilizadas na usina.
- Gestão de fornecedores e fabricantes: acompanhamento da garantia dos
equipamentos, cadastro e seleção de fornecedores e fabricantes, tempo médio de
reparo e/ou fabricação de materiais e equipamentos e identificação de materiais
críticos (custo alto e/ou prazo de entrega longo).
- Gestão dos projetos: controle e identificação dos projetos, controle de
alterações dos projetos e controle de impressões dos projetos.
- Gestão de calibração: controle da situação e periodicidade de calibração dos
instrumentos, identificação dos instrumentos calibráveis e não passíveis de
calibração.
- Gestão da segurança do trabalho: identificação de atividades de risco,
inserção de procedimentos específicos de acordo com o risco, inserção de bloqueios
e manobras, apoio no programa de lacre e etiquetagem e identificação de
colaborador não apto para executar determinada atividade.
O uso de um sistema informatizado de gestão da manutenção possibilita ao
grupo técnico-administrativo analisar os dados, e junto com os gestores definir
estratégias para tratamento dos itens estatísticos fora dos padrões (PEREIRA,
2009). Portanto a gestão integrada de um sistema de gerenciamento de manutenção
de uma usina hidrelétrica permite um controle amplo das atividades de manutenções
bem como a emissão de uma série de relatórios estratégicos para a gestão da
operação e manutenção.
Quando olhamos sob o ponto de vista do planejamento da manutenção
supõe-se ganhos imensuráveis, tais como:
- Definir em conjunto com a operação o momento mais adequado para intervir
em equipamentos críticos que ocasionam a perda de geração, pois com as
informações sobre periodicidade de manutenção preventiva, aliadas ao histórico de
39
manutenção a equipe de gestão da manutenção poderá ajustar a data da
intervenção (muitas vezes adiando uma determinada manutenção), sem incorrer em
falhas intempestivas do equipamento (algo não desejado em virtude dos custos de
manutenção e lucro cessante);
- Otimizar o estoque e compra de materiais e equipamentos, seja pela
confiabilidade histórica, seja pela previsão de troca dos mesmos;
- Possibilidade de verificar através de análise técnica financeira o ponto ideal
de substituição do equipamento, e principalmente em um tempo adequado para
provisionar o desembolso financeiro no orçamento da usina.
- Otimização da equipe de manutenção, pois a tendência futura é diminuir as
manutenções corretivas e aumentar as manutenções preventivas (periódicas e
programadas), se bem que podemos entrar em uma discussão de filosofia de
manutenção adotada por cada empresa.
O uso das melhores práticas de manutenção, práticas que tem se mostrado
superiores em resultados, dentre estas podemos citar o processo de benchmarking
e uso de indicadores de manutenção (KARDEC, 2015), permite verificar e otimizar
os processos de manutenção continuamente.
Como elencado acima, um sistema de gerenciamento de manutenção de
usinas hidrelétricas implementado de forma ponderada e planejada permite uma
série de ganhos, não somente para a manutenção e seus colaboradores, mas para
toda a empresa no sentido de otimização da operação da planta de geração.

40
CONCLUSÃO

É imprescindível que as usinas hidrelétricas possuam um sistema de


gerenciamento de manutenção, para que possam gerenciar adequadamente seus
ativos de geração durante todo o período de concessão, sob o risco de não obterem
o retorno financeiro desejado.
Os benefícios decorrentes da implantação adequada e as possibilidades
elencadas no presente trabalho demonstram claramente que nenhuma empresa
deveria prescindir do uso de um sistema de gerenciamento e consequentemente ter
acesso as melhores práticas de gestão de manutenção.
Um sistema implantado de forma ineficiente e/ou de forma unilateral
(decorrente das ideias de apenas um indivíduo) tendem a gerar insatisfação das
equipes que se utilizam do mesmo, diminuindo em muito a qualidade das
informações geradas. Apesar da fase de implantação ser relativamente curta, tem
um impacto a longo prazo, pois nenhum gestor irá querer trocar o sistema em um
pouco espaço de tempo, seja por questões financeiras ou por considerar um
atestado de incompetência a realização de tal ação.
A implantação do sistema precisar estar focada no longo prazo, antevendo
novas técnicas e/ou equipamentos, pois se por um lado os avanços tecnológicos
surgem para solucionar ou melhorar equipamentos e/ou atividades (dentro de um
contexto técnico/financeiro) por outro podem contribuir para que muitas
funcionalidades do sistema se tornem obsoletas no decorrer do tempo.
Outrossim é ilusório imaginar que logo após o inicio do seu uso poderemos ter
acesso a todas as funcionalidades e/ou informações do sistema, da mesma forma
que os equipamentos de uma nova planta de geração demandam um tempo para a
conhecer as peculiaridades e dominar todo o processo de intervenção da
manutenção, o mesmo ocorre com um sistema de gerenciamento. Somente com a
inserção e acúmulo de informações poderemos ter dados suficientemente confiáveis
para compilação e posterior uso, um exemplo é conhecer a periodicidade média de
desgaste de um determinado material e a partir de então se programar a sua compra
periódica.
No futuro haverá a possibilidade dos profissionais de manutenção de usina
hidrelétrica atenderem a mesma a partir de um escritório central ou até mesmo da

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sua casa, mediante o uso de vídeo e assim orientar a execução da manutenção ou
solução de problemas. Robôs autônomos poderão ser capazes de executar as mais
variadas atividades de manutenção e armazenar automaticamente todas as
informações coletadas, porém isso ainda não é uma realidade em virtude da
necessidade de superar questões técnicas e financeiras.
Entretanto em qualquer destes cenários futuristas será necessário um sistema
de gerenciamento de manutenção de usinas hidrelétricas robusto e eficiente a partir
do qual as informações coletadas serão refinadas e transformadas em ações para a
melhoria da confiabilidade e consequentemente incremento da disponibilidade dos
equipamentos de geração de energia.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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