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Universidade Estadual do Maranhão

Centro de Educação, Ciências Exatas e Naturais


Núcleo de Tecnologias para Educação

Pedagogia

Fundamentos e Metodologia da Geografia


Fundamentos e
Metodologia
da Geografia
UEMA
FUNDAMENTOS E METODOLOGIA
DA GEOGRAFIA
HERMENEILCE WASTI A. P. CUNHA

FUNDAMENTOS E METODOLOGIA
DA GEOGRAFIA

SÃO LUÍS

2014
Governadora do Estado do Maranhão Edição
ROSEANA SARNEY MURAD UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA
NÚCLEO DE TECNOLOGIAS PARA EDUCAÇÃO - UEMANET
Reitor da UEMA
PROF. JOSÉ AUGUSTO SILVA OLIVEIRA Coordenadora do UemaNet
PROFª. ILKA MÁRCIA RIBEIRO DE SOUSA SERRA
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PROFª. ILKA MÁRCIA RIBEIRO DE SOUSA SERRA
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HELOÍSA CARDOSO VARÃO SANTOS
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HERMENEILCE WASTI A. P. CUNHA
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ANE BEATRIZ DUAILIBE
Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação LUCIRENE FERREIRA LOPES
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Diretora do Centro de Educação, Ciências Exatas e Naturais - CECEN Diagramadores


PROFª. ANDRÉA DE ARAÚJO JOSIMAR DE JESUS COSTA ALMEIDA
LUIS MACARTNEY SEREJO DOS SANTOS
TONHO LEMOS MARTINS

Responsável pela Impressão Gráfica


CRISTIANE COSTA PEIXOTO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO


Núcleo de Tecnologias para Educação - UemaNet
Campus Universitário Paulo VI - São Luís - MA
Fone-fax: (98) 2016-8970
http://www.uemanet.uema.br

Proibida a reprodução desta publicação, no todo ou em parte,


sem a prévia autorização desta instituição.

Cunha, Hermeneilce Wasti A. P.

Fundamentos e metodologia da geografia / Hermeneilce Wasti A. P. Cunha. – São

Luís: UemaNet, 2014..

99 p.

ISBN: 978-85-63683-95-3

1. Geografia. 2. Geografia - Ensino. 3. Geografia - Estudo. 4. Geografia maranhense.

I.Título

CDU: 910.1 (812.1)


ÍCONES

Orientação para estudo

Ao longo deste fascículo serão encontrados alguns ícones utilizados


para facilitar a comunicação com você.

Saiba o que cada um significa.

ATIVIDADES ATENÇÃO

SAIBA MAIS GLOSSÁRIO

SUGESTÃO DE FILME REFERÊNCIAS


SUMÁRIO

Palavra do professora-autora ........................................................... 9

Apresentação da disciplina .............................................................. 11

UNIDADE 1
GEOGRAFIA: perspectivas históricas e conceitos ............. 13

Introdução ........................................................................... 13

Perspectivas Históricas da Geografia como Ciência ............. 14

Os Gregos ............................................................................ 16

Os Romanos ........................................................................ 18

Os Árabes ............................................................................. 19

Categorias de análises geográficas ........................................ 25

Resumo ............................................................................... 33

Referências .......................................................................... 34

UNIDADE 2
A CRIANÇA E O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DAS RELAÇÕES
ESPECIAIS ELEMENTARES ....................................................... 37

Relações espaciais topológicas elementares .......................... 42

Relações espaciais projetivas e euclidianas ........................... 45

Sugestões metodológicas para o trabalho do professor sobre no-


ções do espaço .................................................................... 47
Resumo ............................................................................... 47

Referências .......................................................................... 48

UNIDADE 3
O ENSINO DA GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAS ............ 51

Como ensinar Geografia ..................................................... 52


O que ensinar em Geografia ................................................. 55
Recursos didáticos ............................................................... 58

Resumo ............................................................................... 68

Referências .......................................................................... 69

UNIDADE 4
O ESPAÇO MARANHESE ..................................................... 71

Localização geográfica ........................................................ 73

Aspectos físicos .................................................................... 77

Hidrografia ............................................................... 79
Clima ....................................................................... 80
Vegetação ................................................................. 84
Relevo do Maranhão ................................................ 86
Aspectos socioeconômicos ....................................... 87
Economia ................................................................. 89
Unidades de conservação ........................................ 90
Terras Indígenas ....................................................... 91

Resumo ............................................................................... 96

Referências ......................................................................... 98
PALAVRA DA PROFESSORA-AUTORA

Caro (a) estudante,

Seja bem-vindo à disciplina Fundamentos e Metodologia da Geografia.


Nossa caminhada terá início com questões extremamente envolventes,
elaboradas para você se sentir parte do processo.

Estudar, conhecer e descobrir características referentes à ciência


geográfica é extremamente gratificante, visto que os conhecimentos
da Geografia têm contribuído para o aprimoramento do homem no
planeta Terra. Nessa perspectiva, estudar Geografia é desvendar o
espaço geográfico, em que o homem está inserido.

A Geografia, como os outros campos do conhecimento, é uma ciência


dinâmica, portanto requer análises contínuas. O nosso papel, enquanto
educadores(as), é contribuir para a formação de um campo do
conhecimento que está em constante construção.

Nessa perspectiva, a disciplina Fundamentos e Metodologia da Geografia


tem como objetivo proporcionar fundamentação teórica e atualizada
sobre a ciência geográfica no contexto escolar. Portanto, pretendemos,
com este fascículo, contribuir com informações fundamentais para sua
formação acadêmica.

Sucesso em sua formação profissional!


APRESENTAÇÃO

Caro (a) estudante,

A disciplina Fundamentos e Metodologia da Geografia, oferecida no


curso de Pedagogia, da Universidade Estadual do Maranhão, tem uma
carga horaria de 90 horas/aula. A ementa da disciplina contempla
os seguintes aspectos: Objeto e pressupostos da Geografia; aspectos
do pensamento geográfico; conceitos da Geografia: o espaço como
conceito básico; estudo do meio; recursos metodológicos utilizados no
ensino da Geografia; a Geografia e seu papel na formação de alunos
críticos e criativos; o papel do professor; e o espaço maranhense.

Para complementar a ementa, o conteúdo foi estruturado em quatro


unidades. Cada unidade está dividida em tópicos ou subunidades.

Na Unidade 1, cujo titulo é “Geografia: perspectivas históricas e


conceitos”, o principal objetivo é apresentar a ciência geográfica e a
sua trajetória ao longo dos anos.

Na Unidade 2, intitulada “A criança e o processo de construção das


relações espaciais elementares”, será apresentado uma caracterização
das noções espaciais básicas, as noções espaciais projetivas e
euclidianas, procurando fornecer subsídios para clareza das discussões.

A Unidade 3, denominada “O ensino da Geografia nos anos inicias”,


analisa como são construídas as formas de pensar e fazer Geografia.
Na Unidade 4, nomeada de “O Espaço Maranhense”: tema dos
primeiros anos no ensino de Geografia, será apresentado um conjunto
de elementos e características físicas e humanas referentes ao Estado
do Maranhão, como clima, relevo, hidrografia, população e cultura.

Em cada unidade, inserimos textos complementares e dicas para lhe


auxiliar na caminhada e aprendizado da disciplina.

Bons estudos!
UNIDADE

1
OBJETIVOS DESTA UNIDADE
GEOGRAFIA: perspectivas históricas e Apresentar os primeiros
passos da Geografia sobre
conceitos a perspectiva histórica;
Discutir as principais ideias
que permitiram sistematizar
o conhecimento geográfico;
Diferenciar as categorias de
análise geográfica.

INTRODUÇÃO

Observe a imagem (Figura 1), a seguir:

Figura 1 – Lagoa da Jansen e Praia de São Marcos, São Luís - MA

Fonte: www.intravel.com.br/fotos/sao-luis-maranhao/
Quando visualizamos a Lagoa da Jansen, ponto turístico da capital
maranhense, identificamos aspectos naturais como o mar, resquícios
de mangue na vegetação da Lagoa e elementos antrópicos ou
humanizados que foram inseridos ao longo dos anos. Se olharmos
com bastante atenção, podemos perceber que é possível captar
Antrópico é um termo
usado em Ecologia que inúmeras mensagens, tais como: o crescente número de prédios e,
se refere à tudo aquilo
que resulta da atuação consequentemente, a ação destruidora do homem com o lançamento
humana. de efluentes domésticos no mar e na Lagoa, um fluxo maior de
Por exemplo: ação veículos e transporte urbano. Nessa perspectiva, estudar Geografia é
antrópica é a ação do
homem sobre o habitat justamente tentar captar as múltiplas dimensões do espaço geográfico
e as modificações dela produzido e transformado ao longo dos séculos pelas sociedades.
resultantes.

Fonte: http://www. Mas onde começa a história da Geografia? Vamos conhecer?


dicionarioinformal.com.
br/

PERSPECTIVAS HISTÓRICAS DA GEOGRAFIA COMO


CIÊNCIA

De acordo com Aroucha (2009), a origem da Geografia segue um estudo


do tempo e do espaço. Assim, desde a Idade Média, a Geografia vem
produzindo novos enfoques do saber. Dessa maneira, muitos investigadores
e cientistas se questionam se de fato a Ciência Geográfica teve origem
antes da Era Cristã, visto que, desde as primeiras civilizações, notava-se
a necessidade do homem conhecer o espaço no qual ele estava inserido.

Desde o momento que o homem começa a viver em pequenos grupos e


se deslocava em busca de meios de subsistência, como a caça, a pesca,
e a coleta, além do reconhecimento, conquista e defesa do território,
era importante conservar e deter informações a respeito dos caminhos
percorridos, os locais de suprimentos necessários à sobrevivência. Portanto,
observamos que o conhecimento era, inicialmente, produto de experiências
vividas e repassadas de geração a geração entre indivíduos e povos. As
informações eram transmitidas oralmente de pai para filho.

14 PEDAGOGIA
A partir dessas experiências, o homem passou a esboçar, em diversos
materiais, os primeiros mapas sobre os inúmeros elementos que se
encontravam em seu ambiente.

Para os povos primitivos – aqueles que viveram na pré-história, sem


conhecimento da escrita formal – o saber prático constituiu o seu Primeiro mapa
encontrado na Terra
conhecimento geográfico. Andrade (1992) diz que da terra retiravam
O mapa babilônio do
o alimento e o sustento, e tinham uma íntima relação com o ambiente, mundo, residente no
conhecendo, empiricamente, o mundo que lhes cercava e permitia British Museum de
Londres, foi criado na
resolver suas necessidades básicas. Babilônia em torno do
ano 500 a.C. como cópia
de um original criado
Porto (2009) afirma que essa vivência natural deu início ao que se 200 anos antes, que
pode considerar, hoje, como a pré-história da Geografia. Eram povos não se conservou até
nossos dias. Trata-se de
sem escrita, que desenvolveram a comunicação oral com uma cultura uma tábua de argila com
desenhos e inscrições na
bastante impregnada de ideias geográficas registradas em desenho qual se representa a visão
(WERNECK, 2002). que os babilônios tinham
do mundo.

A Geografia acompanha a própria existência do homem nesse saber Fonte: http://www.mdig.


com.br/index.
prático. Podemos demarcar a sua gênese quando este passou a ter
consciência espacial. Para vários autores, essa consciência se deu na
forma de percepção do espaço, que Seabra (1999) sistematiza da
seguinte forma:

• o espaço era um agregado de elementos heterogêneos distribuídos


de forma muito variada na superfície do planeta;

• esses elementos formavam unidades regionais, definidas não só


pelos fatores de macroescala, como latitude, altitude, distância do
oceano etc., mas também pela ação antrópica;

• há processos interativos que envolvem natureza e sociedade,


chegando a definir espaços homogêneos e determinar seus limites,
sem perder de vista a unidade da geosfera.

Para Rodrigues (2008), os povos da Antiguidade Oriental – egípcios,


mesopotâmicos, fenícios, hebreus e persas – desenvolveram-se, em
geral, às margens de grandes rios. Essas civilizações ocuparam o
espaço do Oriente Médio, marcado por planaltos e montanhas, clima
seco e desértico, permeado por planícies férteis, como no Egito e na
Mesopotâmia (Figura 2), onde desenvolveram a agricultura e, nas faixas

GEOGRAFIA: perspectivas históricas e conceitos | UNIDADE 1 15


costeiras do Mediterrâneo desenvolveram as atividades marítimas
comerciais.

Figura 2 – Egito e Mesopotâmia

Fonte: www.portaldoprofessor.mec.gov.br

Vamos conhecer um pouco mais sobre os povos da antiguidade oriental?

OS GREGOS

A partir da contribuição dos gregos, o conhecimento geográfico recebeu


grande impulso na Antiguidade. Esses povos tinham uma curiosidade
muito grande em relação aos fenômenos naturais. Os gregos realizaram
No século XV, foram
aperfeiçoados os mapas, estudos sobre sistemas agrícolas, sistemas de montanhas, técnicas de
facilitando viagens em uso do solo, os rios com variados regimes, a distribuição das chuvas,
alto mar; no século XVI,
houve uma mudança na a sucessão das estações do ano, o relacionamento entre a cidade e o
concepção geográfica
do mundo, maior do campo, as relações entre as classes sociais e entre o poder e o povo.
que em qualquer época; E ainda elaboraram mapas dos territórios sob seu domínio e dos
para medir a latitude
era usado o astrolábio; conhecidos na época.
para a longitude,
continuam a usar os
cálculos de Ptolomeu. O Os primeiros registros de conhecimentos geográficos são encontrados
primeiro globo terrestre
em relatos de viajantes no século V a.C. Um famoso exemplo de viajante
foi construído em 1492
por Martinbehain, de daquela época foi o grego Heródoto (Figura 3), o pai da História.
Nurenberge.

16 PEDAGOGIA
Figura 3 – Heródoto, pai da História

Fonte: www.debiografias.com.br

O conhecimento dos cidadãos da Grécia antiga, a respeito


da Terra, era grandemente avançado. Especialistas como
Pitágoras e Aristóteles tinham a crença de que a Terra era
redonda. No século III a.C; Erastóstenes de Cirene foi o
primeiro a utilizar a palavra Geografia. Esta palavra aparece
escrita numa obra de domínio público denominada,
Geografia. O cientista grego fez o cálculo da circunferência
da Terra com aproximação gigantesca. Depois, o geógrafo e
historiador grego Estrabão selecionou todo o conhecimento
clássico sobre Geografia. Todo esse conhecimento está
reunido em uma obra de 17 volumes sobre a época em
que Jesus Cristo viveu. Esta publicação se tornou a única
referência sobre obras gregas e romanas desaparecidas.
Outra importante contribuição foi a do astrônomo e
geógrafo Ptolomeu que viveu no século II da era cristã.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Geografia

GEOGRAFIA: perspectivas históricas e conceitos | UNIDADE 1 17


OS ROMANOS

Na Antiguidade, eram comuns conquistas e lutas, visando a dominação


e apropriação de terras, povos e nações. A política interna de diversos
impérios consistia em dominar o povo, levando-o para o seu território
e fazendo-o escravo para trabalhar em serviços pesados. Outros
dominavam, impondo suas leis, sua cultura e idioma. Os romanos
foram um desses povos que estenderam seu domínio sobre toda a
bacia do Mar Mediterrâneo, do Oriente Médio até os mares Negro e
Cáspio, na Europa até o Reno, formando o maior império conhecido
(PORTO, 2009).

É interessante a observação de Aroucha (2009), quando descreve as


características desse povo da antiguidade. Para o autor, havia uma
separação clara entre a percepção dos romanos e dos gregos em relação
à Geografia. O autor destaca que:

Os romanos, porém, eram muito pragmáticos.


Procuraram desenvolver ao máximo a organização
do seu império e o comércio sobre as dezenas de
provinciais que o compunham. Daí a importância
maior que deram a Geografia descritiva e a menor
preocupação com a Geografia matemática, deixada
pelos sábios gregos (AROUCHA, 2009, p. 25).

Gregos e romanos tinham perspectivas diferentes, de acordo com os


seus interesses: enquanto os primeiros davam continuidade às pesquisas
de Ptolomeu e Estrabão, acerca do conhecimento físico da Terra e do
espaço em sua geografia matemática, os romanos se interessavam
pelo conhecimento das regiões que poderiam dominar e desenvolver
Acesse o site: http:// o comércio. Isso os levou a se interessarem mais pelas descrições dos
documentario completo
dublado construindo lugares.
um império romano
www.youtube.com/ Andrade (1992) destaca como grandes geógrafos os romanos
watch?v=ha8zoiqlpmo e
baixe o vídeo de domínio Pompônio, Mela e Plínio, que se preocuparam em descrever o vasto
público.
Império Romano. Visando indicar as áreas mais ricas em produtos
comerciais, mapearam os espaços e suas vias de acesso por água e
terra, disponibilizando informações importantes para aquele momento,

18 PEDAGOGIA
como, por exemplo, os povos, etnias e os territórios em que se
distribuíam; a importância das cidades; a situação diagnóstica sobre
o abastecimento; os problemas fronteiriços; e os seus riscos para a
estabilidade da dominação.

OS ÁRABES

No período histórico correspondente à Idade Média, houve uma


parada nas construções do conhecimento científico. Como em todas
as ciências, os conhecimentos geográficos também se estagnaram. Isso
ocorreu em decorrência de vários fatores, entre eles a queda do Império
Romano do Ocidente e a difusão do Cristianismo.

A Igreja concentrou grande poder, respondendo a todas as situações. As


informações geográficas foram substituídas pelas de natureza teológica.
Com esse quadro, a dinâmica da Antiguidade desapareceu e a Europa
isolou-se do mundo, deixando o Ocidente numa espécie de mundo
fechado e distante, alterando essa condição apenas quando se iniciou
o século XIX (AROUCHA, 2009).

Enquanto essa situação permanecia no Ocidente, no Oriente o mundo


árabe despertava para o progresso da Ciência e para a conquista de
nações. Os árabes apossaram-se de documentos e livros de grande
valor cultural, a exemplo dos existentes na Biblioteca de Alexandria,
muito famosa pelo acervo de que dispunha. As universidades
muçulmanas debruçavam-se na filosofia dos gregos; os comerciantes
e mercadores árabes viajavam pela Europa, Ásia e África, ampliando
seus conhecimentos (PORTO, 2009).

Outra característica marcante nesse período foram as navegações que se


intensificaram a partir do século XIV, principalmente no Mediterrâneo,
na Ásia Central, na Ásia Oriental, no Atlântico; além da costa africana,
as ilhas Canárias, Porto Santo, Madeira e Açores. Nos séculos XV e
XVI, os navegadores (Figura 4) já realizavam viagens, a serviços de
reis, direcionadas a um ponto geográfico, a exemplo da dominação dos
reinos de Portugal e Espanha.
GEOGRAFIA: perspectivas históricas e conceitos | UNIDADE 1 19
Figura 4 – Navegadores

Fonte: www.prof2000.pt

Na época das grandes navegações, foi observado um desenvolvimento


muito grande do conhecimento geográfico, visto ser esse extremamente
necessário para os grandes impérios da época.

A Geografia, como outras ciências, é marcada por diferentes fases


em que buscou responder as demandas, problemas e situações de
cada época. Sendo assim, é possível distinguir, dentro da história da
Geografia, quatro fases que também são conhecidas como correntes do
pensamento geográfico, a saber:

• Geografia Tradicional;

• Nova Geografia;

• Geografia Humanística;

• Geografia Radical.

Vamos compreender com mais detalhes cada uma delas?

• Geografia Tradicional

Apesar de ter raízes históricas ao longo dos tempos, foi somente


no Século XIX que a Geografia começou a usufruir do status de
conhecimento organizado, adentrando nas universidades. As primeiras
cadeiras de Geografia foram criadas na Alemanha, em 1870, e
posteriormente na França, sendo organizada e estruturada em função
das obras de Alexandre Von Humboldt (Figura 5) e de Carl Ritter.

20 PEDAGOGIA
Iniciando na Alemanha e na França, pouco a pouco a Geografia se
difundiu para os demais países.

Figura 5 – Alexander von Humboldt, pintura de Friedrich Georg Weitsch, 1806

Fonte: http://www.brasilescola.com/geografia/vidal-la-blache.htm

Carl Ritter foi, junto com


seu camarada Alexander
Von Humboldt, um dos
precursores da Geografia
Moderna, assim como
Alexander Von Humboldt foi um cientista de uma polivalência fundador da sociedade
que poucas vezes se observou e, haja vista como a ciência geográfica de Berlim.
Ritter foi ainda o primeiro
se desenvolveu e especializou, certamente não mais será professor de Geografia
vista. Von Humboldt desenvolveu (e se especializou em) regular e fixo em uma
universidade, sendo que
diversas áreas: foi Etnógrafo, Antropólogo, Físico, Geógrafo, a cátedra de Geografia da
Geólogo, Mineralogista, Botânico, Vulcanólogo e Humanista, universidade de Berlim foi
instituída justamente para
tendo lançado as bases de ciências como a Geografia, que ele a ocupasse.
Geologia, Climatologia e Oceanografia. Apesar de ter feito
Fonte: http://pt.wikipedia.org
várias pesquisas em seus mínimos detalhes, sempre o fez
com uma visão geral e imparcial. Com quatorze anos de
idade, fixou-se em Berlim para continuar seus estudos e,
mais tarde, frequentou as universidades de Frankfurt (oder)
e Göttingen, onde cursou Filosofia, História e Ciências
Naturais. Em 1789, com apenas vinte anos de idade, fez sua
primeira viagem de caráter científico, passando pelos Países
Baixos, Alemanha e Inglaterra e, principalmente ao longo das
margens do rio Reno, seguindo Georg Forster, um naturalista
que acompanhou o capitão Cook em sua viagem ao redor
do mundo. O resultado de toda essa exploração científica foi
uma obra intitulada Observações sobre os basaltos do Reno.
Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexander_von_Humboldt

GEOGRAFIA: perspectivas históricas e conceitos | UNIDADE 1 21


As contribuições e as ideias apresentadas pelos geógrafos alemães e
franceses tiveram grande influência no desenvolvimento dessa ciência
na primeira metade do Século XX. Se na Alemanha os trabalhos mais
significativos são os de Alfred Hettner, na França os trabalhos básicos
são os de Paul Vidal de La Blache (Figura 6).

Figura 6 – Vidal de La Blache

Paul Vidal de La Blache


(1845-1918) foi um
geógrafo francês e
um dos nomes mais
lembrados no que se
refere à história do
pensamento geográfico.
Sua obra é bastante
reconhecida por ser
fundadora da corrente
de pensamento que Fonte: http://www.brasilescola.com/
veio a ser denominada
geografia/vidal-la-blache.htm
possibilismo, em oposição
ao determinismo
geográfico alemão. Vidal Neste período, verificamos na Geografia, diversos conflitos teóricos,
também foi considerado
o fundador da escola que, em alguns casos, impediam o seu avanço como ciência. Dentre as
regional francesa.
dicotomias, podemos citar a questão quanto ao objeto: a Geografia é
Fonte: www.brasilescola. física ou é humana e deve estudar os fenômenos gerais ou os regionais?
com/geografia/vidal-la-
blache.htm
Em 1925, Alfred Hettner considerava como objetivo fundamental da
Geografia o estudo da diferenciação regional da superfície terrestre.
Esta definição foi acatada e elaborada de modo minucioso por
Hartshorne, em 1939, em sua obra "The Nature of Geography".
Outra definição referia-se à análise das influências e interações entre
o homem e o meio, que se expressou de modo claro na proposição
de Albert Demangeon, em 1942, esclarece que: "o estudo dos grupos
humanos nas suas relações com o meio geográfico". Muito mencionada
também é a definição elaborada por Emmanuel de Martonne, em sua
obra "Traité de Géographie Physique", cuja primeira edição surgiu em
1909 e a última, em 1951. De Martonne ponderou que a "geografia
moderna encara a distribuição à superfície do globo dos fenômenos
físicos, biológicos e humanos, as causas dessa distribuição e as relações
locais desses fenômenos” (AROUCHA, 2009, p. 32).

22 PEDAGOGIA
• Nova Geografia

De acordo com Feitosa (2010), entre as décadas de 1930 e 1940, o


mundo passava por um período de grandes transformações sociais e
também econômicas, surgia então uma proposta nas ciências sociais
Neopositivismo ou
denominada de neopositivismo.
positivismo lógico é uma
posição filosófica geral,
A denominação de "Nova Geografia" foi inicialmente proposta por Manley também denominada
empirismo lógico
(1966), considerando o conjunto de ideias e de abordagens que começaram ou neopositivismo,
desenvolvida por membros
a se difundir e a ganhar desenvolvimento durante a década de cinquenta. do círculo de Viena com
O surgimento de novas perspectivas de abordagem está integrado na base no pensamento
empírico tradicional e no
transformação profunda provocada pela Segunda Guerra Mundial nos desenvolvimento da lógica
moderna. O positivismo
setores científico, tecnológico, social e econômico. Esta transformação, lógico restringiu o
abrangendo o aspecto filosófico e metodológico, foi denominada de conhecimento à ciência e
utilizou o verificacionismo
"revolução quantitativa e teorética da Geografia", por lan Burton (1963). para rejeitar a metafísica
não como falsa, mas como
destituída de significado.
Tentando superar as dicotomias e os procedimentos metodológicos A importância da ciência
da Geografia Regional, a Nova Geografia desenvolveu-se procurando levou os positivistas lógicos
e proeminentes a estudar
incentivar e buscar um enquadramento maior da Geografia no o método científico e
explorar a lógica da teoria
contexto científico global. A fim de traçar um panorama genérico sobre da confirmação.
a Nova Geografia, podemos especificar algumas de suas metas básicas,
Fonte: www.brasilescola.
propostas por Christofoletti (SD) que são as seguintes: com

a) Rigor maior na aplicação da metodologia científica


- baseada na filosofia do positivismo lógico, a metodologia
científica representa o conjunto dos procedimentos aplicáveis à
execução da pesquisa científica. Pressupondo que haja a unidade
da ciência, todos os seus ramos devem-se pautar conforme os
mesmos procedimentos. Não há metodologia específica para
uma ciência, mas para o conjunto das ciências. Há métodos
científicos para a pesquisa geográfica, mas não métodos
geográficos de pesquisa;

b) Desenvolvimento de teorias - a falta de teorias explicitamente


expostas na Geografia Tradicional foi veementemente criticada
por inúmeros geógrafos. Por essa razão, sob o paradigma da
metodologia científica, a Nova Geografia também procurou
estimular o desenvolvimento de teorias relacionadas com as
características da distribuição e arranjo espaciais dos fenômenos.
Tendo em vista verificar a aplicabilidade de tais teorias, muitos

GEOGRAFIA: perspectivas históricas e conceitos | UNIDADE 1 23


geógrafos passaram a estudar os padrões de distribuição espacial
dos fenômenos (estudo de distribuições pontuais, de redes ou de
áreas), mas sem fazer estudo crítico e propor modificações ou
substituições;

c) O uso de técnicas estatísticas e matemáticas - o uso de


técnicas matemáticas e estatísticas para analisar os dados cole-
tados e as distribuições espaciais dos fenômenos foi uma das
primeiras características que se salientou na Nova Geografia. E o
seu carisma foi tão grande que se refletiu, na adjetivação empre-
gada por muitos trabalhos, a denominação de "Geografia Quan-
titativa" (PORTO, 2009);

d) A abordagem sistêmica - serve ao geógrafo como instrumento


conceitual que facilitará o tratamento dos conjuntos complexos,
como os da organização espacial. A preocupação em focalizar
as questões geográficas sob a perspectiva sistêmica representou
característica que favoreceu e dinamizou o desenvolvimento da
Nova Geografia;

e) O uso de modelos - intimamente relacionada com a verificação


das teorias, com a quantificação e com a abordagem sistêmica,
desenvolveu-se o uso e a construção de modelos. A construção
de modelos pode ser considerada como estruturação sequen-
cial de ideias relacionadas com o funcionamento do sistema. O
modelo permite estruturar o funcionamento do sistema, a fim
de torná-lo compreensível e expressar as relações entre os seus
diversos componentes (WERNECK, 2002).

Para o geógrafo, o modelo é um instrumento de trabalho que deve ser


utilizado na análise dos sistemas das organizações espaciais. Como na
quantificação, não se deve prender à construção e ao uso de modelos
pelo simples objetivo em si mesmo. Mas é um meio para melhor se
atingir a compreensão da realidade.

• Geografia Humanística

De acordo com Porto (2009), a abordagem humanística em Geografia


tem como base os trabalhos realizados por Yi-Fu Tuan, Anne Buttimer,
Edward Relph e Mercer e Powell, os significados contemporâneos da
fenomenologia são atribuídos à filosofia de Edmund Husserl (1859-
1939).

24 PEDAGOGIA
A mesma autora destaca que a Fenomenologia preocupa-se em
analisar os aspectos essenciais dos objetos da consciência, por meio
da supressão de todos os preconceitos que um indivíduo possa ter
sobre a natureza dos objetos, como os provenientes das perspectivas
científica, naturalista e do senso comum. Preocupando-se em verificar
a apreensão das essências, pela percepção e intuição das pessoas,
a Fenomenologia utiliza como fundamental a experiência vivida e
adquirida pelo indivíduo. Desta maneira, contrapõe-se às observações
de base empírica, pois não se interessa pelo objeto nem pelo sujeito. "A
fenomenologia não é nem uma ciência de objetos, nem uma ciência do
sujeito: ela é uma ciência da experiência." Edie (1962, apud ENTRIKIN,
1976, p. 45).

• Geografia Radical

Em virtude do ambiente contestatório nos Estados Unidos, nos anos


sessenta, em função da guerra do Vietnã, da luta pelos direitos civis,
da crise da poluição e da urbanização, surgiu uma corrente geográfica
preocupada em ser crítica e atuante. Vários adjetivos são mencionados
para caracterizá-la, tais como Geografia crítica, de relevância social,
marxista e radical. Dentre eles, a denominação Geografia Radical é mais
abrangente e significativa, designando tudo o que seja de tendência
esquerdista e a postura contestatória de seus praticantes (PORTO,
2009).

CATEGORIAS DE ANÁLISES GEOGRÁFICAS

Nas últimas décadas, a pesquisa em Geografia vem sendo intensificada


no sentido de definir seus objetos de estudo, delimitar seu espaço de
ação e compreender sua posição enquanto ciência preocupada com o
espaço relacional entre o homem e o ambiente.

Dessa maneira, os conceitos básicos da Geografia precisam ser


claramente entendidos. As temáticas-chave do estudo geográfico,
segundo a maioria dos pesquisadores, podem ser traduzidas em lugar,
paisagem, território, região e espaço.

GEOGRAFIA: perspectivas históricas e conceitos | UNIDADE 1 25


Todos esses conceitos dizem respeito à ação humana sobre a superfície
terrestre e não podem ser vistos de forma isolada. Há sempre uma
grande relação entre eles, em que um dá significado ao outro. Dessa
forma, vamos iniciar nosso estudo pelo conceito de espaço.

Definir o conceito de espaço não é algo simples. Ao longo das décadas,


cada uma das correntes definia espaço sobre um determinado ponto de
vista. Dessa maneira, para uns, o espaço é o palco do poder, para outros
ele tem uma dimensão social e para alguns, o reflexo das inúmeras
contradições da sociedade. Sendo assim, o espaço é extremamente
complexo e apresenta várias dimensões.

O espaço geográfico é o objeto de estudo da Geografia e pode ser


definido como o resultado da interação da sociedade com a natureza
Harvey (2001), Soja (1993) e Santos (1999, 2002) afirmam que o
espaço geográfico não pode ser separado do tempo, simultaneamente,
físico, mental e social, ou como afirmou Corrêa (1982) baseado em
Harvey, o espaço é absoluto, relativo e relacional. O espaço geográfico
é de todos, é o “espaço banal” (SANTOS, 1999), é também o espaço
até daqueles que não acreditam nele.

O lugar pode ser definido como o espaço de vivência de um grupo


humano, como a parte do espaço geográfico, efetivamente, apropriado
para a vida, área onde se desenvolvem as atividades cotidianas ligadas
à sobrevivência e às diversas relações estabelecidas pelos homens.
Para compreensão deste conceito, evoca-se a “valorização das relações
de afetividade desenvolvidas pelos indivíduos em relação ao seu
ambiente” (SANTOS, 2002, p. 22). O lugar significa muito mais do
que, simplesmente, uma localização geográfica, ele está relacionado
aos diversos tipos de experiência e envolvimento com o mundo.

Além disso, o lugar também se associa ao sentimento de pertencer a


determinado espaço, de identificação pessoal com uma determinada
área. Cada localidade possui características próprias que, em conjunto,
conferem ao lugar uma identidade própria e cada indivíduo que
convive com o lugar, com ele se identifica. Dessa forma, o lugar garante
a manutenção interna da situação de singularidade. As parcelas do
espaço geográfico com a qual cada indivíduo se relaciona e interage
compõe o seu lugar. Cada pessoa terá um lugar diferente da outra, na

26 PEDAGOGIA
medida em que ambas possuem vida e cotidiano diferentes. O lugar
possui também íntima relação com os aspectos culturais que marcam
cada sociedade.

Para Lisboa (2000), o conceito de paisagem pode ser compreendido com


tudo que os sentidos humanos podem perceber e apreender da realidade
de determinado espaço geográfico ou parte dele, pois o mesmo está
diretamente relacionado à sensibilidade humana. No olhar de Feitosa (2010),
a paisagem é entendida como a expressão materializada das relações do
homem com a natureza num espaço circunscrito. Já para Santos (1997),
paisagem vai além, definindo esse conceito da seguinte forma: “Paisagem
é o domínio do visível e não se forma apenas de volumes, mas também de
cores, movimentos, odores, sons etc. É o conjunto de objetos que nosso
corpo alcança e identifica” (SANTOS, p. 12, 1997).

O conceito de território faz parte da esfera política, diz respeito ao


espaço geográfico a partir de uma concepção que privilegia o político
ou a dominação-apropriação, já que os territórios são formados
fundamentalmente a partir de relações de poder de determinado
agente. As fronteiras territoriais também são essenciais, uma vez que
delimitam a área alcançada por essas relações de poder, sendo as
mais conhecidas, as fronteiras nacionais e outras delimitações políticas
como, por exemplo, subdivisões estaduais internas. Da mesma forma
que ocorre com vários dos demais conceitos, podemos identificar
territórios em níveis escalares diferentes como, por exemplo, em escala
mundial, nacional, regional e local. De acordo com Souza (1995, p. 55)
o território pode ser entendido como um:

campo de forças, uma teia ou rede de relações sociais


que, a par de sua complexidade interna, define, ao
mesmo tempo, um limite, uma alteridade: a diferença
entre nós (o grupo, os membros da coletividade ou
‘comunidade’, os insiders) e os ‘outros’ (os de fora,
os estranhos, os outsiders). Assim, os territórios são
estáveis ou instáveis, formam-se e dissolvem-se,
existindo apenas periodicamente, com poder exclusivo
ou não.

O conceito de região passou por vários momentos de discussão no


interior da Geografia desde sua gênese, em que seu significado foi
sendo alterado de acordo com o direcionamento científico. As alterações
referentes ao conceito de região se verificam devido a mudanças

GEOGRAFIA: perspectivas históricas e conceitos | UNIDADE 1 27


dentro da própria Geografia, tendo passado pelo uso das seguintes
classificações:

- região natural (surge a partir da inspiração da geologia e enten-


de-se que o ambiente tem certo domínio sobre a orientação do
desenvolvimento da sociedade, configurando o determinismo
geográfico);
- região geográfica ou região-paisagem (em que admite-se que a
sociedade não é determinada pelo meio em que vive, mas dele
dispõe como deseja, transformando-o segundo suas possibili-
dades);
- região homogênea e a região funcional (tendo como pressupos-
tos análises de âmbito econômico).
E o conceito de região associado ao sentimento de pertencimento da
população a uma parte do espaço.

O conceito de região é muito importante para a Geografia, pois


regionalizar significa dividir ou organizar em regiões. Existem inúmeras
regionalizações do espaço geográfico, dependendo dos objetivos e
critérios. As Figuras 7 e 8 mostram um mesmo espaço, o Brasil, sendo
dividido de duas formas diferentes.

Figura 7 – Brasil

Fonte: http://pt.slideshare.net/paulotmo/regionalizao-do-brasil-ibge

28 PEDAGOGIA
Figura 8 – Brasil

Fonte: http://pt.slideshare.net/paulotmo/regionalizao-do-brasil-ibge

Regionalização Brasileira

Regionalização oficial do IBGE

Devido a sua grande extensão territorial e a enorme variedade


de seus elementos naturais e humanos, o Brasil é frequentemente
chamado de país-continente. Pelos mesmos motivos, nosso
país apresenta consideráveis diferenças regionais, como altas
densidades demográficas, elevados índices de analfabetismo,
entre outros.

Região Geográfica é uma parte do espaço com determinadas


características naturais e sociais que conferem semelhanças às
paisagens.

Além das desigualdades populacionais e sociais que caracterizam


o espaço brasileiro, observamos também grandes contrastes na
paisagem natural e nas formas de ocupação do espaço. Ao lado
de uma área quente e úmida como a Amazônia ou o litoral, há

GEOGRAFIA: perspectivas históricas e conceitos | UNIDADE 1 29


uma região quente e seca como o Sertão do Nordeste. Não muito
longe das áreas industrializadas e muito urbanizadas do estado de
São Paulo, encontram-se grandes áreas rurais nos estados de Goiás e
Mato Grosso. O IBGE propôs a primeira divisão do território nacional,
que será apresentado a seguir:

Regionalização de 1940

A regionalização do território brasileiro de 1940 fundamentou-se


no critério fisiográfico, sendo a vegetação o principal parâmetro. A
divisão ficou compreendida em:

• Norte – Amazonas, Pará, Território do Acre, Maranhão e Piauí;

• Nordeste – Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e


Alagoas;

• Leste – Sergipe, Bahia e Espírito Santo;

• Centro – Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais;

• Sul – Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio


Grande do Sul.

Regionalização de 1945

Em 1945, o IBGE fez uma nova proposta de divisão regional do


Brasil, desta vez com base no quadro físico do território. Na época,
foram denominadas regiões naturais pelos geógrafos:

• Norte – Amazonas, Território do Rio Branco, Território do


Amapá e território de Guaporé;

• Nordeste Oriental – Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,


Pernambuco e Sergipe;

• Leste Setentrional – Bahia;

• Leste Meridional – Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito


Santo;

• Sul – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul;

Território de Ponta Porã – oeste e parte do Pantanal de Mato


Grosso do Sul;

• Território do Itaguaçú – oeste do Paraná e Santa Catarina.

30 PEDAGOGIA
Regionalização de 1970

Em 1968, uma nova divisão foi feita com base na organização


da produção em função do desenvolvimento industrial. A nova
regionalização baseou-se não apenas nas semelhanças físicas das
paisagens, mas também nas características econômicas e sociais.

• Norte – Amazonas, Pará, Território de Roraima, Amapá, Acre e


Rondônia;

• Nordeste – Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pa-


raíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.

• Centro-Oeste – Mato Grosso e Goiás;

• Sudeste – Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São


Paulo;

• Sul – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Regionalização de 1988 ou atual

A última divisão regional do Brasil foi estabelecida pelo IBGE em


1988 com a criação do estado de Tocantins, antes pertencente
ao estado de Goiás. Com o desmembramento, essa porção do
território deixou de fazer parte da Região Centro-Oeste, por suas
características naturais e em virtude das formas particulares de
ocupação do espaço e, foi considerada parte integrante da região
Norte. A regionalização do IBGE é a mais utilizada em livros, jornais,
revistas e pela mídia em geral. Os críticos dessa divisão regional
afirmam que ela se baseia nos limites dos estados brasileiros, pois
nem sempre essas divisões são adequadas para delimitar regiões.

• Norte – Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Acre, Rondônia e


Tocantins;

• Centro-Oeste – Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Dis-


trito Federal;

• Nordeste – Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pa-


raíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia;

• Sudeste – Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito do


Santo;

• Sul – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

GEOGRAFIA: perspectivas históricas e conceitos | UNIDADE 1 31


Criticas ao modelo do IBGE

Esse modelo é criticado pelo fato de não respeitar os limites naturais e


humanos, no momento em que procura respeitar os limites políticos
administrativos, deixa de respeitar a heterogenia, a diversidade
histórico-cultural, presente, muitas vezes, em um mesmo estado.
Dessa forma, acaba distorcendo um pouco as informações, por
exemplo: segundo o modelo regional do IBGE, o Maranhão está
inteiramente na região norte, sendo que parte do Maranhão possui
características naturais, históricas e socioeconômicas semelhante
à região nordeste. Outra crítica também é que os dados utilizados
estão desatualizados (são de 1988), logo a dinâmica econômica
em algumas regiões mudaram, precisando, assim, de uma nova
regionalização.

Fonte: http://gp-141.pot.com.br/2011/03/objetivo-da-regionalizacao.html

Diante do exposto até agora, podemos concluir que o espaço


geográfico é múltiplo, dinâmico e pode ser compreendido por
meio do conceito de paisagem, território, lugar, região, espaço.

Concordamos com Carlos (2007, p.17), quando afirma que:

São os lugares que o homem habita dentro da cidade


que dizem respeito a seu cotidiano e a seu modo de
vida, onde se locomove, trabalha, passeia, flana, isto é
pelas formas através das quais o homem se apropria e
que vão ganhando o significado dado pelo uso. Trata-
se de um espaço palpável – a extensão territorial, e
exterior a nós, no meio do qual nos deslocamos. Nada
também de espaços infinitos. São eles: a rua, a praça,
o bairro, - espaços do vivido, apropriados através do
corpo – espaços públicos, divididos entre zonas de
veículos e a calçada de pedestres dizem respeito ao
passo e a um ritmo que é humano e que pode fugir
aquele do tempo da técnica (ou que pode revelá-la
em sua amplitude). E também o espaço da casa, dos
circuitos de compra dos passeios etc.

Dessa maneira, concordamos com o autor (Carlos, 2007), que o


conceito de lugar, apresentado na citação nos anos iniciais do ensino

32 PEDAGOGIA
fundamental, deve priorizar a base e a percepção dos alunos, em relação
ao espaço no qual estes estão inseridos, tendo como marco inicial, o seu
próprio corpo. Pois “é através de seu corpo e de seus sentidos que ele
constrói e se apropria do espaço e do mundo”. (CARLOS, 2007, p.12)

A Geografia deve ensinar a ler o mundo e essa leitura deve ser a partir
do lugar, considerando o seu espaço vivido.

Resumo

Nesta unidade, abordamos as perspectivas históricas da Geografia como


ciência, suas fases, modificações em relação a cada período ou escola do
pensamento geográfico. Destacamos a sua sistematização e a influência
que a ciência geográfica continua tendo na contemporaneidade.
Apresentamos os conceitos básicos da Geografia: espaço, território,
paisagem, região e lugar, bases para a análise do espaço geográfico em
suas múltiplas dimensões.

Atividades de aprendizagem

1 Trace um roteiro sobre o nosso estudo inicial, de forma a


desenvolver uma história da relação entre você e a disciplina
Fundamentos e Metodologia da Geografia, destacando:

• quanto deseja dedicar-se para aprofundar seus


conhecimentos;
• quais expectativas tem em relação aos conhecimentos
geográficos;
• quais as expectativas quanto a, futuramente, ensinar
conhecimentos geográficos para crianças dos anos

GEOGRAFIA: perspectivas históricas e conceitos | UNIDADE 1 33


iniciais, de forma a construir um diferencial em seus
estudos?

2 O que favoreceu aos gregos desenvolverem tantos


conhecimentos de Geografia a ponto de iniciarem a sua
sistematização escrita?

3 Construa um texto sobre a ciência geográfica, procurando


evidenciar os principais tópicos trabalhados, de forma a
reconhecer as origens dessa ciência.

4 O rompimento radical com a Geografia Tradicional e a


Pragmática é denominado Geografia Crítica. Essa corrente
geográfica propõe um discurso geográfico político que, ao
analisar o espaço, o concebe como produto da sociedade em
sua relação com o trabalho e o capital. Como você percebe a
geografia crítica?

5 Discorra a respeito dos conceitos básicos da Geografia.

AROUCHA, Gilberto Matos. Pensamento Geográfico: contribuição


para a formação de professores. São Luís: Estação Gráfica, 2009.

ANDRADE, Manoel Correia de. Geografia, ciência da sociedade:


uma introdução à análise do pensamento geográfico. São Paulo: Atlas,
1992.

CARLOS, Ana Fani Alessandri. O lugar no/do mundo. São Paulo:


Labur, 2007.

CORREA, Roberto Lobato. Origens e tendências. Rio de Janeiro,


1982.

34 PEDAGOGIA
CHRISTOFOLETTI, Antonio. As perspectivas dos estudos
geográficos (S/D). Disponível em: www.sigcursos.tripod.com/
perspectivas.pdf

FEITOSA, Antonio Maurilio Alencar. Fundamentos e Metodologia


da Geografia. Editora Unimontes, Montes Claros, 2010.

HARVEY, David. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as


origens da mudança cultural. 2 ed. São Paulo: Loyola, 2001.

LISBOA, Sarah Severina. A importância dos conceitos da geografia


para a aprendizagem de conteúdos geográficos escolares. Universidade
Federal de Viçosa. Revista Ponto de Vista, v. 4, p. 23-35.

RODRIGUES, Auro de Jesus. Geografia: introdução a ciência


geográfica. São Paulo: Editora AVERCAMP, 2008.

PORTO, Iris Maria Ribeiro. Fundamentos e Metodologia da


Geografia. Vol1. São Luis, 2009.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e


emoção. 3 ed. São Paulo: Hucitec, 1999.

SEABRA, Odete. O espaço no Fim do Século: a nova raridade.


In: DAMIANI, A. L.; CARLOS, A. F. A.. (Org.). São Paulo: Editora
CONTEXTO,1999.

SOJA, Edward W. Geografia pós-moderna: a reafirmação do espaço


na teoria critica. Rio de Janeiro: Zahar, 1993.

WERNECK, Nelson. Introdução à Geografia. Rio de Janeiro: Vozes,


2002.

GEOGRAFIA: perspectivas históricas e conceitos | UNIDADE 1 35


UNIDADE

2
OBJETIVOS DESTA UNIDADE
A CRIANÇA E O PROCESSO DE
Conhecer e caracterizar
CONSTRUÇÃO DAS RELAÇÕES as noções espaciais
elementares;
ESPACIAIS ELEMENTARES Analisar a importância
das construções de
noções espaciais
elementares a serem
desenvolvidas nos anos
iniciais;

N
Explicar como a criança
esta Unidade, vamos estudar os principais conceitos
amplia a sua relação
relativos à Geografia nos anos iniciais do ensino com o meio para um
fundamental. Abordaremos também, as questões enfoque mais objetivo da
realidade.
topológicas, elementares e noções espaciais projetivas e
euclidianas, importantíssimas para o domínio do espaço pelas
crianças, especialmente na faixa etária dos anos iniciais. Além
disso, indicaremos conceitos e metodologias nos conteúdos que
são desenvolvidos nos anos iniciais e apresentaremos sugestões
para você desenvolver metodologias, destacando o local e o global
na construção da identidade da criança diante de sua realidade.
De acordo com Porto (2009), a leitura geográfica do mundo é
um processo que se inicia muito antes da entrada da criança
na escola, por meio das relações que ela vai estabelecendo
no espaço vivido e vai se ampliando à medida que avança na
compreensão quantitativa e qualitativa desse espaço. Castro
Giovanni (2004) afirma que, no início, as noções espaciais
da criança são muito limitadas. Primeiro recorre ao corpo em
movimento para distinguir distâncias, depois percebe as distâncias
e a posição do objeto, valendo-se dos sentidos (visão) e, mais tarde,
concebe o espaço abstrato, passando a observar os objetos pelas
representações que são estabelecidas entre ela e o seu entorno.

A compreensão do mundo e os saberes que são trazidos


pela criança constituem parte da alfabetização da leitura
de mundo, objeto importante nessas observações. Perez
(2001, p.107) cita que é importante valorizar esse saber:

[...] alfabetizar-se na leitura de mundo é respeitar esses


saberes de que nos fala Freire, é valorizar a sabedoria
que resulta das experiências culturais locais da criança,
para possibilitar que ela avance para além de suas
crenças em torno de si com o mundo.

Santos (2001) destaca que para a criança construir a noção de espaço,


é necessário despertar nela o sentido geográfico para, assim, começar
a pensar sobre ele. Para o autor, isso significa saber identificar a rede
de relações políticas, econômicas, sociais e culturais da organização
desse espaço. É perceber que ela está sujeita às várias relações que são,
ao mesmo tempo, locais, regionais, nacionais e internacionais. Essa
identificação contribuirá na compreensão de como a realidade local
relaciona-se com o contexto global.

Nessa mesma perspectiva, Feitosa (2010, p. 27) afirma que:

ao longo da sua vida, a criança vai desenvolvendo


noções espaciais: ela se situa se orienta e se localiza
em um espaço determinado. Essas capacidades
vão se desenvolvendo de acordo com a variedade
de experiências corporais vividas. Por isso, é
importante que as crianças nas séries iniciais
vivenciem experiências que lhe permitam trabalhar a
psicomotricidade. A noção de espaço é construída nas
crianças gradativamente.

38 PEDAGOGIA
Feitosa (2010) também destaca que é extremamente importante que
as crianças nos anos iniciais vivenciem experiências que lhe permitam
trabalhar a psicomotricidade, visto que a noção de espaço é construída
nas crianças progressivamente, conforme Figura 1, a seguir:

Figura 1 – Noção de espaço da criança

Espaço Espaço Espaço


vivido Percebido Concebido

Fonte: elaborado pela Autora, 2014

É interessante observar o que cada um dos significados,


propostos no esquema, apresenta, de forma detalhada, o espaço vivido
pela criança. Para Almeida e Passini (1994), é importante destacar que:

• O espaço vivido refere-se ao espaço físico, vivenciado


através do movimento e do deslocamento;

• O espaço percebido é aquele que não precisa ser mais


experimentado fisicamente;

• A noção do espaço concebido ocorre por volta dos 11-


12 anos, em que as crianças são capazes de estabelecer
relações espaciais através de sua representação.

Nesse contexto, a noção do espaço pela criança ocorre a partir do


nascimento: ao ser tocada e acariciada, a criança inicia o processo de
aprendizagem do espaço. Ela começa a tomar consciência do próprio
corpo lentamente. À medida que o bebê se desenvolve, obtém maior
domínio sobre o espaço próximo. Ao sentar, amplia o seu campo de
visão e, consequentemente, conquista maior liberdade motora. Em
alguns meses, conquista maior domínio sobre o espaço ao conseguir
rolar, arrastar e engatinhar. Nessa trajetória, a criança vai adquirindo as
noções espaciais.

Ao observar a Figura 2, a seguir, podemos ter uma ideia dessas questões.


O domínio das noções pressupõe que a criança seja capaz de indicar a
posição dos objetos em relação ao outro.

A CRIANÇA E O PROCESSO DE CONTRUÇÃO DAS RELAÇÔES ESPECIAIS ELEMENTARES | UNIDADE 2 39


Figura 2 – Percepção da criança acerca da posição de objetos

As três noções
elementares:

Lateralidade:
corresponde à noção
de direita e esquerda
que uma pessoa deve
desenvolver para se
orientar (a direita de, à
esquerda de);
Fonte: http://www.smartkids.com.br/especiais/nocoes-espaciais.html
Anterioridade:
corresponde à noção
de ordem e sucessão Para Porto (2009), com a evolução da capacidade de abstração
de objetos no espaço, a
partir de um determinado empírica, a criança passa a ter condições de identificar outras formas
ponto de vista (antes de,
depois de, entre, a frente topológicas: fechado/aberto, perto/longe, contínuo/descontínuo, sem
de); reconhecer ainda as formas euclidianas: retângulo, círculo, quadrado;
Profundidade: e as relações euclidianas de distância como: retilinearidade, angulação,
corresponde à noção de
posição com relação à inclinação e paralelismo.
variação na vertical (em
cima, no alto, em cima Porto (2009) destaca que no início do processo de distinção entre as
de, sobre; abaixo de, o
fundo de, debaixo de). formas curvilíneas (círculo e elipse) e retilíneas (retângulo, quadrado
e triângulo), a criança ainda não as diferencia entre si. À medida que
cresce, a criança vai desenvolvendo a capacidade de percepção do
mundo, deixando de depender apenas da observação empírica e do
fato concreto, para construir seus conhecimentos. É interessante analisar
o que é destacado na percepção da criança em relação ao espaço:

Não precisa mais estar ligada a sons, cores, movimentos


e formas que são indispensáveis para a criança pequena
na evolução de seus conhecimentos, de suas relações
sociais. A noção de espaço é, portanto, anterior à
escolarização e sua construção ocorre através de
etapas de descentração do raciocínio na convivência
natural com muitos desses conhecimentos, através
dos brinquedos, das brincadeiras e dos jogos. (Porto,
2009, p. 24)

Quando a criança chega à escola, já tem condições para registrar o que


observa em seu entorno, do meio em que vive, dos espaços próximos
a ela. Do 1º ao 4º ano, essas noções se ampliam consideravelmente,

40 PEDAGOGIA
uma vez que a criança evolui nesse conhecimento dos 7 aos 10 anos,
embora só atinja a capacidade para desenvolver as relações euclidianas
aos 11 ou 12 anos.

A sequência de desenhos de crianças (Figuras 3, 4, 5 e 6) demonstram como


a criança vai evoluindo em sua percepção de espaço, passando a incluir
a cada ano cronológico diferente e, ao mesmo tempo, muito próximo,
novos elementos de seus conhecimentos conceituais, informações e suas
percepções do espaço conforme suas representações e vivências.

Figura 3 – Espaço por uma criança de 3 anos de idade

Fonte: revistaescola.abrilcom.br

Figura 4 – Espaço por uma criança de 4 anos

Fonte: www.acrilex.com

A CRIANÇA E O PROCESSO DE CONTRUÇÃO DAS RELAÇÔES ESPECIAIS ELEMENTARES | UNIDADE 2 41


Figura 5 – Espaço por uma criança de 5 anos

Fonte: revistaescola.abril.com

Figura 6 – Espaço por uma criança de 6 anos

Fonte: www.lideranca.com.br

RELAÇÕES ESPACIAIS TOPOLÓGICAS ELEMENTARES

Para Castellar e Justo (2013), desde muito pequenas, as crianças


constroem concepções iniciais de conceitos relativos ao espaço por
meio das suas percepções, das experiências com os objetos, o meio e
das soluções para os obstáculos que encontra. Para tomar consciência
daquilo que aprendem, é importante que a escola traga desafios
que desestabilizem as relações habituais das crianças com o espaço,
propondo novas construções, deslocamentos, desenhos etc., buscando
a exploração espacial em três perspectivas: as relações espaciais
contidas nos objetos, as relações espaciais entre os objetos e as relações
espaciais nos deslocamentos (BRASIL, 1998).

42 PEDAGOGIA
No olhar de Feitosa (2010), destacamos na Figura 7, as relações
espaciais topológicas que são as primeiras relações que se estabelecem
no espaço próximo:

• Dentro;

• Fora;

• Ao lado;

• Na frente;

• Atrás;

• Perto;

• Longe.

Figura 7 – Relações espaciais topológicas

Fonte: cemma.net.br

Para Almeida e Passini (1994), as relações se processam no plano


perceptivo e tem o seguinte arranjo:

vizinhança

separação ordem

envolvimento continuidade

Fonte: Almeida e Passini, 1994

A CRIANÇA E O PROCESSO DE CONTRUÇÃO DAS RELAÇÔES ESPECIAIS ELEMENTARES | UNIDADE 2 43


Para o autor, as principais características das relações espaciais se
processam da seguinte ordem:

Vizinhança - a criança percebe os objetos no mesmo plano, próximos. O que


está ao lado.
Separação - a criança percebe que os objetos estão unidos, que são separados.
A ideia de fronteira.
Continuidade - a criança percebe que as localizações são contínuas e que o
espaço forma um todo. Cada área considerada correponde a um recorte do
espaço.
Ordem - a criança percebe que, entre os elementos, existe uma posição anterior,
intermediaria ou posterior a outros objetos. A ideia do que vem antes e do que
vem depois.
Envolvimento - a criança percebe que, entre alguns objetos, exite uma relação
de envolvimento, que os trechos se encaixam. O espaço que está ao entorno.
Fonte: Feitosa, 2010

De acordo com Feitosa (2010), as noções não envolvem referenciais


precisos de localização, mas são a base para se trabalhar o espaço
geográfico e cartográfico.

DESCENTRALIZAÇÃO, CONSERVAÇÃO E
REVERSIBILIDADE

Segundo Piaget, o pensamento intuitivo se fundamenta


no que a criança percebe ou naquilo que parece
estar acontecendo, isso ocorre em toda situação de
aprendizagem que a criança realiza em seu meio. É através
desse “processo intuitivo” que a criança começa a se
dar conta de que, muitas vezes, os seus referenciais não
correspondem ao que realmente acontece e então, começa
a não ver mais tanta precisão em seus referenciais para se
localizar e/ou se orientar. Ela, que antes usava seu próprio
corpo como referencial, passa a lançar mão de outros
meios, percebendo que isso não altera a localização do
objeto. Passa, então, a relacionar os objetos espacialmente,
fazendo a coordenação de diferentes pontos de vista ou

44 PEDAGOGIA
usando um sistema de coordenadas. Esse processo é chamado
de descentralização, sai do egocentrismo infantil para um
enfoque mais objetivo. Conservação e reversibilidade são
dois conceitos que mostram que, nessa faixa etária, a relação
entre objetos só é percebida em um sentido e de forma
estática, a reversão das posições ainda não é percebida.
No processo de descentralização, a criança projeta um eixo
sobre os objetos para localizá-los independentemente de sua
posição, assumindo uma postura observadora. Esse processo
é gradativo, à medida que percebe que os objetos possuem
partes e lados, a criança concebe as estruturas espacialmente,
indo além das estruturas topológicas elementares.

Fonte: Almeida e Passini, 2004

RELAÇÕES ESPACIAIS PROJETIVAS E EUCLIDIANAS

Para Almeida e Passini (2004), o aparecimento da perspectiva


traz uma alteração qualitativa na concepção espacial na criança,
que passa a conservar a posição dos objetos e a alterar o ponto
de vista até atingir as relações espaciais projetivas. Para os
autores, isso ocorre juntamente com o surgimento da noção de
coordenadas que situam os objetos uns em relação aos outros e
englobam o lugar do objeto e seu deslocamento em uma mesma
estrutura. Isto corresponde às relações espaciais euclidianas.

A organização espacial do adulto envolve perspectivas e


coordenadas, de modo que é capaz de localizar-se e orientar-se,
usando referenciais abstratos (Figura 8), buscando relações espaciais
projetivas e euclidianas.

A CRIANÇA E O PROCESSO DE CONTRUÇÃO DAS RELAÇÔES ESPECIAIS ELEMENTARES | UNIDADE 2 45


Figura 8 – Organização espacial do adulto

Fonte: Almeida e Passini, 2004

Observando a figura acima, percebemos que as noções


projetivas e euclidianas se complementam. O desenvolvimento
dessas noções acontecem de forma simultânea, como destaca
Castellar (2005). Para a autora, é possível afirmar que:

A evolução conceitual das relações espaciais


topológicas ocorrerá, simultaneamente, com as
projetivas e euclidianas, porque será desenvolvida
a noção de proximidade e afastamento (perto,
longe), dentro e fora, área, tamanho, parte e todo
(CASTELLAR, 2005, p. 15).

No olhar de Feitosa (2010), é importante que a noção de espaço tenha


vivência nas bases. O autor destaca que o professor dos anos inicias
deve ser o mediador de situações que promovam tais vivências.

Nesse sentido, é importante observar que:

[...] a intervenção pedagógica é importante, pois o


professor tem condições de organizar e propor situações
que levem o aluno a reflexão, possibilitando que ele
elabore suas hipóteses, que se aproprie e busque
soluções para problemas que lhes sejam significativos.
Essa é a base do que se chama de construtivismo, ou

46 PEDAGOGIA
seja, as noções infantis são desestruturadas para serem
reestruturadas em direção ao conhecimento cientifico”
(FEITOSA, 2010, p. 32).

Construtivismo significa a
ideia de que nada, a rigor,
SUGESTÕES METODOLÓGICAS PARA O TRABALHO DO está pronto, acabado, e de
que, especificamente, o
PROFESSOR SOBRE NOÇÃO DO ESPAÇO: conhecimento não é dado,
em nenhuma instância,
como algo terminado. Ele
• Achar um tesouro, seguindo pistas que trabalhem a ampliação do se constitui pela interação
espaço, como: caminhar para o lado esquerdo, avançar para o do indivíduo com o meio
físico e social, com o
norte, dobrar à direita etc.; simbolismo humano, com
o mundo das relações
sociais; e se constitui por
• Caminhar com as crianças criando situações como deixar marcas força de sua ação e não
para voltar pelo mesmo trajeto, observando as marcas da paisagem por qualquer dotação
prévia, na bagagem
para se localizar. Observar durante o trajeto o que é móvel e o que hereditária ou no meio,
de tal modo que podemos
é fixo, listar o que viram à esquerda e à direita, à frente e atrás; afirmar que antes da
ação não há psiquismo
• Desenhar uma paisagem urbana ou rural e depois, em sala de nem consciência e, muito
menos, pensamento.
aula, construir uma maquete em que estejam incluídos todos os
Fonte: http://www.
elementos observados pela criança, procurando fazê-lo de forma crmariocovas.sp.gov.br
individual, para que esta perceba as diferenças de cada paisagem.

Resumo

Nesta Unidade, estudamos que, ao longo da vida, a criança vai


desenvolvendo noções espaciais. Pois ela se situa, se orienta e se
localiza em um espaço determinado. Essas capacidades vão se
desenvolvendo de acordo com a variedade de experiências corporais
que são desenvolvidas durante a sua infância. Durante esse período, a
criança vai adquirindo noções espaciais. Essas noções dizem respeito
aos conhecimentos referentes aos espaços por ela vivenciados.

A CRIANÇA E O PROCESSO DE CONTRUÇÃO DAS RELAÇÔES ESPECIAIS ELEMENTARES | UNIDADE 2 47


Atividades de aprendizagem

1 De acordo com suas pesquisas e leituras, quais as diferenças


que podemos perceber entre as crianças que iniciam os
primeiros anos (1º e 2º) e as que estão no 3º, 4º e 5º ano
em relação ao seu conhecimento espacial?

2 Considerando o conteúdo desta Unidade, relate


características referentes às relações espaciais projetivas e as
relações euclidianas.

3 Você concorda que desde cedo, a criança começa a


desenvolver noções espaciais que propiciam o domínio do
seu corpo e as relações de espaço externos a ele? Justifique
sua resposta.

ALMEIDA, Rosângela; PASSINI, Elza. O espaço geográfico: ensino e


representação. São Paulo: Contexto, 2004.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação


Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação
infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. 3v.

CASTELLAR, Sonia Maria. Educação Geográfica: a psicogenética e


o conhecimento escolar. Cad. Cedes, Campinas, V. 25, 2005.

CASTELLAR, Sonia; JUSTO, Glaucia. Explorando o conceito de


espaço com crianças do 1 ano do ensino fundamental. In: VI
Congresso Internacional de Ensino de Matemática. Canoas, Rio Grande
do Sul, 2013.

48 PEDAGOGIA
CASTRO GIOVANNI, Antônio Carlos (Org.). Ensino de Geografia:
praticas e textualizações no cotidiano. Porto Alegre: mediação: 2000.

FEITOSA, Antônio Maurilio Alencar. Fundamentos e Metodologia


da Geografia. Montes Claros: Editora Unimontes, 2010

PEREZ, leitura do mundo/leituras do espaço: um diálogo entre Paulo


Freire e Milton Santos. In: Garcia, Regina Leite (Org.). Novos olhares
sobre a alfabetização. São Paulo: Cortez, 2001.

PORTO, Iris Maria Ribeiro. Fundamentos e Metodologia da Geografia.


v.1. São Luis, 2009.

SANTOS, Milton. Metamorfose do espaço habitado. São Paulo:


Hucitec, 2001.

A CRIANÇA E O PROCESSO DE CONTRUÇÃO DAS RELAÇÔES ESPECIAIS ELEMENTARES | UNIDADE 2 49


UNIDADE

3
O ENSINO DA GEOGRAFIA NOS ANOS OBJETIVOS DESTA UNIDADE

INICIAIS Descrever os conteúdos


básicos da Geografia a
serem desenvolvidos nos
anos iniciais;

Estabelecer práticas que


encaminhem métodos
e técnicas adequados
para os primeiros anos

N
esta unidade, vamos analisar a questão como o cinema, a
música, o jornal e o livro
metodológica do ensino de Geografia e a sua
didático na construção
importância na atualidade. Esta ciência estuda de conhecimentos
o espaço geográfico e as interações do ser humano nesse geográficos;
espaço. Outro aspecto diz respeito à necessidade de
Explicar a importância
estabelecer práticas que encaminhem métodos e técnicas
dos recursos didáticos nos
adequados para os primeiros anos do ensino fundamental anos iniciais e as inúmeras
como o cinema, a música, e outros recursos na construção possibilidades práticas
de conhecimentos geográficos. desses recursos
COMO ENSINAR GEOGRAFIA

Para Porto (2009), é comum nas reflexões sobre o ensino


de Geografia para a contemporaneidade em qualquer nível
e, especialmente, nos primeiros anos, dizer que o professor
precisa estimular um permanente diálogo do aluno com os
saberes de seu mundo, sua realidade, suas emoções e sonhos,
para que ele possa se relacionar com o dinamismo de sua vida
e história, dessa forma perceber a Geografia no seu dia a dia.

Corroboramos com a ideia da autora, quando ela afirma que:

O mundo da criança é multicolorido, cheio de elementos


televisivos, de informações, um universo midiático
complexo, em que há muitas informações onde crianças
e jovens devem assimilar e reacomodar seus códigos
comunicacionais para captar o ritmo vertiginoso das
mudanças que a realidade lhes impõe. Esse mundo
precisa ser considerado no ensino quanto aos aspectos
metodológicos, especialmente em Geografia que,
tradicionalmente, tem sido apresentada às crianças com
um caráter descontextualizado como dia a dia dela e
sem dinamicidade (PORTO, 2009, p. 38).

Portanto, é indispensável que o professor dos anos iniciais trabalhe de


forma contextualizada e contínua, além disso, é importante que este
possa incentivar os alunos a perceberem o espaço no qual estão inseridos
de forma dinâmica, apresentando a ciência geográfica contextualizada
com o dia a dia da criança.

Feitosa (2010) destaca que os anos iniciais do ensino fundamental é


um período em que se espera que seja executada a função de preparar
os alunos em relação às habilidades básicas para a construção de
conceitos de diversas disciplinas, para os anos posteriores. Para o autor,
nessa fase do ensino são desenvolvidas habilidades de leitura e escrita
da língua oficial e dos números.

Piaget (S/D) afirma que há um modo típico de relacionamento como


meio para cada fase que a criança atravessa, determinado por uma

52 PEDAGOGIA
estrutura própria, que é importante no mecanismo do conhecimento
do mundo e para as diversas leituras que a criança fará ao longo de
sua vida. Esse processo ocorre a partir da imagem formada pela leitura
visual que vai sendo elaborada, da formação das noções espaciais,
temporais, de números, de longitude e de quantidades físicas, em todas
as categorias.

Dessa maneira, todo conhecimento deve ser construído pela criança


por meio de suas ações em interação com o meio e o conhecimento
anterior já organizado na mente, que proporcionam a acomodação
dos conhecimentos percebidos que passam a ser assimilados. Para
Freire (1990), a localização do educando é o ponto de partida para a
construção do mundo. O autor afirma que:

O que tenho dito sem cansar, e redito, é que não


podemos deixar de lado, desprezado como algo
imprestável, e que educandos, sejam crianças
chegando à escola ou jovens e adultos a centros de
educação popular, trazem consigo de compreensão de
mundo, das mais variadas dimensões de sua prática
social. Sua fala, sua forma de contar, de calcular, seus
saberes em torno da saúde, do corpo, da sexualidade,
da vida, da morte, da força, dos conjuntos (FREIRE,
1990, p. 86).

Dessa maneira, Feitosa (2010) destaca que no ensino tradicional são


privilegiados as habilidades básicas:

- Literacia, habilidade da escrita;


- Articulacia, habilidade da fala;
- Numeracia, habilidade de lidar com os números.
Para o autor, a habilidade para lidar com o espaço é tão fundamental,
quanto saber ler e lidar com os números e deve ser trabalhada nos anos
iniciais. Tal habilidade é abrangente e fundamental como destaca Callai
(2005, p.228), ao afirmar que:

Fazer a leitura do mundo não é fazer uma leitura


apenas do mapa, ou pelo mapa, embora ele seja
muito importante. É fazer a leitura do mundo da vida,
construído cotidianamente e que expressa tanto as
nossas utopias, como os limites que nos são postos,
sejam eles, do âmbito da natureza, sejam do âmbito
da sociedade (culturais, políticos e econômicos.) Ler
o mundo da vida, ler o espaço e compreender que

O ENSINO DA GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS | UNIDADE 3 53


as paisagens que podemos ver são o resultado da
vida em sociedade, dos homens, da busca da sua
sobrevivência e da satisfação das suas necessidades.
Em linhas gerais, esse é o papel da geografia na escola.

Nessa perspectiva, compreender a ciência geográfica é uma forma de


compreender também o mundo no qual estamos inseridos e do qual
fazemos parte. É através da geografia, nas aulas dos anos iniciais do
ensino fundamental, que podemos encontrar uma maneira interessante
de conhecer o mundo, de nos reconhecermos como cidadãos e de
sermos agentes atuantes desse processo (FEITOSA, 2010).

A leitura complementar do texto abaixo, nos dá uma ideia da importância


da Geografia e dos seus propósitos no ensino fundamental.

Pensar o ensino de Geografia nos anos iniciais, a partir de


sua função alfabetizadora, é resgatar o seu próprio objeto, o
espaço, inserindo-o numa perspectiva teórica que articula
a leitura da palavra à leitura do mundo. Neste contexto, o
aluno precisa perceber que ocupa um lugar no espaço, em
sua casa, sua rua, seu bairro, identificar a leitura deste, ou
seja, edificações, distâncias, características. Assim, paralelo
ao processo alfabetizador presente nos anos iniciais, a
Geografia permite que o aluno reconheça o espaço em
que vive e se reconheça dentro do mesmo.

Sugestão de música para ser trabalhada: Minha Casa

Vídeo: Fui morar numa casinha disponível em: www.


youtube.com

Fonte: ducacaomudatudo.com.br

54 PEDAGOGIA
O QUE ENSINAR EM GEOGRAFIA

Observe as charges (Figuras 1 e 2):

Figura 1 – Aspectos geográficos

Fonte: http://geografiaegeopolitica.blogspot.com.br/p/
geopolitica-em-quadrinhos.html

Figura 2 – Aspectos geográficos

Fonte: http://geografiaegeopolitica.blogspot.com.br/p/
geopolitica-em-quadrinhos.html

O ENSINO DA GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS | UNIDADE 3 55


As informações descritas nos quadrinhos apresentam uma série de
informações que descrevem inúmeros aspectos geográficos, tais como
econômicos, sociais, físicos dentre outros. E você consegue identificar
outros elementos? Quais?

É esse olhar crítico e perceptivo que as crianças dos anos iniciais


precisam ter em relação à ciência geográfica. Claro que não tão apurado
quanto de um adulto, mas o aprendizado da Geografia deve ter como
meta o desenvolvimento de noções e habilidades que constituirão o
suporte para o desenvolvimento de conceitos específicos de Geografia.

Para Feitosa (2010), o professor deve ser o coordenador das atividades


realizadas pelos alunos. Essas atividades devem ter o objetivo de
desenvolver a capacidade de observação, de comparação de dados, a
fim de que, ao estabelecer generalizações, o aluno seja capaz de produzir
suas próprias explicações a respeito dos fenômenos observados.

Almeida (1991) estabelece alguns procedimentos, pelos quais


os professores dos anos iniciais devem estar atentos tais como:

• Partir da reflexão sobre os alunos: quem são, onde


moram, como é sua vida escolar, quais os seus anseios e
dificuldades, como é sua vida familiar, qual sua condição
social;
• Propor metas claras quanto ao ensino da Geografia a
serem atingidas durante o período letivo;
• Elaborar um plano de trabalho juntamente com os
alunos;
• Avaliar os alunos quanto ao seu desempenho e em
função do processo desenvolvido.

O autor enfatiza esses aspectos e estabelece a responsabilidade


que cada professor dos anos iniciais tem quando afirma que:

[...] o professor deve ter consciência de que não


existem respostas ou receitas prontas. Por isso, é
importante que o professor, através de sua prática,
busque os caminhos que correspondam a sua
realidade (FEITOSA, 2010, p. 41).

56 PEDAGOGIA
Nesse contexto, é preciso compreender que os tempos mudaram, e que
o ensino tradicional de Geografia, baseado na decoração de nomes
de rios e de lugares, é insuficiente para dar conta da complexidade
do espaço geográfico. Dessa forma, Moreira e Ulchoa (2009, p.72),
afirmam que:

[...] a Geografia trabalha com diferentes imagens, e


por isso o professor deve recorrer ao uso de diversas
linguagens como forma de motivar os alunos
na busca de diversas interpretações acerca dos
fenômenos estudados. Nesse sentido, reconhecemos
que a linguagem cartográfica tem no mapa uma das
formas de representação mais utilizadas no ensino de
Geografia, pois essa forma de representação, por meio
de um conjunto de signos, permite uma percepção
imediata do espaço representado.

Concordamos com estes autores, pois afirmam a importância que a


linguagem cartográfica representa para a capacidade de aprender a
pensar o espaço, é necessário a alfabetização espacial. Alfabetização espacial:
promoção pautada na
Callai (2005) destaca que para ler o espaço é, extremamente, importante compreensão do mundo
em que o aluno se coloca,
outros processos de alfabetização, como por exemplo, a linguagem no mundo como participe
das interações e através da
cartográfica. A autora destaca que a aprendizagem dessa linguagem transição do egocentrismo
deve ser a partir da realidade concreta dos alunos. Assim Callai (2005, para a descentração,
enxerga o espaço na sua
p. 244) afirma que: multidimensionalidade.

Fonte: Castro e Giovanni,


[...] desenhar trajetos, percursos, plantas da sala de 2000
aula, da casa, do pátio da escola pode ser o inicio do
trabalho do aluno com as formas de representação
do espaço. São atividades que, de um modo geral, as
crianças dos anos iniciais de escolarização realizam,
mas nunca é demais lembrar que o interessante é que
as façam apoiadas nos dados concretos e reais e não
imaginados/fantasiando. Quer dizer, tentar representar
o que existe de fato.

Lesann (2009)destaca que a linguagem cartográfica deve ser trabalhada


com uma metodologia para a construção do conhecimento geográfico.
Nesse caminho, três etapas devem ser obrigatoriamente respeitadas: a
percepção da criança a partir dos seus sentidos, a percepção do espaço
em três dimensões por meio do faz de conta da maquete; e a percepção
do espaço representado numa folha de papel.

O ENSINO DA GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS | UNIDADE 3 57


Os mapas foram criados para representar os fenômenos
físicos, biológicos e humanos dos territórios. Portanto, sua
compreensão possibilita a realização da leitura espacial
do todo social. O trabalho com a Cartografia é relevante
para desenvolver o domínio cognitivo e a representação
do espaço pela criança, por isso ele deve ser desenvolvido
desde a Educação Infantil, já que o domínio do todo social
dá-se de forma gradativa, contribuindo para que a criança
reflita acerca da localização dos elementos no espaço. Além
disso, a iniciação cartográfica permite que as crianças se
apropriem dos códigos do mapa e, com isso, sejam capazes
de pensar e representar o espaço em que estão inseridas
ou os que são mais distantes de sua realidade.

A orientação corporal na Educação Infantil constitui o


primeiro passo para a iniciação cartográfica da criança,
pois com base no corpo é possível partir para os meios
de representação ou de orientação do/no espaço, como
os pontos cardeais, a rosa-dos-ventos e os mapas. Assim,
é fundamental que o professor introduza a linguagem
cartográfica em seu trabalho pedagógico para preparar a
criança para a compreensão e representação do espaço
geográfico, ou seja, a manifestação espacial do todo social.
Fonte: LIMA; FARIAS et al (2009).

RECURSOS DIDÁTICOS

Para Franca (2009), utilizar os recursos didáticos a fim de facilitar a


aprendizagem é importante em qualquer disciplina, porém a utilização
destes recursos nas aulas de Geografia é mais importante ainda. Os
professores de Geografia têm a responsabilidade de ensinar seus
alunos a melhor forma possível de se relacionar com o espaço que

58 PEDAGOGIA
habitam e transformam de forma contínua. Porém essa tarefa não
é fácil, porque eles não têm sempre a sua disposição todos os tipos
de recursos necessários para conseguirem demonstrar a seus alunos
toda a complexidade que temos tanto em relação à natureza quanto a
sociedade.

Almeida (1995) descreve que o professor deve refletir sobre quais


meios utilizar para transformar as aulas de Geografia em instrumentos
de aprendizagem significativa tanto para os alunos quanto para a
satisfação dos docentes. Portanto, concordamos com Feitosa (2010,
p.57) quando destaca que:

A utilização de diferentes fontes de informação e


recursos vem sendo apontada pelos PCNs como
um dos objetivos do ensino fundamental, que os
alunos sejam capazes de utilizar diferentes fontes de
informação e recursos tecnológicos para adquirir e
construir conhecimentos. O uso de novas tecnologias
no ensino constitui uma importante demanda dos
programas oficiais de educação.

Com base nessas informaçôes, é interessante que algumas sugestões


sejam apresentadas com a intenção de tornar as aulas de Geografia
mais atraentes. Vejamos algumas a seguir:

a) Letras de Músicas

Para Feitosa (2010), ao utilizar letras de músicas, a prática pedagógica


possibilita a análise e a reflexão do trabalho em sala de aula por meio
do cotidiano da sociedade.O autor continua, destacando que as obras
literárias e as letras de músicas podem ser utilizadas ao longo de todas
as séries e em vários tipos de atividades tais como leitura e posterior
comentário, dramatização e representação por meio de desenho. Os
professores dos anos iniciais podem usar a música de diversas formas,
apresentando o autor da música, a letra e o ritmo para facilitar a
compreensão dos alunos em determinados temas abordados. A música
terá a função de trazer às aulas de Geografia novas possibilidades e
sensações, tornando-as mais atraentes e de fácil assimilação.

O ENSINO DA GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS | UNIDADE 3 59


SUGESTÕES DE MÚSICAS, que podem ser trabalhadas
nas aulas de Geografia.

Inicie a aula realizando os seguintes questionamentos: De


onde vem a água? Como ela pode ser encontrada na
natureza? Qual a sua importância? Ela está presente em
quais atividades ligadas ao cotidiano? Quais as possíveis
atitudes para economizar a água? Conforme as respostas
apresentadas, direcione o conteúdo abordado.É
importante esclarecer sobre a disponibilidade de água
doce no planeta, realizando a sensibilização sobre a
necessidade de preservar esse recurso natural. Indique
aspectos sobre a utilização da água nas atividades
comuns (ingestão, higiene pessoal, limpeza de ambientes
e objetos, entre outras utilidades) e nas atividades
indústrias e agrícolas. Essa abordagem irá promover a
concepção sobre a importância da água em todas as
tarefas que realizamos.

Música sugerida

Planeta Água

Água que nasce na fonte


Serena do mundo
E que abre um
Profundo grotão
Água que faz inocente
Riacho e deságua
Na corrente do ribeirão...
Águas escuras dos rios
Que levam
A fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população...

60 PEDAGOGIA
Águas que caem das pedras
No véu das cascatas
Ronco de trovão
E depois dormem tranquilas
No leito dos lagos
No leito dos lagos...
Água dos igarapés
Onde Iara, a mãe d'água
É misteriosa canção
Água que o sol evapora
Pro céu vai embora
Virar nuvens de algodão...

(Guilherme Arantes)

Ora Bolas
Oi, oi, oi...
Olha aquela bola
A bola pula bem no pé
No pé do menino
Quem é esse menino?
Esse menino é meu vizinho...
Onde ele mora?
Mora lá naquela casa...
Onde está a casa?
A casa tá na rua...
Onde está a rua?
Tá dentro da cidade...
Onde está a cidade?
Do lado da floresta...
Onde é a floresta?
A floresta é no Brasil...
Onde está o Brasil?

O ENSINO DA GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS | UNIDADE 3 61


Tá na América do Sul,
No continente americano,
Cercado de oceano
E das terras mais distantes
De todo o planeta
E como é o planeta?
O planeta é uma bola
Que rebola lá no céu
Oi, oi, oi...
Olha aquela bola...
A bola pula bem no pé
No pé do menino...
( Sandra Peres e Paulo Tatit )

Vídeo disponível no site: www.youtube

b) Cinema

Nos últimos anos, percebemos que a utilização do Cinema na sala


de aula e suas possibilidades e inovação na prática de ensino e
aprendizagem, tornando, muitas vezes explicações mais atraentes para
os alunos é algo sempre muito interessante.

Concordamos com Oliveira (2011), pois o autor destaca que o cinema


pode ser utilizado como recurso didático. Sabemos que assistir um filme
é uma oportunidade excelente para conhecer novas culturas, ter visões
diferenciadas e ampliar os seus conhecimentos. O principal tópico a
definir são os objetivos que se pretende atingir com a reprodução do
material cinematográfico. Em nenhuma hipótese, podemos pensar no
uso do cinema para preencher, simplesmente, o espaço do professor.

62 PEDAGOGIA
O autor destaca que é imporrante trabalhar com o cinema em sala de
aula, pois é uma forma de:

ajudar a escola a encontrar a sua cultura, utilizando


dessa metodologia mal vista por partes de algumas
instituições educacionais e educadores, pois esses
se utilizam dessa didática para aulas tapa buraco,
enrolação (OLIVEIRA, 2011, p. 4).

Feitosa (2010) destaca que ao escolher um filme para incluir nas


atividades escolares, o professor deve levar em conta o problema da
adequação e da abordagem por meio de reflexão previa sobre os
seus objetivos gerais e específicos. Os fatores que costumam influir no
desenvolvimento e na adequação de atividades são: possibilidades
técnicas e organizativas na exibição de um filme para a classe; articulação
com o currículo e/ou conteúdo discutido, com as habilidades desejadas e
com os conceitos discutidos; adequação a faixa etária e etapa específica
da classe na relação ensino-aprendizagem.

Porto (2009) estabelece algumas regras que devem ser seguidas quando
da projeção de um filme, tais como:

ANTES DA PROJEÇÃO

Preparação antecipada

• projeção prévia do programa e leitura do roteiro didático


que o acompanha;

• planejar as atividades a serem consideradas durante a


projeção do vídeo;

• planejar as atividades a serem realizadas após a projeção


do vídeo;

• Verificação de instalações e equipamentos;

• Dispor as cadeiras no espaço.

O ENSINO DA GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS | UNIDADE 3 63


DURANTE A PROJEÇÃO

Antecedentes da projeção do vídeo

Erros mais frequentes do professor:

• introdução longa demais;

• condições técnicas inadequadas;

• disposição inadequada de alunos durante a projeção;

• atitudes e comportamentos inadequados do professor, tais


como:
- ausentar-se da sala durante o programa;
- realizar outra tarefa na sala durante a projeção (ler jornal, preencher
ficha...);
- caminhar nervosamente pela sala esperando o fim da fita;
- conversar com outros professores ou alunos;
- resolver problemas técnicos no momento da projeção (mudar posição
do televisor, alterar o volume do som, graduar contrastes, cor etc...);
- projetar uma segunda vez, logo após a primeira exibição;
- interromper a exibição para explicações;
- solicitar que os alunos façam anotações durante a projeção, pois
perdem com isso a informação e interrompem o impacto da
emoção (só no video-apoio pode-se suspender a exibição do
vídeo para comentários e perguntas).

DEPOIS DA PROJEÇÃO

- comunicação espontânea;
- utilizar perguntas tais como: - que lhes pareceu o programa?
- que sensação lhes provocou? Que sentiram ao assisti-lo?
- reflexão crítica;
- momento do diálogo, do debate, da confrontação, da busca, da
pesquisa, da reflexão. Ex.: Existem algumas opiniões contrárias à
visão que o programa apresenta da desigualdade social no mun-
do. Qual a sua opinião ?

64 PEDAGOGIA
c) Utilização de Ilustrações – fotografias e figuras são formas de
desenvolver o ensino de uma maneira muito agradável para o aluno.
Para a utilização, o professor precisa estar atento a:

- autenticidade;
- simplicidade;
- proporção;
- clareza;
- tipos;
- conservação.
Para cada assunto a ser tratado no conteúdo de Geografia, há necessi-
dade de utilizar o material que complete a discussão que é necessária
com essas modalidades.

d) Jornal - para utilizar o jornal com as crianças e levá-las a entender


o conteúdo de Geografia, é necessário variar, como por exemplo:
- comparar notícia;
- discutir temas;
- reescrever notícias;
- argumentar, defender;
- identificar no mapa os locais de notícias.
Estudo de textos simples, com linguagem clara e objetiva para os pri-
meiros anos. Para trabalhar com esses textos, podemos sugerir:
• identificação da natureza do texto e do autor;
• desenho do que entendeu no texto;
• leitura e seleção dos vocabulários desconhecidos;
• enumeração de parágrafos;
• destaque das ideias contidas em cada parágrafo;
• relacionamento das diversas ideias resultando na ideia centraldo
texto.

e) Livro Didático - o livro didático é mais um instrumento que auxilia


na compreensão do mundo, apresenta um valor inestimável, principal-
mente em lugares e locais que não disponibilizam de outros instrumen-
tos que possam auxiliar no aprimoramento do conhecimento. Concor-
damos com Santos e Gomes (2006), quando destacam que:

O ENSINO DA GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS | UNIDADE 3 65


Muito mais que listar nomes de ruas, avenidas, praças,
córregos, rios, morros, serras etc. – enfim, todo uma
ordem de elementos geográficos que estruturam o
espaço do ser humano – o Ensino de Geografia nas
Séries Iniciais deve-se preocupar com a alfabetização
do aluno em relação à compreensão da organização
espacial (SANTOS, GOMES, 2006, p. 90).

Dessa maneira, é importante a observação de alguns autores que


descrevem o livro didático, como mais um instrumento de auxílio no
aprimoramento da informação e conhecimento. O texto da leitura
complementar nos ajuda nessa reflexão. Vamos ler?

O livro didático é um valioso recurso para o acesso à


cultura e o desenvolvimento da Educação. Em muitos lares
brasileiros, ele é o primeiro livro, abrindo caminho para o
hábito da leitura e o aprendizado. Ao longo de dois séculos,
quando começaram a ser produzidos no Brasil os primeiros
didáticos, os livros passaram por inúmeras transformações,
visando acompanhar as novas dinâmicas em sala de
aula e contribuir para uma aprendizagem significativa.
Tais investimentos refletem o empenho da indústria
editorial na incorporação de novas tecnologias, avanços
metodológicos, recursos gráficos, diretrizes governamentais
e no atendimento à demanda de educadores por materiais
de qualidade e com valores para a cidadania.
No cenário educacional brasileiro, o livro didático é
importante instrumento de apoio ao trabalho do Professor
e referência na formação dos mais de 50 milhões de
crianças e adolescentes matriculados em Escolas públicas e
privadas. O Brasil tem um dos programas mais avançados
de aquisição de livros escolares, que assegura a distribuição
gratuita de milhões de exemplares à rede pública de ensino.
Percorrer esse caminho, de escala e qualidade, exige da

66 PEDAGOGIA
indústria editorial absorver as peculiaridades e necessidades
do cotidiano escolar no processo de concepção do livro,
envolvendo o trabalho de uma equipe multidisciplinar de
profissionais altamente capacitados e com experiência em
sala de aula.
O processo de elaboração do livro escolar é mais complexo do
que se imagina. Envolve etapas como a do desenvolvimento
de um projeto pedagógico-editorial; elaboração dos originais;
avaliação, preparação, revisão e edição do texto original;
projeto gráfico; pesquisa iconográfica e de referências para
ilustrações; produção editorial e produção gráfica. Todas elas
conduzidas por especialistas que trabalham para transpor, em
linguagem com propósito didático, conteúdos e atividades
que levem à apropriação e construção do conhecimento
e ao desenvolvimento de habilidades e competências nas
diferentes áreas do saber.
A última edição da pesquisa Retratos da leitura no Brasil,
divulgada em 2012, o mais abrangente estudo sobre o perfil
do leitor do brasileiro realizado pelo Instituto Pró-Livro, também
aponta a importância do livro didático para a formação de
leitores. É o gênero mais frequentemente lido, exercendo,
portanto, um relevante papel na difusão do hábito e do gosto pela
leitura. A mesma pesquisa revela também o papel do professor
como incentivador da leitura: ele é apontado como o principal
motivador, influenciador de crianças e jovens em idade escolar.
As mudanças que acontecem hoje em sala de aula, como o
uso de novas tecnologias, revisões nas diretrizes curriculares
e expectativas de aprendizagem, impõem desafios constantes
à produção do livro escolar, que acompanha com sucesso
as transformações da Educação nacional. O livro didático
no Brasil atinge seu propósito quando estabelece uma forte
parceria com o Professor. Juntos eles podem converter em
realidade os mais nobres ideais da Educação.

Disponivel em: http://www.todospelaeducacao.org.br/

O ENSINO DA GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS | UNIDADE 3 67


Resumo

Nos anos iniciais, a aprendizagem da ciência geográfica torna-se mais


dinâmica, quando o professor utiliza vários recursos, como elementos
norteadores do conhecimento. O livro didático, mapas, poesias,
músicas, revistas em quadrinhos, jornal escrito, fotografias, cinema,
globo, construção de maquetes com sucatas são instrumentos que
podem ser bem utilizados nas aulas de Geografia, tornando-as mais
atraentes.

Dessa maneira, os recursos didáticos oferecem a possibilidade de


dinamizar o trabalho a ser realizado em sala de aula pelo professor,
tornando o conhecimento mais prazeroso e de fácil compreensão pelos
alunos.

É importante a participação da criança na execução de tais atividades,


pois compreendemos que o envolvimento dos alunos em nessas
práticas, contribuirá para ampliação dos conhecimentos geográficos e
por conseguinte de mundo.

Atividades de aprendizagem

1 Qual tem sido sua experiência ao trabalhar com recursos


didáticos? Relate sua história.

2 Quais recursos metodológicos, você considera mais fácil


utilizar? Justifique sua resposta.

3 Em sua opinião, qual a importância do recurso metodológico


no ensino de Geografia? Quais vantagens podem ocorrer
com o uso de um recurso adequado para a aprendizagem
geográfica em relação a outro na leitura de mundo?

68 PEDAGOGIA
ALMEIDA, Rosângela Doinet al. Atividades Cartográficas. São
Paulo: Atual, 1995.

CALLAI, Hellena Copetti. Aprendendo a ler o mundo. A geografia nos


anos iniciais do ensino fundamental. Cad. Cades, Campinas, v. 25, n.
66, 2005.

CASTRO GIOVANNI. A. C. Apreensão e compreensão do espaço


geográfico. In: CASTROGIOVANNI, A. C. (Org.). Ensino de geografia:
práticas e textualizações no cotidiano. Porto Alegre: Mediação, 2000.

FEITOSA, Antônio Maurilio Alencar. Fundamentos e Metodologia


da Geografia. Montes Claros: Editora Unimontes, 2010.

FRANCA. Bruno Azeredo de. A utilização de recursos didáticos nas aulas


de geografia em escolas da zona oeste do rio de janeiro. In: DECIMO
ENCONTRO NACIONAL DE GEOGRAFOS, Rio de Janeiro, 2009.

FREIRE, Paulo. Alfabetização: leitura de mundo, leitura da palavra.


São Paulo, Paz e Terra, 1990.

SANTOS, Jakes Paulo Félix dos; GOMES, Suely Aparecida. O livro


didático nas séries iniciais: os “diversos olhares” para uma coleção
de geografia. Uberlândia: Sociedade& Natureza, 2006. p.18-34-87-98.

LESANN, Janine. Geografia no ensino fundamental. Belo Horizonte:


Argvmentvm, 2009.

LIMA, Valeska Nogueira de; FARIAS, Paulo Sérgio Cunha. O


mapeamento do corpo como um dos procedimentos de iniciação da
alfabetização cartográfica da criança na educação infantil. In: Revista
Lugares de Educação, Bananeiras, v.1, n.1, p.70-86, jan. / jun, 2011.

MOREIRA, Suelly Gomes; ULCHOA, Leonardo Correa. Ensino em


geografia: desafios à prática docente na atualidade. In.: Revista da
Católica, Uberlândia, v. 1, n. 2, p. 69-80, 2009 – catolicaonline.com.
br/revistadacatolica.

O ENSINO DA GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS | UNIDADE 3 69


OLIVEIRA, Denis Raimundo de. O uso do cinema nas aulas de
Geografia: proposta de estudo da região nordeste. 2011. (Monografia)
- Instituto de Estudo e Pesquisa do Vale do Acaraú: Jijoca de Jericoacora,
2011.

PORTO, Iris Maria Ribeiro. Fundamentos e Metodologia da


Geografia. Vol1. São Luis, 2009. v.1.

SANTOS, Jakes Paulo Félix; GOMES, Aparecida Suelly. O livro


didático nas series iniciais: os diversos olhares para uma coleção
de geografia. Sociedade e Natureza, Uberlândia (MG). Jun, 2006.
Disponivel em: www.seer.ufu.br. Acesso em: fev. 20014.

70 PEDAGOGIA
UNIDADE

4
O ESPAÇO MARANHENSE OBJETIVOS DESTA UNIDADE

Apresentar aspectos
maranhenses, numa
panorâmica geral, como
uma das temáticas
trabalhadas nos primeiros
anos no ensino de
Geografia;

Discutir atividades
que desenvolvam, por

N
esta unidade, vamos conhecer algumas características meio da Geografia,
referentes aos aspectos físicos, sociais e humanos um conhecimento
interessante sobre o
do Maranhão. Por ser um material com informações
Estado do Maranhão;
detalhadas a respeito do Estado, servirá de referencial teórico para
a construção e sistematização de material didático para os alunos. Explicar as possibilidades
práticas da construção de
Na verdade, esta unidade é direcionada, especificamente, para o
noções espaciais a partir
professor, por ter uma linguagem pontual de assuntos específicos do local para o global.
do nosso Estado. O material ajudará o professor na construção
de aulas direcionadas para os anos iniciais. Nessa perspectiva, é
importante que a criança sistematize seus conhecimentos a respeito
do lugar no qual ela esta inserida, compreendendo suas relações
e responsabilidades na interação com a natureza e com os outros.
Leia, atentamente, a letra da música todos cantam sua
terra, João do Vale, interpreta por Alcione
Todos Cantam sua Terra
Todo mundo canta sua terra
Eu também vou cantar a minha
Modéstia à parte seu moço
Minha terra é uma belezinha
A praia de Olho d'Água
Lençóis e Araçagi
Praias bonitas assim
Eu juro que nunca vi
Minha terra tem beleza
Que em versos não sei dizer
Mesmo porque não tem graça
Só se vendo pode crer
Acho bonito até
O jornaleiro a gritar imparcial
Diário
Olha o Globo
Jornal do povo descobriu outro roubo
E os meninos que vendem derrê sol a cantar
Derrê sol derrêêêêêêê sol
E fruta lá tem: juçara
Abricó e buriti
Tem tanja, mangaba e manga
E a gostosa sapoti
E o caboclo da maioba
Vendendo bacuri
Tinha tanta coisa pra falar
Quando estava fazendo esse baião
Que quase me esqueço de dizer
Que essa terra é tão linda é o Maranhão
Ô Maranhão, ô Maranhão

72 PEDAGOGIA
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA

A letra da música, de João do Vale, descreve características singulares


do Estado do Maranhão. Por apresentar tantas particularidades, como
por exemplo, a sua localização geográfica, é possível perceber inúmeros
elementos que estão relacionados a seus aspectos econômicos, sociais,
culturais e físicos. Começaremos destacando a sua localização geográfica.

O Estado do Maranhão possui área superficial da ordem de 331.983,29


km2, sendo o oitavo maior Estado brasileiro e o segundo do Nordeste
em extensão territorial (IBGE, Figura 1 – Municípios do Maranhão
2002). Está localizado entre
os paralelos 1°01’ e 10°21’
sul e os meridianos 41°48’
e 48°50’ Oeste. Ao norte,
limita-se com o Oceano
Atlântico (639,5 km), ao sul
e Sudoeste com o Tocantins
(1.060 km), a Oeste com o
Pará (798 km) e a Leste e
Sudeste limita-se com o Piauí
(1.365 km). (Maranhão,
1997). (Figura 1)

O Estado possui cinco


Mesorregiões geográficas,
subdivididas em 21
Microrregiões geográficas,
onde estão inseridos seus
217 municípios, conforme
mostra a Figura 1. Os
limites municipais foram
estabelecidos com base na
resolução IBGE n° 05 de 10
de outubro de 2002.

Fonte: Maranhão, 2006/2007

O ESPAÇO MARANHENSE | UNIDADE 4 73


A composição das Mesorregiões geográficas é detalhada da seguinte
forma: Norte maranhense, Sul maranhense, Leste maranhense, Oeste
Maranhense e Centro maranhense, conforme demonstra a Figura 2
(Mapa 2).

Figura 2 – Mapa do Maranhão

Fonte: Labgeo, 2011

74 PEDAGOGIA
Outro conceito geográfico importante é o da Amazônia Legal, que
abrange, no Brasil, territórios, totais ou parciais de nove estados da
federação (Figura 3). A porção maranhense da Amazônia Legal abrange
uma área equivalente a 80% da superfície territorial do Estado, cerca
de 264 mil km2, e está situada a oeste do meridiano 44°W ver (Figura
3) Nesta área estão localizados 188 municípios do Maranhão, de um
total de 217 (IBGE, 2010).

Figura 3 – Estados da Federação

Fonte: Plano de ação para prevenção e controle do desmatamento e queimadas do MA, 2011

Estimativas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)


demonstram que cerca de 18% das florestas na Amazônia Legal foram
removidos. Esse percentual se concentra, especialmente, numa área
denominada Arco do Desflorestamento (ou Arco de Povoamento
Adensado), que se estende desde o Oeste do Estado do Maranhão,
passando por Tocantins, parte do Pará e do Mato Grosso, todo o Estado
de Rondônia, o sul do Amazonas, chegando ao Acre (BRASIL, 2009).

De acordo com o Código Florestal, a região delimitada pela Amazônia


Legal apresenta regras mais restritivas quanto à utilização do imóvel rural,

O ESPAÇO MARANHENSE | UNIDADE 4 75


uma vez que os imóveis dentro da Amazônia Legal têm obrigatoriedade de
manter 80% da área como de reserva legal no Bioma Amazônia e 35% no
bioma Cerrado. Aqueles imóveis localizados fora dos limites da Amazônia
Legal têm necessidade de conservar 20% do imóvel como reserva.

O território do Maranhão é composto pelos biomas Amazônia, Cerrado


e Caatinga(Figura 4), o que lhe atribui grande diversidade morfológica
e ambiental.Os municípios que compõem o Arco do Desflorestamento,
na parte da Amazônia Legal, apresentam um histórico de profunda
alteração da paisagem natural, com extensas áreas de florestas
convertidas em uso alternativo do solo (pastagens, agroindústrias,
mineradoras e madeireiras). A intensificação do uso e mudança de uso
do solo tem ocasionado altas taxas de desmatamento e queimadas,
com expressiva perda de biodiversidade, emissões de gases de efeito
estufa e diminuição de territórios de populações tradicionais.

Figura 4 – Território Maranhense e seus biomas

Fonte: Labgeo, 2011

76 PEDAGOGIA
ASPECTOS FÍSICOS

Solo

De acordo com Carvalho Filho (2011), as principais classes de solos


encontradas no Estado do Maranhão que expressam maior importância,
do ponto de vista socioeconômico são:

• Latossolo Amarelo (33,87%);

• Plintossolo Argilúvico (13,67%);

• Argissolo Vermelho-Amarelo (9,54%);

• Argissolo Vermelho-Amarelo petroplíntico (9,22%);

• NeossolosQuartzarênicos (8,84%);

• NeossolosLitólicos (6,98%); e

• Luvissolo Crômico (6,70%).

As sete classes acima citadas correspondem a 88,82% do Estado. As


Classes de solos com menor expressão cartográfica são: Gleissolos
(1,89%); Solos Indiscriminados de Mangue (1,85%); Nitossolo Vermelho
(1,38%); Latossolo Vermelho (1,20%); Neossolos Flúvicos (1,07%);
Plintossolo Pétrico (0,94%); Neossolos Eólicos - Dunas (0,38%);
Vertissolo (0,34%); Planossolo Nátrico (0,27%); Argissolo Acinzentado
0,20%); e Cambissolo (0,07%). Estas classes correspondem a cerca de
10% do Estado (CARVALHO FILHO, 2011).

A Figura 5 mostra o mapa de classificação dos solos. Os Latossolos


Amarelos são os solos de maior relevância, por representarem cerca de
33,87% de todo território maranhense, ocupando cerca de 112.404,48
km2 de extensão. Destaca-se a ocorrência desse tipo de solo no cerrado
maranhense, principalmente na região Centro-Sul onde verificamos o
constante avanço de monocultura da soja, além do cultivo de milho,
feijão, mandioca e pastagem plantada.

O ESPAÇO MARANHENSE | UNIDADE 4 77


Figura 5 – Mapa de classificação dos solos

Fonte: Labgeo, 2011

78 PEDAGOGIA
Hidrografia

De acordo com Leite (2010) os recursos hídricos são constituídos


pelas águas que se encontram em circulação nos continentes, as águas
superficiais (rios, lagos, lagoas e barragens) e as águas subterrâneas
(nascentes naturais e lençóis de águas existentes no subsolo). Suas
disponibilidades dependem, essencialmente, das precipitações e de sua
distribuição ao longo do ano.

O Estado do Maranhão é detentor de um grande potencial hídrico, o


que lhe atribui destaque a nível nacional e internacional. De acordo
com Leite (2011), 97,2% das águas do Estado são subterrâneas, e
somente 2,8% são águas superficiais. Em geral, há abundância de
água, ocorrendo escassez somente em áreas de excessiva demanda.

Quanto ao abastecimento, 74% das sedes municipais são abastecidas,


exclusivamente, por mananciais subterrâneos (poços), enquanto que
21% dos municípios são abastecidos com águas superficiais. Os 5%
restantes são abastecidos por sistemas híbridos, mananciais superficiais
e subterrâneos (LEITE, 2011).

A qualidade das águas superficiais está, constantemente, ameaçada por


atividades antrópicas que degradam o meio ambiente, tais como: falta
de saneamento básico; lançamento de esgotos domésticos e efluentes
industriais não tratados diretamente nos corpos d’água; uso intensivo
de insumos agrícolas próximo às margens dos rios; desmatamento; e
erosão dos solos.

Em 2009, o Núcleo Geoambiental da Universidade Estadual do


Maranhão (NUGEO/UEMA) delimitou 12 bacias hidrográficas no
Maranhão (Figura 6), na escala de 1:100:000 (LOPES, 2011a; LOPES,
2011b). Nesse estudo, os autores consideraram bacia hidrográfica
como sendo a área drenada por um rio principal e seus afluentes.

O ESPAÇO MARANHENSE | UNIDADE 4 79


Figura 6 – Bacias hidrográficas do Maranhão

Fonte: Labgeo, 2011

Clima

O conhecimento do tipo climático de uma região é um importante


subsídio para o planejamento de diversas atividades humanas. A Figura
7 mostra a caracterização do clima para o Maranhão realizada com
base na classificação climática descrita por Thornwaite em 1948. Desta

80 PEDAGOGIA
forma, foram identificados quatro tipos climáticos no Estado, os quais
variam desde o clima subúmido seco, que predomina no Sudeste, até o
úmido, que predomina no extremo Noroeste.

Os tipos climáticos predominantes no Maranhão são:

• B2r A’a’- Clima úmido tipo (B2), com pequena ou nenhuma


deficiência de água (R), megatérmico (A’), ou seja, temperatura
média mensal sempre superior a 18°C, sendo que a soma da
evapotranspiração potencial nos três meses mais quentes do ano é
inferior a 48% em relação à evapotranspiração potencial anual (a’);

• B1WA’a’- Clima úmido tipo (B1), com moderada deficiência de água


no inverno, entre os meses de junho a setembro, megatérmico (A’),
ou seja, temperatura média mensal sempre superior a 18° C, sendo
que a soma da evapotranspiração potencial nos três meses mais
quentes do ano é inferior a 48% em relação à evapotranspiração
potencial anual (a’);

• C2WA’a’- Clima subúmido do tipo (C2), com moderada deficiência


de água no inverno, entre os meses de junho a setembro,
megatérmico (A’), ou seja, temperatura média mensal sempre
superior a 18° C, sendo que a soma da evapotranspiração potencial
nos três meses mais quentes do ano é inferior a 48% em relação à
evapotranspiração potencial anual (a’);

• C1dA’a’ - Clima subúmido seco do tipo (C1), com pouco ou


nenhum excesso de água, megatérmico (A’), ou seja, temperatura
média mensal sempre superior a 18° C, sendo que a soma da
evapotranspiração potencial nos três meses mais quentes do ano é
inferior a 48% em relação à evapotranspiração potencial anual (a’).

A grande extensão territorial do Maranhão e sua localização geográfica


como área de transição entre as regiões amazônica (úmida) e nordeste
(semi-árida) favorece grandes contrastes pluviométricos anuais,
conforme demonstra o mapa de precipitação pluviométrica anual,
apresentado na Figura 7. Os maiores registros de totais pluviométricos
anuais são verificados na região Noroeste do Estado, em especial
no município de Santa Helena, com aproximadamente 2.784 mm.
Por outro lado, os menores registros pluviométricos anuais são

O ESPAÇO MARANHENSE | UNIDADE 4 81


verificados nos municípios de Barra do Corda, Loreto e Grajaú, com
aproximadamente 700,4, 878,5 e 905,9 mm, respectivamente.

Figura 7 – Contrastes pluviométricos

Fonte: Labgeo, 2011

Com relação à temperatura, o Estado do Maranhão apresenta médias


térmicas anuais superiores a 22°C, devido estar localizado na região
Equatorial onde a temperatura do ar é normalmente elevada e uniforme
ao longo do ano. A Figura 8 apresenta o mapa de temperatura média
anual. As temperaturas médias anuais mais elevadas são, geralmente,
registradas no centro-sul do Estado, especificamente nos municípios de

82 PEDAGOGIA
Loreto e Mirador, com aproximadamente 28,8 °C e 28,6 °C (Figura 8).
Porém, alguns fatores podem interferir neste comportamento, tais como
a altitude, a latitude, a vegetação e a continentalidade.

Com relação à sazonalidade, as temperaturas mais elevadas ocorrem


durante o segundo semestre, no qual grande parte do Estado se
encontra na época seca. Devido à estação chuvosa, no primeiro
semestre predominam dias com chuva e céu parcialmente nublado e
aumento da umidade relativa do ar, que amenizam a sensação térmica.

Figura 8 – Mapa de temperatura média anual

Fonte: Labgeo, 2011

O ESPAÇO MARANHENSE | UNIDADE 4 83


Vegetação

A vegetação do Maranhão reflete os aspectos transacionais do clima


e das condições edáficas da região de transição, dos quais resultaram
variados ecossistemas, desde ambientes salinos com presença de
manguezais, passando por campos inundáveis, cerrados e babaçuais,
até vegetação florestal de grande porte com características amazônicas
(MUNIZ, 2006).

Conforme relata Muniz (2011), a floresta amazônica maranhense,


do ponto de vista estrutural, é bastante semelhante à floresta úmida
amazônica – a densidade média de árvores é em torno de 570 indivíduos
por hectare, com 37 famílias e cerca de 100 espécies; cerca de 50 % das
famílias botânicas estão representadas por uma única espécie, e 20 a
30 % das espécies com um único indivíduo. Por outro lado, observa-se
uma grande concentração de indivíduos em algumas poucas famílias
e espécies que seriam dominantes, o que não é comum numa floresta
amazônica típica, porém, a presença de muitas outras famílias e espécies
pouco representadas evidencia a diversidade na área.

Com base em estudos recentes, Muniz (2011) afirma ainda que nesta
região as famílias que se destacaram em número de espécies e de
indivíduos foram Leguminosae, Sapotaceae, Moraceae, Burseraceae,
Sapindaceae, Euphorbiaceae, Apocynaceae, Annonaceae,
Lecythidaceae, Rubiaceae, Lauraceae, Bignoniaceae, Meliaceae
e Rutaceae. Espécies de grande porte, como Piranheatrifoliata
(piranheira), Cenostigmatocantinum (caneleiro), Hymenaeacourbaril
(jatobá), Spondias lútea (cajazinho), Copaiferareticulata (copaíba),
Hymenaeaparvifolia (jatobá-curuba), Protiumtenuifolium (amesclão),
e espécies raras como Tabebuia impetiginosa (ipê-roxo), Tabebuia
serratifolia (ipê-amarelo), Parkiasp (faveira), entre muitas outras.

No cerrado, apesar da elevada biodiversidade e de sua importância


ecológica, várias espécies encontram-se na “Lista das Espécies da
Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção” (IN MMA nº 6/2008). Das
472 listadas, 132 estão presentes nesse bioma (Figura 9). No âmbito
mundial, a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), assinada

84 PEDAGOGIA
em 1992, reforçou a necessidade de conservar a biodiversidade,
cujo maior desafio é conciliar o desenvolvimento econômico com a
conservação e a utilização sustentável dos recursos biológicos (BRASIL,
2009).

Figura 9 – Mapa de cobertura vegetal

Fonte: Labgeo, 2011

O ESPAÇO MARANHENSE | UNIDADE 4 85


Você Sabia!!!

Relevo do Maranhão
Como a topografia do relevo do Maranhão é plana, são
pertencentes ao estado 75% do território inferiores a 200m de
altura e somente dez por cento superiores a 300m. As duas
unidades geomorfológicas são: a baixada litorânea e o planalto.
A baixada litorânea é dominada por um relevo cujos acidentes
geográficos são colinas e tabuleiros, que se dividem em arenitos
que pertencem à série Barreiras.

Em algumas partes que ficam no litoral, incluindo a ilha de Upaon-


Açu, que se situa no coração do que os geógrafos chamam de
Golfão Maranhense, o alcance desse relevo vai em direção à
linha da costa. Nas demais, o mar separa o golfão maranhense
através de uma faixa de terrenos que são planícies, tendo sujeição
à ocorrência de inundações no período chuvoso. É a planície
litorânea propriamente dita, que no fundo do golfão passa a
se denominar Perises. Na parte oriental do golfão maranhense,
são assumidos por esses terrenos o caráter da amplitude dos
areais com formações dunares, que por elas é integrada à região
litorânea entre a costa dos Lençóis e a baía de Tutóia.

É ocupado pelo planalto a totalidade do interior do estado


cujo relevo é de um tabuleiro. É apresentado pelo planalto um
conjunto feito de chapadões que se dividem em terrenos de
sedimentação (arenitos xistosos e folhelhos). Perto do golfão
maranhense são alcançadas pelas elevações somente as altitudes
entre 150 e 200m; na extremidade sul, entre 300 e 400m; e perto
do divisor de águas, entre as bacias hidrográficas do Parnaíba
e do Tocantins, são atingidas as cotas altimétricas de 600m.
São delimitados pelos talvegues do planalto os chapadões uns
dos outros através da profundidade de entalhes e, por isso, são
apresentados pelos chapadões as escarpas de difícil subida que
contrastam com a regularidade do topo.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/.

86 PEDAGOGIA
Aspectos socioeconômicos

De acordo com estimativas do Instituto Brasileiro Geográfico Estatístico


(IBGE), a evolução do crescimento da população do Maranhão
entre 1872 e 2010 foi bastante significativa. Em 1872, a população
maranhense era de 359.040 habitantes, passando para 1.583.248,
3.037.135, 5.651.475 e 6.574.789 habitantes nos anos 1950, 1970,
2000 e 2010, respectivamente (IBGE, 2010).

O censo de 2010 (IBGE, 2010) evidenciou que a população total do


Maranhão, aproximadamente 6.574.789 habitantes, representava cerca
de 3,4% da população brasileira (190.755.799 habitantes) e pouco
mais de 10% da população do Nordeste (53.081.950 habitantes).
Considerando o número total de habitantes no Maranhão, cerca
de 4.147.149 residiam na área urbana (63%) e 2.427.640 na área
rural (36%), apresentando o menor índice de urbanização dentre os
estados brasileiros, o que indica que a estrutura econômica permanece
fortemente ligada ao setor primário.

São Luís, capital do Maranhão, ultrapassou a marca de 1 milhão de


habitantes em 2010. A Tabela 1 mostra os dez municípios maranhenses
com maior população total e suas respectivas populações urbanas.

Tabela 1 – Municípios maranhenses com maior população total

Municipio População Total(hab) População Urbana(Hab)


São Luís 1.014.837 958.522
Imperatriz 247.505 234.547
São José de Ribamar 163.045 37.709
Timom 155.460 135.133
Caxias 155.129 118.534
Codó 118.038 81.045
Paço do Lumiar 105.121 78.811
Açailândia 104.047 78.237
Bacabal 100.014 77.860
Balsas 83.528 72.771
Fonte: IBGE, 2010

O ESPAÇO MARANHENSE | UNIDADE 4 87


Em relação à densidade demográfica, a maioria da população
maranhense esta concentrada (Figura 10) em São Luís, com 1.215,7
hab/km² (15,4%), seguida por: Paço do Lumiar (842,6 hab /km²);
São José de Ribamar (419,8 hab/km²); Raposa (409,1 hab/km²);
Santa Inês (188,5 hab/km²); Imperatriz (180,8 hab/km²); Pedreiras
(136,8 hab/km²); Pindaré e Mirim (127,3 hab/km²) e Timon (89,2
hab/km²). Alto Parnaíba possui a menor densidade demográfica, com
aproximadamente 0,97 hab/km² (IBGE, 2010).

Figura 10 – Mapa São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa

Fonte: Cunha, 2012

88 PEDAGOGIA
Economia

De acordo com informações históricas (FIEMA, 2009), o primeiro


grande ciclo de transformação da economia e de organização territorial
do Maranhão iniciou na década de 1970 e se caracterizou por ser um
processo lento de modernização econômica. Até o início da década
de 1970, predominavam as atividades econômicas tradicionais,
especialmente ligadas à indústria têxtil e ao extrativismo vegetal, com
destaque para a produção de óleo de babaçu. Esse novo ciclo de
desenvolvimento promoveu a articulação econômica e deu início a uma
gradual diversificação da base produtiva, além da ampliação do processo
de ocupação do território maranhense.

O segundo ciclo de mudanças ocorreu durante a década de 1980 e o


crescimento econômico foi impulsionado pela implantação de grandes
empresas do setor de mineração, por grandes obras de infraestrutura e
pela expansão da agricultura no sudoeste maranhense (FIEMA, 2009).

Na década de 1980, o Estado passa de uma economia produtora de bens


de consumo (têxtil e alimentos, entre outros) para produtora e exportadora
de commodities e bens intermediários. Este processo impactou a
economia, mas não gerou os efeitos de irradiação que se esperava, isto
é, o adensamento das cadeias produtivas. Os projetos Carajás e Alumar
abriram um novo ciclo na economia, mas com pouco efeito multiplicador
e limitada agregação de valor (FIEMA, 2009).

No período de 2001 até meados de 2008, a economia maranhense


apresentou considerável expansão. Assim como ocorreu na economia
mundial, todos os estados e municípios brasileiros sentiram os efeitos da
crise financeira de 2008. No setor externo, o Maranhão sentiu os efeitos
da queda abrupta dos preços das commodities agrícolas e minerais no
mercado internacional, como também da forte retração da demanda
doméstica. As exportações, com média de crescimento anual de mais de
30% entre 2003 e 2010, reduziram-se bastante em 2009, com queda de
mais de 50% em relação a 2008. Vale ressaltar ainda, a forte concentração
da pauta de exportações maranhenses, basicamente composta por três
complexos: ferro, soja e alumínio, com uma participação no totalexportado
de mais de 90% (MARANHÃO, 2011b).

O ESPAÇO MARANHENSE | UNIDADE 4 89


Unidades de conservação

Dentre as diferentes unidades de conservação existentes no Estado


do Maranhão, destaca-se a Reserva Biológica do Gurupi, o Parque
Nacional dos Lençóis Maranhenses, o Parque Estadual do Mirador e o
Parque Nacional da Chapada das Mesas (ARAÚJO, 2011).

As unidades de conservação de proteção integral, ou seja, aquelas com


maior grau de restrição de uso pelo homem, totalizam cerca de 15 mil
km2, ou seja 4,5% da superfície territorial do Estado.

As unidades de conservação de uso sustentável, embora permitam um


uso menos restritivo e, em certos casos, a propriedade privada têm
papel estratégico para a conservação ecossistêmica. As unidades de
conservação (Figura 11) de uso sustentável no Maranhão distribuem-
se em duas categorias principais: Áreas de Proteção Ambiental (APAs)
e Reservas Extrativistas (RESEX). As APAs ocupam 13,2% das áreas
protegidas de uso sustentável, enquanto as RESEX ocupam apenas
0,7% do Estado do Maranhão.

90 PEDAGOGIA
Figura 11 – Unidades de Conservação de uso sustentável no Maranhão

Fonte: Labgeo, 2011

Terras Indígenas

No século XVII, a população indígena no Estado do Maranhão era


formada por aproximadamente 250.000 pessoas. Essa população era
composta por cerca de 30 etnias diferentes. Povos indígenas como

O ESPAÇO MARANHENSE | UNIDADE 4 91


os Tupinambás que habitavam a cidade de São Luís, os Barbado, os
Amanajó, os Tremembé, os Araioses, os Kapiekrã, dentre outros, foram
simplesmente exterminados ou descaracterizados social e culturalmente.
Outras etnias existentes na época, como os Krikati, Canela, Guajajara-
Tenetehara e Gavião, continuam presentes até hoje. São notórias
as causas do desaparecimento de cerca de 20 povos indígenas no
Maranhão (Figura 12): as guerras de expedição para escravizar, as
doenças importadas, a miscigenação forçada, a imposição de novos
modelos culturais, entre outras foram fatores para tais situações.

Segundo informações da FUNAI no Maranhão (2011), atualmente


existem nove povos indígenas no Estado (Figura 13), os quais derivam
de três famílias linguísticas e têm juntos população com cerca de 27 mil
pessoas.

Figura 12 - Criança indígena no Maranhão

Fonte:http://www.batistasdesergipe.com.br/homepage-posts/novos-planos-para-
missoes-indigenas-em-sergipe

92 PEDAGOGIA
Figura 13 –Mapa dos povos indígenas no Maranhão

Fonte: Labgeo, 2011

O ESPAÇO MARANHENSE | UNIDADE 4 93


Atividade turística no Maranhão

• São Luís - É rica em manifestações culturais, como:


o bumba meu boi, tambor de crioula, cacuriá, dança
portuguesa, quadrilhas juninas, reggae e outras. Possui o
maior conjunto arquitetônico de azulejos portugueses da
América Latina. Possui uma vasta área de praias de água
salgada. Apresenta uma culinária peculiar da cidade,
como: o cuxá, o arroz de cuxá, o peixe frito e a famosa
torta de camarão. A cidade possui uma vida noturna
movimentada, possuindo bares, restaurantes, clubes de
festas, teatros, cinemas e muitos shows de artistas locais,
nacionais. É uma cidade com muitas opções de lazer e
divertimentos;
• Alcântara - É uma cidade histórica. Tem como principal
atração a festa do Divino Espírito Santo no mês de maio.
A base de lançamento de foguetes está localizada nesse
município. Possui muitos prédios em ruínas que foram
tombados pelo Patrimônio Histórico Estadual.
• Barreirinhas - É o município portal dos Lençóis
Maranhenses. Tem o Rio Preguiças como uma das
atrações do município. Possui vários bares, restaurantes e
hotéis de ótimas qualidades que recebem os milhares de
turistas que vêm conhecer os lençóis;
• Carolina - Tem, como atrações, as cachoeiras e o Parque
Nacional da Chapada das Mesas. Está na região das
Águas Maranhenses. As principais cachoeiras turísticas
são Pedra Caída e Itapecuruzinho. A cidade possui,
também, importância histórica, pois suas ruas são
todas calçadas de pedra-sabão, possuindo também um
conjunto de casario colonial;
• Caxias - É conhecida como a Princesa do Sertão
Maranhense. No passado, concorria de perto com a
capital São Luís em termos de economia. Atualmente,
possui uma economia modesta. A principal atração
turística é o balneário Veneza, que é um local de rio;

94 PEDAGOGIA
• São José de Ribamar - É um município da Ilha de São Luís.
É uma cidade balneária de águas salgadas. Possui como
atrações: a Procissão de São José no mês de setembro,
o lava-pratos (o carnaval fora de época mais antigo do
Brasil), que acontece no domingo seguinte do domingo
de carnaval e o lava-boi que acontece no mês de julho. A
cidade é conhecida pela culinária do peixe frito nos bares e
restaurantes;
• Raposa - É um município da Ilha de São Luís. Destaca-
se por suas praias. Possui um comércio de rendas
(toalhas,colchas,cobertores etc.) feitas por mulheres de
ascendência cearense. Possui bares que servem peixes.
Ultimamente, o município tem se destacado nas pequenas
dunas existentes, chamadas de fronhas maranhenses. Estas
fronhas estão localizadas principalmente na Ilha de Carimã.
A cidade oferece passeios de barcos, banhos em rios e
passeio em trilhas;
• Pinheiro - É conhecida como a Princesa da Baixada
Maranhense por ser a mais bonita dessa região. Possui,
como atrações turísticas, os campos onde ficam os búfalos.
Esses campos são pântanos, por essa razão é também
conhecida como a Cidade do Pantanal Maranhense;
• Barra do Corda - A cidade de Barra do Corda é também
conhecida como a princesa do sertão, possui um dos
melhores carnavais do Maranhão, eventos culturais, o
encontro de dois rios: o Rio Corda e o Rio Mearim. O lazer
no final de semana é bem atrativo existem vários bares e
pousadas a beira rio;
• São João dos Patos - Tem um dos melhores carnavais
do estado. Cidade festeira, destacando eventos como
Exposertão em maio, Festejos de São João e São Francisco
e Patos Folia em julho (considerada a melhor micareta do
interior).
• Morros - É um município situado na região do Munim.
Conhecido pelo rio Una e o bumba meu boi com sotaque

O ESPAÇO MARANHENSE | UNIDADE 4 95


de orquestra, recebe muitas visitas por causa de suas águas
cristalinas e excelentes pousadas lá existentes. Também é
chamada de Paraíso das Águas, Cidade da areia e Princesa
Para conhecer um pouco
mais sobre a cultura do Munim. Possui um dos melhores carnavais e festas
maranhense, acese o site
juninas da região, sendo muito frequentada por moradores
http://www.maramazon.
com/video.php. . nele, você de São Luis devido à proximidade com a ilha.
conhecerá a respeito dos
municípios maranhenses
com potencial turístico e Fonte: http://pt.wikipedia.org/
características referente à
nossa cultura, nosso povo
e nossa gente. Vale a pena
conferir.

Resumo

Nesta unidade, destacamos a localização geográfica privilegiada,


do Maranhão, no extremo leste da Amazônia oriental e no extremo
Norte/Oeste do Nordeste. Politicamente é Nordeste (antes era o
"Meio-Norte"), geograficamente é uma mistura de Norte-Nordeste.

Apresentamos os seus aspectos físicos como o clima, a vegetação,


o relevo e a hidrografia, além da importância de cada um deles,
como por exemplo, a variada paisagem maranhense que inclui
a floresta amazônica, florestas pré-amazônicas, cocais, vales,
cerrados, caatingas, carrascos, rios, chapadas, cavernas e grutas,
vastas planícies, serras, cachoeiras, tabuleiros, baías, golfos, areiais,
dunas, lagoas, manguezais, palmeirais, lagos, açudes, praias de mar
e de rio, igarapés, cerradão, campos, alagados, várzeas, delta, ilhas,
coqueirais, salgados e matas transicionais de vários tipos, desenhando
um verdadeiro quadro tropical da síntese geográfica brasileira.

Abordamos aspectos referentes à economia e a população


do nosso Estado. Apresentamos por meio de links alguns
aspectos referentes à cultura maranhense. E ainda destacamos
a intensa miscigenação do seu povo, evidenciada pela sua rica
culinária, artesanato, história, folclore, cultura popular e música.

96 PEDAGOGIA
Atividades de aprendizagem

1 O Maranhão possui grande potencial em riquezas naturais,


embora seja um dos estados de menor IDH do país. Faça
uma síntese dessa situação pesquisando em outras fontes
sobre esses contrastes com os quais convivemos.

2 Faça um levantamento no seu município sobre os seguintes


aspectos:
a) Os ecossistemas;

b) A existência ou não de áreas degradadas e iniciativas


de preservação;

c) As formas de sobrevivência, os principais produtos;

d) Os projetos de desenvolvimento do Estado.

3 O Estado do Maranhão possui características únicas, em


relação a sua cultura. Faca um levantamento das principais
atividades culturais que são desenvolvidas no seu município.

4 O Maranhão apresenta elementos paisagísticos que servem


como cenário para a atividade Turística. Cite um desses
polos e comente com seus colegas o potencial dessa área e
medidas de proteção que podem ser adotadas.

O ESPAÇO MARANHENSE | UNIDADE 4 97


AB’SABER, A. N. Os domínios morfoclimáticos na América do Sul.
Geomorfologia 52: 1–21. 1977.

CARVALHO FILHO, R. Solos do Estado do Maranhão. In: Seminário


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CUNHA, H.W,A.P. Lugar de cadeirante é em casa? Mobilidade,


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UNESP: Presidente Prudente, 2012.

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Zoneamento Geoambiental do Estado doMaranhão Diretrizes Gerais


para a Ordenação Territorial, 1997.

98 PEDAGOGIA
Hermeneilce Wasti

É professora do Departamento de História e Geografia da UEMA.


Ministra aulas no curso de Geografia nas disciplinas de Prática de
Ensino, Geografia Urbana, Geografia da Saúde e Geografia do
Turismo. É Coordenadora do curso técnico em Guia de Turismo
mediado pela UEMANET. Graduada em Geografia pela UFMA e
Especialista em Planejamento Ambiental (UFMA). É Mestra em
Agroecologia pela UEMA e Doutora em Geografia pela UNESP.

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