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DM ____/_____
UFPA / CT / PPGEE
Campus Universitário do Guamá
Belém-Pará-Brasil
2005
ii
DM ____/______
UFPA / CT / PPGEE
Campus Universitário do Guamá
Belém-Pará-Brasil
2005
iii
UFPA / CT / PPGEE
Campus Universitário do Guamá
Belém-Pará-Brasil
2005
iv
APROVADA EM ____/_____/_____
BANCA EXAMINADORA:
UFPA / CT / PPGEE
v
AGRADECIMENTOS
vii
SUMÁRIO
2.1.1 Representação de um pulso atmosférico pela curva dupla exponencial ....... 012
2.1.2 Representação da onda de um pulso atmosférico pela função de Heidler ... 015
3.1.3.2 Fio fino pela correção dos parâmetros elétricos ε e σ e magnético µ .................. 059
3.1.4 Parede absorvente tipo UPML para meio condutivo ..................................... 065
4.1.8.2 Integração do potencial através de caminhos no meio condutivo (terra) ............ 108
4.2.6 Simulação de uma malha quadrada 5 x 5 nós sem eletrodos ......................... 118
LISTA DE FIGURAS
Fig. 2.28 a) Eletrodo hemisférico b) Haste de aterramento: Método de Liew .......... 049
Fig. 2.29 Arranjo para teste e medição de corrente .................................................... 049
Fig. 2.30 Pulso de tensão e corrente em solo ionizado a) Solo seco b) solo úmido .. 050
Fig. 3.1 Célula de Yee .............................................................................................. 055
Fig. 3.2 Alocação dos campos e geometria para a técnica de fio fino no plano
Z-X .............................................................................................................. 058
Fig. 3.3 Seção transversal de um fio fino envolvido por uma lâmina condutora
cilíndrica coaxial com o fio fino ................................................................. 060
Fig. 3.4 Seção transversal de um fio fino envolvido por uma lâmina condutora
retangular com seção transversal de 2.5 x 2.5 m2. E1, E2 e E3 são os
campos elétricos radiais em 0.5, 1.5 e 2.5∆s a partir do eixo do fio fino. 060
Fig. 3.5 Variação no tempo dos campos E1, E2 e E3 com relação a E2 usando o
método FDTD, no caso em que σ = 5 mS/m e ε = 12 ................................ 061
Fig. 3.6 Campo elétrico radial em função da distância radial x do centro de um fio
fino, calculado usando (3.18) e o método FDTD (o campo elétrico é
normalizado de forma que E2 seja igual a unidade) ................................... 062
Fig. 3.7 Seção transversal de um fio fino tendo um raio de 0.23∆s e suas quatro
células adjacentes. (a) Quatro elementos de campo elétrico radial
próximo ao fio fino. (b) Quatro elementos de campo magnético radial
envolvendo e próximo ao fio fino ............................................................... 063
Fig. 3.8 Atualização das componentes de campo localizadas na interface entre
duas regiões (plano Y-Z) ........................................................................... 072
Fig. 3.9 Vista superior, no plano X-Y, do domínio computacional de análise ........ 073
Fig. 3.10 Vista lateral, no plano X-Z, do domínio computacional de análise e
sistema de aterramento ................................................................................ 075
Fig. 3.11 Vista lateral, no plano Y-Z, do domínio computacional de análise e
sistema de aterramento ................................................................................ 076
Fig. 3.12 Sistema de aterramento usado como protótipo inicial do trabalho ............. 077
Fig. 3.13 Forma de onda do pulso de tensão aplicado ............................................... 077
Fig. 3.14 Integração dos quatro campos magnéticos ao longo dos percursos ∆x e
∆y ................................................................................................................ 079
Fig. 3.15 Layout do esquema proposto ...................................................................... 081
Fig. 3.16 Circuito equivalente da excitação de corrente............................................. 082
Fig. 3.17 Medição de corrente realizada através da média entre I1(t) e I2(t) .............. 082
Fig. 3.18 Vista nos planos X-Y do domínio computacional de análise 084
Fig. 3.19 Vista nos planos X-Z do domínio computacional de análise 085
Fig. 3.20 Lógica de implementação FDTD baseada em algorítimo paralelizado ...... 086
xii
Fig. 4.24 Resultados para TGR, tensão e corrente considerando a média das
permissividades ........................................................................................... 105
Fig. 4.25 Diagrama mostrando TGR, tensão e corrente sem média de
permissividade ............................................................................................ 105
Fig. 4.26 Diagrama mostrando TGR, tensão e corrente com média de
permissividade ............................................................................................ 106
Fig. 4.27 Medição do potencial através de integração no meio condutivo terra ........ 108
Fig. 4.28 Resultado da TGR, tensão e corrente aplicando a integração do campo
em vários percursos na terra e espaço livre ................................................ 108
Fig. 4.29 Curva representativa da TGR, tensão e corrente no intervalo de 0 a 0.2 µs 109
Fig. 4.30 Curvas de TGR, tensão e corrente para diâmetros variáveis ...................... 111
Fig. 4.31 Curvas de TGR, tensão e corrente para permissividades variáveis ............ 112
Fig. 4.32 Curvas de TGR tensão e corrente para diferentes condutividades ............ 113
Fig. 4.33 Circuito de corrente mostrando haste de aterramento em solo
estratificado ................................................................................................. 114
Fig. 4.34 Curvas de TGR, Tensão e Corrente para haste de aterramento em solo
homogêneo e estratificado .......................................................................... 115
Fig. 4.35 Eletrodo e cavidade ..................................................................................... 116
Fig. 4.36 Curvas de TGR, Tensão e Corrente para haste de aterramento em
presença de cavidades dentro da terra ......................................................... 117
Fig. 4.37 Distribuição do campo EZ com eletrodo de aterramento em presença de
cavidade ...................................................................................................... 118
Fig. 4.38 Malha de aterramento 5 x 5 nós, sem hastes de aterramento ...................... 118
Fig. 4.39 Curvas TGR, tensão e corrente para uma malha quadrada 5 x 5 nós sem
eletrodos ...................................................................................................... 119
Fig. 4.40 Distribuição do campo Ex na malha 5x5 ..................................................... 120
Fig. 4.41 Distribuição do campo Ey na malha 5x5 ..................................................... 120
Fig. 4.42 Distribuição do campo Ez na malha 5x5 ..................................................... 121
xiv
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 Faixa de valores usuais de resistividade de certos tipos de solos …….. 018
Tabela 2.2 Influência da umidade na resistividade do solo ..................................... 019
Tabela 2.3 Influência da concentração de sais na resistividade do solo .................. 020
Tabela 2.4 Efeito da temperatura na resistividade do solo ...................................... 022
Tabela 2.5 Valores típicos de resistividade para diferentes períodos geológicos .... 023
Tabela 2.6 Expressões para configurações típicas de eletrodos de aterramento ...... 031
Tabela 2.7 Resistência do corpo humano com a tensão .......................................... 040
Tabela 2.8 Constante dielétrica aproximada ou permissividade relativa (εr) e
rigidez de alguns materiais de uso corrente ........................................... 043
Tabela 2.9 Permeabilidade relativa (µr) de alguns materiais ................................... 044
Tabela 4.1 Coincidência no comportamento transitório das curvas TGR em
determinados períodos transitórios para diversos comprimentos de
haste ....................................................................................................... 094
Tabela 4.2 Diferença relativa (Req-Rsim)/Req entre a resistência CC calculada
através de (4.9) e (4.10) e a resistência transitória obtida pelo uso de
simulação em ambiente FDTD para diferentes diâmetros de haste ....... 111
Tabela 4.3 Diferença relativa (Req-Rsim)/Req entre a resistência CC calculada
usando (4.9) e (4.10) e a resistência transitória obtida pelo uso da
simulação FDTD para várias condutividades ........................................ 114
xv
CA Corrente alternada
CC Corrente contínua
PEC Condutor eletricamente perfeito
CESDIS Centro de Excelência em Dados Espaciais e Informações Científicas
CIGRÉ Conselho Internacional para Grandes Sistemas Elétricos
CPU Unidade de processamento central
EM Eletromagnetismo
ERC Eletrodo remoto de corrente
ERP Eletrodo remoto de potencial
ET Eletrodo de terra
EMTP Programa de transitórios de eletromagnéticos
FDTD Diferença finita no domínio do tempo
FEM Método dos elementos finitos
IEEE Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos
LANE Laboratório de analises numéricas em eletromagnetismo
MPI Interface de passagem de mensagem
NASA “National aeronautics and space administration”
IEC Comissão Internacional de Eletrotécnica
PVM Máquina paralela virtual
RC Resistivo capacitivo
SPMD Programa simples de dados múltiplos
TGR Resistência de aterramento transitória
UPML Camada uniaxial perfeitamente casada
xvi
LISTA DE SÍMBOLOS
R Resistência estacionária
ρ Resistividade do solo
l Comprimento da haste de aterramento
L Indutância da haste de aterramento
C Capacitância da haste de aterramento
ω Velocidade angular
Eo Gradiente de ionização do solo
Operador nabla
E Vetor intensidade de campo elétrico
H Vetor intensidade de campo magnético
ε, εr Permissividade elétrica, permissividade relativa
σ Condutividade elétrica
σ* Condutividade modificada na técnica de fio fino
∂ Operador diferencial
µ, µr Permeabilidade magnética, permeabilidade relativa
µs Microssegundos
i, ,j, k Incrementos espaciais nas direções x, y e z
∆x Dimensão da célula de Yee na direção x
∆y Dimensão da célula de Yee na direção y
∆z Dimensão da célula de Yee na direção z
δ, ∆s Dimensão geral da célula
∆t Intervalo de discretização do tempo
c Velocidade da luz
ro Raio do fio fino
ro∗ Raio arbitrário na técnica de fio fino
d Espessura da UPML
f Freqüência
K Constante de proporcionalidade
VP Potencial no ponto P
Tt Tempo de cauda
xviii
RESUMO
ABSTRACT
1.0 Introdução
problemas. Os métodos numéricos têm tido destaque, tornado-se mais atrativos com o
advento de computadores digitais cada vez mais rápidos. As três técnicas numéricas mais
utilizadas em EM são: (1) método dos momentos; (2) método das diferenças finitas e (3)
método dos elementos finitos. Embora os métodos numéricos dêem a princípio soluções
aproximadas, as soluções são suficientemente precisas para os propósitos de engenharia [21].
Existem sete razões fundamentais para a expansão do interesse no aprimoramento, em
termos de aplicação, da técnica FDTD como solução numérica computacional para as
equações de Maxwell [22]:
• O método FDTD não precisa fazer uso da álgebra linear, evitando com isso a limitação do
tamanho das equações no domínio da freqüência e modelos eletromagnéticos de
elementos finitos.
• É um método robusto e que apresenta um bom grau de exatidão. As fontes de erro, no
cálculo FDTD, são bem compreendidas e podem ser minimizadas para permitir a
elaboração de modelos precisos em uma grande variedade de problemas envolvendo
interações eletromagnéticas.
• O método trata os fenômenos transitórios de forma natural. Sendo uma técnica no domínio
do tempo, calcula diretamente a resposta transitória de um sistema eletromagnético,
podendo fornecer formas de ondas temporais de ultrabanda larga ou respostas senoidais de
regime em qualquer freqüência, dentro do espectro de freqüências.
• O FDTD trata o comportamento não-linear de forma natural. Por ser uma técnica no
domínio do tempo, calcula diretamente a resposta não-linear de um sistema
eletromagnético.
• Constitui-se em uma aproximação sistemática. A especificação de uma nova estrutura a
ser modelada, é reduzida a geração de um problema de malha ao invés da reformulação
potencialmente complexa de uma equação integral.
• A capacidade de memória dos computadores vem crescendo rapidamente, tendendo
positivamente para o avanço das técnicas numéricas.
• A capacidade de visualização dos programas computacionais também vem crescendo
rapidamente, com vantagens para o método FDTD que gera vetores, com valores de
campo obtidos nas iterações computacionais, em número suficiente, para uso em
animações gráficas coloridas, permitindo a ilustração das dinâmicas dos campos
eletromagnéticos.
Este trabalho tem como objetivo principal a determinação do comportamento de
sistemas de aterramento quando submetidos a descargas atmosféricas. Na programação
5
computacional que deu suporte aos estudos, as descargas foram simuladas como pulsos de
corrente. As variáveis TGR (resistência de aterramento transitória), tensão e corrente são
analisadas tanto no período transitório como no período de regime. Todas as simulações
foram realizadas em ambiente computacional usando-se técnica FDTD. De forma diferente ao
que foi realizado em [18], neste novo cenário, para efeito de comparação, analisou-se também
sistemas de aterramento sem os barramentos e eletrodos auxiliares. A eliminação de tais
componentes foi possível, com auxílio de novas técnicas para injeção de corrente e medição
de potencial.
Os resultados apresentados neste trabalho, para as diversas situações propostas,
poderão ser úteis em projetos de novos sistemas de aterramento, de forma a dotá-los de
recursos que venham a dar uma maior proteção às instalações durante as ocorrências de
descargas atmosféricas ou falhas no sistema elétrico. Os principais tópicos relacionados ao
desenvolvimento deste trabalho possibilitaram a geração de artigos que foram publicados em
seminários nacionais e internacionais e revista especializada. Nestes eventos, a comunidade
cientifica, através de debates e comentários de revisores, ajudou a aprimorar os artigos e o
conteúdo desta tese de forma a melhor satisfazer às necessidades técnicas na área do
conhecimento onde se desenvolveram os estudos.
O presente trabalho, foi dividido em cinco capítulos, a saber:
Capítulo 1: Trata da introdução, onde são feitos comentários sobre diversos tipos de
modelagem de sistemas de aterramento e enfatiza a importância do FDTD na solução de
problemas em aterramento.
Capítulo 2: Uma revisão bibliográfica a respeito do comportamento do aterramento elétrico
em regime e frente a transitórios.
Capítulo 3: Relaciona a teoria envolvida nos estudos de aterramento abordados neste trabalho,
dando ênfase à técnica FDTD, processamento paralelo e modelagem do sistema de
aterramento.
Capítulo 4: Trata dos resultados obtidos nas simulações envolvendo vários arranjos em
sistemas de aterramento.
Capítulo 5: São apresentadas as conclusões e propostas para trabalhos futuros
6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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domain scheme,” IEEE Electromagnetic compatibility, Vol 3, p.p 850-855, 2004.
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ground lightning in nearby Munich, Germany,” IEEE Trans. On Electromagnetics
Compatibility, Vol. 40, No. 4, 1998.
[3] F. S. Visacro, M. A. Campos, “Aplicação da aproximação potencial constante no
projeto de malha de aterramento: Análise de sensibilidade; testes experimentais com
modelos reduzidos,” X SNPTEE, Curitiba, 1989
[4] IEEE Guide for Measuring Earth Resistivity, Ground Impedance, and Earth Surface
Potentials of a Ground System. ANSI/IEEE Std 81-1983.
[5] G. Parise, U. Grasselli, “Simplified Conservative Measurements of Touch and Step
Voltages,” University of Rome, Italy, 1998.
[6] A. P. Sakis Meliopoulos, P. Shashi and G. J. Cokkinides, “A New Method and
Instrument for Touch and Step Voltage Measurements,” IEEE Transaction on Power
Delivery, Vol.9, Nº 4, October 1994.
[7] L. E. Gallego, J. H. Montaña and A. F. Tovar, “GMT: Software for Analysis of
Grounding Systems,” Ground’2000 International Conference on Grounding and
Earthing, Belo Horizonte, 2000.
[8] F. Dawalibi, D. Mukhedkar, “Optimum Design of Substation Grounding in Two-
Layer Earth Structure – Part 1, Analytical Study ”. IEEE Transaction on Power
Apparatus and Systems, Vol. PAS-94, not. 2, March/April pp. 252-261, 1975.
[9] IEEE Guide for Safety in AC Substation Grounding. ANSI / IEEE, Std.80-1986.
[10] Y. L. Chow, “A Simplified Method for Calculating the Substation Grounding Grid
Resistance”. IEEE Transaction on Power Delivery, Vol. 9, No. 2, April 1994.
[11] I. F. Gonos, F. V. Topalis, I. A. Stathopulos, “Transient Impedance of ground rods,”
High Voltage Engineering Symposium, 22-27, Conference Publication No 467, IEE,
1999.
[12] I. M. Dudurych, et al, “EMTP analysis of the lightning Performance of a HV
Transmission Line,” IEE, Transmission and Distribution, Vol. 150, No. 4, July,
2003.
[13] W. Long, et al, “EMTP A Powerful Tool for Analyzing Power System Transients,”
IEEE, Computer Application in Power, 1990.
7
Fig. 2.2 Descarga entre nuvem-Terra (Foto tirada por Charles Allison em Oklahoma 26 de
agosto de 2005)
dependendo das características do relevo. Cerca de 90% das descargas descendentes ocorrem
na Europa durante as tempestades de verão e transportam carga negativa. São conhecidas
como descargas descendentes negativas. Proporções maiores de descargas descendentes
positivas acontecem em regiões tropicais e subtropicais, especialmente no inverno quando a
incidência atinge valores superiores a 50%.
Na formação da descarga, distinguem-se duas fases importantes. A primeira delas
corresponde à formação de um canal ionizado através da camada de ar entre nuvem e terra,
chamado leader. A segunda está relacionada com uma efetiva passagem de corrente pelo
canal ionizado, chamada de corrente de retorno (return stroke). Nuvens podem estar
carregadas com diferentes distribuições de carga. A Figura 2.3 mostra nuvens com cargas
negativas na região inferior. Nesse caso em particular, o inicio da descarga se dá com a
formação de um canal leader descendente, Figura 2.3 (a), que se aproxima da terra
progressivamente, aumentando o campo elétrico e propiciando uma movimentação
ascendente de cargas com polaridade oposta, mostrada na Figura 2.3 (b).
++++++ ++++++
++++++++++++ +++++++++
_________ _____________
_______ __________
_ +
_ +
_
_ +
Leader descendente
+
+
+ Leader
+ ascendente
+
+++++++++++++++ +++++++++++++++
(a) (b)
++++++ ++++++
++++++++++++ +++++++++
_________ _____________
_______ __________
_ +
_ +
_
_ +
+
+ +
+ Corrente de
+
+ + retorno
+ +
+++++++++++++++ +++++++++++++++
(c) (d)
Fig. 2.3 Fases de uma descarga atmosférica: (a) leader descendente, (b) leader ascendente
(c) momento da conexão entre as descargas e (d) Corrente de retorno
12
A efetiva passagem da corrente entre a nuvem e a terra ocorre pelo contato das
formações de cargas ascendentes e descendentes, Figura 2.3 (c) e (d).
As sobretensões atmosféricas, em linhas de transmissão, têm curta duração, com
frentes de onda relativamente rápidas (alguns µs) e tempos de decaimento da ordem de 100 µs
a 300 µs. A Figura 2.4 mostra a forma como se divide um pulso atmosférico incidente em
uma linha de transmissão.
Pulso de tensão: 1.2 x 50 µs, tolerâncias de ±3% no valor de pico, ±30% no tempo de frente
de onda e ±20% no tempo de cauda.
O pulso atmosférico é comumente representado, nos meios científicos, por uma onda
dupla exponencial. Apesar de tal forma de onda não ser representativa da onda real da
descarga atmosférica, é de grande utilidade nos ensaios experimentais. As Figuras 2.5 e 2.6
13
1.0 αt
1.e
0.8
0.6
-αt −βτ
1.(e - e )
0.4
Tensão (pu)
0.2
0.0
-0.2
-0.4 -βt
-1.e
-0.6
-0.8
-1.0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Tempo (µs)
No instante inicial ambas as ondas têm a mesma amplitude, resultando em valor nulo
para a soma. Enquanto a onda positiva atenua lentamente no tempo, a onda negativa atenua
rapidamente, e a soma resultante tem o aspecto de um pulso.
“gap”
D G R1
R
C1 R2 C2
V(t)
V0
Gerador
de pulso
V ~
Vmáx
0.9V
0.5V
0.1V
t1
(µ seg)
t2
Fig. 2.7 Forma de onda padronizada para surto atmosférico mostrando a taxa de crescimento
E E
Onda completa Onda cortada
E/2
0 2 4 6 8 10 12 14 0 2 4 6 8 10
(a) (b)
Fig. 2.8. Oscilogramas obtidos mostrando (a) uma onda completa e (b) uma onda cortada de
1x10 µs.
15
( t / τ 1 ) ( −t /τ )
n
Io
I (t ) = e 2
(2.1)
η 1 + ( t / τ 1 )n
- (τ / τ )( nτ / τ )(1/ n )
η=e 1 2
2 1
onde,
n – expoente (2 a 10)
Fig. 2.9 Circuito equivalente de um aterramento em condições de (a) alta freqüência e (b)
baixa freqüência
RT = K ρ (2.2)
17
A
ρ=R (2.3)
l
Sendo:
ρ – resistividade do solo
l – comprimento do condutor
tipo de solo;
18
umidade do solo;
compactação e pressão;
granulometria do solo;
temperatura do solo;
estratificação do solo.
a) Tipo de solo
Os tipos de solo não são claramente definidos. Por isto, não é possível atribuir-se um
valor específico de resistividade a um tipo de solo. Além disso, a experiência mostra que,
usualmente, são encontrados valores diferentes de resistividade para a mesma variedade de
solo de localidades distintas. A Tabela 2.1 mostra faixas de valores característicos para os
diferentes tipos de solos, nas suas condições usuais de umidade.
Tabela 2.1 – Faixa de valores usuais de resistividade de certos tipos de solos [6,7].
TIPO DE SOLO RESISTIVIDADE (Ω.m)
Lama 5 a 100
Húmus 10 a 150
Limo 20 a 100
Argilas 80 a 330
Terra de jardim 140 a 480
Cálcario fissurado 500 a 1000
Calcário compacto 1.000 a 5.000
Granito 1.500 a 10.000
Areia comum 3.000 a 8.000
Basalto 10.000 a 20.000
b) Umidade do solo
faz com que os sais, presentes no solo, se dissolvam, formando um meio eletrolítico favorável
à passagem da corrente iônica. A quantidade de água presente no solo é variável com uma
série de fatores, tais como clima, época do ano, temperatura, natureza do solo, existência de
lençóis subterrâneos, dentre outros. A Tabela 2.2 e a Figura 2.11 mostram a variação da
resistividade com o teor de umidade [6].
1600
1400
1200
1000
Ω.m
800
600
400
200
0 5 10 15 20 25 30
Indice de umidade (% do peso)
destilada a uma amostra de areia, verifica-se que sua resistividade varia relativamente pouco,
pela falta de condições para que se processe a eletrólise. A Figura 2.12 mostra o efeito do tipo
de concentração de sais na resistividade do solo e a Tabela 2.3 mostra a relação entre a
quantidade de sal adicionado a um solo arenoso, de umidade 15% (percentual em peso) e
temperatura de 17° C, e sua resistividade [6,7].
100
Ácido sulfúrico
Sulfato de sódio
Sulfato de cobre
Resistividade (Ω.m) 20 C
o
10
1
0.0 0.1 0.2
Percentagem de solução
e) Granulometria do solo
f) Temperatura do solo
gelo
ρmin
Líquido
g) Estratificação do solo
Os solos geralmente não são homogêneos, mas formados por diversas camadas de
resistividade em profundidades diferentes. Essas camadas, devido a formação geológica, são
horizontais e paralelas a superfície do solo.
Existem casos em que as camadas se apresentam inclinadas e até verticais devido a
alguma falha geológica. Além disso, o solo pode apresentar características anisotrópicas,
quando por exemplo camadas mais profundas afloram em locais determinados, ocasionando
descontinuidade na superfície. Desta forma, a resistividade pode variar com a direção
considerada, e, para tratar de um solo de um certo local, passa-se a atribuir-lhe o valor médio
das resistividades das diversas partes que o compõem, denominado resistividade aparente
deste solo [8, 9].
Parece lógica a existência de uma correlação entre a resistividade do solo e sua
estrutura geológica, quando são considerados os processos naturais de formação da crosta
terrestre e a natureza dos materiais que a compõem. A Tabela 2.5 mostra as faixas de valores
23
Resistividade
Período
Características (Ω.m)
Pré-Cambriano e combinações de Pré-Cambriano e 1.000 a 10.000
Cambriano
Combinações de Cambriano e Ordoviciano 100 a 1.000
Ordoviciano, Devoniano e combinação destes 50 a 600
Carbonífero, Triássico e combinações do Carbonífero 10 a 300
com períodos mais recentes
Cretáceo, Terciário, Quaternário e combinação destes 2 a 30
períodos
σ 1 , ε1 , µ1
σ 2 , ε 2 , µ2
1ª camada h1
2ª camada h2
σ 3 , ε 3 , µ3
σ ∞ , ε ∞ , µ∞
3ª camada h3
4ª camada h∞
Fig. 2.14 Representação do solo estratificado em quatro camadas onde a última camada é
considerada infinita
24
r
VP
c P
I
Ep = ρ J P , (2.4)
I
JP = , (2.5)
4π r 2
ρI
EP = . (2.6)
4π r 2
∞
VP = ∫ EP .dr , (2.7)
r
como EP e dr têm a mesma direção e sentido, a equação (2.6) pode ser substituída em (2.7),
resultando,
ρI
VP = . (2.8)
4π r
Como a situação mostrada na Figura 2.15 não encontra aplicação prática, uma situação
real pode ser encontrada quando a fonte de corrente I, é posicionada no interior da terra,
considerada homogênea, como mostrado na Figura 2.16.
26
solo
Para efeito de análise do potencial no interior da terra, o sistema da Figura 2.16 pode
ser substituído pelo sistema equivalente (método das imagens), mostrado na Figura 2.17.
Fig. 2.17 Potencial em um ponto P localizado no interior da terra. Utilização do método das
imagens
ρI ρI'
VP = + ,
4π r 4π r '
ρI 1 1
VP = + , (2.9)
4π r r r '
( x − x0 ) + ( y − y0 ) + ( z − z0 )
2 2 2
r= , (2.10)
( x − x0 ) + ( y − y0 ) + ( z + z0 )
2 2 2
r'= . (2.11)
-L
x0
X
y0 L
z0
Y P0
Para calcular o potencial da haste no ponto P0 , pode-se considerar a fonte como sendo
constituída de várias fontes de corrente infinitesimais alinhadas ao longo do comprimento da
haste e produzir a somatória dessas contribuições (superposição).
Substituindo os valores de r e r’ conforme a nova situação da haste centrada na origem
tem-se:
L
ρI
∫
1 1 dz ,
VP = + (2.12)
4π L ( 0 − x0 ) + ( 0 − y0 ) + ( z − z0 )
2 2 2
( 0 − x0 ) + ( 0 − y0 ) + ( z + z0 )
2 2 2
0
L
ρI
∫ 1 1 dz ,
VP = + (2.13)
4π L b2 + z − z
( 0) b 2 + ( z + z0 )
2 2
0
ρI L + z0 L − z0
Vhaste ( P0 ) = arcsenh + arcsenh . (2.14)
4π L b b
∫
1
Vhm = Vh ( P0 )dz0 . (2.15)
L 0
29
ρI a
2
arcsenh − 1 + +
2L a
Vhm = , (2.16)
2π L a 2L 2L
( )
Substituindo arcsenh( x) = ln x + x 2 + 1 , obtém-se:
ρ I 2 L
2 2
1 + 1 + − 1 + +
a a a
Vhm = ln . (2.17)
2π L a 2L 2L 2L
Considerando que o valor de a é muito menor que L, os termos a/2L podem ser
desprezados. Após o que, a equação (2.17) é dividida pela corrente I e, o diâmetro da haste
d=2a é considerado. Desta forma, obtém-se a resistência da haste de aterramento. A
expressão (2.18) mostra a conhecida fórmula de Sunde [11].
ρ 8L
Rh = ln − 1 .
2π L d
(2.18)
ρ 2L
Rh = ln . (2.19)
2π L a
elevação do potencial de uma haste gerada pela corrente que flui em outra haste, reduzindo a
eficiência da associação.
A solução clássica para este problema, consiste em utilizar um método matricial,
resolvendo um sistema de equações lineares para determinar a corrente que flui em cada uma
delas, impondo que o potencial em todas as hastes seja o mesmo [12].
Dependendo do tamanho da associação considerada, o método matricial requer
bastante memória de computador, bem como tempo de processamento, de forma que, para
sistemas simples, pode-se assumir uma distribuição de corrente constante, aplicada a casos
particulares, tal como hastes em linha, círculo etc.
Na Tabela 2.6 são apresentadas fórmulas para o cálculo da resistência de aterramento
de algumas configurações típicas de aterramento [13].
Para solos estratificados em duas camadas, a principal diferença em relação ao solo
homogêneo são as reflexões e refrações na interface entre as camadas diferentes do solo.
Neste caso vale ressaltar que há duas interfaces funcionando como “espelhos”, sendo uma da
superfície da terra com o ar e a outra entre os solos de resistividades diferentes.
A tecnologia atual. estabelece claramente que não existe qualquer medição indireta
que substitua a medição direta da resistência de aterramento utilizando técnica adequada.
Referidas medições, são de grande importância na verificação dos valores de resistência de
aterramento de um sistema recém construído ou para detectar variações nos padrões de
aterramento durante as rotinas de manutenção. A quantificação da resistência de um
aterramento é realizada pela razão entre o potencial do sistema de aterramento em relação a
um ponto infinitamente afastado e a corrente que se faz fluir através do mesmo sistema.
Eletrodo Tipo/Fórmula
2a
Eletrodo Vertical
ρ 4L
RT = ln − 1
L 2π L a
Eletrodo Horizontal
2a
ρ 2L 4L 2d
d RT = ln + ln −2+ + ....
2π L a d L
d ρ 1 1
RT = ln r + 2d
r 4π
d ρ 1 1
RT = ln r + 2d
4π
d ρ
RT =
2π r
Terrômetro
P1 , C1 P2 C2
Vt
v v
It
R(Ω)
RT
0% 61.8% 100%
O método da regra dos 62% é também um modo de medida em linha. Nele, o eletrodo
de potencial representado por P2, deverá ser locado a partir do eixo da malha de aterramento a
uma distância, mais precisamente, de 61.8% (na prática utiliza-se 62%) do posicionamento do
eletrodo auxiliar de corrente em C2, conforme mostrado na Figura 2.20. Deverão ser feitas três
leituras para medição da resistência; uma, na posição 62%; outra, mais à direita e outra, mais
à esquerda. Se os valores obtidos para as três leituras forem diferentes, significa dizer que na
zona em que está locado o eletrodo auxiliar P2, o potencial não será nulo. Há necessidade de
se afastar mais o eletrodo auxiliar de corrente C2 e repetir os ensaios.
Uma das formas para medição da resistividade do solo é efetuada basicamente por
amostragem, onde uma amostra de solo é coletada e enviada ao laboratório para determinação
de sua resistividade. Outra forma seria através da medição local com auxilio de aparelhos que
injetam correntes em regiões limitadas do solo, através de eletrodos adequadamente
posicionados. Como exemplo deste tipo de procedimento, será citado o método de Frank
Wenner.
∼ A
I
V
Área = A
Vale lembrar que, neste caso, a lei de Ohm pode ser aplicada, como segue
V RA ρl
Ramostra = ; ρ= ; R= .
I l A
Terrômetro
C1 P1 P2 C2
a a a
v v v v
4π aR
ρ= [Ω.m] .
2a 2a (2.20)
1+ −
a + (2 p) ( 2a ) + (2 p)
2 2 2 2
ρ = 2π aR [Ω.m ] (2.21)
limite para que não ocorra a fibrilação está baseada na expressão (2.22), limitada a tempos de
0,03s a 3,0s [16].
( Ic )
2
ts = Sc , (2.22)
sendo,
Ic - valor rms de corrente permitida através do corpo em Ampéres,
ts - tempo de exposição ou duração da falta em segundos e
Sc - constante empírica relacionada com a tolerância ao choque elétrico para um certo
percentual da população.
Para um corpo humano médio de 50Kg ou mais, foi encontrado empiricamente o
valor de Sc = 0,0135. Usando-se esse valor em (2.22), têm-se como máxima corrente
suportada pelo corpo humano o valor dado por (2.23) [17].
0.116
Ic = (2.23)
ts
Por exemplo, para um tempo de exposição ts = 1s, tem-se um valor máximo para
corrente suportada de Ic =116mA.
resistência de contato do pé, RK é a resistência das pernas na Figura 2.24(a) e dos membros e
tronco na Figura 2.23(b), Vtoque é o potencial de toque e Vpasso é o potencial de passo. Os
circuitos resistivos mostrados, esclarecem a condição de fluxo de corrente elétrica nas duas
situações apresentadas. Fica clara a minimização da corrente elétrica através do corpo humano
quando há uma maior eficiência do aterramento representada pela diminuição dos valores de
R0, R1 e R2..
I R1 RF RK
Vpasso R2
Vpasso
RF
R0 IK
Distribuição do potencial
na terra devido a uma
descarga ou curto-circuito
RK
RF RF IK
R1 R2 R0
(a)
I RK
R1
Vtoque
Vtoque
RF/2
R0 IK
Distribuição do potencial
na terra devido a uma
descarga ou curto-circuito
RK
IK RF/2
R1 R0
(b)
Fig. 2.23 Tensão de passo (a) e tensão de toque (b) em estrutura aterrada
39
25 3250
50 2625
220 1350
1000 1050
A Tabela 2.7 é válida para trajetos de corrente elétrica que atravessem a região
cardíaca, isto é, de uma mão para outra mão ou de uma mão para um pé. Nota-se que se
costuma definir a “resistência do corpo humano” como a soma de três resistências em série,
ou seja:
A resistência de contato entre a vítima e o solo, varia muito com a natureza dos
sapatos e o estado do solo.
116
V= . (2.24)
ts
2.3.1 Introdução
Tubo de
PVC
Conexões
exotérmicas
Haste de cobre
5/8” x 2,40m
O ponto do sistema que se deseja conectar ao solo pode ser de natureza variada.
Dependendo da aplicação este pode constituir-se em uma trilha numa placa de circuito
impresso, na carcaça de um computador, motor, transformadores de grande porte ou, ainda,
no neutro de um sistema elétrico. Também, os eletrodos de aterramento podem ter
configurações bem diversificadas, citando-se como exemplo algumas configurações usuais,
tais como: cantoneiras de ferro galvanizado, hastes revestidas com cobre, sistemas hidráulicos
ou malhas em reticulado. As formas, assim como as disposições geométricas dos eletrodos no
solo, são as mais variadas, de acordo com a aplicação. Destacam-se as hastes verticais, usadas
principalmente quando as camadas mais profundas do solo têm menor resistividade, e que são
muito práticas, por serem de fácil cravação. Os eletrodos horizontais, enterrados usualmente
a profundidades da ordem de 0,5 metro, são usados principalmente quando a maior
preocupação é o controle do gradiente de potencial na superfície do solo.
Para se avaliar a natureza dos aterramentos, deve ser considerado que, em geral, uma
conexão à terra apresenta resistência, capacitância e indutância, cada qual influindo na
capacidade de condução da corrente para a terra. A perspectiva na qual o sistema “enxerga” o
aterramento pode ser expressa através de sua impedância. Tal “Impedância de aterramento”
pode ser conceituada como a oposição oferecida pelo solo à injeção de uma corrente elétrica
no mesmo, através dos eletrodos, e se expressa quantitativamente por meio da relação entre a
tensão aplicada ao aterramento e a corrente resultante.
O solo, como outro meio qualquer, tem propriedades elétricas e magnéticas. Estas
propriedades variam de acordo com a composição química, física e geométrica dos
componentes do solo. Os parâmetros do solo de grande importância no estudo de aterramento
são: resistividade, permissividade e permeabilidade. A qualidade de um aterramento elétrico
no solo está relacionada diretamente com estas propriedades. A mais utilizada, é a
resistividade, ou seja, a capacidade de conduzir corrente elétrica ativa através de um meio
condutivo. Este parâmetro foi tratado com certo nível de detalhamento na seção 2.2. A
permissividade elétrica assume importância durante o escoamento de pulsos elétricos em
freqüências elevadas. E a permeabilidade tratada como sendo constante e igual a do vácuo
para a grande maioria dos tipos de solo.
42
50
45
RLF=∆V/∆I
40
VP
35
tn
30
Tensão (V)
25
20
Vti ti
15
10
5 t3
t1 I(ti)
0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7
Corrente (A)
Fig. 2.25 Curva tensão-corrente para uma amostra de solo entre dois cilindros coaxiais
solo
Atenuação
V
I
Diminuição
da inclinação
Eletrodo
V=0
(a)
(b)
Quando o gradiente de tensão no solo se torna maior que o seu gradiente de ionização,
há uma mudança no seu comportamento, ou seja, o valor da resistividade e,
conseqüentemente, o valor da resistência do sistema de aterramento, sofre um decréscimo.
Para estudar este comportamento, Gonos [26] utilizou em suas experiências, um arranjo para
teste e medição de corrente mostrado na Figura 2.29.
O arranjo mostrado, inclui um gerador de tensão de impulso de dois estágios com
capacidade de carregamento até 100 kV e com energia de 245 Watts por estágio. O
dispositivo de controle e instrumento de medição (Digitalizador transitório rápido,
49
osciloscópio Yokogawa DL1540 voltímetro de pico etc.), são colocados em uma gaiola de
Faraday com um sinal de atenuação de 50 dB até 1 GHz. Um filtro de alta freqüência e um
transformador isolador faz a blindagem da energia de alimentação aos instrumentos contra
ruídos e distúrbios.
Fig. 2.30 Pulso de tensão e corrente em solo ionizado a) Solo seco b) solo úmido
50
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Este capítulo aborda de forma sucinta, a solução numérica das equações de Maxwell
por FDTD, a truncagem da região de análise por UPML, as técnicas de fio fino, o
processamento paralelo e a modelagem de sistemas de aterramento.
O método das diferenças finitas (FDM) foi inicialmente desenvolvido por A. Thom [1]
na década de 20 sob o título de “Método dos quadrados”, para solucionar equações
hidrodinâmicas não-lineares. Em 1966, Kane Yee [2] introduziu um algorítimo que consistia
em um conjunto de equações de diferenças originadas do sistema de equações rotacionais de
Maxwell dando então origem ao método FDTD. O algorítimo de Yee soluciona campos
elétricos e magnéticos no tempo e espaço simultaneamente. Na vida real, os problemas
eletromagnéticos dificilmente podem ser solucionados por métodos analíticos face a
complexidade de solução que normalmente é envolvida. Quando problemas com tais
características aparecem, as soluções numéricas são usadas, pelo fato de serem eficientes e
relativamente simples.
Para meios isotrópicos, não dispersivos e com perdas, as equações de Maxwell podem
ser escritas, na forma diferencial, como:
∂H
∇ × E = −µ
, (3.1)
∂t
∂E
∇×H =ε +σE,
(3.2)
∂t
onde E e H representam os vetores intensidade de campo elétrico (V/m) e magnético (A/m)
respectivamente, µ é a permeabilidade magnética do meio (Henrie/m), ε é a permissividade
elétrica (Farad/m) e σ a condutividade elétrica (mho/m). As demais equações de Maxwell ou
Leis de Gauss para os campos elétrico e magnético, não são utilizadas, por estarem implícitas
nas equações rotacionais (3.1) e (3.2).
Os vetores das equações (3.1) e (3.2) representam um sistema de seis equações
55
∂F n ( i, j , k ) F n ( i + 1/ 2, j , k ) − F n ( i − 1/ 2, j , k )
∂x
=
∆x
(
+ 0 ∆ x2 ) (3.5)
∂F n ( i, j , k ) F n +1/ 2 ( i, j , k ) − F n −1/ 2 ( i, j , k )
∂t
=
∆t
( )
+ 0 ∆t 2 (3.6)
Ao aplicar (3.5) em todas as derivadas parciais [4] oriundas de (3.1) e (3.2), Yee
posicionou as componentes de E e H em uma célula, conforme mostrado na Figura 3.1.
Z
(i,j,k+1)
EZ
HX
HY
HZ EY
(i,j+1,k) Y
EX
(i+1,j,k)
X
O algorítimo de Yee centra as componentes de E e H no espaço tridimensional de
modo que cada componente de E é envolvida por quatro componentes de circulação de H .
De forma similar, cada componente de H é envolvida por quatro componentes de circulação
de E . Desta forma, as expressões de atualização para Ex e Hx [5] são dadas, respectivamente,
pelas equações (3.7) e (3.8).
σ ( i + 1/ 2, j, k ) n ∆t H zn +1/ 2 ( i + 1/ 2, j + 1/ 2, k ) − H zn+1/ 2 ( i + 1/ 2, j − 1/ 2, k )
Exn+1 ( i + 1/ 2, j, k ) = 1 − Ex ( i + 1/ 2, j, k ) + +
ε ( i + 1/ 2, j, k ) ε ( i + 1/ 2, j, k ) ∆y
∆t E yn ( i, j + 1/ 2, k + 1) − E yn ( i, j + 1/ 2, k )
H xn +1/ 2 ( i, j + 1/ 2, k + 1/ 2 ) = H xn −1/ 2 ( i, j + 1/ 2, k + 1/ 2 ) + +
µ ( i, j + 1/ 2, k + 1/ 2 ) ∆z
Ezn ( i, j, k + 1/ 2 ) − Ezn ( i, j + 1, k + 1/ 2 )
+ . (3.8)
∆
y
Equações similares podem ser obtidas para as outras componentes dos campos.
1 ,
∆t ≤
1 1 1 (3.9)
v + +
( ∆x ) ( ∆y ) ( ∆z )
2 2 2
δ
∆t ≤ ⋅ (3.10)
c 3
O equacionamento de fio fino de acordo com a Figura 3.2, começa pela aplicação da
lei de Faraday. As aproximações adotadas para as componentes de campo Hy e Ex são,
respectivamente:
58
∆x
H y ( r , j, k ) = H y (i, j, k ). , (3.11)
2r
e
∆x
Ex ( r , j , k ) = Ex (i, j , k ). . (3.12)
2r
Ex(i-1,j,k+1) Ex(i,j,k+1)
Ez (i-1,j,k) Ez (i+1,j,k)
Ez (i,j,k)
Hy(i,j-1,k) Hy(i,j,k)
ro
r
Ex(i-1,j,k) Ex(i,j,k) X
Fig. 3.2 Alocação dos campos e geometria para a técnica de fio fino no plano Z-X
Aplicando a lei de Faraday na forma integral (3.13), para o contorno da Figura 3.2,
lado direito, e considerando-se as aproximações dadas pelas equações (3.11) e (3.12),
∂
∫ E.d l = − µ ∫∫
H.d s , (3.13)
∂t
resulta em:
∆x
∆x ∆x
∆x ∂ ∆x
∆x
− Ez ( i + 1, j, k ) ∆z + 0 +
∫ro
Ex (i, j, k + 1)
2r
dr −
∫ ro
Ex (i, j, k )
2r
dr = −µ∆z
∂t ∫ro
H y (i, j, k )
2r
dr (3.14)
∆t 2∆t
H yn +1/ 2 ( i, j, k ) = H yn −1/ 2 ( i , j , k ) + E xn ( i, j , k ) − E xn ( i, j , k + 1) + E n ( i + 1, j, k ) (3.15)
µ∆z µ∆x ln ( ∆x / ro ) x
onde ro é o raio desejado para o fio fino. Neste caso, o valor de ro deverá ser menor que ∆x / 2
[6].
Referindo-se à Figura 3.2, observa-se que, para cada componente E z ( i , j , k ) do campo
H xn +1/ 2 ( i, j − 1, k ) , para que se possa simular um fio fino. Da mesma forma mostrada acima,
outras componentes do campo magnético nas demais direções, poderão ser calculadas.
Utilizando esta correção, é possível simular, com precisão satisfatória o comportamento dos
campos eletromagnéticos próximos a estrutura condutora de dimensões inferiores às da célula
de Yee, evitando com isso um maior refinamento na discretização, o que implicaria na
necessidade de recursos computacionais adicionais [5].
σ, εs
Fig. 3.3 Seção transversal de um fio fino envolvido por uma lâmina condutora cilíndrica
coaxial com o fio fino
2πσ 2πε 0ε S ω
G= , B=
b b (3.16)
ln ln
a a
σ
f0 = (3.17)
2πε 0ε S
Utilizando-se agora o fio fino, Figura 3.4, envolvido por uma lâmina condutora com
seção quadrada de 2.5 x 2.5 m2, e comprimento 25 m para ambos, parte-se para análise em
ambiente FDTD com células cúbicas de aresta 0.25 m.
σ, εs
E1 E2 E3
∆s
Fio fino
Z ∆s
X
Fig. 3.4 Seção transversal de um fio fino envolvido por uma lâmina condutora retangular com
seção transversal de 2.5 x 2.5 m2. E1, E2 e E3 são os campos elétricos radiais em 0.5, 1.5 e
61
Fig. 3.5 Variação no tempo dos campos E1, E2 e E3 com relação a E2 usando o método
FDTD, no caso em que σ = 5 mS/m e ε = 12.
Observe que o método FDTD calcula os campos elétricos em pontos discretos, ou seja,
E1, E2 e E3 em x = 0.5, 1.5 e 2.5∆s, respectivamente, como mostrado na Fig. 3.4. De uma
forma geral, o campo elétrico radial próximo a um fio fino longo, de seção transversal
circular, varia com o inverso da distância radial do eixo do fio fino. Portanto, de acordo com
[9], foi utilizada uma função para testar a variação do campo elétrico radial obtido, usando a
simulação por FDTD, próximo ao fio fino no espaço livre,
3∆x
E (x ) = , (3.18)
2x
Nesta função, o campo elétrico é normalizado de forma que E deverá ser unitário em
x = 1.5∆s. A Figura 3.6 mostra o campo elétrico radial calculado por (3.18) e usando a
simulação por FDTD.
Fig. 3.6 Campo elétrico radial em função da distância radial x do centro de um fio fino,
calculado usando (3.18) e o método FDTD (o campo elétrico é normalizado de forma que E2
seja igual a unidade).
ro = 0.23 ∆s , (3.20)
ro = 0.23∆s ro = 0.23∆s
σ *, ε * µ*
E y1 Hx1
Fio fino
ro ro
H y2 H y1
Ex2 Ex1
E y2 Hx2
Y Y
Z X Z X
∆s ∆s
(a) (b)
Fig. 3.7 Seção transversal de um fio fino tendo um raio de 0.23∆s e suas quatro células
adjacentes. (a) Quatro elementos de campo elétrico radial próximo ao fio fino. (b) Quatro
elementos de campo magnético radial envolvendo e próximo ao fio fino.
ln ( ∆s / 0.23∆s )
RT = (3.21)
2πσ *
onde σ* é a condutividade do meio em volta do fio fino. Se o fio fino tiver um raio arbitrário
ro* e estiver em um meio σ, a resistência por unidade de comprimento RT’ é dada por:
64
∆s
ln *
r (3.22)
RT' = o
2πσ
ln (1/ 0.23)
σ* =σ
ln ( ∆s / ro* )
(3.23)
A equação (3.23) mostra que um fio fino tendo raio ro* em um meio de condutividade
seguinte forma:
ln (1/ 0.23)
ε s∗ = ε s (3.24)
ln ( ∆s / ro∗ )
∗
ln ( ∆s / ro∗ )
µ = µs (3.25)
ln (1/ 0.23)
s
Por esta modificação, a impedância característica do fio fino, torna-se igual àquela do
fio fino tendo raio ro∗ , enquanto que, a velocidade de propagação da onda, não é alterada,
65
levando em conta que ε s∗ µs∗ = εs µs . A validade deste método, tem sido bastante investigada
para o fio fino no espaço livre e em meios condutivos, tanto em períodos transitório como
quasi-estático, têm-se mostrado satisfatória.
Por fim, deve-se ressaltar que esta técnica demanda a utilização de passos temporais
menores que o usual para garantir estabilidade numérica. Neste trabalho foi adotado 60% do
limite de Courant para ∆t.
Para solucionar tais problemas, a técnica UPML (Uniaxial Perfectly Matched Layers)
foi usada, pelos excelentes resultados apresentados em trabalhos anteriores [5]. Para fechar o
domínio em análise, utilizaram-se paredes condutoras elétricas perfeitas (PEC), Figura 3.9.
Neste caso, o meio absorvente UPML é anisotrópico e condutivo e a lei de Ampère na UPML
pode ser expressa, como:
∂ ∂ S S
Hz − H y y z 0 0
∂y ∂z Sx Ex
∂
∂ σ Sx Sz
H x − H z = jωε o (ε r + ) 0 0 E y , (3.26)
∂z ∂x jωε o Sy E
∂ z
∂ Sx S y
H y − Hx
∂ x ∂y 0 0
S z
σk
Sk = K k + ; sendo k = x, y, z ,
jωε o (3.27)
66
e σk com Kk são funções polinomiais que representam a atenuação ao longo das direções x, y
e z. Para a direção x, tem-se [11]:
σ x ( x ) = ( x / d ) σ x,max ,
m
(3.28)
K x ( x ) = 1 + ( k x,max − 1) ( x / d ) ,
m
(3.29)
onde d é a Profundidade da UPML. Expressões similares podem ser obtidas para as outras
direções. O procedimento para obtenção das componentes dos campos elétrico e magnético, é
feito da seguinte forma:
Inicialmente, introduzem-se duas variáveis auxiliares de campo P e P′ , as quais
permitem modelar a presença do σ isotrópico, Eq. (3.26), dentro da UPML. Estas variáveis
são definidas, como:
Sz S Sy
Px = E x ; Py = x E y ; Pz = Ez ,
Sx Sy Sz (3.30)
∂ ∂
∂ Hz − ∂ H y
y z Px' Px'
∂ ∂ ' '
H x − H z = jωε o ε r Py + σ Py .
∂z ∂x Pz' Pz'
∂ (3.32)
∂
Hy − Hx
∂ x ∂y
Passa-se então ao cálculo de jω P ′. A equação acima pode então ser expandida, como
segue,
67
σy
( K y + ) Px
P' jωε o
x S P
y x K y 0 0 Px
σz
jω Py' = jω S z Py = jω ( K z + ) Py = jω 0 Kz 0 Py +
jωε o
' 0 0 K x
S x Pz σx Pz (3.33)
z
P
(K x + ) Pz
jωε o
σ y 0 0 P
1 x
0 σ z 0 Py .
εo
0 0 σ x P
z
Px' K y 0 0 Px σ y 0 0 Px
∂ ' ∂
Py = 0 Kz 0 P + 1 0 σ 0 P .
(3.34)
∂t ' ∂t y ε y
z
Pz 0 0 K x Pz o 0 0 σ x Pz
Sz
Px = Ex ∴ Sx Px = Sz Ex , (3.35)
Sx
σx σz
(Kx + ) Px = ( K z + )Ex ,
jωε o jωε o (3.36)
∂ ∂
εo K x Px + σ x Px = ε o K z Ex + σ z Ez , (3.38)
∂t ∂t
∂ σ P ∂ σ E
( K x Px ) + x x = K z Ex + z x . (3.39)
∂t εo ∂t εo
68
ε oε r ε oε r σ σ
Px' n +1
( i, j, k ) − Px' n
( i, j, k ) + Px' n +1
( i, j, k ) + Px' n
( i, j, k ) =
∆t ∆t 2 2
n + 12 n+
1
n+
1
n+
1
( − ) − 2 H 2
( i , j , k − 1) − H 2 (3.41)
= z
H i , j 1, k H ,
−
z y y
∆y ∆z
ε oε r σ σ ε oε r
Px' n +1
( i, j, k ) + + Px ' n
( i, j, k ) − =
∆t 2 2 ∆t
n + 12 n+
1
n+
1
n+
1
zH ( i , j − 1, k ) − H 2 H 2
( i , j , k − 1) − H 2
(3.42)
−
z y y
∆y ∆z .
Finalmente,
ε σ
Px' n
(i, j, k ) −
∆t 2 1
Px' n +1
( i, j, k ) = +
ε σ
×
ε σ
+ +
∆t 2 ∆t 2
n+
1
n+
1
n+
1
n+
1
(3.43)
2
( i, j, k ) − H 2
( i, j − 1, k ) H 2
( i, j, k ) − H y 2 ( i, j, k − 1)
×
H
−
z z y
∆y ∆z .
n +1
Px' n +1 Px' n K y Px K y Pxn 1 σ y Pxn +1 1 σ y Pxn
− = − + + ,
∆t ∆t ∆t ∆t ε 2 ε 2 (3.45)
ou
Ky σ y
−
∆t 2ε o + 1
Pxn +1 ( i, j, k ) = Pxn ( i, j, k )
Ky σ y Ky σ y
( Px' n +1
− Px' n
),
+ ∆t + (3.46)
∆t 2ε o ∆t 2ε o
∆t
Ky −σ y 2ε o
Pxn +1 ( i, j , k ) = Pxn ( i, j , k )
K +σ ∆t
+
1
∆t
( Px' n +1
− Px' n
). (3.47)
y y
2ε o Ky +σ y
2εo
K σ K σ K σ K σ
Pxn +1 x + x + Pxn − x + x = Exn +1 z + z + Exn − z + z , (3.50)
∆t 2ε o ∆t 2ε o ∆t 2ε o ∆t 2ε o
σ z ∆t
K z − 2ε 1 σ ∆t σ ∆t
E xn +1 ( i, j, k ) = E xn ( i, j, k ) o
+ × Pxn +1 K x + x − Pxn K x − x (3.51)
K + σ z ∆t K + σ z ∆t 2ε o 2ε o
z
2ε o
z
2ε o
70
Procedimento similar poderá ser adotado para cálculo dos campos elétricos nas
direções y e z.
modo paralelo [14]. Contudo, o acesso a esses supercomputadores era dificultado devido ao
alto custo e com isso somente grandes instituições poderiam adquiri-los.
Para superar o problema do alto custo e popularizar o processamento paralelo, na
década de 90, o Centro de Excelência em Dados Espaciais e Informações Científicas
(CESDIS), órgão da NASA, montou a primeira arquitetura paralela de computadores,
denominada cluster Beowulf [15]. Os clusters Beowulf resultaram de um projeto iniciado pela
NASA no verão de 1994, no centro de pesquisas CESDIS, localizado no Goddard Space
Flight Center, no âmbito do projeto Earth and Space Sciences, cujo objetivo primário
consistia em determinar a aplicabilidade de arquiteturas de processamento paralelo a
problemas do domínio das ciências espaciais, especialmente para o tratamento de dados
recolhidos por satélite, a preços acessíveis. O primeiro destes clusters foi construído por
Thomas Sterling e Don Becker e consistia em 16 nós com processadores Intel 486 Dx4 a
100MHz interligados por uma tecnologia de rede Ethernet a 10 Mbits do tipo channel bonded
com dois barramentos. Desde então diversas instituições têm construído os seus próprios
clusters Beowulf. Atualmente existem clusters deste tipo com mais de um milhar de nós. Isso
só foi possível devido ao avanço na tecnologia de hardware que trouxe os preços dos
computadores para níveis mais acessíveis e avanços tecnológicos surgidos no mundo do
software, introduzindo no mercado bibliotecas de comunicação como o PVM e o MPI, além
das otimizações dos compiladores para as linguagens científicas de alto desempenho, como
por exemplo o Fortran [16]. O MPI, Message Passing Interface, é uma biblioteca de
passagem de mensagens, desenvolvida por um grupo de pesquisadores de várias entidades,
para funcionar como um sistema padrão em uma grande variedade de arquitetura de
computadores paralelos, pois possui a eficiência e facilidade de uso. A padronização define a
sintaxe e a semântica das rotinas das bibliotecas, o que as torna úteis para se escrever
programas em C, C++ e Fortran [17]. O principal objetivo da MPI, é de generalizar
procedimentos, mantendo sempre a eficiência dos sistemas, isto é, incluir o que de melhor
existe nos ambientes de passagem de mensagens, considerar as características gerais das
plataformas paralelas e explorar o máximo de suas vantagens.
A idéia básica para implementação paralela do algorítimo FDTD, baseia-se na divisão
do domínio de análise em subdomínios. Nesta técnica, conhecida como técnica de
decomposição de dados ou decomposição de domínio, os dados do problema são divididos e
selecionados para rodar em diferentes processadores, considerando que, cada processador
executa basicamente o mesmo programa (código fonte), porém com diferentes dados. É uma
implementação típica do modelo SPMD (Single Program Multiple Data) [18]. A distribuição
72
Ey
Subdomínio 1 Subdomínio 2
Hz
Máquina 1 Máquina 2
z x
Fig. 3.8 Atualização das componentes de campo localizadas na interface entre duas regiões
(plano Y-Z).
Y 10 cel.
69 cel. PEC
UPML
UPML
Sub dom 6 Sub dom 7 Sub dom 8 Sub dom 9 Sub dom 10
79 cel.
ET
Circuito de potencial
Circuito de corrente
ERP
UPML
UPML
UPML
UPML
79 cel.
ERC
subdom1
Sub dom 1 Sub dom 2 Sub dom 3 Sub dom 4 Sub dom 5
UPML
X
UPML
composto por terra argilosa do tipo kanto loan [21]. O domínio de análise utilizado nas
simulações tem as seguintes dimensões:
Direção x – 86.25 m (345 células)
Direção y – 39.5 m (158 células)
Direção z – 34.50 m (138 células)
As equações para atualização computacional das componentes de campo para o meio
em questão são as equações de Maxwell adaptadas ao meio condutivo, adotando-se para esse
meio os valores de ε = 50 × 8.55 × 10−12 F / m para a permissividade absoluta,
As paredes absorventes foram elaboradas de acordo com a técnica UPML para meios
condutivos, descrita na seção 3.1.4, sendo adotados os seguintes valores para os parâmetros da
UPML:
d – espessura da UPML tendo valor fixo de 2,5 m, ou 10 células.
m – parâmetro que define o grau do polinômio. Neste trabalho, foi escolhido no intervalo
3 ≤ m ≤ 4, considerado pela literatura, como intervalo ótimo para a maioria dos casos
simulados em FDTD. O valor 3.5 adotado para m, foi considerado satisfatório [5].
σx,máx – O valor de sigma máximo ou sigma ótimo na direção x para o meio
homogêneo em z, é determinado pela expressão (2.44).
0.8 ( m + 1)
σ x,opt ≈ . (3.52)
η∆
0.8 ( m + 1)
σ z,opt ≈ , (3.53)
η ∆ ε eff
onde ε eff é a permissividade relativa efetiva, e que representa o meio não homogêneo ao
longo da UPML.
kk - são funções polinomiais que representam a atenuação ao longo das direções x, y e z. Para
a direção x, considerando o campo elétrico em x tem-se:
m
x
k x ( x ) = 1 + ( k x,max − 1) × , (3.54)
d
Z 10 cel.
69 cel. PEC
UPML
UPML
59 cel.
Espaço livre
Circuito de potencial
50 m
1.5 m
UPML
UPML
UPML
UPML
3m 1.5 m
ERP
ET
Terra
79 cel.
subdom1
UPML
X
UPML
Fig. 3.10 Vista lateral, no plano X-Z, do domínio computacional de análise e sistema de
aterramento.
Z
79 cel 79 cel
59 cel UPML
PEC
20 m
1.0 m
UPML
UPML
1.5 m
12 m
ERC
ET
79 cel
UPML
Y
Fig. 3.11 Vista lateral, no plano Y-Z, do domínio computacional de análise e sistema de
aterramento.
a) Circuito de corrente
Constituído de um eletrodo de terra com dimensões 0.5 X 0.5 m2 de seção
transversal e comprimento 3 m, linha de corrente horizontal na direção Y, diâmetro 0.135m e
comprimento 20m, eletrodo de corrente remoto com diâmetro 0.135m e comprimento 2.5m
sendo 1.5m enterrado. O Gerador de pulso que pode ser tratado como fonte de tensão,
instalado no topo do eletrodo de aterramento, produz tempo de frente de onda de 0.063
microssegundos e tempo de cauda 500 microssegundos. A tensão de pico foi ajustada para um
valor de 515 Volts, com formato de onda mostrado na Figura 3.13.
77
Barramento de
potencial Φ 0.135
Z
m
Resistência 1.5 m
Y 50 m
435 Ω
Eletrodo remoto
Gerador de
X de potencial 1.5 m
pulso
3m
20 m
Barramento
6 de corrente 7 8 9 10
Φ 0.135 m
Eletrodo de terra
Eletrodo remoto de
corrente Φ 0.135 m 1m
1.5 m
Espaço livre
1 2 3 4 5
Terra
-100
-200
Tensão (V)
-300
-400
-500
-600
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Tempo (µs)
α1 = 1.93147180 / T f
α 2 = 2.558427881/ Tt ,
α
t0 = ln 1 / (α1 − α 2 ) , (3.57)
α 2
ω0 = π / ( 3T f ) , (3.59)
onde,
Vs = tensão instantânea
Vmax = tensão de pico
Tf = tempo de frente de onda
Tt = tempo de cauda
Um resistor série de 435 ohms, foi adaptado entre a fonte de tensão e o circuito série,
transformando a fonte de tensão em fonte de corrente. A modelagem do resistor, dentro da
metodologia FDTD, considera um resistor R na direção z, localizado no espaço livre,
representado pela intensidade de corrente Iz (i,j,k), densidade de corrente JL e componente de
campo Ez (i,j,k) conforme mostrado nas equações (3.60), (3.61) e (3.62).
∆z n +1
I zn +1/ 2 ( i, j, k ) =
2R
( Ez (i, j, k ) + Ezn (i , j, k ) ) (3.60)
I zn +1/ 2 (i, j , k )
JL = (3.61)
∆x ∆y
∆t ∆z ∆t
1 − 2 Rε ∆x ∆y ε
E zn +1 (i, j, k ) = o
E zn (i, j, k ) + o
×
1 + ∆t ∆z 1 + ∆t ∆z
2 Rε o ∆x ∆y 2 Rε o ∆x ∆y (3.62)
H yn +1/ 2 ( i + 1/ 2, j, k ) − H yn +1/ 2 ( i − 1/ 2, j, k ) H xn +1/ 2 ( i, j − 1/ 2, k ) − H xn +1/ 2 ( i, j + 1/ 2, k )
+
∆x ∆y
Para tal, utilizou-se a lei circuital de ampère, integrando os quatro campos magnéticos
em volta do segmento [6], conforme mostrado na equação (3.63) e Figura 3.14.
∆x/2 HX(i,j,k)
HY(i-1,j,k) HY(i,j,k) X
I
∆y/2
HX(i,j-1,k)
Fig. 3.14 Integração dos quatro campos magnéticos ao longo dos percursos ∆x e ∆y
valor elevado de corrente que deverá passar pelos referidos condutores, aplicou-se
aos mesmos a técnica de fio fino.
a) Circuito de potencial:
Constituído por eletrodo remoto de potencial com diâmetro de 0.25m, comprimento
total de 3m, sendo 1.5m enterrado, linha de potencial de referência com seção transversal de
2 mm2 e comprimento 50m. Ver Figura 3.10.
O potencial elétrico transitório foi medido na célula postada na aresta superior do
eletrodo principal, conforme explicitado na equação (3.64).
V ( n ) = − E zn (i, j, k ) ∆z , (3.64)
V (n)
TGR (n) = ,
I (n) (3.65)
Espaço livre
Resistência
Gerador de pulso
Eletrodo
Terra
UPML
Fig. 3.15 Layout do esquema proposto
82
Resistência
∼ Gerador de impulso
Resistência de terra
V=0
I1(t) Ez
Espaço livre
A
Ex
I2(t) Terra
Eletrodo de
aterramento ∆s
Fig. 3.17 Medição de corrente realizada através da média entre I1(t) e I2(t)
83
I1 ( t ) + I 2 ( t )
I A (t ) = . (3.66)
2
Na seção 3.3, onde é descrita a modelagem para hastes não convencionais, a tensão
desenvolvida na terra pela ação do pulso de corrente aplicado ao eletrodo, foi coletada através
de um barramento metálico que trazia o potencial zero de uma região distante, até uma célula
próxima do eletrodo, onde a tensão era medida [21]. A presença física do referido barramento
no ambiente de ensaio experimental e no ambiente de simulação, provoca efeitos de indução
que levam a resultados não compatíveis com a realidade. Neste trabalho, propõe-se a
eliminação do barramento de potencial e do eletrodo de referência. Então, para obtenção da
equação para o potencial no ponto A, parte-se da Lei de Faraday, como segue,
∂B ∂∇ × A ∂A
∇×E = − =− = −∇ × ,
(3.67)
∂t ∂t ∂t
onde conclui-se que
∂A
∇×E + = 0. (3.68)
∂t
∂A
B
VB − VA = − ∫ E + dl . (3.69)
A
∂t
B
VA = ∫ E dl (3.70)
A
VA ( t )
TGR ( t ) = (3.71)
I A (t )
6.25 m Eletrodo
0.50 m
A B
V≈0
Caminho de integração
6.25 m
(a)
Z
22.50 m
Espaço livre
Circuito de corrente
B
20 m A
V≈0
Caminho de integração
9.50 m (3cel. acima do solo)
Terra
X
(b)
A tensão de pico foi ajustada para um valor de 515 Volts, com formato de onda
mostrado na Figura 3.13. Um resistor série de 435 ohms, devidamente modelado [21], foi
adaptado entre a fonte de tensão e o circuito série, transformando-a em uma fonte de corrente.
Como pode ser visto na Figura 3.15, o terminal superior do resistor penetra na UPML e vai
até a uma célula de distância do PEC, este terminal é constituído de um fio fino condutor de
20 mm2 de área de seção transversal.
Neste trabalho, a linguagem computacional utilizada como suporte nas simulações foi
o FORTRAN 77 [23], sendo também utilizado o Matlab para suporte gráfico e de animação
propiciando uma melhor visualização da propagação dos campos.
A Figura 3.20 mostra o fluxograma do programa utilizado na determinação dos
campos elétrico e magnético, no ambiente de processamento paralelo, tendo em seu interior as
estruturas do sistema de aterramento.
86
INICIAR
Cálculo dos campos
elétrico e magnético no
espaço de trabalho e
Define as condições
UPML (Eqs. de
iniciais de operação
Maxwell discretizadas),
obedecendo as
condições de contorno
do sistema de
Inicialização dos
aterramento
vetores E e H
Cálculo do campo
magnético próximo aos
Determina K e σ condutores (técnica de fio
fino)
K =1
Não espaço Cálculo da tensão,
Meio σ = 0 corrente e resistência
absorvente livre
transitórias
σ = 2.28 ⋅10−3
(Terra )
Sim
n = nt
Kx ( x) =1+( kx,max −1) ( x / d )
m Não
σx ( x) = ( x/ d) σx,max
m Sim
Fig. 3.20 Lógica de implementação FDTD para ser usada em algorítimo paralelizado
87
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Nostrand, London, 1961.
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Maxwell´s equations in isotropic media” IEEE Trans. Antennas and Propagation,
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2001.
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validation of induced currents on coupled wires in an arbitrary shaped cavity“,
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surge simulation”, IEEE Transaction on Power Delivery, Vol 17, No. 3, 2002.
[10] Y. Baba, N. Nagaoka, A. Ametani, “Modeling of thin wires in a lossy medium for
FDTD simulations”. IEEE Transactions on Electromagnetics Compatibility,
Vol.47, No.1, 2005
[11] S. D. Gedney, “An anisotropic perfectly matched layer absorbing media for the
truncation of FDTD lattices,” IEEE Trans. Antennas and Propagation, Vol. 44, pp.
1630-1639, 1996.
[12] D. Spector, Building Linux Clusters, O´Reilly & Associates, USA 2000.
[13] F. P. Gregory, In Search of Clusters, the ongoing battle in lowly parallel
computing. Prentice Hall, second edition, 1998.
[14] C. J. Gonçalves, Ambientes de desenvolvimento de aplicações paralelas. Faculdade
de Ciência e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa, 2000.
88
4.0 Resultados
Serão mostradas neste capítulo, curvas obtidas através de simulações, que traduzem o
comportamento transitório e estacionário de vários arranjos de sistemas de aterramento. Em
uma primeira etapa, serão utilizados eletrodos de dimensões não convencionais e em uma
segunda etapa eletrodos de dimensões convencionais ou comerciais. No primeiro caso, os
eletrodos foram empregados por serem mais adequados para utilização da metodologia FDTD
em função de suas dimensões coincidirem com as dimensões das células de Yee, e os
resultados obtidos se reverterem de grande importância na comparação com dados
experimentais, obtidos na literatura [1]. Na segunda etapa são utilizadas hastes convencionais
de dimensões reduzidas em relação a célula de Yee, sendo necessária, para esses casos, a
aplicação de técnicas adequadas de fios finos para meios condutivos.
4.1 Resultados Obtidos para TGR, Tensão e Corrente em eletrodos de aterramento não
convencionais
Neste caso, considera-se não convencionais os eletrodos cujas seções transversais são
maiores que aquelas apresentadas por eletrodos comerciais, normalmente utilizados em
sistemas de aterramento.
Em todas as simulações, procurou-se destacar os valores de resposta da TGR, tensão e
corrente, parâmetros estes considerados de grande importância na análise do comportamento
transitório e estacionário de sistemas de aterramento, para efeito de proteção de equipamentos
e do ser humano.
Linha de corrente
20 m
Espaço livre
1m
1.5 m terra
3m
Z Eletrodo remoto de corrente
Fig. 4.1 Sistema de aterramento visto no plano Z-Y com um eletrodo de aterramento e
circuito de corrente.
O circuito de corrente utilizado nesta simulação, foi detalhado na seção 3.3 do capítulo
3 e não deverá sofrer alterações nas demais simulações, a não ser quanto ao número de hastes
utilizadas.
A figura 4.2 apresenta uma vista mais detalhada da fonte de tensão (gerador de pulso),
resistência, eletrodo principal e segmentos de interligação, bem como as dimensões em
termos de células utilizadas na montagem desses componentes [1]. Como foi citada na seção
3.3, a medição de corrente é feita em relação ao segmento metálico localizado entre o gerador
de pulso e a haste de aterramento [3] e [4].
1 cel.
Resistência 1 cel.
Gerador de impulso
Gerador de pulso 1 cel. Espaço livre
Medição de corrente 1 cel.
Terra
3m
12 cel.
Fig. 4.2 Trecho do circuito de corrente constituído por eletrodo principal, fonte de
tensão e resistência.
91
O circuito de potencial para o caso em questão, foi também detalhado na seção 3.3. A
Figura 4.3 mostra um corte no plano X-Z onde se observa o ponto de medição de potencial no
eletrodo de aterramento. A célula localizada acima de uma das arestas do eletrodo é o ponto
de medição escolhido. A leitura do potencial é feita tendo como referência o potencial zero
obtido com auxílio a) do eletrodo remoto de potencial distante 50 m do ponto de medição e b)
dos barramentos auxiliares [5,6].
50 m
Espaço livre
Fig. 4.3 Sistema de aterramento visto no plano Z-X mostrando o circuito de potencial de
referência.
O cálculo da TGR é feito a partir da relação entre os valores obtidos em (4.1) e (4.2),
conforme mostrado em (3.71).
Os resultados da simulação em termos de corrente, tensão e resistência de aterramento
transitória, juntamente com os resultados experimentais obtidos em [1], são mostrados na
Figura 4.4. Nos resultados simulados, é importante observar que, utilizando metodologia
distinta no que se refere à forma de processamento, tipo de paredes absorventes e condições
92
40
Corrente (A)
-0.4
30
Corrente
-0.5
20 Corrente
-0.6
10 Simulação
TGR experimental [1]
-0.7
0 Tensão experimental [1] -0.8
Corrente experimental [1]
-10 -0.9
-20 Tensão -1.0
-30 -1.1
Tensão
-40 -1.2
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0
Tempo (µs)
Fig. 4.4 Resultados simulados e experimentais para um eletrodo.
20 m
Espaço livre
Terra
Z
Eletrodo remoto de corrente 12 m
70 0.0
TGR
60 -0.1
50
haste3m -0.2
haste6m
Tensão (V), TGR (ohms)
40 haste9m
haste12m -0.3
Corrente (A)
30
-0.4
20
10 -0.5
Corrente
0 -0.6
Tensão
-10 -0.7
-20
-0.8
-30
-0.9
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0
Tempo (µs)
Fig. 4.6 Respostas de tensão, corrente e TGR transitórios para diversos comprimentos de
haste.
94
70
haste 3m
60 haste 6m
haste 9m
haste 12m
50
40
TGR (ohms)
30
20
10
55
50
45
40
TGR (Ohm)
35
30
25
20
15
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Comprimento do eletrodo de aterramento (m)
Circuito de corrente 50 m
Terra
3m
3m
R
R1haste > R2hastes > 1haste
2
80 0.0
70 -0.1
TGR 1haste
60 -0.2
50 -0.3
Tensão (V), TGR (Ohm)
TGR 2haste
40 -0.4
Corrente(A)
30 -0.5
20 -0.6
I 1haste
I 2haste
10 -0.7
0 -0.8
V 2haste
-10 V 1haste -0.9
-20 -1.0
-30 -1.1
-40 -1.2
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0
Tempo(µs)
Fig. 4.10 Comparação dos valores de TGR, corrente e tensão para sistemas com uma e duas
hastes, respectivamente.
Circuito de corrente 50 m
Espaço livre
Terra
3m 3m 3m
80 0.0
TGR
70 Tensão -0.1
60 Corrente -0.2
50 -0.3
Tensão(V), TGR(Ohm)
Corrente(A)
40 -0.4
30 -0.5
20 -0.6
10 -0.7
0 -0.8
-10 -0.9
-20 -1.0
-30 -1.1
-40 -1.2
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0
Tempo (µs)
Fig. 4.12 Curvas TGR, tensão e corrente para sistema de aterramento com 4 hastes em linha
Os resultados obtidos para os dois casos analisados, sugerem uma performance melhor
para as hastes paralelas na atenuação da TGR no período transitório. Para maior atenuação no
período de regime, a utilização da haste vertical longa se torna mais adequada.
3m
Circuito de tensão
Y
Circuito de corrente
X
Fig. 4.13 Sistema de aterramento com 16 hastes em formato quadrado cheio (plano XY)
98
Corrente(A)
-0.4
-0.5
0 -0.6
-0.7
-0.8
-10 -0.9
-1.0
-1.1
-20 -1.2
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0
Tempo (µs)
Fig. 4.14 Curvas TGR, tensão e corrente para sistema de aterramento com 16 hastes
No sistema de aterramento com 25 hastes, mostrado nas Figuras 4.15 e 4.16, observa-
se no plano X-Z e X-Y as conexões com os circuitos de corrente e de tensão. A captação de
tensão será feita em um dos lados da malha, conforme mostrado na Figura 4.15. A injeção de
corrente, mostrado na Figura 4.16, é feita na haste central para possibilitar a simetria do
processo
X
Fig. 4.15 Sistema de aterramento com 25 hastes em formato quadrado cheio. Vista no plano
X-Z
99
3m
3m
Circuito de
tensão
Circuito de
X
corrente
Fig. 4.16 Sistema de aterramento com 25 hastes em formato quadrado cheio. Vista no plano
X-Y
O gráfico da Figura 4.17 mostra as curvas TGR, tensão e corrente, onde a resistência
de aterramento é de aproximadamente 5.8 Ω em regime estacionário. No período transitório,
observa-se uma considerável atenuação nas oscilações das curvas TGR, tensão e corrente, em
relação aos sistemas com menor número de hastes, analisados neste trabalho.
10 0.0
TGR
8 Tensão -0.1
Corrente -0.2
6
-0.3
Tensão (V), TGR (ohm)
4
Corrente (A)
-0.4
2 -0.5
0 -0.6
-2 -0.7
-0.8
-4
-0.9
-6
-1.0
-8 -1.1
-10 -1.2
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0
Tempo (µs)
Fig. 4.17 Curvas TGR, tensão e corrente para sistema de aterramento com 25 hastes
transitório, as atenuações dos picos da TGR e tensão, são mais evidentes quando comparado
com a malha de 16 hastes.
Para o solo estratificado mostrado na Figura 4.18, a primeira camada tem espessura de
2m, o eletrodo de aterramento tem comprimento de 3m e a primeira e a segunda camada têm
inicialmente resistividades de 438 e 146 Ω.m e permissividades elétricas relativas iguais a 50
e 55, respectivamente. Em uma segunda análise, os valores acima são trocados, ou seja: para a
primeira camada são usados os parâmetros 146 Ω.m e 55 e, para a segunda têm-se 438 Ω.m e
50. Para os dois casos, as curvas para a TGR, tensão e corrente são mostradas na Figura 4.19.
Espaço livre
ρ1 = 438 Ω.m
2m
εr = 50
1m
∞ ρ2 = 146 Ω.m
εr = 55
Terra
80 0.0
ρ1>ρ2 -0.1
ρ1<ρ2
60 -0.2
TGR
Tensão (V), TGR (ohms)
-0.3
Corrente (A)
40
-0.4
-0.5
20
-0.6
Corrente
-0.7
0
Tensão
-0.8
-20 -0.9
-1.0
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0
Time (µs)
Fig. 4.19 Curvas TGR, tensão e corrente para sistema de aterramento com uma haste em solo
estratificado em duas camadas (ρ1>ρ2 e ρ1<ρ2)
101
Na Figura 4.19, pode-se observar, para ambos os casos, que houve uma redução no
valor da TGR, quando comparado com o obtido para o solo homogêneo (Figura 4.4). Pode-se
observar, também, que houve um aumento nas oscilações transitórias, podendo ser explicado
pelas reflexões múltiplas ocorrentes entre as interfaces de separação para meios diferentes.
M e d iç ã o d e te n s ã o
e m trê s c é lu la s
a ) H a s te c o n e c ta d a b ) H a s te d e s c o n e c ta d a
Fig. 4.20 Malha de aterramento com duas hastes: a) conexão normal b) com uma haste
desconectada.
102
70 0.0
TGR
60
-0.2
50
40
Tensão (V), TGR (ohms)
20
Corrente -0.6
2 Hastes
10 2 Hastes/1 solta
1 Haste
0 -0.8
Tensão
-10
-1.0
-20
-30
-1.2
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0
Tempo µs
Fig. 4.21 Curvas para TGR, corrente e tensão, resultantes de simulação em sistema de
aterramento com duas hastes conectadas, duas hastes porém uma desconectada e uma haste.
103
∆V = − ∫ E .dl . (4.4)
∫
VB − VA = − E .dl . (4.5)
A
∫
VA = E .dl . (4.6)
A
permissividades nas equações escritas para um meio uniforme, pode reproduzir efeitos de
dispersão numérica. Estes efeitos são mais acentuados quanto maior for a diferença entre ε1 e
ε2. Para essas situações, o recomendado seria a utilização da média das permissividades nas
células localizadas na interface dos dois meios, conforme mostrado na Figura 4.21, para as
componentes de campo elétrico situadas no plano horizontal (X-Y). Foram obtidos alguns
resultados para TGR, tensão e corrente, nas condições citadas acima. Para as simulações
realizadas, a mediação foi feita entre os valores da permissividade no espaço livre εo e terra
εterra.
(εo + εterra)/2 εo
εterra
Fig. 4.22 Mediação das permissividades em células da interface espaço livre e terra
Kht+6
Kht+5
Kht+4
Espaço Kht+3
livre Kht+2
Kht+1
kht
Terra
90
TGRP2M(kht+6) 0.0
80
-0.1
70
TGRP2M(kht+5)
60 TGRP2M(kht+4) -0.2
50 -0.3
Tensão (V), TGR (ohms)
40 TGRP2M(kht+2)
-0.4
Corrente (A)
TGRP2M(kht+3)
30 -0.5
20
-0.6
10
Corrente(kht+2) -0.7
0 Corrente(kht+3)
Tensão(kht+2)
Corrente(kht+4) -0.8
Tensão(kht+3)
-10 Corrente(kht+5)
Tensão(kht+4)
Tensão(kht+5) Corrente(kht+6) -0.9
-20
-30 -1.0
-40 -1.1
Tensão(kht+6)
-50 -1.2
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0
Tempo (µs)
Fig. 4.24 Resultados para TGR, tensão e corrente considerando a média das
permissividades para as componentes tangenciais dos campos na interface
90 0.0
TGR(kht+3)
80 TGR(kht+6)
-0.1
70
-0.2
60
-0.3
50
Tensão (V), TGR (ohms)
-0.4
40
Corrente (A)
TGR(kht+2 -0.5
30 Corrente (kht+1)
TGR(kht+1) Corrente (kht+2)
20 Corrente (kht+3) -0.6
Corrente (kht+6)
10 -0.7
0 Tensão (kht+1) -0.8
Tensão (kht+2)
-10
-0.9
-20
-1.0
-30
Tensão (kht+3) -1.1
-40 Tensão (kht+6)
-50 -1.2
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20
Tempo (µs)
Fig. 4.25 Diagrama mostrando TGR, tensão e corrente sem média de permissividade
106
90
TGR(kht+6) 0.0
80
TGR(kht+5) -0.1
70
TGR(kht+4)
60 -0.2
Corrente (A)
TGR(kht+3)
30 -0.5
20 Corrente(kht+2)
Corrente(kht+3) -0.6
Tensão(kht+2)
10 Corrente(kht+4)
Tensão(kht+3) Corrente(kht+5) -0.7
Tensão(kht+4) Corrente(kht+6)
0 Tensão(kht+5)
-0.8
-10
-0.9
-20
-30 -1.0
Tensão(kht+6)
-40 -1.1
-50 -1.2
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20
Tempo (µs)
Fig. 4.26. Diagrama mostrando TGR, tensão e corrente, com média de permissividade
A conclusão que se tira na análise do percurso de potencial no espaço livre com e sem
média de permissividade, é que, no período transitório entre 0 e 0.1 µs, não são observadas
grandes mudanças, a não ser um pequeno amortecimento nos valores de TGR e de tensão,
principalmente na cota kht+6 quando se usa a média da permissividade. Também no período
de regime há uma melhor convergência nos valores de TGR e tensão para os diversos
caminhos, iniciando no instante de 0.13 µs.
Quando a coleta de potencial é feita através do espaço livre, a resistência obtida, na
fase de estabilização ou regime, tem valor bastante aproximado ao valor obtido através de
fórmulas analíticas utilizadas na literatura, conforme demonstrado a seguir. A especificação
da haste de aterramento e as características do solo utilizados na simulação, são as seguinte:
d2
S quadrado = Scirculo = π (4.7)
2
107
Squadrado
d = 2× = 0.564 m (4.8)
π
ρ 4L
R= ln − 1 Sunde (4.10)
2π L r
onde:
ρ = Resistividade Ω.m
L = Comprimento da haste
r = raio da haste
RTAGG = 71.14 Ω
RSUNDE = 64 Ω
RSIMUL. = 70.51Ω
RTANABE ≈ 55.00 Ω .
Entende-se que as experiências levadas a efeito por Tanabe, serviram para validar o
modelo computacional elaborado dentro da técnica FDTD, porém o protótipo utilizado para
medição da TGR, tensão e corrente, propiciam a obtenção de valores apenas aproximados
para um determinado tipo de solo.
108
Nesta etapa, foi realizada simulação considerando o caminho de integração pela terra.
Para isso foram escolhidos alguns caminhos conforme mostrado na Figura 4.27.
Kht
Kht-1
Terra
Kht-2
Kht-3
Kht-4
Kht-5
Kht-6
A Figura 4.28 apresenta as curvas TGR e tensão, referentes à integração do potencial através
dos caminhos kht, kht-2 e kht-6 na terra comparando-as com as curvas obtidas no espaço livre
para kht+3 e kht+6. A TGR sofre uma queda superior a dez ohms quando a integração passa
do espaço livre para terra. A parte transitória, também acompanha uma razoável atenuação,
principalmente nos instantes iniciais, visto na figura abaixo.
90 0.0
80 -0.1
TGR(kht+3)_EspLivre
70
TGR(kht+6)_EspLivre -0.2
60
-0.3
50
Tensão (V), TGR (ohms)
-0.4
40
Corrente (A)
30 -0.5
TGR(Kht)_Terra Corrente(Kht+3)_EspLivre
20 -0.6
TGR(Kht-2)_Terra Corrente(Kht+6)_EspLivre
10 Corrente(Kht-2)_EspLivre
TGR(Kht-6)_Terra Corrente(Kht-6)_EspLivre -0.7
0 Tensão(Kht)_Terra
Tensão(Kht-2)_Terra -0.8
-10 Tensão(Kht-6)_Terra
Tensão(kht+3)_EspLivre -0.9
-20
-1.0
-30
Tensão(kht+6)_EspLivre -1.1
-40
-50 -1.2
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0
Tempo (µs)
Fig. 4.28 Resultado da TGR, tensão e corrente aplicando a integração do campo em vários
percursos na terra e no espaço livre.
109
A Figura 4.29 detalha as curvas acima no período de tempo 0-0.2 µs, onde pode ser
melhor observada a atenuação na curva representativa da TGR.
90 0.0
80 TGR(Kht+3)_EspLivre -0.1
TGR(Kht+6)_EspLivre
70
-0.2
60
-0.3
Tensão (V), TGR (ohms)
50
-0.4
Corrente (A)
40
TGR(Kht)_Terra
30 TGR(Kht-2)_Terra -0.5
TGR(Kht-6)_Terra
20 -0.6
10 Tensão(Kht-6)_Terra -0.7
Tensão(Kht-2)_Terra
0 Tensão(Kht)_Terra -0.8
-10
-0.9
-20
Tensão(Kht+6)_EspLivre -1.0
-30
Tensão(Kht+3)_EspLivre
-40 -1.1
-50 -1.2
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20
Tempo (µs)
As figs. 4.28 e 4.29 acima, mostram a diferença nas curvas de Tensão e TGR, quando
o caminho de integração é pelo espaço livre ou terra. A TGR sofre uma queda superior a dez
ohms quando referido caminho passa do espaço livre para terra na estabilização. A parte
transitória também acompanha uma razoável atenuação, principalmente nos instantes iniciais,
conforme mostrado na Figura 2.28 do capítulo 2, [14].
Uma explicação que pode ser dada para o caso em questão, é que, quando as ondas de
tensão ou corrente são aplicadas em condutores enterrados no solo, a onda eletromagnética
correspondente propaga-se ao longo do condutor. Este sistema opera como uma linha de
transmissão envolvida em um meio com perdas. Enquanto a onda se propaga, perdas de
energia, promovem uma atenuação na sua amplitude. Por outro lado, os componentes de
freqüência da onda, apresentam diferentes velocidades de propagação e são submetidas a
diferentes níveis de atenuação. Tais atenuações aumentam com a freqüência e com a
condutividade do solo, da mesma forma que a perdas de energia. Em suma, as ondas de tensão
e corrente que se propagam ao longo dos eletrodos no solo, têm suas amplitudes atenuadas e
estão também submetidas a distorções ao longo da direção de propagação com diminuição da
inclinação da frente de onda.
110
Neste trabalho, optou-se pelo caminho de integração, que se inicia na superfície da terra
e integra ao longo do percurso situado a três células acima da terra, ou seja, no espaço livre,
que representa a situação mais desfavorável no aterramento de um equipamento ou quando o
indivíduo é submetido a tensão de toque.
120 TGR(d=50mm)
Corrente (A)
-0.3
100
80 Corrente(d=10mm) -0.4
60
-0.5
40 Corrente(d=50mm)
20 -0.6
0
-0.7
-20
Tensão(d=50mm)
-40 -0.8
-60
-0.9
-80
Tensão(d=10mm)
-100 -1.0
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0 2.2
Tempo (µs)
Tabela 4.2 Diferença relativa (Req-Rsim)/Req entre a resistência CC calculada através de (4.9)
e (4.10) e a resistência transitória obtida pelo uso de simulação em ambiente FDTD para
diferentes diâmetros de haste.
Diam FDTD Eq. (4.9) Dif. Eq. (4.10) Dif.
(mm) (Ω) (Ω) % (Ω) %
10 159.39 164.97 3.38 157.83 -0.98
20 143.76 148.84 3.41 141.70 -1.45
25 138.68 143.65 3.45 136.51 -1.58
50 122.70 127.52 3.77 120.38 -1.58
medição de corrente apresentadas neste trabalho. Os resultados obtidos servem também para
atestar o bom desempenho da nova metodologia para equacionamento da técnica de fio fino,
quando da presença de eletrodos em meio condutivo [16]. São importantes também na
verificação da sensibilidade de resposta a diferentes diâmetros do eletrodo de aterramento,
mantendo-se a célula da malha com as mesmas dimensões.
120
Corrente (A)
-0.3
100
80 -0.4
Corrente
60
-0.5
40 ε=10
20 ε=20 -0.6
ε=30
0
ε=40 -0.7
-20 ε=50
-40 -0.8
Tensão
-60
-0.9
-80
-100 -1.0
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0 2.2
Tempo (µs)
εrL
C= 10−9 F
4L (4.11)
18ln
d
250 -0.3
Tensão (V), TGR (ohms)
Corrente
Corrente (A)
200 -0.4
150 -0.5
TGR
100 -0.6
TGR
50 -0.7
TGR
0 -0.8
-50 -0.9
-100 -1.0
-150 -1.1
Tensão
-200 -1.2
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0 2.2
Tempo (µs)
Tabela 4.3 Diferença relativa (Req-Rsim)/Req entre a resistência CC calculada usando (4.9) e
(4.10) e a resistência transitória obtida pelo uso da simulação FDTD para várias
condutividades.
Circuito de corrente
Resistência
Terra
ρ1 = 438 Ω.m
L1=h=2m
εr = 50
120 TGR
-0.3
100
Corrente (A)
80 -0.4
60
-0.5
40
20 -0.6
Corrente
0
Tensão -0.7
-20
-40 -0.8
-60
-0.9
-80
-100 -1.0
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0 2.2
Tempo (µs)
Fig. 4.34 Curvas de TGR, Tensão e Corrente para haste de aterramento em solo homogêneo
e estratificado
L1 + L2 2 +1
ρa = = = 262.8 Ω.m
L1 L2 2 1 (4.12)
+ +
ρ1 ρ 2 438 146
ρa 4L 262.8 4 × 3
R1haste = (ln − 1) = ln − 1 = 75.24 Ω
2π L r 2 × π × 3 0.020
Rsimulado = 77,41 Ω
Utilizando uma fórmula elaborada por Tagg, para haste penetrando na segunda
camada, temos o seguinte resultado analítico:
116
ρ 2L ∞
1+ K 2nH + L
RTagg = 1
2π L H
ln +
r ∑ K n ln
( 2n − 2 ) H + L
(4.13)
1 − k + 2K L
n =1
onde:
ρ1 = 1/0.00228 Ω
ρ2 = 1/0.00684 Ω
L=3m
r = 10 mm
ρ − ρ1
K= 2
ρ 2 + ρ1
H=2m
n=1
Conforme demonstrado acima, observou-se uma melhor aproximação com as fórmulas
desenvolvidas por Hummel e Sunde.
Ainda dando ênfase a grande flexibilidade proporcionada pela metodologia que utiliza
o FDTD, procedeu-se a simulação da mesma haste da seção anterior, porém, em solo
homogêneo e em presença de uma cavidade de ar com as dimensões de 10 x 5 x 50 m, nas
direções x, y e z respectivamente. A terra foi modelada com uma condutividade de 2.28 x 10-6
S/m e permissividade relativa de 50. A Figura 4.35 mostra o eletrodo em presença da
cavidade na posição 3.
Espaço livre
σ=0
ε= ε0
Terra
2.5m σ = 2.28 x 10-3
ε= 50ε0
0.5 m
Cavidade σ = 0
2.5 m (10 cel)
ε= ε0
.)
ce l
(20
z 5m
y
x 10 m (40 cel.)
As curvas obtidas para TGR, tensão e corrente, são mostradas na Figura 4.36. A
Figura 4.37, mostra a distribuição do campo Ez no plano X-Z.
-0.3
Corrente (A)
100
Corrente -0.4
50 -0.5
Homog.soil
Cavity 1
-0.6
0 Cavity 2
Cavity 3
-0.7
-50
-0.8
-100 Tensão -0.9
-150 -1.0
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0
Tempo (µs)
Fig. 4.36 Curvas de TGR, Tensão e Corrente para haste de aterramento em presença de
cavidades dentro da terra
não, fundações, torres de transmissão, etc. Esses componentes não trariam qualquer
complicação analítica para a solução do problema. Seria uma questão puramente geométrica
para delimitação das condições de contorno no ambiente FDTD.
A simulação a seguir trata e uma malha quadrada com 25 nós sem eletrodos de
aterramento, enterrada a uma profundidade de 0.50 m, conforme mostrado na Figura 4.38.
P=0.50 m 12 m
12 m
60 0.0
TGR
Tensão -0.2
40 Corrente
-0.4
Tensão (V), TGR (ohms)
20 -0.6
Corrente (A)
-0.8
0
-1.0
-1.2
-20
-1.4
-40 -1.6
-1.8
-60
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0
Tempo (µs)
Fig. 4.39 Curvas TGR, tensão e corrente para uma malha quadrada 5 x 5 nós sem eletrodos
1 π 1 1 0.165∆l 2h
RCS = ρ a + ln × 1 − × 1.128 (4.14)
4 Amalha N ∆l 2π d Amalha
RCS = 15.56 Ω
120
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] K. Tanabe, “Novel method for analyzing the transient behavior of grounding
systems based on the finite difference time domain method” CRIEPI, Tokio, 2001.
[2] G. Andrews, Foundations of multithreaded, parallel and distributed programming,
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[3] K. S. Kunz and R J. Luebbers: The finite difference time domain method for
electromagnetics, CRC press, New York, 1993.
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sobretensões em sistemas aéreos de distribuição, Eletrobrás, Ed. Eduff, RJ, 1990.
[6] IEEE Guide for Measuring Earth Resistivity, Ground Impedance, and Earth
Surface Potentials of a Ground System, ANSI/IEEE Std 81
[7] A. Taflove and S.C. Hagness: Computational electrodynamics: The finite difference
time domain method, Artech house,inc., Boston, 2000.
[8] Zeng, H. E. Rong, Jinliang; et al, “Analysis on influence of long vertical grounding
electrodes on grounding system for substation”, IEEE, Beijing,China, 2000.
[9] G. Kinderman, J. M. Campagnolo, Aterramento elétrico, 5ª Edição, LabPlan, EEL,
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[10] I. F. Gonos, F. V. Topalis, I. A. Stathopulos, “Transient impedance of grounding
rods”. IEE, High Voltage Engineering Symposium, 22 27 august, 1999.
[11] D. S. F. Gomes, F. F. Macedo, S. M. Guilliod, Aterramento e proteção contra
sobretensões em sistemas aéreos de distribuição, Ed. EDUFF Vol.7, Eletrobrás,
1990.
[12] G. F. Tagg, Earth resistances, London, Georges Newes Limited, 1964
[13] E. D. Sunde, Earth conduction effects in transmission systems, New York Dover,
1968.
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[16] Y. Baba, N. Nagaoka and A. Ametani, “Modeling of thin wires in a lossy medium
for FDTD simulations,” IEEE Transactions on Electromagnetic Compatibility,
Vol.47, No. 1, 2005.
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National Technical University of Athens, 1998.
[18] Y. L. Chow, M. M. A. Salama, “A simplified method for calculating the substation
grounding grid resistance”, IEEE Transaction on Power Delivery, Vol 9, No.2,
1994.
124
5 Conclusões
Para situações reais, conclui-se que este código apresenta uma grande potencialidade
na solução de problemas complexos, onde as fórmulas teóricas tornam as soluções analíticas
intratáveis. Suas limitações envolvem a grande quantidade de memória requerida e o longo
tempo de processamento, quando o cenário em análise for eletricamente grande, o que tem
sido contornado através do uso de processamento paralelo.
Propõe-se, como temas para trabalhos futuros: 1) aplicação de parâmetros não-lineares
no ambiente FDTD, ou seja, introdução de efeitos de ionização e variação de parâmetros do
solo com a freqüência; 2) estudos de distribuição de tensão transitória em torres e isoladores
(flashover) de linhas de transmissão quando submetida a pulsos de corrente em ambiente
FDTD e 3) monitoramento da integridade de sistemas de aterramento através da comparação
de curvas obtidas experimentalmente pela injeção de corrente em malhas de aterramento e
aquelas obtidas através de simulação.
PUBLICAÇÕES RELACIONADAS À TESE DE DOUTORADO