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1.

INTRODUÇÃO

A clínica em psicologia é um espaço criado para atender o outro em sua


singularidade, ouvi-lo, orientá-lo, apontar caminhos a fim de proporcionar alívio
emocional, autoconhecimento, ajustamento criativo, etc.

A área clínica se distingue das demais pela maneira de pensar e atuar, para além
dos problemas que trata. Isso porque seus diferentes objetos de estudo, como o
comportamento, a personalidade, as normas de ação e seus desvios, além das
relações interpessoais, os processos grupais e de aprendizagem, estão presentes
em muitos campos da psicologia e também das ciências humanas em geral
(MACEDO, 1984 apud TEIXEIRA, 1997).

Assim, a prática clínica pressupõe uma abordagem específica, que utiliza o método
da fala e da escuta, em um espaço previamente preparado e adequado para isso.
Nesse contexto, questões singulares do indivíduo, como inquietações, medos,
conflitos e sofrimentos, são trazidas aos psicólogos clínicos, que a partir de seu
conhecimento específico pretendem levar alívio emocional e psicológico a seus
clientes por meio de psicoterapias.

O psicólogo clínico, portanto, deve dominar as teorias e métodos que o auxiliarão a


determinar o quadro psicológico de seu paciente e, a partir daí, praticar sua
intervenção. Dessa forma, a prática clínica se pauta em distintos conhecimentos, ou
abordagens, como por exemplo, comportamental, psicanalise, Gestalt terapia,
psicologia analítica, dentre outras, que fornecem base para que o psicólogo atue
clinicamente.

2. A HISTÓRIA DA PSICOLOGIA CLÍNICA

A preocupação humana com a sobrevivência é mostrada com o apreço pela vida e


pela saúde. Desde as práticas místicas e curandeiras até os estudos científicos
sobre o corpo, a humanidade tem buscado o afastamento das doenças do corpo.
O nascimento da psicologia clínica relaciona-se com o surgimento da clínica, do
grego kliné – leito, atrelada à medicina. Concebida por Hipócrates (460 a.C. - 370
a.C.), a atividade clínica, nesse momento, associa-se ao médico que, através do uso
da observação e da entrevista, examina manifestações de enfermidades e
estabelece diagnóstico, tratamento e prognóstico do doente.

O contato entre as figuras "médico" e "doente" levaria a um ambiente de


aprendizagem e enriquecimento diante dos diversos males físicos, onde a partir do
método clínico analisa-se, busca-se sintomas e pensa-se em métodos de
intervenção.

O auge da clínica médica data do final do século XVIII e início do século XIX,
momento de descobertas importantes na área da biologia, que possibilitaram a
instrumentalização médica, e consequentemente o avanço nos recursos técnicos
utilizados nos diagnósticos.

Com Freud (1905) há um novo olhar sobre a prática clínica. Na psicanálise ocorre
um deslocamento do saber: não mais o médico o detém, mas o cliente, de forma
inconsciente. Nessa perspectiva, o analista conduz um tratamento baseado na
mobilização do paciente na busca de sua própria verdade. Assim, diferentemente da
clínica médica, que se ocupa de métodos diagnósticos com tecnologias complexas
que sustentam múltiplas possibilidades de intervenção, a clínica psicanalítica
enfatiza a escuta do sofrimento para além do fenômeno, atribuindo significados aos
sintomas trazidos pelo sujeito e as forças psíquicas implicadas no processo de
adoecimento. A clínica psicológica, então, desvencilha-se da patologia (modelo
médico) e vincula-se a uma demanda do sujeito (MOREIRA; ROMAGNOLI; NEVES,
2007).

Ao longo da modernidade, há um destaque do sujeito e da individualidade. O


pensamento moderno dá lugar à valorização do sujeito e da sua intimidade
(individualidade), condenada na Idade Média e pelo cristianismo como algo
relacionado ao ser sexual e ao pecado. A psicologia, surge então, nesse momento,
como espaço de acolhida a esse sujeito como um ser individual.

Apesar disso, limitações da clínica psicológica e da acolhida, frente ao contexto


social, passa a requerer psicólogos fora dos consultórios, para responder às novas
formas de subjetivação e adoecimento psíquico. A psicologia, então, passa por um
processo de readequação, tornando-se mais crítica e engajada socialmente,
ultrapassando o olhar individual em relação ao sujeito e transpondo essa perspectiva
para a sociedade como um todo. Assim, a clínica psicológica caracteriza-se não
mais pelo local em que se realiza – o consultório - mas pela qualidade da escuta e
acolhida que se oferece ao sujeito.

3. A PRÁTICA

A psicologia clínica pode ser considerada uma atividade prática e, ao mesmo tempo,
um conjunto de teorias e métodos. Tem por objetivo o estudo, a avaliação, o
diagnóstico, a ajuda e o tratamento do sofrimento psíquico. Nessa perspectiva, o
conceito de clínica relaciona-se à observação singular e concreta do individual
(BRITO, 2008).

Essas características são a essência da psicologia clínica, que se centra no


psicológico singular, por meio do estudo de caso, como forma específica de
abordagem do sujeito. O método clínico, a nível metodológico, baseia-se no
recolhimento de dados considerando o contexto individual e original em que o
comportamento ou a reação são observados. Nesse contexto, as teorias servem
para articular e ordenar os aspectos observados e fornecerem ferramentas para
promover as capacidades do sujeito, e promover uma consciência de si próprio.

Uma das ferramentas mais importantes do psicólogo no âmbito clínico é a escuta,


pois é através dela que se busca compreender, livre de julgamentos e com base na
confidencialidade, os desejos, problemas e queixas emocionais trazidos pelo
indivíduo. O processo se inicia com a entrevista clínica, ou anamnésica, que
pretende conhecer a realidade do outro e o seu sofrimento.

A postura do psicólogo clínico deve ser sempre empática ao sofrimento do paciente,


pois ao contrário disso certamente o paciente abandonará a terapia. O profissional
precisa estar preparado para identificar e lidar com o sofrimento daqueles que o
procuram. A partir de cada história de vida, desenvolve-se um plano terapêutico
específico.
A psicologia clínica, nessa perspectiva, recusa a extrema objetivação induzida pelo
método científico e se propõe a produzir conhecimentos que levem em
consideração, ao mesmo tempo, a singularidade do sujeito e o rigor científico.
REFERÊNCIAS

BRITO, S. Psicologia clínica – a busca de uma identidade. Psilogos, v. 5, n. 1-2,


2008.
TEIXEIRA, R. P. Repensando a psicologia clínica. Paidéia-USP, nº 12-13, 1997.

MOREIRA, J. O. de; ROMAGNOLI; R. C; NEVES, E. O. de. O surgimento da clínica


psicológica: da prática curativa aos dispositivos de promoção e saúde. Psicologia
Ciência e Profissão, 27 (4), p 608-621, 2007.

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