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Psychê

ISSN: 1415-1138
clinica@psycheweb.com.br
Universidade São Marcos
Brasil

Frochtengarten, Julio
Reseña de "Ninguém escapa de si mesmo: psicanálise com humor" de Paulina Cymrot
Psychê, vol. VII, núm. 12, dezembro, 2003, pp. 184-185
Universidade São Marcos
São Paulo, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=30701214

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CYMROT, Paulina. Ninguém escapa de si mesmo: psicaná-


lise com humor. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. 224p.
ISBN 857-396-224-0.

os dias de hoje o mercado editorial na A leitura do texto é agradável, pois em


N área da Psicanálise tem proporcionado
aos interessados uma enorme quantidade de
meio aos conceitos encontra-se uma profu-
são de ilustrações clínicas, citações prove-
lançamentos. Além das inevitáveis repetições, nientes da literatura e ciências: Guimarães
temos encontrado uma profusão de novos Rosa, Antonio Damásio, Lygia Fagundes
conceitos que nem sempre correspondem a Telles, entre outros.
realidades diferentes, mas são outras formas O capítulo I é dedicado à caracterização
de organizar aquelas mesmas realidades. Se do que é estar continente. O uso do verbo no
muitas vezes essas re-organizações favore- infinitivo logo nos chama a atenção, uma vez
cem aos leitores uma aproximação das reali- que a questão da continência comumente é
dades com as quais a abordagem clínica psi- tratada como uma qualidade do sujeito – “ser
canalítica se ocupa (o mundo emocional), em ou não continente”. Paulina trata-a como uma
muitas outras tendem a criar uma trama con- função – “estar continente” – relacionada à
ceitual tão abstrata, que mais favorece um capacidade de abrigar sentimentos, pensa-
afastamento desse mundo emocional. mentos, fantasias, imaginações, sonhos, que
Esta já é uma boa razão pela qual o cabe ao analista, por ofício, exercer junto ao
livro de Paulina Cymrot vale a pena ser lido: analisando, a fim de que este possa desen-
ela teve a capacidade de encontrar um tema volver suas capacidades emocionais e men-
sobre o qual ainda há muito a ser investi- tais. Sendo assim, continente não é algo que
gado e publicado, e o trata de maneira a a pessoa é, mas sim algo apenas possível, tran-
conservar as pontes entre clínica e teoria. sitório e limitado, e dependente da interação
Há cerca de cinco anos, quando publi- de cada relação, e em cada momento. Esta
cou Elaboração psíquica: teoria e clínica psi- condição está ilustrada pelo próprio título do
canalítica (1997), a autora havia explorado a capítulo: “Em águas rasas e calmas é fácil ser
questão da elaboração, tema pouco tratado um bom nadador”. O capítulo desenvolve-se
na literatura psicanalítica, talvez pela difi- com um estudo dos fatores que podem ex-
culdade que se impõe tratar conceitualmen- pandir essa função (com ênfase especial na
te algo tão intimamente ligado a vivências curiosidade, paciência e humor) ou, ao con-
emocionais. Agora nesse livro, que tem como trário, levar a uma retração da mesma (por
eixo principal o tema da continência, usa da ação da inveja, ódio ao novo, indiscriminação
mesma capacidade, procurando conceituá- eu/não-eu). O espaço da análise proporciona-
la de uma forma própria – atribuindo à con- ria oportunidade para viver, ser e se ver, de
tinência uma qualidade de movimentos de modo que o acontecer humano iria dando no-
retração e expansão –, e sempre procurando vos sentidos à existência, propiciando a
ilustrar com sua clínica a origem e re-apli- percepção de que o encontro com o outro pode
cação das abstrações que vai tecendo. resultar em comparações, em estremeci-

Psychê — Ano VII — nº 12 — São Paulo — jul-dez/2003 — p. 184-185


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mento, em desencontro, em aprendizado, em há alguns anos – entre sentir, experimen-


crescimento. A conjunção desses fatores, e a tar, vivenciar e se aperceber, notar, dar-se
conseqüente oscilação retração ↔ expansão conta, pensar; e que do contrário permane-
da continência constitui, segundo a autora, um cem como duas áreas em oposição (1995).
dos principais fundamentos da psicanálise. Voltando ao livro de Paulina Cymrot,
Uma vez que continência é questão de penso que ela nos dá uma grande contri-
estar e não de ser, uma condição que pode buição nessa área, ao desenvolver a ques-
então ser perdida, Paulina procura tratar no tão do humor como instrumento forte e ágil
capítulo II das dificuldades experimentadas na criação dessa interlocução, pois rompe a
nesse percurso: “Do desamparo ↔ onipo- imersão na emoção que o analisando está
tência à compaixão”. vivendo, e cria a possibilidade de se (auto-)
O capítulo III é dedicado a uma expo- observar naquela emoção.
sição mais extensa de material clínico, visto O outro grande mérito do livro está na
sob o vértice do tema do livro. insistência da autora na fugacidade e tran-
Mas é no capítulo IV (“Perseguição ↔ sitoriedade dos estados emocionais, parti-
humor, humanidade, humildade”) que va- cularmente aqui na área da continência, tema
mos encontrar, por meio de cinco fragmen- central de seu texto. Aliás, penso que a pró-
tos de sua clínica, um exame pormenoriza- pria Psicanálise, como prática e teoria, não
do de suas idéias a respeito das relações deveria ser considerada como um continen-
entre humor e pensamento. Como o título te estático, pronto e acabado para todos os
do livro já indica, a autora coloca grande conteúdos mentais; ao contrário, uma área
ênfase na questão do humor como impor- na qual a continuidade da investigação pode
tante fator da expansão dessa continência. trazer grande desenvolvimento. O que me
No capítulo V são feitas as considerações faz recordar a expressão latina: Immota
finais: “Inconclusões”, sugestivo título que Labascunt et quae perpetuò sunt agitata,
aponta para a dimensão insaturada, prenhe manent (O que é rígido desaba e o que está
de novos desenvolvimentos, que deveria ter em constante movimento persiste).
todo pensamento e trabalho científicos. Acredito que o livro – produzido origi-
Uma questão com que tenho me depa- nalmente como tese de doutoramento na
rado há tempos na prática clínica – minha Pontifícia Universidade Católica em 2002 -
própria, supervisões e seminários que coor- é coerente com o tipo de pensamento que é
deno – refere-se ao problema da interlocu- próprio da prática analítica. Por isso seu
ção entre analista e analisando, quando nos- grande valor para os que se interessam pela
so olhar dirige-se às partes primitivas da psicanálise e suas evoluções.
personalidade. Percebemos então que a lin-
guagem está mais a serviço da ação (ação Referências Bibliográficas
que “faz algo” com a mente do analista) do CYMROT, P. Elaboração psíquica: teoria e clínica psi-
canalítica. São Paulo: Escuta, 1997.
que da comunicação verbal de conteúdos
FROCHTENGARTEN, J. Revolvendo alguns conceitos
(sentimentos, idéias, fantasias). É aí que o da prática psicanalítica. 1995. (SBPSP, mimeo).
analista tem que se haver com o desafio de
ir ao encontro do outro, para ”forjar” o in- Julio Frochtengarten
terlocutor. Tenho compreendido que o tra-
balho da análise vai se fazendo à medida Membro Efetivo e Analista Didata da Sociedade
Brasileira de Psicanálise de São Paulo.
que vai se estabelecendo algum hiato – con-
forme utilizei o termo em trabalho escrito e-mail: juliofro@bol.com.br

Psychê — Ano VII — nº 12 — São Paulo — jul-dez/2003 — p. 184-185

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