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OS FUNDAMENTOS DA
ANTROPOLOGIA E A
COMPREENSÃO DAS
RELAÇÕES ENTRE CULTURA
E EDUCAÇÃO
Seção IV
A cultura como base para a compreensão do
homem moderno.
Seção V
Ver através do outro: a experiência etnográfica.
Seção VI
Diferença e diversidade: o elogio da alteridade.
seções
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OS FUNDAMENTOS DA ANTROPOLOGIA
E A COMPREENSÃO DAS RELAÇÕES ENTRE
CULTURA E EDUCAÇÃO
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A CULTURA COMO BASE PARA A COMPREENSÃO DO
Seção
HOMEM MODERNO
Unidade II
Afirmamos anteriormente que o conceito de cultura é um dos
elementos de ligação entre a Antropologia e a Educação. À medida
que o pensamento social, na modernidade, ocupou-se em definir
a cultura como conceito através do qual se compreende de forma
sistemática o ser humano, em suas relações com a natureza e a
sociedade, tanto a Antropologia quanto a Educação avançaram nos
seus desenvolvimentos teóricos.
Na tentativa de precisar o conceito de cultura, a Antropologia
conseguiu catalogar mais de 150 definições diferentes para o termo.
Foram criadas várias escolas de pensamento antropológico que
desenvolveram suas teorias culturais, entre as mais importantes
estão: o evolucionismo, o difusionismo, o estruturalismo, o
estruturalismo-funcional e o personalismo cultural. Dadas as
diferentes e divergentes abordagens do conceito de cultura destas
escolas, o debate mais recente da Antropologia, segundo Kuper
(2002), busca se amparar na compreensão de que a cultura é
um sistema simbólico através do qual a espécie humana produz
significados e organiza os sentidos da sua existência. Desta forma a
Antropologia, enquanto ciência, busca avançar enquanto campo do
conhecimento sobre o homem e a cultura.
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Antropologia e Educação A cultura como base para a compreensão do homem moderno.
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de formar e transformar as ações humanas. Para este autor, não é
Seção
possível pensar a educação sem uma compreensão radical da relação
entre os indivíduos e a cultura. Educar é um exercício crítico de:
Unidade II
pensar a palavra, as condições sociais em que os humanos dizem
a palavra, e o desafio de transformar realidades de submissão do
homem pelo próprio homem através da palavra.
A partir destas contribuições, podemos inferir que tanto do
ponto de vista da Antropologia quanto do ponto de vista da Educação,
a cultura é uma dimensão viva e profunda das relações entre os
indivíduos, a natureza e a vida em sociedade. É através da construção
simbólica de significados para suas práticas e saberes que a espécie
humana consolida a sua vida em grupo, produz diferentes formas de
organização social e se expande numa diversidade ascendente do
ponto de vista cultural. O trabalho do pensamento e da linguagem
não pode ser dissociado do contexto em que é produzido e, desta
forma, os humanos criam diferentes e diversas formas de ensinar
e aprender. Nesta perspectiva, a Antropologia busca interpretar e
compreender os diferentes sistemas simbólicos em que os humanos
produzem seus contextos de vivências, enquanto a Educação busca
aprofundar as relações que os indivíduos estabelecem dentro destes
sistemas, bem como entre esses sistemas (compreendendo aqui que
diferentes grupos sociais interagem uns com os outros). Sob esta
ótica, educar é compreender as relações entre conhecimento e vida
em sociedade e transformar culturalmente estas relações, produzindo
novos significados para aqueles que aprendem e, por que não dizer,
para aqueles que ensinam.
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Antropologia e Educação A cultura como base para a compreensão do homem moderno.
ATIVIDADE
• Organize suas dúvidas sob a forma de perguntas e tente respondê-las.
• Através do pensamento e da linguagem a espécie humana utiliza
símbolos para a expansão das suas formas de comunicação. Comente
esta afirmação a partir dos conhecimentos que você desenvolveu até
aqui.
• Qual a importância do conceito de cultura para o desenvolvimento da
Antropologia e da Educação na modernidade?
• A educação é um processo cultural, na medida em que através dela as
pessoas estabelecem relações entre si e com outros seres vivos. Ela (a
Educação) é também um produto cultural, na medida em que estabelece
práticas específicas de ensino e aprendizagem. Comente esta afirmação.
• Você conhece o pensamento de Álvaro Vieira Pinto e Paulo Freire? O que
sabe a respeito destes pensadores?
LEITURA C O M P L E M E N T A R
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Vamos tentar agora compreender dimensão simbólica da cultura do ponto de vista
da visão de escola que constituímos no processo de escolarização. Para isto vamos ler dois
Seção
trechos de um poema de Cora Coralina:
Unidade II
A Escola da Mestra Silvina
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Antropologia e Educação A cultura como base para a compreensão do homem moderno.
ATIVIDADE
A partir dos exemplos citados, produza um texto em que você descreve
uma das escolas em que você estudou, procurando destacar elementos que
compõem o contexto deste espaço.
LEITURA RECOMENDADA
Assista ao filme Nenhum a Menos, de Zhang Yimou (1999). O enredo do filme retrata a
experiência de uma jovem professora numa pequena escola no interior da China, na tentativa
de garantir as presenças de todos os alunos na sala de aula, a jovem professora se vê desafiada
a lidar com as dificuldades sociais da comunidade. Um dos alunos foge da escola e a professora
irá percorrer um longo trajeto para trazê-lo de volta. Outra boa pedida é ouvir, ler e interpretar
a canção Língua, de Caetano Veloso; a letra da música nos remete à riqueza cultural da
influência latina na nossa formação cultural.
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Seção
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A etnografia é uma prática de investigação de natureza
antropológica em que o pesquisador busca compreender a cultura
do ponto de vista dos membros da comunidade pesquisada. Através
do exercício da observação participante, o etnógrafo busca registrar
os significados produzidos pelos seus informantes para situações e
eventos da vida social em comunidade. Os primeiros registros são
feitos no diário de campo (bloco de anotações em que o pesquisador
descreve suas primeiras impressões sobre o grupo observado).
Posterior aos registros no diário de campo, o pesquisador elabora
descrições do contexto observado, desenvolvendo suas interpretações
acerca das principais características culturais do povo ou comunidade
que estuda. O antropólogo americano Clifford Geertz (1989) define
este trabalho descritivo e interpretativo como uma descrição
densa. O resultado final deste trabalho são textos através dos quais
a Antropologia produz visibilidade de outras culturas, a partir da
experiência de conversação entre o antropólogo e os indivíduos que
são pesquisados.
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Antropologia e Educação Ver através do outro: a experiência etnográfica
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conhecimento teórico que é feito a passos lentos, por ‘impregnação
Seção
contínua’, como define Laplantine (2004), daí resultam conhecimentos
que orientam pessoas não ‘iniciadas’ nos grupos e temas estudados
Unidade II
pela antropologia a uma visão mais profunda e complexa dos contextos
culturais em vias de interpretação pela Antropologia.
No que diz respeito ao trabalho do educador, a etnografia
pode ser um instrumento de formação precioso. Considerando que
os processos educativos, dentro e fora da escola, supõem a formação
de grupos e a troca cultural como pressupostos de trabalho, a
observação participante, o registro e a interpretação cultural dos
grupos envolvidos na experiência educativa, podem enriquecer o
desenvolvimento das atividades de ensino e aprendizagem. Ao tomar
para si a tarefa de conhecer melhor aqueles com quem pratica a
educação, o educador pode aprender práticas e saberes sociais dos
seus educandos e contextualizar suas posturas de ensino, a partir das
experiências de vida daqueles com quem partilha os seus espaços
educativos.
O legado da etnografia nos indica um movimento de
aproximação do pesquisador para transformar em teoria os
conhecimentos que os seus pesquisados aplicam na vida cotidiana.
O legado da educação nos indica a participação na vida em grupo
pelo educador como uma atitude de mediação entre conhecimentos
já estabelecidos teoricamente e conhecimentos já experimentados
na vida comum pelos indivíduos. Na aproximação com a etnografia,
o educador poderá se inspirar nas suas contribuições tanto para
compreender a abordagem da cultura pela Antropologia, quanto para
investigar de forma mais profunda sua própria experiência em campo.
A educação praticada em sala de aula, ou em qualquer espaço social
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Antropologia e Educação Ver através do outro: a experiência etnográfica
ATIVIDADE
• Organize suas dúvidas sob a forma de perguntas e tente respondê-las.
• Escolha um tema presente em suas vivências sociais, organize o seu diário de campo,
registre suas observações e exercite a participação no processo de observação.
• Procure debater e refletir mais sobre o trabalho da observação participante na
construção do conhecimento.
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restritivamente regional. Impossível comprar essas músicas, ou mesmo me
Seção
manter informado sobre seus novos lançamentos, tanto no Rio de Janeiro
quanto na Internet”.
Hermano Vianna, 2004.
Unidade II
Além de descrever os cenários de sua busca pelo lambadão mato-grossense,
o antropólogo interpreta a relação entre o oficial e o oficioso na comercialização de
músicas ouvidas na periferia. Revela ainda a riqueza de combinações de melodia
que compõe a sofisticada composição dos hits musicais chamados de ‘periféricos’.
Entre outras conclusões que podem ser retiradas das páginas do seu diário, o
preconceito social, muitas vezes, desconhece a engenhosa produção artística
presente na musicalidade das periferias urbanas do país.
ATIVIDADE
Reflita sobre a estrutura do texto apresentado e com base nas anotações do seu
diário de campo tente organizar um texto que exponha suas interpretações sobre um
dos temas das suas observações
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Antropologia e Educação Ver através do outro: a experiência etnográfica
LEITURA RECOMENDADA
RESUMINDO
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deste processo.
Historicamente, a Antropologia e a Educação se consolidam
Seção
Identidade: a noção de
como ciências à medida que produzem práticas de conhecimento do identidade é utilizada em
diversos sentidos pelas
homem como um ser cultural. Teorias e métodos destas duas ciências ciências humanas. Trata-
se de um termo que busca
Unidade II
avançam quando sociedades de uma mesma cultura procuram definir ou problematizar as
unidades de conceitos através
compreender de forma mais profunda como outras sociedades se das quais os indivíduos se
definem enquanto atores
organizam e produzem seus saberes e práticas cotidianas. Conhecer sociais. Todas as tentativas
de universalização de um
determinado conceito de
e interagir com outro são atitudes fundamentais para a construção identidade, no campo
das ciências sociais,
e aplicação do conhecimento antropológico e pedagógico na têm sido contestadas na
contemporaneidade, à luz das
modernidade. contribuições que os estudos
sobre as diferenças culturais
Considerando que, do ponto de vista cultural, uma sociedade oferecem para se compreender
a diversidade sociocultural
ou grupo social é marcado por diferenças internas entre os indivíduos, da humanidade. A ideia de
que os indivíduos já nascem
e que, no conjunto, tais diferenças produzem diversidades de prontos do ponto de vista
cultural é refutada na maioria
gênero, classe social, etnias, religiosidade, enfim, um sem número das correntes do pensamento
cultural contemporâneo.
de expressões de identidades e sociabilidades. Podemos afirmar Prefere-se compreender que
os indivíduos constroem suas
identidades na relação com
que, apesar da predominância de determinados padrões culturais, outros indivíduos e com o
complexo de objetos culturais
um mesmo indivíduo é portador de referências pessoais múltiplas com os quais convive.
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Antropologia e Educação Diferença e diversidade: o elogio da alteridade
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outro, em suas mais diversificadas formas de convívio social.
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Unidade II
ATIVIDADE
• Organize suas dúvidas sob a forma de perguntas e busque respondê-las.
• Crie o seu diário de campo e registre descrições de situações em que determinados
padrões culturais definem significados para semelhanças e diferenças na vida em
sociedade.
Diário de campo: trata-se do principal instrumento de trabalho etnográfico. Poder ser uma caderneta,
caderno, ou bloco de anotações em que você fará o registro das observações de um determinado grupo ou
contexto social. É importante destacar o dia, a hora, as pessoas envolvidas no processo de observação e
características ambientais do local em que o trabalho foi desenvolvido. Além de tais registros, o diário de
campo comporta as impressões e interpretações preliminares do observador. Tais elementos servirão mais
tarde para a elaboração do texto final.
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Antropologia e Educação Diferença e diversidade: o elogio da alteridade
LEITURA C O M P L E M E N T A R
O jornal Folha de São Paulo de sábado, dia 27 de junho de 2009, publica,
no seu Caderno de Esportes, uma longa matéria em que tenta explicar como o
goleiro Tim Howard, titular da seleção dos Estados Unidos, convive com a Síndrome
de Tourette uma doença neurológica que provoca movimentos musculares
involuntários no corpo humano. O texto diz o seguinte:
ATIVIDADE
Organize um álbum das diferenças, selecione histórias de pessoas e grupos
que tiveram que superar preconceitos por apresentarem características físicas, sociais,
étnicas ou culturais que não correspondem a padrões sociais, busque descrevê-las de
forma resumida, como se estivesse organizando um retrato falado destacando apenas
as características essenciais daqueles que são descritos.
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Seção
Unidade II
LEITURA RECOMENDADA
Conheça o Museu da Pessoa, um acervo eletrônico de histórias de vida de pessoas dos mais
diferentes lugares do país, o endereço é: WWW.museudapessoa.net . Assista ao filme Um Herói
do Nosso Tempo, de Radu Milhaileanu. Conta a história de um menino etíope que vive em um
acampamento no Sudão e se faz passar por um judeu para fugir para Israel. Para sua nova
experiência de vida, terá que inventar um novo modo de vida, a partir da sua experiência com
a família francesa de judeus que o adota.
RESUMINDO
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Antropologia e Educação Diferença e diversidade: o elogio da alteridade
RESUMINDO A UNIDADE II
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação. Trad. de Rosisca Darcy de
Oliveira. São Paulo: Paz e Terra, 1992.
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Frange de Oliveira Pinheiros. Bauru: EDUSC, 2002.
Seção
LAPLANTINE, François. Aprender antropologia. Trad. de Marie-Agnès
Chauvel. São Paulo: Brasiliense, 2002.
Unidade II
___________________. A descrição etnográfica. Trad. de João
Manuel Ribeiro; Sérgio Coelho. São Paulo: Terceira Margem, 2004.
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Suas anotações
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