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Petição inicial anulação auto de infração

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO


DA VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SANTA CRUZ DO
SUL-RS.

XXXXXXXXXXXXX, brasileiro, solteiro, guarda municipal, inscrito no CPF sob


nº 00000000000000, RG 00000000000, CNH 00000000, residente e

domiciliado na Rua das xxxxxxxxxx, nº, CEP 000000, Santa Cruz do Sul-RS, por
seu Procurador abaixo assinado, procuração anexa, com escritório

profissional na Rua Carlos Trein Filho, 293, Centro de Santa Cruz do Sul-RS,
onde deverão receber citações, vem respeitosamente perante Vossa

Excelência ajuizar a presente

AÇÃO ANULATÓRIA DE AUTO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO c/c PEDIDO


LIMINAR

em face do DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE


TRANSPORTE – DNIT- , pessoa jurídica de direito público, estabelecido na
Quadra 03,

Bloco A, Edifício Núcleo dos Transportes – Andar Subsolo, Sala 1S 4.38, CEP:
70040-902- Brasilia - DF, em decorrência das justificativas de

fato e de direito a seguir expostas:

DA SÍNTESE DOS FATOS:


O Autor é habilitado para conduzir veículos que se enquadrem na categoria ‘B’,
desde 16/03/2009, conforme se observa da cópia de sua CARTEIRA

NACIONAL DE HABILITAÇÃO anexa.

No dia 15/02/2016 recebeu em sua antiga residência uma NOTIFICAÇÃO DE


AUTUAÇÃO POR INFRAÇÃO DE TRÂNSITO de nº E024408154,
supostamente

fundamentada no disposto no artigo 218, III do CTB.

Ocorre que, não podia o autor da presente demanda aceitar tal penalidade que está
eivada de irregularidades que notoriamente anulam o ato

vindo do ente público que sequer tem autonomia para aplicação de multas dessa
natureza (velocidade).

Ademais, conforme consulta junto ao sitio do DETRAN/RS, no histórico de


infrações do condutor, em tantos anos da permissão para dirigir, o
mesmo foi multado apenas duas vezes, o que reflete na boa conduta do condutor,
o qual preza pelo cumprimento da lei no seu diaadia, na

condição de guarda municipal.

Outra questão que merece enfoque especial, se trata da manutenção do radar, que
ocorreu a mais de um ano atrás (19/02/2015). Ora excelência,

todos sabemos que até mesmo os aparelhos eletrônicos hoje em dia falham, ainda
mais, se mal conservados e verificados, o que ilustra o caso

in comentu.

O sistema da indústria da multa, de tão desorganizado, acaba por deixar margem


para a anulação de seus atos, visto que, não cumprem os

requisitos mínimos da lei, para que seus atos sejam validos e sem vícios.

Sendo notória a afronta a legislação vigente, bem como ao entendimento por parte
da escola da magistratura, não restaram opções ao autor da

presente demanda, senão, ajuizar a presente ação.

DO DIREITO
I) DA INCOMPETÊNCIA PARA FISCALIZAR DO DNIT:

Ora Excelência, é uníssono o entendimento de que ao órgão DNIT não cabe o


dever de fiscalizar a velocidade dos condutores, tal conduta traz

inúmeros prejuízos aos motoristas que multados indevidamente e sem a


observância do devido processo legal, precisam recorrer ao judiciário

para terem acesso aos direitos que possuem.

Tal conduta do órgão federal é no mínimo irresponsável, pois mesmo com


diversos processos e entendimentos de que NÃO PODE FISCALIZAR A

VELOCIDADE dos condutores, ainda mantem em “funcionamento” os diversos


radares espalhados pelas rodovias do Rio Grande do Sul.

A respeito disso, importante trazer à lide, reportagem retirada do próprio site da


Justiça Federal, explicando a situação:

TRF4 suspende multas aplicadas pelo DNIT por excesso de velocidade

26/10/2015 18:03:00

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) manteve liminar que suspendeu


três multas por excesso de velocidade aplicadas pelo
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) a um morador de
Porto Alegre. A 4ª Turma entendeu que somente a Polícia

Rodoviária Federal (PRF) tem competência para autuar por este tipo de infração
nas estradas federais. A decisão foi proferida na última

semana.

O autor ajuizou a ação em julho deste ano após ser multado três vezes. Ele
sustentou que o DNIT só tem competência para autuar infrações que

digam respeito à infraestrutura das rodovias, como em casos de veículos com


excesso de carga ou com nível de emissão de poluentes acima do

permitido.

A Justiça Federal de Porto Alegre concedeu liminar favorável ao motorista,


levando o órgão a recorrer no tribunal. No entanto, a suspensão

das multas foi mantida por unanimidade.

Segundo o relator do processo, desembargador federal Ricardo Teixeira do Valle


Pereira, “o tribunal entende que não é função do DNIT aplicar

multas por excesso de velocidade e, portanto, não há mais o que se considerar


sobre o tema”.

Neste sentido, acompanham diversas jurisprudências dando suporte à situação do


autor da presente demanda:

1. ADMINISTRATIVO. INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. APLICAÇÃO DE


MULTA. INCOMPETÊNCIA DO DNIT. 1. Compete à Polícia Rodoviária Federal
autuar e aplicar

sanções pelo descumprimento de normas de trânsito praticadas em rodovias e


estradas federais, como o excesso de velocidade. 2. O DNIT é

competente para impor multas e outras medidas administrativas relativas a


infrações por excesso de peso, dimensões e lotação dos veículos

(CTB, art. 21, inc. VIII) e o nível de emissão de poluentes e ruído produzidos
pelos veículos automotores ou pela sua carga (CTB, art. 21,

inc. XIII). (TRF4, AG 5026487-79.2014.404.0000, Quarta Turma, Relator p/


Acórdão Luís Alberto d'Azevedo Aurvalle, juntado aos autos em

02/12/2014)
2. ADMINISTRATIVO. INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. APLICAÇÃO DE
MULTA. EXCESSO DE VELOCIDADE.INCOMPETÊNCIA DO DNIT.
Consoante jurisprudência dominante

desta Corte, o DNIT é competente para impor multas e outras medidas


administrativas relativas a infrações por excesso de peso, dimensões e

lotação dos veículos (CTB, art. 21, inc. VIII) e o nível de emissão de poluentes e
ruído produzidos pelos veículos automotores ou pela sua

carga (CTB, art. 21, inc. XIII). Por outro lado, o DNIT não teria competência para
promover autuações e aplicar sanções em face do

descumprimento de outras normas de trânsito praticadas em rodovias e estradas


federais, como por excesso de velocidade. (TRF4, APELAÇÃO CÍVEL

Nº 5004327-10.2013.404.7206, 4ª TURMA, Des. Federal VIVIAN JOSETE


PANTALEÃO CAMINHA, POR UNANIMIDADE, JUNTADO AOS AUTOS
EM 25/09/2014)

3. ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. SUSPENSÃO DOS


EFEITOS DE AUTO DE INFRAÇÃO ATÉ O JULGAMENTO FINAL DA LIDE.
MULTA POR EXCESSO DE

VELOCIDADE. INCOMPETÊNCIA DO DNIT. Consoante jurisprudência


dominante desta Corte, o DNIT é competente para impor multas e outras medidas

administrativas relativas a infrações por excesso de peso, dimensões e lotação dos


veículos (CTB, art. 21, inc. VIII) e o nível de emissão de

poluentes e ruído produzidos pelos veículos automotores ou pela sua carga (CTB,
art. 21, inc. XIII). Por outro lado, o DNIT não teria

competência para promover autuações e aplicar sanções em face do


descumprimento de outras normas de trânsito praticadas em rodovias e

estradas federais, como por excesso de velocidade. (TRF4, AG 5026484-


27.2014.404.0000, Terceira Turma, Relator p/ Acórdão Fernando Quadros da

Silva, juntado aos autos em 29/01/2015)

4. ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. SUSPENSÃO DOS


EFEITOS DE AUTO DE INFRAÇÃO ATÉ O JULGAMENTO FINAL DA LIDE.
MULTA POR EXCESSO DE

VELOCIDADE. INCOMPETÊNCIA DO DNIT. Consoante jurisprudência


dominante desta Corte, o DNIT é competente para impor multas e outras medidas

administrativas relativas a infrações por excesso de peso, dimensões e lotação dos


veículos (CTB, art. 21, inc. VIII) e o nível de emissão de
poluentes e ruído produzidos pelos veículos automotores ou pela sua carga (CTB,
art. 21, inc. XIII). Por outro lado, o DNIT não teria

competência para promover autuações e aplicar sanções em face do


descumprimento de outras normas de trânsito praticadas em rodovias e

estradas federais, como por excesso de velocidade. (TRF4, AG 5026484-


27.2014.404.0000, Terceira Turma, Relator p/ Acórdão Fernando Quadros da

Silva, juntado aos autos em 29/01/2015)

Verifica-se, portanto, a TOTAL INCOMPETÊNCIA do DNIT de autuar o excesso


de velocidade de quaisquer condutores, uma vez que a este órgão

compete apenas assuntos relacionadas à infraestrutura das rodovias, a fiscalização


do excesso de peso e lotação dos veículos, da emissão de

poluentes e ruídos, e do tráfego de veículos que necessitam de autorização


especial. Nesse sentido, fiscalizar o trânsito e aplicar multas

nas rodovias federais são competências exclusivas da Polícia Rodoviária Federal.

Deste modo, não restam dúvidas quanto ao direito do autor em continuar com a
permissão para dirigir e, consequentemente a anulação da

infração em questão.

II) DO VÍCIO DA NOTIFICAÇÃO DE AUTUAÇÃO:

A suposta infração, segundo o aparelho desatualizado do DNIT, ocorreu na data


de 09/01/2016 às 14:32:14, na BR 290, km 348.

Contudo Excelência, conforme documento de entregas do correio em anexo, a


autuação foi entregue em residência diversa do autor na data de

15/02/2016, o que trouxe enorme prejuízo ao direito de defesa do autor.

A correspondência de multa foi entrega na moradia de sua ex-mulher, que no


intuito de prejudicar o autor, acabou por não avisar do

recebimento da notificação. Porém, a conduta do carteiro deveria ser diferente,


precisando colocar na correspondência que o autor havia se

mudado (informação repassada ao carteiro), o que não ocorreu.

Deste modo, restou prejudicado o autor no seu direito de defesa, visto que
restavam poucos dias para que confeccionasse um bom recurso
administrativo, que obviamente seria indeferido pelo órgão julgador, que se
mostra totalmente parcial.

Ademais, o principal ponto da questão, se trata no descumprimento por parte do


DNIT ao disposto no artigo a seguir:

Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da competência estabelecida neste


Código e dentro de sua circunscrição, julgará a consistência

do auto de infração e aplicará a penalidade cabível.

Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu registro julgado


insubsistente:

I - se considerado inconsistente ou irregular;

II - se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a notificação da


autuação. (Redação dada pela Lei nº 9.602, de 1998) (grifamos)

O dever de comunicar em tão pouco tempo a instauração do processo


administrativo visando à apuração da infração de trânsito, assim como toda

regra decadencial, tem como finalidade primordial conferir segurança jurídica aos
supostos infratores. Com efeito, a demora é fator de

insegurança para os indivíduos que, porventura, não tenham transgredido a lei e


precisem demonstrá-lo no âmbito do processo administrativo.

Quanto mais tempo se passar do dia do cometimento da infração, mais difícil será
para o suposto infrator sustentar sua defesa.

Nei Pires Mitidiero, ao comentar o art. 281 do Código de Trânsito Brasileiro,


leciona:

“O prazo de que trata o inciso II do parágrafo único do art. 281, CTB é


decadencial, porquanto apanha o direito de notificar da autuação da

Administração Pública, com o que, súbito, inviabiliza igualmente o seu direito de


punir (uma vez que se inadmite, dentro do ordenamento

pátrio, julgar sem prévia oitiva do acusado). De conseguinte, desconhece causas


interruptivas e suspensivas e o seu termo final consome o

direito, banindo-o do mundo jurídico”. MITIDIERO, Nei Pires. Comentários ao


Código de Trânsito Brasileiro, 2ª Ed., Rio de Janeiro: Editora

Forense, 2005.

Sobre esse prazo decadencial, a Resolução no 363, de 28 de outubro de 2010, do


Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN, dispõe o seguinte:
Art. 3º À exceção do disposto no § 5º do artigo anterior, após a verificação da
regularidade e da consistência do Auto de Infração, a

autoridade de trânsito expedirá, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contados da


data do cometimento da infração, a Notificação da Autuação

dirigida ao proprietário do veículo, na qual deverão constar os dados mínimos


definidos no art. 280 do CTB e em regulamentação específica.

§ 1º Quando utilizada a remessa postal, a expedição se caracterizará pela entrega


da Notificação da Autuação pelo órgão ou entidade de

trânsito à empresa responsável por seu envio.

§ 2º A não expedição da Notificação da Autuação no prazo previsto no caput deste


artigo ensejará o arquivamento do auto de infração.

(grifamos).

Dessa forma, a decisão imposta pela autoridade de trânsito deve ser cancelada por
este Departamento Nacional de Infraestrutura de

Transportes- DNIT, eis que eivada de nulidades.

Note Nobre Julgador, é inegável a adequação dos fatos narrados e comprovados à


hipótese prevista no inciso II acima invocado, pois que o nexo

de causalidade salta aos olhos até mesmo de um leitor leigo no que tange as
ciências jurídicas, não havendo outra saída senão a declaração da

nulidade do ATI ora questionado e, consequentemente, de todos os seus efeitos,


sob pena de incomensurável injustiça com o Autor, bem como

afronta a todo ordenamento jurídico pátrio.

III) DO CERCEAMENTO DE DEFESA:

Como demonstrado anteriormente um dos principais desdobramentos o


PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL é externado pela ampla defesa,
que

importa no direito do processado a todos os meios de defesa em direito


autorizados, bem como ao questionamento mesmo das decisões

administrativas ou judiciais ao caso inerente por meio de DEFESAS E


RECURSOS previamente estabelecidas pela lei.

Assim, é inegável que a supressão de qualquer meio de defesa ou grau de recurso


afronta diametralmente o PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL
e, consequentemente, todo o ordenamento jurídico pátrio.

Em se tratando de processo administrativo destinado a aplicação de penalidade em


decorrência de infração de trânsito, temos, sinteticamente,

o seguinte procedimento:

I. Lavratura do auto de infração de trânsito (artigo 280 do CTB);

II. Notificação da autuação (artigo 3º da Resolução 363/2010 do CONTRAN);

III. Defesa preliminar ou da autuação (§ 3º, do artigo 3º da Resolução 363/2010


do CONTRAN);

IV. Julgamento do AIT, verificação de regularidade e consistência (artigo 281);

V. Notificação da penalidade de multa (artigo 282, caput, do CTB);

VI. Recurso direcionado à JARI do órgão autuador (artigos 286 e 287 do CTB);

VII. Recurso direcionado ao CETRAN contra decisão da JARI do órgão autuador


(artigos 288 – 290 do CTB).

Com o julgamento deste ultimo recurso encerra-se o processo administrativo, pois


que da decisão do CETRAN não cabe recurso em esfera

administrativa.

Delineadas as etapas do processo administrativo para imposição da penalidade de


multa de trânsito, basta, agora, verificar a observância de

todos os preceitos legais.

No caso em tela, a falta da notificação da autuação impediu a apresentação da


defesa prevista no § 3º do artigo 3º da Resolução 363/2010 do

CONTRAN e, portanto, é irrefutável que houve cerceamento da defesa do Autor,


motivo pelo qual deve ser anulado ‘in totum’ o processo de

aplicação da penalidade de multa com todas as suas consequências, sob pena de se


ratificar ato administrativo arbitrário e contaminado pelo

monstro da ilegalidade, por nítida ofensa ao PRINCÍPIO DO DEVIDO


PROCESSO LEGAL.

Ao ensejo é imperioso destacar que a violação de princípios é mais grave que


violar uma regra infraconstitucional, ou seja, é desrespeitar
todo ordenamento pátrio, esse e entendimento do Ilustríssimo doutrinador Celso
Antônio Bandeira, in verbis:

“Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A
desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um

específico mandamento obrigatório, mas a todo sistema de comandos. É a mais


grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade...” Celso

Antônio Bandeira de Melo Curso de Direito Administrativo.

Não há como referendar tamanha afronta a direito garantido constitucionalmente,


posto que a falta do devido processo legal torna este

processo nulo de pleno direito e já trouxe demasiados problemas ao Autor. Por


isso, deve-se declarar a nulidade do AIT ora questionado.

IV) DA ANULAÇÃO DO AUTO DE INFRAÇÃO:

Demonstrada a ofensa ao devido processo legal no caso em analise, cabe-nos,


agora, discorrer sobre a anulação do auto de infração de trânsito

originário. Tarefa das mais fáceis, pois que a Súmula 312 do Superior Tribunal de
Justiça regula de forma brilhante a situação, senão

vejamos:

Súmula 312 – No processo administrativo para imposição de multa de trânsito,


são necessárias as notificações da autuação e da aplicação da

pena decorrente da infração.

Esta Súmula orienta no sentido de que "no processo administrativo para


imposição de multa de trânsito, são necessárias as notificações da

autuação e da aplicação da pena decorrente da infração"; nos termos da Resolução


n. 149, do CONTRAN, editada em 19/09/2003 e publicada em

13/10/2003 e recentemente revogada em parte pela Resolução 363/2010, também


do CONTRAN, que exigiu a expedição das duas notificações

referidas, ao tratar da "uniformização do procedimento administrativo da lavratura


do auto de infração, da expedição da Notificação da

Autuação e da Notificação da Penalidade de multa". Portanto, não há como


ratificar tamanha omissão por parte da administração pública, pois

que a falta da notificação da autuação trouxe prejuízo irreparável para o Autor.

Neste sentido é o entendimento jurisprudencial dos nossos tribunais:


AÇÃO ANULATÓRIA DE AUTO DE INFRAÇÃO - MULTAS DE TRÂNSITO-
AUSÊNCIA DE DUPLA NOTIFICAÇÃO, para exercício do direito de defesa -
Súmula 312-STJ

- Inadmissibilidade - Multa incabível. Recurso provido.

(597335820048260000 SP 0059733-58.2004.8.26.0000, Relator: Valter Alexandre


Mena, Data de Julgamento: 30/08/2011, 16ª Câmara de Direito

Público, Data de Publicação: 16/09/2011, undefined)

(grifos nossos)

No mesmo sentido, é o que se pode concluir do disposto na Súmula 127 do


Superior Tribunal de Justiça:

Súmula 127 –É ilegal condicionar a renovação da licença de veículo ao


pagamento de multa, da qual o infrator não foi notificado.

Ora Excelência, é notório o entendimento de que a falta de notificação da


autuação é causa de anulação e arquivamento do auto de infração de

trânsito. É pacífico o entendimento de que a administração deverá anular seus


próprios atos quando eivados de ilegalidade, como se mostra o

presente caso. No entanto, para os casos em que o ato ilegal não é


espontaneamente anulado pelo órgão que o praticou, é o judiciário

competente para apreciar a validade material e formal do referido ato, declarando-


o nulo se necessário.

Noutro norte, é uníssono o entendimento de que o AIT é o ato administrativo


instaurador do processo administrativo punitivo, figurando prova

da ocorrência do ato ilícito praticado, por óbvio que a validade do processo


encontra-se intimamente arraigada na consistência

(materialidade) e regularidade (formalidade) deste instrumento. Tanto é que a


própria legislação de trânsito estabelece em seu artigo 281

que, para que possa a autoridade de trânsito aplicar as penalidades cabíveis ao


infrator, deve primordialmente julgar a consistência e

regularidade do documento (auto de infração), arquivando-o quando inobservado


em sua elaboração, um destes dois requisitos (consistência e

regularidade).
Nessa linha de raciocínio, considerando irregular o AIT, nos moldes preconizados
na legislação de regência, indubitável a incidência de seus

efeitos sobre todo o processo administrativo, cabendo, portanto, a


DECLARAÇÃO DE NULIDADE da penalidade aplicado sob seu sustento.

Quanto ao momento em que o ato eivado de nulidade deve ser reconhecido pela
administração, destacamos o entendimento já sedimentado em nosso

ordenamento, inclusive sumulado pelo Supremo Tribunal Federal:

Súmula 473 – A administração pública pode anular seus próprios atos, quando
eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se

originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,


respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os

casos, a apreciação judicial.

(g. N.)

Ainda em consonância com a nulidade, veja-se os artigos 5º e 64 da Lei


14.184/2002:

Art. 5º Em processo administrativo serão observados, dentre outros, os seguintes


critérios:

I atuação conforme a lei e o direito;

(…)

VI observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos, dos postulantes


e dos destinatários do processo; (…).

Art. 64 A administração deve anular seus próprios atos quando eivados de vício de
legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou

oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.

(g. N.)

Princípios esses expressos na Constituição Federal de 1988, ápice do Estado


Democrático de Direito, especialmente estampado no retro citado

PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL.

Dos Princípios inafastáveis da Administração Pública, segundo se extrai dos


expressos termos da Lei 14.184/2002:
Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios
dalegalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, finalidade,

motivação, razoabilidade, eficiência, ampla defesa, docontraditórioe


datransparência. (g. N.).

Portanto, A NULIDADE PROCESSUAL (ABSOLUTA) É CRISTALINA, e


acarreta óbice a todo o feito processual, no qual se compreendem o Auto de

Infração e a penalidade (desarrazoado) imposta ao AUTUADO, instando seu


reconhecimento. Nulo o Auto de Infração; nulo o processo dele

decorrente!

V) DOS EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE NULIDADE DO AIT:

Uma vez superadas todas as prerrogativas para a declaração de nulidade do auto


de infração de trânsito ora combatido, faz mister, ao menos,

estabelecer os efeitos decorrentes desta declaração de nulidade.

Em nosso ordenamento é cediço o entendimento de que mesmo após a aplicação


da penalidade, a declaração de nulidade do ato gera,

necessariamente, efeitos ‘extunc’, ou seja, verificada a nulidade, os efeitos de sua


declaração retroagem até a data em que o ato viciado se

originou, alcançando todos os atos passados, presentes e futuros como se o


próprio ato viciado não tivesse existido.

Neste sentido já esta consolidado o entendimento do Superior Tribunal de Justiça.


Apenas com intuito ilustrativo, colacionamos o seguinte:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. Agravo Regimental EM


RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE SENTENÇA ANULATÓRIA DE ATO
ADMINISTRATIVO.

REINCORPORAÇÃO DO SERVIDOR AO CARGO PÚBLICO.


RESTABELECIMENTO DO STATUS QUO ANTE. JULGAMENTO EXTRA
PETITA. INOCORRÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL

DESPROVIDO.1. A decisão que declara a nulidade do atoe determina a


reintegração de servidor público ao cargo de origem opera efeitos extunc,

ou seja, restabelece exatamente o status quo ante, de modo a garantir ao servidor o


pagamento integral das vantagens pecuniárias do cargo

anteriormente ocupado.2. Como o pagamento dos vencimentos é mera


consequência do ato de reintegração do servidor público, inexiste, na
hipótese, excesso à execução.3. Não viola os arts. 128, 293 e 460 do Código de
Processo Civil a decisão que interpreta, de forma ampla, o

pedido formulado na peça vestibular, pois o pedido é o que se pretende com a


instauração da demanda e se extrai da interpretação

lógico-sistemática da postulação inicial.128293460Código de Processo Civil4.


Agravo Regimental desprovido.

(976306 ES 2007/0185253-7, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA


FILHO, Data de Julgamento: 28/09/2010, T5 - QUINTA TURMA, Data de

Publicação: DJe 25/10/2010, undefined)

Em analogia, transcreve-se o Artigo 428 do Código de Processo Civil Brasileiro


(Lei 5.869/1973):

Art. 248. Anulado o ato, reputam-se de nenhum efeito todos os subsequentes, que
dele dependam; todavia, a nulidade de uma parte do ato não

prejudicará as outras, que dela sejam independentes.

(g. N.)

Ora Excelência, se a nulidade do ato gera efeitos retroativos, atingindo todos os


atos decorrentes daquele originariamente viciado, no caso

em análise não há falar em CASSAÇÃO DA PERMISSÃO PARA DIRIGIR.

Por tudo isso, é inquestionável o poder/dever do judiciário de apreciar os atos


administrativos e constatado vício formal ou material, como

no caso em apreço, declarar sua nulidade total, como se pleiteia.

VI) DA MEDIDA LIMINAR:


Considerando todo o exposto acima, conclui-se fatalmente que sobram razões para
anular o AIT cuja validade é discutida na presente lide.

Assim, amparada pelos ditames do artigo 798 do CPC, o Requerente almeja a


concessão de medida liminar afirmando que estão presentes em suas

alegações a fumaça do bom direito e o perigo da demora da prestação judiciária.

Ora, não há dúvidas sobre a irregularidade de notificação do Autor a respeito da


autuação da infração, pois que, de maneira inequívoca restou

comprovado nos autos.

Do “periculum in mora”:
O Autor é habilitado desde 2009, conta hoje com 55 anos, é guarda municipal e,
portanto, necessita se deslocar para diversas partes da cidade

para exercer sua profissão.

É certo que já não consegue fazer tais trajetos em uma bicicleta e nosso transporte
público é uma vergonha. Não bastasse, o Autor é pai de

família e constantemente precisa de seu automóvel para transporta-la.

Ademais, é direito do Autor conduzir veículos para os quais foi habilitado, haja
vista que submeteu-se a todos os exames legalmente exigidos

e, notadamente, tem seu direito adquirido locupletado por ato de ilegalidade,


como claramente demonstrado.

Excelência, não é razoável querer que a Autor aguarde o deslinde processual para
somente então poder voltar a dirigir, uma vez que,

estar-se-ia privando-o de um direito adquirido.

Assim, é indiscutível a existência do perigo da demora.

Do “fumus boni iuris”:

É indiscutível também, o fato de que o Autor faz jus CARTEIRA NACIONAL DE


HABILITAÇÃO, haja vista o fato de que, na verdade, não cometeu

nenhuma infração de trânsito capaz de impedi-lo de voltar a dirigir.

Necessário se faz “in casu” que seja o DNIT impedido de cassar a CARTEIRA
NACIONAL DE HABILITAÇÃO do autor, visto que a infração está cheia

de irregularidades, e é evidente o “periculum in mora” e, mais que o “fumus boni


iuris”, está presente a verossimilhança das alegações do

Autor, pelos fatos narrados na presente, bem como fundado receio de dano
irreparável ou de difícil reparação, haja vista a cassação da sua

CNH.

Pelo exposto, estão presentes todos os pressupostos para a concessão da medida


liminar ora pleiteada, qual seja, a permanência da permissão

para continuar a dirigir.

VII) DOS PEDIDOS:


Diante de todo o exposto, REQUER:
1- LIMINARMENTE, a concessão da medida liminar, com expedição de ofício a
Ré, para que suspenda IMEDIATAMENTE a cassação da CARTEIRA
NACIONAL

DE HABILITAÇÃO do Autor, sob as pena da lei;

2- A citação da Ré, para querendo, apresentar resposta no prazo legal, sob pena de
revelia;

3- Seja declarada, em definitivo, a NULIDADE ABSOLUTA do Auto de Infração


de Trânsito nº E024408154, em decorrência dos vícios apontados e

comprovados;

4- Seja declarado os efeitos extunc relativos a anulação do auto de infração de


trânsito em questão;

5- Os benefícios da justiça gratuita, nos termos da Lei nº. 1060/40, tendo em vista
que o Autor é pessoa pobre no sentido legal e não pode

suportar despesas judiciais sem prejuízo do próprio sustento e dos seus familiares.

6- A condenação do DNIT a pagar as custas processuais e honorários advocatícios


a serem fixados por Vossa Excelência.

Para provar o alegado, requer todos os meios de provas admitidos em direito,


especialmente prova documental, depoimento pessoal.

Dá-se a causa o valor de alçada, apenas para fins fiscais.

Termos em que,

Pede deferimento.

Santa Cruz do Sul-RS, 13 de abril de 2016.

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OAB/RS

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